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Tecnologias que ditam o futuro
APÓS EVOLUÍREM EM RITMO ACELERADO, INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E MACHINE LEARNING JÁ CONTAM COM DIFERENTES MODELOS DE APLICAÇÃO
Nos últimos anos, algoritmos inteligentes deixaram de ser comparados a filmes de ficção e se tornaram cada vez mais populares no dia a dia das pessoas. O avanço foi tão grande que, segundo o Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), tecnologias como Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning são as soluções de maior destaque em 2021.
Apesar de já existirem há muitos anos, foi em meados de 2010 que os sistemas de IA e Machine Learning ganharam mais consistência. Isso porque no passado faltava poder de processamento para conseguir explorar todo o potencial desses recursos.
O avanço nas configurações das máquinas ajudou a popularizar e até a democratizar soluções criadas com base nessas duas tecnologias. “A utilização das plataformas em nuvem e as soluções open source ajudaram a tornar possível que até pequenos empreendedores possam utilizar esses algoritmos públicos”, conta Janete Ribeiro, CEO da Analytics Data.
Tecnologia a favor dos negócios
O setor de agronegócio, um dos pilares mais importantes da economia brasileira, é um dos nichos que que aprendeu a explorar muito bem o potencial de tecnologias como Inteligência Artificial e Machine Learning. As soluções são usadas no processo de agronomia de precisão, que conta com análises do solo, preventiva de pragas e até de controle do clima para conseguir ter maior produtividade.
“Por meio de componentes e sensores inteligentes, é possível controlar como está evoluindo o processo de desgaste da terra e, a partir daí, prever quando será possível plantar determinados tipos de vegetais ou se é necessário mudar para outro tipo de plantio”, explica Janete. “Tudo isso, baseado em dados e modelos estatísticos da inteligência artificial integrada. Portanto, é possível ganhar em termos de produtividade, além de proteger a natureza”, completa.
No agronegócio, esses sistemas tecnológicos são vistos de perto somente por profissionais que acompanham todo o processo. Já em setores como varejo e mercado financeiro, o público observa e interage com sistemas que utilizam IA e Machine Learning. Entre eles, é possível citar os assistentes virtuais, como a BIA, desenvolvida pelo banco Bradesco, e os chatbots, que já estão presentes em sites de empresas dos mais variados ramos.
Avanços na área da saúde
Além de ter tido um papel essencial no processo de desenvolvimento das vacinas contra a covid-19, a Inteligência Artificial vem ganhando um espaço cada vez maior na área médica. Para Eduardo de Faria Castro Fleury, médico radiologista e professor de Medicina no Centro Universitário São Camilo, sistemas de IA oferecem mais assertividade, segurança e produtividade aos médicos.
O profissional, que também é cofundador da startup DL4MED, especializada em inteligência artificial em diagnóstico por imagem, explica que, atualmente, as clínicas contam com sistemas que integram todos os processos, desde a primeira ligação de uma pessoa para agendar um exame (na qual são colhidas informações) até a realização dos procedimentos e a emissão dos laudos. “Antigamente, tudo isso envolvia etapas, pessoas e softwares diferentes”, destaca.
“Com soluções de IA, perdemos menos tempo na emissão de um relatório e ganhamos mais tempo para analisar as imagens. No caso de um exame complicado, por exemplo, o médico pode perder um terço do tempo emitindo o relatório. Com a ajuda do computador, ele demora somente um quinto desse tempo e ainda tem 4 quintos para analisar o exame”, afirma Fleury. O profissional também ressalta que a tecnologia é importante para criar soluções relacionadas a auditorias. Com ela, é possível realizar diagnósticos mais precisos, enxergar falhas e ver onde é possível melhorar.
Para o especialista, as tecnologias devem seguir evoluindo em ritmo acelerado conforme a demanda da medicina, mas continuarão sendo usadas somente de forma complementar ao trabalho dos médicos. “Quando estamos atendendo pacientes ou emitindo relatórios, além de toda a parte técnica de formação, ainda temos sentimento e consciência. Todos que fazem algum tipo de procedimento, por exemplo, têm ciência do peso de um erro. Diferentemente do computador, que é binário”, diz o profissional. “A IA acerta em cerca de 80% das vezes com os diagnósticos. Mas erra em 20%. E a análise dessa porcentagem cabe ao médico, que tem sentimentos e consciência. Ele deve usar todas as informações disponíveis para dar o relatório final. Portanto, não é a inteligência artificial que vai ser a emissora desse documento”, completa.
Por um mundo melhor
Além da importância para os negócios, IA e Machine Learning são ferramentas fundamentais quando o assunto é sustentabilidade. “A partir do momento em que você consegue prever as consequências dos seus atos, é possível agir antecipadamente e tomar a melhor decisão. Diferentemente de antigamente, conseguimos usar essas tecnologias para ver plenamente o que pode acontecer no futuro”, explica a CEO da Analytics Data.
Em 2015, a ONU criou uma lista com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Entre eles, está o uso das novas tecnologias para atender essa demanda. A previsão é a de que a humanidade consiga alcançar esse objetivo plenamente até 2030.
“A partir do momento que as pessoas realmente se dedicarem a tomar essas ações com base em informações sobre tratamento do solo, da água, das energias que usamos, dos recursos renováveis e dos não renováveis, vamos conseguir ter condições de reverter muito daquilo que já fizemos equivocadamente ao longo da história, além de sermos mais assertivos em relação ao futuro”, diz Janete. “Existe uma luz promissora para que possamos garantir um ambiente melhor para todos os seres que habitam o planeta terra”, finaliza.