#4 dangerous love

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Ela tem suas emoções bem presas.. Nascida em Las Vegas, a infância da designer de moda Faith Fitzgerald não foi fácil, até que seu pai a encontrou e a levou para Los Angeles para participar de sua família rica. A rejeição por alguns dos membros de sua família machucou, mas Faith mudou. Ou então ela pensa. Ela trabalha duro e nunca deixa sua guarda baixar, até o dia em que ela descobre que alguém roubou e vendeu seus projetos para seu concorrente e ex-mentor. Para capturar o ladrão e recuperar sua coleção do Fashion Week, Faith se vira para seu ex-amante, um homem que trabalha secretamente e obtém resultados rápidos. O problema é que ela não o vê desde que ela terminou com ele sem a menor cerimônia. Ele é descontraído e espontâneo... Quando o consultor ex-agente do FBI Kenneth "Ken" Lambert recebe um telefonema de Faith pedindo seus serviços, ele vê uma chance de se vingar da linda designer pela forma como ela o usou e foi embora. Mas depois que ele descobre que ela está sendo vítima de um homem cuja idéia de amor é perigosa e tóxica, Ken afasta seu plano e concorda em ajudá-la. Enquanto a investigação progride, Ken descobre que a calma exterior de Faith esconde uma mulher de caráter e força, uma mulher à beira de desmoronar. Ele pode ajudá-la a encontrar as respostas que procura ou ela vai aceitar sua oferta? Aceitar seu amor incondicional, aceitação e apoio? DANGEROUS LOVE (Book 4 on the Fitzgerald Family)


CAPÍTULO 1 — A senhora Riggins quer vê-la. Faith Fitzgerald olhou para cima e fez uma careta. Ela não ouviu a vendedora bater ou abrir a porta de seu escritório. Mas, novamente, quando ela tinha seu nariz em croquis de moda ou em cores de tecido, nada penetrava o nevoeiro artístico. — Obrigada, Molly. — Faith olhou para o relógio e suspirou. Onze horas. De maneira nenhuma ela poderia dirigir para a casa de Bárbara Riggins e voltar para o seu próximo compromisso. Independentemente do fato de ter estado na casa de Bárbara há dois dias para fazer os ajustes necessários em seu vestido, Faith precisava ir. Bárbara era a esposa de um renomado produtor e um patrono da Falasha – linha de roupas de Faith. Sem Bárbara, Faith não obteria os contratos para criar trajes para duas produções cinematográficas importantes nos últimos três anos, ou tornar-se a designer1 de um bando de mulheres cuja escrita criativa produzia filmes de sucesso e séries de TV. Molly ainda pairava perto da porta, observou Faith. — Chame a Sra. Ferreira e cancele sua prova — disse Faith. — Eu a tinha para o horário do meio-dia. Diga a ela que eu tenho uma emergência familiar. — Mira Ferreira teria um ataque se soubesse que Faith trocou sua prova por causa de outro cliente. — Mude-a para as quatro horas, ou mais tarde, e se ela preferir, eu estarei disponível à noite. — O que significaria outra longa viagem para Malibu.

1 Estilista


Ela pegou as chaves do carro da gaveta. — Ir e voltar à casa de Bárbara, sem mencionar o tempo em que terei que permanecer lá, gastará muito tempo da minha agenda. — Shhh, não tão alto — Molly sussurrou, pressionando um dedo sobre os lábios. — Eu quis dizer que Bárbara está na sala ao lado. Deixeia andando para lá e para cá, pronta para causar uma confusão. Ela até recusou refrescos. Ela pede para vê-la. Isso não soava bem. Bárbara não visitara o Falasha Showroom desde a primeira vez que a tia de Faith, Estelle, apresentou-as há quatro anos. Faith se apressou em torno de sua mesa para uma porta lateral e abriu-a. A sala privativa em que entrou tinha um ambiente garantido para fazer qualquer cliente se sentir apreciado – carpetes brancos e macios combinando com cadeiras e mesas antigas com variedades de bebidas, e suave música relaxante ao fundo. Desde os semicerrados olhos castanhos de Bárbara, o efeito não estava funcionando. Bárbara se sentou na beirada da cadeira com os braços cruzados e exuberantes lábios amassados em um beicinho que ficou famoso durante seus anos como apresentadora de talk-show. Sua curta roupa de tênis revelava pernas tonificadas e coxas bronzeadas livres de celulite. Apesar do traje, sua maquiagem estava impecável e seus cabelos negros profissionalmente estilosos caíam abaixo dos ombros. — Bárbara, é uma surpresa maravilhosa. O que posso fazer por você? A diva levantou-se, seus olhos castanhos flamejando, embora não houvesse um único vinco prejudicando o suave Botox que aperfeiçoava o seu rosto. — Eu gostaria de dar outra olhada em meu vestido — disse ela em um tom gélido.


— Ainda não está pronto, mas enviei a folha de especificações com os ajustes para o meu patternmaker2. Assim que eu conseguir o padrão de volta, eu começarei o... — Mostre-me o que eu provei alguns dias atrás. — É claro. — Faith desapareceu dentro da sala de costura, onde três costureiras olharam para ela com olhos curiosos. Ela balançou a cabeça, pegou o manequim com o protótipo do vestido e saiu da sala. — Do que se trata? — Ela perguntou à Bárbara ao voltar. — O design3 — respondeu Bárbara, caminhando ao redor da maquete do vestido de musselina envolto em um manequim. — É exatamente o mesmo. Faith balançou a cabeça, sem entender. — É claro que é o mesmo. Mas este é apenas o toile4. Usarei o tecido real assim que receber o padrão de volta. — Não, não, não. Quero dizer, Mimi tem exatamente o mesmo vestido. — Ela inclinou a Faith um olhar duro. — Eu estava na casa dela esta manhã para uma partida de tênis, e ela me convidou para ver o vestido que planeja vestir na Directors Guild Awards. — Bárbara puxou o toile, quase derrubando o manequim. — O marido dela também foi indicado, assim como meu Sammy. Ela me mostrou exatamente esse vestido. O vestido que você criou para mim. — Ela se virou e olhou para Faith. — Você está vendendo seus designs? Reciclando os antigos? O estômago de Faith caiu quando Bárbara disse exatamente esse vestido – agora ele está agitado. — Eu nunca, jamais usaria um design antigo para criar um vestido para qualquer um dos meus clientes, Bárbara. Eu pesquiso as tendências de moda e cores sazonais, e

2 Patternmaker é o profissional que pega um projeto que será feito em grande escala e deixa com características únicas, mas que não deixa de ser um modelo padrão, apenas com modificação. 3 Desenho, esboço, projeto. 4 Refere-se a uma versão do vestuário feito pelo estilista para testar sua modelagem. Geralmente os toiles são feitos em tecidos baratos, pois vários toiles podem ser produzidos durante o processo de aperfeiçoamento da peça.


apresento novas ideias cada vez que você me pede para fazer algo para você. Não vendo minhas criações também. Você sabe quem fez a roupa dela? Os olhos de Bárbara estreitaram. — Por quê? — Pode explicar o que aconteceu. Por favor, quem o desenhou? — DHS. O chão cedeu sob Faith. Dublin House of Styles. Aquele desgraçado. Isso não é bom, ladrão filho da puta. Ela não sabia como ele fez isso, mas, mais uma vez, Sean O'Neal roubara o que pertencia a ela e passou-o como seu. — Você está bem, Faith? Parece que você viu um fantasma. — Ela agarrou o braço de Faith e levou-a a uma cadeira. — O que está acontecendo? Como você pode ter o mesmo design que DHS? Faith balançou a cabeça. Como poderia explicar sua relação com aquele bastardo sem visão, traidor? Ela olhou para o rosto perfeitamente maquiado de Bárbara. Ela entenderia as promessas quebradas e sonhos despedaçados, humilhação e a promessa de provar àqueles que não acreditaram nela que eles estavam errados? — Não roubei os designs dele. — Eu nunca disse que você roubou. No entanto, temos um problema. — Ela tomou a cadeira em frente à de Faith, com preocupação em seus olhos. — A cerimônia de premiação é no mês que vem e preciso de um vestido. Não posso usar o que eu usei no Golden Globes ou outros prêmios. Eu investi neste negócio e absolutamente me recuso a espremer essa — ela acenou com a mão para indicar seu corpo curvilíneo, — fabulosidade em uma alta costura de tamanho zero5 feito para corpos palitos. Preciso de uma de suas criações. — Ela estendeu a mão e agarrou as mãos de Faith. — Só você sabe como lisonjear o meu corpo, querida.

5 Tamanho muito pequeno de roupas femininas


Apenas você entende que uma mulher pode ter curvas e ainda usar alta costura. Você pode fazer isso? Faith se esforçou para separar o que acabou de saber do que Bárbara exigia dela. Ela teria tempo para terminar o vestido em tão pouco tempo? Mais duas de suas clientes, todas amigas de Bárbara, iriam à mesma premiação e esperavam seus vestidos exclusivos concluídos. Mas, e se Sean tivesse conseguido se apossar do design delas também? Outra ideia lhe ocorreu, arrebatando o fôlego como um soco no estômago. E se ele viu a coleção de outono para a Semana de Moda? Seu desfile seria um desastre. Ninguém acreditaria que os designs eram dela, assim como ninguém acreditou há cinco anos. Só que desta vez não se limitaria ao DHS. Pânico a paralisou. O que faria? — Faith! — Bárbara gritou em tom afiado. Faith piscou, pânico reinando, e se forçou a se concentrar em sua cliente, sua cliente muito importante e influente. Se ela precisasse costurar dia e noite, pagar bônus gordos as suas costureiras para terminar vestidos novos, ela faria isso acontecer. — Eu passarei na sua casa amanhã à noite com novos designs e seleções de tecido. Bárbara sorriu. — Isso é o que eu queria ouvir. Agora, sobre essa bagunça com a DHS... — Eu chegarei ao fundo da questão. — Ela se recusava a deixar aquele bastardo ferrar com ela novamente. — Bom. — Bárbara levantou, apertou sua bolsa debaixo do braço e foi para a porta. Antes que abrisse, ela girou e perguntou: — Você não está fazendo vestidos para todas as meninas? Faith assentiu. Todas as meninas eram as três amigas de Bárbara. Ela já concluiu e entregou um. — Eu ligarei para elas e explicarei. Um olhar distante entrou nos olhos de Bárbara. — Não, não. Deixe as meninas comigo.


— Por favor, não mencione DHS. — Claro que não, querida. Eu pensarei em algo. Enquanto isso, se ocupe. Traga muitos designs para todas nós escolhermos. — Eu vou. Obrigada, Barbs — disse Faith, chamando-a pelo apelido. — É o mínimo que posso fazer. E quanto à Estelle? Você quer que eu fale com ela sobre isso? Ela e eu planejamos almoçar no final desta semana. Faith levantou-se e caminhou até onde Bárbara estava. Uma vez que a tia Estelle soubesse disso, não haveria como impedi-la de ir atrás de Sean. — Você se importa de manter isso entre nós, por enquanto, pelo menos até eu descobrir o que está acontecendo? Bárbara assentiu. — Eu odeio manter as coisas da minha irmã de irmandade, assim, chegue ao fundo disto rápido. Se houver algo que eu possa fazer para ajudar, deixe-me saber. — Obrigada. — Ela escoltou Bárbara, passando por vitrines de vidro com joias coloridas e os manequins e prateleiras apresentando designs prontos-para-vestir da Falasha. Na entrada, ela acenou conforme Bárbara entrava em seu carro. Faith ficou olhando para a limusine, em seguida, mudou sua atenção para os compradores correndo ao longo da 3° Street. Ela trabalhou tão duro para tornar sua loja destaque entre lojas e showrooms nesta extremidade da West Hollywood. Localizada há uma quadra da Beverly Hill Center, Falasha tinha seus clientes regulares, os quais não se importavam com roupas top de linha de um futuro designer. O fato de também oferecer joias complementando suas roupas era um bônus adicional. Faith sorriu para um grupo de patricinhas e afastou-se para permitir que entrassem na loja. Ela virou e correu para a parte de trás, onde seu escritório estava localizado. Molly fez contato visual, indicando que tinha perguntas. Faith olhou incisivamente para os clientes e desapareceu dentro de seu escritório.


Ela sentou atrás de sua mesa e bateu os dedos na parte superior em madeira de cerejeira. Como ela lidaria com Sean O'Neal? Ir ao seu showroom seria tolice. Provavelmente ele esperava que ela fizesse exatamente isso. Seu pessoal a tratara como uma traidora antes de sair há cinco anos. De maneira nenhuma eles a deixariam entrar em seu showroom. Além disso, era preciso um convite ou um compromisso para entrar nos escritórios do edifício New Mart. Seus primos policiais e advogados resolveriam rapidamente se ela pedisse para lidarem com Sean, mas não queria envolvê-los. Não depois de um deles quase perder o emprego por ajudar sua prima e seu noivo a parar um ladrão internacional de antiguidades. Então, para quem ligar? A quem podia confiar o seu pior pesadelo, seu segredo mais íntimo? Deveria ser alguém de fora da família. Tia Estelle era a única que sabia a verdadeira razão de Faith romper seu noivado com Sean há cinco anos. Estelle Fitzgerald raramente deixava as pessoas mexerem com sua família. Cinco anos atrás, Faith suplicou e chorou baldes para convencer Estelle a ignorar o que Sean fez. Desta vez, seria necessário um exército para impedir sua tia de marchar para o showroom do designer na Intersection e expô-lo. A propagação pelo mundo da moda seria rápida. Sean era o único costureiro de alta-costura irlandês, o primeiro a misturar hip-hop e a alta moda, o costureiro aspirante mais reverenciado. Pior do que isso, a brecha poderia bater mais perto de casa. Sean estava relacionado com o segundo marido da matriarca da família Fitzgerald, a indomável tia de Faith, Viv. Tia Viv nunca aprovou qualquer coisa que Faith fez, incluindo abandonar Sean. Uma coisa era certa, ela não queria que Sean a visse chegando. Ela conseguiu evitá-lo nestes últimos anos, ignorando-o em reuniões familiares. Ela atacaria, e ela conhecia o homem certo para fazê-lo. Kenneth Ken Lambert, ex-agente do FBI que virou investigador particular. Algo mudou em sua barriga, pensar em Ken picava sua pele. Faith fechou os olhos e recostou-se no assento, a viva imagem dele na sua


cabeça, mesmo não o vendo em um ano e cinco dias, mais ou menos sete horas, mas quem estava contando. Alto e masculino, com os oblíquos olhos verdes e maçãs do rosto esculpidas, ele tinha as mais hábeis mãos e boca assassina, língua perversa, e um arsenal de truques sexuais. A noite de pura felicidade deles despertou nela o tipo de paixão que poderia facilmente se tornar viciante. Então ela entrou em pânico e saiu furtivamente como uma covarde, jurando nunca mais vê-lo novamente. A fúria em seus olhos quando ele veio à sua loja... Não, não havia nenhum ponto em desenterrar a antiga história. Exceto pelas memórias sorrateiras que a assaltavam de vez em quando, ela seguiu em frente. Ela ainda teve um par de escapadas desde Ken, mas nenhum dos homens se comparava a ele. Além de ser o melhor amante que já teve, Ken Lambert era um inferno de um investigador. Obstinado, cruel e implacável, ele era o tipo de homem que você iria querer ao seu lado em um momento como este. Faith lutou contra uma onda de nervosismo, apertou os números, e trouxe o telefone no ouvido. Antes que Ken pudesse atender, ela desligou. Ele poderia rejeitá-la por telefone. Ela tinha que vê-lo em pessoa. LASEC, abreviação para Lambert Consultores de Segurança, ficava em Wilshire, há poucos quarteirões do seu showroom. Faith pegou as chaves do carro pela segunda vez naquela manhã e deixou seu escritório. — Você ainda quer que eu cancele a prova da Sra. Ferreira? — Molly perguntou quando Faith passou por ela. — Sim, por favor. Vou à Textile District por algum tecido. Devo estar de volta em torno de uma hora. — Mais uma vez, ela ignorou as perguntas transbordando nos olhos de Molly. Ela soltou uma respiração e se preparou mentalmente para Ken.

***


Quando Sly voltaria? Ken alcançou dentro da caixa de pizza, tirou uma fatia fria, e mordeu-a. Se tivesse uma escolha, ele carregaria o seu mais recente protegido até os vinte lances de escada, perna quebrada e tudo, apenas para que pudesse dar o fora daqui. Filtrar transmissões de áudio e vídeo vindo de câmeras de vigilância e ficar enfiado em um cubículo insignificante, enquanto comia pizza de um dia atrás não era a sua ideia de diversão. Ele deveria voltar ao seu escritório, sendo mais esperto que bandidos no conforto de sua cadeira. Ele merecia. Liberdade para ser seu próprio patrão e para fazer o que quisesse era a razão pela qual ele deixou o Bureau. Pare de mentir para si mesmo, idiota. Uma explosão chocante ressoou em seus ouvidos e imagens brilharam em sua cabeça – corpos sem vida no parque infantil e corredores, os lamentos horríveis dos feridos, e a acusação condenatória nos olhos dos pais. Dor o surpreendeu e Ken deixou cair a pizza meiocomida em cima da caixa, sua mão em punho. Três anos após a bomba e ele não conseguia apagar as imagens, ou a culpa. Ken percebeu que esfregava seu estômago, seu dedo traçando a lembrança daquele dia terrível, há três anos. Ele sufocou uma maldição, focou no presente e fez uma careta. Sua liberdade tinha algumas desvantagens, como o ocasional quartinho e pizza velha. Canecas vazias da Starbucks transbordavam da lata de lixo em um canto. A única luz no quarto vinha dos monitores de néon azul. Se não fosse pelo ar condicionado, ninguém acreditaria que ele estava em um andar acima dos escritórios de uma lucrativa empresa de corretagem no distrito de negócios de Los Angeles. Seu olhar varreu os monitores e as janelas menores que mostravam o interior da Braun Corretora. Qual dos tubarões ao redor, o cliente de fala suave, ou aquele que abraçava seus monitores, era culpado de passar informações privilegiadas? Um novato com fome? Um corretor experiente perdendo sua posição? Ou um velhote com muitas ex-


mulheres e problemas com pensão alimentícia? Ele tinha uma ideia, mas precisava de uma prova. Uma das janelas na tela mostrava uma assistente deixando seu escritório, uma loira bonita com pernas longas e uma caminhada sexy. Ela parou no escritório de seu chefe. Ken ouviu sua breve conversa – ela sairia para almoçar e queria saber o que comprar para ele. Nada incomum lá. Eles passavam pelo mesmo ritual todos os dias. Após a loira sair e entrar no elevador, seu chefe de óculos puxou um par de binóculos de uma gaveta, foi até a janela, e os mirou em algo fora do edifício. Ken franziu a testa. Essa foi uma primeira vez. O que diabos o homem olhava? Ken chegou o banco para mais perto dos computadores e monitores. Pena que ele não aproveitou o sistema de videovigilância no exterior do edifício também. Seu celular começou a vibrar. Ele tirou a caixa de pizza da mesa enquanto pescava o telefone debaixo dela. Seu olhar ainda no monitor, ele abriu o telefone e o bateu na orelha. — O quê? — Sou eu, chefe — disse uma voz estridente. — Como está a perna, Sly? — O alvo de Ken deixou a janela, assim que as câmeras ativadas por movimento no escritório da assistente automaticamente se desligaram. — Tudo bem... ótimo — Sly resmungou. — Não, não está ótimo. Eu preciso voltar. — Não há pressa. Dê tempo para a sua perna se curar. Você notou algo peculiar na Sala-seis? — Quando grampearam a corretora, atribuíram aos ocupantes de cada escritório, cubículo e mesa, um número, por ser mais fácil de lembrar-se do que nomes. Sala-seis não era nada além de um funcionário modelo até agora. Ken se inclinou para frente, estreitando os olhos enquanto seguia os movimentos do homem na porta de ligação de seu escritório para o de sua assistente. Automaticamente, as câmeras no escritório dela voltaram quando ele entrou.


— Não é o cara velho com óculos? Achei que havia algo suspeito nele. Ele não passa muito tempo no telefone como os outros. Por que eu não vou e então comparamos nossas notas? Sly soou frustrado, o que não era nada novo. Ele era recém-saído da faculdade, com uma licenciatura em computadores, e pronto para agradar. Ele também era o sexto empregado a se juntar à equipe LASEC. Desde que Ken expandiu seus serviços de investigação para incluir litígios e aquisições corporativas, pedidos de indenização e fraude, ele ficou muito ocupado para brecar novos recrutas, salvo no caso de Sly. O garoto lembrou-lhe muito de si mesmo nessa idade, sem saber o que queria fazer com seu futuro, com raiva de seus pais por tentarem planejar sua vida. — Se você precisa sair de casa por algumas horas, vá para o escritório. — A atenção de Ken deslocou para os monitores. Sala-seis sentou atrás da mesa de sua assistente e estendeu a mão para o botão de energia no computador. — Filho da... — O que está acontecendo? — Sly amaldiçoou baixinho, mas alto o suficiente para Ken ouvir. — Minha mãe está me deixando louco. Diga à ela que você precisa de mim aí ou, uh, quebrou alguma coisa e precisa consertar — ele sussurrou. — Mãe, desligue o telefone. Eu estou falando com meu chefe. Ken sorriu, não porque a senhora Cooper estava deixando seu filho louco. Ela lembrou Ken de sua mãe, super protetora e bem-intencionada, mas, no entanto, sufocante. A mulher veio à cidade há duas semanas para cuidar de Sly após ele quebrar a perna fazendo trilha. Talvez devesse deixar a criança se juntar à ele para que não tivesse que trabalhar em dobro. Não era como se este show envolvesse trabalho braçal. Tudo o que ele tinha a fazer era prender o culpado, deixar o chip de memória com as provas de acusação na Securities and Exchange Commission, e ir para casa em San Diego. O aniversário de casamento de seus pais se aproximava e sua irmã teria seu fígado se ele não ajudasse com a surpresa que ela planejava.


— Pedirei à sua mãe para levá-lo ao escritório — disse ele a Sly. — Lucy tem outro trabalho alinhado, algo que você pode fazer dormindo. — Ótimo! Obrigado, chefe. Ken deslizou sua cadeira para o segundo cache de computadores para ativar o programa espião. Ele abriu o arquivo de log que armazenava todas as informações de atividade dos computadores e em poucos segundos tinha o e-mail que Sala-seis acabou de enviar exibido em sua tela. Flagrado. O velhote foi pego. Sorrindo, finalizou com a senhora Cooper, em seguida, se levantou para se esticar. Eles tinham todas as provas de que precisavam para trancar o profissional informante por um tempo muito longo. Seu celular vibrou, mais uma vez. Ele sentou na cadeira que desocupara e recostou-se antes de trazê-lo para seu ouvido. — Sim? — Ken? Calor puro passou por ele e mal impediu a cadeira de inclinar para trás. Aquela sexy voz rouca era inconfundível. Inesquecível. Rosto requintado emoldurado com um cabelo ruivo, olhos azuis brilhantes, e lábios exuberantes brilhou em sua cabeça. Sua mão vazia fechou, mas isso não impediu as imagens fantasmagóricas dela zombando dele. Faith montou em seu corpo, a luz bruxuleante de velas refletia sobre sua pele reluzente, seios perfeitos que se encaixam em suas mãos, os olhos semicerrados em êxtase enquanto cavalgava-o com força. Se abaixando nele, sussurrando palavras eróticas em seu ouvido, deixando-o louco. Cristo, como as imagens dela ainda poderiam estar em sua cabeça? Uma

noite

selvagem,

sexo

alucinante,

e

estava

completamente

chicoteado. Ken passou a mão sobre o rosto e tentou pensar em outra coisa, qualquer coisa para esfriar seu fervente sangue antes de poder falar.


Ela o abandonou, maldição. Recusou-se a retornar seus telefonemas e reduziu o que tiveram a uma aventura quando ele foi à loja dela. Mas ele se recuperou, não? — Sim, quem é? — Ele sabia que era imaturo fingir que não poderia reconhecê-la pela voz, mas mais de doze meses revivendo aquela noite e comparando-a com todas as mulheres com quem dormiu era um verdadeiro assassinato de libido. — É Faith. Desculpe se eu te peguei em um momento ruim. Posso ligar mais tarde. — Espere um segundo — ele interrompeu, pânico correndo através dele com o pensamento dela desligar. Ele descansou a mão segurando o celular na mesa e sufocou uma maldição em voz baixa. Onde, diabos, estava o seu controle? Ela já não era importante. Lembre-se o seu lema. Nenhuma prisão emocional com mulheres, especialmente esta. Ken trouxe o telefone de volta ao seu ouvido. — Faith... Fitzgerald, certo? — Ele se esforçou para manter a voz neutra. — Sim. Estou em sua agência e ninguém quer me dizer onde você está. — Estou em um serviço. Houve breve silêncio. — Eu preciso falar com você, Ken. — Por quê? — Isso não saiu certo. — Sobre o que? Desta vez, o silêncio durou mais tempo. — Preciso de sua ajuda com uma coisa, mas eu prefiro explicar os detalhes pessoalmente. Sua ajuda? Após ferrar com a sua cabeça. Ela deve tomá-lo como um bode expiatório. Ele apertou um botão no teclado para salvar as imagens incriminadoras e o e-mail em um pen drive. — Desculpe, não posso te ajudar. Estou ocupado. — Por favor, Ken. Eu não viria para você se não fosse importante.


Ele verificou o relógio e suspirou. Era 11:30. Ele estava cansado de olhar para a tela por horas à fio e precisava comer algo diferente de pizza fria. — Está bem. — Obrigada. Oh, querida, você não quer me agradecer ainda. — Você já almoçou? — Não, mas eu tenho uma agenda bastante movimentada esta tarde. — Eu tenho certeza que você pode separar um tempo para comer. Espere por mim do lado de fora do meu escritório. Eu devo estar lá em 15 minutos. Vinte, no máximo. — Ele desligou antes que ela pudesse protestar novamente. Ele cerrou os dentes, odiando-se por ceder à súplica em sua voz. Seu dia acabaria pior, ou melhor, se ele jogasse certo. A mulher que assombrava seus sonhos precisava desesperadamente da sua ajuda. Tudo o que ela queria dele, ela não receberia a menos que ela jogasse de acordo com suas regras.


CAPÍTULO 2 Faith viu o SUV de Ken vir em sua direção. Ela prendeu a respiração quando ele parou no meio-fio, saiu, e deu a volta no capô. Vestido com calça jeans preta, uma camisa combinando, e botas, ele parecia uma pantera passeando pela selva perseguindo sua presa, os olhos verdes alertas. Faith estremeceu. Metáfora errada. Ela franziu a testa. Ele parecia mais duro do que ela se lembrava. A barba por fazer reforçava sua pele bronzeada. Suas altas maçãs do rosto estavam mais esculpidas, e os olhos oblíquos que herdara de sua mãe japonesa se estreitaram. Estaria ele mais magro também? Ela sorriu. — Oi, Ken. — Faith. — Ele fechou a distância entre eles e a envolveu em um abraço. — É bom ver você de novo. A respiração sussurrada dele escovando o seu sensível ouvido. O que ele fazia? Ele deveria ser impessoal e todo negócios. Não envolvê-la em seu perfume masculino e calor, e foder com seu processo de pensamento. Levou todo seu autocontrole para não derreter no seu abraço. Esquecera quão maravilhoso era ser segurada por ele, quão frágil ela se sentia. Ela não retornou o abraço, o seu corpo mais duro do que uma prancha de madeira compensada. Se Ken notou sua falta de resposta, não pareceu incomodá-lo. Ele deu um passo para trás e mostrou sua assinatura, o meio sorriso que fazia uma covinha solitária aparecer. — Quanto tempo passou? — Um ano e, uh — Faith se conteve antes de dizer cinco dias, e cobriu a gafe com uma risada. — Contando. Você está bem.


— A vida tem sido boa. — Ele se inclinou para frente para abrir a porta do passageiro, chamando sua atenção para os músculos deslocando sob a sua camisa. Bíceps ficaram tensos depois relaxaram quando ele agarrou a maçaneta e soltou. Ele olhou para ela, com um sorriso irônico nos lábios como se soubesse que ela o admirava. — Vamos? Faith não se mexeu. — Para onde vamos? — Almoçar. Não se preocupe. Você gostará da comida. Engraçado que ela se esquecera deste lado irritante de sua personalidade, o lado que tinha um poder de desequilibrá-la. Primeiro o convite para o almoço, apesar de sua oposição, e agora ele se recusava a dizer para onde iriam. — Como você sabe que eu vou gostar? — Confie em mim. Vamos? — Ele indicou o interior do SUV de novo, com um brilho nos olhos. Ela confiava nele o suficiente. O problema era que não confiava em si mesma. Suas emoções a dominavam sempre que ele estava por perto. Mas lutar com ele sobre onde comeriam quando o almoço era a última coisa em sua mente era inútil. Ela precisava da ajuda dele e deveria jogar bonito. Faith balançou a cabeça, caminhou passando por ele e deslizou para o banco do passageiro. O cheiro de couro misturado com seu familiar pós-barba almiscarado envolveu-a. Ela fechou os olhos e suspirou, mergulhando nele. Ela se enganava sobre o efeito que este homem tinha sobre ela. A atração ainda estava lá, mais forte. Embora se orgulhasse de ser intuitiva, ela não podia lê-lo ainda. — Como tem passado? — Perguntou ele, se juntando à ela e ligando o motor. Faith abriu os olhos e olhou para ele. — Bem, apenas mantendo-me ocupada. — Ouvi dizer que você vai para Nova Iorque em poucos meses. — Onde ouviu isso?


— Aqui e ali. Em outras palavras, Ashley e Ron discutiram seu próximo desfile na Semana de Moda em sua presença. O que mais eles divulgaram? Ken e Ron eram amigos próximos. — Sim. Eu pretendo ter uma mostra durante a Market Week, mas se sobrepõe à Semana da Moda aqui em LA, então eu irei para Nova Iorque. Ele desacelerou no tráfego. — Ainda pensando em conquistar o mundo da moda? A ligeira zombaria em seu tom não escapou dela. Seu compromisso com a sua carreira foi a desculpa que ela usou para recusar um relacionamento com ele. — Algo parecido com isso — ela respondeu, sem rancor ou pedido de desculpas. — Você ainda curte a liberdade para fazer o que quiser? — Eu tento. — Ele riu. Eles foram para o leste, em seguida, pegaram à esquerda na South Robertson Boulevard, como se fossem para a casa dela, e continuaram para um lado e para o outro até Faith relaxar. Isso mudou quando ele parou no estacionamento do The Haven, um restaurante da moda em Melrose Strip frequentado pelos jovens profissionais e celebridades de Hollywood. — É aqui que nós vamos almoçar? — Ela olhou para o extenso prédio de dois andares e o fluxo de pessoas entrando e saindo. — Eu espero que isso não seja um problema. — Ken pulou, entregou sua chave ao manobrista, em seguida, deu a volta para o lado dela e abriu a porta do SUV. — Você sabe que este lugar é do meu primo. — Sim.


Qual era a do Ken? Fazê-la pagar por aquilo que aconteceu há um ano? The Haven era o único lugar onde ser vista com ele se espalharia como um rastilho de pólvora. — Se tem um problema com isso, podemos comer em outro lugar. Pensei que você queria conversar, e nenhum lugar oferece privacidade como The Haven. Ela não pensou nisso dessa forma. Ninguém precisava saber por que eles estavam juntos. Se isso se tornasse um problema, ela sempre poderia dizer que o encontrou por acaso e eles decidiram almoçar juntos. — Não é um problema. Fiquei surpresa, isso é tudo. — Faith desceu e permitiu que ele a conduzisse à entrada. Seu primo, Chase, fez um trabalho incrível com o prédio. Antes de assumir o controle, era um restaurante chinês. Ele não só mudou o nome, ele remodelou e redecorou. Boa propaganda atraía clientes, mas os serviços excepcionais e comida maravilhosa, salas de jantar privadas para festas, salas VIPs e gazebos para jantares românticos os fazia voltar uma e outra vez. As múltiplas entradas e saídas para as celebridades e dignitários entrarem e saírem despercebidos não eram ruins também. The Haven era um dos pontos mais quentes em L.A. Faith sufocou um gemido ao ver sua prima, Liz, na entrada, recebendo os clientes no interior. The Haven era como uma fazenda de trabalho dos Fitzgerald. A maioria dos parentes jovens na faculdade trabalhava lá a tempo parcial e fofocavam sobre as estrelas que viam. Liz estava no topo da cadeia de fofocas, o que significava que o clã Fitzgerald saberia que ela estava com Ken em uma questão de dias. — Hey, Faith — disse Liz. Então seus olhos estalaram e ela gritou: — Ken! Que surpresa ver você. — Ela abraçou-o, segurando-o um pouco mais de tempo e mais apertado do que o necessário, observou Faith. Ken lhe lançou um olhar desnorteado, indicando que não reconhecia Liz, mas Faith apenas deu de ombros. Liz soltou-o tempo suficiente para acrescentar: — Nós não te vemos desde o casamento de Ashley.


Reconhecimento amanheceu no rosto de Ken. — Me mantive ocupado. — Obviamente, não muito ocupado para Faith — Liz brincou, fazendo beicinho. — Nós nos deparamos um com o outro e decidimos almoçar, Liz — Faith mentiu em um tom que não convidou mais perguntas. Ken lançou um olhar zombeteiro, que ela ignorou. — Você poderia nos levar à uma mesa? — Um dos gazebos — Ken corrigiu, aproximou-se de Faith, e descansou a mão em sua cintura. Os olhos de Liz se arregalaram, obviamente entendendo mal o seu gesto. — Eu verei o que posso fazer. — Ela levantou a mão até a orelha e falou baixinho no microfone escondido em seu pulso, mas seus olhos ficaram sobre eles. — Vamos precisar de alguns minutos — Liz disse a eles. — Por que não esperam no lounge? Vou buscá-los assim que um gazebo se tornar disponível. Faith permitiu que Ken a levasse para os sofás e cadeiras de couro cor de vinho do lounge. O bar ao lado estava fechado até às quatro horas, mas um garçom trouxe-lhes água, que Faith tomou um gole enquanto se perturbava. Ken estava sendo impossível. Uma coisa era trazê-la aqui, mas outra bem diferente era agir como se houvesse mais acontecendo entre eles. Ela não sabia quanto tempo poderia aceitar antes de retrucar. Ken parecia contente, estudando-a como se fosse um quebra-cabeça, o qual ele planejava resolver. Faith se mexeu, desejando que ele dissesse alguma coisa para quebrar a tensão. Pareceu uma eternidade antes de Liz se aproximar deles segurando dois menus. — Um gazebo ficou disponível. Eles seguiram-na passando o piso principal lotado para o pátio e as áreas de refeições ao ar livre com guarda-sóis e gazebos.


— Você quer que eu diga à Chase que você está aqui? — Perguntou Liz tão logo eles sentaram. Faith balançou a cabeça. — Não, isso não será necessário. Liz piscou. — Ok. Aproveite o seu almoço. Um garçom apareceu para tomar os seus pedidos. Faith decidiu em salada de salmão e café caramelo gelado. Ela não achava que podia comer muito em seu atual estado nervoso. Ken pediu filé mignon com fritas, fatias de batata assada, e bolinhos de caranguejo. Ele acrescentou um refrigerante grande. Em poucos segundos, as bebidas foram colocadas em frente à eles. — Então, o que eu posso fazer por você, Faith? — Perguntou Ken, tomando um longo gole de sua bebida. Faith tirou os óculos de sol, dobrou-os, e colocou-os dentro de sua bolsa, seus movimentos lentos e deliberados. Liz deu à eles o gazebo do canto com uma parede de tijolos atrás de Faith e outra ao lado deles, mas as cortinas de entrada estavam amarradas para trás, dando-lhes uma visão da área de refeições externa. Ela olhou para os outros clientes para se certificar de que eles se concentravam em sua própria comida e conversa. — Eu quero contratá-lo para roubar alguns designs do escritório do meu concorrente — disse ela. Ken engasgou com a bebida e começou a tossir. — O quê? — Eu quero contratar você... — Eita, não repita. Eu entendi da primeira vez. — Ele olhou para as mesas mais próximas para se certificar de que sua voz não chamara a atenção. Algumas pessoas olhavam na direção deles. Levantou, desfez o nó que segurava as cortinas da entrada do gazebo, de modo que o material branco cedeu, dando privacidade total a eles. Ele encarou Faith com um olhar duro quando sentou.


— Por que você quer que eu faça uma coisa dessas? — Ele perguntou, não mascarando seu choque. — Porque ele roubou meus designs, e eu quero a prova para que eu possa planejar meu próximo passo. O alívio que correu por Ken deixou-o tonto. Ele engoliu a bebida, desejando que fosse algo mais forte. Ele encarou a mulher alucinante na frente dele. Por que ela sempre jogava a ele uma bola curva6 quando ele menos esperava? — Por que você apenas não disse isso primeiro? Ela encolheu os ombros. — Eu precisava chamar sua atenção. Isto não é uma brincadeira ou um jogo para mim. Eu preciso de sua ajuda. Ríspida como sempre. Ele desfrutava do conhecimento de que ela precisava dele para alguma coisa, que ele a tinha exatamente onde queria. Apenas não esperava isso. Arrombamento e invasão para a obtenção de propriedades roubadas era um dos serviços que sua equipe oferecia aos clientes, assim como seus concorrentes ao longo da Costa Oeste. — Por que eu? — Você é bom no que faz e eu quero o melhor. Ken riu. Silêncio seguiu. Em seguida, ela se inclinou para ele novamente, o movimento distraindo-o por atrair sua atenção para o decote dela. — Ken, quando eu decidi que não queria um relacionamento... — Comigo — ele forneceu, recordando suas palavras exatas. Relutantemente seu olhar voltou ao requintado rosto emoldurado por ricos cabelos ruivos. — Com qualquer um — ela corrigiu, falando através de seus dentes. — Minha decisão não teve nada a ver com você, pessoalmente. Eu estava 6 Expressão que indica uma questão particularmente difícil, obstáculo ou problema. Assim chamada após um arremesso de beisebol igualmente complicado.


em uma fase da minha carreira em que eu não precisava da distração. Ainda não preciso. Agora, ele foi reduzido à uma distração. Quando se tratava de seu relacionamento, ou a falta dele, tudo o que ela dizia o irritava. — Então somos dois. — Então é uma coisa boa que tiramos isso do caminho. — Bom. Sobre o seu pedido, você sabe que arrombamento e invasão por si só é um crime? — Ele perguntou, levantando uma sobrancelha em questionamento. — No entanto, você faz isso o tempo todo para os clientes que procuram soluções sem se preocupar como você as alcança. Engraçado como era seletiva a sua memória. Ela lembrava o que ele dissera sobre sua empresa, mas não o que disse a ele sobre seu relacionamento. — Claro, quando eu concordo em assumir um caso. Não concordei em assumir o seu. Ele parou de falar quando o garçom trouxe a comida. Ele sabia que estava sendo um cara durão, mas ela não deveria supor que ele saltaria obstáculos para ajudá-la, apenas porque ela implorou com aqueles olhos azuis misteriosos e deu um sorriso sexy. Ken cortou o bife e colocou um pedaço na boca. Ele precisava estar no seu melhor quando lidava com esta mulher, e ele sempre focava melhor com o estômago cheio. — Ok. Diga-me o que está acontecendo. Ela pôs a bebida na mesa. — Cinco anos atrás, depois que eu terminei de estudar na Parson School of Design, Sean O'Neal me contratou como estagiária. Depois de um ano, ele me fez uma de suas designers assistentes. Eu pensei que teria a chance de mostrar o meu talento, usar meus próprios designs, mas você tinha que fazer as coisas à maneira dele ou estava fora. Ele era o mestre, e nós, seus alunos. Eu estava sufocada. Comecei a desenhar por fora. Eu não fazia ideia que ele sabia o que eu fazia até que descobri que ele usou meus designs para


adquirir um empréstimo para expandir sua linha de roupas. Eu o confrontei e as coisas ficaram feias entre nós. Seu apetite desapareceu. Ele odiava as pessoas no poder, que abusavam de sua posição e pisavam nos subordinados. Ou aqueles que cobriam sua incompetência transferindo a culpa quando as coisas davam errado. Pessoas como essas eram a razão de sair do Bureau. A voz de Faith subia e descia, às vezes tremendo de raiva, mas seu olhar não deixou o dele. Ela terminou com: — Depois que a Sra. Riggins saiu, eu percebi que ele pode ter toda a minha coleção de outono, o que significa que não serei capaz de ter uma mostra nesta primavera. Ou se eu seguir em frente, todo mundo assumirá que copiei seus designs. Ken queria pregar o bastardo na parede. Assim que o pensamento cruzou sua mente, ele recuou, lembrando-se com quem ele lidava e quão facilmente ela poderia foder com a cabeça dele. Não podia se dar ao luxo de ficar preocupado por causa dela. — Por que não o expôs quando ele roubou de você antes? — Seria a palavra dele contra a minha. Eu não era ninguém quando ele já era um nome conhecido. Pelo menos agora, algumas pessoas podem atestar por mim. — Não acho que roubar dele é uma boa ideia. Ela fez uma careta. — Por que não? — Você precisa de mais do que uma mulher alegando que ele fez exatamente o mesmo vestido que o seu. Você precisa saber se ele tem a sua loja sob escuta ou se alguém em sua loja trabalha para ele. Faith piscou como se a ideia nunca lhe ocorresse, então os ombros caíram. Ele não poderia explicar por que a expressão derrotada em seu rosto o incomodou. Apesar de seu desejo de permanecer indiferente, algo mudou dentro de Ken. Seu passado tornou-se insignificante. Seu reflexo instintivo de proteger os inocentes veio à tona.


Ele estendeu a mão, cobriu a mão dela e apertou. Imediatamente se arrependeu do gesto. Sua pele macia o lembrou de outras partes macias do seu corpo, lugares que apenas um amante conhecia. Sentiu uma agitação atrás de seu zíper e retirou a mão como se escaldado. — Pensarei sobre isso e chegarei a uma estratégia — disse ele. — Isso significa que você pegará o caso? — Sim. Um sorriso radiante iluminou seu rosto. — Obrigada. Ele não queria nada desta mulher, incluindo gratidão. Na verdade, desejava ter tido essa discussão em seu escritório, mantendo as coisas oficiais e profissionais. Mas não, ele esperava mostrar a ela com vinho e jantar que ela fez uma boa coisa ao descartá-lo. Péssimo movimento de sua parte. A partir de agora, ele a trataria como qualquer outro cliente. Ele voltou para sua comida, seus pensamentos nas diferentes maneiras em que poderia resolver rapidamente o problema dela e com o mínimo de contato cara-a-cara. Como se entendesse que ele precisava ser deixado sozinho, Faith não falou também. Ela se concentrou em sua salada. Quando a deixou em seu carro mais tarde, ele não se demorou. — Eu estarei em contato — disse ele. Ela agarrou o braço dele antes que ele pudesse ir embora. — A Semana de Moda é em fevereiro, Ken. Não tenho muito tempo. Ele olhou incisivamente para ela e chegou a uma decisão. — Eu não ia falar isso, mas quantas pessoas têm acesso a seus designs antes de serem transformados em roupas? — Minha assistente e vendedora, Molly Bolden. Deidre Jamison, a designer de joias cujos produtos eu vendo em minha loja. Ela customiza suas peças para combinar com cada design de roupa, por isso, tende a colaborar. As três costureiras que eu uso chegam a ver os padrões e o toile, mas elas assinaram um acordo de confidencialidade.


Ele não tinha ideia do que era um toile, mas a assinatura de contratos não significava nada para um ladrão. — Você já falou com elas sobre O'Neal? — Ainda não. — Não fale, apenas no caso de uma delas ser a espiã dele. Não quero que você confie em ninguém agora. E, se possível, não deixe designs espalhados. Deixe-me pensar em um plano, então passarei para discutir o assunto. Ela assentiu com a cabeça. — Ok. Ele não se moveu até que ela entrou em seu carro e foi embora. Apesar do que disse a ela, ele planejava invadir os escritórios da O'Neal e fotografar os designs do homem. Precisava apenas planejar os detalhes.

*** Ken rolou a mesa portátil embalada com os computadores que ele usara no trabalho da Braun para a sala principal de seus escritórios. Seus funcionários irromperam em aplausos, incluindo Sly, que converteu a área de espera dos visitantes em sua estação de trabalho por causa do gesso. — O quê? — Perguntou Ken, estacionando a mesa contra a parede. — Você encerrou o casou Braun antes do previsto — disse Duncan. Ele era o mais velho de seus empregados, um ex-militar bom com dispositivos e vigilância sempre que precisavam deles. — Wheeler acabou de ligar. Ele recebeu o seu e-mail. — Ele quer falar com você sobre outro caso SEC — acrescentou Lucy. — Eu liguei primeiro — disse Duncan. Ken assentiu. — Precisarei da sua ajuda para recuperar os nossos dispositivos de áudio e vídeos da corretora. Sly, eu sei que você precisa


de mais espaço para esse gesso, portanto, use o meu escritório em vez do sofá. Onde está Rodriguez? — Terminando o caso de reclamação por danos — disse Lucy. — Pelas fotos que Rod enviou, o homem foi gravemente chicoteado. Falamos de fisioterapia, medicação para a dor, relaxantes musculares, todas as nove jardas7. Sua alegação não é definitivamente fraudulenta. De qualquer maneira, a empresa que o homem processava pagaria muito. — Quando Rodriguez entrar, nós vamos ter uma breve reunião. Lucy, venha ao meu escritório, por favor. Sly, nos dê alguns minutos. Ele entrou em seu escritório com Lucy logo atrás dele. Fechou a porta, sentou na borda de sua mesa, e cruzou os braços. — Quanto você sabe sobre a alta moda? — Perguntou. Lucy esteve com ele por um longo tempo e ele podia confiar nela com praticamente qualquer coisa. — Eu sei que não posso pagar com o meu salário atual — ela brincou. Ken sorriu. — Boa tentativa. O que você sabe sobre Sean O'Neal? Lucy franziu a testa. — O designer? — Sim. — Além do fato de ser um designer respeitado e independente, acho suas roupas muito práticas de usar. Quando começou, ele desenhava para um determinado tipo de corpo — indicou seu corpo curvilíneo. — Agora, eu não entendo a sua visão. Mas vende, ainda que seja uma pena. Agora, a sua amiga que estava aqui antes, eu poderia me ver vestindo as coisas que ela desenha. Ken franziu a testa. — Você conhece o trabalho da Faith?

7 Equivalente à frase Tudo o que estiver disponível. Não tem nada a ver com futebol. Na verdade, a frase vem do fato de que aviões de combate são equipados com correia alimentadas com metralhadoras. Quando as correias são colocadas antes do carregamento, elas medem nove jardas de comprimento. Se um piloto esvaziar as armas de seu avião em um alvo, ele daria todas as nove jardas.


— Eu passei em sua loja alguns meses atrás e gostei do que ela tinha em exposição. Vocês dois conversaram? — Sim. Você pode ver o que consegue descobrir no O'Neal? Você sabe, como começou no negócio, quais lojas levam sua linha e amostras de seu trabalho. Por favor, mantenha isto em segredo. Além disso, entre em contato com o Premier Courier Service8 para pegar o cartão de memória para o SEC. — Ele foi atrás de sua mesa, puxou uma gaveta, e recuperou um envelope. Lucy pegou o envelope e cartão de memória dele. — Seu interesse em O'Neal e seu trabalho tem algo a ver com a Senhorita Fitzgerald? — Sim. — Ele aprendeu há muito tempo a ser sincero com Lucy. Ela costumava ver através de suas mentiras imaturas, chamava de intuição de mãe, porque tinha muita prática com suas duas meninas. Ken a conhecia. Lucy prestava atenção aos detalhes e tinha um talento especial para ler as pessoas, o que era muito importante quando falavam com um potencial cliente. — Diga a Sly para entrar aqui. — Ela está em algum tipo de problema? Lucy também não sabia quando obedecer ao chefe e deixá-lo sozinho. — Nada que eu não possa lidar. Consiga-me a informação sobre O'Neal o mais rápido possível. — Seu tom saiu afiado. — Você sabe que estamos aqui se precisar de ajuda — acrescentou ela, e não se moveu com a sua explosão. Ele estudou-a com os olhos estreitados. — Depois de tudo que você fez por nós é o mínimo que podemos fazer. Ken beliscou a ponte de seu nariz. — Lucy...? — Está tudo bem. Terminei. Eu conseguirei o que você precisa. — Ela saiu da sala, mas não antes de Ken ver a carranca em seu rosto. Como ela sabia que Faith era a mesma Senhorita Fitzgerald do ano passado? Ele disse a ela que esperava um telefonema de uma Senhorita

8 Serviço de entregas


Fitzgerald e por dois dias seguidos perguntara: — Ela ligou? — Ela deve ter ido à loja de Faith depois disso. Lucy era como uma mãe ursa com aqueles com quem se preocupava, assim que algo sobre essa visita deve tê-la convencido que Faith não era uma má pessoa. Ken se acomodou atrás de sua mesa, ligou o computador, e esperou impacientemente que o sistema começasse a funcionar. Era hora de conhecer o contraditório O'Neal.

***

Faith cambaleou até a porta, equilibrando um saco de papel de comida chinesa em seu braço, sua sacola cheia com blocos de desenho, as seleções de tecido, e musselina, e um dress-form9 sob o outro braço. Destrancou a porta, destravou o alarme, e levou a carga para a área de cozinha. Ela se jogou no banco mais próximo e deu um suspiro longo e profundo. O dia foi muito produtivo, mas ainda tinha uma longa noite pela frente. A conversa com o seu pessoal correu bem assim como a sessão de ajustes com a Sra. Ferreira, que estava na cidade para seu cabelo e unhas. Faith não precisou dirigir para a casa dela depois de tudo. Mas tinha duas dezenas de novos esboços baixados em seu laptop, para que a mulher visse os produtos acabados em um modelo virtual. O software de desenho cortou o tempo de consulta pela metade, embora resistisse a usá-lo por tanto tempo. Ainda preferia esboçar com a mão antes de transferi-los para o computador. Ela retirou as caixas de viagem do saco e o aroma picante de Kung Pao chicken e vegetais refogados enchiam sua cozinha. Assim que colocou a comida em um prato e se serviu de um copo de vinho, Faith se

9

Ou manequim vetor


escorou em um canto no balcão em forma de L e puxou o bloco de desenho de sua bolsa. Ela ficou ocupada, comendo e trabalhando. O interfone do portão tocou e a interrompeu. Ela estendeu a mão e apertou o botão do intercomunicador para falar com o guarda de segurança. — Sim? — Há um Sr. Lambert para ver você, menina. Devo deixá-lo entrar? Seu estômago mergulhou. Ela olhou para o relógio. Era quase dez horas. Como ele sabia onde ela morava? — Sim, deixe-o entrar. O coração dela acelerou. Ela deixou a cozinha e seguiu para o banheiro mais próximo, fora sua sala de estar. Ela parecia uma bagunça. Ela lavou a boca, colocou um pouco de brilho, e penteou com os dedos o cabelo na altura dos ombros. Quando a campainha tocou, ela estava longe de pronta. Limpou as mãos em suas calças e correu para a porta. Por força do hábito, espiou pelo olho mágico. Ken encarava a porta.


CAPÍTULO 3 Seu coração batia a um ritmo desigual quando ela abriu a porta e o encarou. — Não é um pouco tarde para negócios, Ken? — Não na minha linha de trabalho. Você me convidará para entrar? — Sua voz era calma, mas seus olhos brilharam. — Isso depende se você pretende gritar comigo ou não. Foi um longo dia. — Eu não grito. Estou curioso, isso é tudo. — Sobre? Ele olhou para a esquerda e depois à direita, nas portas fechadas dos vizinhos. — Você quer ter essa conversa aqui fora? A comunidade do condomínio fechado era muito unida, e ela não queria seus negócios lá fora, então isso significava deixar este homem enlouquecedor obter o seu caminho. Ela deu um passo para trás e deulhe espaço para entrar. Assim que entrou, ele se virou e cruzou os braços, sua postura ampla, penetrantes olhos verdes fixos nela. Faith não se intimidou com o seu gesto. Seus primos eram tão altos, fortes, e falantes, e ela nunca desistiu de bater cabeça com eles. — Desculpe-me, eu estava bem no meio do jantar — disse ela e contornou-o. Ele estava atrás dela conforme se dirigia para a cozinha. Sua comida estava fria e ela ainda estava com fome. Ela pegou o prato, colocou-o no forno micro-ondas e apertou os números. — Você quer algo para beber, comer? — Não. — Então, o que não podia esperar até horas normais? — Você mentiu para mim.


Faith piscou e virou para encará-lo. — Desculpe? — Você não apenas trabalhou para O'Neal, estava comprometida com ele. Faith suspirou. De alguma forma, ela sabia que ele não gostaria dessa parte, de modo que omitiu em sua narrativa durante o almoço. — Não achei que era relevante. — Você não achou que... — ele murmurou uma maldição, pressionou as palmas das mãos no balcão da cozinha, e prendeu-a com um olhar. — Nunca aceito um caso a menos que eu conheça todos os jogadores e como eles estão conectados. Eu odeio ser pego de surpresa. Você foi amante dele por quatro anos, como isso poderia não ser relevante? — Ele gritou. — Eu trabalhei para ele por quatro anos — ela retrucou. — Estivemos envolvidos por um ano e noivos por cerca de um mês. Não é exatamente um período da minha vida que eu tenho orgulho, ok? E não se atreva a levantar a sua voz para mim, Kenneth Lambert. — Além de ser amante dele — ele continuou, num tom mordaz, vários decibéis a menos. — O que mais você deixou de fora? Faith balançou a cabeça, a luta escoando para fora dela. — Não faça isso, Ken. — Não fazer o quê? — Dar-me um tempo difícil sobre um erro que venho me arrependendo nos últimos cinco anos. — Você não comete erros, Faith. Você é muito inteligente e teimosa para se arriscar. Ela cruzou os braços e inclinou a cabeça. — O que você quer de mim? — A verdade. Faith respirou fundo. — Eu era ingênua quando Sean me escolheu e começou a mostrar uma atenção especial para mim. Amigos famosos e


clientes de classe A me cegaram para o fato de que ele era errado para mim. Com o passar dos meses, eu sabia que havia cometido um erro, mas não podia sair. Todo mundo o amava. Todo mundo achava que nós éramos perfeitos juntos. — Quem diabos é todo mundo? — Ken rosnou. — Você conheceu minha família durante o casamento de Ron e Ash. Eles são muitos, ruidosos, e pensam que sabem o que é melhor para mim, especialmente minhas tias. Quando ele propôs, ele falou com a tia Viv primeiro, como se ela fosse minha mãe ou algo assim. Ele sabia o quanto a aprovação dela significava para mim, e usou isso para conseguir o que queria. Até o momento em que me pediu em casamento, tia Viv estava a bordo, planejando nosso casamento. Ninguém vai contra a vontade dela. — A voz de Faith tremeu, frustração e impotência com as lembranças fluindo através dela. Ela raramente perdia o controle, mas quando o fazia, lágrimas seguiam. A última coisa que queria fazer era chorar na frente de Ken. Ela respirou fundo e deixou a raiva escorrer para fora dela. — Eu estava presa. Pegá-lo roubando meus designs me deu a coragem para fazer as malas e ir embora. — Ela inclinou a testa. — Quem você acha que minha tia culpou pelo fiasco do noivado? Eu. Ken enfiou as mãos nos bolsos da frente da calça, com a testa franzida. — Sinto muito por fazer disso um grande negócio. Como eu disse, eu odeio surpresas. A expressão contrita dele puxou as cordas de seu coração, mas ela parou de falar. Já falara demais. — Bem, agora você sabe. Você pode sair. Faith pegou o prato de comida chinesa do forno micro-ondas e seu copo de vinho, marchou por ele para a sala de jantar e sentou-se em uma cadeira. A comida tinha gosto de serragem, mas se obrigou a mastigar, saborear o vinho, e engolir. Esperou ouvir a porta se fechar atrás de Ken. Ele apareceu em sua visão periférica. Seus olhos se arregalaram quando ele assumiu a cadeira do outro lado da mesa e colocou a caixa


para viagem restante com o Kung Pao chicken na frente dele. Ele abriu um pacote de pauzinhos e começou a comer. Sua arrogância poderia ser agradável, só que não esta noite. — Esse é o meu jantar — ela reclamou. Ele lançou um sorriso de desculpas. — Eu sei, mas estou morrendo de fome e isso estava lá, me implorando para comê-lo. Você sabe — ele apontou o ar com os pauzinhos, — eu passei a maior parte desta tarde e parte da noite lendo sobre o idiota O'Neal só para você, então pega leve comigo. Comprarei o jantar na próxima vez. — Quem disse que haverá uma próxima vez? — Eu. Você e eu vamos trabalhar em conjunto nas próximas semanas. — Estou muito ocupada para ajudá-lo com sua investigação. — Estou ocupado também, mas aqui estou. Ela não queria trabalhar com ele. Suas covinhas irresistíveis e o brilho encantador nos olhos dele mexeriam com ela, mais uma vez. E ela com certeza não queria ser lembrada do que desistiu. Ela franziu o rosto e estudou-o, tentando avaliar o que ele realmente fazia. Por que ele iria querer ela envolvida? Ele não pensava muito bem dela por causa de seu relacionamento com Sean. Pela exibição anterior, ele não confiava nela também. Faith tentou pensar em outra desculpa do por que eles não deveriam trabalhar juntos e não conseguiu. Ela não tinha nenhuma prova de que sua coleção de outono foi comprometida, o que significava que não precisava começar a desenhar novos designs ainda. Quase engasgou com o vinho ao encontrar os olhos famintos de Ken sobre ela. Ele já havia acabado de comer e parecia achar todos os seus movimentos fascinantes. Ficando irritada novamente, ela perguntou: — Você quer um pouco de vinho? — Não esta noite. Então, qual é o negócio entre a sua tia e seu ex?


Faith estremeceu. — Não chame ele assim. — Ok, qual é o negócio com o idiota? Pelo que li, sua tia patrocina um monte de desfiles dele. Era por isso que ela não pedia à tia para patrociná-la na Semana de Moda. — Minha tia é uma filantropa. Os artistas locais, designers e dançarinos se beneficiaram de sua generosidade, mas o caso de Sean é especial. Ele é parente de seu segundo marido. — Ela sorriu, lembrando o que ela e seus primos disseram muitas vezes sobre a sua tia. — Você sorriu — disse Ken, chamando sua atenção. Ela franziu a testa. — Então? — Então, eu acho que não vi um sorriso genuíno tocar seus lábios desde que nos encontramos esta manhã. O que é engraçado? Ela balançou a cabeça. — Não é nada, apenas uma piada interna. — Prometo não contar à ninguém. Aquele sorriso dele a conquistava toda vez. — Meus primos e eu sempre dizemos que minha tia é tão má que seus maridos morrem para escapar dela. Eu sei, é uma coisa terrível de se dizer — acrescentou ela, quando seus olhos se arregalaram. — Mas você precisa conhecê-la para entender. — É por isso que você tenta agradá-la? Ela não deveria ter confessado essa parte quando o procurou mais cedo. Ele não precisava saber do tratamento cruel de Viv para com a sua mãe só porque sua mãe trabalhou como showgirl10 em Las Vegas antes de se casar com seu pai. Ou que Faith culpara sua tia pelas terríveis brigas que seus pais tinham sempre que vinham visitar Los Angeles. Seu pai nunca entendeu o que sua mãe passou. Então, houve coisas que Faith supôs ser dito por sua tia. Coisas más que machucaram Faith e

10 Dançarina


encheram sua cabeça com dúvidas sobre sua mãe, seu pai, sua identidade. — Faith? — Ken falou suavemente. Ela encolheu os ombros. — Tia Viv é família. É claro que eu quero que ela se orgulhe de mim. — Ken abriu a boca para falar, mas ela continuou. — Eu acho que é hora de você ir, Ken. Tenho muito a fazer hoje à noite. Ele olhou para o relógio. — É quase onze. — Eu trabalho até tarde. — Ela levou seu prato para a pia da cozinha e enxaguou-o. Quando se virou, quase esbarrou em Ken. Seu coração falhou, e ela deu um passo apressado para longe. Não que isso importasse. Seu cheiro, o calor de seu corpo saltou através do espaço para engoli-la. Ele cheirava bem. Masculino. Pura tentação. Só que ela não tinha intenção de degustar. O que quer que eles tiveram estava no passado. Ainda assim, Faith observou-o com cautela enquanto ele despejava as caixas de papelão e os pauzinhos no lixo. Mesmo ela gostando dele estar limpando, sua facilidade em sua casa surpreendeu-a. Ela precisava criar alguma distância entre eles, colocá-los de volta em uma base de negócios. — Não discutimos quanto você cobra para o trabalho que fará para mim — ela disse. Ken encostou-se ao balcão e deu de ombros. — Depende dos riscos envolvidos. Por agora, eu trarei um formulário para você assinar. Faith franziu a testa, não gostando de sua imprecisão. — Não se preocupe. É um modelo de contrato entre duas partes. Que horas o seu pessoal sai para o almoço? — De uma às duas. — Quantos cômodos têm?


— Além do piso principal da loja e os dois vestiários, tenho a sala de espera, onde me encontro com os clientes e faço ajustes, meu escritório, e, claro, a sala de costura. — Dê ao seu pessoal uma pausa adicional de trinta minutos. Isso deve dar-nos uma hora e meia para fazer uma varredura TSCM11 de toda a loja. Isso significa... — Contramedidas de fiscalização técnica, eu sei. Ashley me contou o que você fez para encontrar escutas em sua casa. — É basicamente a mesma coisa. Devemos estar lá antes da uma. Você acha que poderia me enviar os currículos de todos os que trabalham para você, incluindo a designer de joias? Quero correr uma verificação de antecedentes em todos eles. — Ele pegou o lápis que ela deixou no balcão, e antes que pudesse detê-lo, pegou um dos croquis que desarrumavam o balcão em forma de L. — Se importa se eu usar isso? — Uh, não. — Apenas não olhe para o croqui. Ela não gostava de pessoas vendo seus designs antes de serem concluídos. — Este é o meu endereço de e-mail. — Ele rabiscou na parte de trás. — Certifique-se de enviar seus telefones celulares atuais e números de casa. Nós daremos a eles algo que podem usar, então, acompanhar seus telefonemas para ver para quem eles ligam. — O que quer dizer algo que podem usar? — Faith pegou os croquis descartados que podia alcançar e esperou que Ken não percebesse o que fazia. — Nós queremos que eles saibam que procuramos dispositivos de escuta. Se um deles trabalha para O'Neal, podemos pegá-lo em flagrante. Diga a eles o que está acontecendo quando chegarmos lá, mas não mencione o nome de O'Neal. — Ok. Posso ter esse papel agora, por favor?

11 Technical Surveillance Counter-Measures


Como se percebesse os papéis que ela apertava contra o peito, Ken virou um na mão e estudou o croqui. Ele se agachou, pegou alguns no chão e examinou-os também. — Esses são rejeitados — explicou ela, não gostando dele não dizer nada. — Depois de ver os designs do idiota, eu posso ver por que ele iria querer roubar os seus. — A reverência em sua voz era inesperada. Calor espalhou dentro dela. — Obrigada. Ela olhou para cima e sua respiração ficou presa. A intensidade em seus olhos era muito familiar. Era o que ele usava logo antes de puxá-la nos braços e beijá-la loucamente. O riso desapareceu dos lábios de Faith. Calor subiu em seu corpo e reuniu abaixo em sua barriga quando tensão enrolou firmemente em torno deles. Quando Ken se inclinou para ela, seu olhar se fixou com o dela, os lábios entreabertos em antecipação. Proválo novamente seria celestial. Seu coração batia com o pensamento. Ken parou e lentamente se afastou, com um sorriso sardônico enrolando os cantos dos lábios. — Boa noite, Faith. Não se esqueça de me enviar por e-mail os currículos, logo na parte da manhã. Sua voz estava muito alegre, como se estivesse satisfeito consigo mesmo. Muito mortificada para dizer qualquer coisa, Faith observou-o colocar os desenhos no balcão e pegar as chaves. Ele contornou o balcão e pavoneou em direção à porta da frente sem olhar para trás, em seguida, desapareceu de sua vista. A porta clicou atrás dele. Um motor rugiu, em seguida, desapareceu. Só então ela afundou no banco mais próximo e colocou os braços em volta dela. Por que não conseguia controlar suas emoções em torno desse homem? Um olhar e ela tremeu. Um beijo e teria implorado para ele fazer amor com ela. Pior, ele sabia que ela ainda o queria. O que pensava quando deixou Ken voltar à sua vida?


*** Ken tomou um gole de café, seu olhar firme visando a entrada do edifício em frente ao bistrô. Ele tinha a mesa perfeita, a câmera escondida em seus óculos de sol capturava imagens com cada clique do controle remoto RF12 que segurava em sua mão esquerda. A garçonete colocou um prato fumegante de waffles de chocolate e calda de blueberry na frente dele com um sorriso amigável. Ele agradeceu e comeu, saboreando cada mordida. Repetia a noite de ontem em sua cabeça, o que enviava uma onda de luxúria através dele. Faith o queria. Ela podia negar, cobrir com sua aparência fria, mas ele não confundiu o desejo ardente em seus olhos. Ele poderia ter aceitado a oferta, usado o sexo para mostrar o que ela perdeu, mas ele queria mais do que um alívio físico da deliciosa designer. Ele queria que Faith precisasse dele. Não como um I.P13, mas como um homem. Tudo o que ele sempre quis na vida ele conseguiu. Alguns poderiam dizer que ele teve sorte, outros podiam atribuir a estar no lugar certo, na hora certa, mas ele sabia que isso vinha de muito trabalho, cuidadoso planejamento, e perseverança. Ele tinha uma segunda chance com Faith e recusava-se a tornar isso uma rapidinha. Seu celular tocou. Ele viu o número dela e sorriu. — Hey, querida? — Percebeu seu erro quando ela não respondeu de imediato. — Faith? Ela limpou a garganta. — Eu só queria que você soubesse que mandei por e-mail os currículos. — Bom. Eu terei o meu pessoal começando neles. Você já está em sua loja? — Sim. Por quê?

12 Radiofrequência 13 Investigador Particular


Ele olhou para o relógio. Era 08:45. — Você não abre até as dez, certo? — Sim. — Quer tomar café comigo? Silêncio seguiu o seu convite. Ele podia ouvir as rodas girando atrás de seus lindos olhos azuis. — Waffles de chocolate com chantilly e morango fatiado no topo — acrescentou. O favorito dela. — Eu passarei, mas obrigado pelo convite. — Posso levar aí — acrescentou, não incomodado com o fora. — Talvez na próxima vez. Eu já tomei o café da manhã. Até logo. Tchau. Ken riu da maneira apressada de suas palavras. Ela não facilitaria as coisas para ele. Isso estava bem, ele não se importava. Paciência era seu nome do meio. Ken terminou sua refeição em um ritmo calmo, em seguida, deixou cair o controle remoto RF de volta no bolso, pegou as chaves e saiu do bistrô. Mãos nos bolsos, cabeça baixa e ombros curvados, ele ignorou a miríade de pessoas correndo de um lado para o outro na área da moda de LA e se dirigiu para seu carro. O frio de novembro rastejou para debaixo de sua pele. Ele deveria ter trazido um casaco. LA poderia ser tão imprevisível nesta época do ano. Menos de 30 minutos depois, ele estava do lado de fora de seu prédio, assobiando enquanto ia até o elevador e para a sua empresa. — Bom dia, Lucy. Onde está todo mundo? — Ele foi para a máquina de café escondida em um nicho atrás de sua mesa. — Rod está em seu caminho de volta — disse sua assistente. — Duncan investiga suas novas escavações. Ele encontrou um andar vazio no prédio ao lado dos escritórios da empresa.


Esperançosamente, ele não seria enfiado em um armário de vassouras como esteve no último trabalho. — Eles retiraram os dispositivos de monitoração eletrônica escondidos do Braun? — Na noite passada. — Ela olhou para Hailey, ao fundo, e acrescentou em voz baixa: — Eles precisarão dela para concluir a parte da segurança, de preferência antes de hoje à noite. — Você disse à ela? Lucy balançou a cabeça e torceu o nariz. — É impossível ter uma conversa com a garota. Ela mal fala com alguém e sempre tem seu iPod ligado e fones de ouvido obstruindo seus ouvidos. Ken balançou a cabeça. Lucy e Hailey eram de gerações diferentes e não concordavam sobre muitas coisas, incluindo o código de vestimenta do escritório. Ken não se importava com o que seu pessoal usava para trabalhar, enquanto trabalhassem juntos e tivessem um trabalho feito. — Vocês duas precisam aprender a conviver. Como a mais velha e mais sábia das duas, eu espero que você inicie o diálogo. Lucy deu um longo suspiro e um aceno de cabeça. — Hailey? — Ele gritou. A menina com cara de duende olhou para cima de sua tela de computador. Com o preto cabelo curto preso em dois rabos de cavalos em ambos os lados de sua cabeça, franja acima de sua sobrancelha arqueada, um piercing no nariz e gritantes tatuagens escuras contra sua pele pálida, ela poderia passar por uma rebelde do ensino médio. Aos 21 anos de idade era a melhor hacker com quem ele já trabalhou. — Eu tenho o esquema — disse ela. — Você quer dar uma olhada? Ken andou para o lado dela. Ela tinha um projeto de arquitetura 3D de um edifício com sistemas mecânicos, elétricos e hidráulicos codificados por cores. A especialidade de Hailey era acessar qualquer sistema de segurança do prédio e colocar o circuito em um loop, assim o seu pessoal poderia entrar e sair sem que ninguém soubesse que eles


estavam lá. Ela também era uma carteirista incrível. Foi assim que a conheceu. — Eu não terei qualquer problema em acessar o feed da segurança — disse ela. — Bom. Você sabe o que fazer. Vá com os caras hoje à noite e arrume as coisas — disse ele. — Agora, eu preciso da sua ajuda com um novo projeto. — Que projeto, chefe? — Uma voz acentuadamente profunda, perguntou atrás dele. — Algo em que estou trabalhando, Rod — Ken disse, sem entrar em detalhes. — Isso envolve certa beleza que perdemos ontem enquanto estávamos fora do escritório? — Rod brincou, seu sotaque cubano menos pronunciado. — Estou disponível, se precisar de ajuda. Ken sorriu para o rapaz alto e bonito. Rod era um ímã de garotas, e Ken não precisava da competição. — É uma pequena atuação. Tenho certeza que Lucy tem algo para você trabalhar. — Ela sempre tem. — Rod se abaixou e deu um beijo na bochecha de Lucy. Ela riu e admoestou-o. Ken ignorou sua paquera e se dirigiu ao seu escritório. Sly já estava na estação que arrumou para ele do outro lado da sala. Hailey se juntou à eles. — Eu quero que vocês dois façam uma verificação de antecedentes dos funcionários da Senhorita Fitzgerald. Verifiquem as referências que eles deram e vejam se seus caminhos se cruzaram com Sean O'Neal — explicou Ken. — Ok, mas quem é Sean O'Neal? — Perguntou Hailey, puxando uma cadeira para mais perto da cadeira de rodas de Sly. — Um designer ladrão que planejamos capturar — Sly respondeu à ela. Ambos sorriram.


— Um suposto designer ladrão — Ken corrigiu, embora acreditasse em tudo que Faith dissera. — É hora de testar seu emocionante sistema de rastreamento, Sly. Hailey e eu vamos procurar na loja da Senhorita Fitzgerald por bugs hoje, entre uma e duas e meia. Enquanto estivermos lá, você monitorará a atividade do celular dos funcionários da senhorita Fitzgerald. Estou enviando o e-mail com os números e currículos deles agora. Ken abriu seu e-mail e rolou para baixo as mensagens não lidas até encontrar a de Faith. Tinha cinco anexos. Ele encaminhou-o para Sly, em seguida, abriu cada currículo e salvou-os em seu disco rígido. Ele faria alguma escavação também. Em seguida, ele retirou o cartão de memória de seus óculos de sol e começou a fazer o download das fotos que tirara mais cedo. *** Faith não pôde se concentrar em seu trabalho. As preocupações sobre qual a motivação de Ken a mantiveram acordada a maior parte da noite. Chegando ao escritório, ela esperava usar o trabalho para mantêla fora de sua mente. Mas o pensamento de dispositivos de escuta em seu escritório a deixava nervosa. Não conseguia esboçar ou falar ao telefone sem imaginar alguém assistindo ou ouvindo suas conversas. O cumprimento, Hey, querida, de Ken não ajudou também. O encontro da noite passada voltou correndo com uma vingança, insultando-a. Seu olhar se desviou para o relógio. Era 12:45. Ela caminhou até a geladeira no canto de seu escritório, pegou uma garrafa de água e torceu a parte de cima. Sorvendo a bebida, ela escorregou ao piso principal da loja e trancou a porta atrás dela. Nunca precisou bloquear salas antes ou tratar seus funcionários como se fossem criminosos. Na frente, Molly finalizou as vendas para uma mulher, então caminhou para frente para desbloquear uma prateleira de exposição para mostrar à uma cliente um par de brincos e pulseira combinando. Como poderia suspeitar dela?


Faith acenou para os clientes na parte de trás que verificavam sua assinatura, fluindo nos terninhos prontos-para-vestir. Embora ainda estivesse em novembro, os antecipados compradores de Natal já estavam à procura de pechinchas. Duas adolescentes riram ao ler as escritas nos tops de treino ao lado das jaquetas acinturadas e calças desportivas. Seus primos mais jovens vieram com algumas mensagens expressivas – Rock it14, Work it15, Stay Fit16, Don’t Hate17. Faith caminhou até a frente da loja e olhou para fora. Ela olhou para o relógio novamente. Dez minutos para uma. Onde estava Ken? A questão mal deixou seus pensamentos quando um Porsche 911 encostou no espaço de estacionamento na frente da loja de seu vizinho e um homem elegante saiu. Longo cabelo vermelho encaracolado, preso na parte de trás com um clipe, belo rosto comprido e estreito, traje de designer, até os sapatos lustrosos, Sean parecia tão elegante como sempre. Quase 15 anos mais velho que ela, agora ela olhava para ele e se perguntava o que viu nele. Ela observou com os olhos estreitados quando ele fez uma pausa para olhar para cima e para baixo da 3rd Street antes de ir em direção à sua loja. Certamente, ele não vinha para a loja dela. Ele não ousaria. Quanto mais se aproximava, mais ousado ele se tornava. O desejo de bloquear seu caminho e recusar a entrada dele rolou através dela. Não, ela não se rebaixaria ao nível dele, agindo não profissional. Faith esperou enquanto ele empurrava a porta e entrava. Ele já devia ter visto ela, porque se virou para ela e sorriu. Repulsa deslizou sob sua pele. Ela queria expulsá-lo. — Faith — disse ele. — Sean — ela respondeu sem sair de onde estava.

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Balance isto Trabalhe isto Fique em forma Não odeie


Ele, mais vez mais, a olhou de forma calculista. — Você está com boa aparência. — O que o traz à minha loja? — Eu passava por aqui e não pude resistir. — Seu olhar varreu os manequins vestindo conjuntos cropped e vestidos em cores atuais da temporada. — Decoração dramática. Piso preto, paredes brancas e prateleiras de exposição a fundo, manequins pendurados no teto. Você fez bem sozinha. Ela não se importava se ele aprovava ou não. — O que posso fazer por você, Sean? Ele voltou sua atenção para ela, seu olhar persistente em seu rosto. — Podemos conversar em particular? A vontade de chutá-lo para fora ressurgiu, mas ela esmagou-a. Não havia nenhum ponto em fazê-lo pensar que ela tinha medo dele. Eles também começavam a chamar a atenção de seus clientes. — Por aqui. — Ela indicou o caminho para seu escritório, em seguida, levou-o para a parte de trás da loja. Ao se aproximarem das meninas risonhas da escola, Faith ouviu os seus comentários sussurrados. — Você está certa, ele é o único... a minha prima participou de um de seus desfiles e disse que ele é tão legal... você acha que eles namoram ou algo assim? Sean deu um sorriso para elas. Faith rangeu os dentes. Ela não se ressentia do status de celebridade dele, mas ter seu nome ligado com o dele, mesmo por algumas adolescentes, deixou um gosto ruim na boca. Destrancou a porta e abriu-a. Seu perfume caro arranhou seus sentidos quando ele passou por ela. Faith olhou para frente da loja e pegou o olhar de Molly. A vendedora os observava com os olhos arregalados. Obviamente, Molly reconheceu Sean também. Faith fechou a porta e foi sentar-se atrás de sua mesa, precisando de algo diferente do


que o ar entre ela e seu rival, que estava ocupado estudando seu escritório com os olhos apertados. — Sobre o que é isso? — Ela perguntou, ansiosa para mandá-lo ir embora. Sean tomou o assento em frente à ela, ainda que ela não tivesse oferecido, cruzou as pernas para revelar sua meia de marca. Ele olhou para ela com um sorriso. — Ouvi dizer que você terá um desfile na Semana de Moda de Nova Iorque, em fevereiro. — Isso é certo. — O dia e hora? Seu desfile era na noite do quinto dia. — O que você quer, Sean? — Ela retrucou. Sean sorriu. — Posso mexer uns pauzinhos e conseguir um lugar logo após o meu desfile para você, o que significa que você será vista pelos editores das principais revistas de moda, jornais e participantes online, varejistas, estilistas e celebridades. Ter um desfile depois do dele poderia garantir-lhe mais exposição, mas preferia chamar a atenção de um único editor do que estar em dívida com ele. — Não, obrigada. Estou feliz com o meu dia e horário. Algo atravessou seu rosto. — Pare de ser infantil, Faith. Eu ofereço a você a chance de uma vida. — E eu recuso. — Ela se levantou. — Se isso é tudo, tenho muito a fazer. Ele se inclinou para frente. — Por que você está agindo assim? O mal-entendido do nosso passado não deve impedi-la de aceitar a minha oferta. Estou disposto a perdoá-la, dar uma segunda chance para você e impulsionar sua carreira. Ele poderia ser mais arrogante? — Agradeço a oferta, Sean, mas estou feliz com o rumo que a minha carreira está tomando.


Ele levantou-se lentamente, com os olhos frios e avaliativos. — Então, você prefere lutar na parte inferior com outros designers do que subir ao topo. Ela riu, apesar de diversão ser a última coisa em sua mente. — Eu não me considero na parte inferior, mas chegarei ao topo por mim mesma. — Dê-me uma oportunidade para que você chegue lá mais rápido. — Ele se dirigiu à ela. — Com a sua criatividade e as minhas ligações, podemos conquistar a indústria da moda. Será que ela precisava colocar por escrito para ele entender? Eles estavam acabados. Terminados. Mais uma vez, ela sorriu, esforçando-se para se manter calma e cordial. — Nunca poderemos trabalhar juntos novamente, Sean. Por favor, aceite e siga em frente. Um espasmo de raiva torceu suas características. — Se você pudesse parar de ser tão amarga e vingativa, veria que poderíamos ser muito mais. Amarga e vingativa? Ele delirava claramente, mas não tinha interesse em corrigi-lo. Ela manteve sua posição quando Sean se aproximou, seu coração batendo com uma mistura de medo e irritação. — Acho que deixei a minha posição muito clara. Não tenho nenhum interesse em você ou o que quer que você esteja me oferecendo. Eu prefiro gerenciar minha carreira por conta própria. — Vamos lá, querida. Você está apenas com raiva de mim ainda. Eu posso ver isso. O incidente sobre os designs foi apenas um malentendido. Se voltar, o que você projetar terá o seu nome. — Mas o seu logotipo — ela terminou por ele. — Ah, você entende agora como essas coisas funcionam. — Antes que ela adivinhasse sua intenção, ele agarrou seus braços e puxou-a para si, como se para selar o negócio com um abraço ou um beijo.


Faith se inclinou para trás. — Pare com isso, Sean. Antes de fazer algo que se arrependerá. — Ela empurrou contra seu peito, mas ele era maior e mais forte. — Eu tenho mais a oferecer. Eu. — Ele puxou-a para seu peito, sua respiração quente encharcando seu rosto. — Eu sinto falta de nós, e tenho certeza que você sente, também. — Não... eu não sinto. Solte-me. — Xingando-o, ela levantou o joelho e empurrou-o entre as pernas dele. Ele a soltou, pegou suas partes íntimas e se curvou. — Você, cadela! — Eu avisei — ela disse, com a respiração ofegante. — Saia. As palavras mal saíram de sua boca quando a porta de seu escritório se abriu e Ken entrou na sala. Ele não diminuiu seu passo ao ver a cena e reduzir a distância entre eles.


CAPÍTULO 4 Raiva surgiu através de Ken. O golpe de autodefesa que Faith utilizou tinha efetivamente parado Sean, mas a expressão dela não era triunfante. Seus olhos pareciam assombrados, e seu peito arfava. Tomála nos braços o faria se sentir melhor, mas primeiro ele precisava lidar com o idiota. Ele agarrou O'Neal pela cintura de suas calças de grife e seu colarinho, e arrastou-o para fora do escritório como um saco de batatas podres. Sean fez sons de engasgo e lutou, sua cabeça bateu em alguns manequins, fazendo-o gritar como um Chihuahua, mas Ken não parou. Funcionários e clientes de Faith os observavam com os olhos arregalados, e Hailey, que vinha com ele, disse algo que ele não escutou. No momento em que chegou à entrada, O'Neal se recuperara e tentava escapar. Ken abriu a porta, girou Sean, e lhe deu um soco na cara. A força o jogou para trás, fazendo-o perder o equilíbrio. Ele desembarcou na calçada. — Nunca toque nela de novo — Ken rosnou. Sean lutou para ficar de pé. Uma mão foi para o nariz e saiu ensanguentada. — Você quebrou meu nariz, seu bastardo! Ken levantou uma mão fechada e deu um passo ameaçador em direção à Sean. O designer saiu correndo, com a mão cobrindo o nariz. — O processarei por isso — Sean assobiou. — Fique à vontade. — Ken se virou e atravessou da loja. Hailey acenou para ele. — Não agora. — Ela bloqueou seu caminho. — Droga, Hailey!


— Ele deixou cair seu telefone — ela sussurrou. O telefone representava uma oportunidade que não podia passar. — Leve-o ao escritório e peça a Sly para plantar spyware18 nele. Vamos devolvê-lo depois que terminarmos aqui. Hailey saiu. Ken entrou no escritório de Faith para encontrá-la andando, seus olhos brilhando, a vulnerabilidade que vislumbrara neles mais cedo havia desaparecido. — Você está bem? — Ele perguntou. Ela assentiu com a cabeça. — O que ele queria? — Exibir-se e tentar me manipular — disse ela com os dentes cerrados. Seu passo tornou-se errático, como se quisesse desabafar, mas segurava tudo. Se havia uma hora para ela deixar ir, era agora. Aquele desgraçado tentou forçá-la. Ken se aproximou e agarrou seu braço, parando-a no meio do caminho. Ela se afastou, mas já era tarde demais. Ele sentiu os tremores passando através dela. Ele amaldiçoou sob sua respiração. Ele deveria ter reorganizado o rosto de O'Neal. Ken passou um braço em volta da cintura dela e puxou-a para perto. Seu corpo ficou rígido e inflexível. Ele esfregou a parte superior das costas dela e disse o que quer que lhe veio à cabeça. — Passei horas esta manhã tentando descobrir a melhor maneira de colocar escutas nos escritórios, carros e linhas privadas do idiota, mas não esperava chegar à qualquer lugar perto de seu telefone celular, sem recorrer à furto. E sabe o que? Ele facilitou para nós e deixou-o para trás. Pelo brilho nos olhos de Hailey, ela provavelmente ficou com ele. Ela é boa nesse tipo de coisa. Você deve ver o que ela pode fazer com uma lixa de unha e um pino, ou um estetoscópio e...

18 Spyware consiste em um programa automático de computador, que recolhe informações sobre o usuário, sobre os seus costumes na Internet e transmite essa informação a uma entidade externa na Internet, sem o conhecimento e consentimento do usuário. Diferem dos cavalos de Tróia por não terem como objetivo que o sistema do usuário seja dominado, manipulado, por uma entidade externa, por um cracker.


Ken sabia o momento que Faith relaxou. A respiração instável correu para fora de seus pulmões e ela caiu contra ele, o queixo descansando em seu ombro. Ele sorriu. Seu instinto nunca falhou com ele. Seu sorriso se transformou em uma careta quando o exalar suave de Faith ventilou seu pescoço, lembrando-lhe o gosto dela. Segurá-la era agridoce, então ele continuou a tagarelar. Faith se inclinou para trás e franziu o cenho. — O que você está falando? — Nada de importante. — Mas a distraiu. Ele inalou e desejou não ter feito. Ela cheirava bem, e estava tão perto. O menor giro de sua cabeça e poderia capturar os lábios dela em um beijo. Seu olhar permanecia na boca dela. O tempo parou. Carrancuda, ela rapidamente saiu de seus braços e caminhou ao redor da mesa para sua cadeira. Quando ela recusou-se a segurar o seu olhar, ele se perguntou se ela lamentava sua pequena demonstração de fraqueza ou se lera o desejo em seus olhos. De qualquer modo, isso não importava. Ela precisava de conforto e ele teria sido negligente por não fornecer. Ken assumiu a cadeira em frente à dela. — Fale comigo. Ela balançou a cabeça. — Eu prefiro simplesmente esquecer isso. — Eu prefiro que você não faça. O que ele disse? Ela suspirou, deu-lhe um olhar resignado. — Ele me disse que me perdoou e queria continuar de onde paramos. Em sua pequena mente distorcida, ele realmente acha que podemos ter um relacionamento. Em seguida, ele tentou usar a Semana de Moda como um incentivo para aceitá-lo de volta. — Como? Ela encolheu os ombros. — Ele deu a entender que poderia mudar as coisas, então eu conseguiria mais exposição. Eu recusei.


— Bom. Você não precisa dele. O seu trabalho fala por si. — Seus olhares se encontraram e a gratidão nos olhos dela parecia como se ela tivesse entrado em seu peito e apertado seu coração. Ele aceitaria gratidão por enquanto. Ele limpou a garganta. — Se ele vier aqui novamente... — Eu serei educada e profissional — ela terminou com voz firme. — Mas aprendi a nunca ficar a sós com ele novamente. Obrigada por estar aqui, Ken. — Eu só tirei o lixo. Você já tinha ensacado e marcado. Faith sorriu, seu olhar segurando o dele por outro momento indefinido. — Você tem um jeito com as palavras, você sabe disso? É surpreendente. Ele sorriu. — Quer saber de uma coisa? Seu sorriso se aprofundou. — O quê? — Você é cheia de surpresas também. Suas bochechas ficaram rosa. — Então, como você quer que a gente faça tal coisa da varredura de escutas? A mudança de assunto foi suave, e ele deixou-a fugir com isso. — Vá com o que discutimos ontem à noite. Explique ao seu pessoal por que eu estou aqui sem mencionar O'Neal. O sistema de Sly está instalado e funcionando, para que ele possa acompanhar qualquer ligação que eles façam depois disso. — Você disse que tem o celular de Sean? — Perguntou ela. — Sim. Hailey, minha jovem associada, levou-o de volta para o escritório para grampeá-lo, o que tornará mais fácil registrar todas as ligações de Sean e ouvir suas conversas, gravar mensagens de texto e até mesmo acompanhar o seu paradeiro. — Ele se levantou. Quando ela não se moveu, seus olhos estreitaram. — Se você quer que eu fale com o seu pessoal...


— Não, isso não será necessário. Eu odeio a ideia de que um deles poderia trabalhar com ele. O passado brilhou em sua cabeça. — Surpreenderia você as distâncias que as pessoas percorrem para progredir. Apenas lembre-se, não mencione o nome de O'Neal ainda. Queremos dar à quem trabalha com ele informações o suficiente para querer entrar em contato com ele, não assustá-la para fique em silêncio. — Ele estendeu a mão. Faith se levantou e ficou ao lado dele. — Você acha que a façanha de Sean tem algo a ver com Barbs vindo me ver? — Barbs? — Senhora Higgins, a mulher que viu o design roubado. — Possivelmente, o que significa que alguém aqui disse a ele que ela estava aqui. — Ele chegara à essa conclusão, logo que reconheceu o carro de O'Neal da emboscada esta manhã. O erro de Sean estava em pensar que Faith seria vulnerável o suficiente para aceitar sua oferta. Eles entraram na loja juntos para encontrar uma cliente perto da exibição de joias, falando com sua vendedora. Faith falou com uma das vendedoras, que desapareceu por uma porta. Ela voltou com três mulheres mais velhas, duas vietnamitas e uma latino-americana. Faith as apresentou. A jovem que Ken pensou ser uma cliente acabou por ser Deidre, a joalheira. — Ontem, eu disse à vocês que Barbs... Senhora Higgins veio verme sobre seu vestido, porque não estava feliz com as cores e o tecido — Faith disse para as cinco mulheres. — Isso não era verdade. Barbs acabara de saber que alguém criara o mesmo vestido para uma amiga dela. As mulheres começaram a falar ao mesmo tempo. — Quem? — Como eles conseguiram o design?


— O que isso significa? Faith levantou a mão e as silenciou. — Por favor, deixe-me terminar. Eu consultei o Sr. Lambert — ela acenou para Ken, — que prometeu investigar isso. Nós acreditamos que o outro designer roubou meu trabalho, embora não sabemos como ele fez isso. No entanto, o Sr. Lambert está aqui para verificar a loja e as salas em busca de escutas. — Escutas? — Uma das mulheres vietnamitas perguntou. Faith indicou para Ken assumir. Ele explicou como dispositivos de vídeo e áudio eram usados para espionar as pessoas. Seu olhar se moveu de rosto em rosto, estudando a linguagem corporal. Até agora, ele não viu qualquer sinal de desconforto ou culpa. As expressões chocadas das mulheres pareciam genuínas. — Eu quero que vocês mantenham isso para si mesmas — Faith continuou, — porque não sei quantos designs foram copiados ou quanto trabalho nós precisamos fazer para substituí-los. — Isso significa que não vamos à Semana de Moda? — Perguntou Molly. — Nós vamos — Faith rapidamente a tranquilizou. — Precisamos fazer um novo vestido para Senhora Higgins? — Uma das costureiras perguntou. — Sim. Dê-me um segundo e responderei a todas suas perguntas. — Ela olhou para Ken. — Onde você quer começar? — Primeiramente nos provadores e sala de costura, em seguida, seu escritório. Faith abriu a porta do meio e mostrou ao redor. Ken foi para onde Hailey deixara a bolsa de escutas e a pegou. Em vez de sair, ele assistiu Faith acalmar os receios do seu pessoal. Ela era boa, confiante e positiva, mas ele ouviu a tensão subjacente em sua voz. Ele esperava acalmar algumas delas após varrer sua loja.


*** Faith totalizava as vendas para uma cliente quando uma moça com tranças, um piercing no nariz e tatuagens entrou na loja. Vestida de preto, os fones de ouvido do iPod pendurados em suas orelhas multiperfuradas, ela era a típica adolescente gótica. A maioria vai direto para o balcão de exibição de joias para estudar a coleção de anéis e gargantilhas. Esta veio para o balcão e olhou para Faith com uma intensidade enervante. Faith terminou com o cliente que ajudara, em seguida, sorriu para a Gótica. — Sim, eu posso ajudá-la? — Estou aqui com Ken — disse ela. Entendimento surgiu. — Você é Hailey? — Ela assentiu com a cabeça, expressão neutra. — Nesta direção. — Faith levou-a para o provador, mas estava vazio. Franzindo a testa, ela atravessou a sala, empurrou a porta de ligação ligeiramente entreaberta e entrou na próxima sala. Como de costume, as mulheres deixaram vestidos em vários estágios de criação sobre as longas mesas e os dress-forms. Ken estava agachado perto dos armários e prateleiras onde tecido e outros acessórios de costura estavam guardados, segurava um instrumento preto com uma antena, leitor de medidor, e luz LED na mão. Ele sorriu ao vê-la, em seguida, seus olhos se estreitaram em Hailey. — Está tudo configurado? — A escuta está ativa. — Hailey colocou um telefone celular preto próximo do estojo de couro na parte superior da mesa de vidro, cavou dentro da bolsa, e veio com um instrumento semelhante ao que Ken utilizava. Ela brincou com os botões. — Aonde quer que eu comece, chefe? — Perguntou ela. — Termine aqui. Vou passar para o escritório.


Faith estava morrendo de vontade de perguntar se Ken encontrou algo no provador, mas não queria se intrometer. Ela se virou para sair. — Só um segundo, Faith. Ela parou junto à porta, manteve um olho na loja e Ken. Ele pegou sua bolsa, disse algo para a sua parceira, e se juntou à ela. — Notei que você tem câmeras de vigilância digital. Elas estão em todos os cômodos? — Não, só no piso da loja e na sala de costura. Por quê? — É mais fácil tocar em um feed de vídeo de segurança existente quando grampeia um lugar. Posso ver o sistema? Ela o levou para o seu escritório, foi até o armário que abrigava os equipamentos

de

segurança

e

desbloqueou-o.

O

monitor

LCD,

semelhante ao montado perto da entrada da loja, exibia quatro telas divididas, cobrindo cada centímetro de sua loja, que atualmente estava livre de clientes. A tela mudou para a sala de costura, onde Hailey passava seu instrumento de detecção de escutas sobre as superfícies. Ken empurrou vários botões no gravador de vídeo para mudar os ângulos das câmeras. Ele olhou ao redor da sala. — Onde está o seu cofre? Ela apontou para a pintura na parede atrás de sua mesa. — Você quer que eu abra? — Não. Mais tarde, eu gostaria de ver a facilidade com que ele pode ser assaltado. Agora, eu quero certificar-me de que o gravador não foi mexido. — Ele tirou uma chave de fenda elétrica e começou a desapertar a parte de trás do gravador de vídeo digital. Faith se afastou dele, seu olhar indo para onde seu cofre estava escondido. Ela trancava todo o seu trabalho antes de sair à noite. A possibilidade de que alguém abriu e tocou suas coisas era francamente assustadora. Se todos seus designs foram comprometidos, ela teria que contratar mais costureiras para criar uma coleção totalmente nova para


a Semana da Moda. Significaria mergulhar em suas economias pessoais e vender ações em vez de obter outro empréstimo, caso contrário os seus patrocinadores poderiam tornar-se conscientes de sua situação, achar que ela não era confiável e abandoná-la. Ela voltou à loja e passou os próximos 30 minutos olhando para o relógio. Depois de um tempo, Hailey deixou a sala de costura e juntou-se à Ken. Minutos rastejaram. Quando os outros voltaram, ela não perdeu um momento antes de correr para o seu escritório, onde Ken e sua parceira guardavam seus aparelhos. — Espere por mim lá fora, Hailey — disse ele e sentou na beirada da mesa de Faith quando terminaram. Faith não falou até que a menina saiu. — Então, qual é o veredicto? — As salas estão limpas. Alívio tomou conta dela e ela riu. — Isso é ótimo. Não pude fazer nada esta manhã porque ficava imaginando alguém ouvindo e observando cada movimento meu. Agora eu posso voltar ao trabalho. — Ela se apressou em torno de sua mesa e sentou. Ken se endireitou e enfiou as mãos nos bolsos da frente da calça. — Levou dez minutos para Hailey invadir seu cofre, de modo que é uma boa notícia. Os olhos de Faith se arregalaram. — Ela... o quê? — Para ter certeza que é adequado — ele tranquilizou-a. — Pensei que você poderia querer saber que é um bom modelo. — Uh-huh. — Ela se levantou, correndo para o cofre. Não que ela não confiasse em Ken. Seu cofre deveria ser à prova de assaltante, caramba. Ela empurrou de lado a pintura, apertou o código, e abriu o cofre. Então fechou sem olhar para dentro. Seu código ainda funcionava. — Portanto, a sua assistente é uma honrada assaltante e diabrete carteirista.


Ele riu. — Hailey é muitas coisas e nenhuma delas é honrada. Seu sistema de vigilância, por outro lado, poderia ter um upgrade. Ela rejeitou seu comentário com um revirar de olho. — Eu instalei este no ano passado. Ken riu. — É um ótimo sistema para o ano passado. Tudo que você precisa é provavelmente atualizar o software, que pode ser baixado através da porta USB. Além disso, eu gostaria de passar por suas gravações de vídeo para que eu possa estudar o seu pessoal. Ela sabia que ele estava certo e ficou impressionada com o seu rigor, mas ele começava a irritá-la. A manhã foi muito estressante e tudo o que ela queria fazer agora era liberar essa tensão da única maneira que sabia – trabalhando. Faith abriu uma gaveta da mesa, tirou um cartão de memória, e ofereceu a ele. — Transferi tudo do disco rígido da câmera para este cartão toda semana, e revi as filmagens. Eu o baixei ontem à noite por causa de tudo o que está acontecendo, assisti-o várias vezes, sem perceber nada fora do normal. Talvez você veja algo que eu perdi. Algo mais? Ele jogou o cartão de memória no ar e pegou. — Não, eu estou pronto agora. — Bom. Eu tenho muita coisa para colocar em dia. — Ela pegou o telefone e começou a esmurrar números. — Você não vai almoçar? — Eu tenho uma salada na geladeira. — Ela cobriu o telefone e ergueu a sobrancelha. — Gostaria de um pouco? Ken estremeceu. — Não, mas eu podia comprar comida de verdade para você. — Ha, muito engraçado. Talvez outra hora. — Café da manhã, almoço, jantar chinês... muitos talvez outra hora. Até depois.


Faith observou-o caminhar para a porta, decepção se assentando sobre seus ombros. Não conseguia explicar a reação dela. Talvez tenha algo a ver com a forma como se sentia nervosa sempre que Ken estava por perto ou o fato de que ele não encontrou nenhum dispositivo de espionagem. Ela precisava deste problema de seus designs roubados resolvido. Talvez então pudesse descobrir seus sentimentos ambíguos em relação à Ken. Por enquanto, o trabalho chamava. — Posso falar com a Sra. Higgins, por favor? — Disse ela ao telefone. Ela mal terminou de falar com Barbs quando ouviu uma batida na porta. — Sim. Molly enfiou a cabeça na sala. — Você tem um momento? — É Claro. Entre. A vendedora entrou e fechou a porta. — Eu, uh, só queria ver como você está. Faith sorriu. — Eu estou bem. — O Sr. Lambert encontrou alguma coisa? — Não. — Ela realmente não queria discutir Ken ou sua investigação. — Então, quem roubou os designs não fez isso daqui? — Perguntou a vendedora. Faith franziu a testa. Poderia Molly ser a pessoa quem conspirava com Sean? Vinte e quatro anos de idade, queria ser designer algum dia, e planejava ter aulas em uma faculdade local. Faith trabalhou com ela muitas vezes para que pudesse aprender o negócio, mas trabalhando para DHS seria um verdadeiro golpe para ela. — Eu não sei, Molly. Mas se alguém pode descobrir como eles foram roubados, é o Sr. Lambert. Ele é muito minucioso. Molly riu. — Qualquer mulher teria a sorte de tê-lo ao seu lado. Você deveria ter visto a forma como ele jogou o Sr. O'Neal para fora. Acho que ele quebrou o nariz dele.


Ken se esqueceu de mencionar esse detalhe, mas quando Faith foi tocada ele se sentiu obrigado a defendê-la. Ela pode dar uma olhada na filmagem mais tarde e ver o que ela perdeu. Quando olhou para cima e encontrou Molly ainda pairando, Faith franziu a testa. — Existe algo mais? A vendedora balançou a cabeça, seu cabelo preto voando sobre suas bochechas. — Não. Só acho injusto que alguém esteja roubando de você. Você trabalha tão duro. Faith sorriu. — É o negócio em que estamos. Não se preocupe. Nós vamos chegar ao fundo disto. Molly — ela disse quando a menina se virou para sair, — obrigada.

*** Depois de uma tarde produtiva, Faith estava mais do que feliz em fechar e ir para casa. Ela tomou um banho rápido, vestiu-se e devorou um sanduíche enquanto ia para Barbs. Antes de sair de sua garagem, ela selecionou uma lista de artistas mistos em seu MP3 player, que foi ligado ao som do carro. Em breve, um som encheu seu carro. Minutos depois, ela estava na Pacific Coast Highway, em direção ao norte. O tráfego estava pesado, o cheiro do oceano saturando o ar. Seu celular tocou, interrompendo a sua tranquilidade. Ela abaixou o volume da música e ajustou o fone de ouvido. — Sim? — Hey — disse uma voz suave. — Ei, Ash. Como está a Princesa Ella? — Mantendo-me acordada à noite — disse Ashley com um pouco de lamentação. — Eu não sei como as mães treinam seus bebês para dormir à noite. — Ela tem apenas dois meses, Ash — disse Faith. — Deixe Ron cuidar dela à noite para que você possa descansar.


Ashley riu. — Ele é tão bom com ela, e normalmente a alimenta à noite. Eu acho que esse é o problema. Ele saiu para a convenção dos bombeiros ontem, então agora sou só eu e Ella. — Quando ele voltará? — Em dois dias. Um dia sem ele e estou caindo aos pedaços. — Ela fungou. — Onde você está? Pode vir? Faith ajustou o fone de ouvido sem fio de telefone celular. — Na Highway One, indo para Barbs em Malibu. Quer que eu vá mais tarde? — Não. Estou bem. Acho que estou um pouco solitária sem Ron. Porque Malibu tão tarde? Fica à uma hora e meia de carro, partindo da sua casa. — Uma hora — Faith corrigiu. Sua prima não era o tipo de chorardurante-uma-crise. — O que realmente está acontecendo, Ash? — Eu deveria fazer essa pergunta para você. Ouvi dizer que você e Ken Lambert estão ficando muito aconchegantes. Liz e sua boca grande. — Eu não chamaria almoçar juntos de aconchegantes. — Não quando ele pede um gazebo privado e fecha as cortinas. Eu pensei ouvir você dizer meses atrás que ele era muito bonito e muito cheio de si — acrescentou Ashley. — Eu disse a mesma coisa sobre Ron antes de transarmos. Faith riu. — Se bem me lembro, eu disse que Ken era muito intenso. — A mesma diferença. Ou não? Diga-me o que está acontecendo. — Nós só almoçamos. Ok? — Então, você não o verá novamente? Faith revirou os olhos e suspirou. Se ela dissesse que não, e um parente os visse juntos, Ash não a deixaria em paz até que chegasse ao fundo de seu relacionamento. Ela ainda não estava pronta para dizer à sua família sobre os designs roubados.


— Eu não sei, Ash. Talvez. — Que tipo de resposta é essa? É ele? Ele não brincará com você ou eu direi à Ron para lidar com ele. — Uau, devagar. Ken e eu somos apenas amigos. — Faith pisou no freio quando outro carro cortou em frente a ela, sem indicar. Desgraçado. — Além disso, Ron e Ken são próximos. Você nunca iria querer ficar entre os amigos. — Então eu falarei com Chase. Baron amadureceu desde que ficou noivo de Kara. Você tem certeza que nada está acontecendo? Ken não conseguia tirar os olhos de você no dia do meu casamento. Se apenas Ash soubesse o que aconteceu depois. — Quer dizer que você realmente notou alguém que não fosse seu homem naquele dia? — Não poderia perder os olhares ardentes que ele jogou em sua direção, nem se eu tentasse. — Isso foi a sua imaginação fértil. Eu tenho que ir, Ash. O tráfego está ficando pesado. — Só um segundo. Ainda nos encontraremos na sexta-feira à noite? Faith tentou lembrar o que aconteceria na sexta-feira. Em seguida, isso bateu nela. Noite das garotas. Desde que Ashley teve o bebê e Jade saiu na escavação arqueológica depois de seu casamento, elas pararam de sair às sextas-feiras como antigamente. — Tem certeza que você irá com o bebê e tudo? — Perguntou Faith. — Não se atreva a usar Ella como uma desculpa para voltar atrás, Faith Fitzgerald. Eu sinto falta de você e de Jade. Venha logo após o trabalho. Eu quero ouvir sobre o seu encontro com Ken. — Ela não deixaria isso pra lá. — Eu tenho que ir. Trânsito intenso. — Dirija com cuidado. Faith riu. — Vejo você na sexta-feira, dona preocupada.


Uma hora depois, ela parou em frente ao condomínio fechado no Encinal Bluffs. O guarda deixou-a entrar e ela estacionou ao lado de veículos de alta qualidade que revestiam as calçadas de paralelepípedos de Barbs. Parecia que ela foi a última a chegar. Faith içou sua bolsa com o laptop e a sacola maior com amostras de tecido e correu para a porta dos fundos, a qual abriu antes que ela pudesse tocar a campainha. Samuel Riggins, marido de Barbs, sorriu para ela, os olhos cinzentos brilhando atrás dos aros de vidro. — Faith — disse ele, e envolveu-a em um abraço caloroso. — Como você está? — Tudo bem, Sr. Riggins — disse ela. — Eu disse para você me chamar de Sam. — Ele deu um passo para trás e um sorriso vincou os cantos dos seus olhos. — Vá em frente. Sua tia, Barbs, e as outras estão tramando alguma coisa na sala de estar, e eu duvido muito que é outro script. O coração de Faith caiu. Ela deveria saber que Barbs não resistiria em envolver sua tia. Assim, como convenceria Estelle a deixá-la lidar com as coisas à sua maneira? O fato de sua tia saber o que acontecia e não ligar para ela não foi tranquilizador também. — Ouvi dizer que você está projetando os vestidos delas para a cerimônia DGA — disse Sam Riggins, cortando os pensamentos de Faith. — Sim, eu estou. — Não deixe que ela te oprima para conduzir até aqui toda vez que ela quiser alguma coisa. É muito longe de LA, e não é seguro para uma jovem senhora conduzir sozinha à noite. Faith sorriu para o grande homem. — Eu farei isso. Ele bateu no seu ombro e desapareceu em uma parte diferente da casa. Faith passou por sua cozinha/sala de família para a porta de vidro que levava à sala de estar. Ela podia ver as cabeças das mulheres enquanto elas descansavam em cadeiras macias, conversando e tomando


coquetĂŠis. Talvez estivesse se preocupando por nada. Sua tia, provavelmente, nĂŁo entrou em contato com ela, porque confiava em Faith para cuidar das coisas. Se fosse assim tĂŁo simples. Faith respirou fundo, abriu a porta e entrou na sala. Cinco pares de olhos risonhos se fixaram nela. Os sorrisos desapareceram de seus rostos.


CAPÍTULO 5 Sua tia se levantou. Lidar com Estelle Fitzgerald esta noite não fazia parte do plano de Faith. Seu interior se agitou. — Estou feliz que você finalmente está aqui, querida. — Estelle beijou Faith em uma bochecha depois na outra. — Você deve nos dizer o que aconteceu em sua loja hoje. Faith franziu a testa. Como sua tia poderia saber sobre a visita inesperada de Sean? Do outro lado da sala, as outras mulheres observavam Faith com expressões expectantes. Sissy Gardner, a mais jovem e mais vocal do grupo, acenou e apontou para um laptop que Faith não havia notado na mesa de café, a tela aberta em um popular site de vídeo on-line. Faith se aproximou para ver melhor e seu estômago mergulhou quando reconheceu o interior de sua loja e Ken e Sean trancados em uma luta. Ela estremeceu quando Ken segurou Sean e desferiu um golpe. O intercâmbio que se seguiu teve sua tia e suas amigas gargalhando como bêbados em uma luta de boxe. Quem gravou isso? Como essas mulheres encontraram isso? Preocupação deslizou através de Faith. Sean ficaria furioso quando visse isso. Ela olhou para o número de pessoas que viram o vídeo. Apenas algumas centenas, o que significava que não se tornara viral. Talvez ela pudesse evitar o desastre apagando-o. — Postar isto foi brilhante — disse Barbs, cortando os pensamentos de Faith. — A vingança perfeita para o bastardo ladrão. — Sissy levantou e se dirigiu ao bar para reabastecer sua bebida. Ela olhou para Faith. — Você quer algo para beber, querida?


Faith abriu a boca para responder, mas sua tia cortou. — Não dê álcool à menina, Sissy. Ela estará dirigindo para casa. — Estelle deu um tapinha no sofá ao lado dela. — Sente-se, carinho. Faith teria preferido uma bebida forte para afugentar o calafrio se fixando sob sua pele. Essa bagunça com Sean acabara de dar uma guinada para o pior, e ela precisava alertar Ken. Ele era o único que sabia como poderia fazer o vídeo sumir. Então, havia sua tia e a maneira calma que ela estava levando tudo isso. Barbs obviamente contou à ela sobre Sean e os desenhos roubados, após prometer que não contaria. Faith engoliu sua irritação, sentou e colocou as bolsas ao lado de seus pés no chão, mas seu olhar permaneceu na tela do laptop. — Você fez isso? — Perguntou Estelle. — Claro que não. — Faith rolou a página para baixo e leu os comentários. Até agora, ninguém identificou Sean pelo nome. — Mas eu quero-o apagado. — Por quê? Sean deve ter feito algo para merecer isso — disse Barbs. Faith assentiu. — Ele fez, mas isso só vai irritá-lo. — Bom. — Sissy voltou e se sentou. — Quem é seu belo cavaleiro? Ele é casado? Um gemido coletivo encheu a sala. Sissy chutou recentemente o marido número dois, um homem 10 anos mais novo, e estava à procura do número três. — Jogue fora o álcool, Sissy — Eliza Goldschmidt advertiu sem rodeios. — Isso estragará a sua pele e irá envelhecê-la antes de seu tempo. Você também pensa sacanagem quando está bêbada. Sissy tomou um gole de bebida, um sorriso feral curvando seus lábios cor de cereja. — Você deve tentar pensar sacanagem alguma hora, minha querida Eliza. Pode fazer maravilhas para o seu velho traseiro ranzinza. — Eu tenho um homem — respondeu Eliza.


Sissy descartou o comentário com um aceno. — Com um pé na cova. — E tenho o mantido feliz por vinte e cinco anos — Eliza continuou como se Sissy não tivesse falado. — Tente manter um antes de me desafiar, mulher. — Chega, meninas — Monique VanderMarck, a mais velha e a mais silenciosa do grupo, cortou. — Vocês nos fazem ficar mal na frente da criança. — Ela acenou em direção a Faith que assistia as mulheres com os olhos arregalados. Elas atiraram sorrisos, o que significava que suas brigas não eram incomuns. — Sissy, o nome do jovem é Kenneth Lambert e ele já tem dona. Não é mesmo, querida? — Estelle sorriu para Faith. Por favor, não me jogue à essas leoas. Ela não duraria. Do jeito que olhavam para ela, esperavam uma resposta. — Senhor Lambert e eu somos colegas de trabalho. É isso. — Sim, certo, uma vozinha ridicularizou na parte de trás de sua cabeça. Pelas sobrancelhas arqueadas e os lábios franzidos, as mulheres não compraram

sua

explicação

também.

Deixe-as

acreditar

no

que

quisessem. Estava cansada de negar haver alguma coisa entre ela e Ken. — Eu preciso falar com ele. Estelle agarrou seu braço, impedindo-a de se levantar. — Ainda não. Queremos saber por que ele jogou Sean para fora de sua loja. Tem alguma coisa a ver com os desenhos roubados? — Não. — Então o que está acontecendo? — Acrescentou Barbs. Eliza sacudiu um dedo. — Não tente nos afastar com o seu habitual: não é nada que eu não possa lidar. Muitas vezes nada se transforma em algo mais rápido do que você pode piscar. — Eu concordo com Eliza, o que não é algo que eu faça muitas vezes. — Sissy fez uma careta.


Eliza abriu a boca para responder, mas Monique interveio novamente. — Deixe a criança falar — ela retrucou, erguendo a voz, algo raro. Mais uma vez, cinco pares de olhos se fixaram em Faith. Quando elas puxavam uma frente unida assim, não havia nenhuma chance de ir contra seus desejos. Suspirando, ela explicou o que aconteceu, o que levou à forma como ela contratou Ken e o que ele fazia em sua loja. Acenos e carrancas seguiram a explicação. — Ele é inteligente, é sim — disse Estelle. — Mas ele precisará de nossa ajuda. — Sim — as outras falaram em coro. — Não — Faith estalou. — Quero dizer, por quê? Ken tem tudo sob controle. A sobrancelha de Estelle levantou. — Ele tem? O vídeo on-line diz o contrário. Você disse que ele se recusou a invadir o escritório de Sean. De que outra forma você saberá quais designs aquele odioso homem roubou de você? Estamos dispostas a ajudar. O pensamento dessas mulheres invadindo o escritório de Sean no meio da noite era inconcebível. Faith balançou a cabeça. — Não, vocês não podem. É perigoso e contra a lei. — Oh, não entenda mal, querida — Barbs acrescentou, rindo. — Não temos a intenção de infringir nenhuma lei. — Ou sermos pegas — tia Estelle acrescentou. — Temos um plano — acrescentou Barbs. — O quê? — A voz de Faith era um pequeno grito. A expressão de sua tia ficou séria. — Temos um compromisso com Sean amanhã. Agora, não olhe horrorizada. Deixe-me terminar. Vamos a ele com designs específicos em mente, isto é, o que você já está fazendo para nós. Se ele produzir réplicas, saberemos com certeza que ele roubou e seu homem pode entrar e obtê-los de volta.


Faith refletia sobre seu plano. Isso poderia dar à ela a prova que precisava. Por outro lado, seus pais martelaram nela a importância de depender de si mesma e não de outros. Deixar essas mulheres socorrê-la agora ia contra a própria essência de sua criação. — Então, o que você acha? A voz de Estelle atingiu Faith de longe. Pela sua expressão expectante, qualquer desculpa de Faith seria descartada. — Sean saberá que algo está acontecendo ao ver você, tia Estelle. — Não pretendo ir com as meninas, mas estarei lá quando planejarem dar o bote. — Sua tia e suas amigas sorriram como um grupo de líderes de torcida planejando um golpe em uma festa da fraternidade. Faith estava em apuros. Não, mude isso para Ken, e ele não ia gostar. — Eu preciso discutir este assunto com o Sr. Lambert primeiro. Isso pode entrar em conflito com os planos dele — acrescentou, quando as mulheres pareciam prontas para discutir. — Ligue para ele — Estelle insistiu. — E desde que nós decidimos ir com os designs que escolhemos antes, podemos discutir os detalhes agora — Barbs acrescentou. O olhar de Faith passou de um rosto para o outro. — Vocês não querem novos vestidos? — Não, querida — disse Barbs. As outras balançaram suas cabeças. — Você tem o suficiente no seu prato com a preparação para a Semana de Moda e lidar com a confusão do Sean. No momento em que terminar com ele, ele será um tolo com ninguém usando seus designs mal adquiridos. Emoções atravessaram Faith em rápida sucessão – euforia, alívio, gratidão. Seu olhar varreu as faces radiantes. Como poderia agradecer a estas mulheres maravilhosas? Protegendo-as de si mesmas. Ela limpou a garganta. — Obrigada. Vocês não tem ideia do que isso significa para mim.


— Nós temos — disse Monique VanderMarck. — Nós também fomos jovens uma vez e precisamos de uma mão amiga. — Ligue para o seu amigo detetive — Barbs instruiu. — Diga a ele o que planejamos. — Com licença. — Faith tirou o telefone celular de sua bolsa e caminhou até a porta deslizante, que levava a um grande deck. A casa de Barbs tinha uma vista panorâmica do Pacífico. Por um momento Faith deixou o som das ondas quebrando na praia acalmar seus sentidos, fechando os olhos e tomando uma inspiração profunda. Uma melodia comovente, conduzida pela brisa salgada vinda de uma casa vizinha, provocou seus ouvidos. Era ótimo não se preocupar com novos designs. Criá-los reduziria o pouco tempo que tinha antes da Semana de Moda. Até então, as duas coisas sólidas que ela tinha era um contrato com uma agência de modelos e um diretor de palco que trabalhara com as meninas daquela agência, mas ainda precisava escolher as modelos. Ela também precisava finalizar a negociação com uma cabelereira e maquiadora, e um produtor. Mas agora não era o momento de se estressar sobre tais coisas. Abrindo os olhos, Faith procurou um lugar para se sentar. Um gazebo com um sofá grande e travesseiros macios estava à esquerda, e várias espreguiçadeiras estavam espalhadas sobre o envolvente deck cercado. Ela caminhou para uma das estacas da cerca, junto aos degraus de concreto que conduzia à praia, sentou e discou o número de Ken. — Sim? — Disse ele depois de dois toques, parecendo sem fôlego. — Você pode falar? — Uh, não agora. Eu ligarei de volta em poucos minutos. — O telefone ficou mudo. — Ótimo!— Faith respirou fundo e soltou o ar lentamente. Ela olhou para a casa. As mulheres ficariam impacientes se não voltasse em breve. A vontade de ligar e interromper Ken era forte. Ela olhou para a água


escura batendo na areia. As ondas turbulentas combinavam com seu humor negro. — Querida? — Estelle chamou da porta alguns minutos depois. Faith praguejou sob sua respiração, agarrou o telefone, e caminhou de volta para a casa. — Eu liguei para Ken, mas ele não podia falar. Ele disse que ligaria de volta. — Eu tenho certeza que ele vai. Você comeu? — Eu tive um sanduíche antes de sair de casa. — Isso não é uma refeição. Entre e se junte à nós. A cozinheira de Barbs fez o jantar. Pouco antes de entrar na casa, o telefone celular de Faith tocou. Ela reconheceu o número de Ken. — Vá em frente, tia Estelle. Eu vou logo. — Ela se afastou da porta e falou ao telefone: — Desculpe ligar tão tarde. — É quase tarde. O que está acontecendo? — Eu preciso de um favor. — Ela explicou rapidamente o que Barbs e suas amigas planejaram e porquê. — Eu quero que você diga a elas para desistirem. Elas nunca me escutam, especialmente quando a minha tia está envolvida. — Entendo. Faith fez uma careta, não gostando de sua resposta imprecisa. Ela esperava que ele ficasse irritado com sua interferência. — Olha. Elas têm boas intenções, mas a ajuda delas é a última coisa que queremos agora. Alguém filmou sua briga com Sean e postou online. Ken começou a rir. Faith tentou não se juntar à ele. — Não é engraçado. — Então por que você está rindo? Eu posso ouvir em sua voz. O babaca merece a humilhação pública.


Ele merecia. Ainda assim... — Não há como dizer o que ele fará uma vez que ver esse vídeo. Temos de encontrar quem postou e pedir para apagá-lo. — Ok. Verei o que posso fazer. — Ele parecia sério quando continuou. — As amigas de sua tia. Quantas são? — Cinco. Por quê? — Porque estou formulando um plano. Quais os nomes delas? Ela recitou os nomes, totalmente confusa. — O que você planeja? — Alguma coisa. Posso falar com a senhora por trás deste plano diabólico? — Por quê? Ken gemeu. — Para alguém que veio me pedir ajuda, você continua a questionar tudo o que faço. Você não confia em mim? — Eu não. Quer dizer, eu não questiono tudo, e sim, eu confio em você. Espero que você assuste Barbs, porque uma vez que ela e sua legião ficam imersas em algo, não há como controlá-las. Basta ser educado e muito legal sobre isso. Estas são mulheres poderosas em Hollywood, e eu não estaria onde estou sem elas. — Sério? — Descrença atou a palavra. — Sim, realmente. Por que você perguntou assim? — Você aparenta ser uma pessoa que não pede ajuda à ninguém. Engraçado como ele pode lê-la tão bem. — Eu fui pedir ajuda para você, não fui? Ele riu. — Você com certeza veio. Então? Posso falar com Barbs ou o quê? — Ok. Basta ser educado. — Dentro da casa, Faith seguiu as vozes até uma sala de jantar com um adorável lustre de cristal iluminando e um armário de porcelana antiga. Barbs reinava na cabeceira da mesa. — Senhor Lambert gostaria de falar com você.


Uma vez que Barbs saiu da sala com o telefone de Faith, as outras incitaram Faith a sentar. O aroma picante de especiarias das costelas assadas fez seu estômago roncar. Foram servidas com polenta e queijo parmesão, saladas de vegetais, espargos refogados e alcachofras. Ainda assim, o paladar de Faith não podia apreciar qualquer coisa. Seu olhar continuou flutuando para a porta através da qual Barbs desapareceu. — Está tudo bem? — Perguntou Estelle. — Ele é tão imprevisível que eu não tenho certeza... — Faith fez uma careta ao perceber que expressara seus pensamentos em voz alta. Ela deu à sua tia um pequeno sorriso. — Sim, acho que sim. Eu não fui para você depois que Barbs me contou sobre o vestido porque não queria incomodá-la. — Você nunca poderia me incomodar, querida. — Ela apertou a mão de Faith. — Você leva muito em seus ombros. Deixar que os outros ajudem de vez em quando não é um sinal de fraqueza. Isso mostra que você conhece suas limitações. Ah, me escute palestrar para você agora, quando as coisas estão melhorando. Traga Kenneth para casa algum dia, para um dos nossos piqueniques de domingo. Eu gostaria de encontrá-lo em um ambiente menos formal. De novo não. Faith precisava cortar pela raiz a incessante intromissão de sua tia. No ano passado, Estelle fez de tudo para conseguir um marido para ela. Ela enviou homens elegíveis à loja de Faith com recados infundados e pediu a ajuda de seus primos para convidar os seus amigos para os jantares de família. Não importa quantas vezes Faith explicasse que não estava pronta para se estabelecer, sua tia apenas ignorou seu protesto. — Eu quero ver você muito bem casada como Jade e Ashley — era muitas vezes sua resposta. Faith olhou para as outras para se certificar de que elas se concentravam em sua conversa e jantar, então, inclinou-se para a mulher mais velha.


— Eu não sei o que você ouviu, tia Estelle. Ken e eu não estamos em um relacionamento. O que temos é um acordo de negócios. Estelle riu e acariciou a mão de Faith. — Foi assim que seu tio e eu começamos, também. Um minuto eu estava ocupada vasculhando LA em busca de uma casa apropriada para o novo cirurgião pediátrico do CedarSinai, no próximo ele varreu-me fora de meus pés. Dentro de um ano, Lex nasceu e nós éramos uma família. Família. A palavra ecoou na cabeça de Faith, trazendo consigo uma dor que não sentiu em anos. Imagens de sua mãe flutuaram em sua mente, ecoando sua risada contagiante e enchendo-a com nostalgia. O que seria ter alguém especial em sua vida? Encontrar o tipo de felicidade que sua mãe encontrara com seu pai no início de seu casamento? Imagens de sua mãe antes dela morrer substituíram as anteriores. Os olhos tristes. As lágrimas. A felicidade não durou. Mesmo agora, Faith se perguntou se sua mãe simplesmente não conseguia lidar com ser casada com um militar muito disciplinado ou se a crítica incessante de alguns familiares de seu pai a afetara. Ela teria se arrependido de desistir de sua carreira e seus amigos? É verdade que showgirls simplesmente não podiam se encaixar com os Fitzgeralds altamente educados e trabalhadores, e apesar de sua grande beleza e talento, sua mãe não poderia ter dançado para sempre. Mas cortar seus amigos de Vegas foi um pouco drástico na opinião de Faith, mesmo que fosse por um homem que foi contra a vontade de sua família e se casou com ela. Faith suspirou. Não que ela não gostasse do sacrifício de seus pais. Ela gostava. Sua mãe queria um lar estável para a Faith longe da chamativa Las Vegas, e seu pai poderia facilmente ter abrandado a culpa dele através do sustento da criança e abandonado a responsabilidade dele para com ela. Mas uma vez que ele soube de sua existência, nada o impediu de fazer a coisa certa – cortejar, em seguida, se casar com sua mãe. Então, por que Faith desconfiava de relacionamentos? Era por causa do turbulento casamento de seus pais ou a traição de Sean?


Desde que não tinha respostas, Faith afastou os pensamentos irritantes e mordiscou sua salada. Ela apenas escutou metade do que sua tia discorria sobre o amor e o casamento. Barbs voltou à sala com um rosto radiante, e todo mundo parou de falar. — Bem? — Perguntou Estelle. — Ele aprova os nossos planos. Vamos nos encontrar com ele amanhã antes de ir para Sean. — Faith fechou os olhos e sufocou uma maldição. Eu vou matá-lo. *** Ken fechou seu telefone celular e fez uma careta. Apenas quando pensou que tinha tudo planejado, ele foi pego de surpresa por um bando de socialites intrometidas. Será que elas achavam que ele administrava um reality show para esposas entediadas de Hollywood? Quem diabos era Bárbara Riggins, de qualquer maneira? Um minuto ele explicava por que ela e suas amigas não deviam ser envolvidas em sua investigação, no próximo ele concordava com todos e cada um de seus argumentos. — Há pessoas ao lado de Sean O'Neal que amaria ver a carreira de Faith quebrar e queimar. Isso é inaceitável para mim e minhas amigas, Sr. Lambert. Você não acha que deveríamos trabalhar juntos para frustrar seus esforços? Fazer o que é certo para a Faith? Ou você não se preocupa com a carreira dela? — Ela atirou nele. Discordar não passou pela sua cabeça, porque ele teria que agir como um idiota insensível com pouco interesse na carreira de Faith. Bárbara não deu a ele a chance de perguntar quem gostaria de ver a carreira de Faith falhar ou porque, antes, ela mudou para outra razão pela qual eles precisavam trabalhar como uma equipe. Então ele fez o que qualquer homem sensato faria quando confrontado com uma mulher de temperamento forte, foi junto com suas sugestões. Mas não tinha intenção de trabalhar com elas. Sua equipe era bem-equipada para lidar com O'Neal.


Ken voltou para a quadra de basquete coberta do lado de fora do hall do ginásio. No interior, cinco suados homens sem camisa jogavam três pontos e brincavam uns com os outros como um bando de meninos adolescentes, esperando que ele se juntasse à eles. Ken muitas vezes aguardava com expectativa estes jogos três-a-três, mas agora, tudo o que ele queria fazer era voltar correndo para o escritório e começar a trabalhar. Faith pareceu preocupada, o que não o agradou. — Hey, Lambert! Você vai jogar ou o que? — Um de seus amigos chamou. Sua cabeça não estaria no jogo se ele ficasse. — Não hoje à noite, pessoal. O trabalho chama. Deixe a criança tomar o meu lugar. — Ken empurrou sua cabeça em direção ao jovem que assistia ao jogo deles nos últimos dez minutos. Seus amigos acenaram para o adolescente e voltaram para o jogo sem insistirem. O grupo tinha médicos, policiais e um ex-amigo do bureau. Abandonar um jogo não era incomum. Ken pegou a garrafa de água de onde havia deixado no estrado que decorria ao longo de um lado da quadra e foi em direção à entrada da frente do ginásio. Enquanto caminhava até seu carro, sua mente corria. Quem poderia ter filmado ele e Sean? Ele tentou lembrar os clientes dentro da loja de Faith no momento e não conseguiu pensar em nada. Talvez um de seus empregados, alguém leal à ela e não à O'Neal. Não importava quem fez isso. Faith queria o assunto resolvido e ele sabia exatamente o que fazer para que isso acontecesse. Ele parou por Taco Time a caminho de casa, parou em frente ao seu condomínio Artesia Square e pressionou o controle de garagem. Ele teve sorte quando conseguiu este lugar em Gardena. Os edifícios eram novos, o bairro tranquilo, e sua casa rodeada por opulentas casas unifamiliares. O silêncio dentro da casa foi chocante depois da música em seu carro. Ele acendeu as luzes, foi direto para a sala de estar e ligou a TV na ESPN. O som ao fundo fez sentir-se como se não estivesse sozinho.


Engraçado, ele nunca se importou de estar sozinho. Mas isso era o que recebia por deixar Faith entrar na cabeça dele. Ele ainda não entendia como ela fez isso. Ele tivera relações antes, dormiu com a sua quota de mulheres bonitas, mas nenhuma poderia segurar uma tocha para Faith. A mulher foi inesquecível. Desde o seu brilhante cabelo ruivo a suas intermináveis pernas perfeitamente tonificadas, o brilho obstinado em seus olhos azuis quando ela o desafiava, à vulnerabilidade que aparecia nas profundezas deles quando a guarda dela abaixava. Ele queria tudo. Ken foi ao segundo quarto, o qual convertera em um escritório. Ele deixou cair o seu jantar sobre a mesa, ligando o seu desktop, e arranhou seu peito. Inferno, ele fedia, mas o chuveiro podia esperar. Encontrar o vídeo que Faith mencionou não foi difícil. Ken riu enquanto observava as imagens e mastigava burritos. Socar Sean lhe fez bem. Apesar do que disse à Faith, ele queria o vídeo excluído. Sua empresa era conhecida por ser discreta. Uma briga pública não exemplificava exatamente essa política. Entrou em contato com o moderador do site, e deixou uma breve mensagem. Esperançosamente, os proprietários respeitavam as leis de privacidade e proibiam vídeos postados sem o consentimento dos participantes. Apenas no caso de demorarem em responder... Ken pegou o celular e digitou o número de Sly. Obter informações invadindo um sistema era algo que ele só autorizava em último recurso e quando a situação era crítica. — Você tem tempo para me fazer um favor? — Claro, chefe. — Preciso de informações sobre uma pessoa que enviou um vídeo online. Estou mandando o link por e-mail. — Ok — Sly disse lentamente, como se estivesse preocupado. — Posso dar voltas para obter o endereço de I.P. deles e conseguir o que você quer.


— Rastreie através de meu sistema de trabalho. — Se alguém rastreasse a infração, ele queria que pensassem que foi ele quem invadiu, não Sly. — Chefe, isso não é necessário. Pretendo saltar o sinal em todo o lugar e nunca seguirão de volta para mim. Ken balançou a cabeça para a arrogância do rapaz. Infelizmente, muitos hackers cometeram esse erro e acabaram na cadeia. — Nós fazemos isso do meu jeito ou não, absolutamente, Sly. É uma ordem. Ligue para mim quando conseguir alguma coisa. Ah, e não mencione o vídeo para ninguém no escritório. — Sim, sim, senhor. Ken desligou e começou a pesquisar Bárbara Riggins e suas amigas. Amadores tomando o assunto em suas mãos o deixaram alerta. Aqueles que fazem você fazer o lance deles e fazem parecer que foi ideia sua eram francamente perigosos. Obter informações básicas sobre essas mulheres devia prepará-lo para amanhã, porque pretendia enviá-las correndo de volta para seus clubes de campo e existência encantada. Quanto mais ele leu sobre cada mulher, mais percebeu o quanto esteve equivocado. Estas não eram as habituais esposas de Hollywood. Bárbara Riggins, uma ex-apresentadora de talk-show, era agora casada com um poderoso produtor/diretor. Eles lançaram várias comédias de sucesso não convencionais através de sua produtora. A loira peituda, Monique VanderMarck, foi uma jovem modelo antes de Twiggy. Ele não tinha ideia de quem era Twiggy, mas jorrava artigos sobre ela. VanderMarck

escrevia

agora

roteiros

para

múltiplas

séries

de

adolescentes na TV. As outras tinham igualmente impressionantes currículos – Eliza Goldschmidt e sua capacidade para escrever scripts que seu marido transformava em filmes de grande sucesso e Sissy e seus chick flicks19 e documentários.

19 Caracteriza filmes direcionados ao público feminino e geralmente lançados no dia dos namorados.


Ken sentou e balançou a cabeça. Elas eram um arco-íris de mulheres fortes, inteligentes e motivadas, e de jeito nenhum ele poderia intimidá-las a fazer algo contra sua vontade. Isso o deixou com uma opção. — Eu preciso que você interprete um guarda-costas para um grupo de celebridades de Hollywood — disse ele ao telefone depois de discar um número. Rod riu. — É disso que estou falando. Onde, quando e por quanto tempo? — Fashion District, amanhã. Elas têm uma consulta com um designer. — Isso tem alguma coisa a ver com a gostosona que veio procurando por você ontem? Ela estará lá? — Ela não é gostosona — Ken estalou. — Senhorita Fitzgerald é uma cliente e deve ser tratada com respeito como todos os nossos outros clientes. E sim, isso é sobre o caso dela. Precisarei que você fique colado em suas amigas durante o compromisso delas e aproveite a oportunidade para grampear cada sala em que entrar. Qualquer dúvida que possa ter sobre o caso, eu responderei amanhã de manhã. — Soa como um plano. Então eu assumo que a senhorita Fitzgerald está fora dos limites, porque ela é uma cliente — Ron disse. Ken se sentiu como um idiota por estourar em Rod, mas agora o homem estava fodendo com ele. Como poderia colocar suas intenções em termos de forma que o cubano entendesse? — Não é porque ela é uma cliente, Rod. Ela está fora dos limites porque ela é minha.


CAPÍTULO 6 — Sente-se, Sra. Larson. — Faith indicou a cadeira em frente à dela e estudou a mulher enquanto ela caminhava pela sala. — Por favor, me chame de Jennifer — disse ela e apertou a mão de Faith. Jennifer Larson era a primeira entrevistada para a posição de cabelereira e maquiadora que Faith anunciou no Craigslist20. O trabalho, embora temporário, era vital para seu próximo desfile em Nova Iorque. Aparentemente, Jennifer tinha jeito para a moda. Sua roupa não estava na moda, mas ela combinou com os sapatos certos e uma bolsa indispensável do ano passado, um cinto vintage e joias. Faith sentou depois de sua convidada. — Seu cabelo está lindo. Jennifer sorriu e acariciou sua juba cortada assimetricamente. — Obrigada. — Você fez isso sozinha? — Não, uma de minhas meninas. Eu realmente aprecio esta oportunidade para mostrar o que o meu salão de beleza pode fazer. — Você tem um currículo impressionante. — Faith abriu a pasta na frente dela e visualizou a lista de desfiles de moda que a Valhalla Stylists trabalhara. Ela analisou cada registro em detalhes, mas uma coisa a incomodava. — Notei que as referências que você me deu não incluem os últimos dois anos.

20 A Craigslist é uma rede de comunidades online centralizadas que disponibiliza anúncios gratuitos aos usuários. São anúncios de diversos tipos, desde ofertas de empregos até conteúdo erótico. O site da Craigslist também possui fóruns sobre diversos assuntos.


Jennifer fugiu para a borda da sua cadeira, com as mãos segurando a bolsa com mais força. — Passei os últimos dois anos expandindo meu negócio e acabei de abrir um salão de beleza em Burbank. — Seu sorriso vacilou, mas seu olhar não o fez. — No entanto, você tem razão em questionar por que eu parei de trabalhar com designers. Durante meu último emprego, eu cometi um erro terrível, do qual me arrependo desde então. Eu tive um caso com o homem com quem trabalhei. Sua noiva descobriu e me baniu. Já se passaram dois anos e espero que as pessoas tenham esquecido. Senhorita Fitzgerald, eu quero trabalhar em desfiles novamente. Se você me der uma chance, eu prometo que você não se decepcionará. Algo frio rastejou pela espinha de Faith. Suas histórias eram tão semelhantes que era assustador. A indústria da moda tinha calúnia e fofoca se espalhando mais rápido do que um vírus. Quais eram as chances de Jennifer ter ouvido sobre ela e Sean e estava apostando em ser contratada por causa de seus passados semelhantes? — Você já se mostrou à outros designers e foi rejeitada? — O seu anúncio foi um dos poucos que eu respondi. Você é a primeira a me entrevistar — Jennifer acrescentou com um pequeno encolher de ombros. Faith entendia muito bem seu dilema. Sean a baniu também, tornando impossível para ela encontrar trabalho ou patrocinadores. Apesar da honestidade de Jennifer, as persistentes dúvidas perseguiam Faith. — O que fez você me escolher entre os outros anúncios? — Eu amo o seu trabalho e fiz compras em sua loja antes, mas acima de tudo, eu amo fazer desfiles. Isso me dá a oportunidade de ser criativa e ousada. Os outros anúncios eram para eventos locais, menores. — Se eu contratá-la, como você escolheria o penteado certo para meus designs?


Os olhos de Jennifer brilharam. — Primeiro, eu estudaria a sua coleção, em seguida, me sentaria com você para discutir a sua visão e conceito para o desfile. Penteado e maquiagem podem ir em qualquer direção, então eu iria propor vários estilos que façam seus designs destacarem-se sem roubar a atenção deles. Em seguida, juntas, nós decidiríamos quais combinariam com toda a coleção. Posso trabalhar com cabelo natural ou sintético. Meu pessoal é versátil. E muito eficiente pelo que Faith viu. Ela clicou uma tecla em seu laptop e um vídeo começou a carregar. — Eu assisti o DVD que você enviou com o seu currículo. O seu pessoal que o gravou? Jennifer riu. — Não. A equipe da designer gravou. Ela teve a gentileza de me dar uma cópia. Assisti-lo colocou Jennifer na seleta lista de Faith. O vídeo narrava a seleção da maquiagem e penteado desde a concepção até a escolha final. — Eu tenho algumas perguntas sobre suas decisões aqui. Talvez você possa explicá-las para mim. — Faith virou o laptop para que ficasse de frente para Jennifer, em seguida, caminhou ao redor da mesa para se juntar a ela. A cabelereira explicou cada passo no processo de pré-desfile, fazendo Faith rir algumas vezes. No final do vídeo havia fotos de penteados e maquiagens de outros desfiles. O entusiasmo de Jennifer era contagiante, e conforme o seu portfólio, ela seria uma adição maravilhosa para a equipe Falasha. Ainda assim, Faith não estava pronta para tomar essa decisão até que entrevistasse as outras duas pessoas em sua lista. Faith desligou o aparelho de DVD e se levantou. — Obrigada pela visita, Jennifer. Prometo não fazer você esperar muito tempo para a minha decisão. Espere ouvir de mim na próxima semana. Jennifer assentiu, agradeceu Faith novamente, e saiu. Faith caminhou até a geladeira no canto da sala e pegou uma garrafa de água. Ela destampou, tomou um gole, e refletiu sobre a entrevista. A


contratação de uma cabelereira/maquiadora poderia significar uma coisa a menos para se preocupar. Ela olhou para o relógio. Seu próximo compromisso era em menos de trinta minutos, o que lhe deu um pequeno tempo para fazer ligações para Nova Iorque. Ela pegou o telefone e digitou os números. — Agência de Modelos Elegance — uma voz feminina respondeu após dois toques. — Posso falar com Marcella, por favor? É Faith Fitzgerald da Falasha. — Ela esperava seu telefonema, senhorita Fitzgerald. Só um segundo, enquanto a transfiro. Faith não esperou muito tempo antes de Marcela Radcliffe entrar na linha. — Olá querida. Quando você vem? — Ela ronronou com um sotaque britânico. Mesmo depois de viver nos EUA por quinze e tantos anos, ela ainda soava rígida e formal. — Domingo à tarde. — Nós devemos marcar de jantar enquanto você estiver aqui. Eu disse às minhas garotas que foi você quem jogou tudo fora. Elas não podem esperar para trabalhar com você. Faith riu. — Jogou fora? Eu nunca tive isso para começar, Marcella. Você está apenas sendo gentil. — Você me conhece, querida. Eu nunca digo qualquer coisa que não quero dizer. Você teria conseguido um contrato com a Victoria Secrets se você não tivesse ido embora. — Ela riu e continuou. — Agora, sobre o seu desfile, eu alinhei meninas suficientes para você escolher, incluindo algumas que são tamanho 42 como você pediu. Envie-me seu itinerário para que eu possa terminar o agendamento dos testes. Após terminar com Marcela, Faith recostou-se contra sua cadeira e bebeu um gole de água. Conversar com Marcela sempre trazia um sorriso aos lábios. Faith assinara com a Agência de Modelos Elegance durante


seu primeiro ano na faculdade, foi para numerosos testes sem conseguir um desfile de destaque. Ela não era magra o suficiente. Como agora, seus quadris eram um pouco largos e seu peito muito grande para designs de alta costura, exceto para roupas de banho, para os quais modelou um pouco. Sua experiência lhe ensinou a apreciar o trabalho era a modelagem. Quando contatou Marcella para usar suas meninas, Marcella foi mais do que acolhedora. As modelos eram rapidamente reservadas durante a Semana de Moda e não eram baratas, especialmente as mais procuradas, como as de Marcella. Mas ela deu à Falasha um desconto decente. Se as coisas corressem de acordo com os planos, o desfile se traduziria em lucro. Faith esperava deixar Nova Iorque com uma lista de revendedores interessados em sua coleção. Ter LA Fashion Market um mês mais tarde, lhe daria tempo suficiente para se preparar para os compradores globais que se reuniriam no California Market Center para fazer pedidos. Faith atirou a garrafa de água vazia no lixo e franziu a testa. O ponto culminante de sua meta de cinco anos para ter seus designs em lojas de varejo estava tão perto. Excitação e nervosismo disputavam o domínio dentro dela. Numa batida, os designers mais jovens saíam da toca a cada ano. Acrescente aqueles que receberam exposição instantânea através de programas de televisão como Project Runway ou artistas pop ramificando para a moda, e a competição ficava mais dura. Esta era a sua chance de tornar seu sonho uma realidade. O fracasso não era uma opção. Seu celular tocou, interrompendo seu devaneio. Ela não verificou a identidade de quem ligava, apenas pegou o fone e o levou à sua orelha. — Sim? — Eu preciso de sua ajuda. Ken. Uma queda suave de calor se estabeleceu em sua cintura. Ela optou por não ligar para ele ontem à noite após ele ignorar a sua sugestão. Aposto que ele já lamentava a sua decisão de não ouvi-la sobre sua tia e suas amigas, que era provavelmente por isso que ele ligou.


— Bom dia, Ken — disse ela, mantendo a voz otimista. — Essas mulheres estão me deixando louco. Não diga eu te avisei, Faith, ou eu farei você pagar. Ontem à noite, eu tentei convencer Bárbara que eu tinha tudo sob controle e não deu em nada. Agora ela cacareja em volta, transformando meu escritório em algum café extravagante. Bárbara ainda trouxe seu café importado de Deus-sabe-onde e pequenos bolinhos feitos especialmente por ela com leite de soja. Eu tive que experimentá-los — ele rosnou. Ele parecia tão inflamado, ela riu. — Não é engraçado — ele retrucou. Ela riu. — Você deveria ouvir a si mesmo. — Faith — ameaçou. — Ok. Como posso ajudar? — Venha e me ajude a me livrar delas. Elas já comandaram meu escritório e sequestraram minha investigação. Eu tenho medo de sair, ou eu mesmo a buscaria. Quanto tempo para você chegar aqui? Faith revirou os olhos. Ela não ia à lugar nenhum, mas sentiu pena dele. Ele lidava com uma equipe formidável. — Por que você está com medo de sair? — Elas roubarão o resto dos meus funcionários. Rod e Duncan já estão em seus bolsos, os idiotas — disse ele com nojo. — A minha assistente é uma viciada em filme e fã número um dela. É como estar no Twilight Zone21. — Sua voz caiu quando ele acrescentou: — Uma delas parece não conseguir manter suas mãos para si mesma. Acho que ela está na minha porta agora tentando entrar.

21 The Twilight Zone (Além da imaginação, no Brasil; A Quinta Dimensão em Portugal) foi uma antológica série de televisão estadunidense, criada por Rod Serling, que foi produzida por 5 temporadas na CBS, de 1959 a 1964. A série consistia de episódios embasados em assuntos como paranormalidade, futurismo, distopia ou simples eventos, e cada episódio apresentava uma surpresa, ou uma mensagem subentendida.


Faith começou a rir. — Soa como Sissy encontrando o marido número três. — Não estou interessado. — É melhor não dizer isso à ela, porque ela só vai considerá-lo um desafio. Colabore e ela o deixará sozinho. Conquistas fáceis a aborrecem. Então o que você disse à elas? — Ofereci Rod para escoltá-las até o escritório de O'Neal e atuar como guarda-costas delas. Elas queriam saber o motivo. Então, expliquei a verdadeira razão de Rod acompanhá-las. — Qual é? — Grampear o lugar e tirar algumas fotos. Que acabou sendo a coisa errada a admitir, porque agora elas querem fazer isso. Você pode acreditar nisso? Os transmissores que usamos são delicados e caros. A última coisa que eu preciso é amadores brincando por aí com eles. Só um segundo. — Ele disse algo para alguém no fundo antes de voltar à linha. — Escute, eu entendo a lealdade delas para com você, mas esta é a minha investigação e elas estão ferrando com ela. Venha aqui e explique porque eu preciso trabalhar sozinho. Faith suspirou. — Eu gostaria de ajudar, Ken, mas não posso. Eu tenho uma importante entrevista... — Remarque. — Eu não posso — ela acrescentou em uma voz exasperada. — Mas eu já estive em situações como essa com elas antes, então é isso que você deve fazer. Dê a elas um papel a desempenhar, nada grande ou perigoso. Você se surpreenderá com quão boas elas são, uma vez que alcançam o que querem. — Pensei que a minha mãe era ruim — acrescentou ele em voz baixa. Faith sufocou uma risada. — Talvez elas fiquem felizes depois de ajudar hoje e o deixem sozinho. Por que você grampeará o lugar de Sean?


— Nós não fomos capazes de obter qualquer coisa útil do telefone dele ou colocá-lo em qualquer lugar perto de uma das suas pessoas, mas isso não significa que ele não seja culpado — acrescentou rapidamente como que para tranquilizá-la. — Precisamos descobrir com quem ele se comunica. Eu tenho alguém o seguindo agora, mas eu seria mais feliz uma vez que tivermos alimentação de áudio e vídeo de seu local de trabalho. Rod pode cuidar do áudio hoje e vamos instalar o vídeo em algum momento nos próximos dias. Ou devo dizer noites. Nós vamos ser capazes de acessar seus computadores, cofre, ou onde quer que ele esconda seus designs. Na próxima semana, devemos saber tudo sobre o homem, até o que ele roubou de você. Quanto mais Faith ouviu Ken, mais o seu rigor a impressionou. O aborrecimento em sua voz desapareceu quando ele esboçou sua estratégia. Frequentemente, ela encontrava pessoas que odiavam seus empregos e reclamavam incessantemente. Foi refrescante encontrar alguém que realmente gostava do que fazia para viver. Sua única preocupação era que toda a operação parecia cara e ele ainda não dissera o quanto isso iria custar à ela financeiramente. — Parece que você tem tudo sob controle — disse Faith, procurando mentalmente por uma abertura para perguntar sobre o custo. — É por isso que suas amigas não deveriam estar aqui. — Notei também que o vídeo da luta foi excluído. Obrigada. — De nada, e dificilmente seria qualificado como uma luta. Faith abriu a boca para responder, quando uma batida ressoou em sua porta. Molly colocou a cabeça pela abertura. — Seu próximo compromisso está aqui. — Obrigada — Faith balbuciou, em seguida, adicionou mais alto para o receptor: — Eu tenho que ir, Ken. Se você tiver uma chance, pode me enviar um e-mail do contrato para a investigação? Você nunca teve tempo para dá-lo à mim. — Não há pressa.


— Ainda assim, eu gostaria de tê-lo em arquivo. Deixe-me saber como vai tudo. Ele suspirou. — Se elas não me deixarem louco primeiro, com certeza. *** Ken empurrou o celular de volta no seu suporte e se dirigiu para a porta. A conversa parou quando entrou no piso principal de seus escritórios. Sly, Hailey, e as cinco mulheres estavam sentadas ao redor da área de espera dos visitantes, tomando café e ensaiando cenas de filmes que as mulheres escreveram. Lucy estava de volta em sua mesa no computador, mas Duncan foi embora. Ken não esperava que ele ficasse à toa para sempre após o check-in. — O que ela disse? — Perguntou Estelle Fitzgerald. Ken ergueu a sobrancelha. — Quem disse o que? — Faith — disse ela. — Você falava com ela, certo? Por um momento, Ken franziu a testa. A porta de seu escritório esteve fechada, de modo que não poderiam ouvi-lo. — O que lhe faz pensar que eu falava com ela? Estelle riu. — Querido menino, você saiu com uma expressão estrondosa e voltou sorrindo como um gato Cheshire bem alimentado. A menos que você conversasse com outra mulher... — O que seria muito ruim para uma relação de amizade como a sua e de Faith — acrescentou Bárbara. As outras concordaram e assistiram-no com os olhos estreitados. Ele não se incomodou em responder. De maneira nenhuma ele deixaria essas mulheres se intrometerem em sua vida pessoal também. Elas já estavam até os joelhos em sua investigação contra o seu melhor julgamento. Talvez se as fizesse se sentir encurraladas, elas poderiam recuar e salvá-lo das preocupações que vinham com a colaboração de amadores. Quanto à Rod, precisavam ter uma longa conversa sobre a


divulgação de sua vida pessoal. Só porque disse ao cubano que Faith era sua não lhe dava o direito de dizer às outras pessoas. Ken apontou para Sly e Hailey. — Vocês podem sair agora. Parem o mais perto possível do prédio dele e me liguem quando tiverem tudo configurado. Hailey lentamente empurrou Sly em cadeira de rodas para fora da porta, obviamente relutante em sair. Sissy levantou um dedo e perguntou: — Por acaso eles vão ao edifício de O'Neal? — Dê-me um momento antes de responder à isso. — Ken foi para Lucy e disse em tom baixo: — As cópias que discutimos anteriormente. Ela balançou a cabeça, levantou com os contratos e cinco canetas, e os distribuiu para as mulheres. Ao chegar ao escritório esta manhã, ele explicou seu plano para este pacote de bastidores de Hollywood. Ela não aprovou, e pela configuração de seus lábios, ainda não o fez. Que pena. Quando se tratava de negócios, ele cobria todas as bases. — Este é um contrato de não divulgação que afirma que o que estamos prestes a discutir e fazer são confidenciais e não podem ser divulgados a terceiros ou utilizados de qualquer forma sem minha permissão. Eu listei-as como consultoras, mas se alguém tem algum problema com isso ou o texto, então se sinta livre para não assiná-lo. Como consultoras, vocês tecnicamente não são funcionárias desta empresa, o que significa que não somos culpados se vocês se machucarem, perderem, ou danificarem alguma coisa durante esta investigação. Novamente, se vocês tem um problema com isso, não assinem o contrato. Ken esperou com antecipação enquanto cada uma delas lia o documento. Se uma delas se recusasse a assinar sem um advogado presente, as outras certamente a seguiriam. Quem vai primeiro? Ele não se importava. Qualquer esperança de que as mulheres se retirassem evaporou quando todas assinaram o formulário e entregaram sua cópia para Lucy.


Ela lançou um sorriso para ele, como se dissesse: Eu disse que isso não funcionaria. — Você é muito minucioso — disse Monique. Ela não disse muito desde que chegou. — Eu posso ver por que Faith o escolheu. — Obrigado, Sra. VanderMarck — Ken disse, embora, não tivesse certeza se ela queria dizer por que a Faith escolheu-o como um IP ou qualquer outra coisa. Mas pela sua expressão solene e as de suas amigas, elas provavelmente percebiam a gravidade do que estavam prestes a fazer. — Ok, vamos começar. Hailey e Sly são a nossa equipe de tecnologia para hoje. Estaremos fora do alcance para o nosso sistema pegar a transmissão, então eles monitorarão os sinais de áudio dentro de uma van estacionada perto do edifício de O'Neal. Quanto à sua equipe, Rod ainda estará no comando. Ele tirará fotos com isso. Ken levantou os óculos de sol que usou no dia anterior, mostrou a micro câmera escondida e explicou como o botão do controle remoto funcionava. — Tentem levá-lo com vocês para cada sala que entrarem. Se isso não for possível, surjam com uma desculpa para ele se juntar à vocês. Uma de vocês pode ter uma falsa tontura repentina ou algo assim. Se isso não funcionar, pegue os óculos dele como se fossem experimentálos. Temos os esquemas de chão, mas precisamos saber o arranjo em cada sala, inclusive quantos computadores estão nos escritórios. Se possível, descobrir onde ele armazena seu material concluído. Talvez as senhoras possam ajudar com isso. Algumas mãos se levantaram e Ken suspirou. — Não há necessidade de levantar as mãos para falar — disse ele, — mas eu agradeceria se pudessem me deixar terminar antes de fazer perguntas. — Ele esperou os acenos abaixarem, então continuou. — Pretendemos voltar mais tarde para instalar câmeras de vídeo. Se ele tentar destruir Faith, nós vamos ter tudo que precisamos para enterrálo. Rod tirará fotos de tudo porque vamos precisar encontrar uma maneira de acessar seus escritórios. Alguma pergunta?


Ninguém falou. Ele pegou um pequeno transmissor de cristal e explicou como funcionava. — A bateria 3V em cada escuta durará uma semana, que é todo o tempo que precisamos para encerrar esta investigação. Por último, apenas duas de vocês pedirão os modelos exatos dos vestidos que Faith está fazendo. Decida-se entre vocês quais serão as duas. As outras duas aceitarão o que o pessoal dele sugerir. Vocês não querem despertar as suspeitas do homem agindo da mesma forma. Sra. Fitzgerald, você... — Não posso ir porque provavelmente o acertaria com a minha bolsa e entregaria nosso disfarce — disse Estelle, seus olhos castanhos brilhando. — Não se preocupe, eu tenho coisas para fazer e Barbs me ligará mais tarde com a notícia. Ken concordou. — Bom. Lembrem-se, senhoras. Vocês entram, fazem o trabalho, e saem. Mantenham a calma e sem movimentos heroicos, sob quaisquer circunstâncias. Isso levará todas vocês para a cadeia. As mulheres assentiram, sem um único protesto. Eliza Goldschmidt se levantou e apertou sua mão. — Eu vou repetir o que Monique disse anteriormente, estou impressionada por quão detalhadamente você planejou esta operação. Talvez você e eu possamos almoçar em algum momento e discutir negócios. Eu poderia usar sua experiência em um de meus filmes. — Vamos conversar mais tarde — ele respondeu. — Eu não me importaria de fazer um documentário sobre o trabalho de um consultor de segurança — Sissy acrescentou com uma piscadela. Ele sabia o tipo de documentário que ela tinha em mente. — Obrigado pelo pensamento, Sissy, mas me colocaria fora do negócio. — Ao contrário das outras, ela insistiu para Ken chamá-la pelo nome. — Na minha linha de trabalho, o anonimato é tudo. — Ele olhou para o relógio. — É hora de sair.


Em vez de se sentir aliviado por prepará-las, as preocupações de Ken dispararam com força, enquanto observava as mulheres e Rod saírem. E se elas cometessem um erro e O'Neal descobrisse que estava sendo investigado? — Estar aqui olhando para a porta não aliviará as suas preocupações — disse Lucy suavemente atrás dele. Ele olhou para ela e franziu a testa. — Elas ficarão bem, certo? — Oh sim. Essas mulheres sobreviveram à Hollywood. Elas podem sobreviver a qualquer coisa. Ele não via como sobreviver à Hollywood tinha alguma coisa a ver com isso. Seus mundos eram de faz de conta, enquanto o dele não era. — Eu estarei no escritório, se alguém ligar. Enquanto isso, me mande por e-mail uma cópia do nosso contrato de cliente padrão. Ken foi para sua mesa e entrou em sua conta de e-mail. Assim que recebeu o contrato, ele fez algumas mudanças, em seguida, enviou-o para Faith. Tentou verificar os telefonemas de O'Neal e SMS, mas isso não segurou o seu interesse por muito tempo. Ele logo andava em seu escritório. Através da porta aberta, ele pegou Lucy observando-o. Apesar de sua garantia anterior, ela parecia preocupada também. Quando o telefone tocou, ambos voaram para o aparelho em suas mesas. — Posso falar com o chefe? — Sly perguntou. — Eu tenho isso, Lucy. O que está acontecendo, Sly? Onde você estacionou? Sly deu à Ken sua localização antes de acrescentar: — Nós acabamos de pegar a transmissão do foyer. O ruído é mínimo, de modo que o som é muito claro. Rod deve ter plantado uma em um plugue de linha telefônica porque recebemos conversas telefônicas, também. O alívio que surgiu através dele foi de curta duração. Ken precisava estar lá fora, não aqui suando e esperando o telefone tocar.


— Ótimo. Vocês estarão aí por um tempo, então que tal eu levar alguns donuts e café? — Parece bom, Chefe. Uh, você poderia trazer leite caramelizado? — Sem problemas. Eu estarei aí assim que puder. Enquanto isso, eu tenho o meu telefone celular se você precisar entrar em contato comigo. — Como se por sugestão, o aparelho começou a vibrar na cintura. Ele pôs o telefone do escritório de volta na sua base, e trouxe o celular ao ouvido. — Sim!? — Whoa, grande irmão. Pegue leve com o tímpano. O peguei em um momento ruim? Misa. Ken recuou, sorrindo. — Sim. Apenas um daqueles momentos que vem com o meu trabalho. — Oh não, você não. Você não usará o trabalho para se salvar de mim, Kenneth. Você prometeu que estaria aqui para o aniversário de casamento da mamãe e do papai. — Eu sei. Eu mandarei e-mail com meu itinerário o mais cedo possível. — Ele começou uma pesquisa online para passagens aéreas e esperou que uma lista de links aparecesse. — Você ainda não comprou a sua passagem? — Perguntou Misa, não mascarando sua indignação. — Já tenho também. — Ele encontrou o link certo e clicou. — Não, você não tem, seu mentiroso. Sério, Ken. É o quadragésimo aniversário deles. Tem alguma ideia de como isso é importante? — É? — Ele brincou com ela. — Ou o quanto eu já fiz para fazer a festa acontecer? — Ela continuou como se ele não tivesse falado. — Eu também ajudei. — Você rastreou o padre, grande coisa. — O padrinho e a dama de honra — ele lembrou.


Ela fez um som irritado. — Então, se dê um tapinha nas costas já e siga em frente. Eu não desligarei até que você me envie esse itinerário. — Só um segundo. — Como sua irmã sempre conseguia ver através de suas mentiras imaturas o intrigou por tanto tempo quanto ele conseguia se lembrar. Quando eram crianças, ela o desafiava na frente de seus pais ou seus amigos. Ela domou um pouco a sua atitude, mas ainda não tinha nenhum problema em implicar com ele quando eram apenas os dois. Irmãzinhas eram uma dor real. Ele encontrou um voo que funcionava para ele e tirou seu cartão de crédito de sua carteira. Uma vez que completou a compra, ele enviou um e-mail de confirmação para Misa. — Eu vou chegar às 10:15. Você acha que pode me pegar? — Claro. Como vão os negócios? — Não poderia estar melhor. E você? — Divertido. Você não sabe o que está perdendo. Ken sorriu. Ela era muito mais sutil com suas dicas do que seu pai, que considerava a escolha de carreira de Ken uma vergonha. — Desculpe, mana. Eu prefiro rastejar por esgotos a me tornar um robô de fazer dinheiro em um de seus escritórios. — Essa doeu. Veja quem você chama de robô. O e-mail acabou de chegar. Ok, te vejo sábado de manhã. Não esqueça os presentes. Presentes? Droga. — Eu não vou. — Você não os comprou ainda, não é? — Tchau, espertinha. — Ken finalizou a ligação. Ele fez uma careta, mentalmente passando pelos presentes de Natal, aniversário, e aniversário de casamento que comprou para seus pais ao longo dos anos. O que poderia comprar para eles sem chatear seu pai? Ele e seu velho não se viam cara-a-cara desde o dia que Ken escolheu Quântico e uma carreira como um agente do FBI sobre Columbia, MBA, e juntar-se ao Lambda Partners – empresa de capital de


risco da família. Ele achava chato investir em empresas iniciantes e de alto lucro. Pior, seu pai teria visto todos os seus movimentos, questionado suas decisões, e esperaria que ele seguisse ordens. O que sua mãe gostava de dizer? Ele e seu velho eram muito parecidos e era por isso que eles batiam cabeças com tanta frequência. Ken balançou a cabeça, as cenas do último Natal voltando para assombrá-lo. Ele não era nada como o seu teimoso e briguento velho. Seu pai gostava de controlar as pessoas. Sua irmã cedeu anos atrás, deixando-o escolher sua faculdade, sua especialização, e até onde ela viveria quando voltou para casa em San Diego. Ken, por outro lado, era o cabeça quente que se recusou a andar na linha como um bom filho deveria. Tornar-se um agente foi um ato de rebeldia, mas ser um consultor de segurança era sua vocação. Seu pai se recusava a ver dessa maneira. Quantas vezes Ken estendeu um ramo de oliveira só para tê-lo jogado de lado? Ele ofereceu seus serviços como consultor de segurança da empresa, mas seu pai recusou. Ken era ou um funcionário em tempo integral ou nada. Com sorte, o tema do trabalho não surgiria durante esta próxima visita. Os desentendimentos constantes faziam as viagens para casa insuportáveis. Ken pegou as chaves do carro e saiu de seu escritório. — Eu sairei para alimentar a tripulação da van — disse à Lucy. — Não pode ficar enfiado aqui quando poderia estar lá ouvindo, huh? Lucy o conhecia muito bem. Ele sorriu. — Algo assim. Você poderia me fazer um favor? Eu preciso comprar presentes para o aniversário de casamento dos meus pais. Você pode verificar o que é considerado apropriado? A mandíbula de Lucy caiu. — Você não está pensando em usar o conselho de algum blogueiro sem rosto. Eles não conhecem seus pais.


— Eu sei o que eles gostariam, mas então você estaria desempregada — respondeu Ken. Quando Lucy franziu a testa, ele balançou a cabeça. — Tudo que eu preciso são sugestões. Você sabe onde me encontrar. Vinte minutos mais tarde, Ken bateu na porta traseira da van e Hailey a abriu. Ele passou as bebidas e os donuts, em seguida, entrou. A cadeira de rodas de Sly ocupava um pouco de espaço. — Como vai? — Ótimo. Ouça isto. — Sly entregou os fones de ouvido, depois ajustou botões no case transreceptor/gravador montados em uma prateleira no lado direito de Sly. Ken sentou no banco à esquerda de Sly e sorriu enquanto ouvia. As mulheres eram boas. Trabalhar com elas poderia ser apenas o que precisavam para conseguir isso mais rápido e sem esforço. Quinze minutos depois, um trecho de uma conversa entre Bárbara e O'Neal limpou o sorriso do rosto de Ken. O que Bárbara aprontava agora? Enquanto seguia o intercâmbio deles, ocorreu à Ken que essas mulheres não apenas sequestraram sua investigação, elas a assumiram. Na verdade, elas faziam um trabalho muito melhor do que o seu pessoal. De maneira nenhuma ele poderia se livrar delas agora. Ele pegou os sorrisos nos rostos de Sly e Hailey. — Parece que invadir o prédio ficou apenas muito mais interessante — Sly disse.


CAPÍTULO 7 — Eu tranquei — disse Molly da porta. Faith olhou para cima e sorriu para a vendedora. — Obrigada. Vá para casa. Vejo você amanhã. Molly acenou, virou e desapareceu no corredor. O clique de seus saltos altos diminuiu até que os únicos sons na sala de costura eram a musselina farfalhando e tesouras arranhando enquanto Faith cortava as seções matriz para uma jaqueta. Ela marcou as linhas de costura e do centro de vestuário, cintura e tingiu as linhas do desenho com a roda de rastreamento e carbono. A posição dos bolsos e botões veio a seguir. Recolhendo os pedaços, ela foi para a mesa de costura, instalou-se atrás de sua máquina e ficou ocupada costurando. À noite, quando costurava sem distração, era seu melhor tempo do dia. Projetar uma roupa era como desembrulhar uma caixa de seus chocolates favoritos. Mas tocar o tecido e transformá-lo em um modelo estava além de saborear a boa mistura de leite e cacau. Isso a enchia de um tipo de contentamento que nunca encontrou em qualquer outra coisa. Nem mesmo no abraço de um amante. O toque do telefone da loja a interrompeu. Ela debateu se corria para o escritório, mas desistiu da ideia quando o telefone parou de tocar. Se for importante, eles ligarão para o seu telefone celular. Ela montou o toile em um dress-form, uniu as pontas no centro para visualizar como ficariam quando abotoadas, em seguida, comparou com a jaqueta acabada em outro form. O lado esquerdo e direito pareciam bons, mas o alinhamento da lapela do toile ficou aberto. Ela puxou e alisou o tecido com pouca mudança. A parte de trás, quando verificou, tinha pregas verticais.


Faith gemeu e soltou o ar. Alguém poderia pensar que ela nunca fez uma jaqueta em diferentes cores no tamanho dois22, o padrão da alta costura. Por que um tamanho doze provava ser tão complicado? Sua primeira tentativa ficara muito apertada, especialmente em torno dos quadris. Este era muito grande. A este ritmo, ela acabaria sem designs para mulheres de tamanho normal em sua coleção, algo que era inaceitável em seu livro. Seus designs eram feitos para todas as mulheres. Recusando-se a desistir, Faith abriu a caixa de alfinetes, apertou o tecido extra e começou os ajustes necessários. Um pouco mais tarde, ela se inclinou para trás e girou seu pescoço. Um nó do tamanho de uma berinjela estava alojado na parte superior das suas costas e uma desagradável dor de cabeça formava-se atrás de seus olhos. Ela pressionou as omoplatas, arqueou as costas e sorriu. Apesar das dores, ela estava feliz com os resultados de seu trabalho. Seus olhos foram para o relógio no canto superior esquerdo da parede na sala. Oito horas. Como o tempo voava quando ela estava se divertindo. Oito horas? Faith gemeu. Ela esqueceu suas primas e seu encontro para jantar. Ela estendeu a mão para seu telefone celular em sua cintura e veio de mãos vazias. Ela pulou, correu para seu escritório, e pescou o telefone de sua bolsa. Havia quatro chamadas não atendidas de Ash. Ela deve estar furiosa. Faith ergueu o polegar para pressionar o botão Ligar para remarcar o número da sua prima, mas o telefone começou a tocar. Ela reconheceu o número e gemeu. Ken. Durante dois dias, ela esperou obter uma atualização do IP. O timing dele era péssimo. — Ken, eu gostaria de falar, mas não posso agora. Posso te ligar de volta? — Perguntou Faith no telefone pegando sua bolsa.

22 Equivalente ao tamanho 36 no Brasil.


— Claro, mas primeiro me diga, você está bem? — Sim, eu estou bem. Por que você pergunta? — Ela apagou as luzes em seu escritório e voltou para a sala de costura para obter sua outra bolsa. — Ashley está tentando entrar em contato com você e ficou preocupada quando não conseguiu. — Desculpe por isso. Eu estava fazendo uma coisa e perdi a noção do tempo. Eu estou saindo, mas obrigada por verificar. — Ela trancou a jaqueta acabada e o toile, escondendo a musselina restante, a roda de rastreamento e carbono na bolsa de costura para mais tarde. — Preciso ligar para Ash. Podemos conversar mais tarde? Eu gostaria da atualização que você me prometeu. — Eu estou do lado de fora, Faith. Ela se encolheu. Ash se arrependeria por fazer isso com ela. — Uh, bem, eu estou bem, então você não precisa esperar. Ele riu. — Eu não vou embora até que eu veja e confirme que você está bem. Doce, mas desnecessário. Ela suspirou e apertou o botão para desligar as luzes na sala de costura, foi para o andar principal da loja, e se esforçou para ver através da parede de vidro. A luz da rua banhava Ken enquanto ele estava perto da entrada. Vestido de preto, ele parecia perigoso e invencível, como se ninguém pudesse fazê-lo sair até que estivesse satisfeito e preparado. Ele acenou quando a viu. Mortificada além das palavras, Faith acenou de volta. — Eu sairei em um segundo. — Ela apertou o botão para finalizar, deu-lhe as costas, e, em seguida, discou o número de sua prima. — Me desculpe, eu perdi o jantar, mas o que fez você pedir ao Ken para me verificar? — Eu não pedi. Assim que ele soube que você não apareceu, ele começou a disparar perguntas como um sargento. No momento em que


eu terminei de dizer à ele que já havia ligado para a sua casa, escritório e telefone celular, ele estava dentro do carro dele. — Seu tom reduziu quando ela continuou. — Está tudo bem, Faith? A maneira que Ken entrou em pânico me preocupou mais do que você se esquecer de mim. A raiva de Faith a deixou, e por um breve momento sentiu-se tentada a confiar em sua prima sobre Sean. Ela lutou contra a tentação. Ashley passou pelo inferno na mão de um assassino psicopata mais de um ano atrás e não tinha necessidade de ficar envolvida nessa confusão. Faith explicou todo o fiasco do design da jaqueta. — Mas isso não é desculpa. Eu deveria deixar você saber que eu estava atrasada. — Sim, você devia, mas eu sei como é quando sua criatividade flui e nada mais importa, apenas o produto final. Faith suspirou de alívio. Sua prima era conhecida por trancar-se em seu estúdio por dias para terminar uma pintura. — Você adiará a noite? — É claro. Posso falar com o seu homem agora? — Ele não é meu homem. — Ainda, uma voz adicionou na parte de trás de sua cabeça. Faith foi para onde Ken continuava esperando. — Ele poderia ter me enganado — brincou Ashley, mas Faith ignorou. Em vez disso, ela apertou o código para armar o sistema de segurança da loja e saiu. Ken estava a menos de um metro de distância, pernas apoiadas e mãos cruzadas sobre o peito, sua expressão vigilante. — Ash quer falar com você. — Faith ofereceu o telefone. Seus dedos roçaram quando ele pegou o telefone. O efeito sobre ela foi como um choque elétrico e ela prendeu a respiração. Ken congelou. Ele sentiu o choque, também? Seus olhares se conectaram. O momento esticou. Seus lábios se abriram em um sorriso de derreter os ossos. O bonito trapaceiro estava ciente de como a afetava. Faith estreitou os olhos, desafiando-o a dizer qualquer coisa. Ainda sorrindo, Ken levantou o telefone no ouvido. — Sim? Não tem problema. — Ele riu. O som era profundo e rico, e Faith se perguntou o


que Ashley disse à ele para provocar tal resposta. — É assim mesmo? Claro que eu vou. Não, eu que agradeço. Sim, ela está bem aqui. Faith pegou o telefone e deu um passo atrás. Ela estava morrendo de vontade de perguntar à Ashley o que ela disse para Ken, mas não podia com ele tão perto. Ela nunca teve ciúmes de um homem até agora. — Eu te ligo mais tarde esta noite, Ash. Ok? — Não esta noite. Vamos almoçar amanhã. — Uma hora? — Estaremos lá. Divirta-se hoje à noite. Te amo. — Ela desligou. Faith olhou para o telefone, não gostando do tom de voz jovial de Ash ou das palavras. O que ela quis dizer com divirta-se hoje à noite? — Você já comeu? — Ken cortou seus pensamentos, chamando sua atenção. — Não, mas eu tenho sobras. — Eu acho. Ela deixou cair o telefone celular dentro de sua bolsa e pegou as chaves do carro. — Mais uma vez, obrigada por me verificar. Ash não deveria ter se aproveitado de você assim. — Eu não me importei. Janta comigo? A oferta era tentadora. — Não estou a fim de jantar fora hoje à noite, Ken. Estou exausta. — Eu quis dizer na minha casa, não um restaurante. Eu tinha acabado de cozinhar quando Ashley ligou. Podemos conversar enquanto comemos. Ainda que quisesse saber sobre o resultado de sua investigação, o primeiro instinto de Faith era recusá-lo novamente. Imagens dos dois na casa dele brilharam em sua cabeça. Quando não estava fazendo amor com ela, Ken se alimentara dela coberta com gelatina misturada com chantilly e cream cheese, brincando de deixar cair suspiros sobre seus mamilos e umbigo, em seguida, lambendo-os. Faith suspirou. Kenneth Lambert sabia como cuidar de uma mulher dentro e fora da cama.


— Faith? Pelo amor de Deus, eles eram adultos, não adolescentes com tesão. Além disso, o relacionamento deles era puramente profissional. — Eu seguirei você. — Sua voz soou sem fôlego, o que a incomodou. Ken riu. — Assim como da última vez. Faith não sabia o que ele quis dizer, então, ficou claro para ela. Ela disse as mesmas palavras um ano atrás, antes deles dirigirem seus carros separados para a casa dele. Só que desta vez, Ken não a convidava para o prazer sensual. Ou estava? Ela ergueu o queixo e olhou em seus olhos, seu coração pegando ritmo. — Mas é diferente desta vez. — É? — Você está me convidando para jantar ou você tem outra coisa em mente, Ken? — Ela perguntou baixinho, os olhos estreitados. Seu sorriso desapareceu. — Eu só quero conversar, e que melhor maneira de fazer isso do que durante o jantar? A onda de decepção que rolou por ela a pegou de surpresa. O que havia de errado com ela? Ou ela queria que seu relacionamento fosse estritamente profissional ou físico, também. Não podia ter as duas coisas. — Você ainda tem o mesmo apartamento? — Sim. — Então eu não preciso segui-lo. Vemo-nos lá. — Faith apertou o botão de desbloqueio no controle remoto de seu carro, abriu a porta, e deslizou atrás do volante. Através do espelho retrovisor, viu um Ken sorridente erguer seus pés para entrar em seu SUV. Ela cometia um erro indo para a casa de Ken?

***


Ken ligou o motor e seguiu atrás de Faith. Ele não se importava em seguir a adorável designer em qualquer lugar. O pânico que a ligação de Ashley acendeu confirmou que seus sentimentos por Faith corriam mais profundos do que ele pensava, e ele não seria feliz até que ela estivesse de volta em seus braços, onde ela pertencia. Cada momento em sua companhia zombava de sua decisão de não ter um caso com ela. Ele queria um relacionamento mais profundo, significativo, de longo prazo, algo que não poderia ser apressado. Ele não queria assustá-la, sendo muito sincero, mas ao mesmo tempo, não fazer nada estava fodendo com sua cabeça. Para agravar a sua frustração, seu instinto também lhe disse que ela não estava pronta. Decidir sobre seu próximo movimento provava ser uma verdadeira dor na bunda. Seus faróis iluminaram seu carro estacionado no meio-fio do lado de fora do seu complexo. Ele pressionou a porta da garagem com o controle remoto e entrou no estacionamento. Quando saiu de seu SUV, ela esperava na beira da sua garagem. Vestida com botas de salto alto com comprimento até o joelho, jeans skinny e uma blusa que esvoaçava ao redor dos quadris coberta com uma jaqueta cropped, ela era de tirar o fôlego. Mas a forma como a mão apertava a alça da bolsa dizia que não estava tão relaxada como tentava retratar. Ele correu para aliviar as preocupações dela na única maneira que sabia. — Para uma mulher perfeitamente sã, você dirige como uma louca — ele brincou. Faith sorriu, seus ombros caindo uma fração. — Não me odeie só porque você dirige como minha tia Sophia. — Deixe-me adivinhar. Essa é aquela que usa óculos de lentes grossas e cambaleia por aí com um andador. — E tem uma predileção por biscoitos mergulhados no leite — acrescentou. — Essa doeu. Os olhos de Faith brilharam. — Ela também é minha tia-avó favorita.


— Então eu ignorarei o insulto. Vamos. Estou morrendo de fome. — Satisfeito por aliviar a tensão, Ken dirigiu Faith em direção à entrada para seu apartamento e apertou um botão na parede para fechar a porta da garagem. Um pequeno corredor os levou da porta em arco para a sala, onde ele fez uma pausa e indicou o sofá. — Sinta-se confortável enquanto eu pegarei algo para bebermos. O que você gostaria? Vinho, cerveja, suco de laranja, ou refrigerante? — Vinho, por favor. Ken esperou até que ela entrasse no cômodo antes de seguir para a cozinha. Tê-la dentro de sua casa parecia certo. Da última vez, ele esteve muito ocupado saboreando o seu doce gosto para pensar além se deitar com ela. Ele nunca deu à ela a chance de deixar seu quarto também. Exceto quando ela saiu furtivamente e deixou você, uma voz zombou. Ken balançou a cabeça, recusando-se a relembrar o passado. Este era um novo começo para os dois e ele planejava acertar. Ele colocou o forno no mínimo para manter a comida quente. Um por um, ele retirou as tigelas e pratos cobertos de alumínio, e aumentou a temperatura para 180ºC. Ele pegou uma garrafa de Cabernet Sauvignon de um rack de vinho na despensa e dois copos de vinho de um armário, abriu a garrafa, e encheu os copos. Quando tirou o pão de alho congelado do freezer, a parte de trás do seu pescoço formigou. Ken olhou para cima para encontrar Faith encostada na parede que separava a cozinha da sala de estar, estudando-o. Sem a jaqueta, as mangas curtas de sua camisa abraçavam os delgados, mas esculpidos braços. O decote apresentava seu gracioso pescoço e o sedutor espaço entre os seios. E o jeans abraçava os quadris largos e pernas longas. Ela sorriu, e sua respiração ficou presa. Ele esqueceu o soco que seu sorriso dava. Ele pegou uma das bebidas e se aproximou dela. — Vinho tinto, fresco, não gelado. — Obrigada. O que teremos? — Ela perguntou, pegando o copo.


Ele acenou em direção aos pratos cobertos. — Filé de costela grelhado perfeitamente mal passado e temperado com sal kosher e pimenta moída na hora; purê de batata; feijão verde com alho e cogumelos refogados. Se quiser sua carne feita de forma diferente, basta dizer. Ela sorriu. — Mal passada é perfeito. — Eu assarei o pão de alho, então tudo estará pronto. Ele sentiu os olhos de Faith sobre ele, quando colocou as fatias amanteigadas em uma bandeja e deslizou-as em um forno no rack. Quando se endireitou, ela desviou os olhos e se concentrou na cozinha, que não estava muito arrumada. Tigelas cobertas de alumínio e pratos ao lado do fogão, a pia transbordando com as panelas sujas e vasilhas, utensílios de cozinha, e tábuas de corte que ele usara antes. Seu olhar finalmente chegou até ele. — Você cozinha assim muitas vezes? — Uma ou duas vezes por semana. — Normalmente, um dia antes dos serviços de limpeza vir para restaurar a ordem em sua casa. Ele não gostava de ter que limpar depois. — Isto é um monte de comida. Você não esperava visitas, estava? Ele riu. — Não, de modo que ir para você não estragou meus planos à noite ou qualquer coisa assim. Agora você pode parar de se preocupar e se sentar. — Ele indicou as banquetas junto à ilha da cozinha. — Onde você aprendeu a cozinhar assim? — Perguntou ela. — Minha mãe. — Ele cruzou os braços e apoiou o quadril contra o balcão, seu olhar não a deixando enquanto ela se estabelecia no banco e apoiava o cotovelo no balcão. Assim foi o mais relaxado que já a viu, e ele gostou. — Ela acredita fortemente no tratamento igual de seus filhos. Quando ensinou minha irmã mais nova a cozinhar, eu tive que assistir e aprender. — Ken riu, as memórias de infância voltando. — Nunca esquecerei o olhar no rosto do meu pai na primeira vez que ele me


encontrou na cozinha com um avental, manuseando o jantar, ou quando Misa entrou na garagem de macacão e rastejou sob o capô de seu carro para nos ajudar a arrumá-lo. Ele é tradicionalista, mas não tinha a menor chance contra minha mãe. — Parece que você teve uma infância ideal. — Eu não sei sobre o ideal. Mamãe veio de Osaka e papai é um americano conservador comum. Houve diferença cultural suficiente para agitar um pouco as coisas, mas eles se amavam e de alguma forma faziam tudo funcionar. — Ele realmente não queria mais falar sobre sua infância. — Por que você não me diz o que está acontecendo na Falasha enquanto eu arrumo a mesa? — Ah, não, por favor, me diga mais sobre sua família. Eu sei tão pouco sobre você. Ele pegou o copo, bebeu o vinho, e reajustou seus pensamentos. Se satisfazendo sua curiosidade significava um passo em frente em seu relacionamento, isso era tudo para ele. — O que você quer saber? — Tudo. Mais sobre a sua infância, qual faculdade frequentou, porque decidiu se juntar ao Bureau. — Ela levantou o copo aos lábios e olhou-o sobre a mesa. — Minha mãe nos educou em casa até estarmos prontos para começar o ensino médio, então nos matriculou em uma escola local e voltou a trabalhar. A transição de ser educado em casa para uma sala cheia de crianças foi, uh, interessante, mas nós sobrevivemos. Eu fiz minha graduação na UNLV, ciência da computação e TI, antes de ir para o Quântico. — Ele foi aceito em Stanford, a universidade que seu pai cursou, mas sua namorada ia para UNLV. Tanto para um relacionamento adolescente. O romance não durou seis meses. — Quaisquer parentes? — Perguntou Faith, interrompendo seus pensamentos. Ele balançou a cabeça. — Meu pai era um órfão, criado no sistema, e minha mãe é filha única. Nossa avó morava com a gente... ainda mora


com meus pais agora que já saímos de casa. Ela deixou Osaka e se mudou para os Estados Unidos para estar com meus pais depois que nosso avô morreu. Mamãe é uma professora primária aposentada, a mais difícil que já tive. Agora, ela vai para o escritório algumas vezes por semana para ajudar. A vovó também ajuda. — Ele viu a pergunta nos olhos de Faith. — Meus pais possuem uma empresa de capital de risco. Minha irmã, Misa, trabalha com eles. — Por que não se juntou à eles? Ele fez uma careta, lembrando-se das discussões com seu pai sobre suas escolhas. — Eu gosto do que faço. — Por que o Bureau? — Essa é uma história para outro dia. Acho que os pães estão queimando. — Ele removeu as fatias de alho dourado do forno e transferiu-as para um prato. — Não se mexa. Eu já volto. Ele carregou o prato e aquele com o filé à sala de jantar. — Posso ajudar com alguma coisa? — Faith chamou. — Não. Você é minha convidada, portanto fica parada. — Quando ele contornou a parede que separava a sala de jantar da cozinha, ele quase colidiu com ela. — Eu deveria saber que você não me ouviria. Ela sorriu. — Sim, você deveria. Ele mostrou à ela onde pratos e utensílios eram mantidos e, juntos, arrumaram a mesa. Sentado em frente a ela, eles empilharam comida em seus pratos e acrescentaram molho barbecue picante sobre a carne. Ken reabasteceu suas bebidas, pegou o copo e levantou-o. — À nós. Faith piscou. Ele quis dizer nós como houvesse algo especial entre eles ou nós como colegas de trabalho? Talvez ela estivesse lendo muito em um simples brinde. — À nós. — Ela tocou o copo no dele, tomou um gole, em seguida, colocou a bebida na mesa, e pegou o garfo.


Se Ken estava incomodado com a hesitação antes de sua resposta, ele não mostrou. Ele se concentrou em cortar pedaços de filé, mastigar, e engoli-lo com vinho. Havia algo cortês ainda que primal nele que o fazia tão hipnotizante. Ele provavelmente estaria tão confortável na sala de reuniões quanto na selva caçando animais selvagens com um arco e flecha. Mesmo quando ele rodava em torno de sua cozinha, não havia nada remotamente feminino sobre ele. Ele preparou a refeição com elegância masculina, um grande tesão em sua opinião. Desde que entrou na casa dele, Faith lutou contra um anseio profundo que ia além do físico. Não podia sequer começar a identificar o que sentia ou necessitava. Talvez devesse dormir com ele e rezar para que a sensação fosse embora. Sexo frequentemente trabalhava maravilhas para a tensão e ela estava mais tensa do que um nó constritor desde que soube da traição de Sean. Além disso, ninguém poderia fazê-la sentir-se bem como Ken. — Você não comeu a sua carne. Faith piscou, sangue correndo para seu rosto. Ela olhava para ele e fantasiava

sobre

coisas

impossíveis,

não

era

como

ela

agia,

absolutamente. Com o rosto queimando, ela cortou um pedaço do filé e colocou-o entre os lábios. O sabor explodiu em torno de suas papilas gustativas. — Hmm, isso é muito bom — disse ela, saboreando outro pedaço suculento. — Estou feliz que você gosta. Ken manteve a conversa fluindo pelo resto de sua refeição, fazendoa rir com histórias tolas sobre sua infância. Apesar de suas afirmações anteriores, parecia que ele teve uma criação feliz e despreocupada, ao contrário dela. No fim de sua refeição, ele desapareceu na cozinha e voltou com café, o dele preto, o dela com uma pitada de leite. Ela ficou espantada por ele se lembrar de como ela o bebia. — É a sua vez agora — disse ele, bebericando sua bebida preta.


Faith levantou a sobrancelha. — Minha vez de quê? — Contar-me sobre Faith Fitzgerald. Como se sentiu crescendo rodeada por uma grande família? Faith riu, embora o tema de sua infância não fosse engraçado ou gostasse de discutir com as pessoas. Muitas lembranças tristes – da mãe trabalhando a noite e deixando-a com sua avó, que tinha demência; a constante preocupação sobre se sua mãe estaria em casa quando ela acordasse na manhã. Em seguida, havia a dúvida que ainda a atormentava. Ela era realmente uma Fitzgerald? Faith empurrou as memórias de lado, olhou para cima e viu a expressão calma no rosto de Ken. Ele deu a impressão de que poderia sentar lá e esperar pacientemente até que estivesse pronta para falar. Algo mudou dentro dela e se viu abrindo a boca. — Eu não sei nada sobre uma família grande porque durante anos, era só eu, mamãe, e Nana... minha avó. Eu tinha dez anos quando conheci o meu pai e seu lado da família. Quinze anos quando vim morar com eles aqui, em L.A. Ken franziu a testa. — Eu não fazia ideia. — Você não poderia saber — ela tranquilizou-o. — Meu pai estava de licença quando conheceu a mãe. Ele era um oficial da Marinha atribuído em algum lugar no exterior, ela era uma dançarina de Las Vegas. Eles namoraram brevemente antes dele voltar. Quando ela descobriu que estava grávida e tentou entrar em contato com ele através de sua família, ela não chegou à lugar nenhum. Cresci acreditando que ele estava morto, uma mentira elaborada por minha mãe criada para explicar sua ausência. Mas no final, ele nos encontrou, cortejou mamãe, e antes que eu percebesse, nós éramos uma família. — Sua voz falhou e ela se viu lutando contra as lágrimas, o que era ridículo. Ela não era uma chorona, caramba. Além disso, tudo isso estava no passado. Ela limpou a garganta antes de acrescentar: — Vivemos em Okinawa por um tempo, em seguida, mudamos para San Diego.


O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor, ainda que Faith se sentisse mais leve, como se um peso fosse tirado de seus ombros. Quando olhou para cima, a expressão de Ken era difícil de decifrar. Inquieta, Faith tomou um gole de café. A deglutição foi difícil, mas de alguma forma ela conseguiu. — Obrigado. Sua cabeça virou-se. — Pelo que? — Por compartilhar uma história tão pessoal comigo. Faith deu de ombros. — Você compartilhou a sua também. Ken balançou a cabeça, mas com o cenho franzido. — É incrível que ambos vivemos em San Diego, ao mesmo tempo. A sua família ainda está lá? — Não. Nana foi a primeira a ir. Ela tinha todos os tipos de doenças, mas aguentou firme até que meus pais se casaram e voltaram de sua lua de mel. Mamãe morreu em um acidente de avião quando eu tinha treze anos. Meu pai está casado de novo agora e tem dois filhos, muito ativos, muito talentosos, que o deixam louco. — Ela sorriu, lembrando-se das palhaçadas dos meninos. — Eles vivem em Maryland. Tanto ele como sua esposa ensinam na Academia Naval em Annapolis. Faith olhou para o relógio. Era 10:30, mais tarde do que pensava. Ela precisava ir para casa. Ela esvaziou o copo, cuidadosamente colocou na mesa, e sorriu. Seu olhar se desviou para o rosto esculpido de Ken, as altas maçãs do rosto, os belos olhos verdes e lábios sensuais. O que havia nele que fazia tão fácil se abrir sobre seu passado? Mesmo agora, ela queria compartilhar mais detalhes sobre sua infância, por que escolheu design de moda, seus sonhos e medos. Ela estava em apuros, pensou, segurando esses impulsos. — O jantar foi maravilhoso, Ken, e estou feliz que você me convidou, mas eu preciso ir para casa agora.


Ken estendeu a mão sobre a mesa e cobriu a mão dela. — Primeiro há algo que eu quero perguntar para você. O calor de sua mão infiltrou-se na dela e seu coração tremeu. — Ok. — Quais são os seus planos para a próxima semana? Por um momento, a mente de Faith ficou em branco. Ela esteve tão certa que sua pergunta seria mais pessoal. Ela lutou através da decepção flagrante, deslizou sua mão por baixo da dele e trouxe-a para seu colo. Como poderia esquecer porque viera à casa dele, em primeiro lugar? Ainda que a pergunta passasse por sua cabeça, ela percebeu que Ken esperava por sua resposta. — Por quê? — Ela perguntou. — O'Neal e seus colegas designers ou inquilinos do seu prédio terão um desfile de moda na sexta-feira para arrecadar dinheiro para alguns fundos de ajuda do furacão. Eu não sei como Bárbara fez isso, mas ela e suas amigas receberam convites personalizados para assistir ao desfile. Estou coordenando as coisas com os meus rapazes, para que possamos ser seus convidados. Nós não precisaremos invadir o edifício visto que teremos livre acesso durante o desfile. Por um momento, Faith estava confusa. Em seguida, ela recordou o plano que Ken esboçara durante a sua última conversa. — Você pretende utilizar a festa como um disfarce para a sua operação? Ken encostou-se a cadeira e sorriu presunçosamente. — Sim. Sabemos que ele armazena sua coleção em um cofre no porão do prédio e temos o layout de seus escritórios. Vamos entrar e sair antes que alguém saiba que estivemos lá. Mas, para isso, precisamos saber o que procurar entre sua coleção e é aí que você entra. Faith não gostou da direção que a conversa tomava. — Eu? — Sim, você. Só você sabe quais designs são seus. Eu quero que você venha com a gente.


CAPÍTULO 8 — Não sei se eu posso fazer isso. Ken estreitou os olhos, inclinou-se e apoiou os cotovelos sobre a mesa. — Por que não? — Voarei para Nova Iorque no domingo e não estarei de volta até sexta-feira. Isso estragaria seus planos. — Que horas seu voo chega? — Oito horas. A festa estava programada para começar as sete e terminar por volta das dez. Ele planejou entrar e sair dos escritórios da O'Neal, incluindo o cofre no porão, durante a primeira hora. Talvez devesse ficar com o plano original de fazer isso sem Faith, e apenas tirar fotos da coleção. Abandonou a ideia devido à restrição de tempo. Cada segmento da operação deveria levar um minuto e meio a dois; caso contrário, a segurança notaria que o feed do vídeo estava em um loop. Tirar fotografias apenas os atrasaria. — O que você acha? Ken olhou para Faith e encolheu os ombros. — Não é grande coisa. Eu vou com um plano diferente. — Não, não. Você não estava ouvindo. Eu disse que posso pegar um voo mais cedo e conseguir voltar para a festa. Quando começa? Ken sorriu, gostando de sua atitude. — Sete horas. Você acha que pode me enviar o seu itinerário, assim que tiver? — Claro.


— Precisa de uma carona para o aeroporto? Eu vou para San Diego amanhã para o aniversário dos meus pais, mas estarei por perto sextafeira. — Obrigada pela oferta, mas não será necessário. É apenas mais fácil eu mesma dirigir e usar o estacionamento de longa duração. Eu realmente deveria ir para casa agora. — Ela empurrou a cadeira para trás e se levantou. Ken se levantou também e a seguiu até a sala de estar. Ele se encostou à parede, sua atenção presa na maneira graciosa que ela pegou a jaqueta e a colocou nos ombros. Sua parte superior esticou sobre o peito, acariciando os montes perfeitos. A luz ressaltou os fios vermelhos em seu elegante cabelo ruivo, na altura dos ombros. Quando ela se abaixou para pegar sua bolsa e seus jeans se estenderam por seu traseiro delicioso, o sangue correu para a virilha de Ken. Ele não era um grande adepto de casos banais. Mesmo na faculdade, enquanto seu melhor amigo, Ron Noble, que agora estava casado com a prima de Faith, Ashley, perseguia mulheres e mudava-se para a próxima, ele preferia relações monogâmicas. Isso não queria dizer que ele não teve sexo sem compromisso, mais ainda no ano passado. Infelizmente, sexo com estranhos só lhe deu breves alívios e alimentava a fome que tinha por uma mulher, esta mulher. Faith colocou a alça de sua bolsa no ombro e lhe deu um pequeno sorriso. — Então, como foi trabalhar com Barbs e suas amigas? — Enlouquecedoras, mas elas são boas. — Ele andou em direção à ela, seu perfume exótico chamando-o como néctar para abelha. Seu olhar deslizou por seu corpo curvilíneo e alto antes de passar para o rosto deslumbrante. A necessidade de estender a mão e tocá-la rolou por ele. Ele enfiou as mãos nos bolsos da frente da calça jeans. — Você tem sorte de tê-las do seu lado. Elas são muito leais. Ela riu. — Não sei sobre isso. Barbs me ligou esta manhã e se recusou a me dizer o que aconteceu no Sean, mas não conseguia parar


de falar sobre você. Você realmente as fez assinar um acordo de confidencialidade? Ken tentou manter uma expressão séria. — É minha política para desencorajar a intromissão de mulheres: jogar documentos jurídicos nelas. — Sua política? — Sim. Desde ontem. Infelizmente, isso saiu pela culatra. Faith riu. O doce som envolveu seus sentidos como mel quente. O interior de Ken apertou. Uma necessidade primitiva passou por ele. Esqueça esperar. Ele precisava tocá-la. — Espero que você não me faça assinar um também. — Ela começou a passar por ele, mas ele pegou a mão dela. Um olhar em seus olhos e seu riso desapareceu. — Você não se intromete. Além disso, temos um contrato de negócios. — Ele passou a outra mão para cima e para baixo do braço dela, seu olhar não deixando o rosto ela. — Agora eu quero discutir uma questão pessoal. Suas sobrancelhas perfeitamente arqueadas se levantaram. — Contrato pessoal? Ken fez uma careta, pela primeira vez em sua vida, ele estava com medo de dizer a coisa errada e teve de escolher suas palavras cuidadosamente. — O que estou tentando dizer é que há algo entre nós, uma química inegável que não desaparecerá só porque escolhemos ignorá-la. — Você está certo — disse ela sem hesitação. Sem argumentos, sem negações. Ken amou isso. — Então vamos fazer algo sobre isso. Nós dois somos adultos solteiros, saudáveis, e concordamos. Sua mão apertou em torno da dele e sua língua saiu para molhar seu lábio inferior. — Ken, eu não estou pronta para um relacionamento.


— Eu entendo isso. — A escassa luminosidade no lábio inferior o atraiu. Ele chegou mais perto, estendendo a mão para acariciar sua mandíbula. Sua pele era sedosa, suave e quente. — Não estou pedindo um relacionamento. Vamos levar isso um dia de cada vez e ver como vai. — Por quanto tempo? — Enquanto quisermos. Sem pressão, sem expectativas. Os cantos de seus lábios se levantaram em um sorriso. — Soa como amigos-com-benefícios. Ele odiava esse termo. Provavelmente foi inventado por algum idiota que não podia comprometer-se com uma mulher, mas ele estava disposto a ter Faith em quaisquer condições. Ken passou seus dedos por seu cabelo lindo, agarrou a parte de trás de sua cabeça e inclinou-se. Em seus saltos agulha, eles estavam quase da mesma altura. — Então vamos começar esses benefícios. Seus lábios colaram com os dela suavemente, e desejo intenso cortou por ele. Usando o controle que ele nunca necessitou, Ken lutou contra o desejo de possuir e marcá-la, para saciar a fome que arranhava suas vísceras. Mas assustá-la não fazia parte de seus planos. Ele esfregou seus lábios nos dela, beliscou os cantos, suas bochechas. Ele esfregou o nariz no dela e inalou o aroma de sua pele. Ela parecia tão certa cada vez que se tocavam, como se ela fosse feita só para ele. Ele foi até as suas pálpebras fechadas, sua têmpora. — Ken? — Ela sussurrou. — Sim, querida. Ele ergueu o queixo dela com o polegar, dando-lhe acesso à sua garganta, e arrastou sua boca para baixo, para o pulso saltando na base de seu pescoço. — Me beije. Ele riu. — Isso é o que eu estou fazendo. — Provocando. — Ela agarrou sua cabeça, virou-a para trazer sua boca na dela.


Luxúria bateu nele e todas as suas intenções de levar isso lento voou pela noite. Sua língua varreu profundamente para acasalar com a dela, saqueando, tomando e recebendo. Ela tinha gosto de café, vinho, e pura doçura. Um baque encheu o silêncio da sala quando a bolsa escorregou de seu ombro e atingiu uma mesa lateral. Seus braços enrolaram ao redor do pescoço dele e puxou-o para mais perto, como se ela não conseguisse o suficiente dele. Sua resposta pronta e desenfreada o encheu de satisfação presunçosa. Não importa o que ela disse, ou quanto tempo eles estavam separados, eles pertenciam um ao outro. Tempo não tinha nenhum significado enquanto mãos acariciavam, línguas dançavam, e quadris batiam contra quadris. A protuberância atrás de seu zíper latejou quando ela gemeu. As unhas dela cravaram em seu couro cabeludo, lembrando-o do passado. Sem permitir que seus lábios se separassem, ele passou os braços ao redor de suas costas e levantou-a. Quando as pernas abriram e montaram seus quadris, ele tomou os passos necessários que os levou para o sofá e afundou nele, levando-a com ele. Faith afastou os lábios dos de Ken, inclinou a cabeça para sugar ar para seus pulmões famintos. Seus lábios e mãos estavam sobre ela, e ela acolheu o ataque. O nó do desejo teceu sua mágica, deixando-a tanto animada e assustada. Ela estava com tanta fome dele que ficou chocada. No entanto, ela não sentiu um único pingo de vergonha. O sexo entre eles tinha

sido

arrebatador.

A

fez

sentir-se

viva.

Ela

precisava

desesperadamente se sentir viva novamente. Ela concordou com o arranjo amigos-com-benefícios com um objetivo em mente – dormir com ele, a fim de tirá-lo do seu sistema. Mas quanto mais eles se beijavam e tocavam, mais ela percebia que sentiu falta de Ken. Do gosto dele. Ela beliscou um beijo em sua mandíbula. O perfume inebriante dele. Ela escondeu o rosto em seu pescoço e inalou. Acima de tudo, ela sentiu falta do jeito que ele a fazia se sentir. Feminina. Poderosa. Que estava tudo bem se soltar, porque ele estaria lá para pegá-


la. Ela queria Ken. Não na próxima semana, quando voltasse de Nova Iorque. Não para sempre. Agora. Como se ele lesse os pensamentos dela, ele puxou a jaqueta com dedos impacientes. Ela sentou-se. — Deixe-me. Enquanto se contorcia e se atrapalhava para remover a jaqueta, Ken gemeu. Seu olhar voou para o rosto dele. Gotas minúsculas de suor se reuniam em sua testa e seus olhos estavam vidrados. — Você está bem? — Eu ficarei. Dê-me um minuto. — Ele levantou-a ligeiramente, e ela percebeu que suas nádegas estavam posicionadas perfeitamente em suas poderosas coxas, embalando seu membro inchado empurrando para cima as calças. Suas mãos coçaram para acariciá-lo, reviver cada momento que ela perdeu. Ela rapidamente tirou a sua jaqueta e a jogou por cima do ombro, provocando uma risada dele. Ela sorriu, estendendo a mão para correr os dedos instáveis ao longo de seus lábios esculpidos. Inteligentes, belos lábios. A maneira como eles se curvavam quando ele sorria. A maneira implacável que provocava seus sentidos e a deixava louca. Ela tocou nas rugas que apareciam e desapareciam de suas bochechas quando menos se esperava, acariciou a forte mandíbula quadrada... Ken não falou. Ele deixou-a explorar o rosto, as mãos dele foram descansar em sua cintura. Ele tomou ar quando ela se abaixou e deslizou as mãos sob a sua camiseta. Sua pele queimava, músculos tremiam sob a palma da mão dela. Ela se divertia com sua resposta, o poder que ela exercia sobre o corpo dele. — Eu senti saudade de você — ele gemeu. Ela não conseguia pronunciar as palavras para dizer à ele que ela sentiu falta dele também. Do que ela estava com medo? Ela não acabou de contar sobre seus pais? Algo que nunca disse à ninguém. Ken nunca a machucaria. Este não era o momento de autoanálise. Uma de suas pernas, encravadas entre Ken e parte de trás do sofá, começou a formigar com a


falta de circulação. A outra caiu no chão acarpetado com um baque surdo. — Não acho que isso funcionará. Ken endureceu. — Por quê? — Ele rosnou. — Porque fazer amor neste sofá está me matando. Eu preciso tirar essas botas e... Ele a cortou com os lábios, soltou-a tempo suficiente para rir e dizer: — Você me deixa louco, você sabe disso? Vamos levar isso lá em cima. Ela rodeou seus ombros, beijou-o em resposta. Ele passou os braços em volta da cintura dela, colocou os pés no chão e se levantou com ela como se ela não pesasse nada. Faith apertou as coxas em torno dele. — Eu posso andar. — Me deixe levá-la. — E só para que fique claro, estou pensando em ir para casa hoje à noite. — Engraçado, eu planejo persuadi-la a passar a noite. — Então sua boca alegou a dela, o beijo insistente, com posse sexual. Faith mal podia respirar, o baque errático de seu coração afogando todos os pensamentos. Ken subiu as escadas como um homem em uma missão. Ele chegou ao patamar superior e se dirigiu à esquerda ao longo de um corredor. Logo, ele a baixava no chão em seu quarto. Uma única lâmpada de cabeceira iluminava o familiar quarto bronze e carvão. Tudo se tornou um borrão quando ele continuou de onde havia parado, mordiscando seu pescoço, ombro, suas mãos deslizando sob sua blusa para encontrar pele. Faith tremeu, mas ela queimava e se afogava com as necessidades e emoções que não poderia acompanhar. Uma brisa suave acariciou sua pele superaquecida quando ele desabotoou a camisa. Tirou-a, segurou seus seios e brincou com seus mamilos. Seus lábios seguiram, o sutiã não servindo de barreira enquanto ele sugava os seios firmes.


Ela agarrou seus ombros para não cair quando seus joelhos cederam. Pegando-a, ele gentilmente colocou-a na cama. Faith assistiuo com os olhos semicerrados conforme ele ia para seus pés, abriu o zíper da bota direita e puxou-a. Em seguida, a próxima. Ela levantou os quadris para ajudá-lo a tirar o jeans, até que tudo o que tinha eram sua calcinha e sutiã combinando. Ele ajoelhou-se aos pés da cama, seu olhar correndo para cima e para baixo do corpo dela. — Você é tão bonita — disse Ken. Ele passou a mão até a panturrilha, enviando arrepios por ela. Ela não sabia se era uma observação induzida por luxúria ou não, mas se deliciou com a admiração em seus olhos. Era a sua vez de festejar em sua nudez, sentir e tocar. Ela sentou e rastejou para onde ele se ajoelhou. — Você também, Ken. Bonito, generoso, incrível. Ela o ajudou a despir-se, tirando a sua camiseta de seu corpo e pressionando os lábios em sua pele exposta – os tensos músculos do estômago, o peito, a pulsação irregular batendo com força na base do seu pescoço. Ele levantou os braços e ajudou-a. Eles rapidamente dispensaram o resto de suas roupas, caíram nos braços um do outro, uma selvagem união de bocas e línguas, corpos esfregando, mãos acariciando e amassando. Ele acariciou seu caminho até suas coxas. Ela abriu mais amplamente e levantou os quadris, antecipação deixando-a louca. Quando ele chegou ao seu centro mais necessitado, ele mergulhou profundamente dentro das escorregadias dobras com um dedo, depois outro. Faith se contorcia e se dobrava. Ela estava tão pronta que poderia explodir. — Por favor. Ken estendeu a mão sobre ela e abriu uma gaveta de cabeceira. Um rasgo e crepitação e ele colocou a camisinha. Em seguida, ele levantou as pernas dela ao redor de sua cintura. Posicionou-se na entrada de seu


corpo e hesitou, seu olhar encontrando e segurando o dela sob o suave brilho da lâmpada. Sentindo-se exposta e vulnerável, Faith começou a fechar os olhos. — Não. Ela queria desafiá-lo, mas não podia. Olhares se encontraram, ele baixou os quadris e entrou nela. Um suspiro escapou dela. Como podia esquecer quão grande ele era, como ele entrou longamente, estirando-a, enchendo-a tão completamente? Batendo quadril com quadril, ela suspirou e saboreou a conexão. Isso vai além do sexo. Faith balançou seus quadris, uma tentativa de bloquear aquela assombrada voz interior. Isso é voltar para casa. Ken começou a se mover, cada curso enviando uma enxurrada de sensações através dela. Logo, ela não conseguia pensar em outra coisa, senão nele. Ele pegou ritmo. Ela encontrou cada impulso com o seu próprio, com as mãos em cima dele, sua boca sobre as partes de seu corpo que ela podia alcançar. Suor pontilhava sua pele, seu peito se expandindo e afundando a cada respiração. Ela ficou tonta. Manchas brancas tremulavam na frente de seus olhos. Ela estava perto de se perder. Como se soubesse, ele reposicionou suas pernas, colocando uma por cima do ombro e a outra entre as dele. O ângulo aprofundou o contato, e a enlouqueceu. Seu empurrão cresceu frenético, pele falando com pele, os corpos cantando em ritmo perfeito. Batidas e gemidos enchiam o quarto. Um abismo se abriu e eles se lançaram até o limite, ambos gritando. Ela mergulhou em uma escuridão que não tinha começo nem fim. Quando a sanidade retornou, Ken a beijava. Ele rolou de costas, levandoa com ele, os corpos ainda ligados. Faith beijou sua mandíbula e peito, em seguida, descansou sua bochecha contra o ombro dele e fechou os olhos. Casa. — Eu preciso ir para casa — ela sussurrou em voz sonolenta.


Ele beijou sua testa. — Vá dormir. Eu vou acordá-la em uma hora. Seu último pensamento antes de dormir foi que sua intenção de tirar Ken de seu sistema dormindo com ele acabara saindo pela culatra. Ela nunca teria o suficiente dele.

***

Ken assistiu Faith dormir. Os longos cílios abanando as maçãs do rosto, o declive suave do queixo, os lábios exuberantes. Ela parecia tão doce e angelical, mas sentiu falta do brilho desafiador em seus olhos, a inclinação teimosa do queixo. Sexo com Faith seria sempre quente, mas ganhar seu coração demoraria mais do que o ótimo sexo. Ele precisava ganhar a confiança dela. Era a única maneira de deixá-lo entrar. A tarefa era difícil, mas ele planejava enfrentar o desafio. Música ecoou lá de baixo. Ken franziu a testa deslizando para fora da cama, arrastou-se nas calças e foi investigar. Ao pé da escada, ele foi saudado pelo silêncio. Ele verificou os aparelhos e dispositivos na estação de trabalho em seu escritório de casa, mas nada estava fora do lugar. Justo quando estava prestes a voltar para o andar de cima, a música começou novamente. Um toque? Ken seguiu o som na bolsa de Faith, a qual ele pegou e levou lá para cima. Ele a encontrou ainda enrolada debaixo das cobertas dormindo. Ele apertou os lábios nos dela. Quando ela gemeu e se mexeu, ele aprofundou o contato. Mesmo durante o sono, ela respondeu a seu toque. — Ken. — Sua mão acariciou o rosto dele. — É hora de acordar, querida. — Ame-me de novo — ela murmurou, puxando-o mais perto, os olhos ainda fechados.


A tentação era grande, especialmente quando entregue em um tom rouco que fazia coisas ao seu corpo. — Eu pretendo, mas primeiro precisamos conversar. — Por quê? — Sua mão varreu o peito dele, ultrapassou o seu abdômen até a cintura. Seus olhos se abriram quando ela encontrou as calças. Olhos orvalhados olharam para os dele, uma carranca se estabelecendo entre as sobrancelhas dela. — Você está vestido. — O telefone estava tocando como um louco. Achei que deveria ser algo importante para alguém chamar tão tarde. — Ele levantou sua bolsa do chão. Faith sentou e mergulhou para seu telefone celular. Os olhos de Ken ficaram cravados no rosto embora os lençóis deslizassem até a cintura, expondo seus seios. Seus olhos se arregalaram quando ela verificou o identificador de chamadas. Ela apertou um botão e trouxe o telefone no ouvido. — Eddie? Eu estou em um amigo. Por quê? — Ela suspirou, em seguida, fugiu para a outra extremidade da cama. — Eu estarei lá. — Ela circulou a cama e foi de joelhos recolher suas roupas, pegou sua bolsa. — O que está acontecendo? — Era o meu primo Eddie. Alguém invadiu minha loja. — Sua voz tremeu. Antes que pudesse reagir, ela desapareceu no banheiro e fechou a porta. Ken vestiu sua camiseta, meias, sapatos e, então, sentou na beira da cama e começou a discar o telefone ao lado da cama. Eddie Fitzgerald era um detetive meticuloso que não tinha medo de ir aos canais fora dos normais para encontrar respostas. Ele conheceu o detetive ano passado, quando ambos trabalharam em um antigo caso de um incendiário. Desde então, eles se ajudaram aqui e ali. — Eddie, aqui é Ken Lambert.


— Não posso falar agora — disse Eddie em sua maneira rápida de costume. — Eu sei que você está trabalhando no arrombamento na Falasha. Pode me dizer mais sobre o que aconteceu? Houve um silêncio de Eddie. — Faith está com você? — Sim. Quão ruim é isso? — Isso depende de como você olha. Vocês dois estão à caminho? — Quão ruim, Eddie? — Não muito, se é isso que você está perguntando. — Nós estamos à caminho. — Desligando, algo frio mergulhou no peito de Ken. Faith não precisava disso, não com tudo que já enfrentava. Ele caminhou até a porta do banheiro. — Faith? — Estou quase terminando. — Eu vou ligar o carro. — Não, eu vou dirigir. — Não deixarei você dirigir. A porta se abriu. Ela estava diante dele com os pés descalços, olhos piscando, blusa torta. Ela pulou um botão. — Eu estou bem — ela retrucou. — Eu sei. Dê-me um minuto. — Ele a parou quando ela poderia ter passado por ele e começou a refazer seus botões. Sua expressão mudou de perplexidade para inexpressividade, então, ela assumiu o lugar dele. — Venha. Você pode colocar suas botas no carro. Ele começou a descer as escadas, não tendo certeza que ela andaria com ele. Quando chegou à porta da garagem, ela estava atrás dele. Ela deslizou no banco do passageiro de seu SUV sem falar. Ansiedade encheu a cabine. Ele queria tranquilizá-la de que tudo ficaria bem, mas Faith não era o tipo de mulher a ser aplacada com frases


vazias. Ela encarava os problemas de frente. Ele estendeu a mão e cobriu uma de suas mãos delicadas. Ela apertou a dele, forte. As luzes azuis e vermelhas de vários carros da polícia brilhavam diante de sua loja. Ela estava fora do carro antes de Ken estacionar. Quando ele saiu, ela estava na entrada conversando com Eddie. Um policial bloqueou o caminho de Ken. — Eu estou com a senhorita Fitzgerald — explicou Ken. Eddie acenou para ele antes de seguir Faith para dentro. Ken pegou seu caminho através dos cacos de vidro. Pelo tamanho do furo na janela, um carro deve ter se chocado contra ela. Ele ouviu trechos de uma conversa entre vários policiais atrás dele. — Porra de ladrões, quebram e roubam — disse um deles. — A terceira loja esta semana? — Perguntou outro. — Sexta, se contar as batidas em Ventura e Burbank. Dentro da loja, uma equipe de investigadores da cena do crime já espanava o lugar em busca de impressões e fotografando o ambiente. Os vestidos sobre os manequins foram embora, as vitrines quebradas, embora nem todas as joias fossem levadas. Algumas cobriam o chão junto com lenços e cintos. Algumas roupas pendiam sobre os cabides de parede e a caixa registradora estava ausente do balcão do caixa. Ken não conseguia imaginar como Faith se sentia vendo a destruição. Ele encontrou-se com Eddie e Faith dentro do closet ao lado de sua sala de costura, onde ela guardava sua coleção para o desfile em Nova Iorque. Ele tentou pegar seu olhar, mas ela estava ocupada indo através de uma prateleira de roupas em sacos de vestuário, puxando zíperes para baixo, então de volta para cima. — Estão todos aí? — Perguntou Ken. Faith assentiu.


— Eles não vieram até aqui — acrescentou Eddie. — É típico destes ladrões quebram-e-roubam não perderem tempo. Eles vão para as coisas mais próximas, em seguida, fogem. — Ouvi dizer que teve roubos semelhantes em todo o estado — acrescentou Ken, seu olhar não deixando Faith. Eddie assentiu. — Vários. A mão de Faith parou, em seguida, ela virou-se lentamente para enfrentá-los. — Você está dizendo que este é apenas um caso de arrombamento? Os olhos de Eddie se estreitaram. — É, a menos que haja uma razão para suspeitar que alguém visou você. Você acha que pode haver alguém que propositadamente destruiria sua loja? O olhar de Faith colidiu com o de Ken, mas ela rapidamente desviou o olhar. — Não. Claro que não. Eddie estudou-a, em seguida, virou para olhar para Ken antes de voltar para ela. — Faith? — Acredite em mim, Eddie. Se eu soubesse quem fez isso, eu o quereria na cadeia também. Perderei negócios durante as próximas duas semanas, porque eu precisarei substituir as janelas e as minhas roupas. — Sua voz quebrou. Ken se aproximou dela. Ele queria pegá-la em seus braços, levá-la para longe daqui, mas sabia que ela não gostaria de ser mimada. — A câmera de vigilância pegou alguma coisa? — Ken perguntou. — Nós não vimos as imagens ainda. Onde você guarda o sistema? Faith abriu a porta que dava para seu escritório e caminhou à frente deles. Eddie bloqueou o caminho de Ken quando ele poderia ter seguido. — Eu vi o olhar que você trocou com a minha prima, Lambert. Quer me dizer o que está acontecendo?


Ken deu de ombros. — Eu não sei o que você viu, homem. Podemos acabar com isso para que eu possa tirá-la daqui? Eddie olhou com raiva, em seguida, olhou para Faith que apertava os números no console do seu sistema de vigilância. Ele baixou a voz. — Escute, eu não deixarei outro psicopata perturbar uma das minhas primas, por isso, se algo está acontecendo aqui, é melhor compartilhar comigo. — É claro. Eu sempre faço. Eddie continuou a estudá-lo, em seguida, virou-se e se dirigiu para Faith. Ken seguiu. Eddie Fitzgerald era bom no que fazia, mas não era Ken quem devia contar à ele sobre os problemas de Faith com O'Neal. Ken não sabia as razões dela para não pedir ajuda ao seu primo, mas ele estava feliz que ela veio à ele em vez disso. Ken se juntou à Eddie e Faith enquanto eles repetiram as imagens do roubo. Os dois ladrões usaram máscaras de neve, então identificá-los estava fora de questão. Também pareciam estar mais preocupados em destruir a loja do que roubar. Um ainda tentou puxar para baixo os manequins do teto com pouco sucesso. Pelos seus dentes brilhantes, eles riram o tempo todo. Quando Eddie repetiu as filmagens de novo e de novo, tudo se encaixou. Estes não eram ladrões comuns, não quando um deles foi direto para o teclado de segurança da loja logo que entraram na loja e apertou os números no painel de segurança. Eles sabiam a combinação de números. Interessante. Eddie pressionou Pare na máquina, virou e encarou Faith e Ken. Ele cruzou os braços, os olhos saltando de um para o outro. — Ok, o que diabos está acontecendo?


CAPÍTULO 9 Faith suspirou. Ela nunca quis que seus parentes soubessem sobre a confusão com Sean. A maioria deles tratava-o como família, então não tinha certeza cuja história eles acreditariam. Sean já a pintou como uma destruidora de corações egoísta e ele o amante abandonado que ainda a queria de volta como uma noiva e parceira de negócios. No início, suas palavras maliciosas machucaram e ela ainda contemplava dizer à sua família a verdade. Mas não queria jogar de vítima, ou dar à tia Viv uma desculpa para começar sua palestra padrão. Fitzgeralds não lamentam, Faith. Nós somos lutadores. Não importa quantas vezes a vida nos derruba, nós nos levantamos. Faith teve o suficiente disso, em sua adolescência, então manteve a boca fechada. Agora, o inferno estava prestes a se soltar e ela deveria encontrar uma maneira de contê-lo. As palestras de tia Viv não a incomodavam mais, mas ela poderia ver os problemas de Faith com Sean como uma falta de tino comercial ou incompetência. Sua tia tinha um histórico de socorrer financeiramente membros da família cujas empresas tiveram dificuldades devido a fundos limitados, má gestão ou falta de visão. Como resultado, sua generosidade não era apenas limitada a entregar dinheiro. Ela ganha a posse de parte na empresa e direito de voto em cada decisão importante, incluindo a direção que a empresa tomava. Faith não estava pronta para esse tipo de parceiro. — É óbvio que este foi um trabalho interno, Faith — disse Eddie, interrompendo seus pensamentos. — E a maneira como vocês dois estão agindo me diz que você sabe mais do que divulga.


Ken se aproximou dela, cruzou os braços, e ampliou sua postura, seu

olhar

se

estreitando.

O

gesto

intimidador

era

doce,

mas

desnecessário. Eddie era todo late, mas não morde. Faith respirou fundo e soltou o ar lentamente. — Ok, Eddie, mas o que eu disser a você permanecerá entre nós. Ninguém mais na família deve saber. Eddie olhou com raiva. — Falo sério, Eddie. Ele balançou a cabeça bruscamente. — Ok. Alguém tem roubado meus designs e vendido para o meu concorrente. O ligeiro beliscar dos lábios de Eddie mostrou que ele não gostava do que ouvia. — Como você sabe? — Um cliente veio à loja no início desta semana e me disse que viu o mesmo vestido que estou fazendo pra ela, já pertencente à outra pessoa. Os designs são semelhantes em pequenos detalhes como a disposição das lantejoulas no corpete e os babados em cascata. Eu conheço o meu trabalho, Eddie. São todos originais e tenho cópias de desenhos para provar que este particular design é meu. A expressão de Eddie não mudou, o que a fez se perguntar se ele acreditava ou não. — Continue. — O designer do outro vestido é Sean O'Neal. — O canto da boca de Eddie mergulhou para baixo em um sorriso. Não sabendo o que fazer com isso, Faith continuou. — Cinco anos atrás, eu o peguei usando meus designs sem a minha permissão. Ele até usou para garantir um contrato. Quando o confrontei, ele riu, disse que desde que eu trabalhava para ele, qualquer coisa que eu criasse pertencia à ele. Não importava que eu esbocei-os à noite em casa e nunca trouxe para o escritório. Porque namorávamos na época, ele tinha acesso a minha casa. Preciso saber se


ele roubou meus designs novamente, especialmente àqueles que eu pretendo mostrar em Nova Iorque. Eddie balançou a cabeça. — A doninha. Eu sabia que havia uma razão pela qual eu nunca gostei dele. O que não entendo é por que você não veio para mim. — Você sabe por que, Eddie. — Ele quase perdeu o emprego após desobedecer seu capitão, juntou forças com um civil e foi atrás de um sequestrador enlouquecido. Não importava que a mulher sequestrada fosse sua prima ou que o capitão fosse seu pai. — Com todas as coisas que você passou no trabalho, eu não podia. — Isso não vem ao caso, Faith. Você deveria ter vindo para mim ou o capitão quando descobriu sobre Sean, há cinco anos. Nossa família precisa vê-lo como a bola de lodo que ele é, especialmente depois da porcaria que ele diz a qualquer um disposto a ouvir. — Não me importo como o que ele diz à nossa família. Não vejo a necessidade de envolver outras pessoas em meus problemas pessoais. Eddie esfregou o rosto. — Cristo, Faith. Nós não somos outras pessoas. Nós somos uma família. Cuidamos um do outro. Não recorremos a estranhos quando precisamos de ajuda. A reprimenda doeu. Ela abriu a boca para defender-se e fechou-a sem dizer uma palavra. Não foi a primeira vez que ela não teve a última palavra com um membro de sua família. — Você quer pegar leve com ela um pouco, cara? — Ken cortou. — Ela já passou por bastante. Eddie se virou para olhar para Ken. Por um breve momento, Faith se perguntou se teria que andar entre eles. — Então, o que você descobriu, Lambert? — Disse Eddie, em voz baixa e dura. — E quaisquer que sejam os meios que você usou para obter, é melhor que seja legal.


Ken sorriu. — Absolutamente. Colocamos um grampo no telefone de O'Neal depois recuperamos o histórico de ligações e SMS de seu Smart Card, tudo dentro de meus perímetros como um investigador de vigilância licenciado. — Depende de como você chegou ao seu telefone. Ken riu. — Ele deixou cair durante uma briga e nós tivemos gentileza o suficiente para devolvê-lo para ele. Os olhos de Eddie se estreitaram. — Uma briga? Besteira. Eu tenho trabalhado com você, Lambert. Algumas das pessoas que emprega fariam Oliver Twist parecer um santo. Se você furtou o telefone, o que você encontrou é inadmissível no tribunal. — Quem falou em tribunal? Se vamos processar o cabeça de alfinete ou não, depende de Faith. Agora, tudo o que ela quer saber é se ele roubou sua coleção ou não. — Eu entendi na primeira vez que ela explicou. Sobre o seu telefone? Ken olhou Faith, silenciosamente pedindo permissão. Ela suspirou. — Diga à ele. — Tudo — respondeu Eddie. Ele andava e amaldiçoava Sean na hora que Ken terminou de explicar sobre a visita surpresa do designer na Falasha. Uma batida na porta e o parceiro de Eddie enfiou a cabeça para dentro da sala. Ele acenou para Faith, em seguida, olhou para Eddie. — A CSU23 terminou aqui fora. Você conseguiu a filmagem de segurança? — Só um segundo. Podemos ter uma cópia?— Eddie perguntou à Faith. Ela andou atrás de sua mesa e pegou um cartão de memória de uma gaveta. O detetive desapareceu assim que conseguiu o que veio pegar. Quando Eddie voltou para atormentar Ken, Faith saiu da sala e se

23 Crime Scene Unit – Unidade de Cena do Crime


atreveu a se aventurar na sala da frente para uma segunda olhada, agora que a Unidade de Cena do Crime havia terminado. O choque não passou ainda. Impotência tomou conta dela e um sentimento de vazio se estabeleceu em seu estômago com as prateleiras de exposição esmagadas, os acessórios no chão, e as poucas roupas penduradas em cabides. Ela engoliu sua raiva, abaixou-se para pegar um intrincado brinco. O segundo estava faltando. Joias assinadas por Deidre tinham pedras coloridas ajustadas em prata esterlina, e preços razoáveis. Ainda assim, ela trabalhou duro nelas e ficaria arrasada com a perda. Ciente dos cacos de vidro, Faith cautelosamente apertou a ponta de vários lenços sujos e sacudiu-os antes de colocá-los em um rack. No outro extremo da loja, fita amarela atravessava suas janelas anunciando à todo mundo que a sua preciosa loja era uma cena de crime. Amanhã seria um pesadelo, cheio de gente de boca aberta e fazendo perguntas que ela não podia responder. Faith se aproximou do buraco em sua janela. Todos os carros de polícia foram embora, exceto o carro de polícia sem identificação de Eddie. O final brilhante de um cigarro dentro da cabine indicou que seu parceiro o esperava. Esperançosamente Eddie e Ken tenham acabado de conversar e não avançaram para a próxima fase, a de bater cabeças. Ambos os homens eram investigadores e deviam conviver em vez de mostrar seu show interminável de testosterona. A hostilidade não fazia sentido, especialmente quando trabalharam juntos antes. Quaisquer que seja seus problemas, eles teriam que resolvê-los por conta própria. Ela precisava pensar em uma maneira de corrigir o buraco em sua janela da frente. A mercadoria restante não tinha necessidade de ser exposta aos elementos ou, Deus me livre, mais bandidos. Talvez devesse cancelar sua viagem à Nova Iorque e o desfile. Havia muito a fazer. Amanhã, ela precisava falar com seu senhorio... chamar a companhia de seguros... dizer ao seu pessoal para não vir ao trabalho... Faith parou e franziu a testa. Algo esteve incomodando-a desde que ouviu sobre o arrombamento, e agora isso voltou com uma vingança. Ela


voltou correndo para Ken e Eddie, e pegou o final da conversa deles quando entrou no escritório. — O bastardo, com certeza, roubou os projetos dela — disse Ken, confirmando o que ela já suspeitava. — Nós conseguimos a prova ontem, quando ele mostrou desenhos de Faith para colegas minhas que se apresentaram como clientes. Nós também plantamos escutas enquanto estávamos lá, completamente dentro. Eu não ficaria surpreso se O'Neal estiver por trás do arrombamento da loja esta noite. — Talvez ele saiba o que você está fazendo e tentou desviar sua atenção — Eddie sugeriu. — Eu duvido. Meu pessoal é bom. Eddie franziu os lábios em pensamento. — Veremos. Quantos de seus funcionários têm acesso a seu código de segurança, Faith? — Foi por isso voltei aqui para falar com você. Além de mim, apenas outra pessoa sabe o código. Molly. Ela e eu estamos juntas desde que eu abri o negócio. Ela também tem chaves extras para a loja e muitas vezes eu a deixo no comando quando estou fora da cidade. Mas acho que é difícil acreditar que ela me trairia. Por que ela daria à eles o código e não as chaves? Não faz sentido. Deve haver alguma outra explicação. — A ganância é sempre uma boa — disse Eddie. — Você tem o endereço dela? Planejo buscá-la para interrogatório logo na parte da manhã. — Posso falar com ela primeiro? — Perguntou Faith. Eddie balançou a cabeça. — Não é uma boa ideia. Tudo deve ser feito pelo livro para as acusações terem efeito, o que significa: sem civis envolvidos. Na verdade, eu pretendo visitar todos os seus empregados enquanto a mercadoria roubada ainda está quente. — Ele gentilmente apertou o braço de Faith tranquilizadoramente. — Eu ligarei para você assim que eu souber alguma coisa.


Faith olhou para o relógio. Era quase meia-noite. Isso seria uma noite muito longa. — Eu não serei capaz de pregar o olho até que eu saiba que Molly não está envolvida. — Posso lhe fazer uma visita esta noite — Ken ofereceu. Eddie lhe cortou com um olhar duro. — Fique fora disso, Lambert. Na verdade, você e eu precisamos conversar. Faith suspirou no tom de Eddie. Quando ele perceberia que falar com Ken como se fosse seu superior era contraproducente? Ela ligou seu computador e a impressora, sua cabeça inclinada para pegar a conversa entre os dois homens. — Alguma hora amanhã — acrescentou Eddie. — Não posso fazer, detetive. Estou voando para San Diego para uma coisa de família na parte da manhã e não estarei de volta até domingo à noite. Meu voo de volta chega às sete e quinze, se você ainda quiser saber. — Faça isso segunda-feira. Precisarei de uma cópia de suas notas de investigação e registros de ligações telefônicas de celulares de todos os funcionários da Faith e de O'Neal, fotos e filmagens de vigilância que você acumulou. Estou assumindo este caso a partir de agora. Ken riu. — O diabos que você está. — Por que não? Você tem provas de que O'Neal roubou seus designs. Isso é causa provável para obter um mandado de busca para seus escritórios, conseguir os designs incriminadores e arrastar a bunda dele para a cadeia. — Não tenha pressa para prendê-lo — Ken advertiu. — As leis de direitos autorais são obscuras quando se trata da indústria da moda. Eddie riu. — A lei é a lei, Lambert. Você a quebra, você vai para a cadeia. Fim da história. Nós vamos ter uma confissão dele. Se isso não funcionar, vamos ver se ele tem o hábito de passar o trabalho de outros designers como dele e alinhar as testemunhas de acusação. Seja qual for o caso, nós vamos expulsá-lo da cidade.


— Se você puder encontrar alguém disposto a ir contra ele — Ken rebateu. — O homem veste celebridades e seus designs estão em cada loja de ponta. De acordo com blogueiros, o público não se farta de nada com etiquetas DHS. — Parece que você admira o homem — Eddie retrucou. — Eu o desprezo. Eddie sorriu. — Ou talvez você esteja com medo de ir atrás dele. — O inferno que eu estou. Eu quero prender o desgraçado tanto quanto você quer. A diferença é que não tenho amarras burocráticas me segurando, o que significa que nesta corrida, eu seria o primeiro na linha de chegada. Mas eu preciso ir com o que Faith quer. Você já perguntou à ela? Faith deu de ombros quando Eddie olhou para onde ela estava ocupada imprimindo nomes e endereços dos seus funcionários. Ela decidiu deixar os dois homens brigarem. Por alguma razão, eles estavam determinados a superar e insultar um ao outro. Ela não podia dizer se o problema resultava de diferenças pessoais ou profissionais. Ou talvez fosse assim que eles trabalhavam, desafiando um ao outro em cada turno. — Ken tem um ponto sobre a coisa dos direitos autorais — explicou ela. — O Congresso e os tribunais têm sido relutantes em conceder plena proteção jurídica para os designers por medo de que leis rígidas levariam a processos judiciais morosos e paralisar o negócio. De acordo com eles, quaisquer que seja os preços elevados que exigimos por nossos designs duram apenas uma temporada, então nunca se processa outro designer por fazer um vestido semelhante ao seu. Sean terá uma punição leve, pagará uma multa, e irá para casa. — Mas as pessoas ainda podem boicotar o trabalho dele uma vez que souberem que ele é um ladrão, certo? — Eddie empurrou. — Com seu testemunho, podemos expô-lo. Mas se ele está por trás do arrombamento de hoje à noite, ele passará um tempo na prisão.


— Não force — alertou Ken. — Está tudo bem. — Faith suspirou e esfregou sua têmpora, uma inútil tentativa de aliviar a dor batendo dentro de seu crânio. Tudo o que ela sempre quis foi desenhar roupas e compartilhar sua paixão com o mundo. Expor Sean não fazia parte desse plano. Se algo desse errado e as acusações contra Sean não surtirem efeito, ela pareceria como uma ex-amante amarga tentando arruinar um bom homem. A coisa toda poderia explodir em seu rosto e destruir tudo pelo que trabalhou. Por outro lado, ele já roubara seus designs e estava, provavelmente, por trás da destruição de sua loja. Se ela não o impedisse agora, ele poderia muito bem destruir sua carreira e continuar a tirar proveito de outros designers ingênuos como fez com ela. — Posso pensar sobre isso? — Claro — disse Eddie, mas ele não parecia muito feliz. Culpa comeu-a. — Preciso saber que a minha coleção está segura, que ele não as duplicara, porque ainda pretendo ter um desfile no próximo ano. Os dois homens assentiram. Uma pancada seguida por vozes masculinas veio da frente da loja. O coração de Faith caiu, seu olhar correndo para a porta. — Você ouviu isso? — Sim. Essa é a equipe de reforço. — Eddie saiu da sala. — De quem é que você está falando? — Faith perguntou a Ken enquanto seguiam Eddie. — Eu não faço ideia. A visão dos que chegaram levaram os pés de Faith a vacilar. Baron e Chase, dois de seus primos, entraram na loja transportando madeira compensada, cintos de ferramentas em seus quadris vestidos de jeans. Pelos trajes casuais, Eddie provavelmente arrastara os dois homens para fora de suas camas. Eles apoiaram as pranchas contra o balcão e se aproximaram de Faith. Sua garganta fechou quando Baron a envolveu


em um abraço de urso. Ela sentiu o cheiro do perfume da sua noiva, fazendo-a se sentir terrível. Ele deixou os braços dela para vir em seu auxílio. — Como você está? — Perguntou. A tensão em torno de sua garganta apertou. Ela poderia apenas acenar. — Eddie pegará o bastardo — Chase acrescentou, dando uma cotovelada no seu gêmeo para sair do caminho e segurando-a um pouco mais. Ele bateu em suas costas e murmurou mais palavras que ela não entendia porque estava ocupada lutando contra as lágrimas e olhando para o terceiro homem. Lex entrou, impactando a sala por sua simples presença. Mesmo em caso de emergência, nem um único fio de cabelo estava fora do lugar, a camisa impecavelmente enfiada em calças de alfaiataria, o cinto de ferramentas em torno de sua cintura, destoava com ele. — Vamos deixar o lugar muito bonito para esta noite — disse Lex, caminhando para o seu lado. Ele pressionou um beijo em sua têmpora. — Jordan estará aqui amanhã para fazer um inventário do que precisa ser consertado. Ele fará disso uma prioridade. Ele espera uma ligação sua amanhã. — Lex apertou seu ombro, em seguida, foi se juntar à Baron que colocava uma prancha sobre a janela aberta. Chase empunhava a vassoura como um profissional, varrendo os restos em uma pilha. — Eu começarei a reunir algumas coisas da outra sala — Faith disse para ninguém em particular, e fugiu para seu escritório. Ela fechou a porta e encostou-se a ela, lágrimas deslizando pelo seu rosto. Ela enxugou seu rosto, irritada consigo mesma por desmoronar. Quantas vezes seus primos se reuniram em torno de um membro da família que precisava de ajuda? Demasiadas vezes para contar. Então, por que estava espantada por estarem ajudando-a? Como disse Eddie, era família. Durante anos, ela duvidou que fosse mesmo uma Fitzgerald após ouvir uma conversa entre tia Viv e algumas de suas outras tias.


Ainda não teve a coragem de enfrentá-las ou perguntar a verdade a seu pai. Pior, a crítica constante da tia Viv só reforçou seu senso de alienação. O sangue Fitzgerald fluindo em suas veias ou não, ela trabalhou tão duro como seus primos. Uma batida a fez saltar e enxugou as lágrimas. — Sairei em um segundo. Ken entrou na sala, apesar de suas palavras. — Você está bem? — Sim. — Não queria que ele visse que ela havia chorado, ela evitou o olhar dele, correu para sua mesa e começou a desligar seus aparelhos eletrônicos. — Não quero deixar nada de valor aqui esta noite. Eu provavelmente deveria pegar meu carro e ver o quanto posso levar para casa esta noite. — Por que não usar o meu carro? É mais espaçoso. Podemos recolher o seu carro depois. Ele era tão maravilhoso. A preocupação estava estampada em seu rosto enquanto a estudava. — Você tem certeza? Eu sei que você tem um voo para pegar na parte da manhã e não há como dizer quanto tempo estaremos aqui. — Eu não me importo. Apenas me aponte em direção do que você quer levar hoje à noite. — Ele se aproximou, escovou seus polegares em sua bochecha, removendo a umidade que não sabia que ainda estava lá. — Vamos pegar os bastardos que fizeram isso. Faith assentiu. — Eu sei. Obrigada pela oferta de usar seu carro. — Não tem problema. — Ele a beijou e por um breve momento, ela se permitiu o luxo de ficar perdida em seus braços. Mas a realidade não poderia ser ignorada para sempre. Eddie e seu parceiro tinham ido embora quando saíram da sala. Enquanto seus primos ficaram ocupados cuidando de sua loja, ela e Ken tiraram as máquinas de costura, computadores, fardos de tecido, dressforms, e toda a sua coleção. Lex, Baron e Chase terminaram com a janela


e até mesmo separaram as joias e roupas que estavam no chão dos cacos de vidro. Faith abraçou-os novamente, então, saiu de sua loja e os observou entrarem em seus carros e irem embora. — Não se esqueça de ligar para Jordan — Lex lembrou a ela antes de se afastar. Apesar de sua loja parecer como uma enorme ferida coberta com curativos, ela sorriu. Havia vantagens em ter uma família grande, amorosa.

*** Ken sentiu que Faith não queria falar, então o trajeto para a sua casa foi feito em silêncio. Assim que ela pegou o carro, ele a seguiu até a casa dela. Ela tinha um quarto extra onde guardava suas coisas de costura. No momento em que terminaram de descarregar o carro dele, não havia praticamente nenhum espaço sobrando para se mover. Acabaram colocando manequins em sua sala de estar. Quando Faith se acomodou na entrada e olhou tristemente para o espaço, ele descansou as mãos em seus ombros. — Há algo forte por aqui para beber? — O gabinete inferior do lado direito da geladeira — disse ela. Quando ele voltou com doses de conhaque, ela ainda estava de pé exatamente onde a deixou. Ele apertou um copo na mão dela. Ela tomou um gole e estremeceu, então se virou para ele, com uma expressão sombria. — Obrigada por estar aqui, Ken. — Não foi nada. — Ele tomou um gole de sua bebida, em seguida, perguntou: — Posso passar a noite se não quiser ficar sozinha. Faith olhou para o relógio e balançou a cabeça. — São quase três da manhã. Você não tem de apanhar um avião em poucas horas? — Meu voo não sai até às nove.


Ela estendeu a mão e tocou seu rosto, seu sorriso tão triste que esmagou seu coração como um golpe físico. — Você é um amigo maravilhoso, Ken, mas eu quero apenas ficar sozinha. Eu tomarei uma xícara de chocolate quente e esperarei pelo sono. — Ela deu um beijo suave em seus lábios, em seguida, caminhou ao redor dele e se dirigiu para a cozinha. Ken não gostava de deixá-la sozinha, mas não podia insistir em ficar. Um dia, ela pararia de vê-lo como um amigo, precisaria dele o suficiente para pedir a ele para segurá-la enquanto chorava ou deitava sem dormir porque a vida lhe deixou em uma situação complicada. Ele bebeu o conhaque, colocou o copo sobre a mesa e fechou a distância entre eles. Ele segurou o rosto dela e inclinou-se. Faith chegou para ele ao mesmo tempo e abriu os lábios, convidando seu beijo. Sua língua varreu a superfície lisa de seus dentes antes dela deixá-lo entrar. Ele prolongou o contato durante o tempo que poderia, então deu um passo atrás. — Eu te ligarei amanhã à noite. — Ele tocou seu rosto com as pontas dos dedos e pegou as chaves de onde havia deixado em cima do balcão. — Obrigado pela bebida. Ela caminhou com ele até a porta e lá ficou. À uma distância razoável, ele pegou seu telefone celular e digitou o número de Eddie. O telefone ficou sem resposta. O policial provavelmente rastejava através do submundo de LA, tentando pegar os vermes que mexeram com sua família. Ele tinha que reconhecer isso. Os Fitzgerald cuidavam uns dos outros. Em casa, Ken terminou de arrumar sua mala de viagem e colocou o envelope com os bilhetes de viagem num cruzeiro no bolso ao lado de seu laptop. No que diz respeito a presentes de aniversário, um cruzeiro pelo Caribe de catorze dias não era uma má ideia. Seu pai provavelmente encontraria alguma coisa errada com isso, como fez com o conjunto de tacos de golfe que Ken lhe dera no último Natal. Mas sua mãe ficaria encantada. Ela falara muitas vezes de ajudar seu pai a aprender a trabalhar menos e relaxar mais. Em sua voz, Ken ouviu a solidão de estar


casada com um viciado em trabalho e a preocupação pelo bem-estar de seu marido. Talvez um cruzeiro juntos pudesse ser um começo. O telefone de Ken tocou quando ele se acomodava em sua cama. Era Eddie. — O que é, Lambert? Ele estava cheio da atitude azeda do policial. — Ok, Fitzgerald. Você esteve duramente em cima de mim esta noite, então o que quer que se arrastou até sua calça, vamos obtê-lo. — Eu não te liguei. Você me ligou. — Para dizer que eu darei a você uma vantagem inicial sobre o que temos sobre os funcionários de Faith, mas pelo seu tom, não ganharei pontos positivos pela informação. O que diabos está acontecendo? Houve silêncio na linha. — Há quanto tempo você está vendo minha prima? Ken queria dizer a Eddie que Faith era uma mulher adulta e tinha o direito de ver quem ela quisesse, mas algo na voz do detetive o avisou para pisar com cuidado. — Não muito. — A trate direito, Lambert. Amável de verdade ou você está acabado nesta cidade. As palavras proferidas em calma, embora o tom fosse arrepiante se Eddie não estivesse falando sobre Faith. Qualquer um protetor com ela estava bem no livro de Ken. — Entendido. — Bom. Então, sobre os funcionários de Faith? — Eu deixarei uma mensagem com Lucy, então passe pelo escritório amanhã e ela dará tudo o que você precisa. — Ainda discutiremos o seu próximo passo quando você voltar. Ken riu. Eddie era implacável. — Claro. Basta lembrar uma coisa. Até que Faith diga o contrário, eu ainda estou no caso. — Pensei que você não ligava para o dinheiro.


Ele não ligava, mas ouviu o sorriso na voz de Eddie e escolheu tirálo de seu rosto. — Ao contrário de vocês de sangue azul, eu tenho custos operacionais. Eddie riu. — Claro que tem. Basta lembrar o que eu disse. Eu tenho que ir, cara. Tenho algumas notícias não muito boas para dar à Faith. Ken ficou tenso. — O quê? — Eu fui ver Molly. Ken se preparou. — O que ela disse? — Nada. Alguém chegou a ela primeiro.

*** Faith andava pelo chão de seu quarto e se amaldiçoou por dizer a Ken para ir embora. Ele a teria ajudado a dormir melhor do que chocolate quente. Ele exercia um controle estranho sobre ela que era ao mesmo tempo desconcertante e fascinante. Resumia-se a seus olhos e seu poder para fazê-la sentir como se nada e nem ninguém pudesse tocar ou machucá-la enquanto ele estava por perto. No entanto, em um instante, ele poderia fazer seu coração vibrar e mandar calor diretamente ao núcleo de sua feminilidade. Às vezes, seus olhos enviavam uma sensação estranha através dela que não tinha nada a ver com a atração sexual ou segurança. Esse último a desconcertava mais, porque ela não conseguia explicar. Seu ringtone encheu o quarto. Ela acendeu o abajur e pegou seu telefone celular. O número era desconhecido. — Sim? — Vê o que você me fez fazer? — Uma voz sussurrante respondeu. Dedos frios subiram pela espinha de Faith. — Quem é? — Ele me humilhou e você deixou. Por isso, eu tive que te punir. Faith engoliu, mas sua boca estava seca. — Sean?


— Você me fez fazer isso. Eu vi você sair com ele hoje à noite. Você está dormindo com ele? — Sua voz tornou-se baixa e chorona. Raiva bateu nela. — Seu desgraçado. Não é da sua conta com quem eu durmo. Você destruiu minha loja. Que tipo de monstro é você? — Você me amou uma vez, Faith. Você sabe que eu não sou um monstro. Eu só quero o que nós tivemos uma vez — ele lamentou. — Você e eu terminamos. Não vamos nunca, jamais, ser um casal novamente. — Ela apertou o botão de desligar e caiu para trás sobre os travesseiros, seu corpo tremendo. Imediatamente, o telefone começou a tocar novamente. Seu primeiro instinto foi de ignorá-lo, mas ela se recusou a se esconder. Ela levantou o telefone no ouvido. — Deixe-me em paz, seu filho da puta, ou chamarei a polícia. — O que diabos está acontecendo? Alívio percorreu-a e ela exalou. — Eddie. Sean me ligou e praticamente admitiu que estava por trás do arrombamento em minha loja. Ele alegou que era uma punição pelo modo como Ken o humilhou. Eddie amaldiçoou. — Ele deve ser parado, Faith. O número de telefone dele deve estar armazenado em seu celular. Me dê ele. Assim que confirmar que é dele, ele não poderá negar que ligou para você. Se ele ligar de novo, deixe o correio de voz atender, assim temos uma gravação. UCC obteve o modelo e a cor do carro que os ladrões utilizaram através da gravação de segurança. Nós temos um APB24 sobre ele e vamos verificar oficinas de desmanche no caso de decidirem desmantelá-lo. Pretendo recolher o máximo de provas que puder contra Sean, Faith, assim, quando você decidir prestar queixa contra ele, ele não encontrará uma brecha no sistema.

24 All Points Bulletin - uma mensagem de rádio enviada para cada oficial em uma força policial dando detalhes de um veículo roubado, fugitivo ou sob suspeita.


Ela não sabia se esperar era boa ideia. Sean parecia desequilibrado e uma visita de Eddie poderia fazê-lo parar. Por outro lado, ela queria o designer atrás das grades. — Tudo o que você achar que é melhor, Eddie. Voarei para Nova Iorque no domingo e não estarei de volta até sexta-feira. Eu terei meu celular comigo, então me ligue se encontrar qualquer coisa sobre ele ou os meus funcionários. Pode ser apenas a minha opinião, mas acho que Sean é inteligente demais para usar seu telefone para me ligar ou emprestar um carro aos ladrões que poderia ser rastreado até ele. — Você ficaria espantada com o tipo de erros estúpidos que pessoas inteligentes cometem. Deixe que eu me preocupe com Sean. Por agora, eu tenho algumas notícias, e isso não é bom. Eu vi Molly.


CAPÍTULO 10 Faith pegou as duas xícaras de café quente do balcão, em seguida, deixou o refeitório e voltou para a sala de espera. Seus olhos ardiam por falta de sono e seu corpo doía de ficar sentada na desconfortável cadeira do Cedars Sinai pelas últimas seis horas. A equipe de cirurgiões ainda trabalhava em Molly na sala de cirurgia, mas Faith se recusou a ir para casa até que soubesse que a operação foi bem sucedida e Molly estaria bem. Culpa roía por ela. Não podia deixar de pensar que os homens que machucaram Molly eram os mesmos que destruíram a Falasha. Homens de Sean. Se ela não tivesse se envolvido com ele, nada disso teria acontecido. Se não tivesse ficado com Ken, Sean não seria consumido pelo ciúme. Faith balançou a cabeça. Devia parar com os pensamentos negativos e focar nos positivos. Molly ficaria bem. O médico que falara com ela estava confiante sobre sua cirurgia e o prognóstico. E Faith adorava ter Ken em sua vida. Ele fazia todo o caos em torno dela suportável. Quando Faith abordou a mãe de Molly, sua culpa disparou. A pobre mulher finalmente caiu no sono, com o queixo apoiado no peito e as mãos abraçando seu amplo estômago, mas as lágrimas escapavam de debaixo de suas pálpebras fechadas. Lágrimas que se recusou a soltar enquanto acordada. Faith nunca conheceu Maya Bolden, a mãe de Molly, até poucas horas atrás, mas nesse curto espaço de tempo, ela veio a admirar a força da mulher. O médico parecia preocupado com seu comportamento estoico. Ela sentou imóvel, sem dizer uma palavra enquanto ele explicou a condição de sua filha, seus lábios fechados e olhos voltados para as


portas duplas através das quais eles levaram Molly. Mas a expressão indiferente da Sra. Bolden escondia sua tristeza. Faith sentiu tremores dispararem através dela quando chegou ao hospital e a abraçou. Faith colocou o café na mesa e recostou-se na cadeira. Uma parte dela desejava poder adormecer como a mãe de Molly. Não que invejasse o alívio da mulher. Receber um telefonema no meio da noite de um estranho dizendo que a sua única filha foi assaltada e levada às pressas para o hospital deve ter sido traumático. Mas não saber se ela viveria poderia empurrar mesmo a mais forte das pessoas ao longo da borda. — Senhorita Fitzgerald. Faith piscou e sentou-se. O médico que falara anteriormente pairava sobre ela. Faith pulou, esperança surgindo através dela. — Ela está bem? Conseguiram parar o sangramento? — Ela sussurrou, não querendo acordar a mãe de Molly ainda. O médico, ainda no uniforme verde, franziu a testa e olhou para a mulher ainda dormindo. — Prefiro falar com a Sra. Bolden sobre a condição de sua filha. Faith a balançou delicadamente, despertando a mulher. Um olhar para o médico que pairava sobre elas e ela se levantou. — O meu bebê está bem? — Ela perguntou com uma voz trêmula, os olhos agarrados ao rosto do médico. Em vez de responder, o médico olhou para Faith quando falou, embora se dirigisse a mãe de Molly. — Nós não discutimos a condição médica com não-familiares, Sra. Bolden. Então a senhorita Fitzgerald deveria... — Pare — disse a Sra. Bolden com voz firme. — Eu não ficaria sabendo sobre minha Molly se não fosse por esta jovem senhorita aqui. Tudo o que você quiser me dizer, diga-o na frente dela, doutor.


O homem hesitou, cruzou e descruzou os braços, mas a firme determinação no rosto da mulher deve tê-lo convencido que protestar era inútil. Ele escolheu cuidadosamente suas palavras enquanto falava. — Eu liberei a pressão sobre o cérebro dela a tempo e consegui parar o sangramento. Terei que ver se ela precisa de cirurgia reconstrutiva quando as feridas no rosto curarem, mas, por enquanto, ela está fora de perigo. — Alguma coisa na expressão da mulher mais velha fez com que ele adicionasse rapidamente, — Não se preocupe, Sra. Bolden. Nós temos os melhores cirurgiões ortopédicos, uh, médicos ósseos no país. Ele fez um trabalho incrível nas costelas da sua filha, o que deve curar bem. Nós vamos ajudá-la a controlar a dor. — Seu olhar saltou entre Faith e a mulher mais velha. — Você tem alguma pergunta? A mãe de Molly balançou a cabeça, mas o tremor revelador de seu queixo indicou que ela lutava contra as lágrimas. O médico gentilmente tocou seu ombro. — Mandarei uma enfermeira acompanhá-la até o quarto de sua filha. — Obrigada, doutor — a senhora Bolden respondeu. Quando ele foi embora, lágrimas encheram seus olhos e correram até seu queixo. Ela estendeu a mão para uma cadeira com uma mão trêmula e se sentou. Faith se estabeleceu na poltrona e colocou os braços ao redor da mulher soluçante. — Meu bebê ficará bem... o meu bebê ficará bem.... — ela repetiu isso como uma ladainha. Faith não deixou o hospital até o médico explicar para a Sra. Bolden o tratamento que seria necessário para Molly uma vez que ela deixasse o hospital. Ela conseguiu algo para a mulher comer e prometeu voltar mais tarde naquela noite. A Sra. Bolden agarrou a mão de Faith, os olhos vermelhos de tanto chorar. — Molly tem muita sorte de tê-la como chefe e uma amiga, senhorita Fitzgerald. Obrigada por tudo que você fez para ela, por estar


aqui para mim. Você não precisava, mas... — ela fez uma pausa e pigarreou. — Obrigada. Faith não sabia o que dizer, mas fez um juramento em silêncio que se Sean estivesse por trás do ataque à Molly, ela o faria pagar caro. Ela esperou até a mulher mais velha desaparecer de volta no quarto de sua filha antes de sair. Lá embaixo, ela colidiu com Eddie e seu parceiro ao sair do elevador. Ele deu uma olhada nela e balançou a cabeça. Faith fez uma careta. Ontem à noite, ele tentou dissuadi-la de vir para o hospital. — Se você pensa em interrogar Molly, esqueça — disse Faith. — Ela ainda está na UTI. — Não é por isso que estou aqui, embora obrigado pela atenção. Vamos. Vou levá-la para casa. Faith não protestou. Colocar um pé na frente do outro tomava todo o seu esforço, e o chão parecia ondular sob ela como uma onda gigante. — Como soube que eu ainda estaria aqui? — Eu te liguei várias vezes esta manhã. Quando você não atendeu ao telefone, eu passei na sua casa. O porteiro me disse que você não havia voltado desde que saíra. Como vai a sua menina? — Tudo bem, de acordo com seu médico, mas precisará de tempo para se recuperar e, possivelmente, mais cirurgias. — Sua voz foi sumindo. Falar ou pensar em Molly só alimentava seu remorso. — Você descobriu alguma coisa nova? — Vamos discutir isso mais tarde. Agora, você precisa descansar. — Eddie agarrou seu braço e a guiou pelo corredor movimentado e no estacionamento. Ele disse algo ao seu parceiro, em seguida, levou Faith para seu carro. Ela deve ter-lhe dado as chaves do carro, porque um segundo, ela balançava na ponta dos pés fora do carro, o próximo, ela estava no banco do passageiro e Eddie ligava o motor.


O caminho para a sua casa foi um borrão. — Acorde-me em uma hora, ou duas, ou nunca — ela murmurou. Eddie riu e disse algo em resposta, mas foi perdido na neblina que era seu cérebro. Ela cambaleou para o quarto e deitou na cama.

*** Algo puxou o sentido de Faith, forçando-a a abrir os olhos. A tela de LCD em seu despertador dizia duas horas. Duas? Ela empurrou-se e cheirou o ar. Eddie fazia algo em sua cozinha? A ideia de seu primo de uma refeição caseira era fazer tigela de mingau de aveia no micro-ondas. Ele queimaria sua casa. — Eddie? — Faith chamou quando se apressou do quarto. — Aqui — uma voz feminina respondeu. Faith parou os passos, encostou-se à parede, e fechou os olhos. Por que não se lembrou do almoço com Ashley? Ela exigiria respostas que Faith não estava pronta para compartilhar. Seu estômago escolheu esse momento para rosnar, lembrando-a de que não comia há algum tempo. Ela poderia tanto correr de volta para seu quarto para evitar sua prima ou morrer de fome. Correr não era a sua coisa. Faith continuou em direção à cozinha. Os sacos plásticos com o logotipo The Haven, a fonte do aroma picante, disputavam espaço em seu balcão da cozinha. Ashley acenou, o telefone fixo preso entre o ombro e a orelha. Faith pegou o comentário final de sua conversa. — Eu certamente direi a ela, Sr. Rickman. — Ashley desligou o telefone e correu para dar um abraço em Faith. Faith franziu a testa. Sr. Rickman era o proprietário da loja. Ela deu um passo para trás de Ashley. — Dizer-me o que? — O seguro do edifício cobrirá os danos à sua loja, incluindo os armários de exposição — explicou ela. — Você pode escolher a empresa


para trabalhar e mandar a conta para ele. Acho que alguém o chamou esta manhã e se queixou da segurança no prédio. Esse era um item que estava fora de sua lista de afazeres. Ela ligaria para Jordan, o homem de Lex. Seu primo era um desenvolvedor imobiliário e o chefe do Fitz-Valdez, um conglomerado que tinha arquitetos, agentes imobiliários, paisagistas, e empreiteiros sob a sua cobertura. Jordan era um dos seus subcontratados. Ashley limpou sua voz. — Tenho apenas uma pergunta antes de nós comermos. Por que você não ligou para mim quando soube do arrombamento? — Seu tom era acusatório. — Aconteceu na noite passada... você é uma mãe recente... o seu marido está fora da cidade... faça uma escolha. — Faith afastou o olhar da expressão preocupada de sua prima e deu um passo em direção à comida. — Então, Eddie te ligou? — Sim, com instruções estritas para não incomodá-la até que você tivesse descansado — respondeu Ashley. — Por isso, passamos pela loja para ver o quão ruim as coisas estavam, pegamos comida do restaurante do Chase, e tentamos ficar quietas quando chegamos aqui. Ashley sabia onde ela escondia a chave reserva de sua casa, e os guardas tinham luz verde para deixá-las entrar em seu condomínio quando elas visitassem. — Falando de nós, onde está a pequena princesa? — Ella está dormindo na sala de estar. Ela sente falta do pai, coitada, e tem feito escândalo. — Ashley fez uma careta. — Ou Ella herdou de Nina a insistência em ser o centro das atenções — Faith brincou. Ela riu quando Ash se estremeceu. Nina Noble, estrela de cinema e eterna diva, era sogra de Ashley. — Como Nina tem se saído nos deveres de avó? — Ela nos disse que não estava pronta para ser avó, mas continua encontrando razões para nos visitar e trazer presentes para Ella. Ela está


mudando. — Ashley sorriu. — Eu gostaria de pensar que a confusão com o incêndio e Ella tem algo a ver com isso. — Meu voto é em Ella. Se eu prometer ser muito, muito quieta, eu posso espiar? — Faith não esperou pela resposta de Ashley. Na ponta dos pés foi para a sala e ajoelhou-se junto ao carrinho do bebê. Seu coração apertou. Com sua cabeça cheia de cachos escuros, bonito vestido amarelo e rosa, e bochechas rechonchudas, Ella era o bebê mais adorável que Faith já viu. Uma sensação que não poderia explicar a dominou. Ter filhos nunca passou pela sua mente, mas quanto mais olhava para Ella, mais intenso o sentimento crescia. Será que eles teriam covinhas como o pai deles? Pai? Ken tinha covinhas. Não gostando da direção de seus pensamentos, Faith voltou para a cozinha. — Ela é tão bonita. Eu só quero... agarrá-la e nunca soltar. — Até que ela acorde e comece a gritar. — Ashley passou a Faith um prato e utensílios de cozinha. Faith pegou um garfo de plástico e espetou um pedaço de carne. — Hmm, isso é bom. — Eddie disse que você estava no hospital a noite inteira com Molly, mas não explicou o porquê. O que está acontecendo? Obviamente, a comida teria que esperar até que ela respondesse todas as perguntas de Ashley. Sua prima poderia ser insistente algumas vezes. Faith explicou sobre a ajuda que recebeu de Ken e seus primos, o assalto a Molly e a possível ligação com o roubo. — Se um vizinho não tivesse visto os dois homens deixarem o apartamento dela e chamado à polícia, ela teria morrido. Os olhos de Ashley estavam arregalados quando Faith terminou. — A pobre menina. Estou surpresa que alguém se atreveu a intervir. Nestes dias as pessoas têm tanto medo de se envolver. Ela ficará bem?


— Eu espero que sim. — Faith explicou o prognóstico do médico. — Felizmente, Molly colocou o número de seus pais quando se candidatou para o cargo na loja. Liguei para sua mãe assim que Eddie me contou o que aconteceu. Ashley balançou a cabeça. — Você realmente acredita que quem a atacou queria seu código de segurança? Faith deu de ombros. Por alguma razão, Molly não deu a chave para eles, o que os forçou a arrombar. — É a única coisa que faz sentido. — Pode ser um concorrente atrás de sua coleção — disse Ashley. Se ela soubesse o quão perto estava da verdade. Manter a traição de Sean em segredo de Ashley e Jade a corroeu ao longo dos anos. As três passaram a maior parte de seus anos de adolescência juntas, e apesar de estarem sob o olhar atento de Estelle, entraram em mais travessuras do que Faith gostaria de admitir. Como ela era a mais velha, Jade e Ashley vieram muitas vezes à ela sempre que precisavam de ajuda com qualquer coisa, e foi por isso que ela não as sobrecarregou com seus problemas. Mesmo agora, ela não tinha coragem de dizer tudo à Ashley. — Eles não colocaram as mãos neles, não é? — Perguntou Ashley, levantando a voz. — Notei que o armário de armazenamento de Falasha estava vazio e todos os componentes eletrônicos se foram. — Eu trouxe para casa as roupas ontem à noite, juntamente com outras coisas. — Faith planejava levar um pouco de sua coleção para Nova Iorque amanhã. O sucesso de seu desfile dependia de usar as modelos certas. — Se os guardas de segurança do edifício não fossem investigar os barulhos, eu não teria nada. — Sua respiração prendeu, o que não passou despercebido por sua prima. Ashley pegou a mão dela e apertou. Por um breve momento, houve silêncio. — Você obteve segurança extra para vigiar a loja enquanto estiver fora? — Ashley perguntou em tom reflexivo. — Não. Mas a segurança do edifício...


— Não pode ser confiável para fazer o trabalho direito — concluiu Ashley. — Pela carnificina em sua loja, eles demoraram em responder ao barulho. Você precisa de olhos extras para vigiar as coisas enquanto estiver fora. Faith esfregou sua têmpora. Uma dor de cabeça agora era sua companheira constante. — Eu mantenho as salas fechadas. Na verdade, eu pretendo falar com Jordan, esta tarde. Se eu conseguir do meu jeito, eles começarão a consertar a janela na segunda-feira. Quero estar de volta no negócio em uma semana. — Faith pegou o telefone. — Só um segundo, querida — disse Ashley. — O que estou dizendo é que Ron pode enviar mais algumas pessoas dele para vigiar a loja, até que os reparos sejam feitos. Seus guardas vigiarão a sua loja tão fortemente que uma mosca não vai esgueirar-se sem um alarme disparar. — Ash — Faith protestou. — Eu não quero ser um fardo. Ashley revirou os olhos. — Você não é. Você é da família. Ron entende que eu venho de uma família grande, que agora é dele, e com isso vêm obrigações. Ele vai querer ajudar assim que ouvir sobre isso. — Ela se afastou, deixando Faith sentindo-se como um caso de caridade e, ao mesmo tempo, grata. Segurança extra nunca lhe ocorreu, até agora. A família de Ron era dona de uma empresa que fabricava sistemas de vigilância e segurança. Sua filial em LA também empregava guardas de segurança altamente treinados. Ashley estava de volta em menos de um minuto. — Ele quer saber o melhor momento para enviar seus homens. Eles precisarão de uma sala para usar como sua base. — Cinco horas. Ashley falou brevemente ao telefone e terminou com: — Eu te amo, querido. Sinto muito sua falta. Quanto mais Faith pensava sobre a sugestão de sua prima, mais ela gostava da ideia de ter guardas competentes prestando atenção em sua loja. Isso aliviaria sua mente enquanto estivesse fora.


Ela abraçou Ashley. — Você é a melhor. — Eu sei. Faith revirou os olhos. Ashley era a mais jovem e petulante de todos os seus primos. Quando ela começou a remover o resto da comida dos sacos plásticos, Faith estendeu a mão para seu telefone fixo. — Vou ligar para Jordan e depois comer. Prometo. Almoçar com sua prima manteve a mente de Faith fora de seus problemas. Uma vez que Ashley saiu, o peso de sua situação a pressionou. Ela pode reclamar da sua família, mas não poderia ter feito tanto e tão rápido sem eles. No final da tarde, o encontro com Jordan foi melhor do que Faith esperara. Ele prometeu ter uma equipe de trabalhadores em sua loja na segunda-feira de manhã. Faith não ficou muito feliz que a vitrine de joias preta e branca que ela pessoalmente escolheu a dedo mudou para as brancas lisas que Jordan tinha em seu estoque, mas ela não tinha escolha. Queria seu negócio instalado e funcionando em uma semana. No momento em que sua nova equipe de segurança chegou, Faith estava pronta para ir para casa e descansar. Ela deu a eles uma chave mestra e livre acesso à sua loja. Eles acabaram escolhendo seu escritório como sua base, o que estava ok para ela. Em seu caminho para casa, Faith passou pelo hospital para verificar Molly, que estava ainda na UTI e sem visitas permitidas, exceto parentes. A Sra. Bolden encontrou alojamento nas proximidades e planejava ficar por lá até que pudesse levar a filha para casa, em Fresno. Saber se a menina era culpada de traí-la não era uma prioridade mais. Faith só queria que ela se recuperasse sem danos físicos permanentes. De volta a casa, Faith pegou as sobras do almoço enquanto analisava o correio, em seguida, foi para o banheiro para começar um banho. Seus músculos estavam nodosos e sua cabeça ainda doía, então acrescentou uma quantidade generosa de sais de banho e sabão na água.


De volta à cozinha, ela derramou Café Zinfandel25 em um grande copo de vinho. A garrafa de conhaque que Ken abriu ontem à noite ainda estava no balcão onde ele havia deixado. Ela sorriu, seu belo rosto piscando em sua cabeça. Bebida forte não era coisa dela, mas sempre mantinha algo mais forte para os homens em sua vida. Ela sempre associaria o conhaque com Ken. Armada com um acendedor, sua bebida, e telefone celular, ela voltou para o banheiro para concluir a execução de seu banho. Logo, seu espaçoso banheiro foi transformado em um spa. Aromas de lavanda e camomila permeavam o ar. Ela acendeu as velas que revestiam o balcão e ao redor de sua banheira, em seguida, despiu-se. Um suspiro feliz escapou dela quando afundou nas profundezas da água espumosa perfumada. Quando seu celular vibrou, ela debateu sobre deixar o correio de voz atender. Ela mudou de ideia quando lembrou que Ken prometeu ligar. Mas o nome no visor LCD a fez suspirar em decepção, embora esperasse um telefonema dela. — Tia Estelle. — Você recebeu a mensagem que deixei em seu correio de voz? — Sinto muito. Com tudo que está acontecendo, eu não tenho verificado minhas mensagens. — Tudo bem. Como você está? — Dando um passo de cada vez. — Ela aprendeu há muito tempo a nunca mentir para sua tia. — O pessoal de Lex começará a trabalhar na janela e interior na segunda-feira. Ron reforçou a segurança na loja também. — Eu passarei por lá para me certificar de que ninguém está acomodado no trabalho. Quando Ashley me disse que Eddie investigava o roubo eu fiquei mais do que aliviada. Se alguém pode pegar os

25 Uma alternativa aos vinhos Zinfandel tradicionais, de estilo refrescante, mais suave e mais leve. Há sabores de morango, framboesa e melancia, e pode ser servido gelado.


bandidos, é o nosso Eddie. Ele e eu nos falamos algumas horas atrás. Ele já tem algumas pistas. — Isso é ótimo. — Faith se animou, mas preocupação substituiu rapidamente. Apenas quanto Eddie disse à sua tia? Estelle estava muito calma sobre Sean roubar designs da Falasha, mas isso foi porque Ken permitiu que ela e suas amigas se envolvessem. Se ela soubesse que Sean estava por trás do roubo também, Faith não tinha certeza do que sua tia faria. — O que ele disse? Tenho estado tão ocupada que não nos falamos. — Uma testemunha viu dois homens entrarem na casa de Molly. Eles dirigiam um Chevrolet marrom, que se encaixa na descrição de um dos assaltantes que destruiu a sua vitrine. Ele disse que uma equipe de policiais está vasculhando oficinas de desmanche atrás um Chevrolet marrom com uma batida no para-choque. Como eu disse, Eddie pegará os bandidos, nem que seja a última coisa que ele faça. Quando é o seu voo amanhã? Faith ainda saboreava o alívio por Eddie não contar à sua tia sobre o envolvimento de Sean. — Oito horas da manhã. — Você precisa de uma carona? — Não, eu vou dirigindo. As perguntas continuaram – a que horas ela chegaria à Nova Iorque, onde estava hospedada, como chegaria ao hotel. Sermões sobre como deveria ser cuidadosa, ligar assim que seu avião aterrissar, e dar ao hotel o número do táxi, apenas no caso do condutor ter planos covardes. Faith ouviu as instruções com um sorriso. A última vez que a tia Estelle disparou ordens como essa, Faith ia para Nova Iorque pela primeira vez. Ela revirou os olhos e garantiu à sua tia que ficaria bem. Quão ingênua e cheia de si mesma ela era. Seis meses depois, ela conheceu Sean. Tanto para estar bem. — Tudo bem, querida, eu deixarei você ir. Passe meu abraço para Marc.


Marcella Radcliffe, Marc para Estelle e suas amigas, era a chefe da Agência de Modelos Elegance e a mulher com quem Faith faria negócios em Nova Iorque. O romance de Faith com a moda pode ter começado com os anos de reluzente dançarina de sua mãe em Vegas, mas a conexão entre Marcella e sua tia abriu as portas para esse mundo. Depois de desligar, Faith tomou um longo gole de vinho e descansou a cabeça no travesseiro de banho. O vinho e a água quente trabalharam magicamente nela, a tensão lentamente vazando de seus músculos tensos. Ela logo ficou perdida em devaneios sobre o futuro do seu negócio e Ken. Parte dela estava feliz por ele estar de volta em sua vida. A outra não gostava da forma como ele surgiu. Se Sean não tivesse roubado dela, ela e Ken não teriam se reaproximado. Ela gostava de tê-lo em sua vida, mas precisava ter cuidado para não ficar muito dependente dele. As pessoas tinham a tendência a ir embora ou desapontá-la quando ela abaixava a guarda. Sua avó e mãe morreram jovens, antes que pudessem guiá-la até a idade adulta. Seu pai se casou de novo logo após a morte de sua mãe, deixandoa se sentindo traída. Mesmo o retardado do Sean a machucou. A única maneira de sobreviver era salvaguardar seu coração de ser pisado novamente. *** Ken pediu licença a um grupo de amigos de seus pais e foi em direção à saída. Ele sorriu quando seu olhar encontrou o de sua irmã e ela balançou a cabeça, avisando-o para não sair. Ken contornou casais dançando sob lustres em forma de coroa e o teto de painéis côncavos. Misa se esforçou para dar à seus pais um aniversário memorável no Del Coronado. Eles já renovaram seus votos sob um arco decorado na praia, ouviram música clássica por um quarteto de cordas, e assistiram a um vídeo de depoimentos de amigos e conhecidos. Mas a cereja no topo foi o padre que havia abençoado a união deles, a quem Misa trouxe do Havaí, com todas as despesas pagas. De pé ao lado de seu pai enquanto ele renovava sua promessa de amar e cuidar de sua mãe para o resto de


suas vidas encheu Ken com orgulho e propósito. Ele queria o que seus pais tiveram. Ele abriu as portas duplas que levavam ao pátio e a praia. Pétalas de rosa da cerimônia ainda pontilhavam as areias brancas. Ele parou e respirou o ar salgado. Uma brisa suave trazia sons de outras festas privadas no hotel histórico. Do outro lado da baía, luzes de San Diego dançavam na superfície da água. Ele apertou o número de Faith. Após a conversa que teve com Eddie, ele sabia que ela tinha muito mais para lidar agora. Ele queria fazer seus problemas irem embora, mas não poderia fazer isso de San Diego. Ele precisava ir para casa, e era por isso que tomaria um voo mais cedo. — Hey. Sua voz, doce e suave, envolveu seus sentidos. — Olá, querida. É um bom momento para ligar? — Sim. Acabei de me deitar. Ele franziu a testa. Ela parecia cansada. — Como estão as coisas por aí? — Loucas. Como foi seu voo? Em outras palavras, ela não queria falar sobre si mesma. — Interessante. Uma criança no outro lado do corredor gritou sem parar durante todo o voo. Faith riu. — Isso deve ter sido divertido. Então o que você está fazendo agora? Quero dizer, por que você teve que ir para casa? — É o quadragésimo aniversário de casamento dos meus pais e minha irmã planejou uma grande festa. — Uau. É raro encontrar pessoas que foram casadas por muito tempo nestes dias. E o que você deu de presente para eles? Ou talvez seja rude perguntar. Ken sorriu. — Eu não me importo de responder. Estou enviando-os em um cruzeiro.


— Ah, isso é bom. — Isso é exatamente o que eu pensava, mas minha irmã Misa não pensa assim. — Ele fingiu um tom frustrado. — Eu precisei encontrar um smoking para meu pai para fazê-la feliz. Tive de esgueirar-me em seu armário e pegar suas medidas, dirigir toda a cidade para comprar um smoking e conseguir os ajustes feitos em menos de cinco horas. — Soa como um trabalho árduo. — Muito. E tudo o que Misa teve que fazer foi providenciar tudo com o hotel, vir com a lista de convidados, e trazer o sacerdote que oficializou a cerimônia de casamento deles décadas atrás para que eles pudessem renovar seus votos. Levou cerca de cinco meses, mas estamos quase equilibrados. Faith riu. Feliz que ele a fez rir, ele sorriu. — Ela parecer ser uma joia. — Sim, um sofrimento real. Faith riu abertamente desta vez. — Você sabe que eu não disse isso. — Ela é incrível. Queria que você estivesse aqui. Você teria gostado das festividades. — Isso é doce, eles renovarem seus votos — disse ela, ignorando a última parte. Ken não queria discutir a festa de seus pais. — Você já viu a sua assistente? Eddie mencionou que ela foi hospitalizada. — Ela ainda está na UTI. Eles a espancaram muito, até quebraram algumas costelas. Os cirurgiões tiveram de aliviar a pressão de sua cabeça porque ela estava com hemorragia. Eu acho que parte da razão pela qual eles fizeram isso com ela foi porque ela se recusou a dar a cópia da chave para eles. Remova-a de sua lista de suspeitos, Ken. Qualquer um que tomou esse tipo de surra em meu nome não pode estar trabalhando com Sean.


A menos que a surra fosse para silenciá-la por roubar para Sean. — Claro. — Então? Quando você falou com Eddie? Algo em sua voz disparou sinos de alerta em sua cabeça. — Ontem à noite, antes dele te ligar. Por quê? — Ele mencionou o telefonema que recebi de Sean? Ken ficou tenso. — Não. O que o retardado queria? — Se gabar por enviar esses bandidos para destruir minha loja por causa do que aconteceu entre vocês dois. Ele não gostou de ser expulso. Alegou que eu gostei de vê-lo cair de bunda, o que é verdade, e eu precisava aprender uma lição, o que é besteira. Apesar de seu tom irreverente de voz, suas palavras o atingiram como um soco. Ele tinha fodido e ela pagava por isso. — Ken, você ainda está aí? — Se eu soubesse que ele se rebaixaria a feri-la desta maneira, eu teria rearranjado o rosto dele. Faith riu de novo. Que ela encontrou humor em tal momento era cativante. Um som veio de trás e ele se virou para ver seu pai caminhando em direção à ele. Ele não parecia feliz. — Escute, querida. Eu preciso ir. Obrigado por me dizer o que está acontecendo. Eu te ligo amanhã. Ok? — Claro. Boa noite. Ele mal deslizou seu telefone celular no suporte quando o pai parou ao lado dele. O velho era quase tão alto quanto Ken, mas a idade acrescentou mais carne em sua cintura e cinza em seu cabelo preto. Em vez de falar, Trent Lambert olhou em direção à baía, mãos entrelaçadas atrás das costas. Sua desaprovação era óbvia, mas em vez de vir abertamente e lhe atirar uma nova, ele fez Ken esperar e suar. Um


destes dias, ele desafiaria este jogo mental deplorável. Não hoje à noite, entretanto. Hoje à noite ele seria um filho modelo. Apenas quando Ken achava que não aguentaria mais, seu pai perguntou: — Uma ligação de negócios? — Sim, senhor. Estou colaborando com a L.A.P.D.26 em um caso, e... Seu pai levantou a mão, inteligentes olhos verdes afiados atrás dos óculos de aros. — Alguma vez lhe ocorreu esperar até mais tarde para fazer essa ligação? Temos convidados. A repreensão doeu, muito mais por que o velho estava certo. — Você está certo, senhor. Eu deveria ter esperado. — Sua mãe está procurando você. Ken queria dizer algo para aliviar a tensão entre eles, mas não pensou em nada. Este não era o lugar nem a hora. Ele virou em direção à casa, consciente da presença de seu pai ao seu lado. — Sabe, se estivesse trabalhando comigo, você não receberia telefonemas de policiais no meio da noite. Aqui vamos nós outra vez. Ken abrandou. Não querendo começar uma briga, ele optou por deixar o comentário pra lá. — Provavelmente não. — Sua mãe está ansiosa para ir ao cruzeiro — acrescentou o pai, suavemente mudando de assunto. — Foi um presente inteligente, filho. — Estou feliz que ela gostou. — Meu problema é quem ajudará Misa a cuidar dos negócios enquanto sua mãe e eu estivermos fora? As pessoas se aproveitarão dela e antes que perceba, os nossos parceiros correrão.

26 Los Angeles Police Department – Departamento de Polícia de Los Angeles


Ken fechou os olhos e respirou fundo. Ele desejou que seu pai pudesse compreender que Misa tinha as qualificações, a vontade e o temperamento para dirigir a empresa da família. O jeito que ela organizou o aniversário de casamento deles hoje à noite era prova suficiente, mas o pai estava muito cego pela sua atitude machista para ver isso. Além disso, o cruzeiro era apenas por duas semanas, e não dois meses. — Kenneth. Eu fiz uma pergunta para você. — Eu posso ajudá-la se ela precisar de mim, senhor. — Isso não é bom o suficiente. Há reuniões com clientes importantes que você precisa participar, as operações do dia-a-dia e... — Eu vou voltar e ajudá-la a dirigir a companhia. — Embora as palavras saíssem de sua boca, Ken percebeu que seu pai o manipulara. Usando seu presente de aniversário para fazê-lo fazer algo que as ameaças e sermões não conseguiram era brilhante. Mas, novamente, ninguém poderia acusar o pai de ser estúpido. Ele bateu nas costas de Ken. — É bom ouvir isso, filho. Agora vá e dance com sua mãe. Ken desejou estar em casa, em Los Angeles, ajudando Faith, para que eles pudessem construir o seu relacionamento sem a obsessão de Sean com ela. Mas, primeiro, ele devia uma dança à sua mãe.


CAPÍTULO 11 Ken virou a rua e amaldiçoou. Uma estranha SUV estava estacionada em sua garagem. Não era a primeira vez que o visitante de um vizinho assumia seu espaço privado e bloqueava a entrada de sua garagem. Da última vez, ele deixou e estacionou no meio-fio. Agora não. Ele puxou para o meio-fio e inclinou-se com força na buzina do carro. Quando a porta do motorista abriu e Eddie Fitzgerald saiu, a ira de Ken desapareceu. Ele baixou a janela e gritou: — Nunca ouviu falar de estacionamento na calçada, Fitzgerald? Um sorriso levantou o canto dos lábios do detetive. — Eu não queria algum idiota batendo no meu carro, homem. — Ele espanou uma área na extensão do carro com a manga de seu paletó. — Eu acabei de pegar esse bebê. Não é uma beleza? Ken sorriu. O policial tinha uma fraqueza, afinal. — Você e seu bebê terão de encontrar outro lugar. Preciso entrar na minha garagem. Eddie sorriu. — Tudo bem. Mas eu ainda preciso usar sua entrada da garagem, se não se importa. — Fique à vontade. — Ken esperou até Eddie sair. Ele apertou o controle remoto para abrir a porta e deslizou em sua garagem. Eddie estacionou atrás dele e fez uma pausa para limpar outra manchinha imaginária ao sair de seu carro. Ken balançou a cabeça. — Pensei que nós tínhamos uma reunião na segunda-feira. Eddie deu de ombros. — O seu pessoal me deu tudo que eu precisava, mas agora precisamos conversar. — Sobre?


Eddie olhou para cima e para baixo do condomínio. — Coisas que não podemos discutir aqui fora. Ken abriu o caminho para seu apartamento, pegou duas garrafas de cerveja na geladeira e ofereceu uma para Eddie. — A menos que você esteja de plantão e gostaria de outra coisa. Eddie sorriu e pegou a garrafa. — Eu estou sempre de plantão, Lambert. — Ele estendeu a garrafa em direção de Ken para abri-la. Com um movimento do pulso, Ken removeu a tampa e jogou-a sobre o balcão. Bebericando suas bebidas, seguiram para a sala de estar. Ken sentou e acenou com a cabeça no sofá oposto. — O que está acontecendo, detetive? — Qual dos seus rapazes mantinha um olho em Molly e por quê? — Perguntou Eddie. Ken se inclinou para trás e bebeu sua bebida. De alguma forma ele devia saber que o detetive colocaria dois e dois juntos. — O que faz você pensar que meu pessoal a seguia? — A testemunha que chamou a polícia soou como um profissional ao dar a descrição dos dois homens que ele viu saindo da casa dela e do carro que dirigiam. Então ele desapareceu convenientemente. — Os olhos de Eddie se estreitaram. — Quem era? — Duncan. É uma coisa boa que ele chegou lá na hora e chamou vocês, ou ela teria sangrado até a morte. — Por que ela e não outros funcionários de Faith? — Lembra-se do vídeo on-line que eu mencionei de passagem? — Eddie assentiu. — Ela que postou. Não tínhamos certeza se ela fez isso por lealdade à Faith ou para cobrir seus rastros. Eddie ergueu a sobrancelha. — Ainda acha que ela é culpada? — Não, não depois da maneira como os bandidos espancaram-na e sua situação financeira. Ela não tem transações não usuais, sem novas


compras ou dinheiro enviado para seus pais. A menina vive de salário em salário. — A nossa investigação confirma que ela está limpa também. Encontramos um case de laptop e cabo de alimentação, mas nenhum computador. Nós pensamos que eles levaram, o que é muito interessante à luz do que você acabou de me dizer. — Eddie levantou. — Você tem um computador aqui? Os olhos de Ken se estreitaram. — Algum. Por quê? — O vídeo ressurgiu. Não sei há quanto tempo, mas é viral. — Ken levantou antes do detetive terminar a segunda frase. — Algumas das pessoas reconheceram Sean e estão tendo um dia de campo27 com seus comentários — acrescentou Eddie. Ken já iniciava seu sistema. Seus dedos voavam sobre o teclado. Em poucos segundos, várias ligações com o vídeo apareceram. Não é bom. — Você disse à Faith sobre isso? — Claro que não. Nossos rapazes dos dados depararam com ele e me alertaram. Pode fazer isso sumir? — Não pessoalmente, mas o meu pessoal pode. — Ele discou o número de Sly. — Posso pegar mais uma dessa? — Eddie indicou sua garrafa de cerveja vazia. — Na geladeira... fique à vontade — Ken respondeu sem olhar para cima. — Nós temos um problema — ele falou para o receptor logo que o telefone foi atendido no outro lado. — O que é, chefe? — Sly perguntou. — Aquele vídeo que você excluiu há poucos dias está online novamente. Se livre dele permanentemente neste momento.

27 Ter a oportunidade de fazer um monte de coisa que você quer fazer, especialmente criticar alguém


— Claro, chefe. Só um segundo. — Houve um silêncio na linha antes de Sly voltar. — O upload veio do mesmo endereço de I.P. de antes. Como ela poderia ter postado isso quando está no hospital? — Alguém roubou seu laptop. Você pode se livrar dele? — Sim. Há vários blogs com o vídeo, incluindo quatro sites de redes sociais muito populares, mas o código é o mesmo. Uma vez que desativarmos o código original, todos os vídeos desaparecerão. — Bom. — Ele desligou o telefone e olhou para cima. Eddie cuidava de sua segunda bebida enquanto ouvia descaradamente o lado de Ken da conversa. — Ele cuidará disso. Eddie se afastou da parede e caminhou para o lado de Ken. — Assumo que você o localizou através de seu endereço IP de maneira legal. — Você pode assumir do jeito que você quiser, detetive. É com base na necessidade de ter conhecimento e você não precisa saber. — Ken sorriu. Acabar atrás das grades era uma possibilidade, mas ele não estava cortando caminho e flertando com atividades ilegais para bater seu nariz no sistema ou ser mais esperto que um homem desonesto. Isto era para sua mulher. Faith valia tudo. Eddie tomou a única outra cadeira no escritório e se inclinou para frente. — Eu preciso saber. Prestadores de serviços de Internet protegem a privacidade dos seus assinantes, mas se os dois arruaceiros que feriram Molly usaram o laptop dela para fazer o upload do vídeo novamente, eu posso legalmente pedir o endereço deles através do ISP28. — Então você pode apanhá-los. Ótimo! Eu vou obtê-lo. — Ken ligou para Sly novamente e obteve o endereço IP. Eddie tomou um gole da garrafa, em seguida, colocou a bebida na mesa de café. — Agora vamos falar sobre Deidre, a joalheira. — O que tem ela?

28 Internet service provider - Provedor de internet


— Exceto por um caso ocasional de um marido ciumento e adolescentes indisciplinados, todos os empregados da Faith estão limpos. Mas há algo nela que me incomoda. — Eddie terminou sua bebida e pousou a garrafa antes de continuar. — Suas atividades telefônicas parecem um pouco estranhas. A mente de Ken correu sobre o que sabia sobre a mulher. — Ela não recebeu uma única ligação pessoal, desde que o meu pessoal começou a monitorá-la, o que é muito estranho. — Deidre estava em seus trinta e um anos, uma mulher bastante atraente pelo o que Ken viu quando ela estava na loja de Faith. Na verdade, a imagem em seu arquivo não lhe fazia justiça. — No começo eu achava que ela era antissocial, ou simplesmente não tinha encontros. Eddie riu. — É impossível ser antissocial quando o seu negócio envolve interagir com as pessoas. A mulher participa de desfiles de moda e exposições para expor suas joias quase todo mês. — A partir das chamadas registradas, tanto seu celular e telefone de casa estão cheios de ligações de negócios de clientes exigindo seu trabalho, mas nada pessoal. Ela deve ter outro telefone para uso pessoal. — Exatamente o meu pensamento. — Eddie inclinou para frente e apoiou os cotovelos sobre os joelhos. — Ela estava em um desfile em Seattle, que terminou no sábado, mas ainda não voltou para LA. Ainda mais interessante, eu tentei correr uma verificação de antecedentes sobre ela e veio em branco. Você sabe como ela e Faith se conheceram, quem abordou a outra primeiro? — Não, mas eu perguntarei à Faith quando ela voltar. Você acha que Deidre é quem trabalha com O'Neal? — Eu não sei. Ela é um quebra-cabeça. Veja se o seu pessoal pode localizá-la. — Ken balançou a cabeça e começou a se levantar. — Não tão rápido, Lambert. Quais são seus planos de Ação de Graças?


Ken acabara de voltar do aniversário de casamento de seus pais e, embora fosse ótimo vê-los, tanto tempo com seu pai colocou um nó de tensão em suas costas. Agora que voltou para casa, ele estava ansioso por algum tempo relaxante. — Eu estarei por perto. — Minha família geralmente tem um grande encontro em todo Ação de Graças. Infelizmente, eu não estarei por perto para dar cobertura à Faith. Eu esperava que você pudesse tirá-la da cidade ou algo assim. — Por quê? — O'Neal estará lá. Ken riu, embora não estivesse se divertindo. Ele esqueceu que Sean era bem próximo da família de Faith. — Você não conhece Faith muito bem se acha que ela não pode lidar com O'Neal ou qualquer situação que possa surgir. — Ela geralmente pode. Infelizmente, a Ação de Graças é de minha tia Viv e ninguém mexe com seus convidados. Esse nome novamente. Ken franziu a testa. — O que é tão especial sobre esta tia de vocês? — Ela é a mais velha de todos os doze filhos do meu avô e a presidente do Fitz Corp. Ken franziu os lábios e mentalmente repassou as conversas que teve com Faith sobre sua tia. O poder que Viv Fitzgerald exercia sobre sua família agora fazia sentido. Como a presidente da empresa-mãe de toda a sociedade Fitzgerald, ela segurava os cordões da bolsa para a fortuna da família. — Então, você pode manter um olho em Faith ou o quê? Ken sabia de uma casa de aluguel isolada em Malibu que poderia ser um lugar maravilhoso, mas aprendera a não presumir nada com a sua Faith. — Isso vai depender. — De quê? — Eddie retrucou.


— De Faith. Caso não tenha notado, ninguém diz à sua prima o que fazer. Eddie descartou o comentário com um movimento acentuado de sua mão. — Eu vi você trabalhar o seu encanto em mulheres confiantes, homem. Leve-a em algum lugar divertido. — Ele se levantou e olhou para Ken, seu olho se estreitando. — Obrigado pelo endereço de IP. Eu informarei à você quando prender os dois bandidos. Se precisar de ajuda com qualquer coisa, você sabe o meu número. Ken seguiu Eddie para a porta. — Então, o que está acontecendo com você na Ação de Graças? — Não é da sua conta — Eddie retrucou, mas com pouco calor. — Deve ser uma garota. Eu não sabia que você tinha encontros, Fitzgerald. Como você não a levará em casa, para a família? Eddie riu. — Primeiro, eu não tenho encontro com garotas, Lambert. Eu namoro mulheres. Segundo, quando eu levar a minha mulher em casa, ela terá o meu anel em seu dedo e estará ligada à mim de cada possível maneira. Minha família é um grupo desprezível. Ken parou de sorrir. Ele adoraria ir ao jantar de Ação de Graças de sua família com Faith, especialmente com o babaca do O'Neal lá. Convencê-la a levá-lo era outra história. Ele empurrou o assunto de lado, trancou e passou os planos para amanhã à noite uma última vez. Faith poderia não gostar das alterações que ele fez, mas era para sua própria paz de espírito.

*** Faith estudou o passo gracioso da modelo, a forma como o vestido sedutor abraçava os quadris e fluía em torno de seus tornozelos. Ela acabara sua décima terceira menina. Mais duas e teria terminado. — Em seguida, são as calças e o casaco — disse Faith ajudando-a a sair do vestido. Por força do hábito, ela olhou para a porta que separava


o lounge do salão. Ela ficou fechada, embora as vozes dos hóspedes do hotel passassem através da porta. As cortinas nas janelas do chão ao teto de frente a West Broadway também foram fechadas para dar a elas total privacidade. Ela alugou o lounge como seu showroom temporário nos últimos dois dias, usando-o principalmente no período da manhã e parte da tarde. O fato de estar embaixo de seu quarto no Soho Grand, também foi muito conveniente. Para completar, o hotel tinha uma equipe de sonho. Talvez as modelos de pernas longas fluindo através de suas portas tinha algo a ver com isso ou eles eram sempre muito acolhedores, mas seja qual fosse a razão, a equipe, de bom grado, reorganizou o quarto, empurrando os sofás e mesas de lado e escondendo os bancos de bar, de modo que as meninas tinham espaço suficiente para desfilar. Faith terminou de ajustar os botões do casaco, em seguida, deu um passo atrás para ver a menina. Até agora, as modelos de Marcela não a decepcionaram. A maioria era muito profissional, apesar de jovens. Elas também vieram de diversas origens raciais, assim como solicitara. Algumas se mostraram tão grosseiras e muito temperamentais para ela trabalhar e foram excluídas da lista. — É isso aí. Obrigada, Savannah. — Faith rabiscou algumas notas sobre a pasta com o portfólio da menina. Ela tinha cabelo mais castanho nas fotografias, o qual agora estava cortado curto para dar-lhe uma aparência mais ousada, mas o penteado poderia cuidar disso. Faith já tinha uma ideia sobre o penteado para usar no desfile. — Posso te perguntar uma coisa, senhorita Fitzgerald? Faith olhou para cima. — Claro. Savannah apontou para a grande pedra preciosa da gargantilha no pescoço de Faith. — É uma de suas próprias criações? Faith sorriu. Ela esperava ouvir a mesma pergunta que a maioria das outras modelos perguntava: Quanto tempo você ficou com Marcela


antes de decidir desistir? Elas ficavam satisfeitas quando respondia que ela não desistiu, apenas escolheu ir em uma direção diferente. Ela tocou os corações de esterlina suspensos e flor de lótus de ônix negra, uma criação única da coleção de Deidre. — Não. Uma amiga os fez e desenhou especificamente para mim. Por que você pergunta? — É uma peça tão bonita e iria muito bem com o vestido de noite que eu acabei de modelar. — Savannah deu um passo para trás, o sorriso dela escorregou. — Eu, uh, espero que não tenha falado demais. — Não, você não falou — Faith tranquilizou-a. — Gosto de pessoas que falam o que pensam, eu concordando ou não com elas. Neste caso, você está certa. Deidre tem um olhar único para o detalhe, e é por isso que eu vendo suas joias em minha loja e loja online. Infelizmente, não posso usar seu trabalho durante a Semana de Moda. — Por quê? — O sorriso da modelo era hesitante. — Meus patrocinadores planejam fornecer-me suas joias. É parte integrante de fazer negócios com eles. — Oh. Isso não é justo. Patrocinadores tem sequestrado a maior parte dos desfiles de moda e estão roubando os holofotes de designers. A menina era inteligente, bem como bonita, mas muito jovem para estar tão aborrecida. — Bem, o custo de apresentar um desfile continua a subir e designers que batalham precisam da ajuda deles. Estou surpresa que você tenha notado a descarada colocação de produtos29. Há quanto tempo você é modelo? Um sorriso tímido tocou os lábios da moça e suas bochechas ficaram rosa. — Seis meses, mas minha mãe costumava ser uma modelo. — Ela torceu o nariz arrebitado. — Ela meio que esperava que eu seguisse seus passos, por isso estou aqui. Mas estou mais interessada em fazer joias.

29 Do original product placement: é a inclusão de marcas comerciais (de todo o gênero) dentro de conteúdos de entretenimento e ficção, como se fossem adereços, por exemplo: bebidas, carros, produtos de beleza, etc.


Eu só não sei se eu posso obter o tipo de exposição que preciso para ser bem sucedida. Faith franziu a testa. Deidre ficara decepcionada quando Faith disse que não poderia usar suas joias no desfile, mas ambas compreenderam que Faith não tinha escolha no assunto. Sem patrocinadores, ela não podia pagar modelos como Savannah, muito menos a taxa exorbitante para a Semana da Moda. Deidre era apenas como ela, lutando para fazer um nome para si mesma. — Não desista de seus sonhos, Savannah. Oportunidades aparecem quando você menos espera. A menina deu um sorriso. — Obrigada por falar comigo e a oportunidade de modelar um pouco da sua coleção. Eles são verdadeiramente lindos. — Ela acenou e saiu da sala. Se Faith já não tivesse escolhido a menina, teria mudado de ideia. Savannah tinha coragem. Seus pensamentos foram para Deidre. Quando elas conversaram na semana passada, Deidre estava na estrada, vendendo seu trabalho em vários desfiles em todo o país. Faith não tinha notícias dela desde então, mas esperava que ela fizesse uma pausa. Após terminar com as últimas meninas, Faith arrumou as roupas em sacos plásticos e as trancou em seu quarto. Ela partiu para Marcela, em direção ao norte na Broadway, sentindo a cidade pulsar. Ela não conseguia o suficiente da riqueza e da crueza do centro de Nova Iorque: as ruas de paralelepípedos, as galerias de arte e cafés chiques dentro de edifícios de ferro fundido revestidos com calçadas estreitas. Mesmo as pessoas com a sua vivacidade e ar de auto importância eram um fôlego da atitude rato de praia de LA coberta por sonhos de estrelato. Ela sentiu falta desta cidade. Mas três dias corridos de maratona, e outro de reunião, a reunião com os gênios que produziriam seu desfile, verificando o local e passando os detalhes do desfile, a esgotaram. Apesar do sucesso da viagem, ela sentia saudade de casa, da sua loja e... de Ken.


Um sorriso suave tocou seus lábios. Ele ligou para ela todas as noites e fez os últimos quatro dias passarem rápido. Infelizmente, voltar para LA significava estar mais perto de Sean. Não fazer nada sobre esse homem fazia seu sangue ferver. Pelo menos ele não ligou para ela novamente. Faith estava dentro e fora da Agência de Modelos Elegance em minutos. Ela deixou Marcela com um cheque com muitos zeros. De volta ao Soho Grand, ela terminou de arrumar as malas e pediu serviço de quarto do restaurante no térreo. Depois de frequentar os velhos estabelecimentos em Soho, ela optou pela cozinha americana clássica que o hotel oferecia. Uma batida na porta anunciou a chegada de seu jantar. Ela pegou sua bolsa, tirou um maço de notas para a gorjeta do garçom e correu para a porta. O sorriso morreu em seus lábios quando abriu a porta e encontrou Marcela, não um garçom com uma bandeja. — Marc, o que você faz aqui? — Assim que a pergunta deixou seus lábios, ela observou que a britânica não estava com seu habitual sorriso. Seus lábios exuberantes com seu batom vermelho-rubi de marca estavam franzidos e seus olhos castanhos brilhavam. O estômago de Faith afundou. — Posso entrar? — Claro. — Faith recuou e fechou a porta depois que a mulher deu um passo para dentro de seu quarto. Faith olhou para o relógio. Eram quase oito. As duas concluíram seus negócios horas atrás. — Nós precisamos conversar. — Marcela tomou o sofá e acenou para a cadeira lateral, como se ela fosse a dona do quarto e Faith a convidada. Faith sentou-se na borda do assento. — O que está acontecendo? — O cheque que você me deu esta tarde não passou. O chão se moveu sob Faith. — O quê?


— Sua conta foi congelada, Faith. Não sei o que está acontecendo, mas você precisa ligar para o seu banco. Faith tentou engolir, mas sua boca estava seca. Sua conta de negócios estava congelada. Por quê? — Eu não sei o que está acontecendo, mas eu, uh... — Descubra e corrija. Neste negócio, é fácil desenvolver uma má reputação por voltar atrás nos negócios ou não pagar. Você quer que eu segure isso? — Ela levantou o cheque que Faith deu a ela mais cedo. — Sim, se você não se importa — Faith resmungou. Marcela assentiu com a cabeça e se levantou. Seu sorriso era desconfortável, mas Faith não a culpava. Esta foi uma transação de negócios que deu errado, uma situação embaraçosa que ela devia salvar antes da notícia se espalhar. Não que Marcela fosse do tipo de fofocar. Ela era muito próxima de sua tia e suas amigas de Hollywood para a paz de espírito de Faith. Mas não podia dizer à mulher para manter este acontecimento entre elas. Ela tentou essa mesma abordagem com Bárbara e não chegou a lugar nenhum. Muito humilhada para dizer qualquer coisa, Faith escoltou Marcela para a porta. A mulher a surpreendeu segurando suas mãos e dizendo: — Se você está tendo problemas financeiros, querida, e não pode me pagar agora, deixe-me saber. Nós ainda podemos planejar algo. Faith balançou a cabeça. Marcela já a ajudou bastante, diminuindo as taxas das modelos. — Eu chegarei ao fundo disto. Antes de vir, havia dinheiro suficiente na conta para cobrir o cheque e mais alguns. — Sua voz tremeu, o que lhe valeu um olhar solidário de Marcela. Ela não precisava de piedade da mulher. — Entretanto, obrigada pela oferta. Marcela acariciou a mão de Faith. — Me liga. Faith fechou a porta, soltou um suspiro e fechou os olhos. Por que isso foi acontecer com ela? Porque agora? Pelo menos o cheque que deu ao produtor não voltou.


Colocando uma tampa sobre a jarra de auto piedade, ela correu para seu telefone celular. Ainda não eram cinco em LA, os bancos ainda estavam abertos. Ela discou nos números e ligou seu laptop, enquanto esperava. — Senhor Weinstein, por favor? — Disse Faith quando uma mulher atendeu. — Ele está prestes a finalizar o dia, senhora. Isso pode esperar até amanhã? — Não, não pode. — Ela fez com que sua voz fosse autoritária. — É imperativo que eu fale com ele agora. Diga que é Faith Fitzgerald. Houve silêncio na linha, então: — Só um minuto. Seus dedos voaram sobre as teclas até estar logada em sua conta bancária. Ela engoliu em seco com o saldo. — Senhorita Fitzgerald, o que posso fazer por você? — Uma voz profunda ressoou do outro lado da linha. Faith respirou fundo e soltou o ar lentamente. Ela não falou até que tivesse certeza que poderia soar calma. — Eu estou olhando para a minha conta de negócios on-line, Sr. Weinstein, e isso mostra que eu tenho um saldo negativo de US$ 200.000, o que não faz sentido. Em cima disso, eu soube que a minha conta foi congelada, ainda não recebi nenhuma carta ou ligação de vocês sobre a sua intenção de fazer isso ou por que. Eu paguei o empréstimo que o banco me deu e meu crédito é bom. A última vez que eu chequei minha conta, que foi há dois dias, tinha cerca de US$ 80.000. Por favor, me explique o que está acontecendo. — Eu acho que houve um mal-entendido, senhorita Fitzgerald. Sua conta não foi congelada por causa do mau crédito ou um empréstimo. Recebemos uma sentença judicial para congelar sua conta, esta tarde. — Quem está por trás do julgamento? Houve sons de farfalhar como se estivesse folheando papéis. — Global Gold Conglomerado.


Seu principal patrocinador? Por que eles congelariam sua conta? — Eles me deram US$ 100.000. Porque a conta mostra um déficit de duas vezes esse tanto? — É típico dos credores decidirem duplicar o valor do montante devido. Se quiser contestar isso, senhorita Fitzgerald, eu posso pedir para minha assistente enviar um fax da ordem para você. Tem o nome do advogado de GGC e o seu número, suas cláusulas, e o que você deve fazer para descongelar sua conta. Faith esmagou o impulso inicial de exigir nome e número do maldito advogado. Em vez disso, ela deu ao banqueiro o número de fax do hotel, então, ligou para a recepção com as instruções. Enquanto esperava que a cópia fosse entregue, ela andou por seu quarto. Por sua vida, ela não podia imaginar por que a empresa que esteve tão feliz em patrocinar seu desfile a abandonou. O que ela fez de errado? Ela já usara uma parte do dinheiro para pagar a taxa de entrada na Semana da Moda e o pagamento à agência de Marcela. Se eles quisessem tudo de volta, ela estaria tão profundamente no buraco que não veria o fim do túnel. Quando houve uma batida na porta e um assistente de gerente entregou-lhe o fax, ela estava pronta. Choque passou por ela enquanto lia. De onde diabos GGC tirou a ideia de que ela não podia cumprir a sua parte do acordo?

CAPÍTULO 12


— Você deveria ter sido mais correta sobre a condição sob a qual você deixou o seu antigo empregador, senhorita Fitzgerald. Faith queria desesperadamente corrigir o cabeça oca da equipe jurídica do Global Gold Conglomerado, mas deixou sua advogada, Rita Rutledge, responder. Ela precisava de apoio financeiro do GGC e não confiava em si mesma para falar sem desmoronar. O resultado desta reunião poderia significar a vida ou a morte de seu sonho. — Senhorita Fitzgerald revelou que ela deixou Dublin House of Styles devido a diferenças criativas. Seu pessoal não achou que era importante. Eles preferiram os depoimentos das pessoas com quem a senhorita Fitzgerald tem trabalhado na indústria do cinema e shows locais. — Rita fez uma pausa e tomou um gole de água. Faith estudou os três homens sentados na mesa de conferência. O principal advogado a estudava como se ela fosse um inseto que ele encontrou em sua sopa. Seus colegas, flanqueando ele, rabiscavam em blocos de notas. Faith encontrou o olhar dele sem vacilar. Era óbvio que ele não estava convencido com os argumentos de Rita. Na verdade, Faith tinha a sensação de que ele já decidira sobre o resultado final dessa conferência antes dela e de sua advogada chegarem aos seus escritórios em Burbank. — Se a razão de você retirar o apoio for devido a acusações infundadas feitas à senhorita Fitzgerald, então você está sendo injusto com ela — continuou Rita, cortando os pensamentos de Faith. — No mínimo, você deve permitir que ela enfrente o acusador. Faith cerrou o punho sob a mesa. Não havia dúvida sobre quem era o acusador em seu livro. Sean. Por que ele a odiava tanto assim? Por que afirmar que a queria de volta, em seguida, virar e tentar destruir seus sonhos? — Eu gostaria disso, Sra. Rutledge, mas o sigilo advogado-cliente impede isso — disse o advogado principal. — Não creio que a posição do GGC é injusta. Quando soubemos que a loja da senhorita Fitzgerald foi


assaltada e sua coleção roubada, tentamos localizá-la. Ela teve a chance de nos ligar de volta e explicar, mas ela não o fez. — Minha coleção está intacta — Faith cortou, muito frustrada para se importar que Rita havia dito à ela para não falar ou ela poderia dizer algo que colocaria em risco a sua posição. — A razão de eu não responder sua ligação... Rita agarrou a mão de Faith, silenciando-a. — Sua fonte de informação está enganada, Sr. Crosswire. — Ela puxou uma cópia impressa de computador com o logotipo do LAPD e entregou-a ao advogado principal, que passou para um de seus asseclas sem olhar para ela. Aborrecimento serpenteava através de Faith. Se Rita estava incomodada com a indiferença do homem, seu tom não mostrava. — A partir desse relatório da polícia, que também foi enviado a companhia de seguros da Senhorita Fitzgerald, não há nenhuma menção de seu trabalho ter sido roubado, apenas as roupas exibidas e joias. Podemos mostrar a coleção inteira como prova, se quiser. — Ela se inclinou para frente, seu olhar não vacilando. — A razão de você não poder alcançá-la era porque o telefone do escritório estava desconectado. Ela tem pessoas reparando os danos na sua loja e uma equipe de segurança privada mantendo um olho sobre o imóvel. Tudo isso pode ser verificado por meio de um único telefonema. — Tentamos seu telefone celular várias vezes — o advogado principal continuou. — Quando não pudemos alcançá-la, assumimos que ela deixou a cidade. A implicação de que ela havia fugido com seu dinheiro fez seu sangue ferver, mas Faith controlou seu temperamento e esperou que Rita explicasse. As duas já haviam discutido as respostas em seu caminho para a reunião. — Senhorita Fitzgerald foi para Nova Iorque escolher as modelos para a Semana da Moda — disse Rita. — Ela não respondeu às suas ligações porque estava em um calendário apertado e não sabia que as


ligações eram urgentes. Quando recebeu o fax de seu banqueiro e viu o seu número, ela contatou imediatamente seus escritórios e marcou este encontro. — Deixamos mensagens, Sra. Rutledge — o advogado acrescentou ironicamente, olhando para seus colegas para apoio, mas eles continuaram a rabiscar em seus blocos. — Você quer que a gente acredite que sua cliente não os viu enquanto estava em Nova Iorque? Rita fez contato visual com Faith. Faith se encolheu quando leu a pergunta silenciosa nos olhos de sua advogada. Ela odiava precisar fazer isso, mas parecia não ter escolha. Faith suspirou e acenou com a cabeça. Rita se inclinou para frente em seu assento, seu olhar tocando cada membro da equipe jurídica do GGC. — Senhorita Fitzgerald tem um problema com um perseguidor, senhores. Nós não devemos divulgar isso para ninguém desde que o LAPD investiga o caso. O detetive encarregado do seu caso aconselhou-a a gravar todas as chamadas de números desconhecidos. Desde que previamente tratamos com a equipe jurídica interna da GGC os com o RP30, ela não tem o seu número em arquivo ou em seu telefone celular. Desnecessário será dizer que, quando viu o número desconhecido, ela assumiu que era seu perseguidor e deixou ir ao seu correio de voz. Mais uma vez, isso é algo que pode ser verificado por meio de uma ligação para o detetive encarregado do seu caso, o detetive Eddie Fitzgerald da polícia de Los Angeles, West Hollywood. Seu contato está no relatório da polícia. Pela primeira vez desde que se conheceram, o advogado principal recostou-se na cadeira e sorriu. Embora o sorriso não alcançasse seus olhos, Faith ficou aliviada que sua expressão acusatória havia desaparecido. — Fitzgerald? Ele é um parente seu, Senhorita Fitzgerald? — Ele é meu primo — Faith respondeu. O advogado assentiu com a cabeça, sussurrou algo para seus colegas, em seguida, deu à Faith e Rita um breve aceno. — Obrigado por 30

Relações Públicas


virem conversar conosco, Sra. Rutledge, senhorita Fitzgerald. Nós entraremos em contato após consulta com o nosso cliente. Faith colou um sorriso no rosto e apertou as mãos dos advogados. A sensação de que a reunião foi apenas uma formalidade e que a posição do GGC não mudaria ficou com ela. — Obrigada. — Estamos ansiosos para ouvir a sua decisão final — Rita adicionou quando o advogado principal acompanhou-as até a entrada de seus escritórios. — Sabemos que o tempo é essencial para a sua cliente, então eu verei o que posso fazer para acelerar as coisas do meu lado — disse ele, fazendo contato visual com Faith pela última vez. Nem Rita, nem Faith falaram até que elas deixaram o prédio. — Foi melhor do que eu pensei — disse Rita. Não foi, mas Faith escolheu não estourar a bolha da mulher. Ela parou ao lado de seu carro e se virou para Rita. — Sim, foi. Obrigada por vir comigo em cima da hora. Rita rejeitou as palavras com um aceno. — Eu sou sua advogada, Faith. E sua amiga. — A carranca prejudicando a perfeição suave do seu rosto moreno. — Posso dizer uma coisa? — Claro. — Faith se preparou. Ela lutou para controlar suas emoções na noite passada depois de falar com o banqueiro, durante o voo de volta para Los Angeles, e na reunião com a equipe jurídica do GGC, mas ela estava em um lugar frágil e qualquer demonstração de piedade de Rita seria a beira do abismo. — Eu sei que você quer fazer as coisas à sua maneira, mas acho que você está cometendo um erro deixando a LAPD lidar com o caso de Sean. — Rita colocou a mão no bolso de sua calça, tirou um cartão e entregouo a Faith. — Ele é um inferno de um advogado criminal e tem um investigador privado incrível na discagem rápida. Contrate seus serviços e deixe-o lidar com Sr. O'Neal antes que o homem destrua o seu negócio e reputação.


Faith não disse a Rita que ela tinha seu próprio IP incrível no trabalho. Como desejava que Ken estivesse aqui agora. Não para corrigir seus problemas com Sean ou a bagunça financeira em que estava, mas apenas para abraçá-la e fazer a dor ir embora. Ela estava pressionada fisicamente, mentalmente e emocionalmente que não podia pensar além de ir para casa, trancar a porta, e fechar o mundo fora. Ela deu um pequeno sorriso à Rita. — Obrigada. Pensarei sobre isso. Elas se abraçaram e entraram em seus respectivos carros. Faith se escondeu atrás de seus óculos de sol e acenou para a advogada uma última vez antes de ligar seu motor. O caminho para a casa foi um borrão. Seu sonho se espatifava em torno dela, todo seu trabalho duro vindo a nada por causa de um homem louco. Não poderia prender suas esperanças em GGC quando era óbvio que não confiavam mais nela. Como poderia devolver o dinheiro deles e ainda ter um desfile? Onde obteria dinheiro em tão pouco tempo para pagá-los de volta? A visão de um familiar SUV do lado de fora do portão de seu condomínio disparou seu coração. Ken. Alívio por ele estar aqui tomou conta dela, mas foi imediatamente seguido por outra onda de pânico. Ela não estava no estado de espírito certo para falar com ele. Uma parede fina era tudo o que restava entre a sanidade e um colapso emocional. Um pequeno empurrão, uma palavra de bondade, e a parede cairia. Ken deve ter visto seu carro porque ele saiu do dele, tirou os óculos escuros e olhou com os olhos estreitados enquanto ela se aproximava. Ele parecia tão confiante e invencível, enquanto ela era uma massa de energia furiosa prestes a explodir. A vontade de chorar a surpreendeu. Ela piscou rapidamente, grata por seus óculos de sol. Eu não posso chorar... não agora... Eu não posso chorar... A vontade não diminuiu. Rolando para baixo sua janela, ela apontou para seu apartamento e murmurou: — Siga-me. — O guarda já tinha aberto o portão. — Deixe-o passar — ela disse em uma voz rouca que mal reconhecia como sua.


Faith não se incomodou com sua bagagem uma vez que estacionara. Ela correu para a porta, abriu-a e desapareceu dentro, deixando a porta aberta para Ken. Ela foi direto para o banheiro, ligou a água fria, e molhou seu rosto com água fria. Eu não vou desmoronar agora. Eu não posso chorar... Eu não vou... — Hey, querida. Suas defesas se desintegraram. Ela precisava de Ken. Seus braços oferecendo-lhe conforto. Sua voz dizendo que ela sobreviveria a isso. — Como foi em Nova I...? — Seu olhar encontrou o dela através do espelho do banheiro. O sorriso lento e fácil desapareceu. Ele deu um passo dentro de seu banheiro, franzindo a testa. — O que está errado? Faith apenas balançou a cabeça. As palavras não poderiam passar pelo nó em sua garganta. Ela poderia dizer à ele para sair e deixá-la chorar na privacidade de seu banheiro, mas sua necessidade dele era maior do que o orgulho dela. Ela se virou e olhou para ele. Seu corpo começou a tremer e as lágrimas encheram seus olhos. Ken preencheu a lacuna entre eles e passou os braços em volta dela. Ela deixou seu corpo e curvas acomodar-se em torno da dureza dele, deslizou seus braços ao redor dele, e segurou a parte de trás de sua camisa. Quando ele esfregou suas costas e bifurcou os dedos pelos cabelos para pressionar seu rosto contra o ombro dele, as lágrimas escorriam pelo seu rosto. Seus braços se apertaram ao redor dela, e embora ela estivesse consciente de que ele falava, ela não ouviu uma única coisa. Faith não tinha certeza de quanto tempo eles ficaram trancados na mesma posição antes da tensão ser expurgada para fora dela e ela se concentrar em suas palavras. Ele tagarelava da mesma maneira que ele fez depois de Sean tentar forçar-se sobre ela. Ele distraiu-a de seu tumulto emocional.


—... imagine Sly e Hailey como um casal? — Disse ele, rindo. — Eu não sou fã de romance de escritório. Acho que devo deixar um deles ir ou cortar a relação pela raiz. Faith riu, soltou sua camisa, e olhou em seu rosto. — Você acha isso engraçado? — Ken se inclinou para trás para olhar em seus olhos. — Eu acho que você é só conversa. Você nunca os demitiria. O canto dos lábios se inclinou. — Verdade. Eles trabalham bem juntos, Hailey no campo, Sly observando atrás da mesa do computador. — Ken segurou as bochechas de Faith e secou a umidade com as pontas de seus polegares. A aspereza de sua pele enviou calor sob a pele dela. — Viagem difícil? — Perguntou. — Um pouco. Desculpe, eu molhei a sua camisa. — Ela escovou a umidade. — Sem problemas. Eu a trocarei em um par de horas. — Ele baixou a cabeça e esfregou seus lábios nos dela, mordiscou um canto, depois o outro. — Você quer falar sobre o que está acontecendo? Em vez de responder, ela circulou seu pescoço e puxou-o para mais perto, seus sentidos feridos necessitando o bálsamo que só ele podia proporcionar. Sua língua mergulhou para acariciar o interior úmido da boca dela. O beijo foi sem pressa, calmante. Faith fechou os olhos e saboreou a sensação dele. Ela nunca conheceu um homem que ouviu suas necessidades e aceitou suas sugestões. Ele era infinitamente dócil, mas ela sentiu a contenção sobre a sua paixão quando a língua dele deslizou sobre a dela. Ele quebrou o contato muito cedo. Faith abriu os olhos e estudou-o através dos olhos de pálpebras pesadas. Sua respiração era irregular, a testa pressionada contra a dela. As mãos exploradoras de Faith caíram para acariciar seu peito largo através de sua camisa. — Faça amor comigo, Ken — ela sussurrou.


— Eu quero — disse ele, — mas nós precisamos conversar. Faith franziu a testa. — Você está dizendo que não? — Nunca. — Ele pegou a mão dela e apertou-a contra o peito dele. O bater errático pulsava através do tecido para a ponta dos dedos sensíveis. — Isso sou eu querendo você. Precisando de você. Mas preciso saber o que aconteceu em Nova Iorque. Faith suspirou. Ele estava certo. Além disso, era quase cinco, o que significava que tinham menos de duas horas para ficarem prontos para o desfile beneficente no edifício de Sean. — Ok. Ela pegou a mão dele e levou-o para a cozinha. — Quer alguma coisa para beber? — Não, eu estou bem. — Ele montou um banco e esperou pacientemente enquanto ela contornava a ilha da cozinha e pegava a água na geladeira. Ela torceu a tampa e tomou um gole, seu olhar não encontrando o dele. Ela não sabia por onde começar. — Faith? — Ken solicitou. — Meu principal patrocinador me largou hoje — disse ela, escolhendo as palavras com cuidado. — Por quê? — Descobriram que minha loja foi vandalizada, acreditaram que minha coleção foi roubada e que eu desaparecera. — Aliviada por agora poder falar sobre isso sem ficar com raiva, Faith bebeu mais água e se sentou em um banquinho em frente a Ken. — O advogado tentou me localizar e quando não me encontrou, ele conseguiu uma ordem judicial e congelou minha conta. — Ele não precisava saber sobre a maneira humilhante que ela descobriu isso. Ken se inclinou para frente, sua expressão furiosa. — Mas isso não é verdade. Nós trouxemos sua coleção para cá. — Minha advogada e eu tentamos explicar aos advogados. Talvez se eu tivesse retornado as ligações...


— Como poderia? Você estava fora da cidade a negócios. Faith balançou a cabeça. — Ligaram para meu celular também, Ken. Quando não reconheci o número eu apenas assumi que era Sean. — Talvez ela tivesse evitado toda essa confusão se tivesse ignorado as ordens de Eddie. Não, isso teria sido insensato. As circunstâncias eram favoráveis para este tipo de confusão. Ela terminou sua bebida e colocou a garrafa vazia sobre a mesa. — A conclusão é que quando eu não retornei a ligação, as pessoas da GGC acharam que eu havia fugido com o dinheiro e sumido. Ken praguejou baixinho. — Isso não é uma maneira de lidar com um parceiro. Quem diabos é GGC? —

Global Gold Conglomerado. Eles

achavam que estavam

justificados porque receberam um telefonema sobre mim de um cliente deles, alguém que confiavam. A pessoa não só contou a eles sobre minha loja e suposto ato de desaparecimento, ele também disse que eu fui demitida da Dublin House of Styles após roubar seus designs. — Dizer as palavras fez a raiva turvá-la novamente. A expressão de Ken ficou pensativa. — Alguém? Quem? — Sean. — Aquele desgraçado. — Os advogados não me disseram que ele foi o autor da chamada, mas ele é o único vingativo o suficiente para me prejudicar assim. Ken esfregou o rosto e soprou ar. Faith não gostaria do que ele estava prestes a dizer-lhe. Ele estendeu a mão sobre o balcão e agarrou as mãos dela. — Em sua forma demente, Sean poderia pensar que está justificado. Faith lhe lançou um olhar de nojo, puxou as mãos de debaixo dele. — Justificado? O homem tentou me beijar e você atirou-o para fora. Como essa pequena humilhação se compara com o que ele fez para mim?


— Há mais. Lembra o vídeo que foi postado online na semana passada? — Ela assentiu com a cabeça. — Foi Molly quem que fez o upload. Seus olhos se arregalaram. — Oh não. Você acha que é por isso que ela se machucou? Ele balançou a cabeça. — Eu não sei, mas os caras que a machucaram roubaram seu laptop e o uparam novamente. Tornou-se um vídeo em destaque e se tornou viral em poucos dias. Falo de meio milhão de acessos antes de o excluirmos novamente. As pessoas reconheceram O'Neal e começaram a especular. Alguns comentários foram mordazes. Alguns blogueiros, incluindo bastidores de Hollywood, escreveram sobre ele. Os olhos de Faith se arregalaram. — Sean viu e decidiu me atacar. — Eu acho que sim. Ela deslizou em seu banquinho, deixou cair sua testa no balcão e murmurou algo sob a respiração que soou como uma maldição de quatro letras. — Isso... é... tão confuso. Ken varreu o cabelo longe de seu rosto. — Eu sei. Ainda assim, isso não é desculpa para ele ligar para os seus patrocinadores e estragar as coisas para você. Você não pediu para ele agir como um canalha ou disse a esses arruaceiros para postarem as imagens online. Como um homem adulto, ele deveria saber como lidar com a má publicidade. Um sorriso levantou o canto da boca dela. Não admira que ela fosse louca por Ken. Ele via as coisas de forma tão clara que era estranho. — Obrigada por dizer exatamente o que eu pensava. — Ela se inclinou sobre o balcão e beijou-o, em seguida, levantou e deu a volta no balcão. Ken parou seu andar envolvendo as mãos em volta de sua cintura e trazendo-a para o seu colo. — Aonde você vai?


— Tomar banho e me preparar para esta noite, embora eu prefira rastejar na cama com você e fingir que tudo isso foi um pesadelo. Ele riu, agarrou a cabeça dela, e lhe deu um beijo lânguido, tendo tempo para saborear o gosto que era exclusivamente de Faith – completa doçura misturada com tenacidade. Ele adoraria levá-la para o quarto, mas eles ainda precisavam terminar a conversa. — Eu ainda não lhe disse o papel que você interpretará no desfile hoje à noite — ele sussurrou contra seus lábios. Ela levantou as sobrancelhas perfeitamente arqueadas. — Eu vou com você para identificar meus designs. — Nós temos uma mudança de planos. Primeiro, você irá com Bárbara. Sua limusine virá buscá-la — ele olhou para o relógio, — em exatamente 90 minutos. Você deve ficar visível em todos os momentos durante a festa. Isso significa se socializar, ser vista por todos, incluindo jornalistas. Os olhos de Faith se estreitaram. — Por quê? O que aconteceu comigo ficando ao seu lado? — Eu pretendo filmar a coleção e... — Por que a mudança de planos? O que está acontecendo? Ela estudou seu rosto como se as respostas para suas perguntas estivessem escritas lá. Ele esperava que seu mal-estar não fosse aparente. Ele tinha um mau pressentimento sobre esta noite. Ele não poderia apontar o que o incomodava, embora tivesse ensaiado o plano com o seu pessoal várias vezes para minimizar erros. Mas se alguma coisa desse errado, ele queria Faith o mais longe possível da ação. — Eu quero que você seja educada com Sean. Faith se encolheu. — Perdão? — O quero distraído e sua obsessão com você deve vir a calhar. — Eu prefiro cuspir na cara dele que me ver dentro de um metro daquele homem — ela retrucou.


Ken balançou a cabeça. — Eu entendo como você se sente, querida, mas conversar e rir com ele também provará a todos, incluindo jornalistas, que não há rivalidade entre vocês. — Eu não me importo. — Ela se virou e se afastou. — Inferno, de maneira nenhuma eu serei simpática com aquele homem, Ken. Ken a seguiu, admirando sua firmeza, mesmo que fosse o contrário do que ele queria. Se os seus planos fracassassem e ele fosse preso, ele não queria que a suspeita caísse sobre ela. — Eu obtive o mapa de assentos do meu homem que faz parte da equipe de segurança nesta noite. Você estará sentada ao lado de Sean.

*** Faith estava irritada enquanto tomava banho, aplicava maquiagem e arrumava seu cabelo. Ken Lambert teve o efeito de uma bomba caindo no seu colo sem aviso prévio. Eles não se falaram todos os dias enquanto ela estava fora? Ele teve todas as oportunidades para avisá-la, caramba. Ela escolheu um de seus designs de alta costura elegante, um de seda marfim e bronze sem alças, com um decote em forma de V provocante e um corpete de contas. A cintura com faixas acentuava sua cintura fina e o tecido abraçava os quadris antes de fluir para o chão. Um colar de ouro e granada e brincos combinando terminavam seu traje. Ela olhou para sua imagem e um lento sorriso tocou seus lábios cor de ameixa. Ken queria Sean distraído. Ele conseguiria, mas não ia gostar. Quando bateram na porta, ela olhou para a superfície de sua pulseira-relógio com diamantes acentuados. Eram seis e meia. Faith escorregou em sandálias marfim, pegou sua bolsa de noite e seu casaco de pele falsa. O motorista já segurava a porta de trás aberta para ela quando ela saiu. A parte de trás da limusine estava vazia. — Onde está a senhora Riggins?


— Senhora Riggins e as outras já estão a caminho, senhorita Fitzgerald — o motorista explicou. — Fui enviado para buscá-la. Faith se estabeleceu no banco de trás e agradeceu ao motorista antes dele fechar a porta. Ela abriu a bolsa e verificou sua maquiagem uma última vez. Sua maquiagem estava impecável e seus olhos não indicavam a agitação se construindo dentro dela. Apesar de sua silenciosa conversa animadora, ela achava que não poderia passar por isso. Sean estava obcecado com ela, o que significava que sua reação a qualquer coisa que ela fizesse ou dissesse seria imprevisível. E se ele rejeitasse sua tentativa de civilidade e a humilhasse publicamente? Ele era a pessoa por trás dos arranjos do assento para esta noite? Mesmo que não fosse ele, agora ele deve saber que estariam sentados ao lado do outro. Quando a limusine parou, Faith respirou fundo e soltou o ar lentamente, preparando-se mentalmente para o encontro que se aproximava. Antes que pudesse sair, a porta se abriu e Ken entrou. Ele não falou imediatamente enquanto ela o estudou com intensidade enervante. Vestido completamente de preto – camisa sem gravata, sapatos Oxford pretos, ele parecia muito bonito e perigoso. — Você ainda está com raiva de mim — disse ele com tanta certeza que sua ira subiu novamente. — O que lhe deu essa ideia? Ele sorriu. — Prometo fazer as pazes com você mais tarde, esta noite. Você está pronta para isso? Ela não estava. — Claro. — Bom. Vou acompanhá-la assim que estivermos prontos. Faith esqueceu sua raiva. Ela estava recebendo vibrações de Ken que a deixou inquieta. — Está tudo bem no seu objetivo? — Sim.


Ela procurou seu bonito rosto. Por que tinha uma sensação de que havia algo que ele não estava dizendo a ela? Talvez ele estivesse apenas nervoso e ela estava afinada com isso. Ainda assim, ela se aproximou. — Não continue com isso, se há alguma chance, qualquer chance de que as coisas não caminhem de acordo com o seu plano. Encontrar respostas para mim não vale a pena deixar você e seu pessoal em apuros. Uma expressão que ela não conseguia decifrar flertou através de seu belo rosto, em seguida, um sorriso arrogante curvou seus lábios esculpidos. — Confie em mim, querida. Eu tenho as coisas sob controle. — Ele se virou e olhou através dos vidros escurecidos. — Estamos chegando mais perto. É melhor eu sair agora. Ele bateu na divisória entre eles e o motorista. Faith olhou para fora também. Eles estavam um quarteirão de distância do edifício de Sean. Ela olhou para Ken, que voltou a estudá-la com um sorriso preguiçoso. Talvez tivesse imaginado seu nervosismo. — Como você vai para o desfile se nós deixarmos você aqui? — O meu pessoal está nos cobrindo. — A limusine desacelerou, depois parou. — Eu mencionei o quão bonita você está esta noite? Ele não fez, mas foi bom ouvi-lo dizer isso. Ela sorriu. — Você não viu o meu vestido ainda. — Eu não preciso. — Ele acariciou sua bochecha. Ele foi perdoado. Faith pressionou contra seu calor. Ele cheirava tão bem. — Você está bonito também. Ele riu. — Dificilmente. Impetuoso, sim. — Ele escovou uma sujeira inexistente de seu ombro. — Cortês, é claro. Bonito, não penso assim. Ela riu. Qualquer dúvida que ela tinha, havia desaparecido. Ken não contaria piadas se estivesse preocupado com esta noite. — Eu te verei lá dentro — ele sussurrou, roubou um beijo de seus lábios, e foi embora.


A corrente de ar frio quando a porta fechou enviou um arrepio a Faith, apesar do casaco de pele falsa. Se sentindo um pouco abandonada, Faith sentou e suspirou. Prometo fazer as pazes com vocĂŞ mais tarde. Pelo menos ela tinha algo para estar ansiosa esta noite.

CAPĂ?TULO 13


Faith sabia que o desfile de moda teria algumas celebridades, mas não esperava esse tipo de circo, com o tapete vermelho e paparazzi. A entrada para o edifício pulsava com sons de cliques de câmeras e repórteres fazendo perguntas. Uma enorme bandeira onde se lia Auxílio para Sobreviventes dos Furacões estava pendurada na porta. Outra com Moda para Ajudar escrito em preto sobre um fundo branco cobria a maior parte das primeiras janelas do piso e parede. Pela janela da limusine, Faith observou como uma lenda do hip-hop ria com os repórteres. A jovem estrela de um recente filme de ação posava para as câmeras enquanto um velho diretor estava ao seu lado e sorria com aprovação. Faith soltou o ar. Ela queria entrar, acabar com isso, e ir para casa com Ken. Onde estava Bárbara com o seu convite? O motorista abriu a porta e estendeu a mão em direção à Faith. Respirando fortemente, ela aceitou a oferta graciosa e saiu. — Obrigada — disse ela com uma confiança que não sentia. — Seja bem vinda. Sra. Riggins a espera lá dentro — disse ele. A câmera de alta velocidade clicou à direita de Faith e alguém colocou um microfone em direção à ela. — Senhorita Fitzgerald, este vestido é um dos seus designs? Surpresa, Faith sorriu para a mulher. — Sim. — Vamos ver mais desse durante a Semana de Moda? — Perguntou outro. — Eu revelarei minha coleção naquela semana, então não posso dizer mais nada agora. — Você e Sean O'Neal estão juntos novamente? — Alguém gritou à sua esquerda. — É verdade que você é rival de Sean O'Neal? — Outro adicionou antes que ela pudesse responder.


A pergunta temida. Coração acelerando, ela colou um sorriso nos lábios, virou e esperou encarar isso calmamente. — Claro que não. Sean e eu somos muito bons amigos. É por isso que estou aqui para apoiar este maravilhoso desfile beneficente que ele organizou. Sua tentativa de desviar a atenção deles não funcionou. Eles seguiram-na, disparando perguntas. — E quanto ao vídeo on-line? Seu cara da segurança lançando-o para fora de sua loja. — Por que você terminou o seu noivado com O'Neal? — Por que você parou de trabalhar com ele? — Houve diferenças criativas? A qualquer momento Faith esperava ouvir: é verdade que você roubou designs dele, mas isso não veio. Alguém fez um bom trabalho de RP dando informações sobre ela para a imprensa. Sean? Ela parou uma última vez e os repórteres foram tranquilos, microfones empurrados para frente, expressões expectantes. Tio Mo muitas vezes disse que repórteres eram como tigres, você deve jogar um osso para eles e desviar sua atenção. — Sean e eu decidimos seguir nossos caminhos separadamente, porque eu estava pronta para seguir carreira solo. Ele é um designer talentoso, e tive a sorte de tê-lo como um mentor. Não sei nada sobre um vídeo online, mas verei todos vocês durante a Semana de Moda de Nova Iorque, quando revelarei minha coleção de outono. — Mais uma foto, senhorita Fitzgerald — alguém gritou. Desde seus dias como uma modelo, ela sabia como mostrar suas roupas. Faith removeu o casaco e posou, dando-lhes a frente, então o lado e as costas de seu vestido antes de caminhar em direção à entrada. As anfitriãs brilharam seus sorrisos perfeitos. Faith deu-lhes um breve sorriso e procurou Barbs. — Convite, por favor? — Perguntou uma.


— Ela não precisa de um. — Um homem alto apareceu do nada, um braço circulando sua cintura. — Hey querida. Você está de tirar o fôlego. Faith apertou os dentes e se virou para Sean. Ela não podia se afastar, sem causar uma cena. Havia fotógrafos no interior também. — Você não parece ruim, Sean — disse ela sem realmente olhar para a roupa dele. Ele sempre foi um costureiro impecável. Ele deu um beijo na têmpora e sussurrou. — Que desempenho que você deu lá fora. — Só interpretando meu papel — disse ela com os dentes cerrados, seu sorriso no lugar. — Não há necessidade de agir de forma não civilizada só porque você é um bastardo vingativo. Ele estremeceu e cobriu isso com uma risada, chamando a atenção para eles. — Eu sempre achei o seu humor afiado encantador. — Eu sempre achei você sem graça. — Para os observadores, eles deveriam parecer um casal feliz, mas ela continuou interpretando. — Com licença. — Ainda não. Venha conhecer meus amigos. Alguns dos nossos velhos conhecidos estão morrendo de vontade de se reconectar com você. Robert sempre gostou de você — disse ele, usando o primeiro nome de um ator veterano. Antes que pudesse protestar, ele a levou para frente no lobby, no local do pré-show. Os garçons e garçonetes com camisas brancas, coletes, e gravatas borboleta movimentavam-se entre os participantes com a graça de dançarinos, equilibrando bandejas com petiscos ou taças de champanhe. A faixa da elite de Hollywood para apoiar as vítimas do furacão Gina, o mais recente desastre natural a atingir a costa leste, surpreendeu Faith. Música tocava suavemente no fundo, misturando-se com o zumbido. Os cabelos na parte de trás de sua cabeça se arrepiaram, mas ao se virar, Faith não poderia encontrar a causa. Mas sabia que alguém olhava


para ela. O sentimento ficou com ela enquanto eles circulavam. Sean a apresentou como uma amiga querida e uma futura designer para pessoas que ela apenas leu ou viu na tela de cinema. Os que os conheceram como um casal há cinco anos apenas presumiu que eles voltaram e ofereceram convites para almoçar, as mulheres admiravam seu vestido. Alguns até mencionaram ansiedade para ver sua coleção na Semana de Moda. A publicidade que vinha como resultado de ser vista com Sean era agridoce. — Isto é o que você pode ter uma vez que começar a pensar de forma sensata — disse Sean a levando em direção ao foyer. — Clientes famosos. — Estou feliz com os meus clientes. — Ela sorriu para Barbs, que estava tendo uma conversa animada com um renomado ator e fez uma pausa para acenar. — Com licença. Os dedos de Sean cavaram em seu braço. — Você está sentada comigo. Faith pisou com força no sapato dele. Seu movimento foi sutil e perfeitamente coberto por seu vestido longo, mas foi eficaz. Ele respirou fundo, arregalando os olhos. — A menos que você queira um buraco em seus sapatos de três mil dólares e um dedo do pé esmagado, me... solte — ela sussurrou e acenou para Sissy quando encontrou os olhos da mulher. A mão de Sean deixou seu braço como se cutucado por pontas quentes. Faith deu um passo atrás e acrescentou mais alto: — Eu te vejo daqui a pouco, Sean. De cabeça erguida, ela atravessou a sala, acenando para rostos familiares, até chegar ao lado de Barbs. — Querida. — A mulher mais velha apertou sua bochecha contra a de Faith e beijou o ar. — O que em nome de Deus que você fez com Sean? Ele parecia prestes a chorar. Ele teve o que mereceu. — Não é nada.


Barbs sorriu. — Nós temos uma surpresa para você, e ele. O estômago de Faith mergulhou. — O que é? — Paciência, minha querida. — Barbs deu um tapinha no braço dela. — Vamos nos juntar aos outros. Faith lutou com uma sensação de mal-estar. — Ken sabe sobre essa surpresa? — Claro, estivemos coordenando com o pessoal dele. Que pessoa engenhosa aquele seu jovem é. Pensa rápido também. — Ela acariciou a mão de Faith novamente. — Ele é um defensor. Faith sabia disso, mas não queria discutir seu crescente sentimento por Ken. No topo de lidar com Sean, ela agora estava preocupada com a surpresa que Barbs e suas meninas reservaram para ela e Sean. Tomara que elas não estivessem pensando em algo que os colocariam em problemas com a lei, ou agravariam a situação entre ela e Sean. Elas encontraram o resto da sua turma e se mudaram para o showroom. A sensação de que era vigiada retornou. Ela estudou aqueles em sua periferia, até seu olhar conectar com um homem bonito, alto, com cabelos pretos, um corpo flexível, e tez caramelo. Será que Sean contratou um homem para manter um olho nela agora? A aversão deve ter mostrado em seu rosto porque ele sorriu. Então ele fez algo bizarro. Ele piscou e mostrou o polegar antes de desaparecer na multidão. Franzindo a testa, ela voltou sua atenção para a sala. Uma alta passarela vermelha em forma de T corria de um lado da sala para o lado oposto, e Moda para Ajudar estava pintada na parede do lado de entrada. Luzes estroboscópicas apagadas penduradas acima da passarela enquanto luzes laranjas fracas abraçavam as paredes na parte de trás. As cadeiras, dispostas paralelamente à passarela, já se enchiam. Champanhe continuou a fluir, a música mais animada do que no salão dos coquetéis. Elas encontraram seus lugares e os programas listando os designers participantes. As mulheres estavam sentadas atrás dela e Sean, cuja cadeira ainda estava desocupada.


— Onde está a senhora VanderMarck? — Faith perguntou, quando notou a cadeira vazia ao lado de Barbs. — Ela estará aqui. — Barbs trocou um sorriso misterioso com Eliza, que trouxera sua filha. Então, a surpresa tinha algo a ver com Monique. Faith mordeu a língua quando o que ela realmente queria fazer era exigir saber o que estava acontecendo. Sissy geralmente batia com a língua nos dentes, mas esta noite ela estava ocupada com seu acompanhante, um homem que parecia dez anos mais jovem. Suspirando, Faith resignou-se a esperar e torcer que a noite corresse bem. Sean se juntou a elas um pouco antes das luzes de parede esmaecer e o estroboscópio iluminar acima da passarela. Pela sua linguagem corporal, ele ainda estava chateado. Faith não se importava. Ainda assim, ela jogou um sorriso em sua direção. Inclinou seu corpo mais perto, provavelmente, continuando a dar aos fotógrafos a ilusão de que eles estavam juntos, mas ele fez seus pés ficarem bem longe dos dela. Uma mulher deu um breve discurso sobre a oportunidade de retribuir e as maravilhosas surpresas guardadas para os participantes desta noite. Aplausos seguiram, então a música pegou ritmo. A primeira modelo entrou no palco. Sean ficou tenso ao lado dela. A mandíbula de Faith caiu. Monique VanderMarck percorreu a passarela em seus sessenta e oito anos de idade, corpo glorioso, tamanho-quatorze, em um vestido que Faith criara para ela. O único vestido que ela terminou antes de Barbs deixá-la ciente do roubo de Sean. Faith prendeu a respiração quando a sala ficou em silêncio. Sussurros seguiram. Câmeras clicaram. Faith não tinha certeza se foi o vestido que provocou a agitação, ou a ex-modelo. Algumas pessoas na indústria da moda ainda insistiam que ela foi a primeira supermodelo antes de Twiggy. Conhecedores de arte provavelmente já ouviram falar


dela dos acontecimentos do ano passado. Ela foi envolvida em um escândalo envolvendo pinturas de seu falecido marido, algumas das quais acabaram por serem falsificações. O primo de Faith e sua noiva autenticaram o resto de sua coleção um par de meses atrás, e as peças chamaram a atenção da mídia quando venderam por milhões. Faith não percebeu que Sean havia saído até Barbs se inclinar para frente e sussurrar: — O pegamos. — O quê? — Sean. Um dos vestidos que ele pretendia mostrar esta noite era uma réplica exata do vestido de Monique. O homem é um tolo. Ele até usou a mesma estampa. Assim que chegamos aqui e o vimos, Monique enviou seu assistente para trazer o dela. Por que você acha que ele desapareceu? Provavelmente para substituir o vestido e fazer o controle de danos. Faith quase sentiu pena de Sean. Quase. Ela estava tão orgulhosa de ter essas mulheres maravilhosas do seu lado. Ela precisa encontrar uma maneira de agradecê-las. Por outro lado, ela não tinha certeza sobre as ramificações de sua mais recente façanha. Os designers que trabalharam duro para montar este desfile ficariam chateados se Faith ofuscasse eles. Mesmo que os vestidos que fossem apresentados hoje à noite fossem leiloados posteriormente e o dinheiro repassado ao fundo de ajuda, os designers investiram na exposição. Quanto à Sean, ela se perguntou o que ele dizia ao seu pessoal agora. Antes de Sean retornar, as luzes se apagaram. Batidas e gritos de choque ou dor vieram dos bastidores, onde as modelos se trocavam. Alguém tranquilizou o público que o gerador ligaria a qualquer minuto. As luzes estavam apagadas em todo o bloco, explicou. Um minuto se tornou dois, depois três. Pessoas removeram seus telefones celulares e usaram as telas de LCD para iluminar seus arredores. Um zumbido encheu a sala, que se tornaram aplausos quando as luzes piscaram novamente.


Coincidentemente, Sean voltava nesse momento e assumiu que o rah-rah era para ele. Ele acenou e sorriu. Mas ao se sentar, seu humor mudou. — Você sabia que a Sra. VanderMarck planejara esgueirar-se em seu design e roubar meu desfile? — Sean sussurrou no ouvido de Faith. — Seu desfile? — Faith se inclinou para o lado para criar espaço entre eles e pensar sobre a melhor forma de responder a ele, seu olhar fixo em uma modelo em uma roupa magenta deslumbrante. — Eu pensei que este era um esforço de grupo. — Você sabia? Ela virou a cabeça e estudou-o. Uma vez ela achou que seus traços marcantes, penetrantes olhos cinzentos, e cabelos crespos eram exuberantes. Agora, ele a lembrava de uma doninha, sua voz beligerante irritante. — Não, Sean. Estou tão surpresa quanto você. — Eu farei o diretor de palco ser demitido — acrescentou. Faith se recusou a comentar, o sorriso nos lábios perto de rachar enquanto ele continuava a repreender o diretor de palco. — Estou feliz que você não planejou isso, Faith. Eu teria ficado muito decepcionado. Quando ela não dignificou o seu comentário com um de seus próprios, ele voltou sua atenção para a passarela. Suas mãos fecharam e abriram durante todo o desfile, embora continuasse sem nenhuma falha. Faith não podia relaxar ou apreciar o show. Monique não foi a única cara famosa a andar na passarela. Cantores e atletas, atores e atrizes pavonearam-se atrás das modelos. Onde estava Ken? Eles deviam ter terminado por agora. Um pouco da tensão escorreu de Faith quando cinco estrelas masculinas de TV e cinema de renome corajosamente desfilaram em kilts, em seguida, fizeram uma pausa ao mesmo tempo e mostraram a bunda para o público. Risos encheram a sala.


— Caminhe comigo no final — Sean insistiu. Por que ele não podia deixá-la em paz? — Não, obrigada. — Todo mundo vai querer saber quem desenhou o vestido da Sra. VanderMarck — disse ele com os dentes cerrados, um sorriso falso nos lábios. — Você pode não ter percebido, mas causou uma grande agitação. — A senhora VanderMarck na passarela provocou a agitação — eu o corrigi. — Ouça, Faith... — Como você explicou o fato de que o seu vestido parecia exatamente com o dela? — Ela perguntou, antes que pudesse se conter. Sean amaldiçoou baixinho, levantou-se, e fugiu para os bastidores para juntar-se aos modelos e aos outros designers. No final, todos os modelos, menos Sra. VanderMarck, usavam Levis e camisetas com Moda para Ajudar escrito na diagonal, sobre o peito. Enquanto batia palmas com o público, Faith tentou localizar Ken. Ela queria sair antes que Sean voltasse. — Você deveria estar lá em cima — Barbs sussurrou. Faith sorriu. — Um dia. — Mas nós mostramos à ele, não é? Amanhã, todo mundo falará sobre Monique, sua roupa, e você, a pessoa que a desenhou. Espere e veja. Se apenas a publicidade pudesse garantir-lhe um patrocinador. Ela estava no vermelho e sua estreia na Semana de Moda ainda poderia não acontecer. Faith finalmente avistou Ken. Ele estava atrás de uma multidão de pessoas do outro lado da passarela. Ela acenou para ele, virou e viu Sean olhando para ela. Ken era mais alto do que o indivíduo médio e se destacou. Sean o notou, imediatamente o reconhecendo. Os dois homens começaram a ir em direção à ela. Sean agiu como se fosse uma corrida. Ele nadou no meio da multidão, apertando as mãos e acariciando costas às pressas, seu olhar


rebatendo entre ela e Ken. Ken não parecia se importar. Ele parecia satisfeito consigo mesmo, o que significava que a operação de hoje foi bem sucedida. Ele caminhou em direção à ela, em seguida, pulou na passarela. Faith devolveu o sorriso. Ele poderia competir com os modelos masculinos de hoje com o seu corpo soberbamente proporcional e lindo rosto. Faith tocou o braço de Barbs. Ela conversava com as outras duas mulheres e alguns de seus amigos. — Eu sairei agora. — Você não participará do leilão? — Barbs perguntou. — Ou o pós-festa? — Perguntou Sissy, nomeando um clube da moda como o local. Ken e ela tinham seu próprio pós-festa. Quanto mais cedo eles saíssem, mais rápido podiam iniciá-lo. — Não essa noite. Obrigada pelo que vocês fizeram. Não sei como vou recompensá-las. — Não há nada para recompensar — disse Barbs com desdém. — A semana passada foi divertida, uma missão de espionagem na vida real. Além disso, todos nós precisamos de uma mão amiga de vez em quando. — Não dê ouvidos a Barbs. Recompense-nos arrasando durante a Semana de Moda — disse Sissy, aproximando-se e pressionando sua bochecha contra a de Faith. — Faça-nos orgulhosas — acrescentou Eliza, dando-lhe um abraço. — Eu prometo — ouviu-se dizer. Ela realmente deveria conseguir um novo patrocinador. — Faith? — Disse Sean ofegante atrás dela. Irritação passou através de Faith. — Desculpe-me — ela disse às suas amigas, em seguida, virou e enfrentou Sean. — Sim? — Podemos ir a algum lugar em particular e conversar? Seu primeiro instinto foi dizer não, mas precisava deixar algumas coisas claras para este homem. Ela assentiu com a cabeça e afastou-se com ele.


Seus olhos se arregalaram quando Ken parou na passarela atrás de Sean, de braços cruzados, pernas afastadas, e um sorriso arrogante nos lábios. Ela apostaria que, se ela desse o sinal, ele arrastaria Sean para fora do edifício na frente de todas essas pessoas e o jogaria para fora como um saco de batatas podres. Ele levantou sua sobrancelha em questionamento. Ela balançou a cabeça e virou o foco em Sean. — O que é? — Ela perguntou. — Nós. Em primeiro lugar, quero pedir desculpas por agarrar-lhe da maneira que eu fiz antes. — Ele sorriu, as mãos timidamente se estendendo para esfregar seus braços nus. Faith sentiu mais que viu a mudança que veio de Ken. Ela olhou para ele e balançou a cabeça novamente. Ela olhou ao redor para ter certeza de que eles não chamavam a atenção desnecessária. Embora a maioria das pessoas tivesse saído para visualizar os itens a serem leiloados, alguns ficaram para trás em grupos, conversando e recuperando o atraso. Com cuidado, Faith sacudiu os braços, forçando Sean a soltá-la. O sorriso desapareceu dos lábios dele. Em seus saltos altos, ela agora estava mais alta do que ele. Havia algo a ser dito sobre não ser intimidado por alguém mais baixo do que você. Ela se aproximou. — Que tal começar por pedir desculpas por roubar meus designs? — Atrás de Sean, o sorriso de Ken se escancarou. — Por vandalizar minha loja e bater na minha assistente? Depois disso, apresente-se à polícia e confesse tudo. Só então você e eu podemos conversar. Sean gaguejou, sua boca se abrindo e fechando. Ela ergueu o queixo, o olhar se conectando com o de Ken. — Agora, se você não se importa, eu já tenho um compromisso. Sean seguiu seu olhar e suas mãos se fecharam.


— Pronta, querida? — Ken ignorou Sean, deixou seu lugar, e pavoneou para o lado dela, sua mão descansando possessivamente na cintura dela. — Sim. — Ela inclinou-se contra ele. — Vamos para casa. Sem olhar para Sean, Ken colocou um braço ao redor de Faith, fortificando sua reivindicação, e levou-a para a entrada. Ele não ficou entusiasmado por deixar Faith sozinha com O'Neal, mas com Barbs e suas amigas por perto, ele sabia que ela ficaria bem. Ele a observou à procura de sinais de aflição após terminarem a missão. O sorriso dela ficou no lugar, mas ele sabia que ela estava desconfortável. Ela tendia a esfregar a ponta do seu polegar sobre suas outras unhas quando tensa. Ainda assim, ela era uma tigresa. Sua tigresa. Ele riu. — O quê? — Perguntou ela, o primeiro sorriso verdadeiro tocando seus lábios. — Eu odiaria ser seu inimigo. — Não vamos discutir ele esta noite. Ken sorriu. Ele não gostaria de nada melhor. — Isso significa que você não quer saber se eu fui ou não bem sucedido esta noite? — Você foi. Ele parou de andar bem no meio do hall de entrada, onde os participantes do show davam lances, forçando-a a parar também. — Como você sabe? Ela estendeu a mão e tocou o espaço entre as sobrancelhas. — Você tende a ter uma ruga bem ali quando está chateado ou decepcionado, mas uma presunção especial e um sorriso arrogante quando está satisfeito consigo mesmo. — Ela estendeu a mão e deu um beijo em seus lábios. — Eu não quero pensar ou falar sobre negócios esta noite. Eu preciso de você para tornar o resto da noite perfeita.


Ele se inclinou e mordiscou o lábio inferior dela, em seguida, correu os dedos para baixo do seu rosto de seda. — Uma parada, então eu sou todo seu. — Chefe — uma voz acentuada disse atrás deles. Ele virou-se para enfrentar o cubano, mas os olhos de Rod estavam fixos em Faith. Ken fez a apresentação, embora com relutância. — É um prazer finalmente conhecê-la, senhorita Fitzgerald. — Rod levantou a mão de Faith para os lábios e deu um beijo em seus dedos. — Foi um bom truque que você fez com seu sapato. — Obrigada. — Faith sorriu. Rod riu suavemente, ainda não soltando a mão de Faith. — Eu gostei da expressão dele. Foi... — Nós estávamos saindo, Rod — Ken lembrou a ele, impaciente. — Vocês não vão para a pós-festa? — Rod finalmente soltou a mão de Faith. — Não. Mas sinta-se livre para ir. Bom trabalho esta noite. Vejo você no escritório na segunda-feira. — Ele levou Faith para a porta. — Você foi rude com seu funcionário — Faith repreendeu. — Primeiro: Rod pode me chamar de chefe, mas ele se considera um parceiro, não um funcionário. Segundo: ele sabe que você está fora dos limites, mas ainda flertou com você. Ela riu. — Ele é muito charmoso. Ele me observava mais cedo, e pensei que ele era um homem de Sean. — Ele mantinha um olho em você enquanto eu terminava no cofre. Eles foram para o seu SUV sem serem interrompidos por seus homens ou os paparazzi. Ele fez Faith se sentar, fechou a porta e correu ao redor do capô. Os cabelos na parte de trás do seu pescoço levantaram, levando-o a olhar ao redor. Seu olhar conectou com o de Sean O'Neal. O


designer era entrevistado perto da entrada, mas seu olhar cheio de ódio ficou neles. Ignorando-o, Ken pulou atrás do volante. Faith cobriu a sua mão antes que ele pudesse ligar a ignição. — Obrigada por tudo, Ken. Eu não tinha certeza de como esta noite acabaria, mas, mais uma vez, você fez isso. — Esse sou eu, bom operador, e sei exatamente como você pode me agradecer adequadamente — ele brincou. — Eu também. — Ela afundou os dedos em seus cabelos e puxou sua cabeça para a dela. Seus lábios grudaram, línguas dançavam. Fumegante calor disparou diretamente para sua virilha. O sabor dela, a sensação de seu corpo contra o dele foi o suficiente para fazê-lo esquecer de onde estavam. Hoje à noite, ele não a deixaria marcar o ritmo. Ela tinha que saber desde o início que ele estava no controle. Precisou se esforçar para gentilmente afastá-la dele. — Aperte os cintos — ele ordenou. Ela piscou, e então fez um beicinho brincalhão. — Você não é divertido. — Vamos ver sobre isso. — Ele passou a mão em torno de sua nuca, trouxe seu rosto perto do dele. Suas respirações se misturavam. Seus lábios se separaram. Ele lutou contra a tentação de prová-la novamente. Se fizesse, ele não iria querer parar. Ele deu um beijo em sua testa em vez disso, a soltou e ligou o motor. — Nunca imaginei você fosse um provocador, Kenneth Lambert — ela ronronou em seu ouvido. O corpo de Ken cantarolou. Ele pegou a mão dela e deu um beijo em seus dedos. — A menos que queira fazer amor aqui agora, se comporte. Ela riu e se aproximou até que sua cabeça descansava no ombro dele. Ele saiu do estacionamento, e partiu para a sua casa. — Então o que Rod quis dizer com o truque do sapato?


Ela suspirou. — Sean tentou me manipular mais cedo, mas eu coloquei um fim nisso. Raiva fluiu através dele, a maior parte dirigida a si mesmo. Ele não deveria ter deixado Faith em qualquer lugar perto do bastardo. — O que mais ele fez? — Por quê? Assim, você pode torturar-se com a culpa? — O que você está falando? — Você está cortando a circulação dos meus dedos. Ken soltou da mão dela, e imediatamente desejou não ter feito. Ela as correu para cima e para baixo de suas coxas, fazendo seus músculos flexionarem em resposta. — Sean é um burro, e eu sinto muito por você estar perto dele hoje à noite. — A noite foi um sucesso, então você está livre da culpa por me sobrecarregar com ele. — Ela virou a cabeça e deu um beijo na bochecha dele. — Não vamos discutir isso novamente hoje à noite. — Ok, querida, mas isso — ele ergueu a mão de suas coxas, — está me enlouquecendo. Eu preciso me concentrar na condução. Ela riu e pareceu contente em descansar a cabeça em seu ombro. — Para onde vamos? — Ela perguntou, quando ele ligou a seta e saiu para a rua. — Quero mostrar uma coisa para você antes de irmos para casa. — Ele entrou na South Los Angeles Street e seguiu para a entrada de um parque de estacionamento privado, a uma quadra do edifício de Sean. Ele falou brevemente com o guarda da cabine e atravessou. Faith reconheceu o logotipo no uniforme do guarda. Ele trabalhava para a empresa de segurança de Ron Noble. — Nós plantamos vídeo e áudio transmissores dentro do cofre de Sean esta noite — Ken explicou conforme parava ao lado de uma van branca indeterminada. — É mais eficiente e prático do que fotografar as roupas.


— Pensei que não o discutiríamos ou negócios esta noite — disse ela. — É rápido. Eu quero ter certeza que o receptor trans está pegando o sinal alto e claro. — Ken desceu e caminhou ao redor do SUV para abrir a porta dela. Em vez de deixá-la sair, ele apertou o corpo entre a porta do veículo e a manteve dentro. — Quando terminarmos aqui, você terá a minha completa atenção.


CAPÍTULO 14 Ela queria a completa atenção dele também. Ken era meticuloso, gostava de fazer as coisas à sua maneira e odiava pontas soltas. Se eles fossem para casa agora, ele estaria preocupado com o fato das escutas que ele plantou estarem funcionando ou não. — Tudo bem — disse Faith. — Mostre-me. Ele riu, deu um passo atrás e permitiu que ela saísse. Ela estudou seu bonito rosto, os brilhantes olhos verdes, as linhas afiadas de seu belo rosto. — O que é isso? — Você realmente teve que pensar duas vezes sobre isso? — Ele brincou. — O resultado de um plano bem executado, o qual seria desastroso se não fosse por minha equipe brilhante e de alto nível? Faith riu. Ele pode ser tão cheio de si às vezes. — Na verdade, eu parei para me lembrar do por que vim para a sua empresa em primeiro lugar. — Que é? — Seu brilho, é claro, e atenção ao detalhe, qualidades muito admiráveis em um parceiro de negócios — disse ela, observando firmemente a reação dele. Os homens tendiam a estufar o peito e endireitar seus ombros quando elogiados. Ken riu novamente. — Eu pensei que você estivesse usando esse caso como uma desculpa para me atrair de volta para sua cama. — Isso também — ela brincou. O riso desapareceu de seu rosto. — Elogios vazios não significam nada para mim, mas a verdade, isso é algo com o qual eu posso trabalhar.


Eu gosto que você me queira e não se envergonha de admitir isso, porque eu quero você também, muito. Calor arrastou até as bochechas dela. Apenas Ken tinha a capacidade de fazê-la corar, algo que a mortificara durante o casamento de Ashley. — Esses não foram elogios vazios. Admiro a sua diligência. Ele riu. — Você ainda não viu nada. Vamos lá. — Ele a pegou pelo braço e foram a van. Ele bateu na porta e esperou. Batidas e maldições seguiram, em seguida, Hailey abriu-a e colocou a cabeça para fora. Seus olhos se arregalaram quando os viu. — Chefe, nós não esperávamos você — disse ela lentamente. — Eu estive dentro do seu bat móvel, Hailey. E tenho certeza que Faith não se importará com um pouco de bagunça. — Uh, apenas um segundo. — Hailey desapareceu dentro, fechando a porta atrás dela. Mais batidas e vozes abafadas vieram de dentro, em seguida, ela reapareceu com um saco plástico cheio de latas de refrigerante e uma grande caixa de pizza, em seguida, saiu. — Sly está pronto para você agora. Ken riu e entrou primeiro, então, ofereceu à Faith sua mão. A van era espaçosa, embora a cadeira de rodas de Sly ocupasse um pouco de espaço. Em seu colo estava um tablet de algum tipo, e ele parecia ajustar sua camisa, indicando que ele poderia ter estado sem camisa quando eles chegaram. Seu rosto estava corado e cabelos castanhos despenteados. Faith focou em seu redor, ao invés do jovem corado sentado de frente para eles, com a perna enfaixada deixada apoiada em uma caixa de madeira. À sua esquerda estavam telas de computador em um longo banco estreito, cada um com quatro painéis que mostravam diferentes salas.

Debaixo

das

telas

estavam

um

conjunto

de

máquinas,

presumivelmente os receptores-transmissores. Ken sentou no banco de couro no lado esquerdo de Sly, deu um tapinha na área ao lado dele para Faith se juntar a ele. Ele a apresentou a Sly.


— Como está a recepção? — Ele perguntou, passando um braço sobre o ombro de Sly, seu olhar varrendo as telas. — Clara. Assista a isto. — Ele tocou uma tecla e uma das telas mostrou diferentes cantos do foyer, onde o leilão era realizado. Ele deu zoom em uma seção da sala. — Não é o seu vestido, senhorita Fitzgerald? Faith se inclinou para frente e sorriu. Não estava com o sinal vendido próximo a ele, mas ainda parecia atrair uma multidão. Esperemos que isso se traduza em mais publicidade para sua coleção de outono. — Mostre o cofre — Ken instruiu. Sly se inclinou para trás, assim Faith também poderia ver a primeira tela melhor, e tocou em seu teclado. Os painéis mostraram uma sala feita de mármore com vitrines, prateleiras, e manequins. Sly ampliou em um vestido. Era a réplica do vestido da Sra. VanderMarck. Sean copiou a sua roupa até nas lantejoulas na bainha. Esse não era o único design que roubara. Faith respirou fundo, seu coração batendo com raiva misturada com medo. — Esses quatro são feitos a partir dos meus desenhos. — Faith apontou para os vestidos de alta costura exibidos em manequins de fibra de vidro translúcido. — Mostre-me mais. O próximo painel mostrou mais vestidos únicos. Não muito originais, ela reconheceu o design de assinatura dele, que tendia a ser de seda, sexy, e fluídos. Ele reciclava designs com pequenas modificações. Não é à toa que roubou dela. A parede oposta tinha calças e tops com sapatos combinando, joias e bolsas, tudo diferente dos dela. Ela suspirou com alívio, mas no segundo seguinte, seu coração afundou quando viu as jaquetas e blazers acinturadas. Assim como as dela. Enquanto ela usou as cores bamboo, emberglow, phlox, e teal, Sean usou o cofee liqueur, nougat, e vários tons


de cinza – orchid hush e quarry31. Não que as cores diferentes importassem. Os modelos eram os mesmos. Os dela. Levou meses de ajustes para obter os resultados desejados. Sua respiração falhou. O bastardo ladrão. — Faith? A voz de Ken chegou de longe, mas ela não podia responder. Seus pensamentos estavam desordenados. O que faria? Como poderia salvar sua coleção? Sem os blazers e jaquetas, sua coleção não seria nada, incompleta. Mãos seguraram seu rosto e o viraram até seu olhar encontrar o de Ken. Quando ele praguejou, ela sabia que suas emoções estavam escritas em seu rosto. — O bastardo — ele rosnou. — Leve-me para casa. — Ela não podia pensar agora. Não queria, era demais. Por uma noite, ela queria bloquear sua dor, sua raiva, e seu sofrimento. Apenas Ken poderia fazê-la esquecer. Ela começou a sair da van, fez uma pausa para olhar para a tela, em seguida, para Sly. — Obrigada. O homem mais jovem deu um sorriso hesitante. — Uh, não há problema. Faith foi direto para o SUV de Ken e esperou enquanto ele falava com seu pessoal. Quando se juntou a ela, ele não ligou o motor imediatamente. — Temos provas suficientes para prendê-lo — disse ele. Faith balançou a cabeça. — Não, nós não podemos. — Pense nisso. Quantas pessoas viram a roupa dele antes que a Sra. VanderMarck usasse a sua no desfile hoje à noite? A modelo, os

31 Tabela das cores citadas


maquiadores, assistentes dele, e as pessoas que trabalharam no vestido são todas testemunhas potenciais. — Eu sei, mas ele tem parte da minha coleção da Semana de Moda. Preciso de tempo para pensar, chegar à uma solução. — Ela se virou e olhou para ele. — Neste momento, eu preciso... necessito... Ken segurou seu rosto e olhou fixamente nos olhos dela, seus olhos verdes intensos. — Eu estou aqui. Ele a beijou, um sussurro de toque em sua testa que enfraqueceu suas defesas. Ela tentou engolir através da obstrução em sua garganta e lutou muito para impedir as lágrimas de caírem. Como se consciente de sua luta para manter a calma, Ken a soltou e ligou o motor. O caminho para a casa dele foi um borrão, embora estivesse ciente da mão dele segurando a dela. Frio rastejou para debaixo de sua pele e tudo parecia surreal, como se ela estivesse de fora olhando para dentro, como se todo este pesadelo acontecesse com outra pessoa.

*** Ken não esperava que sua noite terminasse assim. Ele se perguntou se Faith estava ciente que segurava sua mão. Tinha que haver algo que ele poderia fazer para parar O'Neal de tomar crédito pelo trabalho dela. Ameaçar expor o filho da puta? Destruir a sua coleção? Até onde ele estava disposto a ir para igualar o placar? Ele também tinha algumas reflexões a fazer, mas, primeiro, as primeiras coisas. Sua Faith precisava dele. Na casa dele, Faith jogou a bolsa no sofá e literalmente saltou nele, beijando-o, deslizando as mãos sob a camisa para tocar sua pele. O sangue subiu para sua virilha, seu coração pegando ritmo. — Whoa, querida. Desacelere. Ela fez uma pausa, inclinou-se para trás, e ergueu a sobrancelha. — Realmente? Agora?


Ela parecia deliciosa em seu vestido provocante, o decote profundo na frente, revelando os topos dourados de seus seios. Sua palma coçava para tocá-la, mas ele rebobinou seu desejo. Fazer amor com Faith era como correr. Ritmo rápido e furioso, sentidos explodindo, então ela estava na porta. Ele planejava levá-lo lento hoje à noite, ter uma união especial, memorável. Uma maratona. — Sim, Faith. Devagar. — Ele a pegou e começou a subir as escadas para o seu quarto, tomando seu tempo, mordiscando o ombro dela. Ele a colocou de pé. As luzes da rua derramavam no quarto através da janela, acariciando suas feições e fazendo-a parecer etérea. Ele fechou as persianas, acendeu o abajur de cabeceira, e puxou os lençóis da cama. — Não — ele disse quando ela começou a abrir seu vestido. — Eu farei isso. As mãos dela foram para os quadris. Ela fez beicinho, seus exuberantes lábios convidativos. — Então, o que eu deveria fazer? — Sente-se e espere. — Ele não deu a ela uma chance de responder, apenas cutucou até que ela estivesse sentada. Ele estava determinado a fazer isso do seu jeito, não importa o quão doloroso fosse. Ele traçou a borda de seu vestido. Ela arqueou as costas, convidando-o a mergulhar seus dedos sob seu corpete e seu seio. — Ainda não. — Ele deu um passo para trás e começou a desabotoar a camisa, o olhar fixo com o dela. Observá-la enquanto ela o observava, sabendo que ela o queria tão desesperadamente como ele a queria, era a coisa mais erótica que já experimentara. Ela passou a língua sobre seu lábio inferior. — Você realmente é um provocador. — Temos toda a noite, querida. Eu quero saborear isto. — Ela tinha poder sobre ele e ele esperava que ela nunca percebesse. Ela respirou fundo e sentou-se conforme ele tirava a camisa e seu peito ficava à vista. Seu olhar correu de seu peito para onde a pele encontrava sua cintura.


— Você é lindo — disse ela, admiração em sua voz. Ken riu. Ele abaixou para remover os sapatos e as meias, levantou a cabeça e congelou. Faith estava de pé, vestido reunido em seus pés. Ela deu um passo para longe dele. Seu olhar correu até as pernas intermináveis revestidas com meia para onde a cinta-liga preta rendada beijava a pele acetinada. Calcinha rendada, sutiã, as mãos nos quadris, sorriso sedutor correspondente em seus lábios, ela tinha ele. Sua ereção pulsava impiedosamente. Para o inferno com lento. Ele fechou a distância entre eles. Ela riu. O som era ao mesmo tempo sedutor e triunfante. Ela sabia o poder que exercia sobre ele. Sabia e se deleitava com isso. Ele baixou-a na cama e desfez o sutiã, os montes dourados cobertos com bicos tensos implorando-lhe para prová-los. Ele baixou a cabeça, seguiu a curva de um seio a partir do topo, amando a mudança na textura quando alcançou seus mamilos. Ele puxou o cerne aveludado na boca, usou a outra mão para estimular o outro, circulando-o com o dedo, cuidadosamente raspando com a unha em todo o centro. Ele levantou a cabeça, soprou uma respiração em seu peito, fazendo-a gemer antes de beijá-la novamente, usando os dentes para atormentá-la. Faith estremeceu e ondulou contra ele, suas mãos se movendo para cima e para baixo em sua coluna vertebral. Ela era divina, sua resposta desinibida, e não podia esperar para fazer amor com ela uma e outra vez. Rápido. Lento. Ele deslizou a boca para baixo de seu corpo, lambendo e provocando cada parte dela, amando cada pequeno tremor, contração muscular, e sopro que escapou. Lentamente tirou sua tanga fio dental, seus lábios seguiram. O seu aroma foi direto para a cabeça dele. Seu entusiasmo o deixava louco. Seus dedos e palmas das mãos dançavam por todo o corpo dele. Ela se atrapalhou com seu cinto, abriu-o, e estendeu a mão sob sua cueca


para encontrá-lo. Sua ereção saltou para a mão dela, e Ken parou de respirar. Em vez de agarrar o comprimento dele, ela correu os dedos para cima e para baixo ao lado de seu eixo, provocando-o. Ken levantou. Dispensou as calças e cueca, em seguida, começou de onde a meia encontrava a liga, mordiscando e sugando a pele sensível. Uma mão deslizou sob uma bochecha da bunda firme, enquanto a outra deslizou sobre as coxas para os cachos curtos entre as pernas dela. Faith engasgou quando Ken acariciou as dobras e descobriu que essa parte dela veio à vida com seu toque. Seus joelhos se separaram para acomodá-lo, e ela assobiou quando ele afundou um dedo longo dentro dela, depois outro. Ela empurrou seus quadris para cima para encontrar a mão dele, seus dedos cavando nos ombros dele. Ele choveu beijos através de seu estômago, em seguida, levantou para dar espaço para manobrar. Ele abriu suas pernas, expondo-a para ele. Inclinandose, ele a saboreou. — Ken — ela gemeu, as coxas tremendo. Ela era doce e mais viciante do que qualquer coisa que ele já experimentou. Ele sugou e lambeu, seus golpes lânguidos. Seus quadris levantaram novamente e suas mãos apertaram o cabelo dele. Ele alcançou debaixo dela, segurou-lhe o quadril, e pressionou-a contra sua boca. Os movimentos dela tornaram-se frenéticos. Ela arqueou as costas, jogou a cabeça tão longe que quase bateu na cabeceira da cama. Era hora. — Não — ela gemeu em protesto quando ele levantou a cabeça. — Por que você está me atormentando? — Quero estar dentro de você quando você gozar — ele sussurrou contra seus lábios antes de beijá-la, deixando-a provar a si mesma em seus lábios. Ele enfiou a mão dentro da gaveta de cabeceira e pegou um preservativo.


— Depressa — ela o incitou, empurrando-o de costas. Ela levantou beijos por todo o peito, fechou a mão em torno dele desta vez, bombeando ele, e roçou a extremidade sem corte. Ken gemeu. Ela pegou a camisinha de sua mão, rolou-a, e se posicionou em cima dele. Ele agarrou sua cintura enquanto ela lentamente levou-o dentro, centímetro por centímetro. A linha entre prazer e deliciosa tortura se misturando. Ken assobiou, suor formando em sua testa. Quando estavam completamente unidos, ele rolou-os até que ela estava debaixo dele. Ele esperava que ela fosse protestar. Ele notou que ela gostava de estar no topo e odiava tê-lo atrás dela. Prazer explodiu por sua espinha e sua mente ficou nebulosa quando ela envolveu suas coxas em torno de sua cintura e apertou os músculos inferiores. Ele levantou os quadris, afundando-se nela, seus movimentos deliberadamente medidos. Ela girou seus quadris com cada impulso, dando e recebendo, e ele correspondendo em todos os sentidos. Ele a beijou, sua língua imitando o mesmo movimento. Logo eles tentavam recuperar o fôlego, o movimento pegando ritmo. Ele levantou as pernas dela até os ombros dele, de alguma forma conseguiu arrastar um travesseiro e deslizá-lo sob ela, então a manteve imóvel e recuou, para que pudesse ir mais fundo. Os olhos dela se abriram e se fixaram com os dele, surpresa e outra coisa que ele não sabia ler em sua profundidade. Ela inclinou a cabeça para trás, fechou os olhos, e gritou, seus músculos com espasmos em torno dele. Ele empurrou mais profundo, prolongando seu orgasmo. Um formigamento começou na base de sua espinha e cresceu em intensidade à medida que ele se juntava a ela. Seu rugido encheu o quarto enquanto prazer absoluto o atravessava, deixando-o drenado, satisfeito.

***


Faith ainda recuperava o fôlego quando Ken moveu-se para o lado e a envolveu em seus braços. Ela enrolou em volta dele, sua mente correndo. O que diabos acabou de acontecer? Ken era um amante magnífico, mas esta noite ele a levou a um novo nível, surpreendendo-a. Já era ruim o suficiente que seu negócio caía aos pedaços, agora ela tinha de lidar com ele atormentando suas defesas com truques sexuais. Toda vez que ele a tocava, ela queria mais. Precisava ter controle de alguma coisa. Qualquer coisa. — Você está bem? — Ele sussurrou contra sua têmpora. — Sim. — Ela não estava. Ken queria que eles fossem amigos com benefícios, enquanto ela... ela não sabia mais o que queria. Só sabia que o sexo não era suficiente. Como podia almejar algo que não entendia completamente? Ken ergueu o queixo e a beijou, sua ereção pressionando seu estômago. Ela esfregou contra ele, querendo ele novamente. — Eu já volto. — Ele deslizou para fora da cama e caminhou descalço até o banheiro. A pura perfeição de seu corpo masculino, esguio – ombros largos, abdômen definido, quadris estreitos e poderosas coxas – nunca deixou de hipnotizá-la. Ele tinha o corpo de um nadador. Ela queria saber como ele conseguiu as cicatrizes em seus braços e costas. Infelizmente, isso significaria abrir-se sobre seus demônios pessoais. Não o que ela já compartilhou com ele, mas os realmente escuros pairando sobre ela como o machado de um carrasco. Como se ciente de seu escrutínio, Ken olhou para trás e piscou, então desapareceu no banheiro. Homem arrogante. Ele sabia o quanto a fascinava, quanto poder exercia sobre seu corpo. Ele a fazia se sentir como nenhum outro homem jamais fez, nem mesmo Sean. O vaso deu descarga e Faith começou a


entrar em pânico. Precisava de um tempo sozinha para pensar nas coisas. Ela pulou da cama e juntou suas coisas. Ainda estava em suas meias e cinta-liga, assim como a primeira vez que fizeram amor depois do casamento de Ashley. Ken as removera então, beijando sua pele enquanto tirava as meias. Nunca passou pela sua mente removê-las desta vez também. A porta abriu e ela fez uma pausa no processo de colocar seu sutiã, esperando pela explosão. Ken tinha pavio curto, e ela sabia como isso pareceria – como se ela estivesse fugindo dele. Mais uma vez. Silêncio. Lentamente, ela se virou e olhou para ele. Ken encostou-se à porta do banheiro, braços e pernas cruzados. O olhar dela correu até seu corpo lindo, e seus olhos se arregalaram quando sua ereção empurrou. Um sorriso sexy inclinava o canto dos lábios dele. Apenas Ken poderia submeter-se àquela pose pelado sem parecer tolo. — Vou embora — disse ela, com a voz um pouco defensiva. — Eu sei. — Você não está bravo? — Ela perguntou. Ele fez uma pausa, como se pensando sobre isso, então balançou a cabeça. — Não. Eu sabia que você iria. Seus olhos se estreitaram. A primeira vez que eles ficaram, ele fez amor com ela ou a alimentou com algo cada vez que ela mencionou ir embora. Ela acabou passando a noite. — Eu sou tão previsível? — Ela perguntou. — Não, só com medo. Ela se irritou. — Eu não estou.


— Você está — disse ele com firmeza. — Você está com medo de que se você ficar o tempo suficiente e conversar comigo, você pode me conhecer melhor e gostar do que encontrar. — Eu conheço e gosto de você. — No sentido bíblico, sim, mas há muito mais em mim do que este corpo que você usa quando está estressada. Isso doeu. — Você está dizendo que eu te usei? Ele riu, se afastou da parede, e caminhou em direção a ela sem um pingo de vergonha na sua nudez. — Não me entenda mal. Você pode me usar a qualquer momento e quantas vezes quiser, mas um dia você vai parar de correr porque esta — ele apontou o dedo para ambos — coisa que temos entre nós nunca vai embora. — Que coisa? — Química. Atração inigualável. — Ele parou na frente dela e passou o dedo para baixo da coluna de seu pescoço e peito, uma carícia provocante que deixou calor em seu rastro. Ele parou antes de tocar o mamilo, enviando antecipação através do corpo dela. — A razão de você tremer quando eu te toco e correr quando eu paro. Faith apertou os dentes, odiando o fato de conhecê-la tão bem. — Eu não corro. — Sim, você corre, querida. — Ele empurrou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha, seus dedos demorando. — Quando estiver pronta para ficar e me permitir acalmar seus medos, eu estarei aqui. Faith suspirou e observou enquanto ele recuava, pegava as calças do chão, e se afastava dela. — O que você quer de mim, Ken? Ele piscou para ela. — Você. Tudo de você. — Isso não soa como amigos com benefícios. — Eu odeio esse termo — ele estalou e empurrou uma perna através de suas calças, seus movimentos, por uma vez, deselegantes.


— Você sugeriu isso — ela o lembrou. — Eu estava disposto a tê-la de qualquer maneira que pudesse, Faith. Não mais. Chame-me ganancioso, egoísta. Eu quero mais. — Ele terminou de puxar as calças, em seguida, plantou as mãos nos quadris, seus olhos se estreitaram com determinação. — Uma oportunidade de explorar o que temos, ver onde isso nos leva. Faith engoliu, entendimento surgindo. Isso era o que ela queria e não podia colocar em palavras, um relacionamento. Ela não estava preparada para esse tipo de compromisso. Sua vida era uma bagunça. Não, seu negócio era uma bagunça. Por muito tempo, ela deixou seu trabalho ditar sua vida privada. Talvez fosse hora de separar os dois com este homem maravilhoso. Este homem lindo, incrível, e paciente. — Venha aqui — disse Ken, cortando seus pensamentos. Odiava ser ordenada, porém, encontrou-se obedecendo. Mesmo quando deu o primeiro passo para frente, Faith percebeu que estava fora de seu elemento, fora de sua mente. Ela não tinha relacionamentos. A única vez que teve, ela acabou com o idiota que agora estava firmemente decidido em destruí-la. — Eu não gosto de seu tom — ela reclamou, seu protesto soando fraco até mesmo para seus ouvidos. — Eu sei, mas você precisa confiar em mim e que eu nunca farei ou direi qualquer coisa para te magoar. — Ele estendeu a mão para ela. Faith engoliu. Ele estava tão seguro de si mesmo, enquanto ela era um feixe de nervos tensos. Ela não estava acostumada a não estar no controle, mas a promessa em sua voz disse que ele estaria lá com ela de todo jeito. Ela deu os últimos passos que a colocaram na frente dele, levantou o queixo e olhou nos olhos dele. — Você confia em mim, Faith? — Sim — ela disse. — Então, vire.


Ela não hesitou. Sua respiração alojada em sua garganta enquanto esperava, cada músculo do seu corpo vivo e tremendo. Em seguida, ele a tocou, seus dedos ágeis passando por sua pele quando ele desfez os colchetes de sua cinta-liga e removeu o pedaço de renda. Ela estremeceu. Ele rolou suas meias para baixo, sua boca reverenciando a pele exposta. Seus dedos curvaram quando ele tocou o arco sensível em seus pés. Suas mãos se arrastaram até as coxas, acariciaram seus quadris, o toque leve, de amor, despertando. Ela tentou engolir, mas sua garganta estava seca. Ela odiava fazer amor com a pessoa atrás, e ele sabia disso. Ela disse a ele há um ano. A posição era impessoal... ela não podia ver a expressão ou olhar nos olhos... ela poderia ser qualquer mulher. Pior, a posição a fazia se sentir vulnerável. Com o coração acelerado, ela estendeu a mão atrás dela para encontrá-lo, mas ele saiu de seu alcance. — Não, querida. Isto não é sobre mim. Isto é sobre você confiar em mim. Aceitando que eu nunca te machucaria. Ele se aproximou, seu corpo pressionando em suas costas. Uma mão cobriu seu peito e brincou com o mamilo, a boca em seu pescoço, enquanto a outra espalhou através de seu estômago. Ela estremeceu quando a sensação se espalhou por seu corpo. Seu interior estava mole e trêmulo. Sua respiração ficou ofegante. Ele tomou seu tempo, acariciando seu umbigo, fazendo-a se contorcer em antecipação enquanto se movia mais abaixo. Ela não sabia o que fazer com as mãos, então ela colocou uma em seu pulso, determinada a conduzi-lo até seu núcleo, para acelerar o seu progresso. — Calma, querida — disse ele, pegando suas mãos e levando-as para cima, para que ela pudesse segurar a cabeça dele. Beijou seu ombro. — Mantenha-as aí em cima. Ela fechou os olhos e deu-lhe o controle, confiando nele com seu corpo. Dedos brincaram e despertaram seus mamilos. Os outros deslizaram mais abaixo, em seguida, através dos cachos macios para


encontrar suas dobras. Em vez de tocá-la, ele espalhou aqueles lábios inferiores. O ar frio correu para substituir o quente. Sua pele sensibilizada respondeu. Foi a coisa mais excitante, como se ele soprasse nela. Antecipação a fez gemer, movendo os quadris para desalojar os dedos. — Diga-me o que você quer? — Sua voz baixa era gutural e intensa, seu hálito quente abanando a área sensível atrás da orelha. — Me ame. Ele deslizou um dedo longo na parte carnuda de seus lábios, obedecendo-lhe, ainda, deliberadamente ignorando seu ponto de prazer. Faith se contorceu. Doía por mais. — Por favor — ela implorou. — Você não precisa implorar, querida. Ele

tocou

provocando

sua

círculos.

carne As

palpitante, pernas

de

seus Faith

movimentos

suaves,

balançaram,

quadris

empurrando contra sua mão. Essa deliciosa tortura. Ela era viciada neste homem e seus dedos hábeis. — Você é minha — ele sussurrou em seu ouvido. — Diga isso. — Ken... — Diga isso — ele sussurrou em seu ouvido. — Eu sou sua. Ele virou a cabeça dela no ângulo certo, deixando sua marca nela com um beijo saqueador. Ao mesmo tempo, ele deslizou um dedo lentamente dentro dela, depois dois, seus movimentos rápidos e insistentes. A posição era estranha, mas ela não a mudaria, mesmo se estivessem no epicentro de um terremoto. Ela apertou em torno de sua mão enquanto ele lhe dava prazer, seus dedos alcançando um local dentro dela que a fez se contorcer. Seus gemidos misturavam com os suaves sons molhados de seus dedos enquanto eles deslizavam dentro e fora dela.


Tudo dentro dela apertou, então a convulsão pulsou através de seu corpo quando ela atingiu o pico. Suas pernas cederam, mas ele estava lá para pegá-la. Levantou-a como se não pesasse nada, em seguida, colocou-a suavemente na cama. Faith ainda recuperava o fôlego quando percebeu que ele não a tocava. Ela abriu os olhos de pálpebras pesadas e encontrou-o colocando um preservativo, sua respiração irregular, gotas de suor pontilhando a testa dele. Era possível um homem parecer belo e letal ao mesmo tempo? Ele moveu-se para o pé da cama e segurou seu olhar atentamente. — Ofereça-se para mim, Faith. Livremente. Ela engoliu em seco. Um relacionamento começa com confiança. Ela confiava nele, e era hora de mostrar para ele. Com o coração acelerado, Faith rolou para suas mãos e joelhos, em seguida, arqueou as costas. Uma respiração áspera saiu dele, em seguida, levantou-a e deitou-a de costas. — Mas eu só... Ele colocou um dedo sobre os lábios. — Passos de bebê, querida. Quero olhar em seus olhos quando eu tocar em você também, quando você gozar, quando eu gozar. Para o registro, você pode usar um saco sobre sua cabeça e eu saberia que era você. Fazer amor com você na escuridão, e eu saberia que era você. Ela estava em apuros com este homem, mas pela primeira vez, ela não se importava. Ela sentou e beijou-o, mostrando com as mãos e os lábios o quanto ele significava para ela. Ela o puxou para cima dela, as pernas entrelaçadas, o rosto dele vindo para descansar em seu peito. Ela deslizou ao longo de seu corpo encharcado de suor e cobriu a boca dele com a dela em um beijo ardente. Ao mesmo tempo, fechou a mão em torno de sua ereção massiva e o guiou à sua entrada. Ele interrompeu o beijo, arqueando as costas e assobiou com prazer quando eles se juntaram, os seus olhares se encontraram. Cada momento foi como a primeira vez, seu interior se ajustando ao tamanho dele, à intrusão pesada.


— Você é tão incrível — ele grunhiu. — Então você gostará disso. — Ela colocou os braços ao redor dele e rolou com ele, quase os pousando no chão. A risada retumbou em seu peito. Ela surpreendeu-o, mas, novamente, era a sua Faith. Imprevisível. Impossível. Ele se perguntou quando ela se cansaria de deixá-lo ter a supremacia e trocar de papéis. — Você é meu agora, Kenneth Lambert — disse ela e começou a montá-lo. — De boa vontade — ele grunhiu. — Diga isso — ela repetiu o seu comando anterior. Ela era perfeita. Incrível. — Eu sou seu. Ela abriu as mãos em seu estômago tenso, levantou-se de seu eixo e afundou. Um brilho de umidade pontilhando sua pele, seus seios saltando com cada movimento. Ele estendeu a mão para seus seios, mas ela o impediu. — Sem tocar. — Ela apertou seu pulso, empurrando para cima os braços dele acima da cabeça e parou para beijá-lo. — É a minha vez de agradá-lo agora. Deite-se e aproveite o passeio. Segurando em seus ombros, ela se levantou de seu comprimento, quase o deixando deslizar para fora antes de afundar. Ela pegou ritmo, montando-o forte e rápido. Ele queimou com a necessidade de deixar ir. Ele lutou contra o seu orgasmo, estendeu a mão e agarrou a borda da cabeceira da cama. Seu movimento ficou mais frenético, cada deslize sensual puxandoo cada vez mais fundo em um abismo em que nada mais importava, só essa mulher e como ela o fazia sentir. Ele resistiu sob ela, empurrando para cima para encontrá-la de novo e de novo, até que ela arqueou as costas e gritou, seus músculos apertando em torno dele.


Ainda assim, ela não parou, seus músculos apertando-o mais e mais. As sensações balançando seu corpo se tornaram demais. Ele soltou a cabeceira da cama, puxou-a para baixo, e beijou-a enquanto uma liberação explosiva catapultou-o até o seu limite.


CAPÍTULO 15 Ken se jogou de costas, com Faith envolta em cima dele. Ele não podia se mover ou formular um pensamento, nem se tentasse. Seu peito expandiu quando tentou desacelerar o seu batimento cardíaco e aliviar o nó no estômago. Entorpecido mentalmente, não podia começar a descrever o que aconteceu. Mas, novamente, Faith era uma mulher incrível. — Você está bem, querido? — Perguntou ela. Ele olhou para ela. Seu sedoso cabelo ruivo enrolado serpenteando em seu peito suado. Ele afastou os fios de seu rosto e beijou sua testa, correu os dedos para cima e para baixo do ombro dela. — Nunca estive melhor. Ela beijou o peito, traçou as cicatrizes no peito. — Eu não fui muito rude com você, fui? Ele riu. — Você me abateu. Ela levantou a cabeça e mordiscou o queixo, o canto da boca, em seguida, seus lábios. — Desculpe, eu me empolguei. — Não precisa se desculpar. Não estou reclamando. — Ele bateu a ponta de seu nariz, correu um dedo em seus lábios exuberantes. Ela beijou-o. — Está com fome? — Faminta. Podemos ter um banho também? — Se você preparar um, eu vou pedir um pouco de comida para nós. — Ele beijou-a, em seguida, viu como ela retirou seu corpo delicioso dele com uma agilidade de dançarina, deslizou para fora da cama, e escorregou na direção do outro lado do quarto com um balanço suave de


seus quadris. Com um metro e oitenta e em grande forma física, ela era de tirar o fôlego. O sangue correu para sua virilha novamente. Ela desapareceu no banheiro. Sons de armários abrindo e fechando se seguiram. Provavelmente estava à procura de sais de spa e sabão. Ele não fazia spa. Em seguida o som de água corrente. Ken levantou para se livrar do preservativo. Quando entrou no banheiro, Faith estava sentada na borda da banheira, cantarolando uma música baixinho enquanto mexia o dedo na água corrente. Tê-la aqui era perfeito. Certo. Ele fez uma pausa longa o suficiente para beijá-la, em seguida, saiu do banheiro. Ela estava dentro da banheira, limpando seu corpo quando ele retornou com uma garrafa de vinho e dois copos. — A comida estará aqui em 30 minutos. — Ele colocou seu telefone celular ao lado da pia, em seguida, abriu a garrafa de Merlot, derramou generosa quantidade em cada copo e entregou-lhe um. Quando se juntou à ela dentro da grande banheira, seu corpo fez a água chapinhar mais perto da borda. Instalou-se atrás dela, puxou-a contra o peito, e entre as pernas, então, assumiu a esponja de banho. — A água está boa? Eu tendo a colocá-la muito quente — disse ela, virando a cabeça de lado para olhar para ele. — Está perfeita. — Ele tomou um gole de sua bebida, segurando seu conteúdo e aproveitando o momento. — Posso te perguntar uma coisa? — Ela perguntou depois de um tempo. — Atire. — Como você conseguiu as cicatrizes em seu corpo? O passado passou diante de seus olhos. Ele nunca falou sobre o incidente que o levou a deixar o Bureau. Os pesadelos estavam quase desaparecidos, apenas uns restos ocasionais acordando-o em um suor frio.


— Ken? — Faith olhou para ele por cima do ombro. — Houve uma situação com reféns em uma escola primária envolvendo algumas milícias. Eles tomaram a escola como refém. Meus superiores pensaram que poderíamos negociar com eles. — Ele fez uma pausa para esmagar as imagens. Ela não precisava saber os detalhes, o sociopata orientando a situação dos reféns e seus seguidores ingênuos, o erro de cálculo de seus superiores e incapacidade de ouvir, a decisão que ele fez, que teve o comissário saudando-o como um herói e seus superiores odiando suas entranhas. — Não sabíamos que tinha uma bomba, até que as negociações foram suspensas e alguns de nós estávamos lá dentro. — Ele fechou os olhos enquanto revivia o horror, os corpos mutilados, a maioria deles crianças, os pais de luto, e o dedo apontando depois. — Conseguimos tirar a maioria dos estudantes, exceto uma classe e um professor. Ele não percebeu Faith abaixando seu copo e virando de lado até que ela segurou seu rosto e deu um beijo suave na cicatriz em seu ombro. Ela descansou a cabeça no peito dele e gentilmente esfregou o seu braço até que ele afrouxou os dedos da borda da banheira. — Deixei o Bureau depois, mudei-me aqui para LA, e comecei a minha empresa. — O que a sua família disse? — Perguntou ela. Ken fez uma careta, recordando a exaltação de seu pai — Eles estavam emocionados. Mamãe e Misa ficaram felizes por eu não estar mais um trabalho que consideravam perigoso. Meu pai nunca aprovou a minha decisão de me juntar ao FBI e não podia esperar para ter-me em um terno e um escritório de canto em sua empresa. Eu odeio ternos e reuniões do conselho. Então, eles souberam sobre a minha nova empresa de I. P. Papai ficou furioso. Ele não considera o que eu faço um trabalho, mas... Ele falou sobre a incapacidade de seu pai de chegar a um acordo com ele, a frustração, a tensão sempre que o assunto veio à tona, até que


o som estridente de sua campainha flutuou no andar de cima. — A comida está aqui. Faith se afastou, para que ele pudesse se levantar. Ken pegou um robe de trás da porta e o vestiu apressadamente. O chuveiro estava ligado quando voltou com uma bandeja cheia de comida. Ele pediu em um restaurante de frutos do mar peruano nas proximidades, que ficava aberto 24 horas nos finais de semana. De Lomo saltad – tiras de carne grelhadas refogadas com cebola, tomate e batatas fritas servidas com arroz cozido no vapor – a ceviche de camarão. Os molhos que vieram com os pratos eram picantes e pão fresco. Ken espalhou a oferenda em um cobertor no chão do quarto. Quando Faith saiu com um de seus robes envolvendo seu corpo esguio, o vinho restante e os copos nas mãos, ele a levou para a sua área de piquenique. — O meu favorito — disse ela e sorriu. No meio da refeição, seu celular tocou. Em sua linha de trabalho, ele não ignorava as ligações, mesmo aquelas chegando às duas horas da manhã. Ele levantou e correu para o banheiro, onde o deixara. — Chefe, você disse para ligar se algo incomum acontecesse — disse Hailey. — O'Neal está de volta no cofre. Ele está colocando roupas em sacos plásticos. As que pertencem à senhorita Fitzgerald. — Saia e siga-o quando ele sair do prédio. Ligue para mim com o paradeiro dele. — Ele terminou a ligação e saiu do banheiro. — Era Hailey. Sean está no cofre, removendo evidências. Faith estava de pé antes que ele terminasse de explicar. Ela estendeu a mão para seu vestido. — Não esse. Você precisa de roupas escuras. — Ele entrou em seu closet e tirou um par de calças com cordões e camisas. Ele era vários centímetros mais alto do que ela, então ela teve que arregaçar as mangas, mas serviriam.


Ela não discutiu quando ele entregou as roupas, apenas colocou-as enquanto ele colocava as dele. Então ajustou e amarrou os cordões para um melhor ajuste. Ele sorriu. Somente sua Faith poderia fazer roupas de tamanho grande parecer sexy. — O quê? — Perguntou Faith. — Você parece bem. — Ele ofereceu seus chinelos, o único calçado em seu armário que ela poderia pegar emprestado. Ela riu, soltou os chinelos no chão e enfiou os pés neles, então, correu os dedos pelos cabelos. — Tenho certeza que pareço um palhaço. Apesar de suas palavras de desprezo, ele poderia dizer que ela gostou do elogio. Quando ele calçou meias e tênis, ela estava no topo da escada, impaciente para sair. Uma coisa que amava nela era seu nível mental durante a crise. Sem histeria. Feminilidade e graça. — Eu preciso de mais algumas coisas — ele disse enquanto chegavam ao piso térreo. — O quê? — Um gravador de vídeo oculto. Nós não podemos usar as imagens do cofre sem sermos acusados de invasão de domicílio, assim eu quero pegá-lo com aquelas roupas a céu aberto. Não me importo se ele está jogando-as em algum lixo ou queimando, eu quero algo que possamos usar para levar sua bunda ladra para a cadeia. — Ele foi para o seu escritório, agarrou sua bolsa de dispositivos, e juntou-se à Faith. — Você quer que eu dirija? — Ela perguntou, seguindo para a garagem. — Não, mas você pode navegar. — Ele a conhecia bem o suficiente para saber que ela não se contentaria em apenas sentar no carro sem fazer nada. Além disso, fazê-la se envolver aliviaria sua tensão. — Nós estamos dirigindo às cegas, por isso precisarei ficar mudando rotas à medida que avançamos. — O que quer dizer dirigindo às cegas?


— É quando eu dependo da minha equipe de vigilância para guiarme ao meu destino. — Ele pegou sua carranca e acrescentou: — Não se preocupe, nós fizemos isso antes. Vamos apanhá-lo. — Ele colocou sua bolsa de aparelhos no banco de trás e entregou o telefone sem fio, em seguida, ligou para Hailey. — Hailey dirá para você onde estão e você pode retransmitir as informações para mim. Ela colocou o fone de ouvido em seguida, disse: — Hailey? É a Faith. Sim, estamos saindo. Você pode dizer onde está agora? — Ela inclinou a cabeça enquanto ouvia depois olhou para Ken. — Eles estão na I-10 West, se dirigindo à oeste, em direção à via expressa de Santa Monica. Ken acelerou e saiu da garagem. Ele seguiu para o norte, ajustando sua rota, voltando às estradas sempre que necessário. Quando não dava direções, Faith conversava com Hailey. A princípio, ele não escutava, sua mente em seu próximo movimento, mas quando ela riu, ele não poderia evitar. Elas discutiam sobre trajes cômicos. Engraçado, sua assistente Lucy ainda tentava se conectar com Hailey enquanto Faith encontrou um interesse comum com tanta facilidade. Ken estava em La Cienega quando Hailey retransmitiu para eles a saída 3B e foram em direção ao sul na I-405. A princípio, ele pensou que O'Neal ia para Santa Monica Airport, mas agora tinha a sensação de que sabia o destino do designer. Ele inverteu sua seta e virou para o oeste, na Slauson Avenue. — Por que pegamos essa estrada? — Perguntou Faith. — Eu tenho uma ideia de onde O'Neal vai. — Só um segundo, Hailey — disse Faith, em seguida, mudou de posição, para que pudesse olhar para ele. — Onde? — Ele vai à casa de sua joalheira. — Deidre? Ela vive em Burbank — disse Faith. — Ela se mudou há cerca de dois meses atrás para um complexo, perto de Marina Del Rey. Diga à Hailey para ligar de volta quando eles


virarem em direção à marina. — Ele esperou até Faith desligar o telefone, em seguida, continuou. — Enquanto você estava em Nova Iorque, eu descobri algumas coisas interessantes sobre Deidre. Algo em sua voz disparou sinos de alerta na cabeça de Faith. — Como o quê? — Primeiro: Deidre não é seu verdadeiro nome. Ela nasceu Charlene Butler, em uma pequena cidade no Texas, trabalhou em um restaurante local após o colegial e se casou com algum perdedor que costumava espancá-la. Quando ele morreu em um misterioso incêndio, ela deixou a cidade. Ela deslizou sob o radar, não pagando impostos ou até mesmo tendo um endereço. Em seguida, ela ressurgiu em LA como Deidre Jamison, uma fabricante de joias. Faith tentou se lembrar de qualquer coisa que teria lhe alertado sobre... Deidre. — Suas referências de caráter foram checadas. Eu conversei com um de seus professores e os gerentes nas duas lojas de joias. — Isso é porque uma Deidre Jamison foi para Chattanooga College e trabalhou nessas lojas. Encontramos o livro de registro e vimos arquivos de funcionários. Deidre Jamison não tem semelhança alguma com a mulher que trabalha com você. Como vocês se conheceram? — Ela entrou na minha loja alguns meses depois de aberta, e me mostrou sua coleção de joias. Elas eram excepcionais. — Talvez ela as fez, talvez conheceu a real Deidre Jamison, eu não sei. Mas ela é muito engenhosa, o que explica por que vive confortavelmente em uma casa resort que custa mais do que ganha. — Como você sabe quanto ela ganha? — Não pergunte como — ele acrescentou e riu. Faith não sabia como ele poderia achar qualquer coisa engraçada em um momento como este. O sentimento de traição voltou, mais forte do que o que Faith sentiu quando soube sobre o roubo de Sean. Ela deu


uma chance para Deidre, deu a ela um bom negócio para vender suas joias em sua loja e projetar mais especificamente para ambos os catálogo da Falasha, alta costura e linhas de prontos-para-vestir. Sissy, inclusive, planejava apresentar as joias de Deidre em um filme chick flick futurista no próximo ano, tudo sugestão de Faith. Quantas vezes Deidre falou com ela sobre seus problemas de dinheiro? Ao mesmo tempo em que minava seu negócio com a venda de seus designs para Sean. — Diga alguma coisa — Ken pediu. Faith não poderia começar a expressar o caos em sua mente. Ela olhou para a noite, os edifícios passando num piscar, e carros zunindo por eles sem vê-los. Ela não tinha certeza de quanto ela poderia suportar esta noite. Perder-se nos braços de Ken após a confirmação do roubo de Sean foi uma correção temporária. Ela não podia mais ignorar seus problemas porque eles continuavam a piorar. — Se foi ela, eu a quero na prisão — disse Faith. Ken concordou. — Sean também. — Você tem certeza disso? — Sim. Eu sei que não podemos pegá-lo por roubar meus designs, além de humilhá-lo, mas deve haver uma maneira de conectá-lo ao roubo e à condição de Molly. — Não deve haver, mas primeiro vamos obter a prova que eles estão trabalhando juntos. Faith recostou-se contra seu assento e esperou por Hailey contatálos, sua mente uma bagunça confusa de soluções inúteis, possíveis. Ela não conseguia pensar além do fato de que Deidre ou Charlene poderia têla traído. A traiu, ela corrigiu, irritada consigo mesma por esperar que Ken estivesse errado. Eles cruzaram com a van em Marina Freeway. Embora houvesse vários carros entre eles, eles seguiram, fizeram uma curva à direita, em


seguida, à esquerda. Eles pararam atrás dele em Redwood Avenue, ao lado de um lindo complexo de três andares com Ocean View escrito acima da porta da frente. O carro esporte de Sean brilhava sob a luz de segurança junto às palmeiras perto do meio-fio. Faith se inclinou para frente, seu olhar no carro, antecipação deixando-a tensa. Sua atenção se mudou para Ken quando ele alcançou sua bolsa na parte traseira, tirou um fone de ouvido menor do que o sem fio que ela utilizou com Hailey e entregou a ela. — Este sistema é realmente um walkie-talkie de alta tecnologia. Você pode ouvir tudo o que eu ouvir e se comunicar comigo também pressionando esse botão. — Ele indicou um botão verde. Em seguida, ele tirou um laptop pesado, abriu-o, então, apertou o botão de ligar. Enquanto a máquina inicializava, ele tirou um pequeno cartão SD, o qual inseriu em uma abertura na armação de um par de óculos. Outro cartão entrou no computador. Após digitar algumas palavras, uma janela apareceu. Não demorou muito para Faith perceber que as imagens na tela do computador vinham dos óculos. — Você tem uma câmera em seus óculos? — Perguntou Faith. — Sim, infelizmente, não grava sons. É por isso que você precisa do fone de ouvido. — Ele passou o laptop para ela. — Agora você pode ver tudo o que eu ver e ouvir o que eu ouço. Faith segurou seu rosto e beijou-o. — Pegue-o. Ela voltou a estudar o carro de Sean. A porta se abriu e ele saiu. Então ele chegou à parte de trás e tirou os sacos de roupa, pendurou-os por cima do ombro e, sem olhar para a esquerda ou direita, marchou até a entrada. Ela não percebeu que Ken já deixara o SUV até vê-lo pelo canto do olho. Ele parou para falar com seu pessoal na van antes de seguir Sean. Através da porta de vidro, Sean era visível enquanto falava com um homem magro, calvo, possivelmente, o guarda da segurança, antes de


desaparecer de vista. Ken entrou no prédio e Faith estudou o feed do gravador dele na tela do computador em seu colo. O teatral hall parecia um hotel: piso de mármore, teto alto teatral com um bonito candelabro, carpete de fibra artificial e sofás à direita, no que parecia ser um lounge de visitantes e um escritório atrás de um balcão com a parte de cima de mármore. Uma piscina olímpica era visível através da porta traseira. O mesmo guarda que falou com Sean se aproximou de Ken. — Posso ajudar? Ken mostrou um cartão. — Kenneth Lambert, LAPD, Divisão de Crime Comercial, seção de fraudes. Estou trabalhando disfarçado em um caso de fraude de seguros envolvendo roupas de grife. Você conhece o homem que acabou de passar com sacos de roupa? — É amigo da senhorita Jamison, Sr. O'Neal. Posso ver a identificação novamente, senhor? — Perguntou o guarda desconfiado. — Levarei isso um passo mais longe... uh, qual é o seu nome? — William Hanks — o guarda forneceu. — Hank, eu ligarei para o Oficial Fitzgerald da polícia de Los Angeles, delegacia de West Hollywood, para reforçar minha história se isso tranquilizar a sua mente. — Houve uma pausa enquanto Ken discava o número de Eddie. Então Faith o ouviu dizer: — Fitzgerald? Temos O'Neal. — Houve uma pausa. — Sim, eu sei que horas são. Você quer ou não? — Houve outra longa pausa, em seguida, ele recitou o endereço dos condomínios. — Sim, ele está na casa de Deidre Jamison, com as evidências. — Outra pausa. — Sim, fale com o guarda de segurança enquanto obtenho alguma prova. — Ken riu. — Claro, coma meu fígado quando chegar aqui. — Ele passou o telefone para o guarda. — Fale com o meu parceiro. O número da senhorita Jamison? — 205 — o guarda disse. Ele tinha uma expressão confusa quando trouxe o telefone celular ao ouvido.


— Existe outra maneira de chegar ao apartamento que não seja o elevador? — Temos escadas traseiras a partir do deck da piscina. — O guarda apontou para o corredor que levava à piscina. — Vá até lá, vire à direita, em seguida, tome a terceira escada para o segundo andar. — Obrigado por colaborar com a aplicação da lei local, Hank — disse Ken. — Agora fale com o meu parceiro e seja seus olhos e ouvidos, até que ele chegue aqui. Ele precisa saber tudo que o Sr. O'Neal fez e disse esta noite. O guarda sorriu, seu peito estufado. — Sim, senhor. Faith estava impressionada. — Isso foi bom — disse ela após Ken decolar em direção à piscina. Ken riu. — Feliz que você aprova. — Eddie ficou zangado? — Ele vai superar isso. Ele quer O'Neal atrás das grades tanto quanto eu. Não posso falar mais, querida, mas assista a tela. — Ele correu até a porta e virou à direita. As luzes azuis da piscina olímpica e as luzes de segurança nos canteiros ao longo da calçada paralela a ela tornava fácil ver tudo que Ken via. A maioria das casas do piso térreo tinha seus números gravados nas paredes abrangendo quintais privados. Escadas levavam ao segundo andar de apartamentos e lofts. Ken abrandou perto da escada e olhou para o corredor. A princípio tudo que Faith viu foi o corredor, então, Sean apareceu. Ele estava do lado de fora de uma porta sem os sacos de roupa, o que significava que ele estava saindo. Estava de costas para Ken e Deidre não era visível. Faith ainda esperava que Deidre não a tivesse traído. Ela focava em Sean.


No começo, não conseguia ouvir o que ele dizia, em seguida, as palavras a alcançaram. — Ligue para mim quando estiver pronto — disse Sean. — Eu vou — a voz estridente de Deidre respondeu. Em seguida, ela cruzou o limiar, seu corpo de 1,65 metros em um roupão de seda vermelho amarrado, cabelo loiro despenteado. Ela abraçou Sean. — Não se preocupe. Quando eu terminar, ela não terá nada para te conectar com os designs. — Apenas se livre deles — Sean ordenou, em seguida, virou e encaminhou-se para Ken. A tela ficou em branco. Faith esperou, seu coração batendo com medo. — Ken? Você está bem? — Perguntou ela. Sem resposta. Sem visuais. Era como se tudo tivesse acabado de desligar. Faith engoliu. Por favor, deixe-o ficar bem. — Ken? Ela não queria se preocupar, mas não podia evitar. Talvez ele não pudesse falar sem dar a sua posição. A espera foi muito dolorosamente lenta, e seu estômago se agitou com nervosismo. Sean caminhou para fora do prédio como se não tivesse nada com o que se preocupar, como se não estivesse destruindo lentamente a sua vida. Faith lutou contra a vontade de sair do SUV e confrontá-lo, mas isso seria contraproducente. Não havia nenhum ponto em deixá-lo ciente de que eles sabiam sobre ele e Deidre. Ele pulou de volta em seu carro e saiu em disparada. No próximo segundo, a van saiu atrás dele. Ken ainda não havia aparecido. Sua preocupação cresceu. E se ele foi ferido e não podia se mover? — Ken? Nada. — Droga, Ken. Responda-me agora ou... — Voltando. — O feed de vídeo voltou ao mesmo tempo em que o áudio. Ele estava de volta ao hall de entrada, onde o guarda de segurança


esperava com seu telefone celular. — Você falou com o detetive Fitzgerald? — Sim senhor. Ele está a caminho. Disse que você deve esperar por ele. — O homem devolveu o telefone celular a Ken, em seguida, perguntou: — Então a senhorita Jamison está sob investigação? — Desculpe, não posso discutir o caso, mas você poderia nos ajudar respondendo a algumas perguntas. — Qualquer coisa para ajudar, policial. — Quantas vezes o Sr. O'Neal visita a senhorita Jamison? — Eu acabei de começar a trabalhar no turno da noite, mas ele veio algumas vezes durante o dia. Os visitantes devem assinar o registro, de modo que devemos ter um registro do número de vezes que ele visitou. — Ele abriu o caminho para seu escritório, onde tirou um livro grosso. Assinaturas não se alteravam, e Faith conhecia a de Sean desde os anos do DHS. Ela estudou as entradas enquanto Ken virava a página. A frequência das visitas de Sean aumentou nas últimas semanas. Geralmente à noite. Não é de admirar que o pessoal de Ken não gravasse conversas telefônicas entre ele e Deidre. Em vez de ligar, eles se encontraram. — Você tem câmeras de segurança neste lugar? — Perguntou Ken. — É claro. No hall de entrada e na porta da frente — disse o guarda. Faith foi distraída por uma sirene. Ela se virou para olhar logo quando ela desligou, mas reconheceu o SUV de Eddie quando ele entrou na rua. Ela debateu se saía e falava com ele quando ele parou em frente ao prédio. Antes que pudesse decidir, seu primo saltou de seu veículo e correu para a porta, o casaco voando. Sua atenção se voltou para a tela do computador enquanto Eddie entrava no foyer. — Já era tempo de você chegar aqui, detetive — disse Ken.


— Eu estava na cama, Lambert — Eddie resmungou. — Hank, certo? — Perguntou ao guarda. — Sim, Oficial Fitzgerald. Vou levá-lo ao apartamento da senhorita Jamison. — Isso não será necessário, pois meu parceiro aqui já sabe disso, mas a polícia de Los Angeles agradece a sua cooperação. — Apenas sendo um bom cidadão, policial — disse o guarda, estufando o peito novamente. Eddie agarrou seu ombro. — Isso é tudo o que pedimos, Hank. Mostre o caminho, detetive. — Por aqui — disse Ken, levando Eddie em direção a um conjunto de portas de elevador. — Assumirei a partir daqui. Vá para casa, Lambert. — Eddie entrou no elevador, virando-se para encarar Ken. — Vamos, Eddie. Nós fizemos até aqui. Deixe-me ver isso. — Não. Estou assumindo, e isso significa fazer tudo de acordo com as regras. — Que diferença minha presença fará? — Você não tem licença para questioná-la ou entrar na casa dela. Eu tenho. — Pelo menos use isso, para que possamos ver o que está fazendo. — Ken deve ter tirado os óculos porque as imagens borraram, em seguida, tudo que Faith via era o chão acarpetado fora do elevador. — Há uma câmera escondida aqui e este fone de ouvido capta sinal de áudio. — Nós? — Perguntou Eddie. — Faith está no carro, ouvindo e vendo tudo o que está acontecendo aqui. — Droga, Lambert. Você não tinha que trazê-la aqui, na calada da noite. E não me diga que ela ameaçou você fortemente — respondeu


Eddie, mas ele deve ter aceitado os óculos porque um segundo o vídeo mostrava o chão e no próximo o belo rosto de Ken. — Ela ameaçou. Ou não percebeu quão potente é o sorriso dela — Ken disse com um sorriso quando a porta do elevador se fechou. Faith sorriu. — Obrigada por vir fazer isso, Eddie — disse ela, sabendo que seu primo a ouviria. — Era isso ou jogar seu namorado na cadeia por se passar por um policial. Ele é imprudente, arrogante e não sabe quando parar. — Não estaríamos aqui se não fosse por Ken e seu pessoal, Eddie — Faith repreendeu-o suavemente. — Dê-lhe algum crédito por isso. — Eu não disse que ele não era bom em seu trabalho. Eu só não gosto de ver você arrastada para coisas que você não está preparada para lidar. — O elevador se abriu e ele saiu. — A terceira porta à sua direita — Faith instruiu. — Ken não me arrastou para isto. Sean fez isso roubando de mim. — Eu sei. — Eddie suspirou. — Eu tenho os óculos e o fone de ouvido, então assista de longe, mas é isso. Você está no SUV que eu vi na rua? — Sim. — A porta se abriu e Ken deslizou atrás do volante. — Ken está aqui agora. — Eu falarei com vocês dois mais tarde. Não importa o que você ouça ou veja, não venha aqui. — Ok. — Faith removeu o fone de ouvido e ofereceu a Ken. — Eu espero que ela confesse. Ken ouviu a emoção em sua voz e esperava que não fosse prematura. Uma mulher que pode entrar e sair do radar como Deidre não era estúpida, mas ele não disse nada. Faith já teve o suficiente esta noite e ele não precisava desencorajá-la.


Na tela, Eddie parou diante da porta de Deidre e bateu nela. — É o L.A.P.D., abra. Silêncio. Eddie esperou, em seguida, bateu mais alto. — Abra a porta, senhorita Jamison. É a polícia. Um ferrolho clicou, em seguida, a porta se abriu para revelar uma Deidre carrancuda. Ela apertou o cinto em seu vestido de seda. — O que está acontecendo, policial? Eddie mostrou o distintivo. — Eddie Fitzgerald, L.A.P.D., senhorita Jamison. Precisamos falar sobre o Sr. O'Neal. Deidre olhou para cima e para baixo no corredor antes de olhar para Eddie. — Você é parente, uh, de Faith Fitzgerald? — Não vejo por que isso é relevante — Eddy respondeu com uma voz calma, mas firme. — Podemos ter essa discussão em seu apartamento, senhorita Jamison, ou na minha delegacia. Uma porta se abriu no final do corredor e uma cabeça espreitou. Deidre recuou e deixou sua porta aberta para Eddie segui-la. — Entre. Ela levou Eddie para sua sala de estar, virou-se e viu-o com cautela, de braços cruzados. Ela não ofereceu um assento, embora tivesse dois sofás e um divã. Os quatro sacos plásticos estavam empilhados em um dos sofás. — O que posso fazer por você, Oficial Fitzgerald? — Ela perguntou. — Sente-se, minha senhora. — Eddie tirou uma caneta e caderno do bolso do casaco, esperando até que Deidre sentasse antes de falar. — Para o registro, diga o seu nome? — Não preciso de um advogado presente? — Se você acha que precisa de um, vá em frente e faça a ligação, senhora. Não estou te acusando de nada ainda. Eu só preciso verificar algumas coisas. — Eddie fez uma pausa. — Você precisa ligar para o seu advogado?


— Não. E meu nome é Deidre Jamison. — Você também se passa por um nome diferente? — Perguntou Eddie. Ela hesitou, em seguida, murmurou: — Não. — Senhorita Jamison, mostrei a sua foto para o xerife local em Coahoma, Texas, e ele jurou que era Charlene Butler, nascida em 1978, de Cynthia e Bobby Joe Butler. Após o colegial, Charlene casou com Earl Mayes, antes dele morrer poucos meses depois em circunstâncias misteriosas, deixando-lhe sua caminhonete e casa. Eu não me importo de você fugir às pressas da cidade antes da poeira assentar em seu túmulo, senhorita Jamison. Apenas queria que confirmasse que você diz ter por um nome diferente. Deidre ergueu o queixo. — Charlene Butler foi o meu nome de nascimento. Não há nenhuma lei contra mudar de nome. — É um crime assumir a identidade de outra pessoa e reclamar o seu CPF como o seu próprio. Você fez quando assumiu a identidade de Deidre Jamison. Até agora, você usou o nome e CPF dela apenas para encontrar emprego e alugar este lugar. Esses são pequenos delitos para os quais você pode pagar uma multa e seguir em frente, mas quando você está envolvida em atividades criminosas, você ficará presa um tempo e pagará uma multa mais pesada. Você entende o que estou dizendo, senhorita Butler? — Não cometi nenhum crime — disse Deidre. — E, por favor, eu sou Jamison, não Butler. — Ok. Você está em posse de propriedade roubada, senhorita Jamison. Deidre franziu a testa. — Que propriedade roubada? — Na noite passada, um grupo de designers realizou um leilão de caridade para as vítimas do furacão, mas até o final da noite, alguns dos vestidos desapareceram. Os vestidos pertencem à Dublin House of Styles.


Recebemos um telefonema anônimo uma hora atrás, de que os vestidos estão em sua posse. Deidre engoliu, seu olhar indo para os sacos de roupa azul-marinho com o logotipo DHS. — Quem relatou os vestidos desaparecidos? — Um Sr. Sean O'Neal. Deidre saltou para seus pés. — O bastardo. Ele está tentando me incriminar. — Ela apontou para os sacos de roupa. — Ele largou aqueles aqui há alguns minutos atrás, me disse para me livrar deles. — Por favor, sente-se, senhorita Jamison. Ela perambulou. — Por que ele está fazendo isso comigo? Estou presa? — Não, mas se você precisa chamar um advogado, faça isso agora. Os vestidos valem muito dinheiro, e estão segurados. Parece que você e O'Neal planejam fraudar a companhia de seguros dele. — Não, nós não planejamos — Deidre gritou. — Ele deixou-os e me disse para me livrar deles. Isso é tudo. — Sente-se, senhorita Jamison. Deidre sentou, mas seus olhos continuavam correndo em direção aos sacos de roupa. — O Sr. O'Neal é um amigo seu? — Perguntou Eddie. — Não. Ele é parceiro de negócios. Pelo menos eu achava que era, até que ele me pediu para espionar para ele. Eu fui estúpida e precisava de dinheiro, então eu concordei. Não queria que as coisas fossem tão longe. Agora ele está me enquadrando. — Você pode explicar exatamente o que o Sr. O'Neal pediu para você fazer? Deidre mexia, os olhos deslocando para a esquerda, onde as roupas estavam. — Cerca de um ano atrás, eu fui ao seu showroom com uma proposta. Eu desenho joias e estou sempre à procura de designers de moda dispostos a mostrar o meu trabalho em seus showrooms ou desfiles de moda. Vários designers locais já mostravam minhas joias quando me


aproximei do Sr. O'Neal. — Sua voz tremeu quando ela continuou. — Ele não estava interessado até explicar que eu trabalhava com outros designers, incluindo Falasha Designs. De repente ele queria ver mais de minhas peças. Depois de algumas reuniões, ele escolheu várias peças, pagou por elas e encomendou mais, mas continuou a perguntar se a senhorita Fitzgerald gostava dos mesmos designs. Logo ele perguntava quais ela gostava e por quê. Quanto mais eu respondia mais ele comprava. — Seus olhos ficaram brilhantes e seu queixo tremia. — Foi quando eu cometi um erro. — Um erro? — Perguntou Eddie. — Eu mencionei um vestido em que a senhorita Fitzgerald trabalhava no momento e por que a minha peça era perfeita para ele. Ele perguntou se podia ver o design. O vestido pode estar aqui. — Deidre levantou e foi para os sacos de roupa. Um por um, ela abriu o zíper e puxou-os, jogando-os no outro sofá. — Eles são todos meus — Faith sussurrou, inclinando-se para a frente. Ken deslizou a mão em sua nuca. — Pegamos O'Neal, querida. Ela está cantando como um canário. — Ele não está aqui — disse Deidre. — Está tudo bem, senhorita Jamison. Sente-se e termine. As lágrimas brilhavam nos olhos de Deidre. — Eu sinto muito, policial, mas isso é muito estressante. Eu pensei que dando a ele o design seria o suficiente, mas ele queria mais. — Quantos você deu à ele? — Perguntou Eddie. Deidre mexia. — Cerca de uma dúzia. — Incluindo a coleção da Senhorita Fitzgerald? — Apenas as jaquetas. Eu sinto muito. — Deidre deu à Eddie um olhar suplicante, uma lágrima escapando e rolando pelo seu rosto. — Eu vou para a cadeia?


— Isso depende — disse Eddie. — Você sabia que ele contratou uma dupla de bandidos para vandalizar a loja da senhorita Fitzgerald? Os olhos de Deidre se arregalaram, em seguida, ela acenou com a cabeça bruscamente. — Que tal um ataque à assistente da Sra. Fitzgerald? — Ela postou um vídeo de Sean online. Ele estava muito zangado. Eddie se inclinou para frente. — Vou ser franco com você, senhorita Jamison. Você está profundamente nessa confusão. Se não quer ir para a cadeia como parceira dele, trabalhe conosco para derrubá-lo. — Sim! — Deidre mudou-se para a borda da cadeira. — Eu farei qualquer coisa. — Bom. — Eddie empurrou o bloco e uma caneta para Deidre. — Primeiro, escreva tudo o que você acabou de me dizer e assine. Então, vamos conversar. Deidre começou a escrever. Ken se inclinou para trás e riu. — Nós o pegamos. — Você o pegou — Faith corrigiu e passou os braços em torno de sua cintura. — Assim como eu sabia que faria.


CAPÍTULO 16 Faith estava sozinha na cama quando acordou no dia seguinte. Ela passou a mão sobre o travesseiro ao lado dela, tocando a marca que a cabeça de Ken deixou para trás. Onde ele estava? A porta do banheiro estava aberta, então ele não poderia estar no banho. Ela inclinou a cabeça e ouviu sons do andar de baixo. Nada. Franzindo a testa, ela se sentou e gritou: — Ken? Nenhuma resposta. O relógio ao lado da cama dizia que era quase uma. Não é de admirar que ele fosse embora. Deidre estaria reunida com Eddie na sua delegacia às 13:00. Ken insistiu em estar lá, embora Eddie tenha dito que não. Faith sorriu. A forma como esses dois mediam forças sobre tudo e frequentemente, ela aprendeu a não entrar no meio de suas discussões. Faith ainda não podia acreditar que Deidre estava disposta a usar um grampo e gravar Sean. Se o grampo funcionasse, Sean já não seria um problema. Faith teria os designs que ele roubou de volta, e parte da coleção dele removida. Ken até ofereceu a Eddie seus aparelhos de alta tecnologia para agilizar o processo, mas Eddie não quis ouvi-lo. Ele queria fazer tudo de acordo com a lei, então, Sean não poderia burlar o sistema. Suspirando, ela caiu de costas na cama. Com a confusão de Sean ficando para trás, ela poderia investir mais em seu relacionamento com Ken. Eles não tiveram um momento para simplesmente relaxar, sem os seus problemas pairando no fundo de sua mente. Ela voltou sua atenção para o quarto. Embora espaçoso, era escassamente mobiliado, a cama king-size dominando metade dele. Ela


podia se divertir redecorando-o, substituindo as pesadas cortinas listradas, que não eram feias, caso você gostasse de cores terrosas. Ela não gostava. Uma luminária poderia interromper a monotonia do tapete marrom-escuro manchado e da cômoda reta com um espelho, adicionaria um toque de elegância intemporal. Eita, ela precisava examinar a sua cabeça. Ela mal voltou com o homem e já redecorava mentalmente o quarto dele. Logo ela começaria a pensar em esquemas de cores para a sala de estar, pias dele e dela em seu banheiro simples... casamento. Fazendo uma careta, ela fugiu para a beira da cama e se levantou. Apenas de calcinha, ela invadiu o armário de Ken, em seguida, foi tomar banho. Quando saiu mais tarde, seu cabelo envolvido em uma toalha, ela fez uma pausa para estudar-se no espelho. A camisa dele batia no meio de suas coxas. No andar debaixo, ela pegou o celular da bolsa e se dirigiu para a cozinha. Ken deixou uma nota na porta da geladeira. Ela sorriu ao lê-la. Sim, eles comemoraram quando chegaram em casa. Foi um bom começo. Ela reiniciou a máquina de café, instalou-se em um banquinho perto da ilha de cozinha, e verificou as ligações que perdeu. O sorriso morreu em seus lábios quando viu que Sean ligou várias vezes para ela. Deixe-o apodrecer no inferno. Deidre ligou para ela também. Corajosa. A única maneira que ela falaria com aquela mulher era depois que ela ajudasse a colocar Sean atrás das grades. Faith franziu a testa ao ver mais ligações perdidas de Ashley, seu pai, a mãe de Molly, e Jordan, o empreiteiro que trabalhava em sua loja. Primeiro, ela ligou para a mãe de Molly. — Como ela está, Sra. Bolden? — Ela está estável. Os médicos dizem que ela ficará bem. — Sua voz tremeu um pouco. — Desculpe, eu não retornei suas ligações. Eu queria, mas estava tão exausta todas as vezes que voltava ao meu hotel.


— Você gostaria que eu passasse aí e ajudasse, e levasse alguma coisa? — Não querida. Meu marido está aqui também e estamos revezando. Prometo ligar para você assim que ela melhorar. Posso te perguntar uma coisa? — Claro, Sra. Bolden. O que é? — O Detetive Fitzgerald passou aqui ontem e falou comigo sobre as pessoas que feriram minha Molly. Ele disse que ele é seu primo. — Sim ele é. Se alguém pode pegá-los, é Eddie. — Você promete me ligar se ele encontrar alguma coisa? — Eu irei. — Após desligar, Faith se sentiu terrível por não poder dizer para a mãe de Molly sobre Sean. Poderia não ter nenhuma prova de que ele realmente contratou esses dois bandidos, mas ele não negou quando ela acusou-o também. Ainda surpreendia-lhe que um homem tão sofisticado sabia onde encontrar bandidos para alugar. Servia para mostrar o quão pouco ela o conhecia. A próxima ligação foi para o empreiteiro. Faith sorriu enquanto o ouvia. — Obrigada, Jordan. Passarei por aí em algumas horas. Faith foi até a geladeira, abriu-a e procurou algo para beliscar enquanto esperava por Ken. As sobras de ontem à noite estavam em recipientes de plástico, mas não estava no clima para algo pesado. Uma caixa de iogurte chamou sua atenção. Ela pegou um, e rapidamente discou o número de Ashley enquanto procurava uma colher. — Ei, você famosa designer — Ash brincou. — Já era hora de você retornar minha ligação. — Melhor tarde do que nunca. — Faith se apoiou na ilha da cozinha e tirou a tampa do iogurte. — O que você quer dizer com famosa designer? — Quer dizer que não leu o jornal hoje? As páginas de entretenimento tem um artigo sobre o desfile da noite passada. Adivinha a roupa de quem teve o lance mais alto, chamou a atenção de um


determinado colunista, e tem três fotos exibidas para o mundo inteiro ver? Faith sentou em um banquinho, seu coração pulando. — O que você está dizendo? — O título diz, A Próxima Designer Para Prestar Atenção. Corra para fora e obtenha uma cópia, Faith, leia, então, me ligue de volta. Você tem algumas explicações a dar, como por que você estava com seu ex, em primeiro lugar. — É uma longa história. — Faith comeu uma colherada de iogurte, sua mente correndo. Ter seu nome lá fora antes do desfile poderia ser uma bênção. — Venha para a minha casa prontamente e me conte tudo. — Eu não posso. — Por que não? — Estou na casa de Ken sem meios de transporte e nada para vestir, exceto... — ela olhou para suas pernas nuas e sorriu, — as roupas dele. Houve silêncio na linha, em seguida, uma risada, que se tornou uma gargalhada. — Será que ele escondeu suas roupas? Levou a sua carteira e as chaves, para que você não desapareça? Faith riu. — Você tem uma imaginação fértil. Já passou pela sua mente que eu sou uma prisioneira de boa vontade? — Ele não te amarrou na cama e jogou a chave fora, não é? — Que ideia. — Faith riu, deu uma colherada no iogurte, e trouxe-a para sua boca. — Ele disse à Ron que estava tentado a fazer isso. Faith quase se engasgou com o iogurte e cuspiu gotas sobre o balcão com diversão. Ela pegou uma folha de papel toalha e começou a limpar, visões dela à mercê de Ken piscando em sua cabeça. Ela provavelmente adoraria enquanto prometia vingança.


— Faith? Ela jogou o resto do iogurte na lata de lixo. — Quando ele compartilhou este pequeno petisco? — Quando me protegia e você deu uma festa de despedida de solteira para Jade. — Eu não posso acreditar que ele disse ao seu marido algo pessoal, e Ron repetiu. Ashley riu. — Aceite, meu homem e o seu são amigos, e eu tenho habilidades loucas no quarto. — Eew, eu não quero saber — Faith disse, rindo. — Oh, por favor, você gosta de algumas coisas pervertidas também, senhorita. Não pense que eu esqueci as algemas que você levou para minha despedida de solteira. Talvez você vá algemá-lo e jogar a chave fora. — Eu vou desligar — Faith advertiu. — Ainda não. Como você nunca me disse que vocês dois ficaram no dia do meu casamento? — Você estava em sua lua de mel, e eu não tinha ideia de que Ken e eu seríamos tão... — seu coração pulou uma batida quando ele entrou na cozinha com um saco pesado em seus braços e dois copos extragrandes de refrigerantes em um suporte. Certamente, todo o trabalho com Deidre não terminara ainda. — Tão o quê? — Ken deu um sorriso que transformou suas entranhas em geleia. — Ash, vamos conversar mais tarde. Tchau. — Faith desligou o telefone, seu coração acelerando. — Como foi com Deidre? Ken colocou sua oferenda sobre o balcão e andou até onde ela estava, amando o jeito que ela usava sua camisa. Ele deslizou seus braços ao redor da cintura dela e a trouxe encostada a ele. Em vez de responder, ele se concentrou na conversa que interrompera.


— Seríamos tão o quê? — Perguntou. — Bons juntos — disse Faith, colocando os braços em volta do pescoço dele. Essa era a sua mulher, dizendo isso a ele diretamente, sem fazer joguinhos. — Eu concordo. — Ele a beijou. Ela tinha gosto de morangos e pura decadência. Ele saboreou a essência dela, sua mão se movendo para baixo, onde sua camisa e a pele dele começavam, e acariciou as coxas de seda. Ela agarrou seu pulso e afastou os lábios dos dele, mas ele já sabia. Ela não estava usando calcinha. — O que aconteceu? — Ela sussurrou. — Seu primo me expulsou porque Deidre estava atrasada. Faith franziu a testa. — Atrasada? Isso não parece bom. — Ela estava presa no trânsito e ligou. Eles triangularam a chamada. Ela estava na cidade, não em fuga. Não se preocupe, Eddie nos manterá atualizados. — Ok. Vamos ver o que você nos trouxe. — Dando um sorriso atrevido, ela virou lentamente e se inclinou para frente para inspecionar o conteúdo do saco. Ken engoliu quando sua camisa subiu nas pernas bem torneadas e sangue correu para sua virilha. — Cheeseburgers e batatas fritas? — Ela perguntou, estremecendo. — Não zombe do meu primeiro amor — ele a repreendeu, e foi para o lado dela. — Homens de verdade comem carne. Não importa se é bife ou hambúrgueres. Mas apenas no caso de você não gostar de carne vermelha, eu também comprei sanduíches italianos e salada de camarão. — Obrigada. — Seus olhos se iluminaram quando viu o jornal, mas tudo o que fez foi empurrá-lo de lado. Ela ofereceu a ele os dois cheeseburgers e as batatas fritas, então cavou mais fundo e tirou a tigela de salada, sentou e cruzou as pernas. O sorriso que ela deu a ele foi lento,


como se soubesse que seus movimentos o hipnotizavam. — Vamos comer. — Não sei o que é pior; a tortura de saber que você realmente não está usando nada por baixo dessa camisa ou eu antecipando removê-la. — Posso me livrar da camisa — brincou ela, com os olhos brilhando. — Você faz isso, e não haverá almoço para você, então se comporte. — Ele se estabeleceu em um banquinho ao lado dela, desembrulhou um hambúrguer, e jogou as batatas fritas ao lado dele. Ele sorriu quando Faith abriu a salada, acrescentou o tempero e cubinhos de torrada, em seguida, pegou um garfo de uma gaveta em vez de usar o de plástico que veio com ela e começou a comer. Sorrindo, ele deu uma mordida vigorosa no hambúrguer, os sucos picantes da carne misturados com vegetais explodindo em sua boca. Quando olhou para cima, Faith olhava para ele com um sorriso complacente. — Quer o outro? — Perguntou. Ela estremeceu. — Não, obrigada. — O que você tem contra hambúrgueres? Ela riu. — Eu comi muito fast food enquanto crescia. Comer fora sempre significava ir à alguma rede de fast food, e em casa, cachorroquente de Nana... especialidade da minha avó. — Faith sorriu. — Ela acrescentava no macarrão com queijo, no molho de espaguete, fritava-os com arroz e macarrão. Ela era boa em fazer de cada refeição uma aventura. Eu cresci acreditando que cachorro-quente era um alimento regular até que fui para a escola. Interessante quão diferente foram suas educações. Sua mãe não gostava de fast foods, e a educação escolar em casa tornava fácil para ela monitorar seus hábitos alimentares. — O que ela fazia para viver? — Nana cuidava de mim enquanto a mamãe trabalhava. A conversa anterior deles brilhou em sua cabeça. — Ela era uma showgirl, certo?


Faith pousou o garfo, um pequeno sorriso em seus lábios. — Sim. — Alguma vez você assistiu à apresentação dela? — Não, mas quando a doença da minha avó piorou e ela teve que ser hospitalizada, mamãe me levava com ela. As dançarinas não eram autorizadas a levar seus filhos, então eu me escondia na parte de trás. — Seu sorriso alargou como se revivendo aqueles momentos. — Todo mundo estava nisso – as outras dançarinas, as figurinistas, as maquiadoras. Era como um jogo, mas minha mãe teria sido demitida se o gerente tivesse me encontrado. A melhor parte era ver as dançarinas vestir-se. Elas pareciam incríveis, mas minha mãe... — Faith balançou a cabeça, os olhos brilhando. — Ela realmente amava o que fazia e mostrava em seus olhos, seu sorriso. Ela não era a estrela do show, mas ofuscava todas elas. — Ela riu timidamente. — Ou eu era tendenciosa. — Você a amava. — Totalmente encantado com a história dela, Ken parou de comer. Faith assentiu. — Ela teria ficado emocionada que eu fiquei com a moda. — Então, ser uma designer sempre foi o seu sonho? Ela assentiu com a cabeça. — De certa forma. No início, eu assistia as dançarinas e estudava suas fantasias. Mais tarde, fingia ser sua designer e esboçava roupas após terminar com a minha lição de casa. Eu saía do meu esconderijo, enquanto elas estavam no palco, e tocava suas fantasias. Você poderia dizer que meu interesse em tecido começou ali. Notei quais fluíam melhor quando se moviam, lisonjeava suas figuras, o que eles utilizavam para compensar diferentes tamanhos de corpo. Quanto mais aprendia, mais eu queria saber. Eu deixei Gemma louca. — Gemma? Faith deixou cair o queixo sobre a palma da sua mão, sua expressão nostálgica. — Gemma Frost era... é a minha madrinha, se ainda estiver viva. Ela fazia os figurinos para as dançarinas e sempre me observava


para minha mãe. Quando meu pai finalmente nos encontrou, foi Gemma quem arranjou seu casamento. — Eles se casaram em Las Vegas? — Ah sim. Papai estava no quartel de Okinawa no momento e estava prestes a sair, por isso não houve tempo para um casamento elaborado na igreja. Minha família é grande em casamentos. — Outro sorriso levantou os cantos dos lábios dela. — Minha mãe estava tão feliz, e meu pai parecia um príncipe em seu uniforme naval. Ela provavelmente entrou para a história por ter tantas madrinhas. Gemma foi a dama de honra e as outras dançarinas eram as madrinhas. — Faith abriu um dos canudos e empurrou-o na abertura na tampa do refrigerante mais próximo. — Meu pai me fez acreditar em contos de fadas de novo. No entanto, ela era tão nervosa sobre relacionamentos agora. Ken franziu a testa. O que destruiu sua crença? — Foi todo o clã Fitzgerald na cerimônia? Ela sorriu. — Tio Aaron, o pai de Jade, foi o padrinho do meu pai. Na verdade, o tio Aaron foi quem que nos rastreou. — O sorriso desapareceu de seus lábios. — Não conheci o resto da minha família até mais tarde. Algo em sua voz o fez perguntar: — Eles foram acolhedores? — Alguns sim, outros não. De se esperar, eu acho — acrescentou levianamente, pegou o garfo, e voltou a comer como se a conversa estivesse encerrada, mas a forma como ela agarrou o garfo contou uma história diferente. Ken terminou de comer, mas a curiosidade mastigava suas entranhas. Ele esperou até Faith terminar com sua salada antes de perguntar: — Quem não foi acolhedor? Ela encolheu os ombros. — Isso não importa agora, Ken. Eu acho que terei parte desse sanduíche. — Ela tirou o sanduíche de sua embalagem e pegou metade. Em vez de comer, ela reorganizou os vegetais. Esse foi o primeiro indício de que a pergunta dele a incomodou.


— Quem foi mau com você, Faith? — Ele perguntou em voz baixa. Ela riu. — O que isso importa? Está no passado. O riso forçado foi a segunda pista. — Porque eu quero saber quem foi insensível o suficiente para ser mau com você quando estava vulnerável. Ela fez uma careta. — Eu não estava vulnerável. Minha vida estava completa. — Você acabara de perder sua avó. Faith piscou, então mordeu o lábio inferior, seus olhos se tornando excessivamente brilhantes. — Como você sabia? — Ela sussurrou. — Você me disse que sua avó morreu depois de ver sua mãe se casar. Quem foi, para que eu possa reorganizar o rosto dele? Faith riu. — Você não tem chance contra a tia Viv. Esse nome novamente. Ele não acreditava em violência contra as mulheres, mas essa mulher precisava ser derrubada. — O que ela disse? Faith suspirou. — Ken... Ele tomou-lhe as mãos. — Querida, você pode confiar em mim com qualquer coisa. Compartilhar as coisas, não importa quão desagradável, é o que faz os relacionamentos. Alguma vez você já contou a alguém sobre a sua vida antes de seus pais se casarem? Ela olhou para ele como se pesando suas palavras, ou talvez decidindo o quanto admitir. Ele não tinha certeza. Só quando ele chegou à conclusão de que ela não responderia, Faith sacudiu a cabeça. Ken sorriu. — Você acabou de contar para mim, e estou feliz que você confia em mim o suficiente para compartilhar algo tão pessoal. — Ele beijou os nós dos dedos, seu olhar não deixando os dela. — Eu quero saber tudo sobre você. O que faz você feliz, triste, brava, o que lhe dá essa determinação incrível para ter sucesso em tudo que faz, para ficar otimista, não importa como as coisas pareçam sem esperança.


Ela fez uma careta. — Você me faz soar como um quebra-cabeça que você pretende resolver. — Você é especial, fascinante — disse ele com firmeza. — Fale comigo. Faith estudou-o, em seguida, estendeu a mão e acariciou a bochecha dele, um pequeno sorriso brincando em seus lábios. Então se inclinou em direção a ele e apertou seus lábios contra os dele. O toque foi um mero sussurro, mas ele sabia que representava algo monumental, algo que ele não conseguia definir. Então ela sentou e começou a falar. — Conhecer meus primos, tios e tias foi incrível. Estavam todos curiosos sobre nós, tão acolhedores, especialmente Jade e Ash. Tivemos a Ação de Graças na casa de tia Viv em Sonoma, e o tempo não foi diferente. Foi a minha primeira Ação de Graças com eles e estar perto de tantos parentes tornou-se um pouco esmagador, então eu fui explorar. A casa é uma construção ampla, com muitos cantos e fendas. — Ela correu um dedo ao longo da borda da abertura da tampa da bebida, olhou fixamente para a sua mão, como se hipnotizada por seus próprios movimentos. Quando falou, sua voz era baixa. — Eu não tive a intenção de espionar a conversa. — De quem? — Tia Viv e algumas outras tias. Elas entraram na sala em que eu estava, e eu me escondi. — Ela engoliu em seco, ergueu o queixo e olhou para ele. — Ela achava que eu não era filha do meu pai, mas tinha certeza que minha mãe era um oportunista com moral duvidosa, que usou sua beleza para prender o meu pai. Quanto ao meu pai, ele era um tolo por não fazer um teste de paternidade para acalmar os receios da família. — Um sorriso triste puxou os cantos dos lábios dela, ferindo seu coração em um golpe limpo e parando sua respiração. — Eu não tinha ideia do que ela queria dizer, mas fiquei naquele armário por uma boa meia-hora, enquanto ela reduziu o que meus pais tiveram a algo sórdido. Ken queria enterrar seu punho em alguma coisa.


— Assim que elas saíram, fui em busca da minha mãe e perguntei o que era um teste de paternidade. Eu não queria que a família tivesse medo. Ela explicou e me disse que não havia necessidade de um, porque eu era a filha de meu pai e quem dissesse o contrário era um mentiroso. — Ela respirou fundo e soltou o ar lentamente. — Eu queria acreditar nela. Talvez se ela tivesse vivido, eu teria. Mas ela morreu três anos mais tarde e eu tive de viver em LA e ver a tia Viv muitas vezes. Sempre que ela iria me repreender por ter feito algo errado ou agido, ela vinha com Fitzgeralds não fazem essas coisas ou agem, andam, falam, sentam-se assim. Depois de um tempo eu acreditei que não era uma Fitzgerald. Ken não conseguia falar. Imaginou-se no lugar dela, um órfão aturando aquela mulher má, e sentiu a aflição dela. Mas vendo a vulnerabilidade em seus olhos o fez perceber algo. Ele amava essa mulher. Adorava sua franqueza, sua intensidade e caprichos pessoais, e sua vontade de vencer contra todas as probabilidades, e ficar acima da disputa. Ele queria uma chance de amá-la, apagar a maldade de sua mente, e preenchê-la com lembranças divertidas. — Sua tia não é uma pessoa muito legal. Faith riu. — Ela tem seus momentos. Alguém devia silenciá-la, mas isso não era da conta dele. Faith era. Ele tomou-lhe as mãos. — Viaje comigo por alguns dias. Ela riu. — Você está brincando. — Tirará a sua mente das coisas por um tempo. Sua loja não está pronta e a situação de Sean está praticamente resolvida. — Ele se inclinou para frente e sorriu. — Eu conheço este incrível hotel nas Bahamas. A comida é picante e abundante, e o entretenimento é garantido para te manter ocupada. Ela segurou o rosto dele. — Eu adoraria, mas há tanta coisa que eu preciso fazer antes de reabrir para os negócios. Eu recebi um telefonema de Jordan que a loja está pronta. Além disso, devo encontrar outro


patrocinador, o que significa bater em portas e fazer apresentações. Preciso de pelo menos oitenta mil para alcançar o equilíbrio. — E se eu patrocinar você? — Perguntou ele, gostando da ideia logo que a expressou. Ele tinha alguns ativos líquidos e podia cobrir a diferença com a venda de algumas de suas ações. — Obrigada pela oferta, mas não. — Por que não? — Simplesmente não posso aceitar uma oferta como essa. — Faith pulou. — Vamos elaborar todos os documentos, tal como fizemos quando você pediu minha ajuda com Sean. Assim que começar a fornecer para boutiques você pode me pagar de volta, acrescido de juros. Ela balançou a cabeça. — Não é uma boa ideia. — Por que não? — Seu celular começou a vibrar. Ele ignorou. — Eu quero ajudar você. — Eu não misturo negócios com prazer. — Ela pegou o jornal do balcão e se afastou. — Como é diferente do que faço agora? Você está me pagando para pegar Sean — lembrou. — Isso é diferente — ela jogou por cima do ombro. — Como? — Ele retrucou, frustrado pela incapacidade dela de ver que esta era a solução perfeita para seus problemas financeiros. — Estou pagando por um serviço. — Ela parou perto da parede separando a cozinha da sala de estar. — Deixe isso, Ken. Não sou um caso de caridade ou alguém que precisa de resgate. Encontrarei um patrocinador sozinha. — Quem falou em um caso de caridade? — Ele foi em direção a ela, puxando o telefone celular de seu bolso, embora ele parasse de tocar. — Este será um acordo de negócios. Pelo menos pense sobre isso.


— Não há nada em que pensar. — Ela lançou um olhar assassino para ele e marchou até as escadas. Mulheres. Por que ele sempre pensava que as entendia? Ele ofereceu uma solução e ela mordeu a cabeça dele ao invés disso. Talvez ele precisasse abordar esta questão de um ângulo diferente. De maneira nenhuma o recusaria se ela não tivesse outra opção. A Semana de Moda era muito importante para ela deixar seu orgulho impedi-la. O telefone começou a tocar novamente. Ele levou o telefone ao ouvido. — Dê-me uma boa notícia, detetive? — Deidre brincou conosco — Eddie rosnou. Algo mudou no peito de Ken. — O que você quer dizer? — Deidre... Charlene ou o que quer que ela chame a si mesma se foi. Ela deve ter apanhado suas coisas logo depois que deixamos a casa dela e foi embora. Eu estou na casa dela e estou te dizendo, ela não perdeu tempo. As gavetas estão abertas, armários entreabertos. Ela nem sequer levou as roupas que O'Neal deixou. — O guarda de segurança de ontem à noite... — Não a viu sair e está se batendo. Eu estou chateado. Algumas lágrimas e fiquei cego. Eu deveria saber que ela era poderia fugir. — Eddie gritou alguma coisa para alguém no fundo antes de voltar na linha. — Acabaram de encontrar o telefone celular dela com um vagabundo, que disse que uma senhora simpática deu o telefone e algum dinheiro dizendo para ele nos ligar. Ela provavelmente atravessava a fronteira quando o vagabundo ligou. — Você ainda pode usar sua declaração? — Não sem uma gravação de O'Neal admitindo a ilegalidade, caso contrário, seria apenas a palavra dele contra a dela. Onde está Faith? — Comigo. — Bom. Este será um duro golpe para ela.


Faith era dura, mas isso seria outro tapa na cara de Deidre. Uma ideia surgiu na cabeça de Ken, e quanto mais pensava nisso, mais ele gostava. Desta vez, ele faria as coisas do seu jeito. — Você pensa em persegui-la? — Oh sim. O carro dela tem um sistema de GPS. Nós vamos pegála. — Bom. Ainda não entendo por que ela fugiu. Com o que estava disposta a dar, ela poderia ter aceitado um acordo. — Há alguma coisa com aquela mulher e falo sério sobre encontrála. — Você faz isso. Eddie riu. — Ok, resolvido isso. O que você planeja? Ken riu, embora diversão fosse a última coisa em sua mente. — O que faz você pensar que planejo alguma coisa? — Eu conheço você. Quando você está calmo, você está tramando algo. Seja o que for, eu quero saber. — Não planejo nada, detetive. — Ela é minha prima, Ken. O'Neal não pode se safar por machucála. Ele não vai. — Se eu chegar a alguma coisa, eu vou te ligar. — Não puxe alguma merda pelas minhas costas — Eddie avisou. — Até mais, detetive. — Ele terminou a ligação e começou a andar, seus pensamentos desordenados enquanto tentava chegar a uma maneira de executar seu próximo movimento. Ele não precisava de um policial respirando em suas costas quando fosse atrás de O'Neal desta vez, razão pela qual Eddie Fitzgerald não saberia seus planos. Ele discou um número. Foi atendido após um toque. — Você dormiu um pouco? — Sim — respondeu Hailey. — Voltamos ao escritório agora.


— Por quê? Eu disse para irem para casa após seguirem O'Neal até a casa dele. — Embora agora desejasse ter dito a eles para ficar apenas no caso de Deidre passar por lá. — Fomos para a casa de Sly, mas a mãe dele ainda está por lá, por isso, decidimos voltar ao escritório para fazer alguma papelada. Era isso o que as crianças chamam isso agora? Do cabelo despenteado deles e as faces vermelhas, eles faziam mais do que papelada. — Eu preciso que você faça algo para mim. — Diga, chefe. — Coloque um dos nossos rastreadores GPS no carro de O'Neal, para que eu possa segui-lo vinte e quatro horas. — Considere feito. — Passe o feed para o meu computador de casa, ok? — Que tipo de feed? — Faith perguntou atrás dele. Ken endureceu. Quanto tempo ela esteve no térreo e quanto ela ouviu? Ele se virou e olhou para ela. Ela vestia moletom por baixo de sua camisa, o jornal apertado em sua mão. — Vamos conversar mais tarde, Hailey. — Ele abaixou o telefone celular e estudou Faith, procurando sinais reveladores de que ela o escutara. — Estamos rastreando alguém. Você está bem? — Tivemos a nossa primeira briga — ela respondeu. — Não, eu estava sendo insistente e insensível. — Ele andou até onde ela estava, segurou seu rosto e olhou em seus olhos. — Perdoe-me. — Não há nada a perdoar. Você me fez uma oferta, e não fui graciosa em minha recusa. Eu sei que você está tentando ajudar, mas eu não sou... — ela suspirou. — Não é fácil depender de outras pessoas. — Eu entendo isso, mas não sou outras pessoas, querida. Eu sou o cara que é louco por você, e odeia vê-la sofrer. Ela sorriu. — Obrigada pela oferta e por ser louco por mim.


Ele revirou os olhos, recebendo uma risada dela. Ela era tão teimosa e independente que não percebeu o quanto significava para ele. Ele a puxou para seus braços e apenas a abraçou. Então beijou a testa dela e se afastou para dizer: — Precisamos falar sobre Deidre. Eddie ligou. O sorriso de Faith desapareceu.


CAPÍTULO 17 O tom sombrio de Ken enviou pavor através de Faith. — Deidre? — Ela perguntou. — Não foi à delegacia — concluiu Ken. — Quando Eddie foi à casa dela, ela tinha ido embora. Ela saiu com pressa, só pegou suas coisas pessoais. O coração de Faith afundou. Ela queria gritar e enlouquecer, mas seria inútil. Este era apenas um revés, um dos muitos que precisou superar. Ela soltou um suspiro e ergueu o queixo, mantendo sua raiva controlada através de pura vontade. — Ela ligou mais cedo. — Faith se virou e foi recuperar seu telefone celular do balcão onde o deixou. — O que ela disse? — Perguntou Ken atrás dela. — Eu não sei — disse Faith com os dentes cerrados. — Eu estava dormindo. — Ela ligou o viva voz, em seguida, digitou a senha para acessar seu correio de voz. A voz de Deidre encheu a sala. — Sinto muito, Faith. Eu gostaria de poder ajudá-la, mas eu não posso. Não quero ir para a cadeia. Tchau. A cadela covarde. A raiva de Faith disparou. O tom monótono recitando a hora em que a mensagem foi recebida terminou, então a voz oleosa de Sean seguiu. — Esta é a quinta vez que ligo para você, Faith. Eu tenho algumas ofertas interessantes que você pode querer considerar. Estarei fora da cidade nos próximos dias, mas voltarei na terça-feira à noite. Estou pensando em ir no jantar de Ação de Graças na sua tia. Podemos discutilas na casa dela ou durante o jantar na noite de quarta. Deixe-me saber o


que prefere. Isto é negócio, não pessoal. Oh, o repórter que fez o artigo sobre você teve a maior parte de sua informação de mim. Você me deve, Faith. Faith pressionou o botão de encerrar em seu telefone celular com mais força do que o necessário, a vontade de gritar correndo por ela. Ela esquecera completamente da Ação de Graças e o fato de que Sean nunca perdia por causa da tia Viv. Talvez devesse aceitar a oferta de Ken para Bahamas. Não, todo mundo iria querer saber por que e ela seria tema de fofoca. Ação de Graças era um grande negócio para a família dela. Além disso, fugir por causa daquele bastardo não era uma opção. — Minha oferta ainda está disponível. As palavras de Ken chegaram de longe, e ela olhou para ele em confusão. — Desculpe? — Nós podemos ir para Bahamas no próximo fim de semana, então você não precisa lidar com Sean. — Não preciso de você para lutar minhas batalhas, Ken. Seus olhos brilharam, mas tudo o que ele disse: — Eu não disse que você precisava. Ela estava se transformando em uma cadela e atirando sua frustração sobre Ken. Ela precisava ir embora antes que dissesse algo do qual se arrependeria. — Eu preciso ir para casa. — Por quê? — Porque eu quero — ela retrucou. Ken pegou seu braço, forçando-a a parar quando ela poderia ter passado por ele. — Eu sei que você está decepcionada e está sofrendo, mas não há necessidade de me afastar. Seu controle derrapava no gelo fino, apenas um empurrão e tombaria. Ela não precisava de Ken colocando-a no lugar.


— Isto não é sobre nós — ela sussurrou. — Isto é sobre mim e... e... — raiva drenou para fora dela com a expressão dele, tão cheia de compreensão, paciência e mais alguma coisa que ela não conseguia identificar. — Sinto muito, querido. Tudo isso está me afetando. Quero dizer, pensei que eu poderia lidar com qualquer coisa que Sean jogasse no meu caminho, mas... — Shh, não há necessidade de se desculpar. Deidre nos abandonar é uma grande decepção. Faith respirou fundo e soprou. Ela tocou seu rosto. — Por que você é tão bom para mim? — Eu não sei. — Uma expressão contemplativa se fixou no rosto dele, em seguida, os cantos de seus lábios tremeram. — Deve ser o sexo. Ela riu e bateu no peito dele. — Cuidado com os elogios, senhor. — Ela caminhou para as escadas. — Ainda não vejo por que você tem que ir para casa — disse ele de trás dela. Ela tinha muito a fazer antes de segunda-feira, começando com sua loja, agora que o empreiteiro terminou. — Eu não posso continuar pegando emprestado as suas roupas. — Eu não me importo. — Tenho certeza que não. — Ela indicou as roupas que usava. — Trarei isso de volta mais tarde. — Ela entrou em seu armário para reunir o resto de suas roupas. Quando retornou ao quarto, Ken olhava para ela, com as mãos no bolso, um sorriso nos lábios. — O quê? — Nada. — Alguma coisa — disse ela, caminhando para onde ele estava. — Se você precisar de mim para alguma coisa, é só chamar. Ela colocou uma mão em seu braço. — Vou cobrar isso de você. Posso ter uma carona para casa?


— Claro. — Ele deu um beijo na têmpora, e levou-a para baixo. O percurso para a casa dela foi rápido. Ken não se demorou depois que a deixou. Faith foi direto para o seu quarto, trocou-se em um par de suas calças e um top e, em seguida, foi para a cozinha para se servir de uma bebida. O toque de seu telefone celular chegou aos seus ouvidos enquanto ela tomava um gole de vinho. Ela correu de volta ao quarto, pegou-o e levou-o para sua orelha. — Olá, abóbora. Sua garganta apertou, a vontade de chorar tomou conta dela. Era estranho como pôde aguentar firme enquanto as coisas caíam aos pedaços até ouvir a voz retumbante de seu pai. — Ei, papai. — Como está a minha garota favorita? Ela riu e piscou as lágrimas. — Eu estou bem. Como está Annapolis? — Ótimo. Liam e Lucas estão crescendo. Tudo o que fazem é comer, crescer e deixar Jackie louca. Eles não entendem que ela tem uma reunião do comitê de posse em algumas semanas e tem o suficiente em seu prato. Oh, eles querem te visitar neste verão. De alguma forma, não podia ver os meninos adolescentes em sua casa. Eles ficariam melhores na tia Estelle, onde Lex poderia manter um olho neles. — Claro, pai. Como vai você? — Meu cabelo está grisalho, graças a você e os meninos. Faith revirou os olhos. — Eu parei de ser difícil há muito tempo. — Então, como você ainda não me deu netos? Faith piscou, não tendo certeza de onde isso veio. A atitude dele permaneceu a mesma ao longo dos anos – ninguém era bom o suficiente para sua filha. O que mudou desde a última vez que conversaram? O fato de não comentar o roubo indicava que ele não sabia sobre isso. Ela esperava. — Você ainda está aí, abóbora?


— Sim, pai. Vou lhe dar netos quando eu encontrar alguém especial, seguro e confiável como você — ela brincou, o rosto de Ken piscando em sua cabeça. Ela o afastou. Seu pai riu. — Essa é minha garota, mas eu tenho um plano para acelerar o processo. Eu conheço alguns jovens por aqui que não são tão ruins, homens com carreiras promissoras nas forças armadas, bons antecedentes e fortes laços familiares. Se você nos visitar, eu poderia arranjar... — Pare com isso, Caleb — repreendeu sua esposa em segundo plano. — Ela tem um grande desfile chegando e a última coisa que precisa agora é forçar um casamento para baixo de sua garganta. E, com um militar? Não. — O que há de errado com os militares? — Caleb Fitzgerald retorquiu. — Você se casou comigo. — Isso é porque você é um homem muito especial. Agora, eu posso falar com nossa filha? — Ainda não terminei — seu pai reclamou. — Ah, sim, você terminou. Nossos filhos precisam de ajuda com matemática, e você tem uma maneira de fazê-los compreender conceitos mais rápido do que eu. Faith reprimiu uma risadinha. Seu pai pode ser um comandante da Marinha e um professor militar permanente na Academia, mas ele era marionete nas mãos de sua esposa. Ele voltou na linha com: — Abóbora? — Eu sei. A patroa falou. Dê um grande abraço ``a Liam e Lucas por mim. — Eles estão ansiosos para o seu desfile. Nós todos estamos — acrescentou. Ela esperava não decepcioná-los. — Obrigada pai. Eu amo você. — Idem, querida. Vou passar para Jackie.


Apesar de sua madrasta também lecionar em Annapolis, ela era uma civil. Seu pai não começou a sair com ela até um ano após a mãe de Faith morrer, mas para Faith, parecia muito cedo, uma traição à memória de sua mãe. Ela ainda se encolhia com a forma como ela fez a vida de Jacqueline miserável. A decepção nos olhos de seu pai quando ele descobriu suas travessuras a fez prometer jamais fazer nada para desapontá-lo novamente. Seu celular apitou, sinalizando uma chamada recebida. Era Ashley. Faith colocou Jacqueline em espera por tempo suficiente para dizer: — Posso te ligar de volta, Ash? — Uh, sim, com certeza. — Ela pareceu desapontada. — Não estou adiando nossa conversa. Estou falando com meu pai e Jackie. Vou te ligar assim que terminar — a tranquilizou. — Oh. Ok, isso é bom. Eu posso esperar. Diga oi para o tio Caleb e tia J para mim. — Vou dizer. — Ei, querida — disse Jacqueline, parecendo sem fôlego. — Eu tive que afastar-me de seu pai e dos meninos para que pudéssemos conversar sem sermos incomodadas. — Papai está bem? Ele nunca mostrou interesse na minha vida pessoal antes. — Oh, ele está. Ele apenas é bom em manter tudo dentro até que o puxo para fora dele. Ele se preocupa com você. — Então, o que o fez levantar a questão dessa vez? — Ele teve um susto na semana passada, apenas um sopro no coração, nada sério. O estômago de Faith caiu. — Por que você não me ligou? O que os médicos disseram? — Ele ficará bem, querida. Ele tinha dores de garganta e não tomou toda a medicação, o que é típico dele. Ele começa a se sentir melhor e


decide que não tem necessidade de medicação. Eu continuo dizendo a ele para terminar a dose, mas ele me ouve? Ele teve febre reumática, o que causou o sopro. Mas está bem agora. Faith suspirou de alívio. — Então, o que é isso de oficiais que ele quer eu conheça? — Essa parte, eu tenho medo, é uma parte muito importante do grande plano dele. Você não acreditará no número de jovens que tive que entreter nos últimos meses, todos potenciais maridos para você. Eu disse a ele que precisava parar. Você sossegará quando estiver pronta. — Obrigada. — Não me agradeça ainda. Ele se preocupa com você e provavelmente pensará em outro plano. Faith riu. — Eu sei. — Mas chega de falar sobre seu pai. Falei com Estelle mais cedo hoje. Sinto muito sobre o que aconteceu à sua loja. Faith ingeriu. — Papai sabe? — Não, querida. Não queria ser eu a dizer a ele. O alívio foi doce. — Obrigada. Falarei com ele assim que as coisas se acalmarem. Caso contrário, ele voará para cá para tentar corrigir meus problemas. Jacqueline riu. — E acabar frustrado quando não puder. Você conhece bem o seu pai. Faith conhecia. A única coisa que seu pai nunca deixou de corrigir foi sua atitude durante o namoro dele com Jacqueline. Frustrado, ele enviou Faith para a Califórnia para viver com Estelle durante o verão. Ele ligou a cada fim de semana, perguntando se ela estava pronta para voltar para casa. Ela sentia falta dele e se sentia fora de lugar entre seus muitos primos, mas uma vez que percebeu que as ligações eram a maneira dele de lidar com sua culpa por mandá-la embora, ela explorou a situação. Três meses tornaram-se um ano, depois dois. Antes que percebesse, três


anos se passaram e ela estava no último ano do ensino médio. Até então ela amadureceu o suficiente para ser racional e ficou próxima de Jade e Ashley. Durante seus anos de faculdade, ela ia passar os verões com seu pai, Jacqueline, e os gêmeos. O tempo curou todas as feridas e ela se conectou com a esposa dele, e começou a amar seus meio-irmãos. — Beije os gêmeos por mim, Jacqueline. Eu te manterei informada. — Faça isso. Não espere muito tempo para conversar com seu pai, querida. Não gosto de manter segredos dele. — Eu prometo. Assim que desligou, ela discou o número de Ashley. A conversa foi unilateral, mas quando ela terminou de falar, Faith sentia como se uma carga fosse tirada de seus ombros. Ashley não disse nada. — Ash? — Perguntou Faith hesitante. — Uma parte de mim quer gritar com você por manter tudo isso para si mesma. — Sua voz tremeu. — Levantando-se contra aquele bastardo e nunca, nunca deixando ninguém saber por que você realmente deixou a empresa dele, o bastardo ladrão, conivente. Como você pôde não nos dizer, Faith? — Você está gritando — Faith lembrou a ela, com os olhos ardendo. — Eu não estou gritando. Estou gritando com você por carregar esse fardo sozinha todos esses anos, por ser tão teimosa, e impossível, e... e perfeccionista. Faith levantou os olhos e piscou com força para parar a corrida repentina de lágrimas. — Perfeccionista? Sério? — Isso mesmo. Eu poderia te bater se você estivesse aqui agora. Jade terá uma vaca quando ouvir isso. — Não diga à ela. — Oh, me observe, Senhorita Independente. Oh, me observe. — Ash fungou.


— Sinto muito — Faith sussurrou, limpando as lágrimas do rosto. Um suspiro, então Ash disse: — Sinto muito... não, eu não sinto muito por gritar com você. O momento foi péssimo, mas você mereceu. Faith riu. — Estou feliz por você poder encontrar humor em um momento como este. Devemos fazê-lo sofrer, Faith. Fazer Lex expulsá-lo da cidade. Lex poderia tornar difícil para Sean fazer negócios nesta cidade, mas o colocaria contra a tia Viv. — Não. Eu não quero qualquer outra pessoa envolvida. Eu só quero completar a minha coleção, o que significa criar novos designs para as jaquetas e trabalhar duro e com eficiência. — E sobre o patrocinador? — Perguntou Ashley. — Eu encontrarei um — disse Faith. — Após este artigo, eu não ficaria surpresa se GGC viesse implorando para me patrocinar novamente. — Ela duvidava, mas não havia nada de errado com ter esperança. — Tudo bem. Apenas saiba que eu posso ajudar se você precisar. Agora, o que vamos fazer sobre Sean e Ação de Graças? — Perguntou Ashley. — Nada. Ele é convidado de tia Viv, intocável. — Por favor, por favor, diga tudo ao Lex. Ele e Eddie podem colocálo para fora. Faith deu uma risadinha, visualizando a cena e amando. — Sim, certo. — Se você ainda não notou — Ashley continuou, — ela nunca implica com Lex ou Eddie. — Isso é porque ela os adora. — Lex não poderia fazer nada errado aos olhos de tia Viv porque ele se parece com o pai dele e irmão favorito dela, Aaron. Enquanto Eddie... Eddie dizia e fazia as coisas à sua maneira, mesmo se irritasse alguém, incluindo seu pai. Cria do diabo era o apelido de tia Viv para ele. Quando Faith se juntou à família, ela


assumiu que a tia Viv não gostava de Eddie, até que notou que muitas vezes ela lhe dava presentes mais caros e divertidos. — Você ainda está aí? — Perguntou Ashley. — Sim. Não há necessidade de envolver Eddie ou Lex. Vou deixar bem claro à Sean que eu não quero um relacionamento com ele, pessoal ou empresarial. — Eu deveria estar lá para ver isso — disse Ashley e suspirou. — O quê? Você não irá? — Infelizmente não. O primo de Ron acabou de ficar noivo e a família terá uma grande Ação de Graças na casa de sua avó em Las Vegas. Todo mundo estará lá, até a mãe de Ron e seu novo namorado. Nina terá um ataque se não formos. Faith fechou os olhos e beliscou a ponte de seu nariz. Ela contava com suas primas estarem lá para dar apoio moral. — Espero que Jade vá. Eu perdi a ligação dela, e não podia completar a ligação quando liguei de volta. — Aqui também. Faith, se você quer que eu esteja lá... — Não, está tudo bem. — Faith franziu a testa. — Junte-se à nós em Vegas — sugeriu Ashley. Essa foi a segunda vez que alguém sugeriu que ela não compareça a Ação de Graças para evitar Sean. — Eu posso cuidar de mim, Ash. — Eu sei, e honestamente, não sei como você faz isso. Apenas acho que você precisa de uma pausa de tudo. Por favor, venha conosco para Vegas. — Na verdade, eu estive pensando em pedir ao Ken para ir comigo. — Assim que ela falou, ela se entusiasmou com a ideia. Vamos esperar que ele não prefira as Bahamas. Ash riu. — Isso soa maravilhoso. Dê aos velhos pássaros algo para falar.


*** Ken desapareceu em seu escritório domiciliar logo que chegou em casa. Ele ligou o computador. Enquanto esperava o sistema entrar, ele fez ligações, começando com Bárbara. — Nós fizemos isso, Kenneth — a mulher disse. — Mostramos para aquele homem odioso que ele não pode mexer com alguém sob nossa proteção. Você viu o artigo sobre a Faith no Times? Ken franziu a testa. — Não. — Sean não pode mais desacreditá-la. Todo mundo está ansioso para ver a coleção dela. Você conseguiu tudo que precisava para prendêlo? — Eu consegui. — Ela não precisava saber sobre sua tentativa fracassada de usar Deidre ou a verdade sobre a coleção de Faith. — Eu não poderia ter feito isso sem vocês. Ela deu uma risadinha. — Eu direi às meninas. Faith agora pode terminar os vestidos que ela estava fazendo para nós sem aquele homem odioso respirando em seu pescoço. Ah, eu adoro finais felizes. Ken não sabia como responder à isso. — Só uma última coisa, eu preciso de um consultor de IP para o meu próximo filme. O meu pessoal pode ligar para o seu? — Claro. — Ken riu enquanto desligava. Ele não sabia se estava pronto para ir para Hollywood. Ele entrou em seu e-mail. Enquanto deslizava entre as mensagens, ele rapidamente discou o número de sua irmã. — Sim? — Uma profunda voz masculina respondeu. Ken franziu a testa. — Misa está aí? — Quem está perguntando?


Ken não estava com vontade de jogar Perguntas e Respostas com o mais recente brinquedo de sua irmã. — Coloque a minha irmã no telefone. Houve um silêncio, então Misa disse: — Ken? — Por que você namora tais...? — Não diga isso — Misa vociferou. — Ele é supergostoso, superdoce, e superbom para mim. O que te colocou em um humor tão azedo? — Eu não estou em um humor azedo. — Ele só não entendia por que sua brilhante irmã, educada em Stanford sempre namorava Neandertais. — Você investe em alta moda? — Estou bem, obrigada por perguntar — ela brincou, seu tom o repreendendo. — Quanto à sua pergunta, a resposta é não. — Por que não? Não é isso que capitalistas de risco fazem... financiar empresários? — Biotecnologia de alto potencial, de alto risco, informática, e novos softwares — ela o corrigiu, — o que saberia se você se preocupasse em comparecer às reuniões de acionistas ou lesse as atas que eu te envio. O que está havendo? Desde quando o seu interesse inclui alta moda? — Uma designer amiga minha está à procura de um investidor. — Faith iria encantá-los com o seu plano de negócio. — Ela precisa de um patrocinador, irmão, não de um investidor. Fale com a mamãe. Sua mãe faria perguntas que ele não estava pronto para responder. — Está bem. — Vamos lá. Ela é bem sucedida ajudando artistas em dificuldades. — Artistas locais — ele corrigiu. — Mais uma vez, você está atrasado — disse Misa. — Sério, sobre o que você fala quando liga para a mamãe? Ela se tornou global há um ano. Até tem um site.


— Vou pensar sobre isso. — Quem é ela? Um dos seus casos sociais ou alguém especial? Deve ser algo especial. Suas aberturas para caridade geralmente se estendem para o tipo ex-militar com conhecimento de vigilância ou nerds sem emprego. — Ela é especial — disse ele para calá-la e imediatamente se arrependeu disto. — Eu tenho que ir, Misa. — Não tão rápido. Você não pode simplesmente soltar uma bomba como essa e, em seguida, fugir. Quem é ela? Há quanto tempo você está vendo-a? Quando você vai trazê-la para casa para conhecer a gente? — Tchau, Misa. — Ele desligou, rindo. Ele deveria saber que ela começaria a disparar perguntas para ele. Seu celular tocou novamente, mas ele ignorou quando mostrou o número da sua irmã. Ele saiu do seu e-mail, em seguida, pesquisou Gemma Frost. Ele odiava o fato de poder ajudar Faith financeiramente, mas ela ser muito teimosa para aceitar sua oferta. Pelo menos localizar a amiga de sua mãe, Gemma Frost, era uma coisa que ele poderia fazer por ela sem chateá-la.

***

Faith embalou as coisas em seu carro e se dirigiu para West Hollywood. Ela precisava ficar ocupada, manter seus demônios na baía da única maneira que sabia. A frente de sua loja não parecia ter sido arrombada. O vidro quebrado e a fita da polícia desapareceram, o buraco gigante em sua janela foi consertado. Ela abriu a porta, entrou e se inclinou para frente para desarmar o seu sistema de alarme. — Senhorita Fitzgerald? — Disse um homem atrás dela. Com o coração batendo contra sua garganta, Faith virou. Visualizando o uniforme e o logotipo na camisa dele. Homem de Noble.


Ela esqueceu completamente que vigiavam a loja. — Oi. Você me assustou. — Desculpe por isso, senhorita Fitzgerald. Nós não esperávamos você hoje. — Eu recebi um telefonema de Jordan informando que eles terminaram. — Ela caminhou para frente, olhando tudo. Como eles encontraram os balcões originais? Até fizeram um trabalho incrível limpando o interior das vitrines e as superfícies. Faith percebeu que o segurança olhava para ela. Ela sorriu. — É bom ver minha loja de volta ao normal novamente. — O Senhor Noble pediu para nossa equipe técnica atualizar o seu sistema de segurança também. Ele disse que você poderia mudar a senha quando voltasse. — Isso é bom. Eu farei isso depois de trazer as minhas coisas para dentro. — Eu posso ajudar se você quiser, senhorita. — Oh, é bom você oferecer isso. Obrigada. — Lá fora, ela abriu a traseira do carro e levantou dois dress-forms. O guarda foi para um item mais pesado. Ela passou a hora seguinte arrumando sua loja, colocando tudo em seu devido lugar. O trabalho a ajudou a afastar pensamentos de Sean e Deidre, e a bagunça que era sua vida. Quando terminou, ela fez ligações, as três primeiras para suas funcionárias, outra para Jordan, o empreiteiro e a última para seu primo. — O braço de quem você torceu para conseguir cópias das vitrines que eu usava antes? — Faith brincou. Lex riu. — De ninguém. Apenas fiz algumas chamadas telefônicas. Desculpe por Jordan perder o prazo.


Sim, por 12 horas. Seu primo era imparável quando queria alguma coisa, e era por isso que ele era um bem-sucedido desenvolvedor imobiliário. — Hoje funcionou muito bem para mim. — Bom. Devemos nos sentar e conversar, Faith. Faith franziu a testa. Será que ele sabia sobre Sean? — Sobre? — Isto e aquilo, tal como a sua viagem para o leste para a Semana da Moda. Você precisará transportar o seu pessoal e coleção. Não tendo certeza para onde ia a conversa, Faith encolheu os ombros. — Sim, bem, eu não me preocuparei sobre comprar passagens e qualquer coisa até o próximo mês. — Você não deve se preocupar com isso, absolutamente. O jato é seu. Ligue para o piloto quando estiver pronta com o seu itinerário. Um caroço se formou na garganta de Faith. — Lex, isso é mais do que generoso. — Não é nada. O jato é para uso familiar. Vamos conversar em breve. Depois de desligar, Faith tomou um momento para se recompor antes de voltar ao escritório para falar com o guarda. Eles revisaram seu novo sistema de segurança, definindo a senha antes dele sair. Ela passeou na loja, passou mais meia hora rearranjando algumas coisas antes de ir para casa. Um inventário rápido de sua geladeira e um suspiro escapou dela. Era hora de reabastecer seus mantimentos. Mais uma vez, ela pegou as chaves e saiu pela porta. Como o trabalho, selecionando diferentes sacos de salada, escolhendo quais latas de sopas e que queijo adicionar à sua despensa, até mesmo assistir a senhora fatiando peito de peru, acrescentou a normalidade de volta para sua vida. De volta à casa, ela grelhou salsichas, cortou e acrescentou macarrão e queijo cozido, acrescentou pimenta e salsa, em seguida, colocou a mistura em uma caçarola. Ela polvilhou o topo com cheddar ralado e colocou-o no forno para assar em cento e noventa graus.


Enquanto Faith fatiava pão francês e untava com manteiga, tristeza tomou conta dela. Ela não tinha ideia do que a levou cozinhar a receita favorita de sua avó. Indo sozinha pela estrada da memória era uma droga. Ela colocou a faca para baixo e pegou seu telefone celular. Por um breve momento, ela não discou o número de Ken. Quem diria que ela sentiria falta dele depois de não vê-lo por apenas algumas horas? Ela discou o número dele e trouxe o telefone ao ouvido. Ele atendeu após alguns toques. — O que você está fazendo para o jantar? — Nada. Por quê? — Cozinhei o prato preferido da minha avó e não quero comer sozinha. — Eu estarei aí em cinco minutos. Faith franziu a testa. — Cinco? Onde exatamente você está? — No meu caminho para a sua casa com o nosso jantar, mas estou prestes a fazer uma pessoa sem-teto muito feliz. Faith riu. Nem sequer passou pela sua mente estar insultada por ele assumir que ela estaria disponível para o jantar sem ligar para ela primeiro.


CAPÍTULO 18 Ken pegou as rosas e uma garrafa de vinho do assento do passageiro, fechou a porta do carro com o cotovelo, e se dirigiu para a porta de Faith. Ele sabia que se arriscara ao decidir passar na casa dela sem ligar primeiro, mas após terminar a pesquisa de Gemma Frost, pensar em Faith voltou a assombrá-lo. Ninguém deve lidar com a porcaria que ela estava lidando sozinha. Ele prendeu a respiração quando ela abriu a porta com um sorriso de tirar o fôlego nos lábios e um brilho em seus olhos. Ela estava vestida de forma casual e sexy – um par de jeans skinny e uma camiseta águamarinha apertada. — São para mim? — Perguntou Faith. O sangue lentamente retornava à sua cabeça. Ele ofereceu as rosas e vinho. — Elas são lindas. — Ela trouxe as flores parcialmente abertas para o nariz e inalou. — Hmm, cheiram bem. Obrigada. Vamos entrar. Ele a seguiu até a cozinha. Seja o que for que ela cozinhava cheirava bem. — O que teremos? — É uma surpresa. — Ela pegou um vaso para as flores, em seguida, começou a pôr a mesa. Ken saltou, pegando os utensílios de suas mãos. Ele ficou surpreso quando ela trouxe um castiçal e acendeu as velas, desligou o lustre na sala de jantar e acenou-lhe uma cadeira. Em vez de tomar a cadeira, ele parou atrás dela, deslizou seus braços ao redor da cintura dela, abraçou-a e estudou suas porções – macarrão/queijo/salsicha misturados, pão de alho e aspargos. Uma refeição simples, mas ele sabia que era significativa. — Isso é bom — ele sussurrou.


— Nunca consigo reproduzir os pratos de Nana, mas eu tento. Ele riu. — Então, vamos apreciá-lo. Eles tomaram seus assentos e serviram seus pratos. O prato principal foi bom, os espargos amanteigados e fritos, e o vinho tinto que ele trouxe com ele eram perfeitos para a refeição. Ele tinha duas escolhas antes de dar o seu veredicto. — Isso foi ótimo — disse ele, enxugando os lábios em um guardanapo. O sorriso de Faith lhe disse que gostou do elogio, embora apenas desse de ombros. — Posso te perguntar uma coisa? — Claro. — Ele se inclinou para trás, tomou um gole de vinho, e assistiu a luz das velas dançar em suas maçãs do rosto. Faith era uma mulher excepcionalmente bela, mas agora ele sabia que sua beleza não era apenas na superfície. Ela tinha profundidade, inspirava as engrenagens de Hollywood a lançar o seu apoio atrás dela e... Ken franziu a testa. Ela brincava com os restos no prato em vez de falar. — O que é? — Quais são os seus planos para a Ação de Graças? — Eu estarei por perto, a menos que você decida ir comigo para Bahamas. — Não me provoque. E se eu te convidar para a minha? Eu sei que é meio de último minuto e minha família pode ser um pouco esmagadora, especialmente nesta época do ano, quando os da costa leste e Montana voam para cá. — Há Fitzgeralds em Montana? — Ele perguntou. Ela sorriu para seu tom incrédulo. — Tia Marge é casada com um fazendeiro. Um de seus filhos segue os passos de seu pai e acabou de começar um rancho de criação de cavalos. De qualquer forma, eu sei que é pedir muito, por isso, se você prefere ir para Bahamas eu vou entender. — Ok.


Ela balançou a cabeça. — Ok, você prefere ir para Bahamas ou ok, você ficará aqui comigo? — Eu escolho você, Faith Fitzgerald. — Alívio brilhou em seus olhos expressivos. Intrigou-lhe que ela esteve preocupada com isso e que O'Neal provavelmente tinha algo a ver com isso. — Onde esta grande ocasião será realizada? — Na casa de minha tia Viv, em Sonoma. A maioria de nós só dirige para lá no dia de Ação de Graças. Os que vêm de avião tendem a vir no dia anterior e passam a noite na casa dela, ou dirigem de volta para Los Angeles com a gente. — Então, vamos sair quinta de manhã e voltar à noite? Ela assentiu com a cabeça. — É isso aí. — Eu vou sair em uma viagem de negócios amanhã, mas estarei de volta na quarta-feira. — Então está resolvido — disse ela com alívio. — Eu direi à minha tia que levarei um convidado. — Eu te ligo quando eu voltar. Ela apertou a mão dele, em seguida, empurrou a cadeira para trás e começou a recolher os utensílios da mesa. Ken se juntou à ela, pegando a tigela e o prato. — Não, você é meu convidado. — Ela colocou seus copos de vinho nas mãos dele e empurrou-o para a sala de estar. — Assista alguma coisa enquanto termino aqui. Limpeza não era a sua coisa por isso ele não discutiu. Ken colocou suas bebidas na mesa de café, encontrou o controle remoto em cima da TV, e sintonizou ESPN. Um jogo de basquete estava passando. Os papéis sobre a mesa de café chamaram a sua atenção, enquanto pegava a sua bebida. Franzindo a testa, Ken olhou para o topo. Percepção despontou ao ver as figuras perfeitamente discriminadas na caligrafia elegante de Faith. Algo frio se instalou na boca do estômago quando viu


o que ela escreveu no final da página. Ela realmente cancelaria o desfile, se não conseguisse um patrocinador? Um grito alto da tela chamou sua atenção. Ele tirou os sapatos e ficou confortável. Logo ele estava perdido no jogo. — Vamos lá — ele gritou. — O que foi aquilo? — Estamos ganhando ou perdendo? — Faith chamou. Ken piscou, sua voz lembrando-lhe de onde estava. — Depende de para quem você está torcendo, querida. Faith apareceu na porta em arco entre a cozinha e a sala de estar e apontou uma concha para ele. — É melhor você ser um fã dos Lakers ou está em apuros, senhor. Ken riu. — Estamos perdendo. A cabeça de Kobe não está no jogo hoje à noite. Quando se juntou à ele, ela se acomodou contra seu peito e torceu tão alto quanto ele. Ela não apenas amava o basquetebol; ela conhecia as regras, os jogadores e os árbitros. No momento em que o jogo terminou, ele encontrou algo novo para amar em Faith Fitzgerald. Ele a levantou nos braços. — O que você está fazendo? — Ela perguntou, colocando as mãos em volta do pescoço dele. — Levando-a para a cama, onde eu pretendo segurá-la até que você caia no sono. Que direção é o quarto? Ela riu e apontou a direção. — Isso significa que nós não vamos... — ela balançou a sobrancelha, — você sabe. — Não. Você me cansou ontem à noite e preciso de um ou dois dias para me recuperar. — Eles entraram em seu quarto que era branco e um tom mais suave de azul. Ele baixou-a sobre a cama. — Mas sinta-se livre se aproveitar de mim. — É bom saber que tenho sua permissão. — Ela se agarrou a ele enquanto ele se endireitava e beijou-o. — Mas gosto mais da sua ideia.


— Obrigado. Agora tire essas calças e coloque algo pouco lisonjeiro para que você não continue a me tentar. Faith riu, levantou os quadris para fora da cama e rebolou fora de seus jeans. O desejo de beijar a ondulação suave da barriga e coxas dela o fez cerrar o punho. À procura de algo para substituir seus pensamentos amorosos, ele agarrou as pernas do jeans dela e puxou até tirá-lo. Ele dobrou-o e colocou no banco de couro ao pé de sua cama. Ao se virar, ela tirava a camiseta. Ele engoliu em seco quando ela revelou um sutiã combinando com a calcinha, então gemeu quando ela jogou a camisa para ele. Ainda estava quente por estar em estreito contato com a pele dela. Ela estava determinada a fazê-lo sofrer. Faith atravessou o quarto de calcinha e sutiã, lançou um olhar para ele, e riu antes de desaparecer dentro de seu closet. Ele balançou a cabeça. Que provocação. Amá-la seria um trabalho em tempo integral, um que ele ansiava. Ela voltou em uma lingerie preta, de uma peça, fazendo sua pressão arterial disparar até o telhado. — Você está ferrando com minha cabeça agora. — Não, querido — ela ronronou. — Eu durmo nisto. — Ela parou na frente dele e bateu em seu nariz. — Você não deveria tirar a roupa? Tenho escovas de dente não utilizadas na segunda gaveta da direita. Oh, esqueça. Ele tirou sua camisa, desfez sua calça e puxou-as junto com sua roupa de baixo. Seu órgão estúpido respondeu quando ela acariciou-o com os olhos. Não que ele precisasse de uma razão para ficar duro. Seu controle quando se tratava dela era inexistente. — Agora quem não está sendo justo? — Ela repreendeu-o e afastou as cobertas. — Eu não. Eu durmo nu. — Ele caminhou até o banheiro e sorriu enquanto escovava os dentes. Ela já estava entre os lençóis quando ele entrou novamente no quarto. Ele se arrastou ao lado dela e a colou contra


ele, então ela estava de costas para ele. Isso ia matá-lo, mas estava determinado a apenas abraçá-la e conversar. — Como está a sua loja? — Perguntou. — Como você sabia que eu fui lá? — Os dress-forms desapareceram de sua sala de estar e você mencionou que o empreiteiro terminou. Ela riu. — Eu continuo esquecendo quão observador você é. A loja estava ótima. Não sei como Lex fez isso, mas ele encontrou os mesmos balcões que usava antes. Acho que foi ele quem também convenceu o proprietário a alterar as empresas de segurança. O pessoal de Ron irá proteger o edifício de agora em diante. — Isso é ótimo. — Pelo que Ron disse à ele, Lex Fitzgerald era como o general Aníbal. Uma vez que ele decidia algo, ele movia montanhas para que isso acontecesse, um ato difícil de seguir para qualquer homem. Uma coisa boa que Ken não estava interessado em impressioná-lo. Faith era a única Fitzgerald que importava. — Você percebe que cumpriu o seu contrato? — Ela perguntou, interrompendo seus pensamentos. Ele franziu a testa. — Que contrato? — Lembra-se por que eu te contratei? Para encontrar o traidor em minha loja e confirmar que Sean roubou meus designs. Você fez isso ontem à noite e esta manhã. Tudo o que preciso fazer é assinar um cheque e terminamos. Ele não queria o dinheiro dela e ele definitivamente não terminou com o cabeça de alfinete O'Neal. — Ele não pagou pelo que ele te fez passar. Faith virou de lado, com a mão descansando no peito dele. — Punir ele não estava no contrato, querido. Isso é um bônus. — Ela se virou novamente até que o encarou. — Eu decidi sobre outra coisa.


Ela estava deixando-o louco. Seu hálito doce continuava escovando seu rosto, fazendo-o doer com desejo. — Além da minha tortura? Ela riu e beijou-o. — Não, bobo. Eu decidi lutar. Ele endureceu. — Como? — Eu pretendo vender as jaquetas em minha coleção. Desta forma, todo mundo saberá que Sean copiou-as se ele usá-las na Semana de Moda. As palavras dela o encheram de alívio. Por um momento de agonia, ele pensou que ela planejava enfrentar Sean. — Isso é brilhante. — Obrigada. Começarei a desenhar novas amanhã. — Sua mão esquerda foi ao rosto dele e moveu-se mais abaixo para seu peito, em seguida, ainda mais baixo, até que encontrou sua ereção.

*** Faith passou o dia seguinte lavando roupa e limpando sua casa e, então, sentou e tentou esboçar. Mas as musas ou tinham-na abandonado ou sua mente estava em outro lugar. Nada que esboçava combinava com o resto de sua coleção. Ela foi para a cama frustrada. Na segunda-feira, ela levantou-se bem cedo, e estava em sua loja uma hora antes da hora de abertura habitual. No momento em que suas costureiras chegaram, Faith já estava pronta. Sem Molly, ela tinha uma funcionária a menos, o que significava que ela precisava manter um olho na loja enquanto desenhava e fazia ligações telefônicas. Ela odiava isso. Assim que sentou atrás da mesa, as ligações começaram. Alguns dos assistentes de editores, a quem Faith convidou para seu desfile, mas estiveram à margem até agora. Estilistas de jovens estrelas e velhas divas procurando

vestidos

para

premiações.

Bloggers,

jornalistas,

assistentes... as ligações continuaram chegando toda a manhã. Um único


artigo fez maravilhas ao seu status, movendo-a de desconhecida para alguém que os fashionistas queriam. No meio da manhã, a porta se abriu e três jovens de vinte e poucos anos entraram. Faith reconheceu duas delas de um reality show. Elas navegavam

e

murmuravam

entre

si

enquanto

jogavam

olhares

dissimulados em sua direção. — Eu vou experimentar uma — disse uma delas, estudando a jaqueta no manequim. — Eu também. — A segunda sorriu para Faith. — Podemos experimentar estes? Faith logo removeu as jaquetas, levou-as para os vestiários. Ao se virar, ela quase esbarrou na amiga delas. Ela carregava um vestido em seu braço. — Espero que você não se importe de esperar. Eu só tenho dois vestiários. — Tudo bem. Eu não me importo. — Ela estudou Faith. — Eu li sobre você nos jornais. — Sim, foi um artigo bastante lisonjeiro — disse Faith. — Pelo que vejo aqui, eu diria que eles estavam certos. Estas roupas são excelentes. Você tem em outras cores? — Desculpe. São peças únicas. Na verdade, eu criei-as para o outono do próximo ano, mas decidi vendê-las ao invés disso. — Sorte para nós — ela disse e deu uma risadinha. No momento em que saíram de sua loja, Faith sabia que havia adquirido clientes regulares. No resto do dia, os clientes entraram. A maioria deles leu o artigo e quis experimentar suas roupas, outros eram apenas curiosos. Apesar da publicidade, a ligação do GGC nunca veio. Em vez disso, Faith recebeu uma de seu banco sobre sua conta congelada. Logo Marcella queria saber o status do saldo que Faith lhe devia e a empresa que a GGC contratou para planejar a festa pós-show que, provavelmente, sabia que ela não estava mais participando. Não a


mataria perder a festa, mas perderia a oportunidade de se misturar com os editores e compradores. Faith deixou cair a cabeça sobre a mesa e suspirou com frustração. Não era justo. Ela trabalhou duro para chegar tão longe. Recusando-se a sentir pena de si mesma, ela levantou e foi de sala em sala, desligando as luzes. Voltando no piso principal, ela congelou quando uma limusine parou na frente de seu prédio. Tia Viv. O que ela estava fazendo na Falasha? O chofer abriu a porta traseira e sua tia, em seu terno da Dior, saiu, então ele passou a acompanhá-la até a entrada da loja, segurou a porta aberta, e esperou até sua tia entrar antes de fechá-la atrás dela. Como se ninguém devesse entrar na loja, ele cruzou os braços e ficou bem na frente das portas. Isso não era um bom sinal. A atenção de Faith mudou-se para sua tia, que delicadamente puxava as luvas. Ela sempre se queixava de mãos frias, mesmo quando o tempo estava quente. — Tia Viv, que surpresa. — Olá, minha querida. — O sorriso e o carinho eram superficiais. — Eu vim ver o trabalho que Jordan fez. Lex me disse que ele trabalhou incansavelmente para conseguir o lugar pronto em menos de uma semana. — Eles fizeram um trabalho maravilhoso substituindo tudo. — Isso vem de conhecer as pessoas certas — tia Viv disse enquanto caminhava mais para dentro do espaço e estudava os vestidos sobre os manequins. Faith seguiu, tentando ver a loja Falasha através dos olhos de sua tia. Algumas das prateleiras estavam vazias desde que decidiu não colocar as joias de Deidre. Faith ficou tentada a continuar vendendo tudo o que ela deixou e enviar o dinheiro para os pais de Molly para ajudar a cobrir parte de suas contas do hospital, mas decidiu contra isso. Não estava em si ser vingativa.


— Eu li o artigo que eles fizeram sobre você. Ele foi bem feito e já era hora de você ter algum reconhecimento. Faith não tinha certeza de onde isso veio. — Obrigada, tia Viv. — Você e Sean fazem uma equipe maravilhosa. Eu sempre soube que vocês fariam. — Eu não estava no desfile com Sean, tia Viv. Apenas aconteceu de colidirmos um com o outro. Tia Viv riu. — Eu não chamaria assistir a um desfile que Sean realizou e sentar ao lado dele de colidir. A mão de Faith apertou em torno da alça de sua bolsa. Ela não podia dizer à sua tia o motivo de ir ao desfile realizado por um homem que afirmava não gostar. — Não há nada entre nós, tia Viv. Não mais. Este foi apenas um evento de moda e nossos caminhos se cruzaram. Sua tia sorriu. — O que você disser, querida. Como está a preparação para a Semana de Moda? — Tudo bem. Eu tive alguns solavancos, mas tudo ficará bem. — Alguns solavancos? — Tia Viv perguntou com um brilho em seus olhos. Faith perdeu a calma. — O que você quer ouvir, tia Viv? Que alguém roubou meus designs e vendeu-os para Sean? Que o momento do vandalismo aqui teve algo a ver com isso? Ou que Sean ligou para meu patrocinador e espalhou mentiras sobre mim, forçando-os a me largar? — Não há nenhuma necessidade de levantar a sua voz ou culpar outras pessoas pelos seus problemas. Como uma Fitzgerald, você deve aceitar a responsabilidade por suas ações. — Isso é muita mal... — Eu não terminei, mocinha. Você cometeu o erro de fazer negócio com uma sociopata, que roubou seus designs, em seguida, contratou bandidos para destruir o seu negócio. Quando disse que ela não poderia


usar suas joias durante a Semana de Moda, ela chamou seu patrocinador e destruiu todas as suas chances de ir à Nova Iorque. Choque deixou Faith sem palavras. — E quando ficou presa, ela procurou um bode expiatório e encontrou um em um homem de seu passado. Faith riu, embora alegria fosse a última coisa que sentia. Se não soubesse a verdade, tudo o que sua tia disse apenas faria sentido. — É essa a versão de Sean dos eventos? Ele está mentindo para você, tia Viv. Como ele explica o vestido que a Sra. VanderMarck usava na sexta-feira no desfile? É exatamente como o dele. — Oh, querida — tia Viv disse, sua mão descansando no ombro de Faith. — Quantas vezes você folheou estilos passados e atuais antes de se sentar e começar a desenhar? Você sabe que os designers são influenciados por outros designers, e estudantes tendem a seguir seus mentores, consciente ou inconscientemente. Então, é claro que há semelhança entre o seu estilo e o de Sean... — Semelhanças? — Faith ignorou a mão de sua tia. — Foi uma réplica exata, até a colocação de rendas e botões. Você está tão cega pelo Sean, tia Viv, que não pode ver o que está óbvio. Ele é um ladrão e um mentiroso. Tia Viv cruzou os braços na frente dela e suspirou. — Ele se preocupa com você e só quer o que é melhor para você. Mesmo após aquela mulher doente propagar isso sobre ele, ele ainda quer trabalhar com você. Faith balançou a cabeça. — Ele precisa de ajuda, tia Viv. Ele explicou como sabe tanto sobre Deidre? — A polícia o viu devolver os vestidos que a mulher roubou. Você sabia que ele se ofereceu para usar as joias dela em seu showroom como um favor para você? Ela disse a ele que vocês duas eram amigas e ela lutava para pagar as contas.


Faith fechou os olhos, tão frustrada que queria gritar com a sua tia. Que poder Sean tinha sobre ela? — Nós temos provas – vídeos dele removendo as roupas de seu cofre, e meia hora mais tarde, entrando na casa de Deidre, conversando com ela. Tia Viv usou um olhar perplexo. — Vídeos? — Evidência sólida que ele não pode negar — disse Faith com alegria. — Como você os obteve? — Eu contratei um detetive particular quando soube que alguém roubava meus designs. Sean pode contar histórias sobre tudo o que aconteceu nas últimas semanas, mas não pode negar o que temos dele. Tia Viv pegou as luvas e mexeu seus dedos através de uma. — Eu gostaria de vê-los. Estes vídeos que você afirma que tem. Afirma? Mesmo agora, sua tia duvidava dela. Isso doeu. Uma voz interior disse a ela para ignorar, mas uma porta se abriu e não havia como parar a feiura de sair. — Eu sou sua sobrinha, filha de seu irmão. Por que é tão fácil para você acreditar nele, uma pessoa de fora, e não em mim? — Isto não é sobre quem você é ou... — Não é? Quem sou eu, tia Viv? A filha de seu irmão? Ou a filha de uma mulher com moral duvidosa que usou sua beleza para enganar o seu irmão e se casar? Os olhos de tia Viv se arregalaram. — Faith Fitzgerald! O que deu em você? Do que você está falando? — Eu ouvi você, tia Marge e tia Cathleen na primeira ação de graças em Sonoma. Você disse coisas terríveis sobre... — sua voz tremeu, — minha mãe, sobre mim. O papai já realizou um teste de paternidade para provar que eu era dele?


— Criança, isso foi anos atrás. Você carregou esse fardo todos esses anos? Duvidando de quem você é? É por isso que sempre empurra as pessoas para longe? Nunca pede ajuda, mesmo quando precisa disso? A raiva e a dor agarraram a garganta de Faith, tornando difícil de falar. Ela nunca empurrou as pessoas, não realmente. Ela apenas se protegia, assim não se machucaria novamente. As dúvidas não eram um fardo, apenas pensamentos irritantes que se infiltravam quando estava vulnerável. Ela tomou profundas respirações calmantes. — Isso não importa, tia Viv. Acredite em Sean se quiser. Eu sei a verdade e isso é o que importa. — Oh, querida. — Tia Viv deu um passo em direção à Faith. Faith recuou, erguendo o queixo. — Eu gostaria que você saísse agora. — Faith... — Por favor — Faith moeu fora, as lágrimas ameaçando fluir. — Você é uma criança com quem é impossível conversar. Se você precisa de um patro... — Não, obrigada, eu vou passar. Sua tia bufou, pegou sua luva restante, e saiu pela porta. Faith se encolheu quando a porta se fechou atrás dela. Ela caiu contra o balcão e tomou profundas respirações calmantes. Ela e seu temperamento finalmente fizeram isso. Ninguém jamais enfrentou sua tia.

*** — A filha querida de Irene cresceu — Gemma Frost murmurou. Kenny bebeu um gole de café, seu olhar sobre a mulher sentada diante dele. Ela deveria estar em meados dos seus cinquenta anos, mas parecia dez anos mais velha. Rastreá-la não foi fácil. Dois dias de trabalho


braçal levou-o a uma boutique que projetava e vendia trajes de showgirl. Ela pertencia à Gemma e sua filha. Gemma olhou para cima da tela do computador, onde estudava fotografias de Faith do artigo de sábado. Associated Press32 pegou as fotos e correu com elas. Estavam todas na internet. — Ela é ainda mais bonita do que a mãe, e isso é dizer muito — disse Gemma. — Eu acho que são esses incomuns olhos Fitzgerald. Engraçado que ele não havia notado qualquer Fitzgerald com os olhos azuis de Faith. — Ela é realmente a filha do comandante. Gemma riu. — É claro. O irmão mais velho, uh, eu não me lembro do nome dele agora, tinha provas de DNA antes de vir ver Irene. Eu não sei como o investigador deles obteve uma amostra de DNA de Faith, mas eu acho que vocês investigadores particulares são bons nesse tipo de coisa. As bochechas de Kenny aqueceram. Ele não tinha nada a acrescentar. Gemma era contundente e direta, e não escondeu nada, desde que ele entrou em sua boutique e se apresentou como um IP e amigo de Faith. — Sabe, eu sempre acreditei que eles teriam levado Faith para longe de Irene se ela não tivesse concordado com os termos deles. Kenny franziu a testa. — Termos? — Eles ofereceram-lhe um lugar para ficar em LA, e uma remuneração mensal, assim Faith poderia ser criada corretamente. Corretamente. — Ela zombou. — Irene pode não ter tido muito dinheiro, mas ela criava essa criança corretamente. Ela não dormia com todo mundo como as outras garotas e sempre se comportava como uma dama. Mas acima de tudo, Faith era sua primeira prioridade.

32 Agência internacional de notícia, sediada em Nova Iorque


Kenny perdeu o interesse em sua torta, mas sua admiração pela mãe de Faith continuou subindo. Não deve ter sido fácil ser uma mãe solteira e criar uma filha em sua linha de negócios. — Ela estava assustada e impotente após os Fitzgerald falarem com ela. Ela veio até mim em lágrimas. Ela não queria perder sua filha, mas não acreditava em depender dos outros para alimentar e vesti-la. Era um dilema. Dançar era tudo o que sabia. Ao mesmo tempo, ela queria o que era melhor para Faith. — Gemma sinalizou para a garçonete e pediu mais café. — Você quer um copo fresco, Sr. Lambert? — Não, obrigado. — A confeitaria tinha tortas incríveis, mas o café era terrível. — De qualquer forma, eu disse à ela para pedir para ver o pai de Faith, para lidar com ele, em vez do irmão dele e seus advogados. Ele estava em Okinawa no momento. Eles o trouxeram para casa. — Gemma tomou um gole de café. — Apenas assim. Um telefonema e ele estava em casa. Isso que é poder. Assim que o amável homem soube sobre Faith, ele decidiu cortejar nossa Irene outra vez. E que namoro. — Ela abanou o rosto com a mão. — Ufa. Ele também não estava muito feliz com seu irmão pela forma arrogante que tratara Irene, o que o redimiu nos meus olhos. Mas o jeito que ele adorava Faith é o que conquistou Irene. — Ela riu e se inclinou para trás. — Agora que é um pedaço de uma história de amor. O que você acha? Kenny riu. — Acho que você deveria dizer à Faith essa história em algum momento. — Eu adoraria isso. Ela está feliz? Imagens de Faith brilharam em sua cabeça. Faith vestindo sua camisa, provocando-o. Faith sentada do outro lado da mesa sob a luz de velas, compartilhando uma refeição que ela preparara apenas para os dois. Faith adormecida em seus braços. Então, houve Faith lutando contra as lágrimas quando Sean deu mais um golpe nos planos dela, olhos azuis piscando quando estava com raiva ou frustrada.


— Sim, ela está feliz e ansiosa para a Semana de Moda. — Gostaria muito de estar lá. — Gemma suspirou. — Talvez um dia. — Ela me disse que gostaria que você estivesse lá. Gemma balançou a cabeça. — Não, eu não quero impor. — Eu não quero ser rude, Senhora Stone, mas e se eu lhe comprar um ingresso para o desfile? Você iria? Gemma riu. — Oh, você não é um amor. Estes desfiles são apenas por convite e tenho certeza que todo mundo que é importante no mundo da moda já aceitou seu convite. É melhor para o negócio dela ter em seu desfile editores e compradores, celebridades e jornalistas, e não velhas amigas. — Ela deu um tapinha no braço. — Mas obrigada por pensar em mim. Kenny franziu a testa. — Não sei como essas coisas funcionam, mas eu sei que você estar lá significaria muito para Faith, razão pela qual eu vim te encontrar. Ela me disse o quanto você a influenciou, como ela tentou encontrá-la antes, com pouco resultado. — Não se preocupe comigo, querido. — Ela afagou a mão dele. — Se a minha afilhada me quer lá, eu encontrarei um jeito. — Ela sinalizou para a garçonete e pediu a conta. — Eu cuidarei disso, Sra. Stone. — Obrigada. — Ela se inclinou para frente e estudou atentamente Kenny. — Então? Quão sério você está sobre a Faith? Kenny riu. Sua franqueza era desconcertante. — Quem disse alguma coisa sobre... — Meu querido menino, por que mais você viria procurar por mim, se não para mostrar sua devoção à ela? Você a ama. Eu vejo isso em seus olhos e ouço em sua voz sempre que diz o nome dela. Kenny sorriu. — Sim, eu a amo.


CAPÍTULO 19 Faith estava no meio de remover o seu jantar de um saco plástico quando seu celular tocou. Ken. Um arrepio disparou através dela. Ele deixou sua casa domingo de manhã, depois do café, e ela não ouviu falar dele desde então. Ela pegou o telefone. — Ei, sumido. — Olá, querida. Você está em casa ou no trabalho ainda? — Perguntou. — Casa. Já chegou. Onde você estava? — Sentiu minha falta? — Ele brincou. — Era essa a sua intenção? Ele riu. — Não. Eu tinha alguns negócios em Las Vegas, que envolvia visitar todos os tipos de lugares desagradáveis. Faith franziu a testa. A maioria do trabalho que ele fez durante seu caso envolveu vigilância através aparelhos de alta tecnologia. Ela esqueceu que ele fazia outros tipos de trabalho de IP também. — Onde você está agora? — No caminho de casa. — Você precisa de uma carona do aeroporto? — Não, não, querida. Eu vou para casa em San Diego para ver meus pais. Eu estarei de volta em L.A. na quarta-feira de manhã. O dia antes de partirem para Sonoma. O confronto com a tia brilhou na cabeça de Faith. Como desejava que eles não fossem. Mas fugir não era a sua coisa. Não importa quão terrível a visita poderia ser, ela iria. Ela e Sean precisavam ter seu confronto. — Você ainda está aí? — Perguntou Ken.


— Sim. Apenas pensando. Eu tive um daqueles dias que começou ótimo e terminou em um desastre. — Isso não parece bom. O que aconteceu? Faith sentou e suspirou. Por onde começar? — Minha tia passou pela loja e eu a repreendi. Sean disse suas mentiras e meias-verdades, e ela acreditou nele. Eu disse à ela que tinha provas para enterrá-lo. — Ela franziu a testa. — Isso é bom, certo? Eu não tinha certeza de como você reagiria. — Está tudo bem. O que ela disse? — Ela não acreditou em mim. As coisas se intensificaram a partir daí e ela saiu furiosa. O mais engraçado é que o dia começou ótimo e eu tenho que agradecê-lo por isso. Ele riu. — Realmente? O que eu fiz? — Você me convidou para ser um chamariz no desfile beneficente e trabalhar com os meus anjos da guarda de Hollywood. Esse artigo fez mais para comercializar o meu negócio do que anos de desfiles locais. Eu enviei convites para quem-é-quem no mundo da moda e obtive algumas respostas. Eu não estava muito preocupada, porque sabia que GGC anuncia os eventos que patrocinam também, mas hoje, uau, você pensaria que uma barragem rompeu. Eu tive várias confirmações de jornalistas, editores de moda, estilistas, e blogueiros. A este ritmo, eu terei todos os assentos tomados até o final da semana. — Isso é muito importante? Faith riu. — Sabe qual é o pesadelo de um designer? — Qual? — Baixo comparecimento. Durante a Semana de Moda, você pretende que blogueiros escrevam sobre sua coleção, editores marquem entrevistas com você para expor sua roupa, estilistas encomendem vestidos para suas celebridades para vestir no Oscar ou o Grammy...


compradores, grandes e pequenos, disputando para fazer encomendas. Um desfile pode fazer ou quebrar um designer. — Então, pessoas comuns não podem comprar ingressos e assistir você brilhar? Ele tinha um jeito com as palavras. — É essa a sua maneira de perguntar se você pode assistir o meu desfile? Ken riu suavemente. — Posso? — É claro. Não comecei a fazer um mapa da disposição dos assentos ainda porque... bem, eu não sabia quem participaria. Você sabe, que não seja a minha família e amigos. Então, quantos bilhetes você gostaria? — Você pode reservar dois? — Dois então. — Ótimo. Obrigado. Alguma coisa sobre a parte do financiamento? — Ainda não, mas eu tenho alguns compromissos nos próximos dois dias. — Ela odiava discutir questões de dinheiro com Ken. Sua oferta de ajuda começava a parecer tentadora, mas ela não podia ousar. — Eu devo saber minha posição na próxima semana. — Bom. Nós estamos embarcando. Você quer os vídeos de Sean para mostrar para a sua tia? — Não... sim... eu não sei. — Sua campainha tocou. — Eu aviso você. Alguém está tocando a campainha da minha porta. — Ela levantou. — Os guardas de segurança não devem notificá-la se você tiver um convidado? — Ele parecia preocupado. — Provavelmente é um dos meus primos. Os guardas os conhecem e, muitas vezes deixam passar. Vamos conversar mais tarde, tudo bem. Ela correu para a porta assim que desligou o telefone celular. Eddie estava do outro lado da porta, uma carranca no rosto. — Você está bem? — Ele perguntou. — Sim, você?


Ele só fez uma careta mais dura. — Quero dizer, você estava encostado na minha campainha como se o capeta estivesse em seu calcanhar. — Ela deu um passo para trás. — Entre. Eu estava prestes a jantar, caso queira se juntar à mim. — O que você está comendo? — Sub sanduíche33. Eu peguei um de trinta centímetros, assim você pode ter a metade. Eddie fez uma careta. — Esse é o seu jantar? — Eu vi isso, Sr. Julgamento. — Ela pegou uma lata de cerveja na geladeira e jogou-a para ele. Ele a abriu e tomou um longo gole, depois se inclinou contra o balcão. — Posso ouvir a roda girando em sua cabeça, Eddie. Saia e diga o que está em sua mente. — Nós pegamos os dois caras que vandalizaram sua loja. Algo em sua voz fez Faith encará-lo. — Isso é ótimo... certo? — Eles deram a descrição da pessoa que os contratou e não era Sean. Deidre Jamison contratou-os. As palavras da tia Viv passaram pela sua cabeça. E se Sean não fosse culpado? — Eles estão dizendo a verdade? Ele assentiu. — Eles a conhecem como Charlene Butler, uma regular no bar da vizinhança não muito longe de antiga casa dela. Ela perguntou se eles estavam interessados em fazer dinheiro extra. Eles disseram que ela mostrou um monte de dinheiro, como se tivesse ganhado na loteria ou algo assim. O carro que eles usaram foi roubado não muito longe do bar, mas despejado no outro lado da cidade. — Alguma notícia dela?

33 Sanduíche submarino, sub, grinder, hero, hoggie ou sanduíche italiano, é um tipo de sanduíche que consiste de duas longas fatias de pão cortadas longitudinalmente recheadas com carne, queijo, tomate, alface e condimentos.


Ele balançou a cabeça. — Não, mas nós estamos seguindo algumas pistas. Eu acho que ela trabalhava com Sean. E ele escaparia com isso. Faith empurrou seu sanduíche. Seu apetite se foi. — Quanto? Eddie levantou uma sobrancelha. — O quê? — Quanto custou destruir minha loja e espancar Molly? — Cinco — disse ele relutantemente. — Mil? — Centenas. Faith cerrou o punho. — Deve haver uma maneira de você conectar a retirada do banco de Sean para um depósito na conta do Deidre. — Quinhentos é muito pouco para levantar uma bandeira vermelha. No entanto, estamos tentando ver se houve uma grande retirada da conta dele na época que ela deu a entrada do pagamento em seu condomínio. Ele não conseguirá escapar com isso. — Ele conseguirá. Sabe o que ele disse à tia Viv? — Quando ela terminou de falar, Eddie estava andando. — Eu vou pegar as fitas de Lambert e mostrar à ela — disse Eddie. — Talvez ela finalmente vá vê-lo como a bola de lodo que é. — Não. Ele fez uma careta. — Você quer que eu fale com ela? Faith balançou a cabeça. — Ela deveria ter acreditado em mim quando falei com ela. Nós não vamos mostrar nada para ela. — Faith pressionou um dedo na têmpora. — Eu preciso me concentrar em terminar minha coleção e obter fundos para o desfile, não perseguir meu rabo por causa de Sean. — O que quer dizer com obter fundos para o desfile? Eu pensei que você tinha alguma grande corporação jogando dinheiro em você.


— Estou falando sobre um desfile diferente — ela mentiu suavemente e esperava que Eddie não notasse suas bochechas aquecidas. — Lori já está em casa? Ele assentiu, embora ainda a olhasse com curiosidade. — Sim. Por quê? — Com Molly fora, eu estou com menos uma vendedora. Eddie sorriu. — Bom. Ela pode ajudar na loja enquanto eu mostro LA ao seu novo amigo, dentro de uma viatura. — Outro namorado? — Um amigo, ela insiste. Um estudante de intercâmbio de Dublin que ela decidiu trazer para casa para a Ação de Graças. Ele é um pouco demasiadamente amigável para o meu gosto. Faith frequentemente achava a dinâmica da relação entre Eddie e sua irmã mais jovem divertida, mas não desta vez. De todas as meninas Fitzgerald em idade universitária, Lori compreendia moda e muitas vezes ajudava na loja Falasha durante os feriados. Ela até modelava as roupas para o site da Falasha. Ela pediria a ela primeiro antes de tentar as outras primas. *** Ken pegou um carro de aluguel do aeroporto e se dirigiu para a casa de seus pais em La Jolla. Ele tentou pensar em como explicaria ao pai por que precisava de cem mil. Quando parou em frente à casa de praia de estilo Cape Cod que seus pais chamaram de lar por mais de vinte anos, ele ainda aperfeiçoava os detalhes. Ele estacionou no meio-fio, içou sua mochila para noite por cima do ombro, e se dirigiu para o portão lateral. A caminhada até o caminho de paralelepípedos trouxe de volta uma onda de memórias de infância. Misa e ele passaram muitas manhãs dentro de casa com o nariz enterrado em livros e tardes labutando sobre peças no piano e violino, mas suas noites eram passadas brincando de esconde-esconde atrás das sebes espessas.


Ao contrário do tapete contínuo de grama de seus vizinhos, o gramado da frente deles era uma mistura de paisagismo japonês tradicional e arquitetura moderna – pedaços verdes cercados com cercas vivas harmoniosas ou canteiros de flores, lanternas de pedra com significados ocultos, uma fonte de água, até mesmo uma ponte falsa. As melhores partes eram os bancos, que sua avó estrategicamente colocara ao redor do complexo. Ela muitas vezes se sentava lá e olhava para o espaço. Alimentando o seu espírito, sua mãe havia dito à Ken. Ele entrou em muitos problemas por abordá-la silenciosamente para ver o que ela comia para alimentar seu espírito. Seu pai abriu a porta, com os olhos brilhando. — Filho. Esta é uma surpresa. — Ele olhou para trás de Ken como se procurasse alguém. — Olá, pai. Eu sei que deveria ter ligado primeiro. — Por quê? Esta é a sua casa. — Seu pai deu um passo atrás para deixá-lo passar, em seguida, colocou a mão no ombro de Ken, a coisa mais próxima de um abraço que Ken recebeu dele há algum tempo. — Não sabia que você vinha para casa na Ação de Graças. — Estou aqui apenas por um dia, pai. Eu fiz outros planos para a Ação de Graças. — Negócios? Ken foi surpreendido novamente pela leve curiosidade e falta de censura na voz de seu pai. — Prazer. Seu pai riu. — A designer de moda? Sua irmã estava frita. Antes que Ken pudesse responder, sua mãe gritou de dentro, — Quem é, querido? — Ken. — Seu pai fechou a porta e caminhou com ele. Sua mãe e sua avó estavam na sala, assistindo algo na TV. Seu pai deu um tapinha no ombro de Ken. — É bom ter você em casa, filho. Eu estarei lá dentro se precisar escapar — acrescentou em um sussurro.


Enquanto seu pai desaparecia na direção oposta, Ken colocou a bolsa no chão e abraçou sua pequena mãe. Ela devolveu o abraço, em seguida, deu um tapa no braço dele. — Por que você não disse que vinha para casa? Eu teria mantido um prato quente para você. Ken sorriu, vendo passar a carranca para o prazer em seus olhos. — Frio será. Oi, obaa-chan — disse ele, usando o apelido japonês para avó que ele frequentemente utilizava. — Não me vem com obaa-chan. — A avó chamou-o, deu-lhe um abraço e um aperto na bochecha. — Onde ela está? — Onde está quem? — Perguntou Ken, silenciosamente prometendo enterrar sua irmã em uma cova sem marcação. — Sua namorada, seu menino travesso — sua avó o censurou. — Misa disse que a traria para casa. Um enterro era muito dignificante para o que ele planejava fazer a sua irmã. — Faith está se preparando para a Semana da Moda, mas eu passarei a Ação de Graças com ela e a família. — Oh, quão maravilhoso — disse sua mãe, puxando seu braço e indicando uma cadeira. — Conte-nos mais. Você tem uma foto dela? Você já tem algo decente para vestir? Você sabe o quão importante são as primeiras impressões. — Não há nada de errado com jeans e uma camiseta — ele brincou. Sua avó soltou uma sequência de condenação. Os olhos de sua mãe se estreitaram. — Quando você voltará? — Quarta-feira de manhã. — Nós vamos fazer compras amanhã — disse sua mãe com firmeza. — Mãe, eu tenho... — Eu pegarei alguma coisa para você comer.


Ele deveria ter pensado melhor antes de discutir com ela. Uma vez que ela decidia algo, não havia como mudá-la. Deixado com sua avó, Ken encontrou seu olhar e sorriu. — Não tente me encantar com esse sorriso, seu menino travesso. Você já deu à ela um anel? — Não. — O que você está esperando? Ken suspirou. Ele não estava preparado para isso. — O momento certo, obaa-chan. — Que presente você levará para os pais dela? Sua avó era muito tradicional. — Esta é uma ocasião muito informal. Ela bufou. — Você tem fotos dela? — Não. Sua avó cruzou os braços e estreitou os olhos. — Há quanto tempo você conhece esta garota? Ken recordou o momento em que viu Faith pela primeira vez. Seu pessoal protegia a prima dela, Ashley, no momento. Jeans skinny e um top apertado que mostrava seu corpo incrível, o rosto tão delicado que ele ficara de boca aberta, até que ela abriu a boca. Ele nunca conheceu uma mulher mandona, sabe-tudo em toda sua vida. — Responda a sua avó, querido — disse sua mãe, com um prato de sushi e sashimi em sua mão. Ela sentou na poltrona e colocou o cabelo dele para trás. — Eu conheço Faith há mais de um ano. Acho que me juntarei ao papai agora. — Ele levantou-se para fugir com sua comida, mas sua mãe agarrou seu braço e gentilmente puxou-o de volta ao seu lugar. — Mostre-nos a foto dela. — Mãe — ele protestou. Sua avó riu alegremente.


— Desde que você a conhece há muito tempo, tem de ter uma foto dela em algum lugar — sua mãe insistiu. — No seu telefone celular... em sua carteira... Ken gemeu. — Telefone celular, mãe? Mães mantem fotos... — sua voz sumiu quando olhou para elas, suas expressões idênticas. Ambas as mulheres podiam ser incrivelmente doces num segundo e tigresas no próximo. Ken removeu o laptop de sua bolsa. As mulheres não falaram enquanto ele mostrava imagens on-line de Faith. Ficando um pouco preocupado, ele olhou uma, e então outra. — O quê? Sua avó balançou a cabeça. Vincos apareceram entre as sobrancelhas de sua mãe. — O que há de errado? — Perguntou Ken. — Ela é bonita — disse sua mãe. — As meninas bonitas não querem estragar seus corpos com bebês — continuou sua avó, — ou ficar em casa e cuidar deles. Ele não tinha nenhum problema em trabalhar em casa enquanto cuidava de seus filhos se Faith... Droga, agora ele pensava à frente de si mesmo. Ele ainda estava para dizer a ela que a amava, quanto mais pedir para ela se casar com ele. — Então não teremos nenhum. — Pegando o prato de comida, Ken correu para dentro para se juntar a seu pai. Sua mãe e avó não o impediram desta vez ou comentaram sobre seu comentário ultrajante. Seus olhos estavam grudados na tela do computador. — Ela tem olhos bonitos — sua mãe murmurou. — Ela é muito bonita — sua avó repetiu. Ken apenas balançou a cabeça e continuou seu caminho. O som do locutor esportivo derivou através da porta fechada. Ele bateu, em seguida, abriu a porta e enfiou a cabeça dentro. Na tela, um jogo estava


acontecendo

University

of

Oregon

Ducks

contra

Stanford,

a

universidade que seu pai cursou. — Quem está ganhando? Seu pai o mandou entrar. — Os Ducks estão nos matando. Pegue uma cadeira. *** Quando Ken acordou na manhã seguinte, seu pai já saído de casa. Ele teve um café da manhã agradável com sua avó e mãe, que o grelhou um pouco mais sobre Faith e sua família. — Você não vai trabalhar hoje? — Ele perguntou. Sua mãe balançou a cabeça. — Não, querido. Sua avó e eu estamos aprontando as coisas para a Ação de Graças. Você e eu vamos fazer compras no final da tarde. Nenhum homem adulto saía para comprar roupas com sua mãe, ele queria dizer à ela, mas mordeu a língua. Discutir com ela era inútil, mas tentou encontrar uma maneira de contornar seus planos enquanto dirigia para Lambda, aos escritórios de seu pai. A recepcionista deu um sorriso cheio de dentes. — Bom dia, Sr. Lambert. Seu pai espera por você. Ken fez uma careta. Como ele sabia que Ken viria? Misa. Ken passou os escritórios com nomes que não reconheceu. Ele esteve longe por muito tempo. Em vez de ir ao escritório de seu pai, ele parou no de sua irmã. Ela estava ao telefone, então ele apontou para ela e imitou decapitação. Misa sorriu e murmurou: — Espere. Ken cruzou os braços e encostou-se ao batente da porta, imaginando todos os tipos de maneiras de fazê-la pagar. Por outro lado, ele brincava com ela sem piedade quando eram pequenos. Esta poderia ser a maneira dela de retribuir. Ela correu para contornar a mesa e deu um abraço nele. — Por que não disse que viria para a Ação de Graças? Onde está sua namorada?


— Faith não está aqui e muito obrigado por contar à família sobre ela. Misa deu um sorriso tímido. — Desculpe. Eu tive que dar algo para tirá-los do meu pé. Você não vive sob o seu escrutínio constante ou ouvindo sermão sem parar sobre se estabelecer. Então, por que você está realmente aqui? Pensando em pedir a mamãe para patrocinar sua namorada? — Não é da sua conta. Ela fez beicinho. — Isso é tão juvenil. Ken sorriu. — Você tem planos para o almoço? — Talvez. — Cancele-os. Ligue para mamãe e diga à ela que você e eu vamos pegar algumas coisas na loja depois do almoço, para que ela não precise se preocupar. — Ele saiu. Quando ele olhou para trás, os olhos semicerrados de Misa estavam sobre ele. Ela provavelmente tentava descobrir o que estava acontecendo. Ken riu. A assistente de seu pai o conduziu ao escritório e fechou a porta ao sair. Ken olhou em volta e sorriu. O escritório não mudou. A mesma escura mesa de madeira cerejeira com a foto de sua mãe, estante combinando, cadeiras de couro marrom, e sofás para conferências. Nas paredes estavam certificados, prêmios e fotos de seu pai e empresários e políticos locais, lembranças de viagem, das viagens de seus pais e, claro, fotos de Ken e Misa tiradas na noite do aniversário de casamento de seus pais. — Sente-se, filho. — Seu pai acenou para os sofás de couro. Em vez de sentar, Ken foi ao bar de canto e se serviu de um copo de água. Ele hesitou, enquanto reorganizava seus pensamentos, em seguida, virou para encontrar seu pai observando-o. — O que está em sua mente? — Eu preciso de um empréstimo, pai.


Os olhos do pai se estreitaram. — Quanto? — Cem mil dólares. Trent Lambert franziu os lábios, uma carranca no rosto. — Ok. — Eu prometo te pagar de volta o que eu... o que você disse? Seu pai riu e foi até onde Ken estava. — Eu disse que tudo bem. Você nunca me pediu nenhum antes, então eu suponho que deve ser algo muito importante para você fazê-lo agora. — Isto é. Eu pagarei de volta, logo que eu puder. — Eu tenho certeza que você pagará. Também estou feliz por você não decidir vender suas ações na empresa para levantar os fundos. Isso significa que esta empresa significa algo para você. — Seu pai serviu uma dose de conhaque, rodou o líquido âmbar, então bebeu. Ken sabia que havia mais por vir. — Então, ao invés de dar um empréstimo, considereo como pagamento por serviços prestados. Ken esperava isso. Salvar os sonhos de Faith valia o sacrifício. — Claro, senhor. — Então, vamos conversar. — Seu pai sentou em um dos sofás e indicou o do outro lado do dele. Ele cuidadosamente delineou exatamente o que ele esperava de Ken. *** Faith deixou os escritórios de RITCO de mãos vazias. A empresa de refrigerantes era o terceiro possível patrocinador a afirmar que amavam o trabalho dela, mas não podiam se comprometer por causa do curto prazo. Por um momento, ela apenas sentou em seu carro com os olhos fechados. Mais um para ir, mas ela podia prever a resposta deles. — A Semana de Moda da Primavera é daqui a três meses, senhorita Fitzgerald. Por que você esperou até o último minuto para encontrar um patrocinador? — Eu tinha um patrocinador, mas tivemos que nos separar porque suas exigências não eram razoáveis — ela respondeu. Qualquer um no


negócio da moda sabia que às vezes patrocinadores iam longe demais com a colocação de produtos em torno da passarela, forçando os designers a cancelar o acordo. — Contate-nos no próximo ano e vamos trabalhar em algo — era a linha de encerramento padrão. Ela poderia não ter um no próximo ano. Voltar ao GGC estava fora de questão e assim estava tocar em seu fundo fiduciário. Sua família tinha um protocolo em vigor sobre a forma de desembolsar fundos fiduciários para a geração mais jovem. Aos vinte e cinco anos de idade, você recebia dinheiro. Como a maioria de seus primos, Faith usou parte dele para pagar a sua casa. Ao contrário dos outros, ela usou o resto para começar seu negócio. Aos trinta e cinco anos, você recebe o resto em dinheiro ou ações. Ela não receberia o dela por mais quatro anos. Pior, tia Viv controlava as finanças e ela nunca, nunca afrouxou para qualquer um. Ela poderia ter que engolir seu orgulho e ir pedir para sua tia. O pensamento era desagradável. Suspirando, Faith ligou seu carro, saiu do estacionamento e seguiu para West Hollywood. Com sorte, sua nova vendedora estaria realmente atendendo os clientes da Falasha e não olhando nos olhos de seu namorado. Puro desespero forçou Faith a aceitar o arranjo deles – Lori, a irmã de Eddie, e seu amigo Albert vigiando a loja esta tarde enquanto ela resolvia umas coisas. Como ontem, havia muito poucos clientes rodando em torno da loja. Lori sentou atrás do balcão e observava seu amigo encantar uma cliente. A combinação de boa aparência e um sotaque irlandês sexy era, obviamente, irresistível. Lori seguiu Faith para seu escritório. — Você recebeu várias ligações aceitando seus convites para o seu desfile. Isto é tão excitante. — Ela se sentou na beirada da mesa de Faith, seus olhos azuis brilhando. — Posso ter um ingresso também?


Para um desfile que poderia estar desmantelado na próxima semana ou assim, o pensamento cruzou os pensamentos de Faith e a encheu de angústia. Massageando sua têmpora, ela caminhou ao redor da mesa e se sentou. — Eu não sei, Lori. O desfile é durante a escola e não acho que seus pais aprovariam. — Vou pedir a eles primeiro, eu prometo. — Sua expressão era solene enquanto continuava. — Eu já verifiquei a agenda do próximo semestre e posso voar depois da minha última aula, assistir seu desfile, participar da festa, então voltar para Boston. Eu começaria a conhecer editores em sua pós-festa, uma oportunidade incrível para alguém se especializando na minha área. Faith estudou a expressão ansiosa de sua prima. Ela estava se formando em jornalismo na Boston University. Faith odiava ser deprimente, mas a pós-festa ainda não estava em sua lista de prioridades. Com GGC fora de cogitação, ela duvidava que houvesse uma, mesmo se tivesse algum financiamento. — Vamos ver sobre a festa, mas eu vou te dar um ingresso, se seus pais disserem que está tudo bem. Lori gritou e correu ao redor da mesa para abraçar Faith. — Obrigada... obrigada... Seu entusiasmo era difícil de ignorar. Faith sorriu. — Ok. Como vão as coisas lá fora? — Muito bom... para Albert. As mulheres continuam dando à ele os números de telefone delas e convidando-o para festas. — Ela fez uma careta. — Ele acha que é engraçado. — O que você acha? — Perguntou Faith. — Eu acho que elas são patéticas. É melhor eu ficar de olho nele. — Ela saiu do escritório com uma caminhada saltitante.


Enfim sós, sentando Faith fechou os olhos. Ela chegou à uma decisão. Ela não gostou, mas era a única maneira de salvar o seu sonho. Com sorte, sua tia concordaria com seus termos.


CAPÍTULO 20 Compras com Misa se transformou em... compras para Misa. Ken conseguiu o que precisava em menos de uma hora, então, passou várias mais com sua irmã aumentando à sua extensa coleção de sapatos. — Pense nisso como uma oportunidade de aprender — ela disse a ele, experimentando agora outro par de sapatos. — Aprender o quê? — Paciência. Com sua namorada no negócio da moda, você terá de assistir a um monte de desfiles chatos. Sua enlouquecedora irmã tinha um ponto. Um futuro com Faith significava ficar até o fim de desfiles de moda, ir à viagens para compra de tecido, e Deus sabe mais o quê. Ele não tinha ideia onde os jovens designers levavam as roupas produzidas em massa para varejistas, mas ele planejava ser solidário. — O que você acha disto? — Misa levantou um suéter verde marinho. — Muito masculino e grande para você. — Não é para mim, idiota. Para você. Eu acho que é perfeito. A cor fará seus olhos se destacarem. — Não, obrigado. Eu tenho tudo que preciso. — Ele comprou um par de calças cáqui e duas camisas. — Eu comprarei de qualquer maneira. É meu presente para você por ser tão agradável. Eu poderia incluir este conjunto de meias de seda, se você me disser mais sobre Faith e essas reuniões com o pai. Ken recusou-se a ser arrastado para discutir qualquer coisa com sua irmã intrometida, o que só a deixava mais determinada para saber


mais. Quanto às reuniões, ele deu a sua palavra de não divulgar o assunto a qualquer pessoa conectada com a empresa, incluindo sua irmã e mãe. — Eu vou passar as meias — disse Ken, sorrindo. Misa fez uma careta. Sua irmã odiava estar no escuro sobre as coisas. Ele suspirou de alívio quando ela desistiu do assunto e levou sua seleção para o caixa. No momento em que chegaram em casa, o jantar estava sobre a mesa. — Só porque você não estará aqui na Ação de Graças não significa que não podemos ter um jantar decente como uma família — disse a mãe. — Você comprou algo bom para sua ocasião especial? Misa aproveitou e obteve todas as informações sobre Faith de sua mãe e avó. Elas ainda mostraram o artigo online para ela. — Ela é muito talentosa — sua irmã sussurrou para ele. — Eu sei. — Agora entendo por que você quer ajudá-la. Você já pediu para a mamãe? A mamãe chamando todos para a mesa o salvou de responder. O jantar foi uma refeição tradicional de Ação de Graças da família Lambert, frango em vez do peru, pratos japoneses servidos ao lado de recheio, purê de batatas e outros enfeites. Mais tarde, Misa e ele realizaram duetos no piano e violino, assim como costumavam fazer quando ainda viviam em casa. Mas, apesar das festividades, ele não parava de pensar e se preocupar com Faith. Ele estava prestes a desaparecer no quarto de hóspedes quando seu pai fez o anúncio. — Ken está movendo seu negócio para San Diego e se tornará mais envolvido com a empresa. — Isso é maravilhoso, querido — exclamou a mãe. — Quando? — Perguntou Misa.


— Próximo mês. É a título experimental — acrescentou Ken rapidamente. — Veremos como isso vai. Ken se sentiu mal por não dizer a verdade, mas seu pai insistiu nisso. Ele ainda estava espantado por seu pai pedir a ajuda dele. Um dos funcionários Lambda secretamente conduzia potenciais clientes de empresa de seu pai para o concorrente. Para pegar o bastardo, Ken se juntaria ao serviço de seu pai pelos próximos dois meses. Seu pai ainda insistiu que sua irmã e mãe fossem mantidas no escuro no caso delas suspeitarem de pessoas trabalhando com elas e começarem a se comportar de maneira diferente em relação a eles. Tudo deveria parecer normal. Uma vez que lidavam com crime corporativo, apenas Ken e seu assistente Sly se mudariam para San Diego. O resto de sua equipe ficaria em LA e continuaria a trabalhar como de costume subordinados a Lucy. Misa o encurralou antes que ele pudesse desaparecer dentro de seu quarto. — Por quê? O que está acontecendo? Sua irmã era inteligente demais para aceitar qualquer coisa sem questionar. — Não posso perseguir vermes para sempre. Ela ainda usava uma expressão desconfiada quando Ken fechou a porta. Conversando com Faith mais tarde e ouvindo a frustração na voz dela só reforçou sua crença de que fizera a coisa certa. Foi preciso se esforçar para não dizer a ela a verdade ou que a amava. O timing tinha de ser certo. — Eu tenho mais um encontro amanhã — disse ela, tentando soar otimista, mas falhando miseravelmente. — Se não der certo? — Não posso me dar ao luxo de pensar assim, Ken. — Havia tristeza em sua voz, como se ela soubesse qual seria o resultado. — Não vamos falar de negócios, tudo bem. Conte-me sobre o seu dia. Como está sua família? Se ele estivesse em Los Angeles, ele a pegaria em seus braços e a faria esquecer todos os seus problemas. — Todo mundo está muito bem.


Passei algumas horas com meu pai, conheci pessoas importantes na empresa, e fiquei até o fim de algumas reuniões. — Eu pensei que você odiava vestir ternos e participar de reuniões chatas do conselho. — Eu não usei um terno. Ela riu. — O que seu pai disse sobre isso? — Ele estava muito ocupado conversando para notar. Depois, Misa e eu fizemos compras — acrescentou rapidamente antes que ela pudesse fazer mais perguntas sobre a reunião com o seu pai. Era uma daquelas coisas que não podia discutir por telefone também. — Eu não entendo a obsessão dela com sapatos. Ela tem um par para cada roupa e ocasião. Quando perguntei por que, ela disse que é coisa de mulher. Faith riu. — Verdade. Os sapatos certos podem fazer uma mulher se sentir invencível. — Você também? — Culpada. *** A risada de Faith ficou com ele após a conversa deles terminar e durante o curto voo para Los Angeles na manhã seguinte. Do aeroporto, ele desviou. Em vez de ir para casa, ele decidiu parar na Falasha e vê-la. A loja tinha vários clientes, alguns esperando para experimentar roupas. Ele cortou um caminho através da loja e foi direto para o escritório de Faith. Uma menina familiar bloqueou seu caminho antes de chegar a ele. — Posso ajudá-lo? — Ela perguntou. Ken tentou se lembrar de onde a viu. — Estou aqui para ver Faith. Ela está? — Sim. Deixe-me verificar com ela primeiro. — Diga a ela que é Ken.


Enquanto a menina desaparecia dentro do escritório de Faith, Ken estudou os clientes. Eles pareciam gravitar em direção a um jovem, que, pela aparência das coisas, era um muito bom vendedor. Outro Fitzgerald? — Ken — disse Faith atrás dele. Ele virou. Um olhar nos olhos dela e seu peito doía, como se ela tivesse entrado em seu peito, agarrado seu coração e apertado. Ela parecia tão frágil, como se um simples toque e ela cairia. Ken fechou a distância entre eles. Ela o encontrou no meio do caminho, escorregando em seus braços e o segurou apertado. Tensão correu pelo corpo dela. Ele queria dizer a ela o que fez apenas para aliviar suas preocupações, mas ainda não podia, não até que o banco ligasse para ela primeiro e informasse que a sua conta já não estava congelada. O advogado da GGC com quem ele conversou prometeu agilizar o processo. Ele se inclinou para trás, estudou o rosto dela, em seguida, beijoua. Havia um tom desesperado no toque dela. — O que aconteceu? — Ele perguntou. — Decidi entrar com uma ordem de restrição por assédio civil contra Sean. No momento em que ele terminasse com Sean, o homem seria um idiota se incomodasse Faith novamente. — O que fez você decidir fazer isso? — Ele me ligou há alguns minutos e ameaçou destruir meu desfile da maneira que eu destruí o dele. — Como diabos você fez isso? Foi ele quem fez de tudo para sabotar o seu. Ela balançou a cabeça. — Ele deve ter descoberto que eu estava vendendo as jaquetas em vez de deixá-lo passá-las como dele em Nova Iorque.


— Você tem o direito de fazer o que quiser com seus designs. Dê entrada nessa ordem de restrição, enquanto eu termino um caso, em seguida, me encontre para almoçar. Venho buscá-la aqui em torno da uma. — Isso soa muito bem. Pretendo fechar cedo hoje de qualquer maneira. — Ela beijou-o, em seguida, passou a mão para cima e para baixo do peito dele. — Estou feliz que você está de volta, mas eu preciso ir, se eu quiser ter esse almoço. — Ela correu para sua mesa, pegou a bolsa do laptop e chaves do carro. Ele morria de vontade de dizer à ela que ela não precisava mais de um patrocinador. O banco poderia ligar para ela a qualquer momento com uma boa notícia. — Boa sorte. — Obrigada. Bonito suéter — acrescentou, fazendo uma pausa em seu caminho até a porta para acariciar a manga. — Obrigado. — Ele agarrou a mão dela e puxou-a de volta em seus braços para outro beijo antes de deixá-la ir. Ele a seguiu pela loja para seu carro e acenou quando ela foi embora. Ken pulou em seu SUV e foi para casa. Uma vez lá, ele ligou o seu computador e abriu o programa. O mapa do mundo apareceu. Ele clicou na América do Norte, em seguida, Califórnia, e, finalmente, LA. O sinal do transmissor GPS no carro de Sean apareceu como um ponto vermelho na tela. Um clique de um botão e o mapa bidimensional foi sobreposto a um mapa do Google da mesma área. Sorrindo, Ken localizou Sean. Ele estava do lado de fora de um banco no centro de LA. — Obrigado, Sly. — Ken prometeu dar ao jovem um bônus gordo. Em seguida, ele clicou em outro botão. Os dados do histórico de onde Sean esteve nas últimas 24 horas apareceram. Duas horas atrás, ele visitou um banco diferente e ficou por mais de uma hora. Interessante. Ontem, ele pegou o carro do aeroporto e foi direto para Galeno Towers, na sede da Fritz Corp, a empresa-mãe de todas as explorações da família Fitzgerald. Ele visitou a tia de Faith? Ken estava


muito tentado a pagar à mulher uma visita também e mostrar para ela a prova do que Sean fez a Faith só para ver a culpa no rosto dela. Apesar do pensamento tentador, ele sabia que Faith não aprovaria. Até que ela tivesse o anel dele em seu dedo, ele ficaria longe da sua velha tia má. Ele verificou a hora em que Sean chegou à sua atual localização. Vinte minutos atrás. Tomando como base o tempo em que ele esteve no banco anterior, ele poderia estar lá por pelo menos uma hora, o que dava à Ken tempo suficiente para alcançá-lo. Sorrindo, Ken subiu correu, trocou a calça cáqui, o suéter extravagante, e os sapatos vistosos que ele usou para aplacar sua mãe, por suas roupas normais – jeans e botas. Ele pegou o casaco e desceu correu. O ponto vermelho não se moveu. Ele procurou através de seu esconderijo secreto de dispositivos por transmissores escondidos. Como regra geral, nenhum de seus homens seguia a um trabalho sem um destes bebês escondidos em algum lugar em suas roupas. Ele escondeu um dentro de um botão falso em seu casaco e sob a sola de sua bota. Em seguida, ele entrou em e-mail, compôs várias mensagens, e as enviou. Ele pegou seu laptop e saiu pela porta. Ele teve que abandonar o seu carro pela van de vigilância. *** Faith debateu se iria direto para Galen Tower e atirar-se à mercê de sua tia ou esperaria até depois do jantar de Ação de Graças. Pedir a tia Viv para socorrê-la financeiramente ia contra tudo o que ela acreditava, mas ela não tinha escolha. O último possível patrocinador deu a ela a mesma resposta dos demais, a reunião não foi de longa duração. Suspirando, Faith acelerou seu motor e se dirigiu para o escritório do tribunal de comarca mais próximo. Depois de pegar os formulários de ordem de restrição, ela decidiu passar em sua loja antes de ir para o escritório de sua tia.


Como ontem, sua loja estava movimentada. O dinheiro que entrava era ótimo, mas não poderia cobrir seu desfile. Ela também fez algo que alguns poderiam considerar pouco ortodoxo. Ela enviou uma cesta gourmet em agradecimento para o repórter que escreveu o artigo sobre ela. Com sorte, o gesto não voltaria para mordê-la. — Um Sr. Weinstein ligou duas vezes — disse Lori, seguindo Faith em seu escritório. — Ele quer que você retorne a ligação o mais rápido possível. Faith franziu a testa. — Obrigada, hun. — É quase meio-dia — Lori lembrou. — Eu sei. Deixe-me fazer esta ligação, então você pode sair. Vocês dois vão para algum lugar especial esta tarde? — Não, apenas dirigindo para Sonoma. Eu disse à Albert sobre os cavalos de tia Viv, e por isso ele quer que a gente vá cedo e passeie a cavalo. — Ela fez uma careta. — Tia Viv disse que estava bem. Você vai hoje à noite também? — Amanhã. Nós sairemos daqui de manhã. — Nós? — Ken vai também. — Os olhos de sua prima se arregalaram com interesse. Para evitar responder perguntas desnecessárias, Faith tirou o telefone celular de sua bolsa, encontrou o número do banqueiro, e digitou-o. Quando olhou para cima, Lori já havia deixado a sala. — Senhor Weinstein, por favor — disse Faith quando o telefone foi atendido no outro lado. — Senhorita Fitzgerald. Fico feliz de você retornar a minha ligação antes de eu finalizar o dia — o banqueiro disse ao atender. — Pensei que nós concordamos discutir a minha conta na próxima semana, Sr. Weinstein. — Não há necessidade de discutir qualquer coisa, senhorita Fitzgerald. Recebemos uma ordem judicial para descongelar sua conta.


Seu coração parou, então, pegou ritmo. — O que... quando? — Recebemos um telefonema da GGC esta manhã. Agora você tem acesso ao seu dinheiro. Pensei que você poderia querer saber. Tenha uma feliz Ação de Graças, senhorita Fitzgerald. — Você também, Sr. Weinstein. — A mão de Faith balançou ao desligar o telefone. O que isso significava? GGC a patrocinava novamente? Eles devem ter visto o artigo sobre ela e perceberam que ela valia o investimento. Sim! Ela socou o ar. Não, ela não deveria tirar conclusões precipitadas. Melhor ouvir a verdade da boca do cavalo. Respirando fundo, ela pegou o telefone e discou o número de GGC. A mulher que atendeu ao telefone a repassou ao departamento jurídico deles. — Recebi um telefonema do meu banco informando que vocês descongelaram minha conta — disse Faith, com a voz um pouco instável. — Isso é correto, senhorita Fitzgerald. Ela reconheceu a voz do azedo advogado que enfrentara na sua última reunião. — Isso significa que você está me patrocinando? — Não, senhorita Fitzgerald. Significa que alguém pagou o dinheiro que nos devia. Se você fizer o desfile em Nova Iorque é realmente... — Quem pagou? — Não tenho liberdade para dar essa informação. Boa sorte, senhorita Fitzgerald. Tenha uma feliz Ação de Graças. — A linha ficou muda. Ela estava feliz demais para se sentir insultada pela grosseria do homem. Ela precisava ligar para Ken e compartilhar a boa notícia. Não, isso não era necessário. Eles iam almoçar em uma hora. Ela diria à ele depois e hoje à noite, eles celebrariam. Talvez eles voassem para Bahamas depois da Ação de Graças e estenderiam a celebração.


Sorrindo para seus pensamentos, ela se virou em seu computador e entrou em sua conta bancária para confirmar o que o banqueiro dissera à ela. Seus olhos se encheram de lágrimas de alívio. Negócios podem esperar. Não havia absolutamente nada de errado em compartilhar sua notícia com o homem que amava. Por que lutou contra se apaixonar por Ken? Recusou-se a reconhecer isso nos últimos dias. Ela amava Kenneth Lambert com cada fibra do seu corpo, cada respiração que dava. Ela discou o número dele. A chamada foi direto para sua caixa postal. — Olá querido. Me liga. Tenho algumas notícias surpreendentes para compartilhar. Em seguida, ela fez várias ligações para Nova Iorque. Marc ficou aliviado ao ouvir dela. Ela agora poderia descontar o cheque que Faith deixou para trás. A empresa de produção fazendo seu desfile também fazia festas e sabia que locais ainda estavam disponíveis durante a Semana da Moda. Eles ficaram felizes de estar no comando de sua festa. Sua festa. Ela gostou do som disso. Finalmente, ela tirou o arquivo das entrevistas que fez semanas atrás – Jennifer Larson. Com sorte, ela ainda estava disponível. Faith ligou e lhe deu a notícia – ela foi contratada. Faith marcou uma reunião para as duas sentarem e conversarem. Feito, Faith recostou-se contra a cadeira e exalou. Oh, isso era bom. Mais uma vez, ela discou o número de Ken. Ficou sem resposta. O que ele estava fazendo que não poderia atender o telefone? Outra coisa lhe ocorreu. Ela estava tão ocupada fazendo ligações que esqueceu completamente de confirmar a identidade de seu benfeitor. Quem poderia ter pagado os cem mil em tão pouco tempo? Sua tia? À exceção de Ashley, ninguém em sua família sabia sobre seus problemas financeiros. Ela deveria ligar para sua tia e agradecê-la? Não, dirigir até Galeno Towers e agradecer pessoalmente. Era a coisa certa a fazer.


Faith ligou para o motorista de sua tia e confirmou que ela ainda estava no escritório, em seguida, ela foi em busca de sua prima. Havia alguns clientes, mas Lori já tinha sua bolsa e as chaves do carro. — Obrigada, querida. — Ela abraçou Lori. — Volte antes de voltar para a escola e escolha algo. Lori sorriu. — Não, está tudo bem. Nós apreciamos ajudar você, e eu vou ao seu desfile e... festa. — Ok. — Ela olhou para Albert. — Você foi incrível com os clientes. Se precisar de um emprego de verão, ligue para mim. — Eu poderia fazer isso, senhorita Fitzgerald. — Ele agarrou a mão de Lori. — Nós te vemos mais tarde. — Os dois correram para fora, onde o carro de sua prima estava estacionado. Faith disse aos clientes restantes que a loja estava fechando, esperou até eles irem embora, então apagou as luzes. As costureiras já guardavam os vestidos em que trabalhavam e limpavam suas estações de trabalho quando ela entrou na sala de costura. Ela já tinha explicado a elas sobre Deidre e os designs roubados, refazer jaquetas para o desfile, bem como o calendário louco que elas manteriam nos próximos meses. As horas extras não as incomodaram, porque isso significava dinheiro extra. Agora que teria recursos para pagá-las, Faith não se importava tanto. Dirigindo ao centro da cidade, Faith planejava seu discurso para sua tia. Ela começaria com um pedido de desculpas por rejeitá-la ontem, em seguida, explicaria como planejava pagar de volta cada centavo nos próximos anos. Antes de entrar no prédio, ela tentou ligar para Ken novamente. Mais uma vez, o telefone ficou sem resposta. *** A primeira vez que seu celular vibrou, Ken entrava no edifício de Sean com o seu laptop em um saco de presente resistente e uma prancheta apertada debaixo do braço. Sua van de vigilância, agora uma van de entrega com um grande logotipo, estava estacionada em frente aos


olhos de todos, incluindo a segurança do edifício. Ele ignorou o telefone celular e sorriu para os guardas, a aba de seu boné puxada baixo e seu corpo inclinado para que as câmeras de segurança não conseguissem capturar seu rosto. — Entrega para um Sr. O'Neal — disse Ken, mantendo sua voz alegre. O guarda corpulento não olhou para cima do game show na tela da TV. — Deixe-o aqui. — Preciso da assinatura dele. — Ken seguiu Sean de volta para o prédio e sabia que ele estava lá dentro, em algum lugar. O guarda apontou em direção aos elevadores. — Segundo andar, vire à esquerda. — Obrigado. Feliz dia de Ação de Graças. O homem grunhiu uma resposta. Ken continuou em direção aos elevadores, ainda trabalhando o ângulo, assim seu rosto não era visível para as câmeras de vigilância. Antes de apertar o botão, ele vestiu luvas de látex. No andar de cima, luzes estavam acesas nos escritórios do DHS, a porta destrancada. Ken deslizou para dentro, cuidando para não fazer qualquer barulho. A área da recepção tinha várias portas, mas as salas atrás delas estavam cobertas pela escuridão. Um grande corredor à direita tinha luzes de arandelas na parede destacando fotos emolduradas de vestidos. A porta no final do corredor estava entreaberta. Ken moveu furtivamente em direção à ela, um firme aperto no saco. O som de um vidro quebrando veio de dentro da sala, fazendo-o congelar. Não havia nenhum lugar para se esconder, então pressionou suas costas contra a parede e manteve os olhos na porta da frente. A qualquer momento, ele esperava que quem estivesse atrás da porta a abrisse e o encontrasse.


Seu celular escolheu aquele momento para vibrar novamente. Droga. Não poderia desligá-lo por causa do transmissor GPS no seu interior. — Não, não — uma voz que Ken reconheceu como de Sean gritou. — Eu cuidarei das coisas neste momento. Ken se aproximou, com a cabeça inclinada para pegar a resposta da pessoa com quem Sean conversava. — Ela virou a tia dela contra mim com mentiras. O que você disse à eles quando foram à sua casa? Nada? Você tem certeza? Ela tem a prova que nós dois trabalhamos juntos — ele retrucou. — Como ela conseguiu isso? Ele devia estar falando de Faith, Ken concluiu, e da conversa unilateral, ele estava no telefone com Deidre. Ken avançou para frente. — Você tem certeza que é tudo? — O silêncio seguiu então. — Tudo bem. — Mais silêncio. — Não posso enviar dinheiro para você agora, querida. Você não está ouvindo — ele lamentou. — Vivian não me patrocinará mais. Eu tenho que pegar empréstimos para cobrir o desfile em Nova Iorque. Faith falar com a tia deve ter valido a pena, se a velha ave desistiu do cabeça de alfinete. Lentamente, Ken colocou o saco com o seu laptop pela porta, que agora estava a um comprimento de braço de distância. — Prometo enviar algo em breve para você. Oh sim, se eu não posso ter um desfile, então garantirei que ela não terá. Não, não seus amigos. Eu já tive o suficiente da violência deles. Deixe tudo para mim. Prometo que cuidarei de Faith. Raiva bateu em Ken. Ele empurrou a porta abrindo-a e entrou na sala. — Eu não contaria com isso se eu fosse você, O'Neal. — Chame a polícia — ele gritou ao telefone. — Sim, Deidre. Vá em frente e chame a polícia — Ken pediu em voz alta.


— O que você quer? — Sean deu um passo para trás, os olhos correndo ao redor como se procurasse uma rota de fuga, os dedos ocupados pressionando as teclas do telefone. — Conversar, então desligue o telefone. Sean começou a levantar o telefone ao ouvido, mas Ken deu um soco e derrubou o telefone, o soco roçando a mandíbula de Sean também. Ele cambaleou para trás, sua mão indo para seu rosto. — Você me atacou — ele gritou, soando indignado e choroso, ao mesmo tempo. — Cale-se e sente-se, O'Neal. Se eu socasse você, você não estaria falando. Sean se lançou para o telefone em sua mesa. Ken agarrou-o pelo colarinho, puxou-o para trás e para a cadeira mais próxima, em seguida, puxou o telefone da tomada da parede. — Eu vou processá-lo por isso — prometeu Sean. — Pelo quê? — Ele jogou o telefone em uma cadeira. — Sua porta estava aberta e eu entrei, então não quebrei nenhuma lei... ainda. — Mas ele estava prestes a quebrar. Mantendo um olho sobre Sean, Ken voltou para sua bolsa e fechou a porta. Então, ele olhou ao redor da sala ricamente decorada à procura de algo que pudesse usar para amarrar Sean. Ele não queria que o homem tentasse fugir antes que tivesse terminado com ele. — A segurança estará aqui em breve — alertou Sean. Observando-o com o canto de seus olhos, Ken continuou a abrir gavetas. — Bom. Se ainda não percebeu isso, você é o babaca aqui e eu sou o mocinho. Na verdade, eu posso fazer a prisão de um cidadão e ganhar uma medalha por isso. Eu não faria isso se eu fosse você — acrescentou quando Sean se moveu como se fosse se levantar. — No estado de espírito em que estou, eu vou te machucar e aproveitar cada segundo disso.


— Bárbaro — Sean cuspiu. Ken sorriu. — Sim, e você é o civilizado. Como eu disse, eu estou aqui para falar e você vai ouvir. Ele encontrou envelopes, fita crepe e... fita adesiva. Ele olhou para cima, assim que Sean levantou e correu dele. Ken esquivou-se e evitou o soco, agarrou as lapelas do casaco desabotoado de designer de Sean e puxou para trás como se fosse remover o casaco, suavemente forçando os braços de Sean para trás também. Ele torceu o casaco e prendeu seus braços. Ele puxou a fita adesiva com os dentes e a envolveu ao redor dos pulsos de Sean e parte de seus braços. Sean lutou o tempo todo e amaldiçoou. Ken empurrou-o de volta para a cadeira. Não se incomodou com as pernas. — Expliquei muito bem para você sentar e ouvir, mas você continua agindo de forma estúpida, O'Neal. O que há de errado com você? — O que você quer? Por causa de você, eu perdi Faith. Por causa de você... — Você nunca a teve para começar — Ken rosnou, com a mão em punhos. — Mata você eu ter sido o primeiro dela, não é? Uma mulher nunca pode esquecer seu primeiro amor. Eu não conseguia o suficiente dela e ela era... Ken o acertou, efetivamente calando Sean. Chateado consigo mesmo por perder o controle, ele balançou a mão machucada e recuou. Ele arrancou um pedaço de fita e colocou-o na boca de Sean. Em seguida, ele pegou seu laptop, abriu, e colocou-o na mesa. Até o momento que o laptop ligou e o programa de vídeo foi aberto, Ken estava mais calmo. Ele pressionou o play e depois rodou o laptop para dar à Sean uma visão clara da gravação. — Assista — Ken ordenou, então, sentou atrás da mesa de Sean e o observou. A expressão de Sean ficou aflita enquanto os segundos passavam. Ken reviu e memorizou o vídeo.


Tudo começou com Sean dentro do cofre recolhendo os vestidos que ele deixou com Deidre, em seguida, mostrou as imagens dele saindo de seu carro e dentro do prédio dela, e, finalmente, os dois conversando do lado de fora da porta dela. A última parte era a entrevista entre Eddie e Deidre. O vídeo estava em um loop e continuou a rodando, se repetindo. Ken se inclinou para frente, seu cotovelo apoiado na mesa. Sean agora estava pálido, seus olhos indo entre o rosto de Ken e a tela do computador. — Isso é o que eu farei — disse Ken, o dedo pairando acima do teclado. — Eu vou clicar no botão enviar, então vídeo vai ao ar em cada site de hospedagem de vídeo online. Ao mesmo tempo, um e-mail será enviado para um determinado repórter de moda para escrever a parte II da carreira de Faith Fitzgerald, destacando tudo que você fez para ela nas últimas semanas. O repórter terá uma lista de fontes dispostas a confirmar cada afirmação, e, claro, uma cópia desta gravação. Pelo que eu ouvi, a maioria desses repórteres ama escândalos para apimentar as coisas durante a Semana de Moda. Sean parecia prestes a chorar. — Quer saber o que você pode fazer para que eu não aperte o botão enviar? Ele balançou a cabeça. — Deixe. Faith. Em. Paz. Você não liga, envia mensagens ou e-mail para ela. Se vocês assistirem o mesmo desfile, fique o mais longe possível dela. Não quero que ela te veja ou até mesmo ouça você, a menos que ela precise. Você a incomoda de qualquer forma, absolutamente, O'Neal, e eu pressiono o maldito botão. Sean assentiu com a cabeça novamente. Ken puxou a fita cobrindo a boca. — Prometo não entrar em contato com ela ou fazer qualquer coisa, embora ela tenha virado Vivian contra mim — disse ele.


— Ela disse para a tia dela que temos a prova de que você e Deidre trabalharam juntos. Isso é um fato. O que sua tia escolheu fazer depois foi decisão dela, não de Faith. A cabeça de Sean caiu. — Eu sinto muito por tudo o que fiz. Eu nunca amei uma mulher do jeito que a amo. — Supere isso — disse Ken com uma voz dura e fechou seu laptop. Ele pensou ouvir um soluço escapar de Sean, mas ele deve ter se enganado porque os olhos de Sean estavam secos quando olhou para cima. Secos e calculistas. — Você acha que se eu pedir desculpas para ela, ela poderia falar com a tia dela para me ajudar? Eu realmente preciso de um patrocinador para o meu desfile. Ken olhou para Sean em desgosto. Ele fez exatamente a mesma coisa com a Faith e ela não desmoronou, mas ele estava agindo como uma criança. Ken não se incomodou em responder à Sean. Ele colocou o laptop dentro do saco de presente, levantou-se e foi para a porta. — Você não vai me soltar? — Sean chamou. — Eu tenho certeza que você pode manobrar, ou descer e pedir aos guardas para ajudá-lo — disse Ken sem uma pausa em seu passo. Então ouviu um baque e um grito, e olhou para trás. Sean e a cadeira estavam no chão. Ele empurrou-se para trás e derrubou a cadeira. Que idiota. Esse foi o último pensamento que atravessou a cabeça de Ken antes que algo fizesse contato com a parte de trás de sua cabeça e uma dor cegante ricocheteou em seu crânio. Ele tentou virar, balançando o laptop como uma arma, e enfrentar seu agressor. Sua visão ficou turva, mas ele reconheceu o sorriso de satisfação no rosto de Deidre Jamison antes de perder o equilíbrio e afundar no chão.

***


Os guardas de segurança no térreo confirmaram a identidade de Faith, em seguida, levaram-na para o elevador privativo e digitaram o código. Não foi muitas vezes que ela visitou Galen Towers. Mesmo quando era mais jovem, ela odiava vir ao edifício. Ela olhou para o relógio e suspirou. Poucos minutos para uma. Ela fez uma ligação rápida para Ken e deixou uma mensagem informando que estava atrasada. A tensão em seu estômago aumentou com cada andar e seu aperto sobre a alça de sua bolsa aumentou. Quando as portas se abriram, ela hesitou. Não havia como voltar agora, ela pensou, em seguida, respirou fundo e entrou na recepção. Estava vazia, todos os funcionários já saíram. — Faith? Ela virou de costas. O chofer/guarda-costas/confidente de sua tia levantou-se da cadeira. — Sua tia está esperando. — Obrigada. — Ela caminhou até a porta, bateu e abriu-a ao comando da tia Viv. Sentada em uma cadeira estofada, sua tia acenou para ela se aproximar, seu olhar avaliando, sua expressão não mostrando nada. Em cada geração de Fitzgeralds, a posição do presidente ia para o mais velho, a menos que eles não quisessem o trabalho, o que era uma raridade. — Esse é um belo terno — disse tia Viv. — É um dos seus? O nó no estômago de Faith afrouxou um pouco. Só um pouco. — Sim. — Eu gostaria de um... ou dois... Retrocedendo, Faith piscou. Sua tia usava ternos de estilistas mais famosos, incluindo DHS de Sean. — É claro. Eu posso ir à sua casa para pegar as suas medidas e discutir cores... — Não, não, criança — tia Viv disse impaciente. — Agora não. Discutiremos tudo depois da Semana de Moda. Sente-se.


Faith tomou a cadeira em frente à sua tia, cruzou os tornozelos e dobrou suas pernas. Quando percebeu que manuseava a alça de sua bolsa, ela parou e colocou uma mão em cima da outra. Apesar de seu nervosismo, ela ergueu o queixo e olhou para a tia Viv diretamente nos olhos. — Eu gostaria de pedir desculpas pelo que eu deixei implícito durante nossa troca ontem, tia Viv. — Que é o quê? — Dizer que você prefere acreditar em Sean O'Neal que em mim, porque eu não sou uma Fitzgerald — Faith explicou. A testa de tia Viv franziu. — O que mudou sua ideia sobre sua declaração? — Eu sou uma Fitzgerald. Eu tenho sido desde que meu pai me olhou nos olhos e disse: Oi, Faith, Eu sou Caleb Fitzgerald e eu sou seu pai. Não importa se ele é meu pai biológico ou não. Ele me reivindicou naquele dia e ainda me ama. Levei muito tempo para ver as coisas claramente, para apreciar o amor e apoio de meus primos, tios e tias. Eu estava com raiva ontem e ataquei. Isso não acontecerá novamente. O silêncio que se seguiu foi o pior que ela já enfrentou. A expressão de sua tia não se alterou. — Isso foi bem dito — tia Viv disse, seus olhos se estreitaram. — Sim, você é filha de Caleb, com teste de paternidade ou não. Eu admito que fui dura com você quando você crescia, mas alguém precisava ser. Todos tratavam você como a Órfã Annie e davam desculpas para seus hábitos deploráveis. Você precisava aprender a agir e falar direito. Faith franziu a testa, tentando lembrar se carecia de hábitos sociais quando entrou para a família. — Tia Viv... — Eu não terminei de falar — tia Viv interrompeu. — Você tinha muita atitude, terríveis maneiras à mesa, e algo a dizer sobre tudo, mesmo quando a sua opinião não era solicitada. — Meus pais me encorajaram dizer o que penso.


— Estelle mal conseguia controlá-la, mas se recusou a colocá-la sob os meus cuidados — tia Viv continuou. — Eu não era tão ruim — Faith disse defensivamente. — Você era, mas você já percorreu um longo caminho desde a menina desajeitada, graças à mim. Agora você é graciosa. Você é forte. Suas primas mais jovens admiram você. No entanto, tudo isso não explica as coisas que eu disse sobre sua mãe. Nenhuma criança deve ouvir sua mãe ser difamada da maneira que você ouviu e por isso, peço desculpas. — Tia Viv se inclinou para frente e jogou água em um copo e olhou para Faith. — Gostaria de um pouco? Faith balançou a cabeça. — Não, obrigada. Tia Viv tomou um gole e colocou o copo na mesa. — Agora eu vou explicar sobre seu pai. Eu amo Caleb, mas ele era um jovem irresponsável a partir do momento que descobriu as garotas. Faith se encolheu, não querendo ouvir sobre as façanhas de seu pai. — É necessário, tia Viv? — Absolutamente, caso contrário você não entenderia o que aconteceu. Mesmo antes de seu pai entrar para a marinha, mulheres alegando carregar o filho dele nos ligavam, exigindo casamento ou apoio à criança. Muitas vezes, nós investigamos e encontramos apenas mentiras. Depois de um tempo, paramos de investigá-las. Apenas ignoramos e elas foram embora. Não admira sua tia Gemma ter dito que sua mãe tentou localizar seu pai através da família dele, mas foi enrolada. — Então, quando ouvimos que ele se casara com uma mulher com a filha dele, assumimos o pior. Quanto mais sabíamos sobre sua mãe mais nos preocupamos. Eu persegui seu pai para fazer um teste de paternidade, mas ele me ignorava. Ele amava sua mãe e você era dele. Fim da história.


Faith sorriu. Se fosse possível amar seu pai mais, ela o faria. Talvez um dia ela fosse procurar seu pai verdadeiro, mas agora isso não era importante. Quando olhou para cima, ela encontrou sua tia olhando para ela com expectativa. — Obrigada por explicar. Posso não concordar com a maneira que você faz as coisas e por que você acha que eu não tinha boas maneiras, mas agora eu posso entender a sua motivação. Tia Viv balançou a cabeça e ficou de pé, o canto de sua boca se contraindo. — Você ainda dá opiniões não solicitadas. — Velho hábito, eu acho. — Faith se levantou também. — Admito que falhei com você nessa área, mas estou feliz que tivemos esta conversa, Faith. Nunca é bom deixar as coisas apodrecer. Isso cria uma tensão desnecessária na família. Agora podemos seguir em frente e aproveitar a sua estreia na Semana de Moda. — Obrigada por tornar isso possível. Eu não estaria planejando isso se você não tivesse reembolsado a minha dívida para GGC. Tia Viv franziu a testa. — Eu não paguei nada para GGC. Liguei para eles esta manhã para cuidar do que você devia à eles, mas me disseram que já foi cuidado. Você não sabe quem é seu patrocinador? Faith balançou a cabeça, mas um sentimento de queda se estabeleceu em sua mente. — Sean — ela murmurou. — Eu não penso assim — disse a tia Viv. — Eu retirei meu apoio para o desfile de Sean depois que conversamos ontem. Ele não tem o dinheiro para ter um desfile muito menos para pagar a sua dívida. Ele também não se juntará à nós para a Ação de Graças nunca mais. Eu detesto mentirosos e valentões. Faith olhou para sua tia em estado de choque, em seguida, ela riu, estendeu a mão e beijou na bochecha sua tia, surpreendendo as duas. — Obrigada, tia Viv. Eu acho que sei quem é meu benfeitor.


Faith correu para fora da sala, os pés flutuando, seu coração ainda mais leve. — Quem é? — A tia chamou. — O homem que eu amo — Faith jogou por cima do ombro e correu em direção ao escritório externo. Era 01:30. Ela deveria estar com raiva de Ken, mas não podia. Ela entendeu por que ele fez isso.


CAPÍTULO 21 Quando Ken voltou a si, ele estava amarrado e amordaçado com fita adesiva. Sua cabeça latejava e sua visão estava embaçada. Ele olhou através da baixa iluminação na sala e fez um inventário de seus arredores. A sala era grande, sem janelas, mas a luz filtrava por debaixo da porta. Sean e sua amiga psicótica foram embora. Em vez disso, Ken estava cercado por caixas de madeira, pacotes, espuma de embalagens e sacos de roupas velhas. Alguém abriu um caminho através da bagunça da porta até onde o deixaram. Ele não tinha ideia se ainda estava no interior do Edifício New Mart ou em outro lugar. Ignorando o desconforto do chão duro e a torção em seus ombros a partir do ângulo estranho que seus braços estavam amarrados atrás dele, Ken se contorceu e se arrastou até que estava sentado com a parede atrás dele. Seu relógio se foi e assim foram as botas, a lâmina que escondeu dentro delas teria sido útil. Ele também estava sem sua jaqueta, o que significava que o transmissor que escondeu no botão falso não ajudaria seu pessoal a encontrá-lo. A porta se abriu e Deidre e Sean entraram. Deidre carregava seu laptop, enquanto Sean tinha suas botas e casaco. Eles fizeram uma pausa, estudando-o como se estivessem surpresos dele estar consciente. — Vamos deixá-lo ir depois que ele nos disser onde todas as câmeras espiãs estão e apagar tudo do seu disco rígido, certo? — Perguntou Sean, mantendo distância. — Claro. — Deidre se aproximou e colocou o laptop em uma caixa na frente de Ken. Na tela estava a filmagem de Sean dentro do cofre. — No caminho, eu encontrei sua van no exterior do edifício. O receptor trans


na parte de trás está completamente destruído. O café não estava de acordo com isso. Deidre ajoelhou ao lado dele e arrancou a fita adesiva cobrindo a boca. Ele fez uma careta quando o adesivo puxou o pelo em torno de sua boca. — Diga-nos onde os transmissores estão? — Ela disse. Ken flexionou sua mandíbula antes de falar. — Quais? Os do escritório dele ou do cofre? Sean se aproximou. — Você grampeou meu escritório? — Sim — disse Ken, desfrutando do choque do homem mais velho. — O meu pessoal é muito minucioso. Se quiser removê-los, me solte. Deidre zombou. — Você acha que somos tão estúpidos? — Quando você os plantou? Por quê? — Sean exigiu. — Você estava roubando de Faith e ela queria uma prova — Ken respondeu. — Eu não tinha a intenção de usar os designs dela. Deidre... — Não dê ouvidos à ele, Sean — Deidre interrompeu-o, em seguida, pegou a fita adesiva e tapou novamente a boca de Ken. — Ele só quer te apertar para admitir coisas. Você quer os grampos removidos, bebê, não é? Sean assentiu. — Então eu garantirei que ele faça isso. — Como? — Perguntou Sean. — Usaremos Faith. Um calafrio subiu pela espinha de Ken. Ele não queria Faith envolvida nessa confusão, e pelo brilho nos olhos de Deidre enquanto o estudava, ela sabia disso.


— Essa cadela começou isso e eu não descansarei até que ela pague — disse Deidre. Ken assumira que Sean era o cérebro por trás do caos que estes dois causaram, mas assistindo-os, ele inverteu a sua opinião. Deidre estava no comando, e sua ordem do dia envolvia Faith. Deidre reiniciou o videoclipe. Atrás dela, Sean voltou para a porta, com os olhos desfocados, cabelo despenteado, como se tivesse passado os dedos por ele. Ele continuou resmungando algo baixinho. — Há um transmissor por aqui. — Deidre apontou para um manequim sem cabeça na tela. Ken plantara um bug na gargantilha em torno do pescoço do manequim. — Venha aqui, bebê. — Deidre acenou para Sean. Ele caminhou para frente lentamente, mas ficava olhando para Ken como se esperasse que ele saltasse para cima e atacasse. — Eu quero que você vá lá embaixo e remova os bugs no cofre. — Ela rebobinou o filme e apontou para três locais enquanto falava. — Verifique o manequim do peito para cima, os sapatos neste outro e a prateleira. — Eu não sei como se parece um transmissor — disse Sean com uma voz chorosa. — Eu vou orientá-lo através da busca. Sean balançou a cabeça, sua expressão inflexível. — Vai você. Deidre franziu a testa, em seguida, caminhou até onde Sean estava e tocou em seu braço. — Ok, bebê. Eu cuidarei disso. Isso acabará em breve. Eu prometo. Sean assentiu. Ken acompanhou a conversa deles. Eles ainda estavam no Edifício New Mart, em algum lugar lá em cima. Deidre não era estúpida. Ela era engenhosa e implacável, o que significava que Ken precisava chegar a um plano rápido. Usar Sean. Como?


Ele esperou até ela sair da sala, em seguida, colocou seu plano em ação. Ele fez ruídos borbulhantes e falsificou uma convulsão. Sean aproximou-se e tirou a fita adesiva cobrindo a boca. — Você está bem? — Ele perguntou. Ken fingiu tossir. — Sim, obrigado. Sean deu um passo para trás e sentou em uma caixa de madeira. Apesar de sua expressão desconfiada, ele não tentou cobrir a boca de Ken novamente. — Qual é o seu jogo final, O'Neal? Sean franziu a testa, confusão piscando em seus olhos. — Você nem sabe mais? — Claro que eu sei. Vou pegar meu financiamento de volta depois que Faith ligar para a tia dela e você excluir todas as gravações que tem de mim e Deidre. Agora pare de falar ou eu cobrirei sua boca de novo — disse Sean, mas, não havia calor na ameaça. Na verdade, ele parecia um homem que havia desistido. — Quando você verá que ela está armando para você? Os olhos de Sean se estreitaram. — Ela não está. A única razão de Deidre estar envolvida é porque ela me ama. Que idiota. — Você é apenas um meio para um fim, O'Neal. Deidre odeia Faith e por causa da sua história com Faith, você será responsabilizado por toda essa confusão. — Isso não é verdade. Como poderia um homem adulto ser tão estúpido? — Veja. Todo mundo pensa que você disse à Deidre para roubar os designs de Faith e temos uma gravação de você levando as roupas para a casa dela e pedindo-lhe para se livrar delas. Ela vai alegar que estava sob o seu comando e os policiais acreditarão nela. Quero dizer, olhe para ela. Ela é quase vinte anos mais jovem do que você, metade do seu tamanho, e pode agir impotente quando encurralada. Ela até mesmo enganou o Detetive


Fitzgerald e ele é casca-grossa. Confie em mim. Ela terá uma punição leve enquanto você ficará preso por um tempo. Sean fez uma careta. — Nunca pedi à ela para roubar os designs. Ela disse que Faith me devia por alegar que eu roubei dela quando ela trabalhou para mim. Foi ela quem trouxe os designs para mim. Assim que eu os vi... — ele olhou para baixo em vez de terminar a frase. — Você tinha que usá-los. — Eu queria mostrar à Faith o quão grande poderíamos ser juntos. — Sean olhou para a porta como se quisesse confirmar que Deidre não voltara. — Eu só soube que Deidre contratou capangas para vandalizar a loja dela depois de acontecido — continuou ele em um sussurro. — E machucaram seriamente a vendedora por postar as imagens da nossa briga online. — Molly pode ter postado a briga on-line na primeira vez, mas os capangas de Deidre fizeram isso na segunda vez. É como a polícia os encontrou. Ela provavelmente disse à eles para fazer isso, assim você iria querer punir Faith mais. Sean parecia encolher em si mesmo. — Você não pode confiar nesta mulher, O'Neal. Ela é uma vigarista, que deve estar atrás das grades. Ela tem uma agenda e você é apenas um peão. Silêncio seguiu. — Eu ofereci me livrar das gravações se você deixasse Faith em paz — continuou Ken. — Essa oferta ainda está de pé, por isso me desamarre antes que Deidre volte e o ajudarei a pará-la. Sean sacudiu a cabeça. — Eu não posso. — Me sequestrar e me segurar como refém não adiantará de nada. Isso só se acrescentará aos outros crimes que vocês dois cometeram. Você acabará na cadeia, porque você está com medo de... — sua voz sumiu quando Deidre entrou pela porta.


— Medo de quê? — Ela perguntou. — De você — concluiu Ken. — Por que você acha que ele permite que você execute as coisas? Ele provavelmente acredita que você contratará bandidos para acabar com ele também, se ele desafiar você. — Sean sabe que estou aqui para ajudá-lo. — Deidre parou ao lado de Sean e alisou o cabelo dele para trás. Seus olhos endureceram quando eles encararam Ken. — Nós ligaremos para Faith e acabaremos com isto. Ken endureceu. — Deixe-a fora disso. Eu farei o que você quiser. — Você a ama, Lambert? — Perguntou Deidre. — Sim — Ken respondeu sem hesitar. — Você faria qualquer coisa para protegê-la? — Claro que sim. — Eu amo Sean, também, e eu faria qualquer coisa para protegê-lo. — Ela afagou a cabeça de Sean. O designer passou os braços ao redor da cintura dela e apertou a cabeça contra seu estômago. Ken balançou a cabeça. O que quer que estes dois tinham ia além de sua compreensão. Não era amor. *** Faith não podia se livrar da sensação de que algo não estava certo. Ken era muito consciente para deixá-la no vácuo e não retornar suas ligações. Assim que ela deixou o escritório da tia Viv, ela ligou para ele, repreendeu-o, gritou, em seguida, voltou a repreendê-lo. A preocupação não bateu até que ele perdeu seu encontro para almoçar. Seu olhar foi para o relógio em seu forno micro-ondas. Era quase cinco. O sanduíche que ela pegou em seu caminho para casa ainda estava sobre o balcão da cozinha. Ela tentou comer, mas depois de algumas mordidas perdeu o apetite.


Faith tentou o telefone celular de Ken, seu escritório, e em casa novamente. As ligações não foram atendidas. Recusando-se a entrar em pânico, ela discou o número de Eddie. — Ei, o que está acontecendo? — Perguntou. — Ken está desaparecido, e eu vou enlouquecer de preocupação. — O que quer dizer desaparecido? — Ele deveria me encontrar para almoçar, mas não apareceu. Passou mais de quatro horas, Eddie. Eu não sei o que pensar. Ele poderia estar bem ou deitado em algum buraco... — Whoa, devagar. Entrar e sair de lugares apertados é a especialidade de Ken. A sensação de vazio se estabeleceu em seu estômago. — Ele disse que estava terminando um caso quando eu o vi esta manhã. Você sabe no que ele está trabalhando? — Não, mas eu não me preocuparia muito com ele. Ele é bom no que faz e tem uma equipe incrível cuidando dele. — Eu liguei para o escritório dele e ninguém atendeu ao telefone. Acho que ele está trabalhando sozinho em um caso. Poucos dias atrás, ele estava em Las Vegas também, sozinho. É possível colocar um APB em seu carro? Você sabe, só pra garantir. — Certo. Ligarei para a delegacia e terei alguém fazendo algo sobre isso. Ruídos ao fundo filtraram e Faith franziu a testa. — Onde você está? — LAX34. — Oh. Você não vai para Sonoma na Ação de Graças? — Este ano não. Eu te ligarei de volta em alguns minutos.

34 Aeroporto Internacional de Los Angeles


— Não quero estragar as suas férias com isso, Eddie. Se você me der o número do seu amigo na delegacia, eu posso falar com ele. — Ou ela — ele corrigiu. — Desde que amanhã é Ação de Graças, não há como dizer quem está de plantão e quem não está, mas eu explicarei a situação com Ken e te ligarei de volta com um nome. Você também pode querer verificar com o pessoal de Ken. Eles têm uma forma de rastrear um ao outro. Faith suspirou. — O pensamento passou pela minha cabeça, mas eu tenho apenas o número do escritório e ninguém atende. — Eu tenho o número do celular de Sly. — Eddie recitou dez dígitos, prometeu ligar de novo, e desligou. Faith digitou os números e trouxe o telefone no ouvido. — É Faith Fitzgerald, Sly. Eu estou procurando o Sr. Lambert. Você viu ou falou com ele? — Não, senhorita. A última vez que nos falamos, ele ia para Vegas, em seguida, San Diego. — Ele voltou esta manhã e disse que estava terminando um caso. Você sabe alguma coisa sobre o caso em que ele está trabalhando? — Não, minha senhora, mas eu vou ligar para os outros e iniciar uma busca por ele também. — Diga a ele para me ligar se...? O tom de uma chamada a interrompeu. Ela estava prestes a ignorála quando o ID de chamada brilhou o nome de Ken. Alívio seguido pela raiva tomou conta dela. — Sly. Ele está na linha agora. Desculpe ter incomodado você. Tenha uma feliz Ação de Graças. — Você também, senhorita Fitzgerald — disse ele. — Ken, onde você está? Eu estive doente de preocupação. Eu até mesmo liguei para Eddie. — Você não deveria ter feito isso.


O chão se moveu sob Faith. — Deidre? — Nós temos o seu namorado, Faith, então faça o que pedimos e ele ficará bem. Por algumas batidas, Faith abriu e fechou a boca como um peixe encalhado. — Onde ele está? Exijo falar com ele. — Você não está em posição de exigir nada, Faith. — É melhor você não o ter machucado, Deidre. Eu perdoarei os designs que você roubou de mim e o vandalismo em minha loja, mas se você machucar Ken, eu juro que usarei os recursos da minha família para caçá-la como a canalha que é. — Canalha? Eu sou uma sobrevivente, Faith, mas você não sabe nada sobre isso — Deidre rosnou. — Meninas com fundos fiduciários como você estão tão bem. Você passa alguns anos fingindo que luta para fazer face às despesas, mas assim que as coisas ficam difíceis, você corre para casa para o papai socorrê-la. Você não tem ideia do quão difícil é lutar todos os dias e nunca dar uma pausa, estar uma refeição longe da inanição ano após ano. — Eu não preciso de um sermão sobre as injustiças sociais, Deidre. Nós mal tínhamos dinheiro suficiente enquanto eu crescia também, mas minha mãe nunca se inclinou a roubar e ferir pessoas, ou agir como se o mundo lhe devesse alguma coisa. — Seja humilde e veja a realidade como ela é, sua cadela egoísta. Falo de uma vida de pobreza, e não de alguns anos de sua infância. Você teve a chance de me ajudar a lançar a minha linha de joias e escolheu não fazer nada. Faith fechou os olhos, exasperada. — Você está falando sobre a Semana de Moda de novo? — O que você acha? Você deveria usar minhas joias no desfile.


Por um breve momento, Faith sentiu pena da mulher, mas então ela se lembrou de tudo o que ela e Sean fizeram. — Eu disse que GGC rejeitou... — Isso é um monte de porcaria. Você não precisava do dinheiro deles. Sua família teria financiado o seu desfile sem colocar um dente em suas contas bancárias. Você não ferrou apenas a mim, mas você ferrou Sean também. — Como eu fiz isso? Ele trabalhou com você para sabotar o meu desfile — Faith estalou. — Você falou mal dele para sua tia e ela parou de patrocinar os desfiles dele. Vocês, pessoas ricas, sempre ficam juntos. — Não pedi à minha tia para se distanciar dele — Faith estalou. — Coloque Ken no telefone agora, sua cadela conivente. Houve um silêncio do outro lado da linha. A voz de Deidre balançou quando ela falou: — Você se arrependerá de falar assim comigo. Você deseja ver o seu namorado mais uma vez, levanta sua bunda rica e vá aos escritórios do DHS. Não diga ao seu primo policial aonde você vai. Se fizer isso, você nunca verá Ken novamente. A linha ficou muda. Por um breve momento, Faith não conseguia pensar. Flashes de Molly, espancada e inconsciente, explodiram em sua cabeça. Deidre e os capangas dela poderiam fazer isso com Ken também. O pânico que ela lutou tanto para conter disparou como um tsunami e caiu sobre ela. Ela começou a tremer. Não entre em pânico... concentre-se em Ken... não entre em pânico... concentre-se em Ken... Faith respirou de forma trêmula, pegou as chaves, e agarrou sua jaqueta enquanto saía. Seu telefone tocou novamente. Com mãos trêmulas, ela o levou a sua orelha. — Estou à caminho. Não o machuque. — Não machuque quem? O que está acontecendo?


Faith gemeu. — Não posso falar agora, Eddie. — Não se atreva a desligar na minha cara, Faith — ele retrucou. — Quem tem Ken? — Ela me disse para não ligar para você. — Faith destrancou a porta do carro e deslizou atrás do volante. — Eu já falei demais, Eddie. Eu preciso ir. — Estou saindo agora. Onde você está? — Ligue para Sly. — Maldição, Faith. Eu atravessei o inferno quando não pude ajudar Jade ou Ashley, então não farei isso com você também. Não vá a qualquer lugar perto de Deidre ou... Faith desligou o telefone e o deixou cair em sua bolsa. Ela teria gostado de deixar Eddie lidar com as coisas, mas isso era pessoal. Deidre o tornou assim sequestrando o homem que Faith amava. Por causa de quê? Sua linha de joias. Se Deidre fizesse uma investigação em vez de procurar alguém para culpar, ela saberia que designers não controlam a colocação de produtos durante desfiles de moda. Faith tentou organizar seus pensamentos e chegar à um plano sobre como lidar com Deidre, mas não conseguia pensar além da segurança de Ken. Ela não podia perdê-lo agora, não quando acabou de perceber o quanto ela o amava. A van de entrega estava estacionada em frente à entrada do Edifício New Mart. Faith estacionou atrás dela e correu para a entrada, com o coração palpitando de medo. Pavor mudou para raiva quando viu Deidre flertando com o guarda de segurança no foyer. Em jeans skinny, botas até o joelho e um casaco, ela parecia uma aluna da faculdade. Ela se virou no tap-tap dos sapatos de Faith no chão de madeira. O sorriso nos lábios morreu. Faith não diminuiu a velocidade até que estava a um braço dela. — Olá, Faith — ela disse e indicou os elevadores. — Vamos?


Faith não planejou seu próximo passo. Um segundo ela olhava para Deidre com ódio, no seguinte, deu um tapa nela com força. A força inesperada fez Deidre girar. Ela perdeu o equilíbrio e caiu. O guarda de segurança começou a contornar a mesa, mas Faith o deteve com um olhar. — Você pagará por isso — prometeu Deidre, lutando para ficar de pé. Ela tocou seu rosto avermelhado. Faith a encarou. — Eu já estou pagando um monte de coisas por sua causa, Deidre, portanto, não se atreva a me ameaçar. Vamos acabar logo com isso. — Você não deveria falar assim comigo — Deidre advertiu, abrindo o caminho para o elevador. — Eu sou a única que sabe onde seu namorado está. O estômago de Faith balançou, mas ela se recusou a mostrar qualquer medo. Enquanto esperava o elevador, Faith virou e olhou para ela. — Se você machucá-lo... — Você não fará nada. — Deidre tirou um telefone celular. — Porque tudo que eu tenho que fazer é pressionar o botão Enviar e eles quebrarão um par de costelas. Faith fulminou. — Você está blefando. — Me teste. Lembre-se do que meus amigos fizeram à Molly? O coração de Faith apertou. — Bem. Vamos lá. Deidre apertou o botão para subir, em seguida, empurrou sua cabeça. — Entre. Faith cerrou os dentes, odiando o sentimento de desamparo. Elas ficaram em silêncio no elevador, mas o coração de Faith batia com medo. Ela queria pular em Deidre, tirar o telefone celular de sua mão e correr pelo edifício até que encontrasse Ken. No andar de cima, a porta estava entreaberta na DHS e as luzes estavam acesas. Ela correu para dentro, esperando ver Ken cercado pelos


capangas de Deidre. A recepção estava vazia. Faith seguiu o pequeno corredor para o escritório de Sean. Seu coração caiu quando viu que estava vazio também. Havia um laptop aberto sobre a mesa. Ela se virou e olhou para Deidre. — Onde ele está? — Se você está falando sobre Sean... — Quem se importa com Sean? Onde Ken está? Deidre caminhou até a mesa e virou o laptop. Na tela estava Ken, amarrado com fita adesiva e amordaçado, com os olhos piscando. Não havia hematomas visíveis nele, mas isso não significava que não estivesse ferido. Faith correu para frente e estendeu a mão como se pudesse tocálo. A tela plana não era nenhum substituto, mas eles usavam uma webcam de duas vias, o que significava que ele podia vê-la também. — Você está bem? — Ela perguntou em voz trêmula. Ele assentiu. — Eu te amo, querido. Eu farei o que for preciso para tirá-lo daí. Eu prometo. Os olhos de Ken piscaram quando ela confessou seu amor. Em seguida, ele empurrou como se para se libertar de suas amarras. Deidre riu e apertou um botão, minimizando a tela. — O que você quer? — Faith perguntou com os dentes cerrados. — Sua tia pagou a sua dívida e te ajudou após congelar a conta de Sean. Você vai ligar e dizer a ela que você e Sean resolveram suas diferenças, e trabalharão juntos de agora em diante. Ela precisa remover o congelamento que colocou na conta dele. Faith balançou a cabeça. — Tia Viv não vai comprar isso. Quem te contou que ela pagou a minha dívida está errado. Ela não pagou. — Isso é uma mentira. Alguém te ajudou, mas se você quer brincar — Deidre ergueu o telefone celular, — eu posso ligar para meus amigos agora. Eles começarão com as costelas de Ken e continuarão a partir daí.


— Eu tenho cinquenta mil em minha conta. Posso transferir para a conta de Sean agora se você soltar Ken. — Isto não é suficiente. Ele precisa de US$ 150.000 para o desfile de primavera, depois há o de outono. Você precisa convencer a sua tia a continuar patrocinando ele. Ele quer que as coisas sejam do jeito que eram antes. Faith exalou. Sua tia não era estúpida. Ela não cairia nisso. — Tudo bem. Deidre sorriu. — Bom, mas primeiro, você vai transferir os cinquenta mil da sua conta para a minha. Você me deve. — Ela sentou na cadeira em frente à mesa onde Faith estava. — Pare de perder tempo. Faith entrou em sua conta bancária. Não importava que esse dinheiro tivesse ajudado ela a realizar seu sonho. Ken era mais importante do que qualquer desfile de moda. — Preciso de um número de encaminhamento e um número de conta. Deidre recitou os números. Faith digitou-os e pressionou a transferência, justo quando pés correndo chegaram aos seus ouvidos. — Não faça isso, Faith. Ken? Faith virou quando a porta se abriu. Fita adesiva presa a suas calças e camisa, seus braços, mas ele estava bem. Ela tropeçou em direção à ele, sua visão se estreitando e focada apenas no rosto dele. Pessoas desfocadas correram por ele e entraram na sala. Uma voz familiar emitiu ordens, em seguida, recitou direitos de Miranda, enquanto os braços de Ken fechavam em torno dela. — Você está bem — disse ela, rindo e chorando ao mesmo tempo, os braços apertados em torno dele. — Você quis dizer aquilo? De alguma forma, ela sabia o que ele queria dizer. Ela tocou seu rosto, seu cabelo. — Sim, querido. Eu te amo.


Ken segurou seu rosto e beijou-a, levantando-a do chão. O tempo parou, felicidade e alívio sobrecarregando-a em rápida sucessão. — Nunca mais me assuste assim — ela sussurrou quando se separaram. Ela arrancou pedaços de fita adesiva do ombro e do braço dele. — Como você escapou? — Com a ajuda de Eddie e Sly. — Ele a beijou novamente e levantoua para afastá-la da porta. Ela não percebeu a razão até que seu olhar caiu sobre Deidre algemada sendo levada para fora da sala por um policial. Um Eddie presunçoso estava perto da mesa, com o laptop na mão. Faith deixou o conforto do braço de Ken e foi abraçar seu primo. — Obrigada. — Não, obrigado você. Você fez isso, Faith. Sly localizara Ken no momento em que eu liguei para ele. Ele me conduziu aqui, em seguida, no andar superior para a sala de armazenamento, onde eles estavam mantendo Ken. Os pegamos, Faith. Incluindo a conta secreta de Deidre, — ele bateu a tela do laptop. — Qualquer dinheiro que trocou de mãos entre ela e Sean estará aqui. — Ele olhou para Ken. — Vou deixar vocês. Eu tenho alguma papelada para fazer. — E quanto à sua escapadela de Ação de Graças? Eddie deu de ombros. — Ela vai entender. Ela abraçou-o novamente, em seguida, voltou para os braços de Ken. Ele apertou a mão de Eddie. — Obrigado cara. Seu timing foi impecável. — Só faço o meu trabalho. Vou devolver o seu laptop depois que terminarmos. — Tudo que você precisa está aí, incluindo um CD com todas as filmagens. — Então nós estamos bem. — Eddie cumprimentou-os e saiu. Ken virou Faith ao redor, beijou-a, e estudou-a com uma expressão tímida. — Eu fiz algo que eu sei que você poderia não aprovar, mas


mesmo assim eu fiz porque sou louco por você e farei de tudo para te fazer feliz. — Eu sei. Ele levantou uma sobrancelha. — Você sabe? Ela sorriu. — Assim que minha tia disse que não pagou a minha dívida para GGC e tinha se distanciado de Sean, eu soube que você fez isso. Claro, você sabe que eu vou pagá-lo com jur... Ken a beijou novamente, efetivamente calando-a. — O que você diz de sair daqui e não falar de negócios pelos próximos dias? — Eu digo sim. — E só para nós estarmos claros, eu pretendo ser o tipo de marido que apoia sua esposa financeiramente sem falar de pagar de volta. Faith riu. — Marido? Não me lembro de você me pedir para casar com você ou mesmo dizer que me ama. Ele riu. — Toda vez que eu beijo ou toco em você, eu estou dizendo a você que eu te amo. — Ele deu um beijo nela. — Eu amo você, Faith Fitzgerald. Quanto ao casamento, eu estou apenas deixando você saber minhas intenções antes de pedir. Faith riu. — Ok. Agora podemos ir para casa. *** Ken suava enquanto seis pares de olhos observavam-no com expressões variadas. Ele pediu para ter uma conversa com o Comandante Caleb Fitzgerald, pai de Faith, mas não contava com enfrentar os tios também. Eles eram um grupo significativo que gostara de vê-lo tremer em seus sapatos. Não conseguia se lembrar de todos os nomes, embora reconhecesse o pai de Eddie e aquele que todos chamavam de tio Mo. Os três últimos, um professor, um fazendeiro e um homem do petróleo, eram de fora da cidade. — O que vocês acham, meus irmãos? — Perguntou o comandante.


— Tudo o que ele disse corresponde ao que Eddie nos disse — disse o pai de Eddie. O capitão da polícia insistiu em saber os detalhes da traição de Sean depois de fritar Ken sobre a Boreau e por que ele saiu. — Ele não nos deu meias-verdades ou embelezou o seu papel. — É óbvio que ele ama minha sobrinha e se preocupa com nossa opinião — Tio Mo, o grande advogado dos figurões de Hollywood, disse. — Caso contrário, ele teria ameaçado fugir com ela como o Noble fez quando falou conosco sobre Ashley. — Ou Knight, que se casou com Jade sem perguntar — acrescentou outro tio, parecendo irritado. — O tio de Knight estava morrendo, Ronan — Tio Mo explicou. — Você estava no meio daquele confuso vazamento no Golfo quando ele falou conosco e explicou. — Alguém tem de me dizer essas coisas. — Ronan levantou-se e apertou a mão de Ken. — Você cuidou das finanças da minha sobrinha quando ela precisou. Isso me diz que você cuidará dela da maneira que está acostumada. Claro, ela deveria ter ligado para um de nós e teríamos tomado conta dela, mas isso não vem ao caso. Três a menos, três ainda estavam em cima do muro, incluindo o pai de Faith. Ken começava a desejar não ter decidido falar com o comandante hoje. Neste ritmo, o pai e os tios de Faith chegariam a um consenso no próximo milênio. Faith e ele planejaram sair imediatamente após o jantar. Eles tinham que pegar um avião. — Aonde você vai? — Perguntou o tio Mo. — Falar com Knight — Ronan disse ao abrir a porta do escritório. — Pare de fazer o menino sofrer, sim? — A porta se fechou atrás dele. — Você ainda precisará falar com Vivian — disse o fazendeiro. Isso não soava bem. Ken franziu a testa. — Por que, senhor?


— Ela gosta que todas as crianças sejam casadas pelo Padre O'Malley — o professor explicou. — Então, quando ela levantar a questão, diga sim, se pretende visitar o bom padre, ou não. — Seria melhor ele ir para O'Malley para aconselhamento ou Vivian dará o inferno para ele — Tio Mo afirmou. — Noble e Knight tiveram que fazer. — Bem-vindo à família, filho — o pai de Faith disse, dando o seu veredito final. Ken suspirou de alívio e aceitou os apertos de mãos e tapinhas nas costas. Faith esperava por ele quando ele deixou o escritório. Ela examinou seu rosto, girando um braço em volta dele. — Você está bem? — Eu pensei que ia falar com seu pai, e não com todo o clã. Ela riu. — Esses foram apenas alguns dos tios. Reunião com a família dela era desesperador. A maioria era local, mas os visitantes eram de todo o lugar. Ele ainda tinha que conhecer seus meio-irmãos, mas ela o apresentou a sua madrasta Jacqueline e Kara, uma mulher bonita, doce, noiva de seu primo Baron. Em seguida, havia os gêmeos de Montana, um jogador profissional de beisebol e o outro homem do Bureau. — Foi realmente tão ruim? — Perguntou Faith. — Eddie já conversou com eles, mas eles queriam ouvir a minha versão dos acontecimentos, se eu planejava continuar a administrar a minha empresa de segurança ou me juntar ao meu pai. Eu disse a eles o que eu te disse ontem à noite. Vou ajudar a minha irmã administrar a empresa por trabalho remoto como um diretor de segurança, mantendo minhas obrigações com a minha equipe. — Exceto pelos próximos dois meses — ela lembrou. Ken riu. — Eles não precisavam saber disso.


Faith o abraçou. — Não, não precisavam. Desculpe, mas você tinha que passar por isso, querido. Mas isso acabou. Tio Ronan me disse. Espere aqui. Preciso dizer aos tios que o jantar está pronto. Ela voltou ao escritório, bateu, e desapareceu lá dentro. Vê-la tão feliz o encheu de algo que ele não sentia há muito tempo: paz. Ela não se importava com o fato dele estar fora nos próximos dois meses também. San Diego era perto o suficiente para eles voarem ida e volta. — Aí está você — disse Jade Fitzgerald, interrompendo seus pensamentos. — Você já deveria estar sentado, convidado de honra. Onde está Faith? — Ela foi dizer aos seus tios que o jantar estava pronto. Convidado de honra? Jade riu, seus olhos castanhos brilhando. — Sim. Tio Ronan deu a notícia a todos. Bem-vindo à família. Eles se abraçaram. A última vez que a viu, seu estômago estava plano. O inchaço era agora visível. — Obrigado, e parabéns. Ela acariciou sua barriga e deu uma risadinha. — Estou começando a mostrar, não estou? Isso é o que acontece quando você leva mais de um. Gêmeos correm em nossa família, esteja preparado. Antes que pudesse responder, seu marido, Vince, se juntou à eles. Ele parabenizou Ken, mas foi distraído por sua esposa. — Querida, você deveria descansar e colocar os pés para cima. — Estou grávida, querido, não no meu leito de morte. — Ela lhe deu um beijo, em seguida, suspirou. — Além disso, eu não cozinhei. Esta é a minha maneira de ajudar. Ken, diga à Faith que eu avisarei o grupo no cinema — acrescentou. — Já que você insiste em ajudar, eu a levarei para onde você deseja ir. — Vince pegou sua esposa grávida no colo, conforme ela ria e lhe dava outro beijo.


Ken ainda observava e imaginava Faith carregando seu filho, quando ela voltou para ele. Ele a beijou, tomando seu tempo e sem se importar que o pai dela pudesse sair do escritório e encontrá-los. — O que foi isso? — Perguntou ela quando a soltou. — Eu não posso esperar para fazer de você a minha esposa — disse ele. Rindo, ela levou-o pelo longo corredor, passando portas fechadas, para a sala de jantar. Faith deu a ele um tour mais cedo. A casa de estuque era construída mais como um resort do que uma casa. Ela tinha vários quartos, uma sala grande, cinema em casa, cozinha interior e exterior com bar molhado, uma piscina de borda infinita, hectares de vinha com uma pequena destilaria, instalações equestres e uma arena. Tinha até um riacho e uma lagoa. A sala de jantar tinha duas longas mesas cheias de comida, cada uma com talheres para doze. Uma porta em arco ligava a sala para a cozinha, onde mais alimentos disputavam espaço no balcão em forma de L. Os Fitzgeralds, velhos e jovens, entravam. Desde os que jogavam sinuca na sala de recreação aos do pátio, piscina, e as baias de cavalo. A maioria deles veio do cinema em casa, onde assistiam futebol. Os mais velhos se estabeleceram na sala de jantar, enquanto os mais jovens se dirigiram para a cozinha. — Nossa tradicional Ação de Graças da família é mais como um jantar de Natal irlandês — Faith sussurrou para Ken quando se instalaram em seus assentos. — Há peru e recheio, é claro, batatas assadas e purê de batatas, molho com miudezas, sopa de abóbora, ervilhas marrowfat, cenoura na manteiga de limão e molho de cranberry. Para a sobremesa, nós temos o pudim de pão de chocolate com creme, cupcakes de creme irlandês da Bailey e torta de abóbora. Para bebidas, temos Guinness e pilsen, e, claro, vinho da destilaria da tia Viv.


A conversa girava em torno de esportes, dos times de faculdade, que alguns dos mais jovens jogavam, para os profissionais. Eles tinham alguns profissionais na família também. Ninguém comentou sobre Sean, nem mesmo Vivian, que estava sentada à direita de Ken na cabeceira da mesa. — Eu espero que vocês dois vejam o padre O'Malley para o aconselhamento — tia Viv disse com firmeza para Faith e Ken antes de saírem. — Claro, tia Viv. Ken concordou. — Sim, senhora. — Agora que está resolvido. — Vivian tirou um envelope de dentro de uma bolsa e entregou à Faith. — Lex herdou isso junto com vários outros documentos do seu tio Aaron. Pensei que você poderia querer ver. — Ela apertou a mão de Ken. — Seja bom para ela ou receberá uma visita minha. Ken não respondeu, mas mudar seus escritórios de lugar passou por sua cabeça. Por outro lado, ele poderia suportar todas as tias Vivs deste mundo por Faith. Quando saíram da vinha Santa Rosa e foram em direção ao Aeroporto Charles M. Schulz, Faith acendeu a luz acima deles, abriu o envelope e tirou uma única folha de papel. — O que é isso? — Ken perguntou quando ela ficou olhando para a folha. — O teste de DNA de paternidade que tio Aaron fez. Acho que sou uma Fitzgerald depois de tudo. Havia esperança para Viv Fitzgerald afinal, Ken decidiu. Ele sorriu quando Faith deslizou o certificado de volta no envelope e descansou a cabeça em seu ombro com um suspiro suave.


EPÍLOGO Estava caótico atrás da passarela durante o Falasha Fashions, mas era o tipo agradável. A decisão de Faith de contratar Jennifer Larson foi válida. O cabelereira e sua equipe eram eficientes e engenhosas. Elas pentearam os cabelos das modelos para trás, dando um aspecto molhado na frente e o cabelo seco solto na parte de trás, de modo que o cabelo não distrairia. A equipe de maquiagem seguiu com cinza e prata ao redor dos olhos, adicionando profundidade e mistério, e uma explosão de cores nos lábios de gel, com as cores fortes de sua coleção. O visual era teatral. Faith manteve um olho nas modelos que partiam para a passarela enquanto ajudava as outras a se trocar. Seu coração batia com excitação nervosa, mantendo em ritmo com as melodias pulsantes de rock clássico que ela escolheu para a noite. Quem adivinharia que seu desfile estaria lotado por causa de uma série de artigos detalhando seu pesadelo com Sean. Ela acabou por ter um local maior para seu desfile e uma pós-festa no salão de baile de um hotel local. Toda a primeira fila estava cheia com editores de moda, varejistas, estilistas das estrelas, sua família, Bárbara e suas meninas, e, claro, Ken e Gemma Frost, sua madrinha. Só de pensar em Ken diminuiu o nervosismo de Faith. As coisas que esse homem fez por ela. Não só encontrou Gemma, como pagou por sua viagem à Nova Iorque, arranjou para ela ficar no hotel deles, e os levou para jantarem juntos na noite passada. — Caminhada final — sua nova assistente a lembrou. — Obrigada. — Faith se dirigiu para a passarela. Ela esperou até a última modelo sair antes de pisar no centro das atenções.


A música lentamente desapareceu quando o aplauso subiu para um rugido ensurdecedor e câmeras clicavam em alta velocidade. Ela sorriu e acenou, mandou um beijo para sua família. Seu olhar conectado com o de Ken. Ele curvou-se, prestando homenagem à ela. Sorrindo, Faith virou e deixou a passarela. As modelos já trocavam de roupa. A maioria delas tinha outros desfiles ou participariam das pós-festas. Suas equipes começaram a embalar enquanto Faith era assediada por editores e varejistas. Cartões eram pressionados em sua mão. Pancadinhas de congratulações choviam em suas costas, e abraços de editores que ela só conhecia pela reputação de humilhá-la. Mas seu melhor momento ocorreu muitas e muitas horas mais tarde, após o brilho e a festa terem acabado e todos se retirarem para seus quartos de hotel. Ela se aconchegou nos braços de seu noivo. — Obrigada por tornar hoje possível — ela sussurrou no escuro. Ele riu. — Sim, sou eu o talentoso. Elegante, contudo nervoso, sexy, e único. Não acho que essas palavras me descrevam ou qualquer coisa que eu fiz. — Na verdade elas descrevem. Você é incrível. Ele riu. — Então, meu plano está funcionando. — Que plano? — De te fazer a mulher mais feliz do mundo. Ele já fez.

FIM


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