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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - TIRAGEM 5.000 EXEMPLARES - EDIÇÃO Nº 009 - MARÇO DE 2017 - UBATUBA - SP
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S. Robertson / ASP
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Wiggolly Dantas e Filipe Toledo disputam circuito 2017 da WSL que começa em março
Caiçaras no Mundial Pág. 03
Interditado há 8 meses, Caisão se deteriora, mas ainda é usado para lazer Pág. 06
Pesquisador estuda História da pesca na Enseada e Ilha Anchieta Pág. 08
Julinho Mendes, a vida e a obra de um artista caiçara em defesa de sua cultura
Pág. 10
EDITORIAL
InforMar Ubatuba
Consciência e atitude
O jovem Wiggolly Dantas é alguém de quem Ubatuba deve se orgulhar. Não apenas porque, ao lado de Filipe Toledo, representa a cidade no circuito mundial de Surf, mas também por que ele usa sua voz de atleta internacional para defender o planeta, nossa casa comum. Não são raras as ocasiões em que Wiggolly, o Guigui, aproveita os holofotes para alertar as pessoas sobre a crise ecológica geral dos oceanos. Em 2015, quando uma lama tóxica vazou de uma barragem de mineração em Mariana, matou a bacia do Rio Doce e chegou até o litoral capixaba, Guigui apoiou uma campanha para ajudar as comunidades atingidas pela catástrofe e diminuir o impacto da chegada dos sedimentos tóxicos na Reserva Biológica de Comboios, área de desova da já ameaçada tartaruga de couro. ‘‘O lucro é para poucos, mas o prejuízo é de todos. É do pescador, do lavrador, do engenheiro e da dona de casa. É das crianças e dos idosos. É da natureza que chora lágrimas embotadas de uma lama tóxica, fruto da ganância acima de tudo e de todos. E desde sábado é, também, do surf’’, desabafou Guigui nas redes sociais. Em fevereiro, quando o surfista esteve em Ubatuba para passar um tempo com a família e matar a saudade da praia de Itamambuca, onde aprendeu a surfar, o atleta concedeu entrevista ao informarubatuba.com e lembrou que passa mais tempo no mar do que dentro de sua própria casa e aproveitou a oportunidade para lançar um chamado para que as pessoas colaborem na tarefa de não deixar lixo nas praias. Ele lembra que além dos surfistas, muitas outras pessoas dependem do mar para viver. Neste tempo em que muitos artistas e esportistas se acovardam e não se manifestam sobre questões importantes do Brasil e do mundo é alentador que existam jovens como Wiggolly. Do mesmo modo, dá muita esperança e alegria que ainda existam artistas que valorizem a natureza e a cultura local como Julinho Mendes, que também é tema de uma reportagem especial nesta Edição. É de causar alegria também que ainda existam comunidades como a dos guarani da aldeia Boa Vista, que divulgam em nossa agenda a programação da festa de lançamento do DVD do coral da Tekoá Djaetka Porã. Que bom que existe gente assim, apesar de que em nosso país existam também políticos que deixam as coisas públicas se deteriorarem para depois vender a preço de banana para comparsas privados. É bom que existam jovens do bem em Ubatuba, pois com as grandes obras públicas do Litoral Norte também estão chegando pessoas com projetos que geram lucro para poucos e prejuízos para todos, como a poluição dos cada vez mais raros rios e praias ainda limpos, belos e preservados.
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CHARGE DO MÊS
PESSOAL DO NORTE E DO SUL, SE PREPARA QUE A GANGUE DA MOTOSSERRA TÁ VINDO.
REGULAMENTO DA PROMOÇÃO ‘CURTIR O INFORMAR DÁ ONDA’ - No próximo dia 25 de março, às 11 horas da manhã, o InforMar Ubatuba e a Maraberto Surfshop sortearão um vale compras no valor de R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais) para ser usado na loja Maraberto. - Para participar da promoção ‘Curtir o InforMar dá onda’, o interessado deve preencher o cupom publicado na capa da edição de março do jornal InforMar Ubatuba e depositá-lo na urna da promoção na loja Maraberto Surfshop (Avenida Capitão Felipe, 111, Itaguá - Ubatuba/SP). - CADA PESSOA PODERÁ PARTICIPAR COM UM ÚNICO CUPOM. A existência de cupom em duplicidade poderá acarretar a perda do prêmio. - A distribuição do prêmio é uma ação promocional. Para ter direito ao prêmio é preciso que no cupom esteja informado, no campo destinado a esse fim, uma conta ativa da rede social Facebook. - O sorteado somente será declarado vencedor se o perfil indicado no cupom tiver curtido a página do InforMar Ubatuba na rede social (www.facebook.com/informarubatuba ) até o dia do sorteio. - Não haverá, em hipótese nenhuma, distribuição de prêmios em dinheiro. - O sorteio será feito à vista de todos os interessados na sede da loja e divulgado no site www.informarubatuba.com e em perfis nas redes sociais do InforMar Ubatuba e da Maraberto Surfshop. - Em até quinze dias a contar da data do sorteio, o ganhador do vale-compras deverá apresentar-se à loja Maraberto Surfshop portando seu RG (cujo número foi indicado no cupom) para fazer compras com o vale. Menores de 18 anos deverão estar acompanhados dos pais ou responsáveis. - Se o ganhador optar por comprar produtos cujo valor ultrapasse os R$ 250 , deverá pagar a diferença. - Não será devolvido nenhuma quantia de dinheiro em espécie caso o valor das compras não atinja R$ 250.
InforMar Ubatuba Diretora de jornalismo Renata Takahashi (MTB: 0076209/SP) Editor de conteúdo Leandro Cruz Tiragem 5000 Periodicidade mensal Distribuição gratuita
FALE CONOSCO Redação: 12 9 9608-3288 informarubatuba@gmail.com Anúncios: 12 3835-1337 anuncienoinformar@gmail.com Acesse: www.informarubatuba.com Curta: fb.com/informarubatuba
ESPORTE
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Mundial de surf começa este mês na Austrália Dos nove brasileiros na primeira divisão do circuito, dois são de Ubatuba, Wiggolly Dantas e Filipe Toledo
(foto acima), o menino voador, que era um dos favoritos em 2016, mas se machucou na etapa australiana tirando-o do páreo. Recuperado, vem para brigar pelo título. O outro caiçara é Wiggolly Dantas, o Guigui (ao lado), que em etapas como Fiji entra e sai de tubos gigantes com a facilidade de um Super Mário. Em informarubatuba.com você confere uma entrevista exclusiva com Guigui, em que ele fala sobre o mundial e o filme que ele está lançando, além de fazer um apelo pela preservação dos oceanos.
Aleki Stergiou/divulgação
O maior campeão mundial de surf de todos os tempos, Kelly Slater, 45 anos, disputa em 2017 aquela que deve ser sua última temporada, na tentativa de fechar sua vitoriosa carreira com nada menos que uma dúzias de títulos mundiais. A primeira etapa desse circuito histórico começa dia 14 de março, em Gold Coast na Austrália. A equipe do Havaí tem como principal atleta o atual campeão Jhon Jhon Florence que quer levar de novo o título para o arquipélago. EUA e Austrália, que por décadas foram hegemônicos, chegam forte mais uma vez. Mas tem uma pedra no meio do caminho deles, os 9 atletas brasileiros da nova geração, apelidada de Brasilian Storm (Tempestade Brasileira), que já trouxe pra cá dois títulos do circuito mundial, em 2014, com o sebastianense Gabriel Medina, e em 2015, com Adriano Souza, o Mineirinho, do Guarujá. Ubatuba deve torcer muito pela Tempestade Brasileira, mas de modo especial por dois filhos daqui da terra de Cunhambebe. Um deles é Filipe Toledo
Sean Rowland/ASP
da Redação
NOVIDADE: MASSA INTEGRAL
FAZEMOS ENTREGAS!
AGENDA
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Mulheres de Ubatuba mobilizadas neste 8 de março O Coletivo Voz de Mulher Ubatuba prepara programação e grande marcha no centro da cidade no Dia Internacional da Mulher. Na véspera, terça-feira, 7 de março, durante a sessão na Câmara dos vereadores, será lida na tribuna popular por representante do Coletivo uma carta-manifesto escrita pelas mulheres direcionada
à sociedade e aos políticos locais. No dia 8, a partir das 15 horas e em parceria com a Fundart, mini documentários sobre direitos das mulheres e temáticas relacionadas serão exibidos gratuitamente durante toda a tarde no Sobradão do Porto. Enquanto isso, outro grupo de mulheres também estará concentrado no
Calçadão confeccionando cartazes e faixas e se organizando para a 2ª Marcha das Mulheres de Ubatuba que deve sair às 19h do Calçadão, tendo à frente o grupo feminino de música e cultura popular O Grito de Maria, assim como no ano passado. A marcha - que segundo as organizadoras tem como principal objetivo sensibilizar a sociedade e
1ª Festa Cultural da Aldeia Boa Vista EM ABRIL EM UBATUBA, PROGRAME-SE! 07/04, SEXTA-FEIRA 9h - Abertura 10h - Apresentação do coral 10h30 - Palestra com Airton Werá na casa de reza 11h - Pintura Corporal com Alex Karay 13h - Apresentação do coral 13h30 - Dança dos guerreiros (Txondaro) 14h - Apresentação da etnia Kariri Xocó 14h30 - Oficina de arco e flecha com Adriano Karay Mirim 15h30 - Agradecimento 16h - Encerramento
08/04, SÁBADO 9h - Apresentação dos guerreiros (Txondaro) 10h30 - Pintura Corporal com Alex Karay 11h - Palestra com Airton Werá na casa de reza 13 - Oficina de arco e flecha com Adriano Karay Mirim 13h30 - Apresentação da etnia Kariri Xocó 14h - Apresentação do coral 14h30 - Palestra com Airton Werá na casa de reza 15h - Apresentação dos guerreiros (Txondaro) 15h30 - Agradecimento 16h - Encerramento
Venda de artesanato e orquídea durante os 2 dias Valor da entrada: R$10,00 por pessoa Local: Aldeia Boa Vista, Ubatuba-SP Acesse: www.facebook.com/viverguarani
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dar mais visibilidade à luta das mulheres pela garantia e avanço de seus direitos, contra a violência, o machismo, a misoginia, a homofobia e a transfobia - deve percorrer as principais vias do centro, finalizando na Ilha dos Pescadores, onde se reunirão para uma grande confraternização com música no bar e restaurante Bistro da Ilha. De acordo com o Coletivo Voz de Mulher, todas as mulheres de Ubatuba, independente de idade, religião, etnia ou orientação sexual, estão convidadas a participar das ações deste 8 de março. Gran Cup Brasil de Ciclismo No dia 2 de abril será realizada a Gran Cup Brasil de Ciclismo em Ubatuba. A prova é composta por dois circuitos- ambos com saída do centro de Ubatuba e percorrendo a Rio-Santos. Mais informações no site: www. emxeventos.com.br 2ª Caminhada Amigos do Mamute Também no dia 2 de abril o projeto Amigos do Mamute na Inclusão Social promove sua 2ª caminhada, que sairá às 13h30 do lado do Aquário seguindo em direção a pista de skate onde será comemorada a luta pela inclusão social.
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Guia Gastronômico
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(12) 98143-7659
Av. Governador Abreu Sodré, 1501 Perequê-Açu - Ubatuba - SP
Guia de Cafés e Docerias
CIDADE
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Com acesso interditado há 8 meses, Caisão segue se deteriorando e sendo frequentado da Redação Construído há 75 anos, o Cais do Porto não passa por reforma há décadas. O Instituto de Pesca (IP), orgão do Governo do Estado, responsável pela área, interditou o acesso ao píer oito meses atrás, uma vez que dois laudos, da Defesa Civil Municipal e da Secretaria Estadual de Agricultura, concluíram que a estrutura está comprometida, oferecendo risco aos visitantes. O Caisão foi originalmente projetado para desembarque pesqueiro e ficava sob a guarda da Ceagesp até meados da década de 80, quando o píer passou para a guarda do IP. O Instituto usa os prédios do complexo para pesquisas em maricultura, pesca e aquicultura. Em 2015, os cientistas do IP anunciaram ter reproduzido em cativeiro com sucesso o enorme peixe mero (Epinephelus itajara), ameaçado de extinção. Mas o píer acabou mesmo sendo apropriado pela população e se consagrou como um dos locais de lazer preferidos de moradores
dos bairros da região centro e oeste. A beleza paisagística atrai visitantes, que frequentam o Caisão para contemplar a paisagem, sobretudo no por-do-sol. Crianças, adolescentes e adultos se divertem fazendo do cais um grande trampolim público. Também é comum ver pessoas pescando ou fazendo piquenique no cais, que serve ainda de base para mergulhadores praticantes do snorkeling. Eles procuram o local para observar a abundante vida marinha, e também apreciam as águas do costão rochoso da Ponta Grossa. Mesmo com o portão e as placas alertando para o perigo, pessoas continuam a frequentar o píer, passando tranquilamente pelas laterais da barreira. Na segunda-feira de Carnaval, o Caisão estava cheio. Um grupo de turistas vindo do interior e da capital paulista se divertia saltando na água. Eles disseram que as placas de interdição não os intimidaram. “Se tem criança pulando e os pais estão liberando, não tem nada de arriscado”, aposta uma das
RENATA TAKAHASHI
Cais do Porto de Ubatuba é utilizado como espaço de lazer, mas oferece riscos pois há anos não recebe reparo
turistas. “Deveria reestruturar o píer, reformar aqui pra galera ter mais opções de lazer”, opina um outro rapaz do mesmo grupo. Em entrevista ao InforMar, o diretor do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento (NPD) do Litoral Norte, Eduardo Gomes Sanches, disse que antes de planejar a reforma é preciso definir qual vai ser a utilização do cais. “A gente precisa encontrar, em diálogo inclusive com a sociedade civil, qual seria a melhor utilização deste próprio”, afirmou.
Segundo o diretor, em cima da decisão seria delineado o projeto de revitalização. Questionado sobre o abandono da estrutura pelo Estado, Sanches disse acreditar que se deve a disponibilidade escassa de recursos do governo. “E acho que a não ação em termos de reformar um próprio se deve principalmente a não se ter construído uma solução conjunta, que se envolva poder público municipal, federal, sociedade civil”, justificou o diretor.
Na entrevista, que pode ser ouvida no site informarubatuba. com, Eduardo Sanches mencionou que a Prefeitura e o IP já iniciaram conversas sobre o futuro do local. “Eu tenho uma expectativa muito positiva de que a gente vai conseguir em breve ter uma solução para essa situação do cais”, disse. O secretário de Infraestrutura Pública, Pedro Tuzino, afirma que a PMU tem interesse na municipalização não apenas do cais, mas de toda a área, inclusive os prédios atualmente utilizados para as pesquisas do IP. Tuzino afirma que as pesquisas teriam
que ser realizadas em outro lugar, mas que ainda não existiria projeto definido para o que fazer com toda a estrutura. Usuários do local temem que ele seja privatizado e fechado definitivamente ao público e/ou seja entregue a alguma atividade nociva à vida marinha. Se depender de JCS, 12 anos, morador da Estufa I, o Caisão será sempre um lugar de criança brincar. ‘‘É pra cá que a gente vem quando não tem aula’’, conta. Enquanto isso, o Caisão segue sem manutenção, sofrendo a ação implacável do tempo.
LEANDRO CRUZ
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FAUNA
Caranguejeira, assustadora e quase inofensiva
RENATA TAKAHASHI
Vitalius buecherli - Theraphosidae Essa aranha grande e peluda foi fotografada na estrada do quilombo da Fazenda, na região norte de Ubatuba. Segundo Rafael Indicatti, aluno de pós-doutorado do Laboratório Especial de Coleções Zoológicas do Instituto Butantan, trata-se de um macho da espécie Vitalius buecherli, da famí lia Theraphosidae, comumente chamada de caranguejeira. Indicatti explica que esta espécie ocorre em todo o leste do estado de São Paulo, principalmente na Mata Atlântica.
O comportamento é o clássico de caranguejeiras, que apesar de grandes são tranquilas. "Neste caso, possivelmente está na época reprodutiva, quando andam mais. Podem picar, mas o veneno é fraco e não causa problemas aos humanos. Em geral, fogem quando perturbadas ou soltam cerdas de cima do abdômen, para defesa, as quais podem causar coceira e, às vezes, penetrar nos olhos. O indicado é não mexer com o animal, mas, por ser inofensivo, não há necessidade de matar", esclarece o pesquisador.
LITERATURA
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Pesquisador analisa cultura pesqueira na região da Ilha Anchieta e Enseada do Flamengo Técnicas caiçaras remontam a origem indígena com influências ibéricas, africanas e até japonesas Peter Santos Németh - NUPAUB/PROCAM/IEE/USP, 2016
Os irmãos “Paru” pescando tainhas com rede de tróia da Redação Peter Santos Németh é mestre em Ciência Ambiental pelo NUPAUB/PROCAM/IEE/USP, e sua dissertação de mestrado, concluída em 2016 e agora disponível na Biblioteca Municipal e na Biblioteca Digital da USP, analisa a cultura pesqueira caiçara na região da Ilha Anchieta e Enseada do Flamengo. Segundo o pesquisador, a tradição pesqueira nesse espaço
territorial marítimo remonta à origem indígena, com posterior influência de tradições ibéricas, africanas e até japonesas. Tal tradição é, portanto, resultado da adaptação de variadas artes e apetrechos de pesca às características do ambiente marinho e dos peixes locais. “Investiguei as artes de pesca locais, o calendário das 'épocas de peixes', o local dos pesqueiros e fiz um mapeamento desses ‘lugá’ que constituem o território pesqueiro
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SORVETERIA ROCHA
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ancestral dessa comunidade”, conta o pesquisador. Na dissertação intitulada A tradição pesqueira caiçara dos mares da Ilha Anchieta: a interdição dos territórios pesqueiros ancestrais e a reprodução sociocultural local o autor aborda principalmente o conhecimento dos pescadores que utilizam aquelas águas há gerações, e o impacto da criação, em 1983, do Polígono de Interdição à Pesca sobre a reprodução dessa cultura. O pesquisador problematiza, em suas próprias palavras, "a regulação pesqueira, federal ou estadual, feita ‘de cima para baixo’ ignorando deliberadamente as peculiaridades locais", como por exemplo no caso da revisão do Gerenciamento Costeiro do Litoral Norte. A pesquisa surgiu dos 10 anos durante os quais Németh trabalhou junto com pescadores da Enseada, foi pescador profissional e se envolveu na instalação do Parque Aquícola da Enseada, onde cada pescador tem sua fazenda marinha de mexilhões. “Toda essa experiência virou a dissertação de mestrado em Ciência Ambiental”, resume Németh.
Keila Redondo COLUNA DO ATENEU
Biblioteca: 50 anos É com grande alegria que inauguramos este espaço gentilmente cedido pelo InforMar Ubatuba para divulgar dicas de livros disponíveis na Biblioteca Pública Municipal “Ateneu Ubatubense”. E o momento de criação desta “Coluna do Ateneu” é mais do que oportuno. Neste ano, a biblioteca comemora 50 anos: foi fundada em 28 de outubro de 1967. Desde 1985, ocupamos o número 52 da Praça 13 de Maio, com entrada pela rua Cel. Domiciano. Abrimos de segunda a sexta, das 8h15 às 17h45. Venha me procurar. Meu nome é Keila Redondo, sou a bibliotecária e assino, com muita honra, a “Coluna do Ateneu” de dicas de leitura. Eu e meus colegas da biblioteca temos imenso prazer em atender você!
*Keila é bibliotecária, atriz e diretora de teatro. Desde 2015 é a responsável pela Biblioteca Pública Municipal “Ateneu Ubatubense” , mantida pela Fundart: www.fundart.com.br
TURISMO
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INFORME PUBLICITÁRIO
E O Ã A Ç A R M O G P R A A R F N I CO A R A P D A N E G A A S U E V R S E E R S I E O S A S P S O S P RÓX IMO
MARÇO
05 de março (Domingo) Cachoeira do Saco Bravo (Paraty, RJ), única cachoeira da região que desagua no mar. (nível médio pra difícil) 12 de março (Domingo) Pico do Corcovado (Ida e volta no mesmo dia pelo alto da serra) aproximadamente 18 kms entre ida e volta. 19 de março (Domingo) Trilha das 7 praias em Ubatuba – SP saída às 7 da manhã da agência – 6 kms de trilha de nível fácil pra médio. 26 de março (Domingo) - Voo de Balão em Pindamonhangaba SP – Imperdível!
VIAGENS E TURISMO Av. Guarani, 736, Sala 4 - shopping do Farol (12) 3842-1088 ubatubatour@hotmail.com
_ _ _ _ _ _ _ _ ADA Z I L A I C E ESP SMO I R U T EM O_ C I _ G _ Ó _ L _ O E _ C_ _ MAIO
ABRIL 02 de abril (Domingo) Cachoeira da água branca em Ubatuba SP – A maior cachoeira do estado de S. Paulo. Aprox. 12 kms entre ida e volta (nível médio pra difícil) 07 a 09 de abril Capitólio – MG (3 dias) Inclui: S eg u ro, t ra n s l a d o, g u i a s d e t u r i s m o s, hospedagem, refeições e passeios nos atrativos. (Vagas esgotadas). 14, 15 e 16 de abril Mergulho na Ilha das Couves. 21, 22 e 23 de abril Mergulho na Ilha das Couves. 29 e 30 de abril Mergulho na Ilha das Couves.
o v e s s ia p ic o d ra T ) o g in m o 1 4 d e m a io (D atuba – SP saída pelo alto da Ub Corcovado em nível difícil. e d a serra – Trilh vo, ira do Saco Bra e o ch a C ) o g in 21 de maio (Dom Paraty/RJ. ingo) h a re 21 de maio (Donmd a N ova G o ku la te m p lo ze fa Vis it a a SP amonhangaba – d in P m e a n h is kr a na Pedra do id b u S ) o g in m o 28 de maio (D s ta u ra n te e m S. B e n to d o e R / C SP o B a ú zi n h damonhangaba in P m e o lã a B e Sapucaí – SP
PERFIL
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Julinho Mendes, caiçara mesmo
RENATA TAKAHASHI
Artista se dedica a escrever, cantar e contar a cultura caiçara, fazendo ‘causos’ e imaginação virarem até lenda
da Redação Júlio César Mendes é um caiçara de Ubatuba muito ativo na área cultural. Participa sempre de blocos e do Festival de Marchinhas no carnaval, do concurso literário da cidade, e ao longo de seus 55
Rua Guaicurus, 251, Ubatuba-SP Atendimento preferencialmente com horário marcado
André: (12) 9 9149-8353 Daniel: (12) 9 9657-5141
anos vem deixando um belo legado para a cultura caiçara. Julinho acredita ter puxado o lado artístico do avô materno, Lindolfo (o "Prega-Fogo"). "Meu avô era bastante folclórico, musical, gostava da arte, da cultura, então eu puxei o lado dele", observa.
O caiçara tem diversos textos publicados em revistas, jornais e sites, um livro de contos e crônicas, quatro CDs, inúmeras composições de músicas de raiz, samba-enredo e marchinhas. Atualmente coordena o grupo músico-cultural Cantamar. Também é artesão e professor de matemática. Com seu "Balaio caiçara" (foto na página 11), projeto autoral voluntário, Julinho faz palestras em escolas com contação de causos e músicas a respeito da cultura caiçara. No balaio tem canoa, bananas de diferentes tipos, dragão da Sununga, capelinha, sereia, peixe, caranguejo e muito mais. Tudo feito por ele artesanalmente. No balaio tem até o boi de conchas, lenda compilada por Julinho sobre um boi que sonhava em conhecer o mar, até que no dia em que ia ser abatido fugiu da morte rumo ao oceano, onde desapareceu. Segundo a lenda, o boi teria sido visto anos depois coberto de conchas saindo do mar, atraído pelo som de uma viola. Não é simples fazer nascer uma lenda como essa, com uma narrativa tão rica e envolvente (melhor contada, é claro, quando
interpretada na íntegra, com todos os detalhes, pelo próprio autor). A história de como surgiu a lenda do boi de conchas é curiosa e faz Julinho lembrar em tom saudoso dos tempos do programa "Ranchinho Caiçara" da Rádio Costa Azul, que o incentivou a produzir textos para ler no ar. Muito do que era lido no rádio era fruto de conversas com a mãe e o pai, que contavam sobre o passado da cidade. Depois de um tempo as histórias foram ficando escassas e ele passou a inventar "causos". Foi assim que nasceu o boi de conchas, que mistura realidade, causos com personagens que realmente existiram e a fantasia de Julinho para arrematar o enredo. TRANSFORMAÇÕES CULTURAIS Julinho conta que viu “a transição do antigo para o novo” acontecer em Ubatuba. "Presenciei a congada, folia de reis, folia do divino. Isso eu presenciei, vi. E ao mesmo tempo, nesse meu período de vida, eu vi extinguir aquela coisa natural que era antigamente”, explica. "Ainda existe, né, mas não tão intensamente como era antigamente que, como eu falo, era natural, era espontâneo. Hoje temos a preocupação de manter vivo”, afirma Julinho, que leva a sério essa missão.
DISCOS Caiçarando Caiçarando foi um CD produzido em 2007 por Wilhan França. São dez músicas de Julinho e uma com França, todas no estilo caiçara. Boi de conchas Gravado em 2008, "O auto do Boi de Conchas" é a versão musicada da lenda sobre o boi que sonhava em ver o mar. O boi de conchas é o mais jovem de uma rica tradição de brincadeiras de boizinho presentes em Ubatuba desde os anos 30. Bonde Marchinha O CD de marchinhas lançado em 2015 tem faixas de diversos autores, sendo duas de Julinho (Bonde Marchinha, Lambe Lambe) e outras duas dele em parceria com Claudia Gil (Catalepsia, Matando a cobra e mostrando o pau). Cantamar Dá vontade de ficar descalço e dançar a beira mar quando ouvimos Cantamar, "Um canto contemporâneo da cultura caiçara". Lançado em 2016, o CD conta com as músicas de Julinho, além de "Higino" (de Domingos dos Santos musicada por Julinho) e "Xiba e Congada" (de Washington Garcez). Folia de Reis Disco mais recente da Companhia de Reis Cantamar, lançado em dezembro, "Folia de Reis - Nos passos dos Reis Magos", tem a intenção de manter a cultura popular folclórica da Folia de Reis.
RENATA TAKAHASHI
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Balaio caiçara de Julinho Mendes LIVRO Escrafunchando o Lagamá Causos de um caiçara Julinho lançou seu primeiro livro em 2015, reunindo contos e crônicas que já haviam sido publicados, mas estavam espalhados por aí. Na
orelha do livro, ele antecipa o que o leitor encontrará nos 22 textos reunidos nessas agradáveis p á g i n a s : " V i a j a r e m o s no m e u passado, passado de meus pais e avós, passado do povo caiçara, passado rico com brincadeiras puras, com natureza
exuberante e farta - enfim, passado de uma Ubatuba maravilhosa que vagueia na memória do tempo". O livro é com certeza uma obra histórica para o município de Ubatuba, bem como os demais trabalhos deste artista múltiplo.
DIVERSร O
DOS SETE ERROS JJOGO OGO D OS S ETE E RROS
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Marรงo/2017 - Pรกg. 12