LIDERANÇA INOVADORA Publicado na Últimas, número 10, de 9 de junho de 2020
Guias para a liderança No Plano de Trabalho Colaborativo na Administração Pública, a liderança foi um dos principais temas trabalhados pelas equipas de projetos. Foi mesmo o tempo central em dois projetos, dos quais resultaram dois guias com finalidades específicas: o Guia para a Liderança de Equipas de Trabalho em Ambiente Digital e o Guia para a Liderança em Ambientes de Crise. Na legislação que regula a gestão pública, a importância da inovação no desempenho dos dirigentes está sobretudo associada aos instrumentos de gestão (vd. o artigo 40.º, n,º 2, do Decreto-Lei n.º 135/99i, de 22 de abril), ou seja, à capacidade de planear e executar estratégias, projetos e atividades continuadas, e às competências pessoais, que devem ser aferidas nos processos de recrutamentos e desenvolvidas no exercício dos cargos com formação específica (vd. os artigos 12.º, n.º 2, al. c) e 18.º, n.º 7, da Lei n.º 2/2004ii, de 15 de janeiro).
Aprendizagem e inovação A obrigação de assegurar a eficiência na utilização dos recursos públicos e a necessidade de adaptar o comportamento de liderança à situação são dois aspetos essenciais também para a liderança da inovação na administração pública. De forma transversal a estes dois aspetos está a aprendizagem organizacional, que envolve a aquisição e utilização de novo conhecimento.
A eficiência depende desse conhecimento, tal como a inovação. O incremento da aprendizagem organizacional e a inovação dependem muito do comportamento da liderança. Para apoiar o treino desta competência, adaptamos um quadro com linhas de orientação para aumentar a aprendizagem e a inovação, da autoria de Gary Yukl (Leadership in Organizations, 7th Edition, New Jersey, Prentice Hall, pp. 326328): 1. Incentive o apreço pela flexibilidade e inovação - Ajude as pessoas a terem confiança na sua capacidade de se adaptarem e aprenderem, a verem a mudança como um desafio e não um fardo, ajude-as a questionar os pressupostos tradicionais. Permita que cada atividade seja examinada periodicamente para determinar se ainda é necessária e como pode ser melhorada ou eliminada. Incentive as pessoas a aplicar ideias criativas para melhorar processos de trabalho. 2. Encoraje e facilite a aprendizagem dos indivíduos e das equipas - Informe as pessoas sobre oportunidades de aprendizagem (por exemplo, oficinas, programas de formação, cursos universitários) e facilite a procura dessas oportunidades. Ofereça recompensas para incentivar as pessoas a adquirir novos conhecimentos e aplicá-los na melhoria do seu trabalho e desempenho. 3. Ajude as pessoas a melhorarem os seus modelos mentais - Ajude as pessoas a
Uma iniciativa promovida pelo Sistema de Incentivos à Inovação na Gestão Pública (SIIGeP)
entender e melhorar os seus modelos mentais sobre como as coisas funcionam e as razões do sucesso ou do fracasso. Ajudar as pessoas a entender sistemas complexos pode aumentar a sua capacidade de aprender e resolver problemas. Desse modo percebem que não são impotentes e podem influenciar coletivamente os acontecimentos da organização. 4. Aproveite a aprendizagem com surpresas e falhas - Não ignore as informações inesperadas que não se encaixam nas teorias ou suposições sobre como as coisas funcionam. Algumas das mais importantes descobertas resultaram da investigação de "acidentes" ou "anomalias" inesperadas. É útil especificar antecipadamente quais resultados que são esperados de uma atividade. Caso contrário, em vez disso de usar esses resultados inesperados para reavaliar o modelo, é provável que as pessoas os ignorem ou assumam que poderiam ter sido previstos com antecedência. 5. Incentive e facilite a partilha de conhecimentos e ideias - Incentive as pessoas a partilhar ideias e conhecimentos relevantes com outras pessoas na organização que podem usá-lo para melhorar seu próprio desempenho. Apoie os programas de gestão do conhecimento (por exemplo, um diretório de recursos, bases de dados, etc.). Convide especialistas para falar sobre descobertas relevantes, novas tecnologias, ou boas práticas. 6. Defina metas de inovação - Incentivar o empreendedorismo e ajude as pessoas a encontrar tempo para encontrar ideias para novos serviços e processos ou melhoria dos existente. Uma maneira de aumentar o número de ideias criativas é definir metas de inovação
para os indivíduos ou para as equipas. Agende reuniões periódicas para discutir essas ideias e analisar os progressos. Defina metas para a aplicação de ideias novas para melhorar os serviços e os processos de trabalho. 7. Recompense o comportamento empreendedor - Os trabalhadores que criam novos serviços ou sugerem formas de melhorar os serviços e processos existentes devem ser reconhecidos. É necessário conseguir o apoio e a cooperação de muitas pessoas para ter novas ideias e implementálas efetivamente numa organização. Dê o reconhecimento e as recompensas, não apenas aos trabalhadores ou equipas que contribuem com ideias criativas, mas também aos outros que atuam, de forma colaborativa, como patrocinadores e defensores das inovações.
O desafio Pegue em cada uma destas recomendações e crie o seu próprio plano para melhorar a aprendizagem e a inovação na sua organização.
O Centro de Desenvolvimento de Liderança (CDL) do INA (Direção-Geral da Qualificação dos Trabalhadores em Funções Públicas) foi apresentado publicamente pelo então Ministro das Finanças, Mário Centeno, em Lisboa, no dia 12 de julho de 2019.
Define os princípios gerais de ação a que devem obedecer os serviços e organismos da Administração Pública na sua atuação face ao cidadão, bem como reúne de uma forma sistematizada as normas vigentes no contexto da modernização administrativa. ii Aprova o estatuto do pessoal dirigente dos serviços e organismos da administração central, regional e local do Estado. i
Uma iniciativa promovida pelo Sistema de Incentivos à Inovação na Gestão Pública (SIIGeP)