Jornal InforMar Ubatuba nº 23 Maio 2018

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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - TIRAGEM 5.000 EXEMPLARES - EDIÇÃO Nº 023 - ANO 02 - MAIO DE 2018 - UBATUBA - SP

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Coral-sol

Espécies trazidas do Oceano Pacífico colocam em risco a biodiversidade local Pág. 06

Coral-sol (Tubastraea tagusensis). www.cifonauta.cebimar.usp.br

Especialista fala sobre a serpente jararaca, comum nas matas de Ubatuba Pág. 03

Maracatu Itaomi toca Mutirão para colheita de frutos da juçara une jovens em Aparecida para lembrar santos negros e mestres no Camburi Pág. 08

Capitão Felipe, 340 - Itaguá - Ubatuba - 3832-2708 PADARIA - RESTAURANTE - CONFEITARIA - PIZZARIA - MARMITEX

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Pior que alienígenas, alienados Antes de se tornar um dos maiores cineastas de todos os tempos, Orson Welles protagonizou uma das mais inusitadas situações da história do rádio. Em 30 de outubro de 1938, Orson apresentou ao vivo uma versão adaptada do livro A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells, na rádio CBS, de Nova York. O programa imitava o formato jornalístico, tinha efeitos sonoros e era tão bem dramatizado que levou parte do público de mais de cinco milhões de ouvintes a pensar que se tratava da cobertura de eventos reais, que a terra estava mesmo sendo invadida por marcianos e seus robôs de guerra que já estavam na cidade vizinha. O pânico foi generalizado. A Cruz Vermelha foi acionada, houve congestionamentos porque as pessoas queriam deixar a cidade, as linhas telefônicas ficaram sobrecarregadas, houve saques e confusão. A situação piorou quando um ator fez um pronunciamento imitando a voz do presidente Franklin D. Roosevelt, avisando aos ouvintes que as coisas estavam ficando realmente feias. Essa história nos leva a refletir sobre duas coisas. A primeira é sobre a capacidade que os meios de comunicação de massa, como o rádio e a TV, têm de manipular pensamentos e sentimentos, inclusive levando multidões a fazer besteira. A outra é sobre o medo que temos de que o lugar onde vivemos seja invadido por criaturas destruidoras. Não devemos temer marcianos, uma vez que em nosso próprio planeta já há criaturas capazes de acabar com o mundo tal qual o conhecemos, o ser humano. Nossa espécie já causou o desaparecimento de várias outras. Justo nós, que deveríamos cuidar da Casa e do Jardim. Nós, os Homo sapiens, as únicas criaturas terráqueas a ter ao mesmo tempo cérebros tão poderosos (só comparáveis aos dos golfinhos) e mãos tão ágeis (só comparáveis às dos macacos), sendo portanto os únicos seres capazes de compreender racionalmente o que está acontecendo com o planeta e fazer algo para frear e reverter a destruição em curso. Já sabemos, só falta agir. Já temos consciência sobre quais foram e são muitos dos nossos erros e os de nossos antepassados. A ciência já é capaz de compreender hoje, por exemplo, como a introdução de espécies exóticas (de outros lugares) em ecossistemas completamente estranhos a elas pode ser danosa às formas de vida local. É o caso dos cachorros levados às praias onde matam caranguejos e perseguem aves que se alimentam ali. Outro caso de espécie invasora é a árvore africana conhecida como ‘bisnagueira’ (Spathodea campanulata), trazida por paisagistas, que atrai abelhas nativas com suas flores vistosas, mas mata essas importantes polinizadoras com a toxicidade de seu néctar. Já no mar, uma das ameaças biológicas mais alarmantes são os corais-sol, do Pacífico, sobre os quais comentam os pesquisadores ouvidos para nossa reportagem de capa desta edição (páginas 6 e 7). Os corais-sol foram introduzidos no Litoral Brasileiro ‘acidentalmente’ pelos humanos da indústria petroquímica. Esses corais não têm predadores no Atlântico e matam os corais naturais dos recifes daqui. Numa reação em cadeia, as outras espécies dos ecossistemas marinhos são afetadas. Fica claro que não devemos temer alienígenas, mas antes disso, devemos nos preocupar é com as besteiras feitas por humanos alienados.


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ANIMAIS

RENATA TAKAHASHI

Especialista do Butantan fala sobre a jararaca, comum nas matas de Ubatuba

Esta serpente, conhecida popularmente como "jararaca" (Bothrops jararaca), foi fotografada em uma trilha na região sul de Ubatuba. Segundo o diretor do Museu Biológico do Instituto Butantan, Giuseppe Puorto, o animal ocorre desde Salvador, na Bahia, até o Rio Grande do Sul em domínio de Mata Atlântica, sendo comum nessa área de distribuição.

PRIMEIROS SOCORROS De acordo com Puorto, nos casos de acidentes com animais peçonhentos, inclusive serpentes, as condutas indicadas como primeiros socorros são simples e objetivas. "Salientamos que algumas condutas populares não são indicadas, pois retardam o atendimento especializado e o tratamento, quando necessário, podendo inclusive agravar um acidente leve ou por animal não peçonhento", recomenda o especiaPEÇONHENTA lista. Ele alerta que somente o soro O especialista explica que antiveneno cura no caso de acidenela é peçonhenta, ou seja, consegue te com envenenamento. Veja dicas: injetar o veneno em sua presa, sendo perigosa. A jararaca é respon- O QUE FAZER sável pela maioria dos acidentes - Manter a calma; envolvendo serpentes em sua área - Quando possível, lavar o local de ocorrência. "Quando acuada ou atingido com água e sabão. É em perigo pode assumir postura de importante higienizar o local; defesa, enrodilhando-se, e até dar - Beber água é sempre bom! Deve-se botes. Muitas vezes preferem a fuga!", hidratar o acidentado; observa Puorto. - Se possível, manter o local atingido O animal é ativo principal- um pouco elevado e de modo que o mente à noite. Durante o dia pode acidentado também fique confortárepousar em trilhas, na base de vel; árvores, sob a vegetação ou em - Encaminhar o acidentado ao tocas abandonadas. Principalmente serviço médico mais próximo. terrícola, também explora arbustos. O QUE NÃO FAZER ALIMENTAÇÃO - Amarrar ou fazer torniquete; Quando jovem, se alimenta - Cortar ou furar; de pequenos lagartos e anfíbios. Já - Sugar; adultas, de pequenos mamíferos, - Ingerir bebidas alcoólicas, queroseprincipalmente roedores. Jovens ne ou qualquer outro líquido que apresentam a ponta da cauda não seja água; branca usada como isca (engôdo - Colocar qualquer tipo de substâncaudal) para atrair suas presas. cia sobre o ferimento.


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AGENDA MAIO NEGRO - Dia de resistência e luta quilombola 12 de maio No Quilombo da Caçandoca Região Sul de Ubatuba Programação: 10h - Abertura e roda de conversa sobre direitos e garantias das comunidades quilombolas 10h30 - Espaço de leitura para crianças e contação de história 12h - Almoço comunitário 13h30 - Oficina de escrita libertária 14h30 - Danças circulares sagradas 15h30 - Maracatus do litoral 16h - Roda aberta de capoeira 17h - Trilha pelo quilombo 18h - Luau e sarau de encerramento

16ª Semana de Museus 14 a 18 de maio Museu Histórico “Washington de Oliveira” Em 2018, ano em que é comemorado o bicentenário de museus no Brasil, a Semana Nacional de Museus, em sua 16ªedição, apresenta o tema “Museus Hiperconectados: Novas abordagens, Novos públicos." Afim de levar ao público de Ubatuba mais conhecimento sobre a nossa história, a FundArt abraçou a iniciativa e estará participando da #semanamuseus2018, onde irá promover, de 14 a 18 de maio, visitas pedagógicas monitoradas no Museu Histórico “Washington de Oliveira”. As escolas ou grupos maiores interessados em participar das visitas deverão agendar com antecedência pelo e-mail: contato@fundart.com.br ou pelo telefone: (12) 3833-7000 Debate sobre turismo sustentável 23 de maio, das 19h às 22h No mês em que se comemora o Dia da Mata Atlântica, a agência de turismo ecológico "Ecotuba" convida Ubatuba para um debate sobre o papel do turismo na conservação da biodiversidade. O local onde ocorrerá o evento e o nome dos convidados da mesa serão divulgados nos sites www.informarubatuba.com.br e www.ecotuba.com.br

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11º Festival da Cultura Japonesa 31 de maio a 3 de junho, A partir das 19h Na Praça de Eventos Av. Iperoig, Centro - Ubatuba/SP Raul fora da lei 1, 2 e 3 de junho No Teatro Municipal de Ubatuba Entrada: R$60 inteira / R$30 meia A Oficina dos Menestréis de Ubatuba fará em junho três apresentações do espetáculo "Raul fora da lei", de Roberto Bomtempo e José Joffilly. O Teatro fica na Praça Exaltação à Santa Cruz, nº 22. Ciclo de palestras com Claudia Oliveira: “Um pouco de mim, um pouco de nós” A massoterapeuta holística e contadora de histórias, Claudia Oliveira, realiza em junho quatro palestras na cidade. Através de exercícios em grupo e debates, a ideia é que os participantes aprendam a se ouvir e ter a consciência da força que a comunicação correta traz para o indivíduo e para as pessoas com quem se relaciona. 5 de junho, 19h: salão da Associação bairro da Folha Seca 8 de junho, 18h30: espaço do O Gaiato, no Ipiranguinha 9 e 10 de junho, 19h: Espaço Consciência (R. Tupi,103, Itaguá) *A participação é franca e será aceita contribuição espontânea dos participantes. Informações: WhatsApp (12) 99733-8264

O tigre branco

Aravind Adinga nasceu em Madras, Índia, em 1974. Com "O tigre branco", seu primeiro livro, ganhou o The Man Booker Prize. No romance, o protagonista Balram Haiwai escreve uma carta ao primeiro ministro chinês Wen Jiabao, que está prestes a visitar a Índia. Com humor ácido, não economiza tinta ao pintar o contraste entre a "Índia da Escuridão", da pobreza extrema às margens do Ganges; e a "Índia da Luz", Bangalore, da tecnologia e do telemarketing, da prosperidade e da corrupção. Tigre Branco é como chamam Balram. Ele é filho da "Escuridão" e recebeu este apelido por sua inteligência e curiosidade. Ele aprende a ler e sobe na vida, feito infrequente na estratificada sociedade indiana. Mas comete um crime, ou "um ato de empreendedorismo" como classifica, que o obriga a se "esconder na Luz". Os tigres brancos são raros. Nasce um a cada geração. DICA Livro disponível na Biblioteca Municipal “Ateneu Ubatubense” (Praça 13 de Maio, nº 52 – Centro)


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CIÊNCIA

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Propagação rápida de corais invasores no Litoral Norte preocupa pesquisadores Espécies do Pacífico que matam corais nativos já foram encontradas em ilhas como Anchieta, Couves, Alcatrazes, Vitória, Búzios e Palmas Pesquisadores estão preocupados com duas espécies de corais vindas do Oceano Pacífico, Tubastraea coccinea e T. tagusensis, popularmente conhecidas como coral-sol, que foram introduzidas na costa brasileira por volta da década de 80 no litoral do Rio de Janeiro. Conforme explica a Pósdoutoranda do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Kátia Capel, as espécies chegaram na costa brasileira incrustadas em plataformas de petróleo e hoje estão distribuídas de forma descontínua por cerca de 3000 km, incluindo Unidades de Conservação e áreas adjacentes ao mais diverso e importante banco de corais da costa brasileira, o Arquipélago dos Abrolhos. LITORAL NORTE O docente do Departamento de Ciências do Mar e Pesquisador Colaborador do Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (USP), Marcelo Kitahara, conta que desde meados dos anos 2000 já são registradas ocorrências de corais-sol em inúmeros pontos do litoral norte de São Paulo. Dentre estes pontos, ele destaca locais onde ocorrem extensões de centenas de metros completamente saturadas (100% de cobertura), como na Ilha dos Búzios, pertencente ao Arquipélago de Ilhabela. O Instituto Chico Mendes (ICMBio), por meio do Núcleo de Gestão Integrada (NGI) Alcatrazes, vem liderando ações de manejo da

espécie no Litoral Norte. Em locais, como o Arquipélago dos Alcatrazes, desde 2013, a equipe da ESEC Tupinambás/REVIS Alcatrazes em conjunto com a academia vem manejando estas espécies, ou seja, vem controlando sua ocorrência. Neste arquipélago, até o momento, cerca de 60.000 colônias já foram retiradas do ambiente. "Sabemos que ocorrem em grande abundância principalmente nas ilhas ao largo da costa, como Ilha Vitória, Ilha dos Búzios, Ilha de São Sebastião, etc. Em outros locais os ‘focos’ de invasão são menores (ou estão sendo controlados) como o Arquipélago dos Alcatrazes e a Ilha Coral-sol (Tubastraea tagusensis). www.cifonauta.cebimar.usp.br Anchieta", comenta o pesquisador serem observados com muita riqueza, abundância e biomassa da USP. frequência em estruturas artificiais dessas comunidades em parcelas completamente tomadas pelo coralcomo píeres. ILHA ANCHIETA sol, se comparadas a parcelas ainda Em fevereiro deste ano, a livres ou parcialmente invadidas. equipe do Parque Estadual Ilha IMPACTOS O pesquisador afirma que no "Com relação à composição dessas Anchieta (PEIA), em parceria com diversas instituições ambientais, litoral norte de SP, as duas espécies comunidades, observamos uma realizou sua primeira Expedição de coral-sol exercem um efeito diminuição significativa na abundânCoral-Sol. O objetivo foi identificar e negativo sobre outras espécies de cia de espécies que normalmente vivem monitorar a presença desta espécie corais nativos, como o coral cérebro associadas a algas e aos sedimentos exótica e invasora na maior área e o coral estrela, além de outros retidos por estas, em especial pequepossível dos costões da Unidade de invertebrados sésseis, como a baba nos crustáceos (copépodes, tanaidáConservação. Foram cinco dias de de boi. Quando em contato, o coral ceos e ostrácodes). Outras espécies expedição, em mergulhos livres e sol faz com que o tecido das espéci- nativas sedentárias, como esponjas e ascídeas, também vêm perdendo autônomos ao redor da ilha. O es nativas necrose. Pesquisas em andamento espaço para os corais-sol", explica resultado, segundo divulgação da Fundação Florestal, foi o mapea- demonstram ainda que há um Kitahara. mento e manejo de 5.248 colônias impacto substancial do coral-sol nas comunidades de animais que se ESTRATÉGIAS REPRODUTIVAS de coral-sol. Segundo o docente do Kitahara ressalta que o coral- movimentam e vivem associadas ao Centro de Biologia Marinha da sol pode também ocorrer em substrato rochoso. Os cientistas observam Universidade de São Paulo, Augusto costões continentais, como em Ubatuba por exemplo, além de uma tendência à diminuição da Flores, o sucesso da invasão e a


Maio/2018 - Pág. 07 Prevenção, Controle e Monitoramento do Coral-sol.

Coral-sol (Tubastraea tagusensis). www.cifonauta.cebimar.usp.br

ampla distribuição desses corais ao longo da costa brasileira é resultado de uma combinação de fatores como: falta de competidores e predadores nativos, ambiente propício para o estabelecimento dos corais-sol, estratégias reprodutivas adotadas pelos corais e eventos recorrentes de introdução. O coral-sol possui crescimento rápido, maturidade reprodutiva precoce e é capaz de produzir

milhares de larvas assexuadas (ou seja, clones da colônia) em cada evento reprodutivo, o que faz com que esses corais tenham a capacidade de ocupar grandes áreas em um curto espaço de tempo. Além disso, segundo Flores, as larvas do coral se fixam preferencialmente em substratos livres de bioincrustação e com orientação vertical ou negativa, o que favorece a proliferação desta espécie invaso-

ra em estruturas artificiais. O coral-sol já foi encontrado em pelo menos 23 estruturas associadas à exploração de petróleo e gás, e sabe-se que algumas dessas estruturas são transportadas entre regiões da costa, o que potencializa a dispersão e chance de estabelecimento dos corais em novas áreas. O Ministério do Meio Ambiente está trabalhando na elaboração do Plano Nacional de

MANEJO DO CORAL-SOL O oceanógrafo e analista ambiental da Estação Ecológica Tupinambás e do Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes, Geraldo de França Ottoni Neto, vem atuando no manejo do coral-sol no litoral norte. Ele explica que as expedições para retirar colônias são trabalhosas e caras. O trabalho é manual. "Para você retirar ele, você tem que quebrálo, como uma pedra mesmo. O método que a gente começou a utilizar e que tem utilizado agora e que tem tido um efeito melhor é uma talhadeira de ponta larga e uma marreta, aí você bate na base dele e arranca um coral inteiro." Para ele, a situação de Ubatuba em relação ao coral-sol ainda não está crítica. "A gente tem alguns pontos, como a Ilha Anchieta, Ilha de Palmas, Ilha das Couves, que a gente sabe que tem, poderia ser limpo e ainda está iniciando esse processo. Porém, nosso principal problema são as ilhas de Búzios e Vitória, que ficam na frente de Ubatuba, pertencem a Ilhabela e estão totalmente contaminadas." Entretanto, o oceanógrafo aponta para a necessidade de se fazer um diagnóstico mais preciso. "A gente tem que vasculhar as outras ilhas, porque as ilhas que a gente trabalha, que a gente mergulhou, têm", afirma Neto.

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REGIÃO NORTE

Colheita radical no Quilombo de Camburi Famílias e jovens do coletivo ‘Canoas Surfe Clube’ fazem mutirão para colher frutos da palmeira juçara, que pode medir até 20 metros RENATA TAKAHASHI

Colheita dos cachos exige técnicas de escalada e pode incluir escadas e o uso de equipamentos nos pés O agricultor e pescador Isaías Soares, 65 anos, não sabe quantos pés de juçara (Euterpe edulis) tem hoje em sua área no quilombo de Camburi, região norte de Ubatuba, na divisa entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Mas conta que no ano passado,

um pesquisador calculou algo em torno de 15 mil pés. Um quintal farto dessa bela palmeira da Mata Atlântica que, por conta do corte ilegal para extração de seu palmito, é classificada como vulnerável na lista de espécies ameaçadas de extinção.

Há mais de 10 anos, seu Isaías se dedica ao manejo sustentável da palmeira juçara, extraindo não o palmito, cuja retirada implica na derrubada do pé, mas os frutos para aproveitamento da polpa. Ele e sua família são os "guardiões" da despolpa-

deira elétrica que a comunidade do Camburi "herdou" do Projeto Juçara, realizado pelo IPEMA . Seu Isaías recorda que antigamente o fruto era pouco consumido pelos moradores locais e a despolpa era manual. As sementes despolpadas são aproveitadas na produção de mudas para plantio. Além disso, há o cuidado em deixar frutos nos pés para as dezenas de espécies de animais que se alimentam deles. Para que os frutos que nascem nos cachos no alto das palmeiras se transformem no produto final, a polpa pronta para consumo, similar ao açaí, há uma série de etapas importantes. Na quarta-feira, dia 25 de abril, seu Isaías recebeu em sua casa crianças e jovens moradores do bairro, que criaram o coletivo Canoas Surfe Clube Camburi. Eles acompanharam desde a colheita até o beneficiamento do fruto. A atividade durou o dia todo. Foram coletados cem quilos de frutos, que foram despolpados logo após a colheita. Em seguida, a polpa foi embalada e congelada. Parte das polpas foi reservada para os jovens do coletivo de surfe, que garantiram um nutritivo e delicioso alimento para os dias de treino. Outra parte ficou com as famílias, outra foi vendida para um quiosque que faz drinks com juçara e outra foi vendida na Feira Nacional da Reforma Agrária, em São Paulo. As colheitas continuam durante o mês de maio. ~

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RENATA TAKAHASHI

InforMar Ubatuba

RENATA TAKAHASHI

RENATA TAKAHASHI

A retirada do palmito leva à morte da planta, ao contrário do que acontece com o manejo sustentável dos frutos.

Identifica-se a fase de maturação dos frutos, quando estes apresentam-se com coloração preta brilhante.

RENATA TAKAHASHI

Não compre palmito dessa espécie, geralmente comercializado em espaços públicos, in natura ou em embalagens sem rótulos.

RENATA TAKAHASHI

A polpa da juçara pode ser encontrada em Ubatuba na feira da praça Bip (sábado de manhã), em alguns restaurantes e comércios.


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CULTURA

Maracatu de Ubatuba emociona romeiros em Aparecida do Norte Grupo Itaomi participou da 109ª Festa de São Benedito O Maracatu Itaomi, de Ubatuba, participou da 109ª edição da tradicional Festa de São Benedito, que recebe romeiros de todo o País no início de abril. A festividade é organizada pela comunidade da Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida e São Benedito, onde ocorre a maior parte da programação religiosa. Simultaneamente ao evento, aconteceu o Encontro Nacional de Congadas, que reuniu grupos de Congadas e Moçambiques de diversas cidades, principalmente de São Paulo e Minas Gerais. Um grupo após o outro adentra a Igreja de São Benedito para tocar e cantar em memória do monge capuchinho do século XVI que era negro e teria sido escravo no sul da Itália e que, por essa dupla razão, se tornou santo de devoção de escravos e negros livres durante os períodos colonial e imperial. Na vez do grupo de Ubatuba, o Itaomi tocou uma das mais bonitas e conhecidas congadas do Sr. Dito Fernandes, Mestre da Congada de São Benedito do Puruba, adaptada

para a linguagem rítmica do maracatu de baque virado, que tem sua origem no estado de Pernambuco: "Ponha nove rosas, ponha nove cravos pra ficar bonito, pra enfeitar São Benedito!" Também foi cantada uma composição própria do Itaomi, para Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, em referência à Igreja de mesmo nome que existiu em Ubatuba, e que foi demolida no início do século passado. "Pela Virgem do Rosário, os tambores vieram tocar..." Assim como São Benedito e Santa Efigênia, a Virgem do Rosário está entre os principais Santos de devoção de muitos católicos descendentes de povos negros escravizados, sendo reverenciados também por grupos religiosos de matriz africana como os candomblés. Como de costume na festa, famílias da cidade de Aparecida recebem carinhosamente com um almoço os grupos de Congadas, Moçambique e outras manifestações culturais. *Colaborou Henrique Becker

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Dá pra ir mais longe gastando menos combustível O preço do combustível está nas alturas. E como a vida não anda nada fácil pra quem vive de seu trabalho, vale a pena se ligar nessas dicas para uma direção mais econômica, isto é, para fazer o seu tanque render mais e retardar o desgaste de peças. NÃO DEIXE PRA FREAR EM CIMA Quando você estiver dirigindo, se logo na frente tiver um sinal vermelho ou uma lombada ou qualquer outra coisa do tipo, não deixe para parar de acelerar e então frear bem em cima. Tire o pé do acelerador com antecedência e aproveite o embalo, não desperdiçando energia cinética. Ao retomar, acelere suavemente, não forçando as marchas. Só isso já pode representar uma economia de até 20% do consumo de combustível.

AUTODICAS do InforMar

Preço médio dos combustíveis em Ubatuba entre abril de 2017 e março de 2018* R$ 4,164

4,000

Gasolina 3,500

R$ 3,121 3,000

Álcool

2,500

abr/17 mai/17 jun/17 jul/17 ago/17 set/17 out/17 nov/17 dez/17 jan/18 fev/18 mar/18

*Fonte: Agência Nacional do Petróleo

BANGUELA É ILUSÃO Tem gente que acha que economiza combustível na descida com o carro na banguela, isto é, no ponto morto ou com o pé atolado na embreagem . Mas isso é pura ilusão. Em ponto morto o motor continua gastando combustível para não apagar e na hora de reacelerar o consumo também é maior. Além disso, o desgaste do freio é muito maior quando se desce na banguela, abrindo mão do freio motor.

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DIVERSÃO

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Encontre os 7 erros e pinte os desenhos

As artes do Jogo dos 7 erros deste mês são uma releitura atual sobre uma charge de 1918 do estadunidense John F. Knott, feita pelo cartunista brasileiro Juca Rosso.

CRUZADINHAS

1- Serpente peçonhenta que ocorre da Bahia até o Rio Grande do Sul, em domínio de Mata Atlântica. 2- Oceano de onde vieram duas espécies de corais, popularmente conhecidas como coral-sol. 3- Dia 27 de maio é o dia da Mata ______. 4- A extração ilegal de palmito é uma das maiores ameaças a essa espécie. 5- Instituto do governo do Estado de SP que produz imunobiológicos . 6- Manifestação cultural afrobrasileira nascida em Pernambuco. 7- “______ Ubatubense”, nome da Biblioteca Municipal de Ubatuba. 5

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RESPOSTAS: 1- Jararaca; 2- Pacífico; 3- Atlântica; 4- Juçara; 5- Butantan; 6- Maracatu; 7- Ateneu.


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