Mulheres, Escravos, Estrangeiros e Crianças em Roma e Atenas

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Escola Secundária Gabriel Pereira

Mulheres, Escravos, Estrangeiros e Crianças em Roma e Atenas Trabalho realizado para a disciplina de História A

Ana Louro nº1 Inês Mira nº16 João Lima nº21 10ºD Novembro 2013

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Índice o o

Introdução Direitos e deveres em Atenas e em Roma  Mulheres  Escravos  Estrangeiros

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Papel na sociedade

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Formação académica das crianças

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Quotidiano  -Vestuário  - Casas de habitação

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Ocupações:  - Trabalho  - Lazer

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Diferenças e características em comum entre Atenas e Roma Conclusão Bibliografia

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Introdução Em Atenas e em Roma existiam os cidadãos que tinham muitos direitos e intervinham na vida política e aqueles que tinham menos direitos e não podiam participar nessa vida política. Aos segundos podemos chamar excluídos da sociedade e são as mulheres, os estrangeiros e os escravos. Neste trabalho vamos dar a conhecer os direitos, deveres e o papel na sociedade de cada um destes grupos sociais quer em Atenas quer em Roma, bem como o seu quotidiano e as suas ocupações principais. Iremos também abordar a educação dos jovens nas duas civilizações, ver como funcionava e relacionar a sua importância na vida dos cidadãos. Por fim, vamos fazer um paralelo entre Roma e Atenas e comparar essas duas realidades. 2


Atenas: Mulheres Em Atenas, as mulheres tinham poucos direitos, sendo que eram totalmente excluídas da vida política e, inclusivamente, era-lhes negado o direito de saírem de casa, excetuando nas festas religiosas onde saíam vestidas com um véu e eram acompanhadas por uma escrava. As mulheres helénicas não tinham o direito de se “governarem” e eram sempre propriedade de outrem: passavam da posse do pai para a do marido, quando casavam, e, no caso de um ou outro falecer, passavam para a posse do parente masculino mais próximo. As suas funções limitavam-se sobretudo à procriação dos novos cidadãos. A vida das mulheres atenienses era bastante restringida ao gineceu (local específico das casas na gregas que era ocupado pelas mulheres). Nesse espaço, dirigiam dos trabalhos domésticos das escravas e ocupavam-se da educação das crianças, rapazes e raparigas, até aos sete anos, altura em que os rapazes iam para a escola.

Esta opressão sofrida pelas mulheres em Atenas, em que estavam impedidas de participar na vida pública e político, uma vez que só os homens que eram cidadãos estavam habilitados para o fazer. Então podemos concluir que a sociedade ateniense era altamente discriminatória, já que mulheres e homens não tinham a mínima semelhança em termos de direitos. Ainda assim, será impossível avaliarmos esta discriminação à luz dos nossos dias, dado que os tempos são outros e a primazia do homem sobre a mulher acabou por ser um dado natural, completamente injusto, mas que se justifica com o diferente tipo de capacidades atribuídas aos elementos dos dois sexos.

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Escravos Os escravos normalmente eram adquiridos através de trocas comerciais feitas com a Ásia Menor ou eram prisioneiros feitos em guerras, tal como acontecia em Roma. A estes não eram reconhecidos quaisquer direitos ou dignidade humana, «a lei não lhe reconhecia personalidade civil» 1, logo eram considerados uma vulgar mercadoria que estava ao serviço do seu dono ou do Estado. Representando 50 % da população, a mão-de-obra escrava, tal como sucedia com os metecos era essencial para a economia da Grécia antiga. Os escravos podiam ser: domésticos, considerados privilegiados atendendo a que tinham um trabalho menos duro nas casas dos cidadãos; artesãos, funcionavam quase como trabalhadores livres, recebendo salário, porém parte deste salário era entregue ao seu amo ou dono; e, por fim, mineiros, trabalhavam em minas em condições de extremas dificuldades. Ainda hoje, mesmo com o avanço tecnológico o trabalho da exploração mineira mantem-se muito duro e recheado de perigos. Também poderiam trabalhar como camponeses e na construção civil. É óbvio que esta diferenciação entre humanos é absurda no mundo ocidental hoje em dia, porém é necessário termos consciência de que a escravatura não foi abolida assim há tanto tempo e que mesmo atualmente ainda existem escravos. Curiosamente, já na Grécia antiga, Eurípedes, um conceituado dramaturgo grego, refletira sobre a grande injustiça envolvida na escravização de alguém.

Estrangeiros Os estrangeiros residentes nas Pólis gregas eram denominados por metecos, condição que passavam hereditariamente. Estes tinham um papel muito significativo na Grécia antiga, visto que constituíam uma boa parcela da população e tinham um papel muito importante na economia ateniense, sendo responsáveis por grande parte da produção económica, logo eram fundamentais para a vida na Pólis. Dedicavam-se, principalmente, ao artesanato ou ao comércio. Tinham como direitos: a manutenção das suas posses ou rendimentos, a possibilidade de recorrerem aos tribunais e de assistirem e participarem em 1 Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas, Um novo Tempo da História Parte 1 História A 10ª ano, 2013, 1ª edição, Porto Editora, pp.49

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festas religiosas e em outro tipo de espetáculos. No entanto, os metecos tinham de pagar um imposto conhecido como o metécio, eram forçados a prestar serviço militar, não podiam possuir terras ou casar com uma mulher ateniense. À semelhança do que sucedia com as mulheres, os metecos não tinham nenhum direito político, estes já estavam totalmente reservados para os cidadãos. Excecionalmente, os metecos poderiam ser elevados ao estatuto de cidadãos caso fornecessem contributos extremamente relevantes para a Pólis. Concluindo, os metecos eram uma parte significativa da população que tinha um papel de enorme relevância para a “saúde” económica de Atenas, dado que asseguravam a maior parte da produção artesanal e das trocas comerciais das Pólis helénicas.

Crianças As crianças até aos 7 anos mantinham-se junto das suas mães no Gineceu. A partir dos 7 anos eram separadas. As raparigas ficavam em casa a aprender os ofícios da vida doméstica, enquanto os rapazes iniciavam a sua escolaridade. A educação destas crianças até aos 14 anos consistia na aprendizagem da leitura e da escrita para posteriormente estudarem os poemas de Homero e de Hesíodo, no estudo da aritmética, na prática de exercício físico e da música onde o instrumento predileto era a cítara (uma pequena harpa). No liceu, dos 15 aos 18 anos os alunos estudavam matemática, ciência e filosofia. A educação física mantinha-se já que os gregos acreditavam na máxima “mente sã em corpo são”, além de permitir a preparação para o serviço militar. Após os 18 anos, os jovens gregos estudavam com um mestre e ficavam prontos para cumprir serviço militar e para o exercício público da política. Gramático- Professor de escrita, leitura, literatura e aritmética KitharistêsProfessor de música Pedagogo-Acompanhava o jovem ao longo da sua educação Pedotriba- Professor de educação física

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Roma: Mulheres Em Roma, as mulheres tinham como principal função procriar homens que pudessem desempenhar cargos na defesa e na administração do Império. No início do Império Romano, as mulheres tinham fraco papel na vida dos seus maridos, sendo que eram consideradas «criaturas menores», tal como acontecia na Grécia antiga. Ainda assim, com o avançar dos anos a mulher começou a fazer uma ligeira emancipação. As mulheres romanas começaram a aparecer mais em público junto dos seus maridos. Algumas mulheres chegaram mesmo a ter ocupações profissionais como: gladiadoras, comerciantes ou camponesas, estas eram geralmente escravas. Deste modo, contrariamente ao que acontecia em Atenas, em Roma as mulheres alcançaram bastante mais independência social dos seus maridos e tinham mais funções, como por exemplo, controlar os escravos. As representantes do sexo feminino na cidade de Roma, tiveram mais privilégios dos que as suas congéneres atenienses, já que podiam ir aos banhos e assistir a teatros ou jogos, desde que devidamente vestidas com a stola matrimonalis (consiste num longo vestido feito de pano). Ainda assim, as mulheres nunca conseguiram alcançar grandes privilégios ou participar na vida política.

Escravos A sociedade romana era tremendamente discriminatória e considerada esclavagista, já que tirou proveito da utilidade de que os escravos tinham, sendo que em Roma a ociosidade estava bem presente. Tal como na Grécia, os escravos eram considerados seres inferiores, bens materiais, sem qualquer tipo de condição humana ou de direitos. 6


O número de escravos em Roma aumentou muito com as conquistas territoriais, que permitiram a Roma a Expansão do seu poder e a criação de um gigantesco Império. Os escravos em Roma tinham papéis semelhantes aos que tinham na Grécia. Os escravos podiam ser domésticos (estima-se de uma casa de um romano de classe alta tivesse cerca de 20 escravos), podiam trabalhar no campo ou em oficinas de olaria, mas também podiam ser gladiadores que combatiam em arenas repletas de público. Spartacus, que liderou uma revolta escrava, é um excelente exemplo de um escravo que era gladiador. Apesar da falta de direitos dos escravos, estes podiam praticar uma religião e havia a hipótese de serem libertos e, se assim fosse, não mais poderiam ser escravizados, tornando-se homens livres.

Estrangeiros Em Roma também existia uma grande parcela da população constituída por estrangeiros. Isto agravou-se com as inúmeras conquistas e com a expansão brutal do Império Romano. Estes estrangeiros, geralmente, mantinham as ocupações que já tinham antes de serem anexados ao Império. Podiam ser artesãos, camponeses ou comerciantes. Com o avançar dos anos, tornou-se habitual que estes estrangeiros conseguissem obter a cidadania romana. Isto devia-se a um serviço prestado a Roma ou a um mérito excecional. Já com o Império em decadência, o Imperador Caracala, em 212 d.C., tornou todos os homens que fossem livres em cidadãos romanos. Os romanos ao permitirem aos estrangeiros a obtenção desta mesma cidadania provocaram uma igualdade entre o povo conquistador e o povo conquistado e, também reforçaram os laços culturais entre os mais diversos povos conquistados, de modo a criar uma unidade entre o povo pertencente ao Império Romano.

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Crianças As crianças romanas, tal como sucedia Grécia antiga, frequentavam a escola, já que os romanos também achavam essencial formar os jovens para que pudessem participar na vida política em idade adulta. Outro motivo pelo qual os romanos apostaram na difusão da rede escolar foi a tentativa de unificação cultural do Império. A educação de uma criança era feita em casa até aos 7 anos em casa. Nessa altura, as crianças eram encaminhadas para o litterator (professor primário). Essa educação primária durava até aos 11 anos e consistia na aprendizagem da leitura, da escrita, do cálculo matemático e no decorar de poemas. No secundário (onde só os jovens e as jovens com mais posses participavam), sob a tutela de um gramático, os alunos faziam um aperfeiçoamento dos conhecimentos linguísticos estudando: Poesia de Virgílio, Retórica de Cícero ou a História de Salústio e Tito Lívio, para além da matemática, geometria, música e astronomia. Para o ensino superior, seguia uma minoria dos rapazes. Ensino superior que era dirigido por um rethor. O dia na escola começava no amanhecer. Existia um tempo de descanso na hora do almoço e na parte da tarde, porém as aulas iam até o final da tarde. Como já referimos anteriormente, esta educação tinha como intuito a preparação dos cidadãos romanos para desempenharem cargos políticos em idade adulta e como meio de unificação cultural de todo o Império.

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Diferenças e caraterísticas em comum entre Atenas e Roma A forma como eram tratados os excluídos da sociedade em Atenas e em Roma tinha algumas semelhanças e algumas divergências. Há caraterísticas em comum tal como a discriminação entre os sexos, uma vez que tanto que em Atenas como em Roma mulheres e homens não tinham os mesmos direitos. A vida política estava reservada somente para os homens, estando as mulheres completamente afastadas. Também a educação das crianças tinha muitas semelhanças, não só nos currículos seguidos pelos jovens, como também nas finalidades que justificavam a educação destes jovens. As disciplinas que os gregos e romanos aprendiam como alunos eram praticamente as mesmas: matemática, leitura, escrita, a música entre outras. A principal finalidade tanto para os helénicos como para os romanos da educação era preparar os jovens para em vida adulta participarem na vida política. Por último, ambas as sociedades eram esclavagistas, em que esses escravos representavam a maioria da população, mas eram tratados sem a mínima dignidade humana, sem qualquer tipo de direitos, uma autêntica mercadoria. Apesar destas semelhanças entre estas duas civilizações, também existiam algumas diferenças como o facto de ser raro em Atenas que um meteco se tornasse um cidadão, ao contrário do que sucedia em Roma, em que se foi concedendo a cidadania aos povos conquistados, de modo a criar uma unidade cultural romana. Também as mulheres tinham mais direitos em Roma, onde podiam ser à rua e ser mais ativas na vida pública, já em Atenas as mulheres ficavam inevitavelmente resguardadas no Gineceu. Para concluir, verificam-se alguns pontos em comum e algumas diferenças na forma como os gregos e romanos tratavam os excluídos da sociedade.

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Conclusão Após este trabalho, conclui-se que nenhuma destas sociedades era particularmente justa, já que apenas os cidadãos tinham acesso à vida política, havia uma discriminação entre sexos e a base destes povos eram escravos, que eram tratados de forma miserável. Conseguimos compreender melhor a importância de cada grupo social em Roma e em Atenas, bem como a importância que tinha o facto de os jovens terem direito a uma boa educação. Para terminar, estas sociedades, como verificámos, eram bastante limitadas e discriminatórias, apesar de já serem extremamente avançadas e de terem uma cultura fantástica.

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Bibliografia ARIÈS, Philippe e DUBY, Georges de, 1989, História da vida privada 1 Do Império Romano ao ano mil, nº2, Edições Afrontamento pp. 61-79; 8186; 237-239; 269-276 CARCOPINO, Jérôme, A vida quotidiana em Roma no apogeu do Império, «Livros do Brasil», Lisboa pp.117-123 PINTO DO COUTO, Célia e MONTERROSO ROSAS, Maria Antónia, Um novo Tempo da História Parte 1 História A 10ª ano, 2013, 1ª edição, Porto Editora, pp.48-49; 84-85

Web grafia http://memoriarimacomhistoria.blogspot.pt/2009/11/os-escravos-emroma.html 18-11-13 http://www.allabouthistory.org/portuguese/roma-antiga.htm 18-11-13 http://pt.wikipedia.org/wiki/Metecos18-11-13 http://www.suapesquisa.com/grecia/escravismo_grecia.htm18-11-13 http://www.wook.pt/ficha/a-vida-quotidiana-da-mulher-na-romaantiga/a/id/16828318-11-13

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