ESTUDO SOBRE AS TENDÊNCIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL NA REGIÃO DE SANTARÉM Concelhos de Alpiarça, Cartaxo, Chamusca, Almeirim, Benavente e Santarém
FICHA TÉCNICA TÍTULO | “ESTUDO SOBRE AS TENDÊNCIAS DO COMÉRCIO
TRADICIONAL NA REGIÃO DE SANTARÉM Concelhos de Alpiarça, Cartaxo, Chamusca, Almeirim, Benavente e Santarém”
EDITORA | Indice ICT & Management Lda. ASSESSORIA EXTERNA E DESIGN | Indice ICT & Management Lda. IMPRESSÃO E ACABAMENTO | Grafigamelas , Indústria gráfica, Lda. Dezembro 2014
ESTUDO SOBRE AS TENDÊNCIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL NA REGIÃO DE SANTARÉM
ÍNDICE INTRODUÇÃO
A. ESTUDO SOBRE AS TENDÊNCIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL NA REGIÃO A1. DIAGNÓSTICO DE FONTES SECUNDÁRIAS DA SITUAÇÃO ATUAL A2. SOLUÇÕES APLICADAS A NÍVEL NACIONAL E EUROPEU
A 2.1. Soluções aplicadas a nível Nacional A 2.2. Iniciativas aplicadas a nível local A 2.3. Soluções aplicadas a nível Europeu
B. DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO B1. ÂMBITO GEOGRÁFICO DO ESTUDO
B 1.1. Concelho de Santarém B 1.2. Concelho de Almeirim B 1.3. Concelho de Alpiarça B 1.4. Concelho de Benavente B 1.5. Concelho do Cartaxo B 1.6. Concelho da Chamusca B2. APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO REALIZADO AOS COMERCIANTES
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B 2.1. Análise de Dados Quantitativos – Questão de Resposta Fechada B 2.2. Análise de Dados Qualitativos – Questões de Resposta Aberta
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B3. APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO REALIZADO AOS CONSUMIDORES
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B 3.1. Análise de Dados Quantitativos – Questão de Resposta Fechada B 3.1. Análise de Dados Qualitativos – Questão de Resposta Aberta
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B4. ANÁLISE SWOT B5. AUSCULTAÇÃO DOS PARCEIROS
C. POSSÍVEIS MEDIDAS DE APOIO AO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO C1. ACESSIBILIDADES C2. COMODIDADES C3. COMÉRCIO E PLANEAMENTO C4. ATRAÇÕES C5. SEGURANÇA C6. INVESTIR EM IDEIAS INOVADORAS C7. ESTRATÉGIA DE MARKETING COMUM C8. WORKSHOPS
CONCLUSÃO
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ÍNDICE DE GRÁFICOS E IMAGENS Gráfico 1 - Nº de Estabelecimentos por Concelho Gráfico 2 – Presença online do negócio Gráfico 3 - Distribuição por CAE Gráfico 4 - Forma Jurídica Gráfico 5 - Regime de Posse do Estabelecimento Gráfico 6 - Área total do Espaço Comercial vs. Área de Venda do Espaço Comercial Gráfico 7 - Número de estabelecimento comerciais que possui e/ou gere Gráfico 8 - Número de Colaboradores por estabelecimento Gráfico 9 - Nº de Colaboradores Familiares Gráfico 10 - Faixa Etária dos Colaboradores Gráfico 11 - Horário de Abertura Gráfico 12 - Dias de abertura Gráfico 13 - Horário de Encerramento Gráfico 14 - Dias de Encerramento Gráfico 15 - Horário diferente ao sábado Gráfico 16 - Motivos para encerramento no horário do almoço Gráfico 17 – Encerramento no horário de almoço Gráfico 18 - Perceção relativa à adequação do horário à realidade Gráfico 19 – Introdução de alterações no estabelecimento nos últimos 5 anos Gráfico 20 - Razões para a não introdução de alterações Gráfico 21 - Alterações realizadas nos últimos 5 anos Gráfico 22 - Posse de Software de Gestão Gráfico 23 - Softwares de Gestão utilizados Gráfico 24 - Razões para não possuir software de gestão Gráfico 25 - Investimento em Publicidade Gráfico 26 - Tipos de Publicidade Gráfico 27 - Tipo de Promoções Gráfico 28 - Realização de Promoções Gráfico 29 - Posse de Montra no Estabelecimento Gráfico 30- Sentido de evolução do volume de negócios Gráfico 31 - Justificação do sentido de evolução do volume de negócios Gráfico 32 - Identificação de pontos fortes e pontos fracos do estabelecimento Gráfico 33 - Identificação de pontos fortes e fracos do comércio tradicional de Santarém Gráfico 34 - Classificação dos fatores de decisão de compra no Comércio Tradicional Gráfico 35 - Classificação necessidade de investimento por grau de importância Gráfico 36 - Existência de divulgação dos pontos fortes do Comércio Tradicional Gráfico 37- Adesão a outros projetos semelhantes Gráfico 38 - Interesse em parcerias com outros comerciantes Gráfico 39 - Parcerias com outros comerciantes Gráfico 40 - Função do inquirido no estabelecimento comercial Gráfico 41 - Nº de anos a exercer funções Gráfico 42 - Género do Inquirido Gráfico 43 - Faixa Etária do Inquirido Gráfico 44 - Faixa Etária dos consumidores Gráfico 45 - Distribuição dos inquiridos por género Gráfico 46 - Frequência de compras no Comércio Tradicional Gráfico 47 - Pontos Fortes e Fracos do Comércio Tradicional Gráfico 48 - Motivos para consumo no comércio tradicional Gráfico 49 - Pontos Fortes e Fracos do Comércio Tradicional
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TABELAS Tabela 1 - Ano de abertura do estabelecimento Tabela 2 - Quadro Síntese de medidas a ser aplicadas no centro histórico e no comércio tradicional de Santarém
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5 INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO O Comércio Tradicional tem sido alvo de incessantes debates que, na maioria dos casos, acabam num ponto de interrogação ao nível de todo o país. Santarém não é uma exceção. A crescente desvitalização do comércio do centro da cidade inquieta os comerciantes locais, e a consequente deterioração do centro histórico é uma agravante difícil de ignorar. Os estabelecimentos comerciais encerram sucessivamente, deixando espaços vazios e um rasto de abandono que afasta os cidadãos. As ruas, desertas, atraem o crime e assustam os que ali moram. A urgência desta temática conduz à investigação das causas deste problema e delinear possíveis estratégias que se possam enquadrar numa solução a aplicar no comércio tradicional de Santarém, com o objetivo de parar a sua estagnação e de o dinamizar. Neste sentido, no âmbito do Projeto Comércio Convida, foram realizados inquéritos a 38 estabelecimentos comerciais dos concelhos de Alpiarça, Benavente, Chamusca, Cartaxo e Santarém. Para uma visão mais completa do comércio tradicional da região de santarém, foram inquiridos 36 consumidores. Sucede-se a análise estatística dos dados recolhidos que conduzem a importantes conclusões que ajudam a perceber a realidade do comércio tradicional e a delinear possíveis estratégias para solucionar os problemas existentes. Em primeiro lugar, devemos introduzir o conceito de comércio tradicional como aqueles “estabelecimentos que se caracterizam pela não utilização do livre-serviço, que sejam dotados de atendimento personalizado e que privilegiem o comércio de proximidade, independente e não especializado” (DGCI). De uma forma geral o comércio tradicional caracteriza-se por pequenas lojas generalistas ou especializadas, mercados ou feiras ou ainda grandes armazéns e galerias comerciais. A forma de venda predominante é a venda ao balcão, com uma relação de proximidade entre o vendedor e o cliente. O comércio ambulante também é uma forma de comércio tradicional. São negócios frequentemente geridos em família, passando de geração em geração, com uma estratégia de gestão passiva e reativa, sem um plano de crescimento bem definido. Geralmente, estes estabelecimentos localizam-se nos centros das cidades ou nas suas principais artérias, assumindo uma maior proximidade com a vizinhança, sendo por isso frequentemente identificadas como lojas de conveniência.
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Já o chamado comércio moderno, cujo conceito associamos às grandes superfícies comerciais, como os shoppings, os hipermercados, os hard-discount, as grandes superfícies especializadas, distinguem-se não só pela sua dimensão, como também ao nível das estratégias que adotam. Como referimos, o pequeno comércio segue uma estratégia passiva, uma vez que não existe qualquer modelo de gestão definido, reagindo às mudanças do mercado com respostas modestas que em nada se comparam à proatividade típica do comércio moderno, no desenvolvimento de novos produtos, novas formas de venda, novos modelos de marketing, respondendo assim a um mercado de consumidores cada vez mais exigentes, onde a concorrência é acérrima e voraz. Perante este cenário, agravado pela conjuntura económica nacional responsável por reduzir consideravelmente o poder de compra da população portuguesa, o comércio tradicional tem vindo a sofrer reduções drásticas nas suas vendas, culminando no encerramento de muitos estabelecimentos, deixando centros de cidade vazios e pouco atrativos.
ESTUDO SOBRE AS TENDÊNCIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL NA REGIÃO
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A1. DIAGNÓSTICO DE FONTES SECUNDÁRIAS DA SITUAÇÃO ATUAL São apontadas diversas causas para a atual deterioração do comércio tradicional, que se verifica essencialmente nos centros das cidades, onde as ruas tendem a ficar desertas. Os estabelecimentos encerram sucessivamente, e os serviços tendem a ser deslocalizados para as periferias das cidades. São poucos os fatores que atraem os cidadãos ao comércio tradicional, uma vez que os acessos aos centros das cidades nem sempre são os mais desejáveis e, numa grande superfície comercial, podem ser encontradas todos os produtos/serviços para satisfazer as suas necessidades. Porém, a conjuntura económica nacional parece ter piorado o problema, com a redução do poder de compra dos cidadãos. Também há que destacar a mudança no estilos de vida dos consumidores – novas tendência que vieram para ficar, e que afetam significativamente a forma de consumo que hoje se verifica. Nesta secção de diagnóstico de fontes secundárias pretendemos explorar todos os fatores que influenciam o atual panorama do comércio tradicional, analisados através de fontes secundárias, como centros estatísticos e outros estudos de análise de comércio tradicional já praticados em Portugal.
A atual conjuntura económica nacional Com o rebentar da crise económica global no ano de 2008, foram muitas as empresas que declararam insolvência, colocando centenas de pessoas no desemprego, situação agravada pela implementação de severas medidas de austeridade pelo governo português, com o controlo da Troika. Os cortes salariais e nas pensões tornaram a vida dos portugueses mais difícil, verificando-se um consequente decréscimo no seu poder de compra. Este foi notado particularmente no estabelecimento de pequeno comércio, onde os preços costumam ser mais elevados. Com a crise, a preferência dos consumidores começou a recair essencialmente nos preços baixos em detrimento da qualidade dos produtos/serviços. Com volumes de vendas inferiores, foram muitos os comerciantes que deixaram de ter rendimentos que cobrissem os custos de renda, sendo obrigados a encerrar os seus estabelecimentos por falta de recursos financeiros para os sustentar.
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A Emergência das Grandes Superfícies Comerciais Nos últimos anos é percetível a proliferação das grandes superfícies comerciais, tanto em forma de centros comerciais, como sob a forma de hipermercados. De forma geral, instalam-se nas periferias das cidades, ostentando grandes dimensões, onde o consumidor pode encontrar vários serviços e produtos, com grande comodidade. Sendo muitas vezes denominado como “comércio moderno”, é frequentemente apontado como uma das maiores causas para o estado atual do comércio tradicional, caracterizado como “concorrência desleal”, sendo que algumas opiniões mais radicalistas defendem o término deste tipo de superfícies. Porém, também há estudiosos que as defendem, apresentando o comércio moderno como complementar ao tradicional, uma forma de concorrência que deve ser visto como positivo e não demonizado como o é, frequentemente, pelos pequenos comerciantes. Tendo em conta o grande debate em redor da temática, consideramos relevante a explanação das características que diferenciam de forma premente estes dois tipos de comércios. O comércio moderno reúne os supermercados e hipermercados, os espaços de hard-discount, os centros comerciais, as grandes superfícies especializadas e as chamadas “megastores”. Embora estejam predominantemente situados na periferia das cidades, têm excelentes acessibilidades e oferecem estacionamento maioritariamente gratuito. Em muitos locais, há ainda transportes públicos cujas rotas têm paragens nestes locais. Apresenta variadas formas de venda, desde o livre serviço, à venda automática e a venda virtual, através da presença em websites. É uma forma de venda em que não há uma relação próxima entre o consumidor e o comerciante, sendo pouco personalizada. Não existe a ideia de “comerciantes” mas antes a imagem abstrata de que por detrás destas superfícies estão marcas com grandes cadeias de distribuição, vastas redes de fornecedores e, por isso mesmo, maior poder de negociação. Também há grande predomínio do franchising. O grande poder de negociação detido pelos donos das grandes cadeias de supermercados/marcas, etc., possibilita a venda ao público a preços competitivos, um dos fatores que é apontado pelos comerciantes como prejudicial aos seus negócios. Nos centros comerciais os consumidores encontram todas as comodidades de que necessitam. São espaços que reúnem serviços, com lojas de conve-
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niência, hipermercados que comercializam os bens essenciais, as lojas de roupa, sapatarias, oculistas, farmácias, etc., sendo que existe ainda uma seção de restauração e cafetaria. A grande vantagem é que todos estes serviços se encontram num único espaço fechado, climatizado, criando um ambiente confortável seja inverno seja verão. Tal faz com que os centros comerciais, mais do que meros espaços de venda, sejam também espaços de passeio. É cada vez mais frequente a promoção de eventos nestes espaços, o que também os torna num lugar de entretenimento e diversão. É um convite para que as famílias escolham aquele como o destino para uma tarde de fim-de-semana. “Comprar” deixou de ser um ato que consiste numa mera transação. É agora explorado como uma experiência e são muitas as marcas que incentivam este tipo de marketing, como forma de fidelizar os clientes. As grandes superfícies comerciais têm ainda a vantagem de apresentar horários flexíveis, com horários de abertura que correspondem às horas livres da maioria dos consumidores.
Mudança nos hábitos de consumo Os últimos anos foram acompanhados de mudanças significativas na sociedade que provocaram mudanças intrínsecas no estilo de vida das pessoas e, necessariamente, mudaram as suas preferências de consumo. Com uma vida mais ocupada e, muitas vezes, menor poder de compra, os consumidores procuram não só acessibilidade e rapidez nas suas compras como também preços acessíveis. Além disso, o consumidor atual é mais exigente. Como tem ao seu dispor maior diversidade e, proporcionalmente, mais informação sobre os produtos/serviços que consome, define de forma mais clara o que quer e como o quer. O consumidor tornou-se uma figura mais individualista no sentido de que é mais difícil de fidelizar, de satisfazer. E, quando deixa de estar satisfeito, facilmente muda de marca ou de estabelecimento, precisamente porque a diversidade que encontramos atualmente no mercado o permite. Comprar deixou de ser uma mera transação, como já foi referido anteriormente. Muitas vezes torna-se numa experiência e depende do estado de humor do consumidor. A esfera emocional começou a ser valorizada por muitas das grandes marcas numa estratégia denominada por emotional branding como uma
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forma sustentável de fidelizar os clientes, correspondendo às suas aspirações, à forma como querem estar na vida e à construção da sua identidade enquanto pessoa e enquanto consumidor. É importante destacar que a expansão da Internet propiciou o nascimento de novos modelos de negócio baseados na criação de lojas virtuais e também no marketing online. Nestas plataformas o consumidor pode comprar a qualquer hora, sem sair de casa, demorando o tempo que desejar. Estas plataformas oferecem geralmente bons preços, por vezes inferiores aos da loja física, e ainda condições cómodas para entrega ao domicílio. Desta forma, o consumidor assume-se hoje como alguém cujas preferências mudam, mas de forma racional, devido à maior exigência que tem do mercado. Tem séria atenção não só à relação preço/qualidade como também à experiência que advém do ato de comprar. Procura acessibilidade e conforto, um bom ambiente, e novidades tanto a nível de serviços como a nível de produtos e, cada vez mais, procura uma “experiência”.
Diagnóstico de fatores inerentes à sociologia dos comerciantes tradicionais São várias as características partilhadas pelos comerciantes tradicionais, sendo que algumas delas são apontadas como responsáveis pelo atual estado de abandono/falência deste tipo de comércio, para além dos fatores que lhes são externos. Na sua generalidade os proprietários apresentam idades avançadas e baixos níveis de escolaridade. Desta forma, é frequente entenderem o conceito de “tradição” numa perspetiva conservadora, uma posição que vai contra a realidade atual e contra o conceito de modernidade. Em vez de ser entendida como um elemento estratégico de negócio, os gerentes vêm a tradição como algo que não é mutável nem adaptável, mantendo-se inalterável no tempo. Este modelo aplica-se aos seus estabelecimentos comerciais, que mantêm a mesma disposição, a mesma decoração, os mesmos produtos e os mesmos preços. Estes comerciantes são ainda avessos à incerteza e ao risco, atitude que os impede de apostar na inovação. Tal faz com que o comércio tradicional funcione à base de rotinas, sendo as ideias novas associadas a tendências ou modas passageiras. Desta forma, são muitos os estabelecimentos que permanecem inalteráveis ao longo de vários anos precisamente devido a esta aversão mostrada pelos proprietários/gerentes à mudança, que continuam a apostar na tradição ou no produto
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de qualidade como principais pontos fortes. As pequenas alterações por vezes introduzidas são esporádicas e nem sempre trazem valor acrescentado para a empresa. Muitos são os que insistem em manter a ideia de que a culpa do atual estado do comércio tradicional se deve exclusivamente a fatores externos, como a abertura das grandes superfícies ou a falta de apoios/incentivos das autarquias.
Estratégias de negócio do comércio tradicional Um problema complementar aos supracitados no ponto 4 é a ausência de uma estratégia de crescimento de negócio que se verifica numa grande percentagem dos estabelecimentos de comércio tradicional. De forma geral, o comércio tradicional é lento a reagir às alterações que se dão à sua volta, tomando frequentemente uma atitude passiva que passa por ver as tendências como modas passageiras e de curta duração. Desta forma, não se adapta e não mostra qualquer esforço em criar vantagens competitivas para sobreviver num meio em mudança no qual a concorrência é cada vez maior em número e em voracidade. Alienada a esta estratégia passiva, encontra-se uma gestão baseada num modelo imediatista e reacional, frequentemente marcado pelos ciclos de base sazonal. A estratégia de venda do comércio tradicional é demasiado centralizada nos benefícios inerentes ao produto/serviço ou à satisfação das necessidades. Não há esforços para a criação de valor acrescentado no ato de compra, sendo que vender é explicitamente o objetivo principal, atitude que atualmente afasta os consumidores. Com baixos níveis de escolaridade, os comerciantes levam uma estratégia de negócio baseada na experiência, um conhecimento amiúde com lacunas de nível técnico, apoiado numa atitude de conformismo. A formação não é atualizada e o conhecimento torna-se ultrapassado e inadequado às realidades atuais. Na questão dos recursos humanos, é valorizada a família. Muitas vezes são contratados familiares em detrimento de candidatos com mais qualificações. Da mesma forma, os rendimentos obtidos são investidos na família ou no próprio, em vez de reinvestidos no próprio negócio para a concretização de objetivos empresariais. Um outro problema passa pela política de preços uniformes, baseados em margens fixas sobre o preço de custo, o que não se revela uma boa estratégia com a mudança do poder de compra dos consumidores. Os preços deveriam
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ser mais flexíveis e diversificados dentro do negócio. No entanto, o poder de negociação com os fornecedores tende a ser reduzido ou nulo, estando os comerciantes muito dependentes do comportamento dos mesmos. A política de isolamento dos pequenos comerciantes é uma atitude apontada como um ponto fraco no comércio tradicional. Todos os outros são vistos como concorrentes numa perspetiva de ameaça e, em vez de se praticarem relações de cooperação, verifica-se antes uma falta de união motivada pela desconfiança no coletivo.
Os centros das cidades Foi a partir da década de 80 que os elevados fluxos migratórios levaram à desertificação dos centros das cidades, que antes se destacavam como área de habitação eleita pelos cidadãos. As recentes mudanças do estilo de vida nas pessoas também são uma das causas que acentuou esta desertificação, como a proliferação das periferias das cidades, que oferecem as comodidades contemporâneas que englobam as condições de vida hoje mais desejadas. Acompanhada por esta desertificação, veio o abandono das ruas e a deterioração dos edifícios. Desta forma, podemos enumerar vários problemas que hoje são comuns aos centros das cidades: Despovoamento Analogamente ao que sucede nas regiões do interior do país, a camada mais jovem da população afastou-se dos centros das cidades, preferindo hoje as periferias, onde nos últimos anos foram criados bairros residenciais com excelentes condições e com boa acessibilidade a centros comerciais. A população mais idosa é a que permanece nos centros com escassos recursos económicos, sendo que nem sempre detêm capacidade para renovar os edifícios onde habitam. O facto das rendas nos centros das cidades terem sofrido aumentos nos últimos anos, sobretudo com a crise económica, também afastou os cidadãos e suas famílias destes locais. Preferem habitações de maiores dimensões e com custos inferiores como os que encontram nas periferias. Verifica-se também que o mercado imobiliário em Santarém é pouco flexível, uma vez que cerca de 94,6% dos edifícios são mutuamente exclusivos para venda ou arrendamento. A desertificação do centro histórico de Santarém deu-se essencialmente nos anos 70 e 80 devido à terciarização da economia e degradação do edificado. Cerca de 64% dos edifícios têm mais de 60 anos, sendo que 43% destes foram construídos antes de 1919. (Pando, et al., 2012)
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Envelhecimento A população residente nestes centros é maioritariamente idosa, o que dificulta o crescimento e recuperação sustentável dos centros históricos. Geralmente, esta faixa etária tem menos recursos económicos, e já não tem capacidade de investir na reabilitação do centro. Da mesma forma, tem um poder de compra reduzido o que se reflete diretamente nas atividades económicas estabelecidas nos centros das cidades que, sem uma camada jovem consumista e com poder de compra, deixa de ter uma clientela regular, afetando os seus níveis de vendas. Além disso, ao nível de escolaridade dos residentes e comerciantes tende a ser muito baixo (Pando, et al., 2012). Precaridade do Parque Habitacional Sendo muitos dos edifícios de propriedade privada, as autarquias dificilmente têm possibilidade de intervir para a restauração dos edifícios, ficando estes aquém das condições de degradação naturais que se vão verificando ao longo dos anos. As autarquias limitam-se a aprovar os projetos mas ao mesmo tempo exigem burocracias que os tornam complexos e dispendiosos para os proprietários, que acabam por preferir nada fazer. Tal reveste-se de gravidade uma vez que esta deterioração não só torna o centro menos estético e, consequentemente, menos apelativo, como o torna perigoso, com a queda de materiais dos edifícios como vidros, pedra ou telhas. Além disso, há nestes centros habitações que são de facto habitadas – geralmente, por idosos – que não apresentam quaisquer condições e são ainda um risco para os próprios habitantes. Este problema representa ainda um risco patrimonial. Ao deixar que os centros das cidades se deteriorem desta forma, as autarquias estão a permitir que pedaços da história de Portugal se percam, demonstrando uma perigosa desvalorização pelo património nacional. De salientar que estes centros históricos atraem os turistas, podendo ser uma potencial atração nas suas rotas e, desta forma, contribuir ativamente para as economias locais. Acessibilidade, Estacionamento e Tráfego Automóvel A morfologia dos centros históricos é caracterizada pelas ruas estreitas, de difícil circulação tanto para automóveis como para os peões. O facto de muitas autarquias terem decidido afastar o tráfego automóvel dos centros históricos – com o encerramento de vias – trouxe reações diversas. Se por um lado esta medida veio facilitar a circulação dos peões – em especial, dos idosos –, afastou também aqueles que ainda frequentavam o centro para compras e outros
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serviços. Tal despoleta queixas por parte dos comerciantes. Este problema seria facilmente resolvido com a existência de estacionamento, mas a sua ausência representa uma outra lacuna nos centros históricos das cidades. O abandono do centro histórico não se verifica apenas na deterioração dos edifícios, mas também nas calçadas das ruas. Encontram-se desniveladas e por vezes muito deterioradas, tornando-se também perigosas para os peões. Além disso, pessoas idosas, com carrinhos de bebé ou de cadeiras de rodas também vêm uma dificuldade acrescida em passear por estas ruas.
A2. SOLUÇÕES APLICADAS A NÍVEL NACIONAL E EUROPEU A2.1 - SOLUÇÕES APLICADAS A NÍVEL NACIONAL PROCOM – Programa de Revitalização do Comércio Tradicional O projeto contemplava um leque alargado de áreas para a Dinamização de Empresas, Cooperação Empresarial, Associativismo e Projetos Especiais, sendo nesta última que estava prevista a tipologia relativa à dinamização das estruturas comerciais associada à recuperação ou revitalização do tecido rural ou urbano (centros históricos), a qual viria a prever a medida relativa ao Urbanismo Comercial. O programa foi responsável pela inserção do conceito de projetos integrados e de trabalho em parceria e tinha uma índole sectorial, pelo que todos os investimentos convergiam para o mesmo objetivo de revitalização comercial dos centros das cidades. URBCOM – Sistema de Incentivos a Projetos de Urbanismo Comercial O projeto tinha como objetivo a modernização de unidades empresariais, dos sectores do comércio, turismo e serviços, integrados em áreas urbanas delimitadas, a revitalização do espaço público envolvente e a promoção de ações de promoção e animação comercial, sendo beneficiárias as micro e macro empresas e as PME’s, Câmaras Municipais, Estruturas Associativas de Comércio e Serviços e as Unidades de Acompanhamentos e Coordenação (UAC). O foco na questão da gestão do projeto está presente na implementação de incentivos à constituição das UAC, para assegurar a articulação entre os empresários e os comerciantes. Trouxe também a possibilidade de realização de Formação Profissional para os comerciantes.
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MODCOM – Modernização do Comércio O MODCOM visou a modernização e a revitalização da atividade comercial concretamente em centros de comércio com predomínio do comércio independente de proximidade, em zonas urbanas ou rurais, assim como a promoção de ações dirigidas ao comércio. No que se refere à temática central do presente trabalho, refira-se ao nível das tipologias contempladas a ação relativa aos projetos de promoção comercial dos centros urbanos, através de ações de animação e divulgação, destinados às estruturas associativas do sector do Comércio.
A2.2 - INICIATIVAS APLICADAS A NÍVEL LOCAL Iniciativa “Shop On, Leira está On” - Leiria Realizada em 2010, com o trabalho conjunto da Associação Comercial de Leiria e a Câmara Municipal de Leiria, esta iniciativa culminou num evento com o objetivo de valorizar o comércio do centro da cidade. Consistiu no prolongamento do horário de abertura dos estabelecimentos comerciais até às 24 horas, num ambiente festivo, acompanhado de espectáculos de rua, artistas plásticos, animação, eventos gastronómicos, etc. Além disso, os 70 estabelecimentos aderentes, promoveram a realização de descontos especiais para os clientes naquele dia.
Projeto “Comércio Vivo” - Açores Consistiu num projeto de revitalização do comércio tradicional que se destinou a todos os sectores de atividade com interesse e disponibilidade para melhorarem a sua performance e visibilidade e a adotarem novas práticas de gestão, contribuindo para a revitalização das lojas. O projeto foi elaborado em parceria com a AEP –Associação Empresarial de Portugal, e englobou duas fases: 1. Consultoria nas empresas: com o objetivo de elaborar um diagnóstico da empresa, definição de um programa de intervenção e de melhoria, a implementação de um Painel de Gestão Específico por empresa e assistência técnica às empresas, empresários e colaboradores. Este processo teve como base três eixos:
• Gestão e Animação do Ponto de Venda; • Gestão Económico-financeira do Ponto de Venda; • Logística do Ponto de Venda.
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2. Workshops em sala: com o objetivo de aplicação de boas práticas no desenvolvimento de boas práticas no desenvolvimento e rentabilização do negócio as quais serão individualmente identificadas e aplicadas consoante o contexto de cada negócio.
• Mix do serviço ao cliente (Atendimento, Comunicação e Merchandising); • Técnicas de Merchandising para a gestão e Animação do Ponto de Venda; • Técnicas de Decoração e de Vitrinismo; • Logística do Ponto de Venda; • Novas práticas de gestão (gestão económico-financeira do ponto de venda); • A envolvente arquitetónica externa e interna da loja. O projeto envolveu 50 empresas das Ilhas Terceira, S. Jorge e Graciosa.
Projeto “Viver o Comércio” – Entroncamento Foi concebido pela Câmara Municipal do Entroncamento com o objetivo de impulsionar e promover o comércio local. Abrange quatro ações dinamizadoras:
• “Segunda-feira de Emoção”: implica a existência de descontos em produtos, serviços ou a oferta de um artigo todas as segundas-feiras durante o período da manhã.
• “Sábado de Tradição”: procura dirigir-se para os dias de maior movimento
comercial e envolve descontos em produtos, serviços ou ofertas diversificadas no primeiro sábado de cada mês.
• “Hora Azul”: das 17:00h às 18h, de segunda a sábado, em que há descontos em produtos, serviços e outras ofertas diversas.
• “Cartão Desconto”: um cartão atribuído a cada cliente em que se registam as vezes em que este efetua compras no valor mínimo de 15 euros. Quando totalizar 10 compras neste valor terá direito a um desconto ou oferta.
• O projeto também organiza eventos em épocas festivas, que envolvem a
montagem de insufláveis e outras atrações infantis e o embelezamento das ruas e montras dos estabelecimentos.
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A2.3 - SOLUÇÕES APLICADAS A NÍVEL EUROPEU Programa Comunitário Urban Lançada pela primeira vez em 1994, trata-se de uma iniciativa comunitária relativa à regeneração económica e social das cidades e dos bairros em crise, com o objetivo de promover e aplicar o desenvolvimento urbano sustentável. A iniciativa foi relançada em 2000, com o nome Urban II. Incluía incentivos à inovação e promovia ações integradoras de desenvolvimento urbano. Este relançamento da iniciativa foi encorajado pelos bons resultados do período anterior – já tinha permitido a regeneração económica de 118 zonas urbanas europeias, somando um total de 900 milhões de euros investidos que beneficiaram 3,2 milhões de cidadãos europeus Entre 1998 e 1999, o FEDER favoreceu a inovação urbana e de novas formas de desenvolvimento económico, social e ambiental. O sucesso da operação teve como resultado 59 projetos urbanos financiados A iniciativa comunitária Urban tinha assim como foco central o financiamento de projetos que contribuíssem para regenerar e recuperar zonas urbanas em risco. Estes projetos aliavam-se ao cumprimento de vários objetivos, como:
• Formulação e aplicação de estratégias inovadoras para a regeneração económica e social das cidades pequenas e médias ou bairros de risco em grandes cidades;
• Incremento e intercâmbio de conhecimentos e experiências relacionados com a recuperação urbana, e propagação de uma prática de desenvolvimento sustentável urbano nas zonas afetadas.
• As ações prioritárias desta iniciativa eram as seguintes: • Recuperação de zonas edificadas, o que engloba edifícios, espaços públicos e ainda a revalorização do património;
• Fomento do espírito empresarial através de iniciativas locais; • Desenvolvimento de estratégia contra a exclusão e discriminação; • Desenvolvimento de sistemas integrados de transportes públicos; • Promoção de ações a favor do meio ambiente; • Desenvolvimento do potencial de tecnologias da informação em benefício dos cidadãos e das PME’s;
• Difusão do conceito de “governança urbana”.
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Vitrines d’Europe – Federação Internacional É uma federação que reúne associações comerciais europeias de países como Portugal, Espanha, Itália, França e Bélgica. Tem como prioridade a evolução do comércio, a atualização dos seus horários, a renovação das redes de transporte e do urbanismo. Promove as PME’s e o sistema associativo como fundamental nas relações entre o comércio, cultura, lazer e turismo. Organiza jornadas de debates temáticos acerca das problemáticas relacionadas com o comércio.
Les Vitrines de France – Federación Nationale des Centres-villes (França) Com já 20 anos de experiência, é um órgão criado pelo Ministério das Pequenas e Médias Empresas, Comércio, Artesanato, Serviços e Profissionais francês para ajudar as cidades a estruturar a sua organização comercial. Tem como principal instrumento de trabalho a partilha de conhecimentos e experiências entre profissionais, através de uma rede de parceiros que apoiam na concretização de projetos. Já desenvolveram várias soluções para dinamizar o comércio tradicional das cidades, tais como:
• “Les Chiques Cadeaux”: trata-se de um sistema de vales de oferta que se
aplicam a todos os estabelecimentos comerciais dos centros das cidades. Permite a unificação, de desenvolvimento de um sentimento de pertença de cada um numa dinâmica coletiva. É de igual forma um importante instrumento de promoção de toda a oferta comercial das vilas/centros de cidades.
• “App&Shop”: uma aplicação para os smartphones desenvolvida para pro-
mover o comércio. Esta aplicação permite que o consumidor conheça atualidade da sua cidade/vila, quais são os próximos eventos, e outras informações úteis, efetuando pesquisas por localização do comércio e dos produtos/ serviços específicos que aí são vendidos. Esta aplicação é gratuita.
• Workshops e Ateliês: realização de workshops temáticos (Exemplo: “Nous
idées pour la ville” – As nossas ideias para a vila”), organizados em jornadas de trabalho interativo. Os ateliês permitem o tratamento de um tema de forma mais aprofundada, com troca de conhecimentos entre os membros da comunidade e os profissionais.
20 ESTUDO SOBRE AS TENDÊNCIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL NA REGIÃO
Projeto Europeu Central Markets (Europa Central) Com o cofinanciamento do programa europeu para a Europa Central, surgiu o projeto Central Markets. Com a duração de três anos, apresenta como o principal objetivo a revitalização e promoção dos mercados tradicionais da Europa Central. Para tal, promove-se o incremento dos sistemas de gestão dos mercados tradicionais, tendo em consideração a importância dos mesmos para distribuição comercial e para o desenvolvimento urbano sustentável. As atividades do projeto concentram-se no desenvolvimento de conceitos e planos que permitem aos vários stakeholders da organização, a coordenação e implementação a longo-prazo de elementos chave básicos. O desenvolvimento de soluções conjuntas levaria em consideração os seguintes elementos: a integração de políticas para os serviços e comércio de retalho, a cooperação entre os stakeholders relevantes, a revitalização dos mercados e das suas áreas regionais relacionadas, a rede de cidades parceiras e regiões que beneficiem de princípios de aprendizagem mútuos. O projeto consiste ainda no aumento da atratividade dos mercados nas oitos cidades/regiões alvo através do desenvolvimento de estratégias de revitalização inovadoras com o objetivo de reforçar a relação entre as cidades/regiões e os mercados.
Projeto Medemporion Finalizado em 2012, teve como principal objetivo delinear quais as boas práticas a aplicar a nível do comércio nos mercados tradicionais. Reuniu como parceiros IMMB Barcelona (LP), Município de Torino, Município de Genoa, Conservatory of Mediterranean Food from Piedmont e o Conservatoire des Cuisines Méditerranéennes. Pretendeu identificar quais os potenciais valores comuns às zonas mediterrâneas como elemento chave para um comércio de proximidade de articulação com a população; promover os produtos alimentares locais, a melhoria da responsabilidade social dos mercados no seu ambiente e a criação de uma rede de partilha de boas práticas para melhorar o comércio. As boas práticas implementadas passaram pela modernização da gestão, pela modernização das instalações e dos espaços, a adaptação dos serviços à procura por parte dos consumidores, a transmissão de hábitos alimentares saudáveis, a
21 ESTUDO SOBRE AS TENDÊNCIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL NA REGIÃO
participação em atividades sociais, culturais e solidárias, promoção da higiene alimentar, promoção do tratamento de resíduos e de modelos de sustentabilidade, políticas estratégicas transversais de comunicação e promoção e o desenvolvimento da capacidade de ser-se ouvido em órgãos internacionais.
Projeto Makaranda Teve início em janeiro de 2012 e reuniu como parceiros o Município de Florença, Genoa, Local Authorities Union of Xanthi District, Municipality of Limassol, University of Genoa, Municipal Institute of Markets of Barcelona PLURAL – European Study, Centre, Municipality of Favara, National Research e o Centre of Egypt, Souk El Tayeb. O seu principal objetivo é preservar os mercados mediterrânicos através da construção de um cluster para promover as cadeias de produção agrícola e artesanal e melhorar os processos de governança dos atores privados e públicos nos mercados das cidades. As boas práticas estão organizadas nos seguintes clusters: • Infraestruturas e Planeamento Urbano; • Serviços; • Gestão; • Promoção e Comunicação; • Mercados dos Agricultores.
Projeto Urbact Market Foi iniciado em maio de 2012 com os objetivos direcionados para o desenvolvimento económico local, regeneração e vida sustentável. Espera-se que o projeto produza orientações específicas para três temas centrais: “Regeneração dos centros das cidades”, “ Economias em baixo Carbono” e “Emprego e Empreendedorismo”.
Iniciativa Internacional Love your Local Market Lançada pela primeira vez em 2012 pela National Association of British Markets Authorities, Love your local Market tornou-se numa das celebrações de mercado mais reconhecidas no Reino Unido, ganhando dimensões internacionais,
22 ESTUDO SOBRE AS TENDÊNCIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL NA REGIÃO
com outros países a aderirem ao projeto. As celebrações duram uma quinzena no mês de maio. No último ano, aderiram 700 mercados, com a realização de 3 500 eventos. Como a iniciativa também pretende promover o empreendedorismo, garantiu cerca de 7 000 novos espaços para novos comerciantes. A dimensão internacional que esta iniciativa adquiriu prova que é possível que mercados de vários países trabalhem em conjunto para atingir objetivos comuns. Demonstra de igual forma a força vital dos mercados e a força que têm para incrementar as economias e culturas locais.
DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
24 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
B1 ÂMBITO GEOGRÁFICO DO ESTUDO Para a realização do presente estudo foram realizados 38 inquéritos a estabelecimentos comerciais e 36 inquéritos a consumidores. Estes últimos foram unicamente concretizados no concelho de Santarém, sendo que os estabelecimentos aderentes estendem-se pelos concelhos de Santarém, Almeirim, Chamusca, Alpiarça, Cartaxo e Benavente. Desta forma, é pertinente uma breve descrição de cada um dos concelhos.
B1.1 - CONCELHO DE SANTARÉM Santarém, cidade e concelho, é conhecida pelo cavalo, touro e pelo campino, e pela sua gastronomia típica de sabores ligados à terra e ao rio. A sul fica a paisagem do rio Tejo e os campos férteis da Lezíria, marcada pela geometria dos extensos vinhedos. Já a Norte, os olivais são os protagonistas da paisagem. Com 62 200 habitantes, verifica-se nos últimos anos uma tendência para o crescimento da população com o Ensino Superior completo – de 4.06% em 2001 para 15,1% em 2011. A percentagem de população ativa em 2011 era de 53,7%, acima da taxa encontrada em 2001 que era de 47,4%. A maioria da população (73,6%) está empregada no sector terciário. O índice de poder de compra per capita registou entre 2002 e 2005 um aumento de 3,05 pontos. Em 2011, registava um valor de 101,45 pontos percentuais. Este valor encontra-se acima do registado na região da Lezíria do Tejo em 2011, que se situava nos 91 pontos.
B1.2 - CONCELHO DE ALMEIRIM Conhecido sobretudo pela famosa Sopa da Pedra, Almeirim goza de centralidade geográfica e de acessibilidades que o têm colocado no centro do desenvolvimento económico da região. A capacidade de trabalho e de empreendimento dos almeirinenses, a existência de um sector de restauração muito forte que beneficia da sua sopa da pedra como fator de diferenciação e atração turística, a qualidade dos vinhos do concelho e os demais produtos agrícolas são todos fatores potenciadores do desenvolvimento do concelho.
25 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
Com 23 376 habitantes, a maioria da população encontra-se empregada no sector terciário relacionado com o comércio, bancos e seguros, transportes e comunicações, administração pública e serviços, com especial destaque para a área da restauração que emprega direta e indiretamente centenas de pessoas. O sector primário no concelho está relacionado com a produção de vinho, com as culturas frutícolas e hortofrutícolas com grande destaque para a produção de melão, tomate e milho. Em Almeirim estão sediadas algumas das mais importantes organizações de produtores do país.
B1.3 - CONCELHO DE ALPIARÇA O concelho de Alpiarça mantém ainda uma forte vocação agrícola pelo que na sua atividade produtiva, as culturas da vinha, do milho, do tomate e hortícolas constituem as produções dominantes num concelho com bons solos agrícolas. Desta forma, o peso deste sector no concelho é dominante e superior à média regional e nacional. A sua localização geográfica e as boas acessibilidades fazem de Alpiarça um ponto estratégico para proliferação do sector industrial, nomeadamente induzido pelo sector agrícola ou pela proximidade de outros centros urbanos regionais. Da mesma forma, o sector terciário tem vindo a acompanhar e a complementar o desenvolvimento da estrutura produtiva do município. Entre 2001 e 2011, a população ativa diminuiu, acompanhando a tendência nacional. A taxa de desemprego registou um incremento considerável, como consequência da crise económica e, também, da crise associada ao sector agrícola derivada da concorrência externa.
B1.4 - CONCELHO DE BENAVENTE Com 29 019 habitantes, Benavente encontra-se entre dois mundos distintos – um Ribatejo marcadamente agrícola e rural e a Área Metropolitana de Lisboa. Ser capaz de conciliar o melhor destes dois mundos é um desafio para este concelho. É o concelho do distrito de Santarém que apresenta os melhores indicadores socioeconómicos. Tem a menor taxa de envelhecimento, apresenta o maior crescimento da população residente entre 2001 e 2012 e a maior taxa de natalidade da Lezíria do Alentejo.
26 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
Embora tenha existido um grande crescimento industrial nos últimos anos, o sector secundário emprega apenas 24,33% da população e o comércio e serviços são responsáveis por 70,86% do emprego no concelho. As indústrias agroalimentares têm um peso significativo no concelho. Pelo contrário, a agricultura é agora residual, com apenas 4,81% da população empregada.
B1.5 - CONCELHO DO CARTAXO Embora conhecido pela produção vinícola, o concelho apresenta deficiências na divulgação desta sua imagem. Com 24 462 habitantes, apresenta uma das taxas de analfabetismos mais baixas da região da Lezíria. O desemprego parece ser uma das principais preocupações a ter, uma vez que, em 2011, apresentava uma taxa de 12%. Já a população ativa encontra-se sobretudo no sector do comércio e serviços, seguindo-se a indústria e a agricultura.
B1.6 - CONCELHO DA CHAMUSCA Com 10 120 habitantes, é o concelho que mais sofre com problemas de envelhecimento, perda de população e taxas de analfabetismo. Entre 2001 e 2011 perdeu cerca de 11,94% da sua população. A taxa de analfabetismo é de 9,5%, a terceira maior da região. A população ativa encontra-se maioritariamente no sector do comércio e serviços, seguindo-se a indústria e, por último, a agricultura, embora com um maior peso do que nos restantes municípios da região.
B2 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO REALIZADO AOS COMERCIANTES B2.1 - ANÁLISE DE DADOS QUANTITATIVOS – QUESTÃO DE RESPOSTA FECHADA Na totalidade, foram inquiridos 38 estabelecimentos comerciais do distrito de Santarém. O concelho de Santarém foi aquele com maior número de estabelecimentos inquiridos, sendo seguido por Almeirim. Estes números aproximam-se da realidade, uma vez que são os dois concelhos que reúnem maior número de sócios junto da ACES. Já Benavente é o concelho com menos estabelecimentos inquiridos – apenas um – devido ao número inferior de estabelecimentos comerciais sócios no concelho.
27 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
1. NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS INQUIRIDOS POR CONCELHO
24
6 2
SANTARÉM
CARTAXO
1
3
CHAMUSCA
BENAVENTE
2 ALPIARÇA
ALMEIRIM
Gráfico 1 – Nº de Estabelecimentos por Concelho
2. ANO DE ABERTURA ANO DE ABERTURA
MIN.
MAX.
MÉDIA
1930
2014
1989,82
Tabela 1 - Ano de abertura do estabelecimento
O estabelecimento mais antigo abriu em 1930 enquanto o mais recente abriu ainda durante o atual ano civil. Em média, os estabelecimentos inquiridos abriram portas no final dos anos 80 e início da década de 90.
3. PRESENÇA ONLINE SIM NÃO
Gráfico 2 – Presença online do negócio
28 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
Pretendia-se perceber se os estabelecimentos teriam presença online, tanto através das redes sociais, como através de um website, como forma de marketing da sua empresa ou até mesmo de venda dos seus produtos/serviços. A esmagadora maioria não possui presença online, como se pode verificar no gráfico apresentado
96022
96021
74200
56304
56301
56104
52410
52291
52240
47782
47761
47750
47740
47722
47711
47620
47592
47510
47430
47300
47750
47230
47192
47191
47112
47111
46900
10711
4. DISTRIBUIÇÃO POR CAE
Gráfico 3 - Distribuição por CAE
5. DISTRIBUIÇÃO POR FORMA JURÍDICA
17 13
5 2 SOCIEDADE EM SOCIEDADE EM NOME INDIVIDUAL NOME COLETIVO
SOCIEDADE UNIPESSOA
SOCIEDADE POR QUOTAS
Gráfico 4 - Forma Jurídica
A maioria dos estabelecimentos apresenta a sua forma jurídica como Empresário em nome Individual. De seguida, a forma Sociedade por quotas é a mais comum.
29 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
6. FORMA DE POSSE DO ESPAÇO COMERCIAL
23 14
ESTABELECIMENTO PRÓPRIO
ESTABELECIMENTO ALUGADO
Gráfico 5 - Regime de Posse do Estabelecimento
A maioria dos espaços comerciais é alugada, sendo que cerca de 40% dos espaços são próprios. Nenhum dos inquiridos possuía espaçados cedidos.
7. ÁREA TOTAL E ÁREA DE VENDA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ÁREA TOTAL ÁREA DE VENDA
45% 45% 32%
32% 16%
< 50 m2
16%
> 50 m2
> 100 m2
Gráfico 6 - Área total do Espaço Comercial vs. Área de Venda do Espaço Comercial
Como se pode observar pelo gráfico 6, a maioria dos estabelecimentos comerciais apresenta uma área total superior a 50 m2. O mesmo sucede com o espaço de venda. Apenas 15% dos estabelecimentos tem uma área de venda superior a 100 m2, sendo que cerca de 35% tem uma área de venda inferior a 50 m2.
30 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
8. NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS
30
6 1
1
5 estabelecimento 1 estabelecimento 2 estabelecimento 3 estabelecimento Gráfico 7 - Número de estabelecimento comerciais que possui e/ou gere
Quase 80% dos estabelecimentos inquiridos possui ou gere apenas um único estabelecimento. Cerca de 20% possui dois estabelecimentos sendo que apenas dois dos inquiridos têm mais do que dois estabelecimentos em sua posse.
9. NÚMERO DE COLABORADORES
37% 26% 16% 8%
8% 3%
4% 1 colaborador
2 colaborador
3 colaborador
4 colaborador
5 colaborador
6 colaborador
7 colaborador
Gráfico 8 - Número de Colaboradores por estabelecimento
A maioria dos estabelecimentos inquiridos tem apenas um colaborador – geralmente o próprio dono/gerente. Aproximadamente 30% têm dois colaboradores, seguidos por cerca de 20% com três colaboradores.
31 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
10. NÚMERO DE COLABORADORES QUE SÃO FAMILIARES
69%
16%
13%
3% 0
1
3
2
Gráfico 9 - Nº de Colaboradores Familiares
Embora estudos secundários demonstrem uma grande preponderância do comércio tradicional para os negócios familiares, constatamos que, da nossa amostra, mais de 60% dos inquiridos não tem no seu estabelecimento colaboradores familiares
11. FAIXA ETÁRIA DOS COLABORADORES
26 18 14
18 - 35
35 - 50
> 50
Gráfico 10 - Faixa Etária dos Colaboradores
Nos estabelecimentos inquiridos, a maioria dos colaboradores tem entre 35 a 50 anos, sendo que também são comuns os colaboradores com mais de 50 anos de idade. Os colaboradores mais jovens são menos frequentes.
32 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
12.DIAS E HORÁRIOS DE ABERTURA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL
79% 79%
11%
3% Segunda a sexta
Segunda a sábado
Toda a semana
Gráfico 12 - Dias de abertura
16% 6% Antes das 9h
Entre as 9h e as 10h
Depois das 10h
Gráfico 11 - Horário de Abertura
Da amostra inquirida para a realização deste estudo, 80% dos estabelecimentos abre de segunda-feira a sábado, apresentando um horário de abertura entre as 9h e as 10h.
13. DIAS E HORÁRIOS DE ENCERRAMENTO
91%
95%
Domingo e Feriados
3%
3%
3%
Sábado, Domingos e Feriados
Encerra em dias úteis
Antes das 18 h
Gráfico 14 - Dias de Encerramento
8% Entre as 18h Entre as 20h e as 19:30h e as 22h
Gráfico 13 - Horário de Encerramento
A esmagadora maioria dos estabelecimentos encerra aos Domingos e Feriados, sendo que nos dias em que se encontram abertos encerram entre as 18h e as 19:30h.
33 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
14. DIFERENÇA DE HORÁRIO AO SÁBADO SIM NÃO
Gráfico 15 - Horário diferente ao sábado
Embora a maioria dos estabelecimentos esteja aberto ao sábado, apresenta horários diferentes. Geralmente só estão abertos no período da manhã, encerrando pelas 13h.
15. ENCERRAMENTO À HORA DO ALMOÇO SIM NÃO
Gráfico 14 - Dias de Encerramento
57%
24% 15% 5% Não tenho outra alternativa
Não se justifica a abertura
Sempre adotei esta prática
Outro motivo
Gráfico 16 - Motivos para encerramento no horário do almoço
A maioria dos estabelecimentos encerra à hora do almoço, argumentando que a abertura não se justifica ou afirmando que sempre adotaram esta prática como um hábito que continuam a cumprir. No entanto, alguns também justificam o encerramento pelo facto de não terem outra alternativa, ou seja, não terem recursos humanos que permitam a cobertura desse horário.
34 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
16. ADAPTAÇÃO DO HORÁRIO À REALIDADE SIM NÃO
Gráfico 18 - Perceção relativa à adequação do horário à realidade
A esmagadora maioria dos comerciantes considera que o horário que praticado está adaptado à realidade atual.
17. INTRODUÇÃO DE ALTERAÇÕES NO ESTABELECIMENTO NOS ÚLTIMOS 5 ANOS SIM NÃO
45% 34% 22%
Abriu recentemente
Gráfico 19 – Introdução de alterações no estabelecimento nos últimos 5 anos
Não sentiu necessidade
Não tem capacidade financeira para investir
Gráfico 20 - Razões para a não introdução de alterações
Nos últimos 5 anos foram efetuadas alterações na maioria dos estabelecimentos inquiridos. Os que não realizaram alterações apresentam como principais motivos o facto de terem sido inaugurados recentemente ou porque não têm capacidade financeira para investir.
35 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
18. TIPO DE ALTERAÇÕES REALIZADAS NOS ÚLTIMOS 5 ANOS
68%
58%
50% 32%
40%
40% 24%
18%
8%
Gráfico 21 - Alterações realizadas nos últimos 5 anos
As alterações mais introduzidas relacionam-se em grande parte com obrigações legais, relacionadas com a aquisição de equipamento informático e com a obrigatoriedade da formação profissional dos colaboradores. As obras de remodelação do estabelecimento comercial são a segunda alteração mais mencionada pelos comerciantes, assim como a criação de novos serviços para os clientes e ainda o investimento em publicidade.
93%
19. POSSE DE SOFTWARE DE GESTÃO SIM NÃO
9%
9%
Não tem capacidade Os benefícios do software financeira para efetuar de gestão não justificam o investimento o investimento
Gráfico 22 - Posse de Software de Gestão
Outro
Gráfico 23 - Softwares de Gestão utilizados
1 ZSREST
1 XPPOS
1 TOC ONLINE
1 SIMPAN
1 SAP
8
ROGEST
2
1 POS
1 OPTICWIN
1 NUTEPOS
1 HANDSOFT
1 FILOSOFT
4
1 EQUIDATA
1 ARTSOFT
ETICADATA
SAGE
Gráfico 24 - Razões para não possuir software de gestão
36 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
A maioria dos estabelecimentos comerciais possui software de gestão, embora muitos o tenham devido a obrigatoriedade legal. Cerca de 35% detém o software de gestão Sage, sendo o EticaData e o Progest os restantes mais comuns. A maioria destes softwares realiza todas as funções desde a faturação à gestão de stocks, gestão de clientes e gestão de fornecedores. Os comerciantes que não possuem software de gestão referenciam motivos relacionados com a falta de interesse uma vez que criaram o hábito de subcontratar o contabilista.
20. INVESTIMENTOS EM PUBLICIDADE SIM NÃO
Gráfico 25 - Investimento em Publicidade
66% 45% 29%
3% JORNAIS
OUTDOOR
0% RÁDIO
REDES SOCIAIS
TV LOCAL
5% OUTRA
Gráfico 26 - Tipos de Publicidade
A maioria dos estabelecimentos presentes na nossa amostra investe ou já investiu em publicidade. A forma mais comum é a publicidade via redes sociais, o que demonstra a importância que a web tem assumido no desenvolvimento do comércio tradicional. Os jornais e a rádio são as duas outras formas de publicidade nas quais os comerciantes investem ou já investiram com regularidade. Ainda há quem refira outras formas de publicidade, como os cartazes em festas locais e regionais que consideramos na coluna “Outra”.
37 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
21. REALIZAÇÃO DE PROMOÇÕES
50%
SIM NÃO
15%
9%
Amostras Grátis
Gráfico 28 - Realização de Promoções
Brindes
15%
12%
Cartão de Fidelização
Descontos
Outros
Gráfico 27 - Tipo de Promoções
Uma grande fatia dos estabelecimentos comerciais inquiridos realiza promoções, sendo a maioria descontos, amostras grátis e cartões de fidelização.
22. RENOVAÇÃO DA MONTRA SIM
39%
NÃO
27%
27% 8%
Todas as semanas
Gráfico 29 - Posse de Montra no Estabelecimento
De duas em duas semanas
Uma vez por mês
Duas a três vezes por ano
Gráfico 30 - Frequência de mudança de montra
75% dos estabelecimentos tem montra sendo que a periodicidade de renovação maioritária é uma vez por mês (40%). No entanto, um grande número renova as montras todas as semanas ou de duas em duas semanas (cerca de 30% para cada).
38 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
23. EVOLUÇÃO DOS NEGÓCIOS
35%
33% 22%
6%
6%
Aumentou até 20%
Aumentou mais de 20%
Manteve-se
Diminuiu até 20%
Diminuiu mais de 20%
Gráfico 31- Sentido de evolução do volume de negócios
50%
22% 12%
14%
2% Conjuntura Económica
Quebra Geral no Setor de Atividade
Concorrência Concorrência das Grandes Superfícies Direta
Outro
Gráfico 32 - Justificação do sentido de evolução do volume de negócios
O volume de negócios da maioria dos estabelecimentos comerciais presentes na nossa amostra diminuiu nos últimos dois anos, sendo que cerca de 40% diz ter diminuído mais de 20%. Uma percentagem de aproximadamente 25% afirma que os seus negócios se mantiveram constantes nos últimos 2 anos, sendo que apenas 10% afirma que o volume de negócios aumentou. As razões mais apontadas para este decréscimo são a conjuntura económica nacional e a concorrência das grandes superfícies comerciais.
39 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
24. CARACTERÍSTICAS DO ESTABELECIMENTO PONTO FORTE PONTO FRACO
79%
74% 50%
50%
45%
3%
Atendimento
Assistência
Diversidade
16%
11%
5%
0%
45%
Preço
3% Proximidade
Qualidade
Gráfico 33 - Identificação de pontos fortes e pontos fracos do estabelecimento
Os pontos fortes relativos ao estabelecimento comercial mais mencionados foram o Atendimento e a Qualidade dos produtos vendidos/serviços prestados. O preço e a proximidade foram os pontos fracos mais mencionados pelos comerciantes. 25. CARACTERÍSTICAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DO DISTRITO DE SANTARÉM PONTO FORTE
66%
PONTO FRACO
61%
37% 32%
34% 21%
18%18% 8% Acessibilidade
34%
Concorrência Local Espaços Verdes
8% Estacionamento
8%
11% 3%
Horário de Abertura Limpeza Urbana
Gráfico 34 - Identificação de pontos fortes e fracos do comércio tradicional de Santarém
Proximidade a Lisboa
O estacionamento, a falta de limpeza urbana e de homogeneidade dos horários de funcionamento são os pontos fracos mais apontados ao comércio tradicional de Santarém. A proximidade a Lisboa é o ponto de maior discórdia uma vez que tanto pode ser considerado um ponto forte na medida em que as pessoas de Lisboa possam visitar Santarém, como pode ser considerado um ponto fraco na medida que os consumidores do distrito de Santarém preferem consumir em Lisboa. A acessibilidade é o ponto forte mais apontado pelos comerciantes do distrito.
40 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
26. FATORES INFLUENCIADORES DA DECISÃO DE COMPRA
MUITO IMPORTANTE IMPORTANTE POUCO IMPORTANTE NADA IMPORTANTE
50% 42%
45%
40% 32%
34% 32% 21%
16% 11%
8%
32%
13%
13%11%
0% TURISMO
SERVIÇOS
PRESTIGIO
TRADIÇÃO
Gráfico 35 - Classificação dos fatores de maior influência na decisão de compra no Comércio Tradicional
O turismo é o fator que os comerciantes consideram menos importante na decisão de compra no comércio tradicional. Em Santarém, os comerciantes queixam-se que os turistas são conduzidos apenas para os pontos turísticos da cidade, sendo que as suas rotas nunca atravessam o centro histórico para dar oportunidade aos turistas de consumir no comércio tradicional. Nos restantes concelhos o turismo é inexistente ou residual, não tendo influência no comércio tradicional. Já os serviços são considerados tanto importantes como pouco importantes. Esta questão também se tornou ambígua. Embora os comerciantes considerem que os serviços são importantes para atrair os consumidores aos seus estabelecimentos comerciais, também argumentam que os serviços são hoje praticamente inexistentes. Desta forma, a tradição e o prestígio ainda são considerados os fatores que mais pesam na decisão de compra dos consumidores em frequentar os estabelecimentos de comércio tradicional. MUITO IMPORTANTE
27. NECESSIDADES DE INVESTIMENTO
IMPORTANTE POUCO IMPORTANTE
63% 53%
47% 40%
40%
16%
24% 21%
8% 5% Apoios á Remodelação
NADA IMPORTANTE
37%
16% 16%
5% Crédito ao Consumo
Criação de Estacionamento
45% 40%
42%
11% 5% 5% Formação Profissional
42%
37%
5% Promoção Centro Histórico
34% 16%
5% Requalificação Urbanística
Gráfico 36 - Classificação de áreas com necessidade de investimento por grau de importância
16%
8% Apoio ao Turismo
41 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
A criação de estacionamento é considerada por quase 70% da população como uma área em que seria muito importante investir. Os apoios à remodelação dos estabelecimentos comerciais, a promoção do centro histórico, a formação profissional e o apoio ao turismo também são considerados importantes pelos comerciantes, como algo em que investiriam se fossem responsáveis por tal. O apoio ao crédito ao consumo é aquilo que os comerciantes consideram menos relevante, uma vez que acreditam que só deve comprar quem de facto pode, e que os créditos levam ao endividamento das pessoas, o que em parte levou à situação na qual hoje se encontram. A criação de estacionamento é um ponto polémico pois há quem defenda que já existe muito estacionamento, explicando que está mal aproveitado ou antes que as pessoas ganharam o mau hábito de querer estacionar à porta dos estabelecimentos. Já outros comerciantes defendem que deve ser criado estacionamento, sobretudo gratuito.
28.DIVULGAÇÃO DO COMÉRCIO TRADICIONAL SIM NÃO
Gráfico 37 - Existência de divulgação dos pontos fortes do Comércio Tradicional
A maioria dos comerciantes defende que há falta de divulgação dos pontos fortes do comércio tradicional de Santarém. Ainda há uma fatia significativa que argumenta que não é neste ponto onde reside o maior problema, uma vez que consideram não existir nada para divulgar ou para publicitar no comércio tradicional.
29. ADESÃO A OUTROS PROJETOS SEMELHANTES SIM NÃO
Gráfico 38- Adesão a outros projetos semelhantes
42 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
Embora uma fatia significativa dos estabelecimentos já tenha participado em projetos com objetivos semelhantes, a maioria nunca participou em mais alguma iniciativa. A falta de consciencialização e outros motivos – como a falta de interesse por parte dos comerciantes - são mais apontados para a não participação neste tipo de projetos.
30. PARCERIAS COM OUTROS COMERCIANTES SIM NÃO
Gráfico 39 - Parcerias com outros comerciantes
Gráfico 40 - Interesse em parcerias com outros comerciantes
A esmagadora maioria dos comerciantes não tem parcerias com outros estabelecimentos comerciais sendo que, no entanto, a maioria demonstra interesse em futuras parcerias.
31. FUNÇÃO DO INQUIRIDO NO ESTABELECIMENTO COMERCIAL
69%
16% 5% PROPRIETÁRIO
GERENTE
11% COLABORADOR PROPRIETÁRIO E GERENTE
Gráfico 41 - Função do inquirido no estabelecimento comercial
43
32. NÚMERO DE ANOS EM FUNÇÕES NO ESTABELECIMENTO COMERCIAL
74%
13%
5% MENOS DE 1 ANO
MENOS DE 5 ANOS
8% MENOS DE 10 ANOS
Gráfico 42 - Nº de anos a exercer funções
MAIS DE 10 ANOS
33. GÉNERO DO INQUIRIDO FEMININO MASCULINO
Gráfico 43 - Género do Inquirido
34. FAIXA ETÁRIA
48% 27% 19% 6% [25-40]
[41 -55]
[56-70]
[71-80]
Gráfico 44 - Faixa Etária do Inquirido
Os inquiridos são maioritariamente do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 41 e os 55 anos, proprietários e/ou gerentes dos estabelecimentos comerciais, gerindo-os há mais de 10 anos.
DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
44 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
B 2.2 - ANÁLISE DE DADOS QUALITATIVOS – QUESTÕES DE RESPOSTA ABERTA Foi pedido aos inquiridos que dessem a sua opinião acerca do que consideravam que funcionava melhor e pior no comércio tradicional do distrito de Santarém. Como conclusão foi-lhes questionado quais consideravam ser as medidas a tomar para dinamizar o comércio tradicional. Tendo em conta as respostas dos inquiridos, delineamos as conclusões que se seguem acerca de cada um dos tópicos.
O que funciona pior no Comércio Tradicional O estacionamento é um dos fatores mais referidos pelos comerciantes. Queixamse da falta de estacionamento, sendo que o pouco que há é pago e caro. As pessoas não querem caminhar muito a pé quando só precisam de ir comprar uma pequena coisa, ou quando estão sobrecarregadas. Além disso, tal faz com que os lojistas, quando há mercadoria para chegar a loja, tenham de estacionar nos passeios, acabando por prejudicar ainda mais a mobilidade dos peões. A desertificação das ruas é um outro fator que prejudica o comércio tradicional, mas que é resultado do encerramento de estabelecimentos, deixando ruas desertas e pouco seguras, reduzindo-se drasticamente o seu nível e atratividade. A diminuição de circulação de pessoas nas ruas também foi agravada pelo facto dos serviços públicos e privados terem saído do centro da cidade para se instalarem na periferia. Ora, com tudo o que precisam em zonas fora do centro de Santarém, as pessoas deixaram de sentir necessidade de se deslocar para o centro histórico. A falta de limpeza urbana é um dos fatores mais mencionados pelos comerciantes do centro histórico de Santarém. Os pombos provocam sujidade nas ruas que raramente são limpas, queixam-se das beatas no chão e na falta de contentores do lixo. Combinado com a inexistência de embelezamento das ruas, com uma calçada deteriorada que se torna perigosa e dificulta a mobilidade dos peões – sobretudo cadeiras de rodas e carrinhos de bebé – e ainda edifícios antigos por restaurar em decadência, o centro histórico de Santarém torna-se pouco apelativo para os consumidores. Além disso, há também a questão da insegurança nas ruas. Há falta de iluminação e, durante o Inverno em que anoitece mais cedo, torna-se numa zona propensa a atos criminosos.
45 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
O encerramento dos estabelecimentos é o resultado de consumidores com inferior poder de compra, que preferem as grandes superfícies comerciais – apontadas como uma causa de concorrência – onde encontram tudo o que precisam desde produtos a serviços, num espaço climatizado com ambiente agradável. Segundo os comerciantes, as rendas são demasiado elevadas para a realidade atual, apoiadas no argumento de localização central. As vendas acabam por não ser suficientes para sustentar o espaço, obrigando os comerciantes a encerrar. Relativamente à restauração dos edifícios, os comerciantes queixam-se dos processos complexos, extremamente burocratizados, exigidos pela Câmara que tornam tudo mais caro, complexo e demorado, acabando por desmotivar este tipo de ações. O turismo é outro ponto sensível. Embora Santarém tenha alguns pontos históricos que atraem turistas todos os anos, as rotas turísticas nunca passam no centro da cidade, impedindo que o turismo seja um fator de peso no comércio de Santarém. O encerramento do Café Central – um ponto de referência do centro histórico da cidade – é imensamente criticado pelos comerciantes. Afirmam que não há ninguém que invista na sua reabertura porque a renda é demasiado elevada o que é uma oportunidade perdida, uma vez que atraía pessoas ao centro. O condicionamento do trânsito é outro fator referido pelos comerciantes. O fecho de ruas ao trânsito acabou por afastar as pessoas do centro da cidade, que deixou de ter acessibilidade.
O que funciona melhor no Comércio Tradicional A esmagadora maioria dos comerciantes declara que nada funciona melhor no comércio tradicional. No entanto, alguns comerciantes referem que o estacionamento melhorou, sendo as opiniões neste ponto muito discordantes. Estes consideram que há mais estacionamento, embora seja pago. Outros salientam que alguns comerciantes começaram a modernizar os seus estabelecimentos, a restaurar edifícios e ainda a entrada de uma camada mais jovem de comerciantes com ideias inovadoras e vontade de modernizar, que podem trazer valor acrescentado para o comércio tradicional.
46 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
Medidas que podem ser tomadas para a dinamização do Comércio Tradicional Para dar resposta aos vários problemas e lacunas existentes atualmente no comércio tradicional, os comerciantes sugerem várias medidas a implementar para dinamizar o comércio tradicional e encontrar soluções para os desafios que se têm verificado. A melhoria do estacionamento seria uma das medidas a tomar de forma a chamar mais as pessoas para o centro da cidade. Uma sugestão seria oferecer a primeira hora de estacionamento, de forma gratuita. Para além de o tornar mais barato, seria uma forma de chamar as pessoas ao centro histórico. Relacionado com a acessibilidade está também o atual condicionamento do tráfego até ao centro, uma vez que o encerramento de uma estrada impede que as pessoas se aproximem sequer do centro histórico. É sugerida a reabertura dessa via, para voltar a aproximar as pessoas ao centro. Uma forma de chamar as pessoas ao centro da cidade, seria a implantação de serviços públicos e /ou privados no centro. O embelezamento do espaço – com a criação de espaços verdes, instalação de toldos, renovação e preocupação em criar montras mais atrativas – seria um fator apelativo para chamar os consumidores até ao centro. A homogeneização dos horários de abertura e encerramento dos estabelecimentos seria outra medida a adotar. Os horários de abertura muito distintos praticados pelos estabelecimentos confundem os consumidores, que não querem ir a uma rua onde apenas um estabelecimento está aberto. Era necessária uma maior ligação/comunicação entre a Câmara Municipal de Santarém, a ACES e o Turismo. Isto seria essencial para a implementação de medidas como o balizamento de rendas, abrindo exceções especiais para quem deseja investir no centro histórico, para a criação de rotas turísticas que tenham passagem no centro histórico com tempo para que os turistas aí consumam, para a criação de incentivos à habitação, de incentivos e apoios a jovens empresários, de residências de estudantes e ainda a desburocratização dos processos de requalificação urbanística. A animação das ruas é uma outra sugestão dos comerciantes. Aproveitar épocas festivas, valorizar e reinventar os símbolos tradicionais do Ribatejo, com espetáculos de rua associados à temática. Deve-se ainda incentivar a modernização dos próprios estabelecimentos, que pode ser feita através da formação dos comerciantes. A adoção de técnicas de marketing arrojadas de aplicação conjunta ao comércio de Santarém, favorecendo a sua divulgação.
47 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
B3 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO REALIZADO AOS CONSUMIDORES Em alguns dos estabelecimentos do concelho de Santarém aderentes ao projeto foram deixados breves inquéritos a realizar aos consumidores. Era nosso objetivo captar qual a perspetiva que os consumidores têm acerca do comércio tradicional, para que o estudo resultasse numa maior imparcialidade. Na totalidade realizámos 36 inquéritos aos consumidores.
B3.1 ANÁLISE DE DADOS QUANTITATIVOS – QUESTÃO DE RESPOSTA FECHADA Dados dos Consumidores inquiridos
1. FAIXA ETÁRIA
42%
22%
22%
11% 3% [18-30]
[31-45]
[46-60]
[61-75]
[76-80]
Gráfico 45 - Faixa Etária dos consumidores
2. GÉNERO FEMININO MASCULINO
Gráfico 46 - Distribuição dos inquiridos por género
Como podemos constatar através da análise dos gráficos, a esmagadora maioria dos consumidores inquiridos tem uma idade compreendida entre os 46 e os 60 anos de idade, sendo que 60% da amostra pertence ao sexo feminino.
48 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
3. FREQUÊNCIA DE REALIZAÇÃO DE COMPRAS NOS ESTABELECIMENTOS DE COMÉRCIO TRADICIONAL
47%
44%
Habitualmente
Sempre que posso
3%
3%
3%
Raramente
Quando não tenho outra alternativa
Outro
Gráfico 47 - Frequência de compras no Comércio Tradicional
Os consumidores inquiridos parecem frequentar de forma rotineira o comércio tradicional de Santarém, sendo que cerca de 45% das respostas se encontram no “Habitualmente” e quase 50% no “sempre que posso”. Com isto podemos concluir que ainda há interesse pelo comércio tradicional por parte dos consumidores.
4. MOTIVOS PARA CONSUMO NO COMÉRCIO TRADICIONAL
32% 28% 24%
14%
1% Atendimento Personalizado
Hábito de comprar no comércio tradicional
Preços Acessíveis
Proximidade de Outros Serviços
Todos
Gráfico 48 - Motivos para consumo no comércio tradicional
49 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
O atendimento personalizado e o hábito de comprar no comércio tradicional são os dois motivos mais mencionados pelos inquiridos para explicar porque consomem nos estabelecimentos de comércio tradicional. A proximidade com outros serviços também mostra ser um fator de peso PONTO FORTE
5. INDICAR PONTOS FORTES E PONTOS FRACOS DO COMÉRCIO TRADICIONAL
17%
19%
19%
17%
PONTO FRACO
14% 11%
11% 8% 8%
8%
6% 3%
3%
3% 0%
Acessibilidade
Concorrência Local
Espaços Verdes
Estacionamento
Horário
0%
Limpeza Proximidade a Lisboa Urbana
Outro
Gráfico 49 - Pontos Fortes e Fracos do Comércio Tradicional
Os pontos mais referidos como fracos foram o estacionamento, a limpeza urbana, espaços verdes e acessibilidade. Curiosamente, a acessibilidade também foi o ponto forte mais considerado pelos inquiridos, sendo que a concorrência local tem um “empate” entre ponto forte e ponto fraco, o que indica alguma ambiguidade nesta vertente. O horário de funcionamento dos estabelecimentos foi considerado maioritariamente como um ponto forte.
B3.2 ANÁLISE DE DADOS QUALITATIVOS – QUESTÃO DE RESPOSTA ABERTA O que falta ao Comércio Tradicional para ser mais atrativo para os consumidores
Através da análise das respostas às questões de opinião, concluímos que os consumidores partilham algumas opiniões com os comerciantes. Criticam a limpeza das ruas e a falta de atratividade do centro histórico da cidade de Santarém, argumentam que é preciso dinamizar o centro, com a criação de espaços verdes, a restauração dos edifícios e dos estabelecimentos, mas sem a perda do “toque pessoal” que caracteriza o Comércio Tradicional. O facto das ruas se encontrarem vazias, com muitos estabelecimentos encerrados também torna o ambiente pouco atrativo. Desta forma, os consumidores defendem o apoio das autarquias, a nível de incentivos para baixar rendas e melhorar as condições de habitação no centro da cidade.
50 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
Uma das críticas comuns aos comerciantes e aos consumidores está na acessibilidade e no estacionamento. Os consumidores consideram que com melhores condições de estacionamento, sobretudo estacionamento gratuito, seria mais aliciante consumir no centro histórico da cidade. Os consumidores também exploram outras questões como a pouca diversidade de tipologias de negócio no comércio tradicional e os horários que pouco se adaptam às suas vidas diárias. Da mesma forma, mencionam os preços elevados e pedem uma melhor educação e formação dos comerciantes.
B4 ANÁLISE SWOT PONTOS FORTES
PONTOS FRACOS
- Atendimento personalizado ao cliente;
- Falta de incentivos e desmotivação dos comerciantes locais;
- Maior assistência ao cliente;
- Não uniformização dos horários de abertura
- Manutenção da tradição; - Espaços interiores dos es tabelecimentos comerciais modernizados;
- Encerramento de estabelecimentos comerciais; - Falta de serviços próximos;
- Existência de estacionamento e boas acessibilidades em alguns concelhos;
- Falta de Estacionamento;
- Cobertura de redes (energia, telecomunicações, águas, saneamento, etc.)
- Falta de Limpeza das ruas;
- Calçada em mau estado; - Deterioração de alguns edifícios; - Burocracia na Renovação de espaços/ edifícios – dificuldade de licenciamento; - Pouca dinâmica no mercado de arrendamento; - Pouca dinâmica comercial, turística e cultural.
51 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
OPORTUNIDADES
AMEAÇAS
- Estabelecimento de parcerias entre os comerciantes;
- Desertificação e consequente abandono do centro histórico;
- Decoração das ruas para ambiente mais atrativo;
- Emergência de áreas de risco social;
- Incentivos para a abertura de estabelecimentos e atração do investidor jovem; - Atrair o investimento de marcas de grande escala - Planificação mais ponderada dos centros das cidades/vila; - Espaço para implementar novos conceitos; - Espaço para implementação de novas estratégias de gestão e de marketing. - Abertura para maior animação nas ruas.
- Estabelecimentos de prestação de serviços na periferia das cidades – as pessoas deixam de sentir necessidade de se deslocarem ao centro das suas cidades/vilas; - Concorrência das grandes superfícies comerciais que oferecem condições muito competitivas aos consumidores; - Mudança nos hábitos de consumo; - Desmotivação dos comerciantes leva-os à incerteza e à não tomada de qualquer posição relativamente ao estado atual do comércio tradicional.
B5 AUSCULTAÇÃO DOS PARCEIROS Para implementar medidas com efeito dinamizador no comércio tradicional de Santarém é necessário que várias entidades da região possam intervir e, juntas, articular medidas que podem ter grande impacto. Neste sentido, foram contactadas várias entidades e marcadas reuniões para auscultar as suas opiniões acerca do atual estado do comércio tradicional e também da sua envolvente – o centro histórico de Santarém. Apresentam-se de seguida breves sínteses do que foi apurado em cada uma das entidades que demonstraram interesse e abertura em participar em iniciativas futuras.
52 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
Câmara Municipal de Santarém A Câmara Municipal de Santarém mostrou abertura para a implementação de medidas relacionadas com o centro histórico e o comércio tradicional de Santarém. Informam que estão a trabalhar num Plano de Reabilitação do Centro Histórico e argumentam que há uma falha de comunicação entre várias partes importantes na sua reabilitação, como a própria Câmara, as Agências Mobiliárias, os Comerciantes, entre outros. Relativamente à problemática das burocracias nos licenciamentos, a Câmara disponibiliza-se na agilização de processos através da divulgação de informação importante acerca dos mesmos, embora não tenha possibilidade de realizar muito mais neste aspeto, uma vez que todos esses processos estão na lei e não podem ser contornados. Na área do Turismo, a Câmara tem planeadas ações para a modificação das rotas turísticas, de forma a permitir aos visitantes circular no centro histórico da cidade. Além disso, também está planeado a criação do Observatório do Centro Histórico para identificar quem são os residentes e em que condições vivem, abordando a questão do centro histórico numa vertente mais social. De igual forma, a Câmara também mostra disponibilidade para a realização de sessões por área de intervenção de forma a levantar questões acerca de horários, níveis de arrendamento e programas de reabilitação. Informam ainda que existe um programa de incentivo ao empreendedorismo jovem – Via Expresso Jovem. De salientar que a Câmara também providencia a isenção de taxas de esplanada para estabelecimentos localizados no centro histórico. Refere-se ainda a necessidade de uma maior ligação da Feira Nacional de Gastronomia com o centro da cidade. Também se ressalva a necessidade de união e associativismo, sendo o espírito de parcerias considerado essencial.
Viver Santarém A empresa demonstra grande abertura para a concretização de iniciativas que não requerem grande investimento em recursos económicos. Foram trocadas diversas ideias originais que poderiam ser feitas em parceria entre a Viver Santarém e o Parque Aquático – gerido pela empresa – com os comerciantes. A criação de um cartão de fidelização pessoal com o qual as pessoas aderiam a uma marca – Comércio Convida – passando a desfrutar de descontos no comércio tradicional, no complexo aquático e outras atividades culturais, por exemplo.
53 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
O estabelecimento de uma rede de promoção do complexo aquático no comércio tradicional e vice-versa, numa lógica de cooperação win-win é outra proposta da Viver Santarém. Também é sugerida a criação de um posto de informação no Complexo Aquático- que recebe milhares de visitas sobretudo durante o verão – que promova a cidade de Santarém, através de informações turísticas. A criação de uma Feira “de pessoas para pessoas” na qual qualquer um poderia participar, não com o único objetivo de vender bens em 2º mão mas também de mostrar os seus trabalhos artísticos, por vezes realizados enquanto hobbies pintura, artesanato, fotografia, etc. Esta iniciativa seria importante aos sábados e aos domingos, altura da semana em que o centro histórico tende a ficar deserto, como forma a apelar às pessoas para visitarem o centro da cidade. Como o centro da cidade é menos apelativo no verão, em contraste com o Complexo Aquático, no qual os meses entre junho e setembro apresentam o pico de visitantes anual, seria interessante promover a instalação de pequenos stands no espaço do complexo aquático, onde os comerciantes poderiam vender alguns dos seus produtos. A iniciativa poderia decorrer durante os fins de semana, quando geralmente encerram os estabelecimentos no centro histórico. Os comerciantes pagariam uma mensalidade simbólica. Seria uma oportunidade para os comerciantes angariarem contactos e publicitar os seus produtos, para além de terem a oportunidade de os vender num local com grande potencial. Os constrangimentos que identifica no comércio tradicional estão relacionados com as despesas e burocracias que os comerciantes suportam, aumentado um sentimento de desmotivação, com incerteza ao risco. A incompatibilidade dos horários das atrações turísticas é outro constrangimento apontado como pouco favorável ao centro de histórico de santarém.
Diocese de Santarém Com a abertura do Museu Diocesano, sugere-se uma parceria na elaboração de um pacote que inclua uma entrada no museu com um desconto num estabelecimento do comércio tradicional – como um desconto num menu de um restaurante, por exemplo. A criação de pacotes turísticos que incluam a entrada em vários pontos de interesse e descontos no comércio tradicional também é uma das propostas. Possuem espaços para exposições temporárias e que também podem ser utilizados para reuniões e outro tipo de eventos.
54 DIAGNÓSTICO DE FONTES PRIMÁRIAS DO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
São apontados como constrangimentos a dificuldade em ter todas as igrejas abertas. Para tal, há a necessidade de destacar um vigilante e um funcionário o que, atualmente, não se revela possível devido à falta de recursos humanos e de recursos para os contratar. O turismo de Santarém também sofre com a falta de estacionamento dirigido aos autocarros. Este facto faz com que o tempo de estacionamento de autocarros seja muito limitado, impedindo os turistas de permanecer durante mais tempo na cidade de Santarém e fazendo com que esta não passe de um ponto de passagem do turismo religioso. Já o Posto de Turismo raramente apresenta informação atualizada e a sua aparência para o público não é convidativa. A sua localização e falta de sinalética que o indiquem também são pontos fracos que lhe são associados. A limpeza urbana sofre com a praga dos pombos que deveria ser resolvida pelas entidades competentes.
Associação para o Desenvolvimento Social e Comunitário de Santarém Apresentam como maiores dificuldades do centro histórico e do comércio tradicional a questão dos horários de funcionamento dos estabelecimentos que não são uniformes e não têm em consideração as horas de maior circulação de pessoas no centro histórico, como a hora do almoço. Além disso, consideram que há falta de trabalho em rede e de variedade. Mostram abertura para participar em iniciativas futuras e apresentam sugestões de parceiros que possam vir a ser contactados para a realização de diversas atividades, como os Ranchos Folclóricos, a Escola de Música, a Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém, a Rodotejo, a Cena Aberta, algumas entidades ligadas ao desporto e a Restauração Galego.
POSSÍVEIS MEDIDAS DE APOIO AO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
56 POSSÍVEIS MEDIDAS DE APOIO AO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
C1 ACESSIBILIDADES Neste âmbito verificou-se que o mau estado da calçada era um dos fatores que prejudicava a atratividade do centro histórico. Desta forma, uma das medidas a implementar passaria pelo investimento na renovação da calçada que cobre as ruas do centro histórico de Santarém. A monitorização do estado da calçada deve ser um processo contínuo dado que pode representar um perigo para os cidadãos, sobretudo mais idosos, que muitas vezes tendem a tropeçar nas pedras soltas ou a desequilibrar-se devido ao chão incerto. O estacionamento foi apontado por alguns como um ponto fraco, embora esta opinião esteja mais dividida. Uma das medidas seria a criação de um parque ou a redução dos preços do parquímetro nos que são pagos, ou ainda permitir que a primeira hora de estacionamento fosse gratuita para incentivar as pessoas a passarem mais tempo no centro histórico. Seria importante assegurar que a rede de transportes públicos de Santarém reforçasse a circulação que rodeia a zona histórica. Como o piso se verifica frequentemente plano, também se deveriam criar condições para a circulação de bicicletas, inclusive um estacionamento apropriado e seguro para as mesmas.
C2 COMODIDADES A criação de pequenos pontos de repouso, como a instalação de bancos de jardim em alguns pontos das ruas do centro histórico, seria uma boa opção para possibilitar o eventual descanso ou pausa que os potenciais clientes do comércio tradicional necessitem de fazer. Uma vez que se trata de um público mais idoso, esta necessidade revela-se ainda mais premente. Estes bancos poderiam estar desenhados de forma a incluir pequenos canteiros nas suas laterais. Assim não só se aumentava o “conforto” nas ruas como também a sua “estética” ao começar a promover com estes pequenos detalhes os espaços verdes. É notada a falta de contentores do lixo nas ruas. Sugere-se a aplicação de uma ideia semelhante à supracitada. Contentores que tenha na sua superfície canteiros, tornando o ambiente mais agradável. Os comerciantes queixavam-se também da falta de contentores de maior dimensão para a reciclagem perto das suas lojas, uma vez que muitas vezes são obrigados a acumular lixo como o cartão durante um longo período de tempo.
57 POSSÍVEIS MEDIDAS DE APOIO AO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
A limpeza das ruas também foi um ponto muito abordado pelos comerciantes. Urge a necessidade de uma maior limpeza nas ruas, de um maior cuidado por parte da autarquia neste parâmetro. A renovação das fachadas dos edifícios, em especial os que apresentam valor histórico e patrimonial, deve ser realizada com urgência. A deterioração é visível, e torna o centro histórico não só num local pouco apelativo, como também perigoso, devido à iminência de queda de pedras/vidros dos edifícios. Os comerciantes criticam as burocracias a que estão sujeitas estas obras, lamentando que os custos com as mesmas sejam de tal forma elevados, que acabam por desistir de avançar com tais projetos. Desta forma, a desburocratização e os incentivos por parte da autarquia para a restauração dos edifícios deve ser uma das componentes a ter em consideração. Para reduzir o impacto das condições climatéricas, tanto no Verão, como no Inverno, sugerimos a instalação de toldos entre os prédios dos dois lados da rua. Estes podem ser um bom elemento decorativo que em simultâneo protegem as ruas do sol, tornando-as mais frescas no verão, e da chuva tornando-as menos incómodas no Inverno. Um outro ponto fraco que deve ser melhorado é a existência de sinalética nas ruas. No centro histórico não existem mapas, nem indicações que orientem para os pontos de interesse, considerados de interesse turístico. Esta sinalética poderia ser acompanhada de informação relevante sobre a história e as tradições de Santarém de acordo com o local onde está instalada.
C3 COMÉRCIO E PLANEAMENTO Sugere-se o lançamento e exploração de iniciativas que promovam potenciais parcerias entre os estabelecimentos comerciais tradicionais. Estas parcerias consistiriam, a título de exemplo, na oferta de um vale de desconto nas compras de uma loja, para ser gasto na loja vizinha ou ainda no empréstimo de produtos para decorar a montra de outro estabelecimento. De igual forma é sugerida a parceria entre os comerciantes e as entidades culturais, desportivas e turísticas da região, criando-se uma rede de promoção e de sinergias benéfica para ambas as partes.
58 POSSÍVEIS MEDIDAS DE APOIO AO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
Também seria importante a parceria entre a ACES e o Turismo de Santarém com o objetivo de encontrar soluções para que o centro histórico de Santarém esteja incluído nas rotas turísticas da cidade. A ideia seria levar os turistas a conhecer não só o centro histórico da cidade, como também a consumir os produtos locais, ajudando no desenvolvimento e valorização do comércio tradicional. Uma outra componente essencial relaciona-se com os horários de funcionamento dos estabelecimentos. No centro de Santarém, não existe uniformização neste aspeto, verificando-se que as lojas abrem e fecham a horas diferentes, sendo que algumas encerram à hora de almoço e outras não, enquanto há quem esteja aberto ao sábado enquanto outros estabelecimentos encerram durante todo o fim de semana. Esta inexistência de homogeneidade deixa os potenciais clientes confusos, uma vez que nunca sabem a que horas poderão frequentar os estabelecimentos. Desta forma, a uniformização de horários revela-se essencial. A alocação de estabelecimentos de prestação de serviços para as ruas do centro seria uma mais-valia para o comércio tradicional, uma vez que estas empresas atraem os cidadãos ao centro histórico, fazendo-os circular pelas ruas e, quiçá, consumir nos estabelecimentos de comércio tradicional. O incentivo para a abertura de escritórios e de residência de estudantes nos edifícios do centro histórico também é uma medida essencial a tomar. Mais uma vez, esta medida iria atrair pessoas de várias idades para o centro histórico, permitindo a sua vivificação. O comércio tradicional sairia necessariamente beneficiado com esta medida. Também é necessário um maior planeamento da organização e distribuição dos diversos tipos de estabelecimentos comerciais nas ruas do centro histórico de Santarém. Já foi provado por diversos estudos que os estabelecimentos de comida e bebida, como é o caso de cafés e restaurantes, atraem pessoas. Desta forma, estes deveriam estar distribuídos em pontos-chave, de forma a promover o comércio que se encontra a seu redor. Também se pretende chamar para ocupar os estabelecimentos vazios a marcas de grande escala pois essas também atraem clientes, como aqueles que vão às grandes superfícies, tornando-se numa concorrência benéfica para os comerciantes tradicionais. Há que dar ainda grande destaque aos elevados valores das rendas inadequados ao panorama do comércio tradicional de Santarém. Os comerciantes suportam custos elevados, valores que as vendas dificilmente cobrem. Uma vez que se trata de um tema de interesse público e comunitário, referente ao
59 POSSÍVEIS MEDIDAS DE APOIO AO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
património da cidade e do país, seria pertinente o lançamento de incentivos por parte da autarquia para que as rendas baixassem, tornando o investimento no centro histórico também mais apelativo. Os comerciantes devem fazer uma divulgação do seu negócio assente na vantagem competitiva que representam relativamente aos produtos vendidos nos estabelecimentos concorrentes. Devem mostrar porque é que o seu produto/ serviço tem valor acrescentado, de que forma o cliente ficará mais satisfeito se consumir no seu estabelecimento.
C4 ATRAÇÕES A promoção de atividades culturais no centro histórico da cidade é uma vertente essencial para chamar a população. Estas atividades podem estar relacionadas com épocas festivas, ou podem surgir de iniciativas ao longo do ano. Nas épocas festivas deve haver uma comunicação entre a ACES e os comerciantes de forma que todos participem na decoração das ruas e das montras, tirando partindo também das tradições de Santarém. Estas atividades devem favorecer e atrair as famílias, com ações especificamente dirigidas para as crianças por exemplo. Seria uma forma de recriar o tipo de animações que frequentemente se verificam nos centros comerciais. A criação de atrações turísticas também é relevante. Uma vez que Santarém se encontra nas rotas turísticas como um ponto de referência, deve ser retirado proveito e fazer-se um investimento na renovação de monumentos. A renovação das fachadas com valor arquitetónico é também um investimento que se insere neste ponto.
C5 SEGURANÇA Com a desertificação do centro histórico criou-se um clima de insegurança devido à proliferação de áreas de risco social. Os comerciantes afirmam que durante o fim de semana e a partir do final da tarde as ruas tornam-se perigosas. Desta forma, sugerimos o aumento da vigilância policial nestas ruas, assim como das condições de iluminação pública.
60 POSSÍVEIS MEDIDAS DE APOIO AO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
C6 INVESTIR EM IDEIAS INOVADORAS Ideias inovadoras para a abertura de estabelecimentos que oferecem ao consumidor uma experiência diferente ou um produto diferenciador. Exemplos passam por mercearias biológicas, lojas de produtos de beleza naturais, Coffee Shops ou Tea Rooms, com conceitos diferentes e alternativos, que motivem as pessoas a ir conhecer o centro histórico e criem uma dimensão de lifestyle para o mesmo. Um conceito que está em voga nos países anglo-saxónicos é o da Pop Up Store. É um conceito de uma loja temporária, que pode estar aberta durante um dia ou alguns meses, mas que são conhecidas por atraírem os clientes pela sua criatividade e por renovar espaços que antes estavam abandonados, por vezes em degradação. Podem também estar associadas a ocasiões festivas. Por exemplo, a abertura de um espaço para venda de produtos natalícios durante o mês de Dezembro. A criação de ambientes de outdoor apelativos – uma espécie de montra exterior – é uma ideia que pode ser implementada para chamar os consumidores e tornar as ruas mais animadas. Exemplos são instalação de toldos nas entradas dos estabelecimentos, a existência de plantas e outros ornamentos temáticos. A criação de bibliotecas e espaços de estudo para atrair estudos ao centro histórico da cidade seria uma ideia para chamar as faixas etárias mais jovens ao centro da cidade.
C7 ESTRATÉGIA DE MARKETING COMUM É importante que o comércio tradicional tenha a capacidade de captar uma nova camada de clientes, não sobrevivendo apenas pelos que já mantém há alguns anos e que se mantém fieis ao comércio tradicional. É necessário chamar os mais jovens para este comércio, sensibilizando-os para a sua importância e existência. Desta forma, uma adequada estratégia de marketing é uma forma de complementar todas as ações supracitadas. Com uma estratégia de marketing, é importante definir bem a imagem do estabelecimento comercial e que tipo de imagem se pretende transmitir. A aposta nas redes sociais online é agora uma forma quase essencial de se dar a conhecer às faixas etárias mais jovens e de os chamar ao centro histórico. Definir o comércio tradicional como uma marca seria um importante passo para apelar os consumidores e adotar uma importante estratégia de marketing generalizada a todo o comércio. A criação de etiquetas identificativas da marca “co-
61 POSSÍVEIS MEDIDAS DE APOIO AO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
mércio tradicional” aplicadas nas monstras das lojas, a criação de sacos de compras iguais, com slogans como incentivo à compra no comércio local, a criação de vales de desconto ou de oferta que poderiam ser usados nos estabelecimentos aderentes à marca comércio tradicional.
C8 WORKSHOPS Realização de workshops interativos e dinâmicos convidando todos os comerciantes a participar. Estes workshops transmitiriam conhecimentos práticos e ideias sobre como decorar os estabelecimentos, sobretudo as montras, com o uso de trabalhos manuais e recicláveis. Outros poderiam centrar-se em estratégias de venda e de marketing específicos para o comércio tradicional e adaptados às características dos diferentes sectores de atividade.
QUADRO SÍNTESE DE MEDIDAS TEMÁTICA
MEDIDAS
Acessibilidades
- Renovação da Calçada; - Criação de Estacionamento; - Criação de ciclovias; - Aproximação das rotas de transporte público ao centro histórico.
Comodidades
- Bancos de Jardim; - Criação de Espaços verdes; - Distribuição de contentores para o lixo; - Promover uma maior limpeza urbana; - Restauração das fachadas; - Promover a desburocratização dos processos de restauração; - Montagem de toldos nas ruas, para maior embelezamento e proteção das condições atmosféricas; - Criação de sinalética
62 POSSÍVEIS MEDIDAS DE APOIO AO COMÉRCIO TRADICIONAL DA REGIÃO
TEMÁTICA
MEDIDAS
Comércio e Planeamento
- Promover parcerias entre os comerciantes; - Promoção de rotas turísticas no Centro Histórico da cidade; -Uniformização de Horários dos estabelecimentos comerciais; - Incentivos para criar condições para abertura de escritórios e residências de estudantes; - Criação de condições para instalação de estabelecimentos dedicados à prestação de serviços e lojas âncora; - Estabelecimento de protocolos para baixar valores de rendas mensais dos espaços comerciais e residenciais.
Atrações
- Promoção de atividades culturais (peças de teatro ao ar livre, atividades infantis, exposições, etc.); - Dinamizar os pontos de atração turística.
Segurança
- Promover o bom funcionamento da iluminação pública no centro histórico da cidade.
Estratégia Marketing
- Criação de uma estratégia de Marketing comum, que promova o Comércio Tradicional como uma marca.
Empreendedorismo
- Criar condições para o investimento de jovens empreendedores, com ideias originais e inovadoras.
Workshops
- Dinamizar workshops que para participação dos comerciantes, que ofereçam ideias para melhorar o seu negócio.
Tabela 2 - Quadro Síntese de medidas a ser aplicadas no centro histórico e no comércio tradicional de Santarém
CONCLUSテグ
64 CONCLUSÃO
O presente estudo permite concluir acerca das maiores problemáticas existentes atualmente no Comércio Tradicional de Santarém, quais são os pontos onde é possível aplicar melhorias e ainda que soluções poderão ser implementadas para solucionar alguns dos problemas. Vários estudos e programas foram já realizados tanto a nível nacional como a nível europeu com o objetivo de promover e dinamizar não só o Comércio Tradicional, como também modernizar mercados municipais e revitalizar centros das cidades cujo abandono e deterioração são uma problemática transversal a nível europeu. Com este estudo, pretendia-se envolver os comerciantes sócios da ACES dos concelhos de Santarém, Alpiarça, Almeirim, Chamusca, Cartaxo e Benavente. Porém, a nossa amostra apresenta um grande desequilíbrio entre o concelho de Santarém – com um número superior de inquiridos - e os restantes concelhos, onde a amostra é reduzida. Tal pode ser considerada uma lacuna do nosso estudo. No entanto, através dos inquéritos realizados aos comerciantes, retiramse conclusões importantes relativas ao Comércio Tradicional da região. Relevou-se que, de forma contrária aos resultados de outros estudos similares, os comerciantes são mais jovens do que o esperado. Embora muitos estabelecimentos possuíssem apenas um único colaborador – em geral, o próprio dono – nos que havia mais do que um, nem sempre eram familiares. Um outro ponto surpreendente foi a frequência de remodelação das montras, mais elevada do que o esperado no típico comércio tradicional. Estes são os principais pontos positivos a destacar, por serem de alguma forma, surpreendentes. Confirma-se a evolução negativa do volume dos negócios na maioria dos estabelecimentos inquiridos, associada à atual conjuntura económica e à consequente falta de poder de compra dos consumidores. Verifica-se a desmotivação dos comerciantes associada a este facto, o sentimento de que nada se pode fazer para melhorar o atual panorama. Observa-se que, como é usual no Comércio Tradicional, são muitos os comerciantes que permanecem ligados ao passado, olhando para a tradição como algo imutável, acabando por nãos e adaptar à nova geração de consumidores e de tendências de consumo, o que é muito prejudicial para os
65 CONCLUSÃO
seus negócios. Os centros comerciais são vistos como o principal concorrente desleal, e são responsabilizadas outras entidades responsáveis pelos problemas não só do Comércio Tradicional como do Centro Histórico que o envolve no caso do concelho de Santarém. Com a auscultação dos parceiros, podemos concluir que todos mostram grande abertura para participar em iniciativas e atividades inovadoras que podem de facto ter um impacto bastante positivo no comércio tradicional. Desta forma, urge a necessidade de união não só entre os comerciantes como também entre os comerciantes e as entidades responsáveis pela dinamização de atividades culturais. Só com a articulação e a união de todos é que de facto se poderá fazer a diferença.
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