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Futuro Inteligente

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IA GENERATIVA DEIXOU DE SER DIFERENCIAL, TORNANDO-SE GRANDE MOTOR DE INOVAÇÃO PARA EMPRESAS DE TODOS OS PORTES E SEGMENTOS

Uma pesquisa do Instituto dos Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas (IEEE) indica que a Inteligência Artificial será a área mais importante da tecnologia em 2024. O dado é baseado nos insights de 350 CTOs, CIOs e diretores de TI em países como Estados Unidos, Reino Unido, China, Índia e Brasil. De acordo com 65% deles, a IA Generativa continuará dominando o setor ao longo do ano.

“A IA Generativa representa uma evolução na Inteligência Artificial, focando a geração autônoma de conteúdo original – como texto, imagem, áudio e vídeo. Ela utiliza modelos avançados de linguagem, treinados com grandes volumes de dados para conseguir não apenas entender contextos complexos, mas também criar respostas e conteúdos com base no que é requisitado”, explica Rodrigo Scotti, CEO e fundador da Nama e membro fundador da Associação Brasileira de Inteligência Artificial (ABRIA). Como toda IA, a Generativa é alimentada por modelos de machine learning. Segundo Cleber Morais, diretor regional da Amazon Web Services (AWS) para a América Latina e o Caribe, esses modelos são pré-treinados em grandes quantidades de dados, sendo comumente chamados de Foundation Models (FMs) – ou modelos funcionais. “Sendo assim, criar um modelo do zero requer um volume enorme de dados, enquanto refinar um FM existente exige uma quantidade menor”, conta.

O curioso é que a IA Generativa começou como um experimento simples em redes neurais e aprendizado de máquina. Rafael Marangoni, Diretor da Unidade de Negócios BRLink, destaca que, com o tempo, a tecnologia evoluiu graças ao aumento da capacidade computacional e ao acesso a grandes conjuntos de dados. “O desenvolvimento de modelos mais sofisticados, como as Redes Adversárias Generativas (GANs), permitiu avanços significativos, oportunizando a geração de conteúdos cada vez mais complexos e realistas.”

Hoje, a BRLink desempenha um papel de acelerador na adoção da IA Generativa pelas empresas, oferecendo expertise técnica e suporte estratégico. “Podemos ajudar na integração dessas soluções aos processos de negócios existentes, garantindo que sejam utilizadas de forma eficaz para melhorar a experiência do cliente e otimizar operações internas. Além disso, nossa experiência em segurança de dados e infraestrutura de cloud é fundamental para que as soluções de IA sejam seguras e escaláveis”, afirma Marangoni.

À disposição

A introdução da arquitetura Transformer, em 2017, melhorou drasticamente a qualidade e a complexidade dos modelos de linguagem. Segundo Scotti, isso abriu caminho para modelos como o GPT-3, que produz textos com qualidade quase humana. Porém, ainda que o famoso ChatGPT tenha sido a primeira experiência ampla de IA Generativa, Morais destaca que os estudiosos do assunto perceberam que as empresas têm trabalhado em modelos funcionais há anos. “Os FMs atuais podem executar uma ampla gama de tarefas que abrangem vários domínios, como escrever posts para blog, gerar imagens, resolver problemas de matemática, participar de diálogos e responder a perguntas com base em documentos”, explica o executivo da AWS.

A IA Generativa tem revolucionado o cenário corporativo, trazendo maior eficiência e potencial de inovação. “Suas aplicações, que vão desde a automação de relatórios financeiros até o aprimoramento do atendimento ao cliente por meio de chatbots sofisticados, são verdadeiros exemplos de economia de tempo e otimização de recursos”, afirma o membro fundador da ABRIA.

Na dinâmica entre marca e cliente, Marangoni conta que a tecnologia tem sido utilizada em prol da personalização do relacionamento entre as pontas.

Um dos exemplos nesse sentido é a geração de recomendações de produtos baseadas em preferências individuais de cada consumidor. Com isso, a empresa garante experiências mais envolventes e interativas.

Nos processos internos, essa tecnologia pode automatizar inúmeras tarefas, potencializando a produtividade das equipes em todos os setores. “Na AWS, acreditamos que a IA Generativa irá aumentar a velocidade de lançamento de novos produtos no mercado, diminuir os erros e impulsionar a redução de custos em todas as empresas que adotarem a solução”, afirma Morais.

Na prática, a IA Generativa é hábil em identificar padrões e criar novos dados, além de destacar o que pode ser ‘descartado’. Ela permite que os desenvolvedores se concentrem nos aspectos criativos da codificação e no design de soluções. “Mais do que isso, é capaz de fornecer sugestões de código em tempo real para prever a próxima linha, impactando positivamente o trabalho dos engenheiros de User Experience (UX)”, afirma Morais.

Humanos e IA

“ A sinergia entre a criatividade humana e a IA Generativa abre novos caminhos para solucionar problemas complexos, ao mesmo tempo que apoia o desenvolvimento humano de maneiras inovadoras e éticas”, conta Rodrigo Scotti, CEO e fundador da Nama e membro fundador da Associação Brasileira de Inteligência Artificial (ABRIA). Segundo ele, é importante ter em mente que, no final das contas, a IA aprende a partir de dados gerados ou, ao menos, revisados por humanos. “Portanto, a chave para uma colaboração eficaz e pragmática reside em garantir que a Inteligência Artificial tenha acesso a uma fonte de conhecimento relevante e confiável – isto é, com documentos e conteúdos bem fundamentados. Essa interação não apenas aprimora a eficácia da IA, mas também assegura que suas aplicações sejam construtivas e benéficas”, diz o especialista.

O que esperar

De acordo com o Diretor da Unidade de Negócios BRLink, em médio e longo prazo, o potencial da IA Generativa é imenso. A expectativa é que ela revolucione todos os setores da economia, tornando a criação de conteúdo mais eficiente e personalizada.

A tecnologia poderá ser aplicada na Saúde, para gerar modelos de doenças, e na Educação, para a criação de materiais didáticos personalizados, por exemplo.

“Ela também deve ter impacto relevante como auxiliar em programação – ponto que já é uma realidade e está se provando cada vez mais promissor”, conta Scotti. Isso vale para a automação de áreas diretamente ligadas à criatividade, como design, entretenimento e publicidade. Com isso, essa revolução mudará de uma vez por todas a forma como conteúdos e ideias são produzidos e consumidos.

Somado a isso, espera-se também que a tecnologia se torne ainda mais acessível e integrada em ferramentas no-code e low-code. “Isso permitirá que até mesmo os usuários sem conhecimento técnico aproveitem seus benefícios”, diz o membro fundador da Associação Brasileira de Inteligência Artificial (ABRIA).

Verdadeiro ou Falso?

S egundo Cleber Morais, diretor regional da AWS para a América Latina e o Caribe, um dos exemplos mais relevantes do uso de IA Generativa nos dias atuais é no combate às fake news. Com isso em mente, em 2023, a AWS lançou o Titan Image Generator. “O novo recurso do Amazon Bedrock (serviço que oferece várias opções de modelos de base das principais empresas de IA) cria ‘marcas d’água’

invisíveis para identificar imagens geradas por Inteligência Artificial. Para isso, elas passam a carregar metadados que permitem sua diferenciação de uma imagem real”, explica Morais. A ideia é ajudar diretamente no combate à desinformação, uma vez que conteúdos modificados e criados por IA são uma técnica comum no processo de falsificação de informações.

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