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Copyright©2020 Inspetoria São Domingos Sávio Todos os direitos reservados ao autor
Inspetor P. Jefferson Luis da Silva Santos Organização Comissão Inspetorial de Comunicação - CIC
Coordenador P. José Ivanildo de Oliveira Melo Delegado para a Pastoral Juvenil Revisão P. José Ivanildo Sr. José Luis (Zeca) Equipe de articulação Animadores de Pastoral Projeto Gráfico Sr. José Luis (Zeca) Articulistas Convidados
T201 O Tapiri: Comunicação Pastoral da Inspetoria São Domingos Sávio BMA / Pe. Jefferson Luís da Silva Santos, SDB (org.); Pe. José Ivanildo de Oliveira Melo (Coord.) Manaus: Editora FSDB, 2020. x, 44 p. II. 15x21cm (Comunicação Pastoral da Inspetoria São Domingos Sávio - BMA) ISSN 2525-3093 Publicação Bimensal 1. Salesianos de Dom Bosco 2. ISMA - Manaus. 3. Comunidade Salesiana. 4. Santos, Pe. Jefferson Luís da Silva. 5. Melo, Pe. José Ivanildo de Oliveira. I. Título.
Elaborada por Zina Pinheiro - Bibliotecária - CRB 11/611
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P. José Ivanildo de Oliveira Melo Delegado para a Pastoral Juvenil Salesiana
Caros irmãos e imãs, queridos jovens, “Não tenhais medo. Não está aqui; ressuscitou!”. Esta é a alegre esperança que ressoa na Igreja e no mundo. O Senhor Jesus venceu o pecado e a morte. Ele está vivo e caminha conosco, infundindo-nos esperança, coragem e paz. Especialmente neste momento em que nos sentimos impotentes diante da pandemia do coronavírus e por suas terríveis consequências em todos os âmbitos da vida planetária, somos chamados a renovar a confiança que “com Deus, nada está perdido”. Entre a dor e a esperança pascal, como filhos de Dom Bosco, caminhemos corajosamente, buscando a renovação do nosso compromisso com a missão juvenil e com o permanente retorno ao “espírito de Valdocco”, como nos sugere o CG28. A tempestade em curso desmascara nosso “eu” egoísta de autossuficiência. Nos chama à solidariedade a esperança, ao compromisso com os mais vulneráveis e a conversão do coração ao ressuscitado. Que neste tempo pascal nós também nos encontremos com o Senhor e permaneçamos com Ele. Boa leitura P. José Ivanildo de O. Melo Delegado PJS-ISDS O Tapiri 3
VIGÍLIA PASCAL NA NOITE SANTA HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
«Terminado o sábado» (Mt 28, 1), as mulheres foram ao sepulcro. O Evangelho desta santa Vigília começa assim: com o sábado. Este é o dia do Tríduo Pascal que mais descuidamos, ansiosos de passar da cruz de sexta-feira à aleluia de domingo. Este ano, porém, damo-nos conta, mais do que nunca, do sábado santo, o dia do grande silêncio; podemos rever-nos nos sentimentos que tinham as mulheres naquele dia. Como nós, tinham nos olhos o drama do sofrimento, duma tragédia inesperada, que se verificou demasiado rapidamente. Viram a morte e tinham a morte no coração. À amargura, juntou-se o medo: acabariam, também elas, como o Mestre? E depois os receios pelo futuro, carecido todo ele de ser reconstruído. A memória ferida, a esperança sufocada. Para elas, era a hora mais escura, como o é hoje para nós?” Contudo, nesta situação, as mulheres não se deixam paralisar. Não cedem às forças obscuras da lamentação e da lamúria, não se fecham no pessimismo, nem fogem da realidade. Realizam algo simples e extraordinário: nas suas casas, preparam os perfumes para o corpo de Jesus. Não renunciam ao amor: na escuridão do coração, acendem a misericórdia. Nossa Senhora, no O Tapiri 4
sábado – dia que Lhe será dedicado –, reza e espera. No desafio da tristeza, confia no Senhor. Sem o saber, estas mulheres preparavam na escuridão daquele sábado «o romper do primeiro dia da semana», o dia que havia de mudar a história. Jesus, como semente na terra, estava para fazer germinar no mundo uma vida nova; e as mulheres, com a oração e o amor, ajudavam a esperança a desabrochar. Quantas pessoas, nos dias tristes que vivemos, fizeram e fazem como aquelas mulheres, semeando brotos de esperança com pequenos gestos de solicitude, de carinho, de oração! Ao amanhecer, as mulheres vão ao sepulcro. Lá diz-lhes o anjo: «Não tenhais medo. Não está aqui; ressuscitou» (cf. Mt 28, 5-6). Diante dum túmulo, ouvem palavras de vida... E depois encontram Jesus, o autor da esperança, que confirma o anúncio dizendo-lhes: «Não temais» (28, 10). Não tenhais medo, não temais: eis o anúncio de esperança para nós, hoje. Tais são as palavras que Deus nos repete na noite que estamos atravessando. Nesta noite, conquistamos um direito fundamental, que não nos será tirado: o direito à esperança. É uma esperança nova, viva, que vem de Deus. Não é mero otimismo, não é uma palmada nas costas nem um encorajamento de circunstância. É um dom do Céu, que não podíamos obter por nós mesmos. Tudo correrá bem: repetimos com tenacidade nestas semanas, agarrando-nos à beleza da nossa humanidade e fazendo subir do coração palavras de encorajamento. Mas, à medida que os dias passam e os medos crescem, até a esperança mais audaz pode desvanecer. A esperança de Jesus é diferente. Coloca no coração a certeza de que Deus sabe transformar tudo em bem, pois até do túmulo faz sair a vida. O túmulo é o lugar donde, quem entra, não sai. Mas Jesus saiu para nós, ressuscitou para nós, para trazer vida onde havia morte, para começar uma história nova no ponto onde fora colocada uma pedra em cima. Ele, que derrubou a pedra da entrada do túmulo, pode remover as rochas que fecham o coração. Por isso, não cedamos à resignação, não coloquemos uma pedra sobre a esperança. Podemos e devemos esperar, porque Deus é fiel. Não nos deixou sozinhos, visitou-nos: veio a cada uma das nossas situações, no sofrimento, na angústia, na morte. A sua luz iluminou a obscuridade do sepulcro: hoje quer alcançar os cantos mais escuros da vida. Minha irmã, meu irmão, ainda que no coração tenhas sepultado a esperança, não desistas! Deus é maior. A escuridão e a morte não têm a última palavra. Coragem! Com Deus, nada está perdido.
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Coragem: é uma palavra que, nos Evangelhos, sai sempre da boca de Jesus. Só uma vez é pronunciada por outros, quando dizem a um mendigo: «Coragem, levanta-te que [Jesus] chama-te» (Mc 10, 49). É Ele, o Ressuscitado, que nos levanta a nós, mendigos. Se te sentes fraco e frágil no caminho, se cais, não tenhas medo; Deus estende-te a mão dizendo: «Coragem!» Entretanto poderias exclamar como padre Abbondio: «A coragem, não no-la podemos dar» (I promessi sposi, XXV). Não a podes dar a ti mesmo, mas podes recebê-la, como um presente. Basta abrir o coração na oração, basta levantar um pouco aquela pedra colocada à boca do coração, para deixar entrar a luz de Jesus. Basta convidá-Lo: «Vinde, Jesus, aos meus medos e dizei também a mim: coragem!» Convosco, Senhor, seremos provados; mas não turvados. E, seja qual for a tristeza que habite em nós, sentiremos o dever de esperar, porque convosco a cruz deságua na ressurreição, porque Vós estais conosco na escuridão das nossas noites: sois certeza nas nossas incertezas, Palavra nos nossos silêncios e nada poderá jamais roubar-nos o amor que nutris por nós. Eis o anúncio pascal, anúncio de esperança. Este contém uma segunda parte, o envio. «Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia» (Mt 28,10): diz Jesus. Ele «vai à vossa frente para a Galileia» (28, 7): diz o anjo. O Senhor precede-nos, sempre. É bom saber que caminha diante de nós, que visitou a nossa vida e a nossa morte para nos preceder na Galileia, isto é, no lugar que, para Ele e para os seus discípulos, lembrava a vida diária, a família, o trabalho. Jesus deseja que levemos a esperança lá, à vida de cada dia. Mas, para os discípulos, a Galileia era também o lugar das recordações, sobretudo da primeira chamada. Voltar à Galileia é lembrar-se de ter sido amado e chamado por Deus. Precisamos de retomar o caminho, lembrando-nos de que nascemos e renascemos a partir duma chamada gratuita de amor. Este é o ponto donde recomeçar sempre, sobretudo nas crises, nos tempos de provação. Mais ainda. A Galileia era a região mais distante de Jerusalém, onde estavam. E não só geograficamente: a Galileia era o lugar mais distante do caráter sacro da Cidade Santa. Era uma região habitada por povos diferentes, que praticavam vários cultos: era a «Galileia dos gentios» (Mt 4, 15). Jesus envia para lá, pede para recomeçar de lá. Que nos diz isto? Que o anúncio da esperança não deve ficar confinado nos nossos recintos sagrados, mas ser levado a todos. Porque todos têm necessidade de ser encorajados O Tapiri 6
e, se não o fizermos nós que tocamos com a mão «o Verbo da vida» (1 Jo 1, 1), quem o fará? Como é belo ser cristãos que consolam, que carregam os fardos dos outros, que encorajam: anunciadores de vida em tempo de morte! A cada Galileia, a cada região desta humanidade a que pertencemos e que nos pertence, porque todos somos irmãos e irmãs, levemos o cântico da vida! Façamos calar os gritos de morte: de guerras, basta! Pare a produção e o comércio das armas, porque é de pão que precisamos, não de metralhadoras. Cessem os abortos, que matam a vida inocente. Abram-se os corações daqueles que têm, para encher as mãos vazias de quem não dispõe do necessário. No fim, as mulheres «estreitaram os pés» de Jesus (Mt 28, 9), aqueles pés que, para nos encontrar, haviam percorrido um longo caminho até entrar e sair do túmulo. Abraçaram os pés que espezinharam a morte e abriram o caminho da esperança. Hoje nós, peregrinos em busca de esperança, estreitamo-nos a Vós, Jesus ressuscitado. Voltamos as costas à morte e abrimos os corações para Vós, que sois a Vida. Fonte: VIGÍLIA PASCAL NA NOITE SANTA/HOMILIA DO PAPA FRANCISCO, Basílica Vaticana, Sábado Santo, 11 de abril de 2020. Site: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2020/documents/papa-francesco_20200411_omelia-vegliapasquale.html
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O NOSSO 28º CAPÍTULO GERAL “ESPECIAL” Entre a dor do Coronavírus e a ESPERANÇA PASCAL
Meus caros irmãos, irmãs e amigos todos: recebei as minhas saudações cheias de afeto, com os meus mais sinceros cumprimentos a cada um de vós, às vossas comunidades religiosas e às vossas famílias. Começo a escrever esta carta manifestando as intenções que trago no coração hoje, 4 de abril, dia em que deveríamos encerrar o 28º Capítulo Geral dos Salesianos de Dom Bosco. E faço-o num momento em que o mundo, o planeta inteiro, é tão provado por esta terrível pandemia. Ao mesmo tempo, estamos prestes a começar a Semana Santa com o Domingo de Ramos, próximos do Tríduo Pascal, que chegará ao seu auge no dia que, para nós cristãos é o mais importante: a PÁSCOA, o dia da Ressurreição de nosso Senhor. Com esta carta muito familiar quero enviar-vos as saudações minhas e de todos os membros do CG28; também para vos narrar como foram as semanas vividas em Valdocco, e que passos vamos dar no futuro. Ao mesmo tempo, é inevitável que me refira a este período de pandemia em que há tantos doentes, mortos e grande parte da vida está paralisada no planeta. Somos chamados a viver este tempo como cristãos e como filhos e filhas de Dom Bosco e amantes do seu carisma. O tempo pascal deve ser uma bela oportunidade para deixar que o Senhor continue a “passar” pelas nossas vidas e a tocar os nossos corações. 1. REGRESSAR AO BERÇO DO CARISMA SALESIANO Sessenta e dois anos depois do último Capítulo Geral Salesiano realizado em Valdocco, regressávamos este ano àquele que é o berço do nosso carisma. A motivação profunda que nos levou a escolher este lugar para realizar CG28 foi viver uma experiência de Congregação que nos falasse de tantos aspectos e perspectivas porque em Valdocco tudo nos fala de Dom Bosco, da Auxiliadora e do carisma que o Espírito Santo teceu através do O Tapiri 8
nosso pai. É por isso que o Oratório de Dom Bosco em Valdocco foi, é, e continuará a ser um critério permanente. O artigo 40 das nossas Constituições diz: «Dom Bosco viveu uma típica experiência pastoral no seu primeiro Oratório, que foi para os jovens casa que acolhe, paróquia que evangeliza, escola que encaminha para a vida, e pátio para se encontrarem como amigos e viverem com alegria. Ao realizarmos hoje nossa missão, a experiência de Valdocco continua critério permanente de discernimento e renovação de cada atividade e obra». Isso foi Valdocco para todos os capitulares nestas quatro semanas, e levamos esta experiência conosco no regresso à nossa vida e missão em todo o mundo salesiano. Devo dizer que até hoje, 4 de abril, 46 capitulares ainda estão lá e não puderam regressar às suas Inspetorias e países, uma vez que a entrada neles está bloqueada pela pandemia. Aproveitam, então, ao máximo este encontro “inesperado” na casa de Dom Bosco, a casa de todos. Nas três primeiras semanas respeitamos o programa previsto. No sábado, 22 de fevereiro, houve a abertura oficial do CG28. A presença do Cardeal João Braz de Aviz (Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica) foi um sinal especial da abertura. Foi também muito fraterno contar com a presença de vários cardeais e bispos salesianos, assim como superiores e responsáveis mundiais de dezesseis grupos da nossa Família Salesiana. Foi uma expressão de comunhão e de família que deixou uma marca profunda e uma experiência muito agradável para todos. No entanto, a notícia do COVID-19 e dos seus efeitos já tinha atravessado a China continental e chegado à Itália e Espanha, e daí iniciaria
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uma marcha invisível e implacável que atinge, até aos dias de hoje, 188 nações do mundo. Durante três semanas pudemos continuar com os trabalhos do Capítulo, embora na terceira semana as autoridades do Estado italiano já tivessem promulgado vários decretos. Chegou o momento em que já não era possível sair de Valdocco, nem ali entrar. Diante da situação, a assembleia capitular decidiu antecipar em uma semana o discernimento e a eleição do ReitorMor e do seu Conselho-Geral. O processo, de acordo com o guia, Padre Pier Luigi Nava, foi antecipado para a última semana da nossa possível permanência em Valdocco. Fizemo-lo, informando as autoridades civis que, como estávamos em quarentena permanente, a assembleia capitular seria encerrada na sexta-feira, 13 de março. De fato, com a solene Eucaristia da manhã de sábado, 14 de março, encerramos o 28º Capítulo Geral, que os irmãos, há vários dias, já tinham descrito como “especial”. 2. O MUNDO, E NÓS MESMOS, ATINGIDOS PELO CORONAVÍRUS Considero que pouco posso acrescentar à análise desta pandemia de Covid-19 ou coronavírus. Todos nós temos muitas informações, talvez até mesmo informações excessivas. Como disse, a situação obrigou-nos a terminar a assembleia capitular três semanas antes do prazo previsto. A realidade de uma pandemia grave está a atingir o mundo, as sociedades de todos os países (uns mais do que outros neste momento), e também a nós. Entre as Inspetorias da Itália e Espanha (especialmente Lombardia, Piemonte e Madri) e Áustria morreram 45 irmãos, a grande maioria devido a essa doença; também tenho notícias de mortes relativas a algumas Filhas de Maria Auxiliadora assistidas em uma casa de repouso. Parece-me correto falar neste momento de verdadeira tribulação (com o significado que a palavra tem no Novo Testamento). Como cidadãos responsáveis, seguimos escrupulosamente as regras que nos foram dadas, a fim de facilitar a superação desta pandemia. Aceitamos os sacrifícios que isso implica para todas as pessoas. Em muitos países estamos realizando iniciativas de caridade, solidariedade e fraternidade. Chegamnos os ecos da dor de milhares e milhares de O Tapiri 10
pessoas (também nas casas e nas Inspetorias salesianas a que me referi). Há um sentimento de consternação, de aturdimento. Rezamos pelos doentes e por aqueles que tanto ajudam no mundo da saúde. Rezamos pelos mortos e suas famílias. Apresentamos ao Senhor os esforços de muitos cientistas e pesquisadores que estão a trabalhar intensamente na busca de uma vacina. Sentimos como se o mundo tivesse parado: a vida pública, as viagens, a economia, grande parte do trabalho nas empresas, os espetáculos, o esporte... Tudo é vivido como “um mal necessário” à espera de um bem maior. Neste nosso mundo do século XXI, marcado intensamente pela tentação prometeica (como no mito grego), nunca tínhamos pensado que podíamos viver algo assim. Na história da humanidade, fala-se de “pestes” e outras doenças que ceifaram a vida de milhões de pessoas. Mas pensamos que estávamos bem protegidos em nossas seguranças “criadas por nós”, que pensávamos controlar tudo que viesse ao nosso encontro... Diante desta situação, nós mesmos, como educadores e evangelizadores, somos convidados a interrogar-nos que palavra crente e orante nos possa guiar neste momento. Diante esta situação de tribulação, e muito conscientes da sua complexidade, não podemos, como crentes, deixar de lado a visão de crentes. O próprio Papa nos advertiu a «não desperdiçarmos estes dias difíceis». Quem, crente ou não crente, deixou de comover-se ao ver o Papa subir os degraus da Basílica de São Pedro na sexta-feira 27 de março, cansado, sozinho, e com a chuva como testemunha daquele momento de dor, oração e fé? Era fácil sentir-se “tocado no coração” ante a sua simplicidade e o seu despojamento, a sua atitude de interiorização e também a sua sobriedade e piedade. Procurei acompanhar, nestes dias, o meu pensamento com alguma reflexão teológica e vi que há quem pense que, perante o que se vive no mundo, um primeiro passo como crente deve ser certamente fazer silêncio antes de falar. Um silêncio necessário e doloroso, um silêncio solidário e humilde perante tanta dor acumulada durante tanto tempo e que ainda virá, uma vez que nem tudo foi superado. E participo da sensibilidade daqueles que consideram que não temos o “direito” de envolver Deus sem ter feito primeiramente nossos, na medida O Tapiri 11
do possível, o silêncio, as lágrimas e a dor de tantas pessoas. Mesmo sem termos sido atingidos pela doença e pela morte, e não nos falte o alimento necessário (que falta em muitas famílias muito pobres), não podemos sentir-nos “acima” desta experiência de dor vivida pela humanidade ou impermeáveis a ela. Somente depois de fazer nossa a dor de tantos irmãos e irmãs, homens e mulheres, estaremos, talvez, legitimados a dizer uma palavra sobre Deus. Tudo o que estamos a viver deve iluminar as nossas vidas, hoje e no futuro, porque em vista do amanhã será muito importante o modo como vivemos e estamos a viver o momento presente. A oração e a experiência deste tempo pascal ajudem-nos a ser mais misericordiosos nas nossas atitudes e sempre mais humildes. E esperemos que, depois desta grave tribulação, nasça algo de positivo. Que possamos “reinventar-nos para o melhor”, que possamos amadurecer mais como sociedade, e nós mesmos como Família e Congregação Salesiana. Como alguns autores escrevem nestes dias, esta pandemia não esconda outras pandemias mais graves que tocam os direitos humanos e o caminho para a paz. Que nós, enquanto sociedade, decidamos que o mundo e a vida na nossa terra deverão ser melhores para todos. Gostaria que pudéssemos decidir sobre isso. Não sei se teremos sucesso como mundo, como nações, como sociedades, mas creio que no nosso pequeno universo salesiano poderemos continuar a optar por viver de modo sempre mais fraterno, mais solidário, sempre respeitoso e compassivo, com os nossos irmãos e em relação à Criação, dom de Deus, e atentos a quem vive em maior fragilidade e necessidade.
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3. UMA PANDEMIA COM GRAVES CONSEQUÊNCIAS, TAMBÉM ECONÔMICAS, EM MUITAS DAS NOSSAS CASAS. Parece-me adequado e oportuno não ignorar a situação que em breve nos será apresentada. A grande maioria das pessoas acredita que, após a dor da doença e da morte causada por esta pandemia, se seguirão as graves consequências econômicas que já se advertem no horizonte. Serão motivos de grande preocupação os milhões de pessoas que ficarão desempregadas no futuro próximo e os problemas econômicos para a sobrevivência das suas famílias. Não tenho dúvidas de que teremos de levar ao máximo a nossa sensibilidade e capacidade para ajudar aqueles que mais precisam, de acordo com as nossas possibilidades, onde quer que estejamos. Devemos pensar numa caridade e numa solidariedade muito concretas. Ao mesmo tempo, já posso antecipar como muito verdadeiras as dificuldades em que se encontrarão muitas das presenças salesianas no mundo, em particular aquelas em que a missão é realizada em escolas, colégios, centros de formação profissional e instituições universitárias; o mesmo se pode dizer de muitas obras sociais. É mais do que evidente que, em geral, não disporemos dos recursos para sustentá-las pelo menos com os mesmos meios e possibilidades que utilizamos até agora, em tempos que poderíamos chamar de “normais”. Precisamos ficar claramente conscientes disso, sabendo que, em todo caso, não será possível esperar que venha a ajuda necessária do exterior, e por “exterior” quero dizer não só de outros países, outras instituições,
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mas por vezes das próprias Inspetorias. Precisamos começar a pensar e a imaginar-nos vivendo o mais rapidamente possível em situações de maior dificuldade; e, sem dúvida, será necessária uma maior sobriedade a curto prazo e, talvez, nos próximos anos. Sei que ao ler estas palavras, muitos irmãos me dirão que em muitos lugares do mundo já vivemos com grande sobriedade e também com verdadeira pobreza; dir-me-ão que muitas casas não têm o necessário para atender a todas as necessidades. Eu sei disso. Estou perfeitamente consciente disso, caros irmãos. Não estou certamente a pedir-lhe mais sacrifícios. Partilho simplesmente convosco que a perspectiva que temos diante de nós não será isenta de dificuldades econômicas. Por outro lado, gostaria de pedir para terdes a criatividade do nosso pai Dom Bosco a fim de garantir que, mesmo nas dificuldades e obstáculos, a falta de meios nunca afete os nossos jovens, no sentido de que as portas de Valdocco nunca se fecharão a eles e a outros que virão. Pensemos, portanto, como nos adaptarmos, como ser mais sóbrios no que o exigir, como e onde podemos buscar recursos, mas nunca ao preço de deixar os nossos destinatários mais pobres sem os cuidados e a atenção da casa salesiana em que sempre estiveram ou que os espera, porque é agora, mais do que nunca, que eles precisam de nós. 4. NO CAPÍTULO GERAL EM QUE OS JOVENS TIVERAM UM PAPEL DE PRIMEIRO PLANO Nos meses de preparação do Capítulo Geral, jovens de todos os continentes e nações fizeram-se presentes através de muitas respostas, sugestões e mensagens. Em seguida, durante os dias do Capítulo, dezesseis jovens foram a Valdocco para participar dos trabalhos capitulares. Outros previstos já não puderam deixar seus países, o mesmo acontecendo com os leigos que viriam na semana seguinte. Estes jovens deixaram-nos uma mensagem chamada de “Carta dos jovens ao CG28”, que está agora à disposição de quem a quiser conhecer e que começa assim: “Aos caros Salesianos, que sois para nós pais, mestres e amigos”. «Escrevemos esta carta com o coração. Passamos esta semana do Capítulo Geral 28 escutando, fazendo discernimento, participando do diálogo em curso sobre “Qual Salesiano para os jovens de hoje”. Bem sabemos que não somos perfeitos, portanto, não é nossa intenção pedir-vos para sê-lo. Pedimos-vos para acolher esta carta como a de um filho ou uma filha que escreve ao seu pai, para exprimir-se e dizer-lhe como se sente». O Tapiri 14
Não posso elencar todas aqui, mas posso destacar algumas das coisas que eles próprios nos disseram: «Temos medo, vivemos confusos, frustrados, e temos uma grande necessidade de ser amados (...) muitas vezes, também nós nos tornamos individualistas (...) Como diz o Papa Francisco, queremos ser capazes de voltar ao primeiro amor que é Cristo, ao seu ser companheiro e amigo dos jovens. Há em nós um desejo forte de realização espiritual e pessoal. Queremos caminhar no crescimento espiritual e pessoal e queremos fazê-lo convosco, salesianos. Queremos que estejais conosco. Já o fizestes com o vosso estilo salesiano. Estar conosco, lado a lado, permitindo-nos ser protagonistas. Entendemos que os salesianos são pais que nos acompanham. Gostaríamos que fosseis aqueles que nos orientam, no interior da nossa realidade, com amor. Um amor que não diz o que devemos dizer, um amor que não diz o que devemos fazer, um amor que nos oferece oportunidades que nos ajudem a crescer em espiritualidade e transformar as nossas vidas (...). Salesianos, não vos esqueçais de nós jovens porque nós não nos esquecemos de vós e do Carisma que nos ensinastes! Queremos vos dizer com força, de todo o coração: estar aqui para nós foi um sonho que se tornou realidade, neste lugar especial que é Valdocco, onde começou a missão salesiana, com salesianos e jovens para a missão salesiana, com a nossa vontade comum de, juntos, sermos santos. Tendes os nossos corações em vossas mãos. Cuidai desse vosso tesouro precioso. Por favor, jamais vos esqueçais de nós e continuai a escutar-nos». Até aqui a palavra dos próprios jovens, uma palavra e uma presença que tocou muito intensamente os nossos sentimentos e os nossos corações, uma presença e uma mensagem que estará sem dúvida muito presente aos nossos olhos e às nossas ações nos próximos anos. Não há dúvida de que isto se refletirá no programa de animação e governo da nossa Congregação para os próximos seis anos, concretizado na publicação que reunirá as reflexões do Capítulo Geral. 5. COM UMA PRESENÇA MUITO SIGNIFICATIVA DO PAPA FRANCISCO Este Capítulo Geral será recordado não só pelo que significou vivê-lo e realizá-lo, na medida do possível, no meio de uma terrível pandemia, mas pela presença muito significativa para nós do Papa Francisco. O Santo Padre há tempo manifestara-me o seu desejo de estar presente. Tudo estava pronto, também O Tapiri 15
a organização da viagem. Até ao dia anterior, a possibilidade permaneceu em aberto. Mas a declaração definitiva da situação de confinamento exigida pelas autoridades civis tornou-a impossível. Perante esta realidade, o Santo Padre, após um telefonema cheio de afeto a todos os Capitulares, enviou-me logo a sua “Mensagem do Papa Francisco ao Capítulo Geral”. Foi publicada e levada ao conhecimento pela mídia vaticana. O texto será incluído na publicação das reflexões do Capítulo Geral e fará, sem dúvida, parte das linhas de reflexão e programáticas do próximo sexênio. Além de ser uma manifestação de afeto por Dom Bosco e pela Congregação Salesiana expresso também pelo modo com que o santo Padre no-la fez conhecer, a sua mensagem tornou-se para nós um programa pastoral para os Salesianos de hoje. O próprio Papa responde, de fato, à pergunta sobre como vê, pensa e sonha os Salesianos de hoje e de amanhã. Do fundo do nosso coração agradecemos ao Papa por este presente e continuamos a renovar-lhe a nossa gratidão. 6. UM CAPÍTULO GERAL FALIDO...? É razoável fazer-se esta e outras perguntas. O CG28 será inútil, desde que não pôde ser concluído? Pensa-se em convocá-lo novamente? Foi o que alguns irmãos e meios de comunicação me perguntaram, dias após o encerramento do Capítulo. Sem um documento capitular aprovado pela assembleia, o que produziu tem algum valor? Creio que posso responder a todas essas perguntas. Como assembleia capitular estivemos muito cientes sobre o que foi o Capítulo Geral para aqueles de nós que o vivemos e para toda a nossa Congregação. Este Capítulo Geral foi muito especial em muitos aspectos. Foi assim pela sua duração e a sua interrupção, certamente. Mas também foi especial pela graça que experimentamos todos os dias em Valdocco, berço do nosso carisma. Viver o Capítulo Geral onde o nosso pai sonhou conosco, trabalhou incansavelmente, lutou, rezou e viveu também a alegria diária de ser uma família com os seus garotos, e a alegria de ver como o Espírito operava maravilhas de santidade nos seus jovens, marcou profundamente toda a nossa assembleia capitular. Este Capítulo Geral foi uma verdadeira experiência e uma irrupção do Espírito Santo. Na experiência da fraternidade, na reflexão serena, na comunhão existente entre nós, no clima de profunda serenidade que se viveu a cada dia (reflexo fiel da serenidade existente na Congregação em todo o mundo), no forte desejo de fidelidade...; em tudo isto e muito mais vivemos um O Tapiri 16
momento histórico como Congregação, um momento de Deus porque Ele passou no nosso meio e o Espírito de Deus acompanhou a celebração deste nosso 28º Capítulo Geral. «Então a nuvem envolveu a Tenda do encontro e a glória do Senhor encheu a Morada» (Ex 40,34) «Pedirei ao Pai e Ele vos dará outro Defensor, que ficará para sempre convosco, o Espírito da Verdade” (Jo 14,16-17). Foi um Capítulo Geral em que sentimos com muita força o apelo de
fidelidade a Dom Bosco para pôr os jovens no centro do nosso trabalho, dos nossos esforços, das nossas preocupações e das nossas alegrias. A sintonia neste sentido foi absoluta. «... O Espírito Santo, com a maternal intervenção de Maria, suscitou São João Bosco. Formou nele um coração de pai e mestre, capaz de doação total: “Prometi a Deus que até meu último alento seria para meus pobres jovens”» (C. 1). Mas, além do que foi dito, quero declarar firmemente que o 28º Capítulo Geral não é, de modo algum, um capítulo falido. O fato de não podermos oferecer à Congregação um documento com o título, como em ocasiões anteriores: “Documentos Capitulares”, não significa de modo algum que não tenhamos o nosso próprio magistério, neste momento da nossa rica história congregacional. A assembleia capitular, antes do encerramento antecipado, deliberou que serão o Reitor-Mor e o seu Conselho, eleitos nos dias anteriores, a tomar nas mãos tanto as deliberações capitulares já aprovadas, como as reflexões feitas sobre os dois primeiros núcleos do tema capitular. Estes textos, com a Mensagem do Santo Padre e a ulterior reflexão que o Conselho-Geral fará, servirão de guia para o caminho da Congregação nos próximos anos. O Tapiri 17
Assim será. Não vamos certamente oferecer um livro intitulado “Documentos do Capítulo”, mas um documento intitulado Capítulo Geral 28. Reflexões. Além do que já foi dito, o Reitor-Mor oferecerá uma carta programática para os próximos seis anos, depois de compartilhá-la com o Conselho Geral. Tudo isto irá guiar os nossos passos nos próximos anos, em harmonia e continuidade com o caminho de fidelidade que a Congregação tem percorrido. Por esta razão, gostaria de reiterar de forma clara que não se trata de um Capítulo Geral falido, mas de um Capítulo “especial” na sua duração, substância e forma. 7. O ESPÍRITO DO CAPÍTULO GERAL 28: A “OPÇÃO VALDOCCO”, O ESPÍRITO DE VALDOCCO Concluo esta reflexão, meus caros irmãos e irmãs, fazendo minhas as palavras do meu antecessor, P. Pascual Chávez, numa rica crônica e reflexão que fez há alguns dias. Num telefonema, disse-lhe que tencionava concluir a minha carta com essas suas palavras, pela sua riqueza, porque refletem muito bem o que Valdocco foi nestas quatro semanas, e também como expressão de comunhão. Esta comunhão e serenidade a que me referi em várias ocasiões é, hoje, uma bela realidade na nossa Congregação e dános grande força para continuar a apostar fortemente num caminho de fidelidade a Dom Bosco, como o Senhor espera de nós. Esta comunhão permite-nos concretizar muita da nossa energia pastoral a favor da missão. Foi o Santo Padre, o Papa Francisco, que na sua profunda, bela e programática mensagem ao Capítulo Geral propôs que fizéssemos daquilo a que ele chamou de “opção Valdocco” o ponto de referência seguro para nos confrontarmos com a nossa fonte e origem, e que pedíssemos ao Senhor para nos conceder, como pedia Dom Bosco, a realização do “Da mihi animas, coetera tolle”. Por esta razão, as palavras do P. Pascual Chávez ajudam-nos a olhar para o que Valdocco foi e será no presente e no futuro, para que este Capítulo Geral muito “especial” seja provavelmente avaliado na história salesiana, justamente como o Capítulo em que fomos levados “De volta a Valdocco para partir novamente de Valdocco”. «Depois de 60 anos, o Capítulo Geral foi realizado novamente em Valdocco, e isso já é muito significativo porque é o berço do nosso carisma e missão, ali estão as nossas origens carismáticas e, portanto, a nossa originalidade na Igreja e no mundo! O Tapiri 18
Valdocco leva-nos ao ‘telheiro Pinardi’, na Páscoa de 1846, depois da ‘sexta-feira santa’ de Dom Bosco que sofria o indizível não vendo humanamente futuro para os seus jovens. Nascemos naquela Páscoa, sob o humilde telheiro, a nossa primeira casa. Valdocco leva-nos a Mamãe Margarida que, para acompanhar o seu filho, deixou os Becchi e o que representava, transferiu-se com ele àquele pobre lugar e, por 10 anos, até sua morte em 25 de novembro de 1856, trabalhou com incansável amor de mãe para fazer do oratório uma verdadeira ‘casa’ para os jovens sem família. Valdocco leva-nos a Domingos Sávio que, chegando em 1854, em apenas dois anos sob a sábia direção de Dom Bosco chegou a um altíssimo grau de santidade através da pureza de vida, da intensa experiência de Deus, da caridade apostólica, da realização dos seus deveres, fundando a ‘Companhia da Imaculada’, que se transformaria dois anos mais tarde na semente de onde nasceria a Congregação Salesiana. Valdocco leva-nos aos grandes amigos e colaboradores de Dom Bosco, São José Cafasso, a Marquesa Barolo, São Leonardo Morialdo, São Luís Guanella... e aos primeiros salesianos, aqueles que tornaram realidade o seu tríplice sonho: ver como os lobos se transformavam em cordeiros e os cordeiros tornavam-se pastores e os pastores, missionários. Valdocco significa a Igreja Pinardi, primeira igreja do oratório, significa a Igreja de São Francisco de Sales, que podemos considerar a igreja da santidade salesiana sabendo que ali rezaram: Dom Bosco, Mamãe Margarida, Domingos Sávio, Padre Rua, Dom Cagliero, Padre Rinaldi, os santos acima nomeados. E ali, junto ao sacrário Domingos Sávio foi visto em êxtase. Valdocco significa a Basílica de Maria Auxiliadora, a Casa da Mãe, de onde partiu a sua glória, o monumento da gratidão de Dom Bosco Àquela
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que entre nós fez tudo, desde o sonho dos nove anos quando lhe foi dada como ‘mãe e mestra’, até hoje. “Cremos que Maria está presente entre nós e continua a sua missão de Mãe da Igreja e Auxiliadora dos Cristãos”. Valdocco significa a vida da Congregação hoje espalhada em 134 países do mundo e de toda a Família Salesiana em seus 33 ramos oficialmente pertencentes a ela. Na Basílica estão as urnas de Dom Bosco, de Domingos Sávio, de Madre Mazzarello, do Padre Rua, do Padre Rinaldi e de todos os Sucessores de Dom Bosco. Valdocco representa o ponto de partida de todas as expedições missionárias, da primeira de 1875 à 150ª do ano passado, o que tornou possível a chegada do carisma salesiano ao mundo todo com milhares de Salesianos que, com total generosidade até o martírio, levaram e implantaram fielmente o carisma, como o demonstra a fecundidade vocacional, o crescimento das presenças, a santidade dos irmãos, jovens e membros da Família Salesiana». Peço à nossa Mãe Auxiliadora, diante de cujo altar e em sua casa em Valdocco rezamos muito para que a graça e o dom da fidelidade continuem a chegar-nos do Senhor, para que aquilo que a Sagrada Escritura diz se torne realidade em nós: «Praticai o que de mim aprendestes e recebestes e ouvistes, ou em mim observastes. E o Deus da paz estará convosco» (Fl 4,9). Amém. Com verdadeiro afeto e a promessa da minha oração por todos, saúdo-vos, P. Ángel Fernández A.,SDB Reitor-Mor Fonte: https://www.sdb.org/pt/CG28/ Documenti
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BÊNÇÃO ESPECIAL “URBI ET ORBI” Papa Francisco
«Ao entardecer…» (Mc 4, 35): assim começa o Evangelho, que ouvimos. Desde há semanas que parece o entardecer, parece cair a noite. Densas trevas cobriram as nossas praças, ruas e cidades; apoderaram-se das nossas vidas, enchendo tudo dum silêncio ensurdecedor e um vazio desolador, que paralisa tudo à sua passagem: pressente-se no ar, nota-se nos gestos, dizem-no os olhares. Revemo-nos temerosos e perdidos. À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Demo-nos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados mas ao mesmo tempo importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento. E, neste barco, estamos todos. Tal como os discípulos que, falando a uma só voz, dizem angustiados «vamos perecer» (cf. 4, 38), assim também nós nos apercebemos de que não podemos continuar estrada cada qual por conta própria, mas só o conseguiremos juntos. Rever-nos nesta narrativa, é fácil; difícil é entender o comportamento de Jesus. Enquanto os discípulos naturalmente se sentem alarmados e desesperados, Ele está na popa, na parte do barco que se afunda primeiro... E que faz? Não obstante a tempestade, dorme tranquilamente, confiado no Pai (é a única vez no Evangelho que vemos Jesus a dormir). Acordam-No; mas, depois de acalmar o vento e as águas, Ele volta-Se para os discípulos O Tapiri 21
em tom de censura: «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» (4, 40). Procuremos compreender. Em que consiste esta falta de fé dos discípulos, que se contrapõe à confiança de Jesus? Não é que deixaram de crer N’Ele, pois invocam-No; mas vejamos como O invocam: «Mestre, não Te importas que pereçamos?» (4, 38) Não Te importas: pensam que Jesus Se tenha desinteressado deles, não cuide deles. Entre nós, nas nossas famílias, uma das coisas que mais dói é ouvirmos dizer: «Não te importas de mim». É uma frase que fere e desencadeia turbulência no coração. Terá abalado também Jesus, pois não há ninguém que se importe mais de nós do que Ele. De facto, uma vez invocado, salva os seus discípulos desalentados. A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade. A tempestade põe a descoberto todos os propósitos de «empacotar» e esquecer o que alimentou a alma dos nossos povos; todas as tentativas de anestesiar com hábitos aparentemente «salvadores», incapazes de fazer apelo às nossas raízes e evocar a memória dos nossos idosos, privando-nos assim da imunidade necessária para enfrentar as adversidades. Com a tempestade, caiu a maquilhagem dos estereótipos com que mascaramos o nosso «eu» sempre preocupado com a própria imagem; e ficou a descoberto, uma vez mais, aquela (abençoada) pertença comum a que não nos podemos subtrair: a pertença como irmãos.
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«Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Nesta tarde, Senhor, a tua Palavra atinge e toca-nos a todos. Neste nosso mundo, que Tu amas mais do que nós, avançamos a toda velocidade, sentindo-nos em tudo fortes e capazes. Na nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente. Agora nós, sentindo-nos em mar agitado, imploramos-Te: «Acorda, Senhor!» «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Senhor, lançasnos um apelo, um apelo à fé. Esta não é tanto acreditar que Tu existes, como sobretudo vir a Ti e fiar-se de Ti. Nesta Quaresma, ressoa o teu apelo urgente: «Convertei-vos…». «Convertei-Vos a Mim de todo o vosso coração» (Jl 2, 12). Chamas-nos a aproveitar este tempo de prova como um tempo de decisão. Não é o tempo do teu juízo, mas do nosso juízo: o tempo de decidir o que conta e o que passa, de separar o que é necessário daquilo que não o é. É o tempo de reajustar a rota da vida rumo a Ti, Senhor, e aos outros. E podemos ver tantos companheiros de viagem exemplares, que, no medo, reagiram oferecendo a própria vida. É a força operante do Espírito derramada e plasmada em entregas corajosas e generosas. É a vida do Espírito, capaz de resgatar, valorizar e mostrar como as nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns (habitualmente esquecidas), que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas, nem nas grandes passarelas do último espetáculo, mas que hoje estão, sem dúvida, a escrever os acontecimentos decisivos da nossa história: médicos, enfermeiros e enfermeiras, trabalhadores dos supermercados, pessoal da limpeza, curadores, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho. Perante o sofrimento, onde se mede o verdadeiro desenvolvimento dos nossos povos, descobrimos e experimentamos a oração sacerdotal de Jesus: «Que todos sejam um só» (Jo 17, 21). Quantas pessoas dia a dia exercitam a paciência e infundem esperança, tendo a peito não semear pânico, mas O Tapiri 23
corresponsabilidade! Quantos pais, mães, avôs e avós, professores mostram às nossas crianças, com pequenos gestos do dia a dia, como enfrentar e atravessar uma crise, readaptando hábitos, levantando o olhar e estimulando a oração! Quantas pessoas rezam, se imolam e intercedem pelo bem de todos! A oração e o serviço silencioso: são as nossas armas vencedoras. «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» O início da fé é reconhecer-se necessitado de salvação. Não somos autossuficientes, sozinhos afundamos: precisamos do Senhor como os antigos navegadores, das estrelas. Convidemos Jesus a subir para o barco da nossa vida. Confiemos-Lhe os nossos medos, para que Ele os vença. Com Ele a bordo, experimentaremos – como os discípulos – que não há naufrágio. Porque esta é a força de Deus: fazer resultar em bem tudo o que nos acontece, mesmo as coisas ruins. Ele serena as nossas tempestades, porque, com Deus, a vida não morre jamais. O Senhor interpela-nos e, no meio da nossa tempestade, convida-nos a despertar e ativar a solidariedade e a esperança, capazes de dar solidez, apoio e significado a estas horas em que tudo parece naufragar. O Senhor desperta, para acordar e reanimar a nossa fé pascal. Temos uma âncora: na sua cruz, fomos salvos. Temos um leme: na sua cruz, fomos resgatados. Temos uma esperança: na sua cruz, fomos curados e abraçados, para que nada e ninguém nos separe do seu amor redentor. No meio deste isolamento que nos faz padecer a limitação de afetos e encontros e experimentar a falta de tantas coisas, ouçamos mais uma vez o anúncio que nos salva: Ele ressuscitou e vive ao nosso lado. Da sua cruz, o Senhor desafia-nos a encontrar a vida que nos espera, a olhar para aqueles que nos reclamam, a
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reforçar, reconhecer e incentivar a graça que mora em nós. Não apaguemos a mecha que ainda fumega (cf. Is 42, 3), que nunca adoece, e deixemos que reacenda a esperança. Abraçar a sua cruz significa encontrar a coragem de abraçar todas as contrariedades da hora atual, abandonando por um momento a nossa ânsia de omnipotência e possessão, para dar espaço à criatividade que só o Espírito é capaz de suscitar. Significa encontrar a coragem de abrir espaços onde todos possam sentir-se chamados e permitir novas formas de hospitalidade, de fraternidade e de solidariedade. Na sua cruz, fomos salvos para acolher a esperança e deixar que seja ela a fortalecer e sustentar todas as medidas e estradas que nos possam ajudar a salvaguardar-nos e a salvaguardar. Abraçar o Senhor, para abraçar a esperança. Aqui está a força da fé, que liberta do medo e dá esperança. «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Queridos irmãos e irmãs, deste lugar que atesta a fé rochosa de Pedro, gostaria nesta tarde de vos confiar a todos ao Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora, saúde do seu povo, estrela do mar em tempestade. Desta colunata que abraça Roma e o mundo desça sobre vós, como um abraço consolador, a bênção de Deus. Senhor, abençoa o mundo, dá saúde aos corpos e conforto aos corações! Pedes-nos para não ter medo; a nossa fé, porém, é fraca e sentimo-nos temerosos. Mas Tu, Senhor, não nos deixes à mercê da tempestade. Continua a repetir-nos: «Não tenhais medo!» (Mt 14, 27). E nós, juntamente com Pedro, «confiamos-Te todas as nossas preocupações, porque Tu tens cuidado de nós» (cf. 1 Ped 5, 7). Fonte: MOMENTO EXTRAORDINÁRIO DE ORAÇÃO EM TEMPO DE EPIDEMIA PRESIDIDO PELO PAPA FRANCISCO, Adro da Basílica de São Pedro, Sexta-feira, 27 de março de 2020. Site: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2020/documents/papa-francesco_20200327_ omelia-epidemia.html
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VOCACIONADO, EU? Irmão Antônio Stefani 50 anos de missão na Amazônia Nasci na cidade de Turim no dia 29/07/1939, tenho 80 anos e idade completos. 30 na Itália e 50 no Brasil. A cinquenta anos me considero cidadão brasileiro. Desde criança frequentei o Oratório Salesiano Miguel Rua (Monterosa). Depois da guerra era no Oratório que matava a fome com o leite e as grossas bolachas vindo dos Estados Unidos da América. Nossa família não passava maiores dificuldades porque meu papai, além do trabalho na fábrica, de noite oficiava como sapateiro. Eu e meus três irmãos passávamos todo o tempo livre no Oratório. Fui coroinha, participava do clube São Domingos Sávio, fazia parte de todo tipo de esporte. O Oratório era a minha segunda casa, também quando, devido a mudança de habitação fomos morar a 2km de distância deixando minha mãe todas as vezes preocupada pois tínhamos que atravessar duas grandes avenidas. Um dia, por volta dos 13 anos, passava perto de Valdocco, o primeiro Oratório de D. Bosco, e quis falar com o porteiro que era um salesiano. Disse para ele que queria ser salesiano. Ele, ouvindo os meus gaguejos, me aconselhou ir no Cotolengo. “Ir no Cotolengo” em gíria piemontesa, era como mandar alguém no manicômio. Não fui. Aos 15 anos passei a fazer parte do grupo de jovens do meu Oratório. Pe. Elio Scotti, era o animador do grupo juvenil. Verdadeiro líder e formador de jovens. Foi meu diretor espiritual. Assim como eu, incentivou dezenas de jovens para a vida salesiana e eu, aos 17 anos, entrei no seminário de Chieri, onde havia um padre ancião, Pe. Ruffini, que dizia ter sido escolhido por dom Bosco quando o mesmo vendo ele criança no colo da mãe disse: Este é meu! A primeira Profissão Religiosa foi no mesmo ano da inauguração de Brasília de Nossa Senhora Auxiliadora, 16/08/1960 e, três anos depois, 16/08/1963, confirmei minha entrega à Deus e à Congregação para sempre com a Profissão Religiosa Perpétua. Em 1968 o Reitor Mor lança o convite aos salesianos para dedicar 5 anos de suas vidas nas missões. O convite do pai é uma ordem para os O Tapiri 26
filhos. Curso para missionários em Roma, envio na Basílica de Maria Auxiliadora em Turim no final de 1969. Em 1970 embarcamos, 5 irmãos coadjutores, no navio rumo ao Brasil. Cheguei ao Brasil em fevereiro de 1970, aos 30 anos de idade, cheio de entusiasmo pronto a enfrentar as aventuras de uma nova vida. 11 dias de navio EUGÊNIO COSTA, saindo de Genova (Itália), aportamos no Rio de Janeiro no dia de carnaval (10/02). Desembarcamos para nos misturar ao povo na grande festa popular. Não havia carros alegóricos, luxo, só o povo simples dançando e cantando atrás de um caminhão com o som. Voltamos ao navio de noite para chegar no porto de Santos no dia seguinte. Um mês em São Paulo para aperfeiçoar a língua, já tinha estudado pelos livros, agora a prática. “Vale mais a prática que a gramática”, pura verdade. Depois de um mês, sabendo que tinha estrada para Rondônia (BR 364), pequei um ônibus. Viva a aventura! Estrada de chão, atoleiros, buracos profundos, ônibus balançando e quase virando, empurrando para sair do atoleiro... Era tudo uma grande aventura, se não fosse que chegando em Ji Paraná, povoado de poucas casas, uma febre danada me derrubou. Procurei se tinha paróquia. Sorte minha, encontrei o Pe. Bernardo Strick, holandês, salesiano. Deitei e por dois dias não sei o que aconteceu. Aos poucos recuperei as forças, e, sabendo que tinha avião que ia a Porto Velho, peguei. Era um DC 8. Primeira vez que subia num avião, balançava e era barulhento como um velho caminhão numa estrada esburacada. Mas nada de medo, era aventura e eu gostava. Em Porto Velho encontrei o Pe. Chiquinho, ao me ver meio abatido pela viagem, me deu um gostoso licor não sei de que. Fiquei bom. Na manhã seguinte, dia 3 de março, de barco até Humaitá, onde cheguei às 7h da manhã, vendo, admirado, os meninos fardados indo para a escola. Aqui encontro pela primeira vez Dom Miguel D´Aversa, bispo da Prelazia e Pe. Venzon, diretor da escola D. Bosco. Em seguida, conheci os irmãos que trabalhavam no interior: Pe. Luiz Bernardi, Pe. Antônio Stiappacasse (Carapanatuba), Pe. Ricardo Lorenzoni (Manicoré), Pe. Pascoal Lalongo (Auxiliadora do Uruapiara). Em dezembro venho a saber que eu pertencia à INSPETORIA SALESIANA SÃO DOMINGOS SÁVIO, com sede em Manaus. Em Humaitá (1.800 habitantes) fiquei 11 anos, fui factótum (faz tudo), fotógrafo, animador da comunidade do cemitério, agora Paróquia N. S. do Divino Pranto. E os anos foram passando, e as obediências também. Conclusão: foram 50 anos que, agora, digo que foram felizes. Tudo passou: dificuldades, fadigas, doenças, tropeços, desilusões... tudo passou, só restou, com minha grande maravilha, uma felicidade imensa de ter colaborado um pouquinho, como salesiano irmão, por um mundo mais solidário, fraterno e alegre com as minhas mágicas. Amém. Fonte: Informativo vocacional, 12+1, Março de 2020/nº 25
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VOCACIONADO, EU? Que alegria poder compartilhar a minha história vocacional com vocês que leem o 12+1. Eu sou José Leandro, tenho 28 anos, sou Salesiano de Dom Bosco e atualmente moro em Campo Grande no Mato Grosso Sul. Estudo Filosofia na Universidade Católica Dom Bosco e convivo na Comunidade Salesiana com 34 irmãos que também estão na mesma etapa de formação que eu. Nasci em Santarém-Pará, mas desde os 3 anos, eu, minha mãe e minhas outras duas irmãs nos mudamos para Manaus. Sou da Paroquia São Bento, na zona norte da cidade, onde fui formado religiosamente, recebendo minha Primeira Eucaristia, Crisma e realizando meus trabalhos pastorais, como acolito, catequista e participando de grupo de jovens e grupo de oração, além do teatro, dança e canto coral. Apesar de sempre estar envolvido na Igreja nunca havia passado pela minha cabeça ser religioso, muito menos ser salesiano. Não recebi um convite formal para essa experiência, além daquilo que eu já fazia. Como os outros meninos da minha infância e adolescência, era bagunceiro, adorava jogar videogame, brincar na rua, gostava de ir à escola e projetava a minha vida para um futuro promissor no que diz respeito a vida profissional. Comecei a trabalhar aos 15 anos, fiz cursos visando o futuro, e aos 24 anos, quando estava cursando a Faculdade de Engenharia, recebi o convite de um amigo da minha paroquia a participar de um encontro vocacional da Arquidiocese de Manaus denominado Despertar, promovido pelo SAV (Serviço de Animação Vocacional). Fui no intuito de fazer novos amigos e participar de momentos legais que com certeza encontraria, porém, numa dinâmica em que havia muitas tendas espalhadas por um pórtico de várias congregações, pude ter meu primeiro contato com Dom Bosco através da Irmã Magda, Filha de Maria Auxiliadora. Ela me apresentou o estilo de vida salesiano, me presenteando O Tapiri 28
com um Boletim Salesiano, e um livro que falava da alegre vida de São João Bosco. Fiquei surpreso com tanta novidade e como religiosos poderiam conviver de forma natural com os jovens nas escolas, obras sociais, faculdades e tantas outras presenças. Fiquei muito curioso e ela pediu pra que pudesse passar meu contato. A partir de então participei dos encontros vocacionais salesianos, e a decisão mais difícil foi o convite para fazer uma experiência mais de perto através do voluntariado, indo morar numa comunidade salesiana e obra social rodeado de jovens. Confesso que tive medo no início, mas confiei em Deus, e pela coragem Ele me proporcionou belíssimas experiências entre os jovens e com os irmãos da comunidade. Depois avancei nas etapas que a congregação nos pede, e em 2019 fiz o ano de Noviciado em Barbacena, Minas Gerais, sendo aprovado e professando na Congregação Salesiana no dia 31 de janeiro de 2020. Sou realizado pela opção de vida que escolhi e por ouvir o chamado de Deus no seguimento do seu Filho Jesus Cristo num carisma tão vivo e bonito que é o carisma salesiano. Dom Bosco está vivo no nosso meio e saibam que todos somos convidados a entregar a vida na missão. Cristo nos chama sempre, e você também é convidado! Venha fazer esta experiência de alegria conosco. Fonte: Informativo vocacional, 12+1, Abril de 2020/nº 26
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ACONTECEU PADRE NATALE VITALI FORTI É NOMEADO NOVO INSPETOR DA ISJB
O Reitor-mor, padre Ángel Fernández Artime, nomeou o padre Natale Vitali Forti como o novo inspetor da Inspetoria São João Bosco (ISJB), para o período de 2020-2026. A nomeação ocorreu durante a primeira reunião do recém eleito conselho geral da congregação salesiana, que está reunido desde o dia 27 de abril, devido à pandemia, on line. O padre Natale exerceu até março deste ano a função de Conselheiro Regional para a América Latina – Cone Sul. Filho de Giuseppe Vitali e Giuseppina Forti, o padre inspetor nasceu em 14 de maio de 1955, em Montappone, Itália. Ingressou no noviciado de Vico EquenseSeiano, Nápoles, em 11 de
setembro de 1971. Fez a profissão perpétua em Santiago, no Chile, no dia 11 de junho de 1978. Foi ordenado sacerdote em 31 de julho de 1982, em Santiago. No Chile atuou como Conselheiro Inspetorial, de 1990 a 1993, Vigário do Inspetor, de 1993 a 1995, quando foi nomeado Inspetor para o sexênio 1995 a 2000. Em julho de 2006 foi novamente nomeado Inspetor, serviço que exerceu até 2008, quando ao participar Capítulo Geral 26, como delegado Inspetorial, foi eleito Conselheiro Geral para a Região América Latina – Cone Sul, serviço que exerceu até 14 de março deste ano. Agora, o padre Natale Vitali, tornase o 14º Inspetor da Inspetoria São João Bosco. Padre Natale fala quatro idiomas: italiano, sua língua materna, inglês, espanhol e português. Acolhemos com alegria esse nosso irmão e lhe prometemos as nossas preces, apoio e comunhão nessa sua nova missão de animação e governo da nossa Inspetoria.
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PRIMEIRA SESSÃO “VIRTUAL” DO CONSELHO GERAL ELEITO PELO CG28 No dia 27 de abril, às 12 horas (hora italiana) foi aberta a reunião do Conselho Geral da Congregação salesiana. A ocasião traz importantes novidades. Tratase da primeira reunião do Conselho Geral eleito pelo Capítulo Geral 28 (CG28) que, relativamente ao Conselho anterior, mudou 10 componentes. Além disso, pela primeira vez será completamente online, uma vez que vários de seus membros não puderam viajar para Roma, por causa das restrições impostas pela situação sanitária global. Embora o Conselho Geral estivesse atuando desde os dias que sucederam o final do Capítulo Geral, hoje é o primeiro encontro que contempla todos os Conselheiros. O início da sessão havia sido inicialmente agendado para segunda-feira, dia 4 de maio de 2020, mas foi antecipado a
fim de facilitar o início de alguns processos e atividades relevantes. O final dos trabalhos está previsto para o dia 8 de maio. Considerando que muitos diretores se encontram em diversos países, da Ásia à América Latina, as reuniões ocorrerão todos os dias das 12h às 14h (UTC + 2), horário compatível para todos. A plataforma de trabalho eleita para as reuniões plenárias será a TEAMS. Durante a sessão, haverá também reuniões que envolverão os sete Conselheiros Gerais já presentes na Sede Central. A sessão de hoje abrange diferentes contextos: em primeiro lugar, informação, mas também formação, além de servir para realizar as primeiras nomeações. A sessão plenária de verão, de acordo com a evolução da situação de pandemia, será aberta na segunda-feira, 1 de junho de 2020.
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PRÓ-MENOR DOM BOSCO ADERE A MODALIDADE ENSINO A DISTÂNCIA Desde o começo do mês de Abril/2020, os alunos do Projeto Construir Futuro e do Programa de Aprendizagem estão realizando as atividades teóricas dos cursos através das plataformas de ensino a Distância, por conta da Pandemia COVID-19 que vem causando uma taxa de letalidade elevada no Estado do Amazonas e demais Estados do país. 300 (trezentos) alunos do Projeto Construir Futuro estão realizando aulas de Informática através da plataforma desenvolvido pelo Interativo Advance da empresa Descarte Correto que tem parceira com o Pró-Menor Dom Bosco. Os resultados são bem positivos, onde os alunos são acompanhados através da plataforma pelos instrutores que realizam o suporte técnico diariamente. Os alunos do Programa de Aprendizagem estão realizando as aulas remotas de cursos distintos,
através de uma outra plataforma, onde são acompanhados, monitorados e assistidos pelos instrutores nos espaços de sala de aula online, onde os instrutores reproduzem vídeos, áudios em streaming, textos para leituras, atividades e avaliações, com dinamismo nas aulas que são dadas às turmas de acordo com os conteúdos programático das ementas dos respectivos cursos de aprendizagem com acompanhamento pedagógico. Os alunos acompanham e realizam as atividades pelos dispositivos computacionais em suas casas seguindo as recomendações. O Pró-Menor Dom Bosco, além de atender as recomendações dos órgãos competentes, direciona todas as recomendações emergenciais aos seus alunos e empresas parceiras para que superem as dificuldades apresentadas da melhor forma possível.
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JMJ E ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS ADIADOS POR UM ANO Foi tomada a decisão de transferir o encontro das famílias em Roma para 2022 e o encontro mundial dos jovens em Lisboa para 2023. A pandemia do coronavírus fez com que os organizadores de dois dos próximos grandes eventos da igreja reformulassem os seus planos. Em comunicado, a Sala de Imprensa da Santa Sé explica que “devido à atual situação sanitária e às suas consequências sobre a deslocação e agregação de jovens
e famílias, o Santo Padre, junto com o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, decidiu adiar por um ano o próximo Encontro Mundial das Famílias, previsto para se realizar em Roma, em junho de 2021, e a próxima Jornada Mundial da Juventude, prevista para Lisboa, em agosto de 2022. Portanto, o Encontro Mundial das Famílias em Roma irá se realizar em junho de 2022, e a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, em agosto de 2023.
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UMA VIDA MISSIONÁRIA DE PIONEIRISMO E DE DEDICAÇÃO AOS YANOMAMI DO AMAZONAS A Inspetoria São Domingos Sávio agradece ao jovem Leonardo Ferreira de Almeida pela publicação do e-book: Antônio José Góes, uma vida missionária de pioneirismo e de dedicação aos Yanomami do Amazonas. O presente livro (e-book) registra a Vida e a Obra do missionário salesiano Padre Antônio José Góes, natural de Itabaiana/Sergipe, o qual se dedicou com muito sacrifício e abnegação, durante 22 anos, aos belos e vibrantes Yanomami das comunidades de Maturacá e de Marauiá (Amazonas), na região de fronteira entre Brasil e Venezuela, próximo ao Pico da Neblina. Padre Góes é reconhecido
como o primeiro não indígena a promover contato permanente e pacífico com vários grupos destes nativos, sendo o fundador de duas missões católicas, as quais vigoram até os dias atuais. Desde os anos da década de 1950, sua trajetória de pioneirismo e de dedicação aos Yanomami do Amazonas é narrada e referenciada por diversos autores brasileiros e estrangeiros, religiosos e acadêmicos. Todas e todos estão convidados a imergir na Vida e na Obra do missionário Antônio José Góes! Confira na nossa Biblioteca virtual: https://issuu.com/ inspetoriasaodomingossavio/docs/ livro_padre_ant_nio_jos__g_es
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ENCONTRO DOS COORDENADORES E FORMADORES DAS PROVÍNCIAS Aconteceu nos dias 14 e 15 de março em Campo Grande/MS, o encontro anual dos Coordenadores e Formadores das seis Províncias dos Salesianos Cooperadores no Brasil. A cada ano, um âmbito é contemplado para formação, alinhamento nas informações e construção de documentos. Após o Conselho Mundial enviar o documento de Roma sobre Orientações e Indicações para a Formação dos Salesianos Cooperadores, foi sugerido pelo Formador da Região Brasil, SC Evânio Santinon, a criação do novo Plano Formativo que será construído pelos formadores das Províncias, para que todos possam compartilhar de uma formação uníssona. Na ocasião houve a apresentação do espaço que será realizado o
Congresso Eletivo para o Conselheiro Mundial da Região Brasil , entre os dias 05, 06 e 07 de Setembro na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) de Campo Grande. Neste Congresso, o tema central será: “Salesianos Cooperadores em Comunhão com a Igreja para o Jovens”. O Lema recorda a estreia deste ano: “Formando Bons Cristãos e Honestos Cidadãos”. Outro destaque do encontro foi a visita dos participantes acompanhados pelo reitor da universidade, padre José Marioni, pelas dependências da universidade. No percurso, foram agraciados pela acolhida do coordenador do Curso de Pós em Salesianidade, Me. Brasdorico Merqueades Santos, mais conhecido como Brás, que apresentou as propostas realizadas naquele ambiente universitário.
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NECROLÓGIO SALESIANO
81 anos de vida 63 anos de Profissão Religiosa 54 anos de Profissão Perpétua 52 anos de Ordenação Presbiteral 49 anos de sua primeira chegada ao Brasil
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