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O panorama do e-commerce
APESAR DE TER SEU USO IMPULSIONADO PELA PANDEMIA DE COVID-19, COMÉRCIO ELETRÔNICO AINDA ENFRENTA PROBLEMAS NO BRASIL
Embora a praticidade de comprar via e-commerce estivesse conquistando mais clientes ano após ano, mesmo as previsões mais otimistas não contavam com o boom gerado pela pandemia de covid-19. Para conter a disseminação do vírus, os brasileiros foram instruídos a ficar o máximo de tempo possível em casa. E, neste contexto, as lojas virtuais se tornaram a alternativa mais segura para fazer compras.
Esse comportamento fez com que o setor crescesse 68% na comparação com as vendas de 2019. De acordo com o levantamento da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) em parceria com a Neotrust, a modalidade passou a representar 10% do faturamento total no varejo – antes, era 5%. A pesquisa ainda mostra que 20,2 milhões de consumidores fizeram uma compra pela internet pela primeira vez e que mais de 300 milhões de pedidos foram realizados. “Lamentamos o cenário pandêmico e a perda de tantas vidas para a doença, mas não podemos deixar de frisar que foi o ano em que o e-commerce assumiu o protagonismo. Ele deixou de ser uma promessa para se tornar uma das principais atividades econômicas do País. Em diversos setores, inclusive, o comércio eletrônico passou a ser a única opção de compra, sustentando muitas empresas”, comenta Tiago Baeta, fundador do portal E-Commerce Brasil.
É importante destacar que, quem teve sua primeira experiência digital em 2020, aprovou. Tanto é que 94% dos brasileiros pretendem continuar comprando online mesmo com a flexibilização das regras sanitárias, segundo uma pesquisa da Criteo. Dentre os principais motivos, estão a segurança e a possibilidade de comparar preços. Para atender essa demanda crescente, no entanto, as tecnologias também mereceram uma atenção extra.
Tecnologias aceleradas
A pandemia não só acelerou a adesão ao e-commerce por parte do público. Ela impulsionou melhorias no ecossistema como um todo. A tecnologia foi aperfeiçoada para suportar a alta demanda, mas também para melhorar ao máximo a experiência do cliente. Um exemplo são os algoritmos de recomendação, que estão mais afiados. “Há cerca de três anos, as empresas passaram a dar valor para o comportamento individualizado, e não mais para as preferências de um grupo. Isso ganhou uma nova dimensão com a covid-19. Por meio de tecnologias, é possível saber quem é o cliente, suas plataformas favoritas, principais horários e muito mais. Tudo para impactá-lo no momento certo”, afirma Welington Sousa, Head de Marketing e E-commerce da Ingram Micro Brasil.
O especialista também aponta melhorias relacionadas ao uso de Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), para aprimorar o monitoramento logístico, e dos canais de comunicação, sendo o principal exemplo a possibilidade do cliente acompanhar todo o processo de compra via WhatsApp.
Em 2020, as empresas também perceberam que a internet é democrática, não sendo necessário ser uma marca famosa para poder fazer vendas. Basta ter boa reputação. “O abismo entre um e-commerce de grande porte e um pequeno comércio vem se encurtando cada vez mais. Isso porque plataformas, como Tray e Loja Integrada, permitem criar uma página sem ajuda profissional e entregam uma experiência próxima de um site renomado”, ressalta Sousa.
O mercado B2B
As mudanças sentidas no e-commerce estão mais ligadas ao mercado B2C (Business-to-Consumer). Entretanto, as transformações abriram portas para discutir também o modelo oferecido atualmente no B2B (Business-to-Business). “Aqui, os maiores problemas estão em reproduzir a negociação olho no olho, tão característica neste contexto, e lidar com o volume maior de vendas, o que implica que a loja virtual deve ter estoque e logística bem definidos”, diz Sousa.
Com o estouro da pandemia, essas lacunas ficaram ainda mais evidentes, uma vez que, da noite para o dia, mais empresas tiveram que recorrer ao comércio B2B para se equipar. “Vimos que as companhias não eram assim tão digitalizadas. Houve, principalmente, um crescimento na troca de desktops por notebooks e no investimento de conexões seguras para o trabalho remoto”, lembra o especialista. Resultado disso é que apenas 6% dos negócios não fizeram compras online em 2020, de acordo com pesquisa da Sapio Research.
Apesar dos obstáculos, esse mercado segue aquecido. A expectativa é que todo cuidado aplicado ao modelo B2C no último ano, agora, seja transferido para o B2B. Isto é, a adesão ao atendimento personalizado, a utilização de tecnologias relacionadas à logística, entre outros. Se tudo ocorrer conforme o esperado, a projeção é que, até 2025, 72% dos gastos com compras B2B aconteçam via e-commerce. As informações são de uma pesquisa da 700 B2B.
Para ir ainda mais longe
Assim como o mercado B2B precisa de melhorias, o modelo B2C ainda não atingiu a excelência. O maior obstáculo hoje está na cobertura digital. “O Brasil é um país pouco digitalizado. Por mais que o e-commerce tenha dobrado na pandemia, ele ainda está abaixo da média global”, alerta Baeta. Em números, 39,8 milhões de pessoas não têm acesso à internet. De acordo com o último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o dado representa 21,7% da população com idade acima de 10 anos.
A pesquisa ainda revela que as regiões mais carentes são Nordeste (31,4% das pessoas não têm acesso à internet) e Norte (com 30,8%). “A inclusão digital é importante para que o comércio eletrônico cresça. Se o governo fizer mais investimentos na parte de infraestrutura tecnológica, levando a conexão a lugares em que ela não chega hoje, será um ganho para a economia”, destaca Sousa.
Uma vez que a expansão for orquestrada, não apenas as empresas vão ganhar com o investimento. Os próprios moradores vão poder vender online, movimentando a economia. É um ganha-ganha. “A internet dá a oportunidade de pessoas empreenderem, criarem marcas incríveis de qualquer lugar do Brasil e venderem para qualquer canto do mundo”, afirma Baeta.
O profissional da Ingram Micro Brasil lembra, no entanto, que não basta levar a internet. Para o mercado funcionar, existe a necessidade de aperfeiçoar outros detalhes que são puxados em uma espécie de efeito dominó. “Para um produto chegar até um ponto, tem que ter uma estrada que ligue até aquele povoado. Isso sem contar a criação de rotas ferroviárias e marítimas, que vão facilitar a entrega e fazer com que o valor logístico não seja um fardo para ambas as pontas”, conclui Sousa.
E-commerce redesenhado
Acompanhando as movimentações do mercado, a Ingram Micro Brasil decidiu repaginar seu e-commerce. Voltado para o público B2B (Business-to- Business), a loja virtual, agora, entrega uma experiência similar a um site B2C (Business-to-Consumer).
“As páginas foram redesenhadas para facilitar a navegação do usuário. Adicionamos novos algoritmos de recomendação de produtos, para garantir melhores oportunidades e preço para nossos parceiros, e criamos conteúdos com informações que auxiliam o revendedor a fazer negócios com a Ingram Micro e seus clientes. A principal mudança, porém, está no processo de envio de pedidos. Otimizamos o carrinho de compras e simplificamos o check-out”, conta Pedro Gomes, Coordenador de E-commerce da Ingram Micro Brasil. A ideia de ser mais simples vem ao encontro do comportamento do público-alvo. As compras feitas no e-commerce não envolvem um ambiente complexo por trás, que precise da orientação de um especialista. São vendas menores que podem ser muito bem resolvidas com o self-service.
No momento, é possível encontrar no e-commerce da Ingram Micro Brasil mais de 6 mil produtos, sendo oferecidos por mais de 50 fabricantes. Em breve, porém, o portfólio deve aumentar. “Queremos inovar sempre e manter o site atualizado com novos recursos e novas funcionalidades. Trabalhamos em prol do cliente para entregar o melhor e mais rápido”, finaliza Gomes.