Revista do Ovo - Ed 18

Page 1

nº 18 - ano III abril/2013 www.avisite.com.br/revistadoovo

NOVOS VALORES SOCIAL

Avicultura Familiar no Amazonas gera renda e trabalho

DIÁRIO

Cepea/USP elabora índice referencial para o preço do ovo

NA DIETA

Artigo mostra as vantagens econômicas de acrescentar enzimas


Quem quer informação acessa o OvoSite, o portal mais completo do mercado de postura.

LUCRATIVIDADE

NOTÍCIAS

PORTAL

BUSCA

COMPORTAMENTO

INFORMAÇÃO LUCRATIVIDADE

MARKETING

ATUALIZADO

CRESCIMENTO

REDE

PUBLICIDADE

PROFISSIONAIS

CLASSIFICADOS

TECNOLOGIA

PROFISSIONAIS

LUCRATIVIDADE

COMPORTAMENTO

MARKETING

COMPORTAMENTO

ESTATISTÍCA

ECONOMIA

ESTATISTÍCA

GENÉTICA

POSTURA

EQUIPAMENTOS

PARCEIROS

NUTRIÇÃO

EVENTOS

OVO

ABASTECIMENTO

VENDAS

COMPORTAMENTO

ESTABILIDADE

MARKETING

COMPORTAMENTO WEB

DESEMPENHO

RENTABILIDADE COMPORTAMENTO

PORTAL

FEIRAS

WEB

ECONOMIA

MARKETING

ARMAZENAMENTO

LUCRATIVIDADE

INTERESSES

LUCRATIVIDADE

NOTÍCIAS

WEB

EQUIPAMENTOS

MARKETING

COMPORTAMENTO

VALORIZAÇÃO

ESTATISTÍCA

NOTÍCIAS

CONGRESSOS

TÉCNICAS

ALTERNATIVAS

OVO

PUBLICIDADE

MARKETING

PARCEIROS

COMPRA TÉCNICAS COMPORTAMENTO

INTERESSES

PROFISSIONAIS

INTERESSES

ESTATISTÍCA

POSTURA

CLASSIFICADOS

VALORIZAÇÃO EQUIPAMENTOS WEB DESEMPENHO ATUALIZADO MARKETING BUSCA INFORMAÇÃO DESEMPENHO

CONTATO

NAVEGUE

COMPORTAMENTO

MERCADO

NOTÍCIAS COMPORTAMENTO

PARCEIROS

TECNOLOGIA

EQUIPAMENTOS

VALORIZAÇÃO

REMUNERAÇÃO

FEIRAS

INTERNET

NUTRIÇÃO

ESTATISTÍCA

PARCEIROS

WEB

GENÉTICA

QUALIDADE

INFORMAÇÃO

BUSCA

ESTATISTÍCA

EVOLUÇÃO NUTRIÇÃO

NAVEGUE

AVICULTURA

NAVEGUE

NUTRIÇÃO

FEIRAS

QUALIDADE

MUNDO

PORTAL

WEB NAVEGUE

www.ovosite.com.br


eDITORIAL

Valores que melhoram a atividade

Projeto ajuda a aumentar renda familiar por meio da comercialização das aves e dos ovos no Amazonas

Este número 18 da Revista do Ovo aborda algumas transformações e novos valores aplicados na avicultura de postura brasileira. Novos valores porque a aposta é sempre para a melhoria da atividade. Dessa forma, apresentamos um trabalho social realizado pelo governo do Estado do Amazonas e pela Universidade Federal do Amazonas (Unifam) denominado “Avicultura Familiar” (página 08). Um projeto com o qual foram construídos 80 galinheiros em todas as comunidades beneficiadas da localidade, ajudando a aumentar a sua renda fami-

liar por meio da comercialização das aves e dos ovos. Vamos mostrar como o custo de produção das aves foi reduzido em razão dos alimentos alternativos disponibilizados pelos comunitários e os aspectos ecológicos, sociais e econômicos da ação. Nesta edição também apresentamos o novo desafio do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e do Instituto Ovos Brasil: a criação de um novo índice referencial de preços do ovo (página 6). Veja nesta reportagem como é este referencial, em que ele difere dos demais e como este índice auxiliará na comercialização de ovos. Um artigo sobre a utilização de enzimas na nutrição de poedeiras fecha o ciclo desses novos valores (página 12). As tecnologias de formulações e aplicações das enzimas aqui apresentadas pela equipe da FCAV/Unesp auxiliam a reduzir os custos de produção sem prejudicar o desempenho das aves. Confira as novidades e tenha uma boa leitura!

AGRADECIMENTOS Especiais agradecimentos a Camila Brito Ortelan, Rogério Belzer, Karina Ferreira Duarte e Frank Cruz pela colaboração no conteúdo desta edição.

expediente A Revista do Ovo

Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Andrea Quevedo (MTB 27.007) Érica Barros (MTB 49.030) Mariana Almeida (MTB 62.855) imprensa@avisite.com.br Comercial Daniel Cannos Fernanda Bronzeado publicidade@avisite.com.br Diagramação e arte Mundo Agro e WL Publicidade luciano.senise@grupowl.com.br Internet Jessica Sousa webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação Caroline Esmi financeiro@avisite.com.br Fale com a redação! imprensa@avisite.com.br Tel: (19) 3241 9292

Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

SUMÁRIO

06 Nova referência CEPEA desenvolve novo índice referencial para preço do ovo

08

Produção no Amazonas Projeto da UFAM traz renda e trabalho para população

12 Artigo Enzimas na nutrição de poedeiras

Notícias curtas

04

Estatísticas

16

Produção Animal | Revista do Ovo 3


Eventos

2013

Notícias

Evento para postura com a Ubabef

Junho 10 a 12 de junho Conferência Facta 2013 Local: The Royal Palm Hotel - Campinas, SP Realização: Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas (Facta) Contato: (19) 3243-6555 E-mail: facta@facta.org.br Site: www.conferenciafacta2013.com.br

Julho 19 a 21 de julho Festa do Ovo de Bastos Local: Recinto de Exposições Kisuke Watanabe, Bastos, SP Realização: Sindicato Rural e Prefeitura de Bastos Contato: (14) 3478-1156

Agosto 27 a 29 de agosto SIAV – Salão Internacional da Avicultura Local: Anhembi, São Paulo, SP E-mail: congresso@ubabef.com.br Site: www.ubabef.com.br/23congresso Contato: (11) 3031-4115 Não perca 27 de agosto Simpósio OvoSite de Produção e Mercado de ovos Local: Anhembi Parque, São Paulo, SP, durante o SIAV Realização: OvoSite, Revista do Ovo e UBABEF Informações: www.ovosite.com.br e www.ubabef.com. br/23congresso Email: simposioovosite@ovosite.com.br

Quase dois anos após lançar a Revista do Ovo e um ano após o lançamento do OvoSite, a Editora Mudo Agro reafirma o seu compromisso com o setor de postura: em agosto, com a parceria da Ubabef, e também da Ovos Brasil, a editora realizará o seu primeiro evento: o Simpósio OvoSite de Produção e Mercado de ovos. O Simpósio terá o formato de uma mesa redonda, com duração de duas horas e trinta minutos, e será realizado dentro do Salão Internacional de Avicultura (Siav), no dia 27 de agosto, em São Paulo. Será um momento único e especial para reunir o setor de postura comercial junto ao maior evento da avicultura brasileira de 2013. A participação é gratuita. O temário do encontro já começou a ser definido e nele constam tópicos como Situação atual da produção de ovos, Agregação de valor na produção de ovos, Perspectivas da produção de grãos, Integração Contratual, Consórcio de ovos e Como atrair o consumidor. “Esperamos com essa iniciativa auxiliar os produtores de ovos na troca de informações e experiências e a encontrar alternativas para sanar suas principais dificuldades de produção e comercialização”, afirma a equipe da Revista do Ovo e do OvoSite. Mais detalhes e atualizações sobre o Simpósio OvoSite de produção e mercado de ovos serão divulgados aqui e também no OvoSite. Acompanhe e participe! Simpósio OvoSite de Produção e Mercado de Ovos Data: 27 agosto de 2013, durante o SIAV Local: Anhembi Parque, São Paulo, SP Inscrições gratuitas Informações: www.ubabef.com.br/23congresso ou www.ovosite.com.br E-mail: simposioovosite@ovosite.com.br

4 Produção Animal | Revista do Ovo


Leia as últimas notícias do setor em www.ovosite.com.br

Assembleia define nova Ovos registram arrecadação para 2013 crescimento em 2012

Em assembleia realizada durante o XI Congresso de Ovos da APA (19 a 21 de março, Ribeirão Preto, SP), membros e dirigentes do Instituto Ovos Brasil, depois de discutirem e avaliarem várias alternativas, chegaram a um consenso que a arrecadação para manter as atividades da entidade volta a ser feita por meio dos incubatórios. A partir do dia 1º de maio, os incubatórios repassarão R$ 0,03 por pintainha para o Instituto. “Desde a criação do Ovos Brasil, em 2007, a arrecadação por pintainha vem sendo de R$ 0,01. Hoje, o Instituto, para continuar o trabalho que vem realizando junto à cadeia produtiva de ovos como ações de marketing e ações de representação do setor, precisa de um orçamento anual mínimo de R$ 800 mil”, explica Rogério Belzer, presidente do Conselho do Ovos Brasil. “Mas, atualmente, não temos a adesão de 100% do setor nacional para manter a entidade viva.Porém, diante das situações apresentadas nesta assembleia, ficou bem claro que todos defendem que a entidade precisa continuar ativa”. Ainda segundo Belzer, o Instituto Ovos Brasil tem uma proposta de reestruturação da entidade. O novo formato propõe a figura de um presidente do Conselho de forma executiva, cria o cargo de um diretor Técnico e o cargo de um diretor de Marketing. “Precisamos reformular e melhorar a gestão do Instituto com cargos e pessoas capacitadas e específicas. Eu, como presidente, passaria a ter uma atuação mais executiva e administração da entidade. O diretor executivo, que hoje é o José Roberto Bottura, passaria a responder pelo cargo de diretor Técnico, para atuar nas negociações do setor junto ao Ministério da Agricultura e em outras ações da área técnica da avicultura de postura. Já o diretor de Marketing, um profissional que ainda temos que buscar no mercado, atuaria exclusivamente nas ações de promoção do ovo e dos eventos”. Para avaliar e ter a provação deste novo formato e de um novo estatuto, os membros do Instituto decidiram agendar uma nova assembleia. A data foi então pré-agendada para meados de abril, em São Paulo, SP.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de ovos de galinha em 2012 teve aumento de 4,8% em relação a 2011, segundo a pesquisa, totalizando 2.689.451 mil dúzias. O efetivo de galinhas, que atingiu 499.855 mil cabeças, também apresentou crescimento de 3,9%. A produção de ovos de galinha foi de 662,116 milhões no quarto trimestre de 2012, ficou estável em relação ao quarto trimestre de 2011, mas caiu 2,9% em relação ao terceiro trimestre de 2012. No comparativo entre os trimestres finais de 2012 e 2011, verificaram-se significativas quedas em São Paulo (-5,4%), Minas Gerais (-5,1%) e no Rio de Janeiro (-16,9%), o que refletiu na Região Sudeste (-1,7%). No Sul, houve queda de 0,4%, com resultados negativos no Paraná e em Santa Catarina. No Nordeste, as maiores quedas aconteceram no Ceará e em Sergipe, embora o total da região não tenha decaído. As regiões Norte e CentroOeste registraram aumento da produção de ovos de galinha.

ICMS de ração em São Paulo O governo de São Paulo isentou de ICMS as vendas de ração animal ou insumos para a fabricação do produto a Estados que decretaram situação de emergência ou calamidade pública em razão de estiagem. O benefício fiscal tem efeitos retroativos. A novidade foi instituída pelo Decreto nº 58.999, publicado no Diário Oficial do Estado do dia 26 de março. O benefício vale desde 15 de junho de 2012 para as vendas a áreas do semiárido em situação de calamidade pública. Para outras regiões, é retroativo a 26 de outubro do ano passado. A situação de calamidade pública deve ter sido decretada por portaria do Ministério da Integração Regional. Produção Animal | Revista do Ovo 5


Mercado do Ovo

Nova referência Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada desenvolve novo índice referencial para o preço do ovo. O objetivo é proporcionar ao mercado cotações oficiais de outras regiões, além de São Paulo e Bastos

6 Produção Animal | Revista do Ovo


P

Os primeiros informativos or meio de uma parceria semanais do preço do ovo do com o Instituto Ovos BraCepea já começaram a ser gerasil, o Centro de Estudos dos. O segundo passo, será a diAvançados em Economia Aplivulgação desses boletins, diários cada – Cepea, localizado no e semanais, pelo site do Institucampus da Esalq/USP, em Pirato Ovos Brasil. “Estamos na fase cicaba, SP, desenvolveu um dos ajustes deste referencial e, novo índice de referência para o em breve, teremos estes índices preço do ovo. Uma novidade, e disponíveis aos profissionais do um novo desafio, para o Censetor de postura comercial que tro, que há anos elabora os índiestiverem interessados”, arremaces diários da carne de frango, ta Camila. carne suína, bovinos, leite, miDurante a realização do XI lho, soja, café, arroz, citrus e ouCongresso de Produção e Cotros itens da agropecuária paumercialização de Ovos, entre os lista. “A ideia, primeiramente, é dias 19 e 21 de março, em Ribeia de gerarmos informativos serão Preto, SP, a analista do Cemanais com os preços referenpea fez uma apresentação sobre ciais do ovo de algumas regiões Camila Brito Ortelan, analista do Cepea e o novo índice. “A parceria entre produtoras de São Paulo, Minas responsável pelas pesquisas e análises de o Instituto Ovos Brasil e o Cepea Gerais e Rio de Janeiro. Este úlmercado do frango e do ovo foi assinado no dia 1º de notimo por ser um forte consumivembro de 2012, objetivando a dor de ovos”, explica Camila elaboração de indicadores de preços de ovos brancos Brito Ortelan, analista do Cepea. “Estamos utilizane vermelhos em diversas regiões do País”, detalhou. do o preço de compra da caixa de 30 dúzias dessas “A cadeia produtiva de ovos é a 26ª a integrar o porregiões”. A analista comenta que hoje são 55 colabotfólio de pesquisas contínuas do Cepea. Os estudos radores de ovos, ou produtores, que estão participansobre esse mercado estão sendo conduzidos com o do da coleta diária de preços. “Nossa equipe do Ceobjetivo principal de oferecer parâmetros confiáveis pea liga diariamente para esses produtores e, por de preços a todos que interagem com o sistema promeio de critérios científicos e estatísticos, o sistema dutivo de ovos”. que desenvolvemos calcula a média diária dos preços O trabalho de elaboração de preços de ovos branpelas regiões”. De acordo com ela, no Estado de São cos e vermelhos do Cepea abrange, inicialmente, Paulo, as fontes para coletas de preços incluem proapenas o tipo extra, que costuma ser tomado como dutores de São Paulo, Grande São Paulo, Ribeirão referência para preços dos demais tipos. “Produtores, Preto, Bastos, Campinas, Guararapes e Mirandópolis. associações de produtores e compradores do segmento atacadista e varejista já estão sendo consultados. Porém, vendas para o uso industrial não serão incluídas nos primeiros indicadores Cepea/Ovos BraO Brasil vem ganhando destaque na produção de sil”, revela Camila Ortelan. “A princípio, o mercado ovos. Atualmente, é o oitavo maior produtor mundial, contará com indicadores de preços ao produtor e no com 33,4 bilhões de unidades produzidas em 2012, atacado – consumo in natura”. De acordo com o presidente do Conselho Diretisegundo dados da União Brasileira de Avicultura vo do Instituto Ovos Brasil, Rogério Belzer, o proces(Ubabef). No entanto, o Brasil não se destaca nem na so de formação de preços de ovos no País ainda careimportação e nem na exportação de ovos. Conforme ce de referenciais que proporcionem maior simetria relatório de 2012 da Ubabef, 99,1% do que é produzido de informação a todos que constituem a cadeia. “Foi em território nacional é destinado ao consumo por isso que procuramos esta parceria com o Cepea. doméstico. A maior parte da produção brasileira está Para gerarmos uma maior simetria, de forma científiconcentrada nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e ca e estatística, nos preços dos ovos na granja e no Paraná, segundo dados do Instituto Brasileiro de atacado”, comenta. Ainda conforme Belzer, o novo Geografia e Estatística (IBGE). O principal polo produtivo índice referencial do ovo, elaborado pelo Cepea, denacional se encontra na região de Bastos (SP), onde os verá estar disponível para consulta no site do Institupreços praticados são atualmente utilizados como to Ovos Brasil (www.ovosbrasil.com.br) já neste mês referência para muitos agentes da cadeia produtiva. de abril.

Ovo: destaque no mercado

Produção Animal | Revista do Ovo 7


Produção familiar

Avicultura no meio da floresta Papel nutritivo e social da carne de frango chama a atenção das prefeituras para o projeto “Avicultura familiar”, da UFAM , que traz renda e trabalho para a população ribeirinha do Amazonas

Área de atuação do Projeto de Avicultura Familiar no Amazonas

8 Produção Animal | Revista do Ovo


O

dia era 06 de fevereiro de 2012. Frank Guimarães Cruz e Ewerton Oliveira das Chagas partiram de Manaus num barco-jato rumo ao município de Coari, no Amazonas. São 444 quilômetros adentro do estado com dimensões faraônicas que só podem ser percorridos por vias fluviais. A cidade é a quarta maior do Norte do País (fica atrás de Manaus, Belém e Porto Velho), com 67.055 habitantes, localizada no Rio Solimões, entre o Lago do Mamiá e o Lago de Coari – onde ficam as comunidades Divino Espírito Santo do Izidório, São Francisco do Batelão e Nossa Senhora da Conceição do Boan. Esses vilarejos eram o destino final dos acadêmicos. Uma vez lá, eles poderiam realizar um primeiro contato com líderes para falar a respeito do projeto “Avicultura Familiar”. Também poderiam analisar a logística e planejar como levar o material necessário para a construção dos aviários. Porque, afinal de contas, o Amazonas foge dos padrões de deslocamento do resto do Brasil. “As adversidades aqui são 10 vezes maiores do que no Sudeste ou no Sul”, conta o professor Frank Cruz. “O acesso muitas vezes é estrangulante. Tudo é feito por via fluvial e os pontos geográficos são muito distantes uns dos outros. São rios pequenos que dificultam o trânsito”, explica. Franz George Guimarães Cruz graduou-se em Agronomia pela Universidade Federal do Amazonas, em 1981, e depois foi fazer mestrado em Zootecnia pela Universidade Federal de Santa Maria, em 1984. Planejou e implantou o Setor de Avicultura da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em 1988. Foi lá que idealizou e implantou um programa de melhoramento e seleção de linhagens de aves voltadas para avicultura alternativa ou caipira, em 1990. Daí para frente atuou como coordenador de projetos de avicultura alternativa como opção de auto-sustentação no meio rural. A expertise da UFAM na implementação desse tipo de trabalho chamou a atenção da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvi-

Sempre no fim do projeto, os técnicos e os produtores se reúnem para discutirem de forma saudável e amigável os benefícios que trouxe para a comunidade.

mento Sustentável (SDS). O investimento em avicultura familiar estava entre as ações compensatórias que contemplariam Coari e outros três municípios, Anori, Anamã, Codajás. Essas quatro cidades foram designadas como áreas de influência da construção do gasoduto Urucu-Coari-Manaus, inaugurado no dia 26 de novembro de 2009. Para sanear o impacto das obras, a Petrobrás iria fornecer os recursos financeiros para a viabilização de algumas ações para a melhoria de vida da população local. O projeto “Avicultura Familiar” então foi desenvolvido através de um convênio celebrado entre o Governo do Estado do Amazonas por intermédio da SDS, da Fundação de Apoio Institucional Rio Solimões (UNISOL) e da Universidade Federal do Amazonas. Além da participação de Frank Cruz como cabeça da ação, o desenvolvimento das atividades contou com a participação de Ewerton Oliveira das Chagas (zootecnista), Thiago Macedo Santana (bolsista discente), Ewerton de Souza Tanaka (discente voluntário), João Paulo Ferreira Rufino (discente voluntário), Jadilson Barroncas dos Santos Melo (auxiliar de agropecuária) e Francisco Alberto de Lima Chaves (auxiliar de agropecuária). O valor final do custeio acrescido do capital foi R$ 318.500,00. Ao chegarem em Coari, os pesquisadores foram recebidos pelo Secretário de Petróleo e Gás, Jurandyr Aires, que os ciceroneou durante a visita em uma lancha cedida pela prefeitura até as comunidades. Nesse primeiro dia o saldo foi positivo. A ideia foi aprovada e em breve poderia ser aplicada nas respectivas comunidades. No dia seguinte, a equipe entrou novamente no barco a jato, dessa vez com destino a Codajás, onde foram recebidos por Josias Matos, Subsecretário de Produção. Seguindo o mesmo roteiro, os acadêmicos entraram em contato com as comunidades de Maçaranduba, Boa União e Laranjal. Uma vez lá, Cruz, expunha de forma sucinta e em linguagem coloquial os objetivos e vantagens da viabilização da avicultura familiar. Na hora da

Frank Cruz com os ribeirinhos: projeto oferece para as comunidades trabalho e renda

Produção Animal | Revista do Ovo 9


Produção familiar

produtor cerca de 180 pintinhos de um dia, distribuídos em três parcelas de 60 pintos cada acompanhada de 12 quilos de ração balanceada para os primeiros 15 dias de vida do lote. O custo de produção das aves foi reduzido em razão dos alimentos alternativos disponibilizados pelos comunitários e propiciou o aproveitamento do esterco orgânico das aves nos cultivos da produção agrícola dos comunitários. Depois das orientações, a equipe se desloca até as comunidades de forma sistemática com o objetivo de supervisionar e tirar quaisquer dúvidas dos Ribeirinhos com o material fornecido pela equipe do Projeto Avicultura Familiar produtores com relação à criação aniProdutores com certificados da conclusão do minicurso de 8 horas mal. Sempre no fim do projeto, os técnicos e os produtores se reúnem para discutirem de forma saudável e amigável os benefícios para a comunidade. A oferta de proteína de origem animal de galinha (carne e ovos) aumentou significativamente nas comunidades envolvidas, melhorando a qualidade da dieta. “A carne de frango e os ovos possuem um valor nutricional e social muito amplo. A avicultura familiar é uma ação que proporciona melhor qualidade de vida para a população. Também valoriza a comunidade, traz trabalho e renda e ocupa o ribeirinho”, relata o professor Cruz. “Na medida do possível este projeto foi desenvolvido de forma ecologicamente correta, socialmente justo e economicamente viável”. Os resultados finais apontam que despedida, as cabeças ficavam com a missão de escolher aproximadamente 560 pessoas foram impactadas de quais produtores seriam beneficiados. Ficava combinaforma direta e 200 de forma indireta nas oito comunida então a segunda visita. dades onde foram construídos os 80 galinheiros rústicos Nessa etapa, o zootecnista Ewerton Oliveira das Chacom seis metros quadrados cada um. Houve um aumengas, ministrava um minicurso com duração média de to expressivo de ocupação da mão de obra com a impleoito horas, dividido em partes teórica e prática, com mamentação do projeto tornando os comunitários menos terial didático fornecido pela equipe do Projeto Avicultuociosos. ra Familiar. Cada produtor recebe o material para consEssa etapa terminou. Mas a saga está longe de ter trução do galinheiro, em média 400 quilos de pernamanum fim. O professor Cruz alegra-se ao dizer que o placas, telhas de fibrocimento, ripões, tábuas e pregos. Além no é multiplicar a ação em outros municípios. “Estados utensílios como bebedouros e comedouros a serem mos em contato com outras prefeituras e pretendedisponibilizados para as aves no período de crescimento. mos iniciar em breve outros projetos em outros muEm uma terceira visita, a equipe técnica orienta e nicípios. Em junho teremos mais uma replicação difeajuda na construção de um galinheiro em cada comunirente”, conta. Dessa vez em um lugar mais próximo? dade, que deverão servir de exemplo para os outros A cidade prevista para acontecer a ação dista 1.150 nove aviários que seriam construídos pelos próprios coquilômetros de Manaus. “Mas dessa vez vamos de munitários. Nesse momento, são entregues para cada avião”, lembra o coordenador. 10 Produção Animal | Revista do Ovo


MENOS = MAIS

A equação é simples, resultado da superior eficiência alimentar das poedeiras Hy-Line. Menos Ração = Maior Lucratividade

www.hyline.com.br • hyline@hyline.com.br

Produção Animal | Revista do Ovo 11


Artigo técnico-científico

Enzimas na nutrição de poedeiras Tecnologias que reduzem os custos de produção sem prejudicar o desempenho das aves

12 Produção Animal | Revista do Ovo

Autores: Otto Mack Junqueira¹, Carla Heloísa de Faria Domingues² ,Sergio Turra Sobrane Filho³ e Karina Ferreira Duarte² ¹ UFG, Jataí FEIS/UNESP, Ilha Solteira ² FCAV/UNESP, Jaboticabal ³FEIS/UNESP, Ilha Solteira


A

s As primeiras informações sobre a utilização de enzimas em rações avícolas foram obtidas a partir da descoberta de que grãos umedecidos, associados à suplementação enzimática, tinham maior aproveitamento nutricional pelas aves. A partir de então, o interesse ao uso de enzimas em rações para aves só tem aumentado devido ao custo cada vez maior das matérias primas tradicionais e à busca por outros ingredientes alternativos como a cevada, aveia, arroz, trigo, dentre outros. As enzimas são consideradas também como uma forma de reduzir a contaminação ambiental com nutrientes nas excretas, tais como o fósforo, nitrogênio, cobre e zinco. Além disso, existe uma preocupação cada vez maior com a adição de aditivos antimicrobianos nas rações. Na formulação de rações para aves a utilização de ingredientes de origem vegetal supera os de origem animal. No entanto, a maior parte do fósforo proveniente dos alimentos de origem vegetal encontra-se combinado com o inositol formando a molécula do ácido fítico que tem um grande potencial quelatizador, o que diminui a solubilidade e a digestibilidade dos nutrientes. As aves têm baixa capacidade de utilizar o fósforo fítico, devido à produção insuficiente de fitase endógena, que é a fosfatase responsável pela hidrólise do ácido fítico. Como o fósforo é um mineral essencial por desempenhar importantes funções em vários processos metabólicos no organismo, ao formular dietas para aves torna-se necessário adicionar uma fonte de fósforo inorgânico que, depois da energia e da proteína, é o nutriente que mais onera o custo da ração de aves.

Pode-se obter uma melhora significativa na digestibilidade dos alimentos através do uso de enzimas nas dietas Fontes de enzimas As enzimas exógenas são substâncias protéicas que têm a capacidade de auxiliar na degradação de componentes específicos presentes nos alimentos e são obtidas de forma natural, a partir da fermentação. A maioria das enzimas correntemente utiliza-

das na indústria de alimentos e bebidas são derivadas a partir de Aspergillus, porém, as hemicelulases e celulases são derivadas de Trichoderma. Recentemente, os genes que codificam enzimas diferentes, incluindo fitases, ß-glucanases e xilanases estão sendo clonados e expressos em diferentes sistemas de microorganismos e plantas. Dentre as principais enzimas de uso na alimentação animal, podemos citar as lípases, xilanases, glucanases, proteases e fitases. No seu funcionamento, as enzimas exógenas atuam por meio dos mesmos mecanismos que as enzimas endógenas, primeiramente ligando - se a um substrato específico e formando um complexo de enzima-substrato. Cada complexo enzimático tem uma atividade característica conforme o substrato que atua (Tabela 1). A(s) enzima(s) mais recomendada(s) para cada dieta está na dependência de sua composição de ingredientes (Tabela2).

Tabela 1. Enzimas utilizadas em rações para aves. Enzima

Substrato

Efeitos

Xilanase

Arabinoxilanas

Redução da viscosidade da digesta.

Glucanases

Β-glucanos

Redução da viscosidade da digesta. Menor umidade na cama.

Pectinases

Pectinas

Redução da viscosidade da digesta.

Celulases

Celulose

Degradação da celulose e liberação de nutrientes

Proteínas

Suplementação das enzimas endógenas. Degradação mais eficiente de proteínas.

Amilases

Amido

Suplementação das enzimas endógenas. Degradação mais eficiente do amido.

Fitase

Ácido fítico

Melhora a utilização do fósforo dos vegetais. Remoção do ácido fítico.

Galactosidases

Galactosídios

Remoção de Galactosídios

Lipases

Lipídios e ácidos graxos

Melhora a utilização de gorduras animais e vegetais

Proteases

Adaptado de Cleophas et al., (1995)

Produção Animal | Revista do Ovo 13


Artigo técnico-científico

Tabela 2. Ingredientes usuais, substratos e enzimas indicadas Principais Ingredientes

Substratos

Enzima indicada

Farelo de soja

Fitato, Polissacarídeos não amiláceos

Fitase, Protease

Milho

Fitato

Fitase

Trigo e Triticale

Fitato, Penstosanos

Xilanase, Fitase

Aveia e Cevada

Fitato, β-glucanos Β-glucanase, Fitase

Farelo de girassol

Fitato, Xilanos e Arabinose

Protease, Celulase, Fitase

Farelo de arroz

Fitato, Gordura

Fitase, Lípase

Gorduras

Gorduras

Lipase Adaptado de Cleophas et al., (1995)

Benefícios da utilização de enzimas Como benefícios relacionados ao uso de enzimas na dieta das aves pode - se observar: redução da viscosidade da digesta; melhora da digestão e absorção de nutrientes, especialmente da gordura e proteína; melhora o valor da energia metabolizável da dieta; melhora o consumo de ração e ganho de peso; redução do impacto ambiental; diminui o tamanho do trato gastrointestinal; altera a população de microorganismos no trato gastrointestinal; reduz a ingestão de água; reduz o teor de água das fezes; reduz o teor de amônia das fezes; reduz a produção de dejetos, o que inclui a redução de N e P. Pode-se obter uma melhora significativa na digestibilidade dos alimentos através do uso de enzimas nas dietas, permitindo alterações nas formulações das rações de forma a minimizar o custo, maximizando o uso dos ingredientes energéticos e protéicos das rações, possibilitando o uso de ingredientes alternativos regionais de menor custo, em substituição ao milho e ao farelo de soja. O fósforo é um mineral de extrema importância no metabolismo animal e está disponível nas matérias-primas utilizadas na fabricação de rações na forma de fitato, o que torna indisponível o seu aproveitamento por parte das galinhas poedeiras, já que estas não possuem a enzima que o degrada em uma quantidade suficiente. A fitase é a enzima que degrada o fitato, melhorando a digestibilidade dos alimentos, atuando assim na redução dos fatores antinutricionais, tais como os polissacarídeos não amiláceos, reduzindo a excreção de nitrogênio e fósforo, elementos estes considerados grandes poluidores do solos e das águas. A pobre biodisponibilidade do fósforo fitico presente nos cereais, sementes e em outros produtos é uma das maiores contribuições quando se refere à poluição através do fósforo. A utilização da enzima fitase na dieta de poedeiras possibilita uma menor va14 Produção Animal | Revista do Ovo

riação na qualidade nutricional das dietas, ajudando em uma digestão mais rápida e completa, redução dos níveis de excreção de nutrientes pela menor poluição ambiental e ainda possibilita uma menor incidência de fezes úmidas. Assim, a fitase também evita a formação de complexos entre proteína – fitato, melhorando a disponibilidade de aminoácidos e, com a hidrólise do fitato através da enzima, elementos como o cálcio, magnésio, zinco, ferro e moléculas orgânicas, antes indisponíveis às aves, são liberados e em forma de serem amplamente aproveitados pelas aves em seu metabolismo natural. Em meio a todos os benefícios citados anteriormente, é possível entender porque as enzimas estão sendo amplamente estudadas. Dentre eles, a ação sobre os fatores antinutricionais mais evidentes (presença de fitato e de polissacarídeos não amiláceos (PSNA)) nas dietas que tem como base ingredientes vegetais, que incluem muitas vezes a utilização de produtos alternativos ao milho e a soja comumente utilizados, são de extrema importância para o bom desempenho das aves a baixo custo de produção.

Hoje é possível afirmar que o uso das enzimas traz benefícios à produção avícola que vão desde uma significativa redução no custo das dietas Considerações finais O uso de enzimas como aditivo na alimentação expandiu-se rapidamente. Na última década, os estudos conduzidos para estudar os efeitos da utilização de enzimas na alimentação sobre o desempenho de frangos de corte e galinhas poedeiras foram extensos. Hoje é possível afirmar que o uso das enzimas traz benefícios à produção avícola que vão desde uma significativa redução no custo das dietas, melhora do desempenho animal e até a contribuição na melhora do ambiente. Com a elevação dos preços das matérias primas tradicionais, como o milho e o farelo de soja, surge a necessidade da utilização de novas alternativas que, associadas à inclusão de enzimas, tornam-se viáveis e por conseqüência permitem gerar dietas ainda mais econômicas. Para ter acesso a literatura consultada acesse: www.avisite.com.br/cet.


Produção Animal | Revista do Ovo 15


Estatísticas e Preços

Alojamento de pintainhas de postura

O menor volume em 12 meses foi registrado em fevereiro; mas porque o mês tem menos dias

O

EVOLUÇÃO MENSAL (OVOS BRANCOS E VERMELHOS) - MILHÕES DE CABEÇAS PINTAINHAS COMERCIAIS DE POSTURA

% OVO BRANCO

MÊS

2011/12

2012/13

VAR.%

Mar

6,554

7,292

Abr

7,134

Mai Jun Jul

2011/12

2012/13

11,26%

73,14%

75,89%

7,059

-1,04%

72,99%

74,73%

6,474

7,370

13,83%

73,28%

73,84%

6,587

7,458

13,22%

76,27%

76,32%

6,716

7,595

13,08%

76,55%

73,58%

Ago

7,115

7,596

6,76%

73,23%

72,68%

Set

6,935

6,905

-0,44%

75,96%

74,29%

Out

6,622

7,273

9,83%

75,52%

75,56%

Nov

6,707

7,372

9,92%

74,38%

76,15%

Dez

6,507

6,779

4,19%

75,02%

84,25%

Jan

6,641

7,323

10,27%

75,68%

77,60%

Fev

6.249

6.419

2,69%

76,54%

76,30%

Em 2 meses

12.889

13.740

6,59%

76,10%

76,99%

Em 12 meses

80,240

86,438

7,72%

74,86%

75,87%

Fonte dos dados básicos: UBABEF – Elaboração e análises: AVISITE

Acumulado em 12 Meses

levantamento mensal da Ubabef aponta que em fevereiro passado foram alojadas no País 6,417 milhões de pintainhas de postura, 76,30% delas destinadas à futura produção de ovos brancos. Embora tenha representado aumento de 2,69% sobre o mesmo mês do ano passado, o volume alojado apresentou queda de mais de 12% em comparação ao mês anterior, o primeiro de 2013 e, com isso, correspondeu ao menor volume dos últimos 12 meses.

Em fevereiro passado foram alojadas no País 6,417 milhões de pintainhas de postura, 76,30% delas destinadas à futura produção de ovos brancos

2012 16 Produção Animal | Revista do Ovo

86,438

Set

86,270

83,999

84,029 Ago

85,588

Jul

85,315

Jun

84,650

Mai

83,548

Abr

82,670

Mar

81,799

80,904

Fev

80,978

80,240

Fevereiro/2012 a Fevereiro/2013 Milhões de cabeças

Out

Nov

Dez

Jan

Fev

2013

Atenção, porém, pois boa parte desses resultados é apenas aparente. Fevereiro é mês mais curto, de 28 dias. E isso considerado, a redução em relação ao mês anterior não chega a 3%. Além disso, mesmo em comparação a fevereiro do ano passado, o incremento foi maior que 2,69%: chegou a 6,35% visto que 2012 foi ano bissexto e aquele fevereiro teve 29 dias. Em outras palavras, a redução do último mês não chega a alterar o crescimento registrado nos últimos 12 meses, superior a 7,5%. E mesmo levando-se em conta apenas os dois primeiros meses do ano, a expansão segue acelerada, com incremento de pouco mais de 6,5%. Isto, note-se, ainda que o bimestre passado tivesse um dia a menos que idêntico bimestre de 2012.


Desempenho do ovo em março de 2013

No mês, o melhor preço nominal de todos os tempos

P

ode não ser inédito, mas com certeza é raro o fato de o ovo atravessar todo o período de Quaresma com absoluta estabilidade de mercado e sem qualquer alteração nos preços praticados. Pois em 2013 foi assim: as altas invariavelmente ocorridas nesse período religioso desta vez não ocorreram e, com isso, o ovo encerrou março de 2013 com a mesma cotação alcançada cerca de 50 dias antes, ou seja, ainda no período pré-Quaresma, em pleno sábado de Carnaval. Mesmo assim, nada a lamentar: o período de estabilidade foi iniciado em um ponto favorável ao produtor e se manteve enquanto os custos de produção sofriam redução. O resultado é o melhor preço nominal de todos os tempos, com valorizações de 2,90% e 36,53% sobre, respectivamente, o mês anterior e o mesmo mês do ano passado. Comparativamente à média alcançada em dezembro (a melhor de 2012) o incremento no ano está em 18,4%. Procurando analisar esse desempenho, observadores do setor questionam a realidade do alojamento de pintainhas de postura em 2012, que aumentou quase 8% no ano passado. Ou seja: foi um crescimento que deveria gerar problemas no setor, pois o consumo não evoluiu na mesma proporção. Porém, ao contrário do esperado, a oferta se mantém ajustada. O que ocorreu? Sem entrar no mérito da questão, uma das realidades vislumbradas é a de que o setor produtivo percebeu que não adianta gastar ração cara com poedeiras improdutivas. Com isso, os descartes têm sido reali-

zados no tempo certo, impedindo aumentos indesejados na produção de ovos. Mesmo assim, os preços alcançados pelo setor apenas acompanham a média histórica, com um ganho muito pequeno. Assim, por exemplo, enquanto pela média histórica (2003 a 2012) o ovo alcança em março valor 13% superior ao de dezembro do ano anterior, neste ano março foi fechado com um ganho de 18% sobre dezembro de 2012 – apenas cinco pontos percentuais acima da média histórica. O preocupante, agora, é que a média histórica também aponta, para o mês de abril, queda de preços em relação a março. O setor vai precisar agir com rigor para evitar o que parece ser uma praxe.

OVO BRANCO EXTRA

Evolução de preços no atacado paulistano R$/CAIXA DE 30 DÚZIAS Média mensal e variação anual e mensal em treze meses MÊS\ ANO.

MÉDIA R$/CXA

Média anual em 10 anos R$/CAIXA

VARIAÇÃO % ANUAL MENSAL

R$ 34,47

2004

MAR/12

49,07

-0,01%

9,76%

ABR

46,25

-12,53%

-5,75%

MAI

45,31

5,18%

-2,04%

JUN

51,40

6,91%

13,45%

2007

JUL

53,31

13,42%

3,71%

2008

R$ 33,48

2005

2006 R$ 27,48

AGO

53,19

15,53%

-0,23%

SET

49,00

18,02%

-7,87%

OUT

48,77

19,77%

-0,47%

2010

NOV

53,29

32,68%

9,27%

2011

DEZ

56,60

25,47%

6,21%

JAN/13

54,35

41,73%

-3,98%

FEV

65,11

45,62%

19,80%

MAR

67,00

36,53%

2,90%

R$ 39,42 R$ 43,62 R$ 38,63

2009

R$ 37,93 R$ 44,61 R$ 49,11

2012

*2013: 01/Jan a 31/Mar

Média 2003/12 2013

Preço relativo no ano em comparação à média mensal de 10 anos

104%

Ago

94%

Jul

93%

Jun

95%

Mar

104%

Fev

106%

103%

Mai

110%

105%

118%

113%

109%

Abr

88%

96%

116%

Preço em Dezembro do ano anterior = 100

Jan

R$ 62,00

2013*

Set

Out

Nov

Dez

Fonte dos dados básicos: JOX - Elaboração e análises: AVISITE / Obs.: valores finais arredondados, daí eventuais diferenças nos percentuais Produção Animal | Revista do Ovo 17


Matérias-Primas Milho registra queda

O

preço do milho diminuiu em março de 2013. O preço médio do insumo saca de 60 kg, interior de SP, fechou o mês cotado a R$ 30,98 – valor 6,52% menor que a média de R$ 33,14 obtida pelo produto em fevereiro de 2013. A disparidade de preços do milho em relação ao ano anterior é positiva apesar de ter diminuído mais do que a metade. O valor atual é 6,46% maior, já que a média de março de 2012 foi de R$29,10 a saca. Em fevereiro a disparidade registrada foi 13,96%. Valores de troca – Milho/Frango vivo O frango vivo (interior de SP) fechou março a R$2,69/kg – 6,05% menor que a média de fevereiro de 2013. A redução ligeiramente maior do milho em relação ao frango contribuiu para o aumento do poder de compra do avicultor. Nesse mês, foram necessários 191,9kg de frango vivo para se obter uma tonelada de milho, considerando-se a média mensal de ambos os produtos em março. Este valor representa aumento do poder de compra de 0,26% em relação ao mês anterior, pois em fevereiro a tonelada do milho “custou” 192,4kg de frango vivo. Valores de troca – Milho/Ovo O preço do ovo, na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias), encerrou março cotado à média de R$61,00, valor 3,20% maior que o mês anterior. Com o aumento do ovo e redução no preço do milho, o poder de compra do produtor aumentou. Em março, foram necessárias 8,4 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em fevereiro foram necessárias 9,3 caixas/t, uma melhora de 10,39% na capacidade de compra do produtor.

Produção Animal | Revista do Ovo 18

Preço do farelo de soja permanece em queda

O

farelo de soja (FOB, interior de SP) continuou registrando queda pelo sexto mês consecutivo. O produto foi comercializado em março de 2013 ao preço médio de R$817/t, valor 10,61% menor que o de fevereiro passado –R$ 914/t. Na comparação com março de 2012 – quando o preço médio era de R$709/t – a cotação atual registra aumento de 15,2%. Valores de troca – Farelo/Frango vivo Com a maior desvalorização do farelo de soja em relação ao frango vivo, em março de 2013,foram necessários 303,7kg de frango vivo para adquirir uma tonelada do insumo, significando melhora de 4,86% no poder de compra em relação a fevereiro, quando foram necessários 318,5kg de frango vivo para obter uma tonelada do produto. Valores de troca – Farelo/Ovo De acordo com os preços médios dos produtos, em março de 2013 foram necessárias aproximadamente 13,4 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. O poder de compra do avicultor de postura em relação ao farelo aumentou na comparação com fevereiro: melhora de 15,4% já que no mês passado 15,4 caixas de ovos adquiriam uma tonelada de farelo. Em relação a março de 2012, o aumento no poder de compra é de 22,9%, pois naquele período a tonelada de farelo de soja custou, em média, 16,4 caixas de ovos.

Fonte das informações: www.jox.com.br


Produção Animal | Avicultura 19


Estatísticas e Preços

Vacina inativa contra Coriza, Bronquite Infecciosa, vírus da Doença de Newcastle e o vírus da Síndrome da Queda de Postura.

MSD Saúde Animal

0800 70 70 512 www.msd-saude-animal.com.br

20 Produção Animal | Avicultura

A orientação do Médico Veterinário é fundamental para o correto uso dos medicamentos. MSD Saúde Animal é a unidade global de negócios de saúde animal da Merck & CO, Inc.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.