O Tapiri nº 199

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Novembro/Dezembro- 2019 / nยบ 199


Copyright©2019 Inspetoria São Domingos Sávio Todos os direitos reservados ao autor

Inspetor P. Jefferson Luis da Silva Santos Organização Comissão Inspetorial de Comunicação - CIC

Coordenador P. José Ivanildo de Oliveira Melo Delegado para a Comunicação Revisão José Ivanildo Sr. José Luis (Zeca) Equipe de articulação Animadores de Pastoral Projeto Gráfico Felipe Araújo Articulistas Convidados

T199 O Tapiri: Comunicação Pastoral da Inspetoria São Domingos Sávio BMA / Pe. Jefferson Luís da Silva Santos, SDB (org.); Pe. José Ivanildo de Oliveira Melo (Coord.) Manaus: Editora FSDB, 2019. x, 44 p. II. 15x21cm (Comunicação Pastoral da Inspetoria São Domingos Sávio - BMA) ISSN 2525-3093 Publicação Bimensal 1. Salesianos de Dom Bosco 2. ISMA - Manaus. 3. Comunidade Salesiana. 4. Santos, Pe. Jefferson Luís da Silva. 5. Melo, Pe. José Ivanildo de Oliveira. I. Título.

Elaborada por Zina Pinheiro - Bibliotecária - CRB 11/611


Sr. Josés Luis Almeida (Zeca) Membro da Comissão Inspetorial de Comunicação

Olá queridos irmãos e irmãs!! Chega até vocês a última edição do ano da nosso publicação “o Tapiri”. Ano de muitas atividades que enriqueceram o nosso cotidiano pastoral. O Tapiri é isso! Lugar de reflexão, ambiente para partilha e instrumento de comunicação onde você faz parte. Essa edição nosso artigo de capa fala que o nascimento de menino Jesus é um convite para sermos “LUZ semelhantes a Ele”, em todos os lugares, na Igreja, na família, no trabalho, com o rico e o pobre, o jovem e o ancião. O segundo artigo nos mostra um pouco de como foi o encontro da juventude indígena do Rio Negro em São Gabriel, quais são suas reivindicações, suas preocupações e anseios. Padre Zenildo Lima, reitor do Seminário da Amazônia de Manaus. Nos retrata um pouco da sua participação e os temas tratados no Sínodo Para Amazônia em uma entrevista para Unisinos. Nosso último artigo, traz a experiência da vida missionária nas comunidades, padre Alberto Rypel, pároco da Paróquia São José Operário-Leste, partilha a experiência da comunidade através do documento de aparecida que nos fala que, “toda a pastoral tem que ser missionária e que suas marcas profundas, em primeiro lugar existem para defender a vida”. Leia também na coluna Aconteceu com os eventos das nossas obras. A Comissão Inspetorial de Comunicação, deseja a todos os leitores e irmãos que acompanham a publicação O Tapiri, um abençoado Natal com muita saúde e muito sucesso nos trabalhos pastorais.


“O POVO QUE ANDAVA NAS TREVAS VIU UMA LUZ” (Mt 4,16) No sentido bíblico trevas significa destruição, opressão, morte, perda do sentido da vida e a LUZ significa despertar da escuridão e rever as coisas novas, elemento da divindade, identifica-se com a vida que Cristo anuncia. E é justamente com o povo da Galileia esquecido pela sociedade que Jesus decide morar, e onde não havia esperança Ele foi esperança, onde a luz ofuscada voltou a brilhar. Que grande convite nos faz o Senhor quando entre os pequenos e marginalizados os reconduz para a vida e na simplicidade se faz LUZ. Não se trata de ser o centro, mas de descentralizar-se para ajudar o outro. Desde o nascimento este é o convite do Senhor: sermos LUZ semelhantes a Ele em todos os lugares, na Igreja, na família, no trabalho, com o rico e o pobre, o jovem e o ancião, imitando aquele que mesmo fraco na manjedoura foi sinal de esperança. O nascimento de Jesus é a grande notícia de que Deus habita a humanidade, ao contemplar a sua origem podemos olhar a nossa e assim como Ele anunciou o Reino a nossa vida deve ser expressão desse Reino. O Natal do ponto de vista civil faz parte do final do ano, já do ponto de vista litúrgico é o início, antecedido pelo advento que convida a celebrar a alegria. Ao contrário da quaresma que nos remete à vida nova, o advento nos faz refletir sobre a novidade a ser revelada. Há um grande mistério no natal que só podemos contemplar com os olhos da fé, e é capaz de nos transformar, fazendo da luz que já habita em cada um de nós brilhar mais forte, gerando uma harmonia com todos. Reunir a família para a Ceia do Natal está além de ser um simples preceito, é uma espiritualidade que envolve: a de Deus presente em nosso meio em forma de um menino. Infelizmente vivenciar isso é difícil porque nem sem-

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pre estamos disponíveis e abertos para o mistério. A lógica social hoje é outra, o mercado é rico de opções de presentes e enfeites “natalinos” que enchem os nossos olhos com coisas necessárias, mas não essenciais, as vezes corremos o risco de transformar o natal de Jesus em comércio, e o sinal encarnado em símbolo. Buscamos a novidade na renovação das coisas materiais e mudamos o foco. O natal tem esses dois lados que se completam, além da capacidade de aproximar as pessoas, somos envolvidos nesse clima, nessa alegria de reunir a família e os amigos, de celebrar a fraternidade, e nesse amor expresso é que os outros podem contemplar a LUZ que há em nós. Um amor cotidiano, simples e silencioso, como Jesus na manjedoura. Que pela fé, imersos no amor, possamos viver o Natal do Senhor.

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CORAGEM EM MUITAS LÍNGUAS: JUVENTUDE INDÍGENA SE UNE EM DEFESA DO RIO NEGRO “Diante de ameaças como a mineração e a emergência climática, a juventude da floresta se encontrou em São Gabriel da Cachoeira (AM) para debater o futuro’’

Já Maloca, habitação tradicional dos povos do Rio Negro, é considerada a casa coletiva que acolhe a todos e todas. É também símbolo dos Territórios Indígenas rionegrinos que atravessa gerações. E foi na Maloca Casa do Saber, na sede da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), em São Gabriel da Cachoeira (AM), que 256 jovens indígenas de 15 etnias se reuniram nos dias 5 e 6 de dezembro para debater sobre os principais desafios e perspectivas para o futuro.

Com olhos sonhadores e sorrisos tímidos de quem pela primeira vez participa de um congresso na sede do município, vozes adolescentes e jovens falaram a palavra “coragem” repetidas vezes. Diante dos desafios que têm na vida, essa juventude multiétnica — falante de várias línguas, como Tukano, Baniwa, Yanomami e Nheengatu — se uniu para pedir coragem a eles mesmos, aos seus caciques e aos governantes no poder. “Cada grupo de jovem fez muito esforço para estar aqui. Vieram de longe e passaram por muitas coisas para chegar nesta maloca. Eu vejo que eles são muito fortes e batalhadores. Então, o que eu levo desse encontro é a força e a coragem que existe em cada um. Isso nos toca e desperta o interesse em aprender cada vez mais”, explicou Loila Góes Aguiar, Yanomami, de 16 anos. Ela, além de participar, apoiou nos trabalhos na cozinha do Congresso. Mineração, não!: Diante dos sérios problemas ambientais vividos no Brasil ultimamente, como os rompimentos de barragem em Brumadinho e Maria-

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na (MG), a juventude indígena do Rio Negro se posicionou contra projetos de garimpo e mineração colocados pelo atual governo para os Territórios Indígenas. Em seu documento final do II Congresso escreveu: “A forma que está sendo apresentada junto ao governo estadual e federal sobre a mineração em terras indígenas sem a devida consulta forma e oficial junto às lideranças e os povos habitantes dos territórios indígenas do Rio Negro, concluímos que a juventude do Rio Negro diz não à mineração em terras indígenas”. Para o Baré de 19 anos, Gilvan Gonçalves Barreto, nascido na comunidade do Yabi, no Alto Rio Negro e estudante da Escola Sagrada Família, na sede de São Gabriel, esse tipo de evento é importante para “levar para frente nossa cultura e nossa valorização indígena”. A principal preocupação do jovem é com o lixo da cidade. Ele diz que chega a perder o sono pensando em como pode solucionar esse problema. Os igarapés estão cheios de lixo, a areia da praia, os terrenos baldios e isso o entristece. Sobre a possibilidade de enriquecer com a mineração ou garimpo, como defendem alguns políticos e empresários, ele comentou: O grupo de jovens da etnia Dâw participou pela primeira vez de um evento na cidade. Guiados pela líder da comunidade, Auxiliadora Dâw, eles apresentaram suas conclusões sobre garimpo durante o encontro. “A gente não sabe nem batear ouro. A gente é contra isso. Se entrar na nossa terra esse garimpo não vamos ser nós que vamos explorar. Vimos os vídeos dos parentes Yanomami sofrendo muito com a poluição. Ouro causa muito sofrimento. Queremos é trabalhar com agricultura, que nos dá alimento e uma vida boa na comunidade e na nossa escola”, afirmou Auxiliadora. A etnia Dâw quase foi extinta há alguns anos e, hoje, soma uma população de 145 pessoas falantes da sua própria língua da família linguística Naduhup, em São Gabriel da Cachoeira. Emergência climática: Marcina Alemão, jovem Baré de Tabocal dos Pereira, na TI Cué-Cué Marabitanas, disse que o Congresso valeu à pena para “aprender que a gente tem direitos. Direito à igualdade com os outros, de se colocar na frente das pessoas, de falar das nossas dificuldades e de como é viver nas comunidades”. Marcina disse estar surpresa com a questão climática, com o derretimento das geleiras dos Andes e de todo o movimento que a juventude mundial vem fazendo sobre o tema. “Acho que nós jovens devemos falar desse assunto para todo o mundo e orientar as pessoas porque elas estão perdidas. A gente precisa fazer mais encontros assim”.

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Moradora da cidade, Lilia Cordeiro França, do povo Baré, se disse surpresa com a precariedade das escolas nas Terras Indígenas e com a falta de infraestrutura, como ausência de salas de informática, biblioteca, quadras e energia elétrica. Nas apresentações de grupo, os jovens reivindicaram em primeiro lugar melhorias nas escolas nas aldeias. Eles desejam acessar as boas coisas da modernidade sem sair de suas terras e ter o direito – como todo cidadão brasileiro – de frequentar uma escola pública estruturada. Casas sagradas, benzimentos e 4G Os jovens indígenas do Rio Negro presentes ao II Congresso pediram em uníssono a instalação de antenas 4G e manutenção dos orelhões nas comunidades. O acesso a internet e aos meios de comunicação é fundamental para os estudos e interação com o mundo. Ao mesmo tempo que querem acessar a tecnologia e as novidades, também se preocupam em zelar por suas tradições, cultura e território. A tecnologia, aliás, está atrelada a esse cuidado, quando os jovens indígenas desejam oficina de vídeo e técnicas de som para gravar danças, cantos e rituais. “As pessoas hoje estão indo de qualquer jeito nas casas sagradas e por isso adoecem. Só pode ir para casa sagrada se tem permissão”, disse um jovem representante de Iauaretê, do povo Tariano, durante apresentação de seu grupo, que também enfatizou a importância dos benzimentos. “A gente queria ter um espaço cultural em Iauaretê para mostrar nossa cultura, produzir filmes e depois mostrar na comunidade. Isso seria bom para nós e para a valorização dos nossos conhecedores tradicionais”, completou. Momento histórico: A juventude escreveu uma parte importante da história do movimento indígena ao concretizar o II Congresso de Adolescentes e Jovens Indígenas do Rio Negro (AM) em 2019, 17 anos depois, conseguem realizar outro congresso. O primeiro foi em 2002. Os veteranos que batalharam pela inclusão dos jovens nos espaços de decisão também participaram ativamente dos debates atuais, trocando experiências e apoiando a nova geração na continuidade da defesa dos direitos e do bem comum dos 23 povos indígenas do rio Negro. “Estamos ameaçados por um desgoverno que está tirando os direitos da juventude. A juventude periférica, sobretudo negra e indígena, está sendo dizimada”, denunciou Gilliard Henrique, do povo Baré, um dos idealizadores dos primeiros encontros da juventude indígena do Rio Negro. Na abertura do evento foi feita homenagem ao jovem Desana Délio Firmo Alves, que faleceu em 2018

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e foi grande defensor da juventude indígena do rio Negro, ocupando o cargo de presidente do Conselho Estadual da Juventude do Amazonas. Para Adelina Sampaio, do povo Desana, coordenadora do Departamento de Jovens da Foirn, o Congresso deixa uma responsabilidade grande para o movimento indígena: o compromisso com as pautas e propostas da juventude. “Seremos os articuladores dessas demandas trazidas pelas nossas bases e agora temos que correr atrás para que essas propostas sejam concretizadas”, disse Adelina. A elaboração dos planos de gestão territorial e ambiental das Terras Indígenas do Rio Negro, assim como dos seus Protocolos de Consulta, também foram temas de trabalho de grupo e apresentações por parte da juventude, que precisa estar antenada aos assuntos fundamentais para garantir seus direitos territoriais. Nildo Fontes, vice-presidente da Foirn, do povo Tukano, fez apresentações desses temas para os jovens. “A juventude é a nossa continuidade e nossa renovação. Estamos trabalhando hoje para garantir a permanência e o bem viver dessa geração em nosso território”, sublinhou. Greves globais do clima e a mobilização da juventude mundial na cobrança por medidas efetivas no combate às mudanças climáticas também foram temas de debate, em colaboração com o ISA. A partir de recentes reportagens científicas e matérias jornalísticas sobre o agravamento do quadro, como o relatório de 11.258 cientistas de 153 países denominado “Alerta dos Cientistas Mundiais sobre a Emergência Climática”, a juventude indígena recebeu informações atualizadas sobre o tema, debateu e inseriu suas considerações no documento final do Congresso. Fonte: Blog da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro

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NINGUÉM QUESTIONOU O SINAL MUITO PROFUNDO DO CELIBATO No final do Sínodo para a Amazônia, o pensamento vai para a esperada exortação papal e para a recepção do que emergiu nos debates da assembleia. Fala-se da presença e formação de sacerdotes e da proposta de que, em algumas localidades remotas, desatendidas em relação à Eucaristia por muitos meses por ano, se possa chegar à ordenação sacerdotal de diáconos casados. Para contribuir com a reflexão, o SIR entrevistou um dos principais especialistas sobre o tema dos sacerdotes e sua formação: Padre Zenildo Lima, reitor do Seminário da Amazônia de Manaus. A entrevista é de Bruno Desidera, publicada por Agência SIR, 07-12-2019. A tradução é de Luisa Rabolini. Concluído o Sínodo sobre a Amazônia e no aguardo da Exortação do Papa Francisco, já se pensa em sua recepção. Um desafio que será jogado acima de tudo no imenso território amazônico. Uma das principais expectativas diz respeito à presença e formação de sacerdotes. A Assembleia sinodal apresentou a proposta de que em algumas localidades remotas, desatendidas em relação à Eucaristia por muitos meses do ano, se possa chegar à ordenação sacerdotal de diáconos casados. Mas também destacou a urgência de se concentrar em um clero indígena. Alguns sugeriram a hipótese de seminários “indígenas”, outros de dar vida a um verdadeiro “rito amazônico”.

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Questões importantes e complexas que não devem ser usadas como “bandeiras”, mas sobre as quais, antes, somos solicitados a iniciar um longo trabalho pastoral e missionário. A Sir entrevistou um dos principais especialistas no tema dos sacerdotes e de sua formação. Trata-se do padre Zenildo Lima, reitor do Seminário da Amazônia de Manaus. O ponto de vista dele é duplamente importante. Primeiro, ele participou como protagonista de toda a fase preparatória do Sínodo na Amazônia brasileira e, como especialista, na Assembleia sinodal no Vaticano. Em segundo lugar, ele dirige um Seminário, aquele de Manaus, que agora já conta com a presença de vários indígenas que estão seguindo o caminho da ordenação presbiteral. Eis a entrevista. Como você avalia essa experiência no Sínodo? É necessário dar dois passos para trás, para abraçar não apenas o Sínodo vivido no Vaticano e, em particular, o Documento final, mas toda a jornada a partir de 2018. Pude participar de vários eventos. Devo dizer que a experiência foi surpreendente, principalmente por ouvir tantos interlocutores, começando pelos povos indígenas. O documento preparatório foi criticado por alguns do ponto de vista do fundamento teológico, mas, na realidade, respondia de forma muito sensível à primeira fase da escuta. Depois, trabalhamos arduamente no Sínodo. O rascunho inicial do Documento final recebeu muitas críticas e, na prática, foi reescrito, recebendo muitos no final grande consenso. Você pode nos falar sobre o Seminário que você dirige? É o local que cuida do processo de formação de candidatos ao sacerdócio de nove dioceses. Estas variam da arquidiocese de Manaus, uma metrópole de 2 milhões e 700 mil habitantes, às comunidades costeiras do grande rio Amazonas, até as Igrejas mais distantes, no interior da floresta. Atualmente, existem 52 seminaristas. Alguns vêm das cidades, mas também existem vários indígenas, provenientes das dioceses de Roraima e São Gabriel da Cachoeira, pertencentes a várias etnias. Atualmente, o curso é de sete anos, que se segue a um discernimento prévio realizado nos locais de origem, ocorre quase inteiramente em Manaus, os seminaristas voltam para casa apenas por períodos de férias. Mas estamos nos questionando sobre a oportunidade de mudar esse critério, para vincular mais os seminaristas à sua Igreja de origem.

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De que modo, então, o Sínodo influenciará a vida do Seminário? Ao dar prioridade à dimensão missionária. É uma ressonância que foi repetida ao longo do processo sinodal. Depois, há a questão do diálogo entre culturas da diversidade entre os que frequentam o Seminário. A diversidade é uma riqueza, não um problema, mas em nossas estruturas nem sempre é possível valorizá-la, temos um modelo fixo e rígido. No Sínodo, alguém propôs Seminários para os indígenas. O que você pensa a respeito? A questão central não me parece ser “com quem estão os indígenas”, mas “que estrutura eles encontram”. Na realidade, os próprios indígenas pertencem a muitas etnias e culturas diferentes. Eu não acho que seja um problema o fato de seminaristas indígenas e não nativos viverem juntos. Pelo contrário, é importante que o Seminário acolha e promova culturas diferentes. Buscamos conhecer as Igrejas de origem, é importante que o novo sacerdote se sinta inculturado e envolvido. Como realizar esse processo de inculturação? Tentamos introduzir alguns elementos da cultura indígena no plano de estudo, naturalmente ao lado do estudo da teologia e da filosofia. Mas devemos continuar procurando categorias próprias e específicas desses povos, dos quais temos muito a aprender. Penso, por exemplo, no chamado buen vivir, o “bem viver”, numa relação de harmonia e não de consumismo em relação à natureza. Durante o percurso sinodal, muitos indígenas me surpreenderam com seu pensamento, sua capacidade de ler a realidade. No fundo existe a questão da admissão no sacerdócio de homens casados. O que você pensa? E como essa possibilidade poderia mudar os percursos do discernimento e formação vocacional nos seminários? Como é sabido, o Sínodo solicitou ao Papa que aprovasse a possibilidade da ordenação dos chamados viri probati. Gostaria de enfatizar que este não é um pedido abstrato. A referência é às realidades que já existem. Nas comunidades mais distantes da Amazônia, onde os sacerdotes raramente chegam, já existem guias e pontos de referência reconhecidos. Em suma, os possíveis candidatos já existem, não teremos muito trabalho a fazer nesse sentido. Quanto ao perfil dessas pessoas e à adequação dessa escolha, pode-se ter dificuldades em centros urbanos, como na própria Manaus. No contexto urbano, a referência ao sacerdote celibatário é algo forte.

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Não existe o risco de que essa via de acesso ao sacerdócio negue o esforço de ter um clero indígena celibatário? Não vejo duas realidades conflitantes, mas dois caminhos possíveis. Vamos começar com um fato: existem muito poucos sacerdotes indígenas. Dito isto, é claro que a animação vocacional, mesmo entre os indígenas, é importante. E ninguém no Sínodo questionou o sinal profundo do celibato. Entre os indígenas, no entanto, o sinal de liderança local também é importante. E a questão de seu acesso à Eucaristia é central. Eu acredito que exista a possibilidade de pensar em diferentes maneiras de exercício. Um verdadeiro “rito amazônico” também foi proposto. É uma possibilidade? No começo, eu também pensava assim ... no entanto, os ritos não nascem em primeiro lugar dos Sínodos, mas partem da história, das estruturas, de tradições precisas. Pessoalmente, considero que ainda há medidas a serem tomadas, não creio que os tempos já tenham amadurecido. Mas, de qualquer forma, continua sendo uma possibilidade. Enquanto isso, se não for o caso de mudar o rito, sempre podemos mudar o estilo!

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A IMPORTÂNCIA DE RESPONDER À VIDA MISSIONÁRIA EM NOSSAS COMUNIDADES

Pároco Pe. Alberto Rypel, sdb, escreve este artigo sobre o processo de evangelização na Paróquia São José Operário-Leste. Não é por acaso que o Papa Francisco escreveu como sua primeira Exortação Apostólica sobre o anúncio do evangelho do mundo atual: “A Alegria do Evangelho”, convocando toda a Igreja a transformar-se em uma Igreja em saída e colocar todas as comunidades em missão permanente. Não é difícil perceber que as necessidades da missão no mundo de hoje são desafiadoras. Por isso há maior importância da espiritualidade missionária no meio de nós. Neste sentido ajuda-nos a compreender nossa missão, quando vemos Jesus que é enviado do Pai e que abraça um projeto com amor e dedicação, que faz de sua vida uma missão, construindo o Reino de Deus. Neste envio percebemos em vários momentos da sua vida, por exemplo, a oração na sinagoga em Nazaré “O Espirito do Senhor está sobre mim ele me enviou e me consagrou” (Is. 61, 1). Em suas andanças de povoado a povoado, dando-nos as claras, provas de que é necessário ir ao encontro com as pessoas, “encontro como uma samaritana que promete a agua viva”, que sacia qualquer sede, que cura os doentes, expulsa os maus espíritos, transforma o mundo fazendo a todos o bem. O que se percebe em algumas comunidades, antes de tudo, é preciso resgatar a dimensão missionária da pastoral. Como fazer isso? As próprias dicas encontramos na Sagrada Escritura “Eu mesmo vou reunir o que sobrou das

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minhas ovelhas e não se preocupem com elas” (Jr. 23,3). Jesus deixa noventa e nove no campo para ir atrás da ovelha que se perdeu, até encontrá-la e com muita alegria a coloca nos ombros. Encontramos importantes dicas nos seguintes documentos da Igreja: Ad gentes, Redemptoris missio; Documento de Aparecida, Evangeli Gaudium ou também em várias diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja. O documento de Aparecida diz que toda a pastoral tem que ser missionária e que suas marcas profundas, em primeiro lugar existem para defender a vida, conseguir ajudar aos outros, descobrir os valores da dignidade da vida, tanto por meio das visitas nas casas, dando-se conhecer, fazendo também amizades, convidando os afastados a voltarem a participar na comunidade, como também nas caminhadas nas ruas, manifestando diante dos outros a nossa fé e refletindo sobre os valores do evangelho, tendo coragem de manifestar o que sentimos e pensamos, lutando em defesa da vida e contra qualquer tipo de violência, desejando melhorias na educação e reivindicando melhor atendimento na área da saúde, tudo em profunda comunhão com Jesus de Nazaré. Em nossas comunidades a espiritualidade missionária ajuda a quebrar tudo o que não dá fruto para a evangelização. Em primeiro lugar, experimentar a igualdade e solidariedade por meio destas atitudes conseguiremos vencer as barreiras entre as pessoas, sabendo estar a serviço da vida, colocando-se no lugar do outro, e assim descobrimos novos caminhos tornando-nos mais criativos. Pensando sobre pastoreio, é que o próprio Espírito do Senhor caminha na frente e leva o seu rebanho às verdes pastagens. É o próprio Jesus de Nazaré, que abre a mente e o coração das pessoas que caminham com coragem e amor.

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“Saiamos, saiamos para oferecer a vida de Jesus Cristo!” Eis o grande apelo do Papa Francisco na sua Exortação Apostólica, ele deseja para que todos os cristãos católicos tomassem com alegria esta nova proposta evangelizadora. A Paróquia São José Operário, localizada na zona leste de Manaus, tomou estas palavras como prioridade em seu trabalho pastoral, acordado em Assembleia Paroquial como objetivo principal e escolhendo em 2015 como a metodologia principal, as Santas Missões Populares. As Santas Missões Populares tornaram-se um eixo de todas as pastorais, preparando toda a Paróquia para que seja missionaria, por meio dos três belíssimos retiros abertos para todos, estudos da bíblia principalmente dos evangelhos, indo nas casas, visitando pessoas em todas as ocasiões, realizando grupos de reflexão, organizando os dias missionários, caminhadas nas ruas, realizando encontros de oração nas praças, como também vivenciando grande semana missionaria, tudo isso em um grande processo de mudança pastoral, que favorece a subjetividade e a consciência missionaria em diversos membros das comunidades. É importante que os missionários quando voltam da missão partilhem contando as experiências vividas, “os setenta e dois voltaram cheios de alegria”(Lc 10,17), partilhando com o Mestre suas vivências. O Discípulo missionário voltando a comunidade a enriquece com experiência vivida. A paróquia São José Operário Leste continua sua experiência com os vários missionários, acreditando e apostando neste trabalho que hoje a Igreja propõe. Colocando em prática a realização dos dias missionários com especial animação. Por exemplo, no último domingo de cada mês em uma das comunidades, cedo os missionários começam com a oração, ofício Di-

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vino depois tomam o café partilhado, em seguida são enviados em dois ou três, as vezes em maior número, cada missionário já sabe para qual lugar será dirigido, visitando todos quem moram, trabalham ou estudam naquela área. Depois voltam ao almoço comunitário, descansando e em seguida continuando as visitas a tarde para aqueles que não foram visitados pela manhã, e a noite temos a celebração eucarística com todos as famílias visitadas. Após a celebração temos a noite cultural, onde todas as forças da paroquia se fazem presentes, como por exemplo as crianças com seu balé, os jovens com seus cantos, músicas, danças, teatro, ou também com poemas como este: Nós somos discípulos missionários, Comunidade Eclesial Onde O Cristo Palavra Faz-se a descoberta de seu amor. Nós somos discípulos missionários Vivendo no diálogo, na fé e na razão Conscientes da nossa missão Caminhamos juntos chamando irmãos Queremos transformar a sociedade vivendo em comunhão. Nós somos discípulos missionários Todos juntos vencemos a corrupção Queremos segurança, saúde, educação. Não queremos ser descartáveis, indiferentes da cultura da exclusão. Nós queremos igualdade, prosperidade e bem-estar. E tudo isso nós conseguimos por meio da evangelização Que vem do nosso Pai. Nós somos discípulos missionários Que organizam, que humanizam que faz sentido a todo cristão.

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ACONTECEU CONFRATERNIZAÇÃO NATALINA DOS COLABORADORES DO CENTRO JUVENIL DE SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA Um dia festivo e fraterno na qual os colaboradores do Centro Juvenil Salesiano de São Gabriel comemoraram sua confraternização de natal realizada na última quinta-feira, dia 26/12 no sítio Dom Bosco em São Gabriel da Cachoeira/AM, familiares dos colaboradores também participaram da programação. Padre Ronyvon Batista presidiu a ce-

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lebração eucarística onde refletiu e motivou a todos falando que: o natal em família é o essencial desta festa, onde se fortalece os laços de amizade e alimenta a fé cristã, fazendo-nos crescer na vida espiritual tomando consciência de solidariedade e partilha. Além da celebração eucarística, ao longo do dia houve dinâmica, entrega de presentes e muito lazer.


CONSELHO INSPETORIAL REALIZA ÚLTIMA REUNIÃO DO ANO Na manhã de quarta-feira, 04/12, o Conselho Inspetorial concluiu sua última reunião do ano de 2019. Na pauta diversos assuntos relativos à missão Salesiana na Amazônia. O Sr. Ulrich Kny, chefe do setor América Latina II, e Sra. Milena Vicintin Barbosa, do setor de comunicação da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS), apresentaram aos conselheiros o trabalho realizado pela AIS e as possíveis parcerias para o futuro.

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Fundada em 1947, pelo Padre Werenfried van Straaten, a AIS é uma organização que apoia projetos de cunho pastoral em países onde a Igreja Católica está em dificuldades. Nesta sessão do Conselho Inspetorial, o Padre Inspetor, Jefferson Luis, agradeceu ainda, aos padres Alzimar Farias, José Reginaldo e Justino Sarmento, que concluem o serviço como membros do conselho inspetorial.


ENTREGA DOS PEDIDOS PARA A PRIMEIRA PROFISSÃO RELIGIOSA

Na manhã do dia 22 de novembro de 2019, ocorreu no noviciado Sagrado Coração de Jesus, em Barbacena (MG), a entrega dos pedidos para a admissão à Primeira Profissão Religiosa dos noviços de Belo Horizonte (BBH), Campo Grande (BCG) e Manaus (BMA), na mesma celebração também os pré-noviços de Belo Horizonte entregaram o pedido de admissão ao noviciado, e o tirocinante Giovani do Carmo para a renovação dos votos e o início dos estudos teológicos.

Os noviços e o tirocinante realizaram uma manhã de retiro conduzida pela Fabiane, instrutora das oficinas de Oração e Vida. Os pré-noviços estavam desde terça feira (19), em retiro anual conduzido pelo padre Adalberto Alves de Jesus. A Celebração Eucarística de conclusão desses dois momentos de retiros foi presidida pelo padre Sedney Manja, Delegado Inspetorial para a Formação e concelebrada pelos formadores da casa do noviciado.


ENCONTRO MISSIONÁRIO DA JUVENTUDE Nos dias 22, 23 e 24 de novembro aconteceu na Comunidade de Conceição do Uruá, Área Missionária de Manicoré-AM, o Encontro Missionário da Juventude. No dia 23/11, a comunidade reuniu adolescentes e jovens para a formação sobre Jesus Cristo a partir das Bem-Aventuranças (Mt 5, 1-12) e a Pregação na Sinagoga (Lc 4, 16-21). Em seguida, os participantes saíram em visitas em outras comunidades para conhecer e animar as famí-

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lias cristãs da área do Rio Madeira, fronteira entre Manicoré e Novo Aripuanã. É a primeira experiência realizada nessa região, muito gratificante para os adolescentes e jovens que acompanham o pároco com a Bíblia em mãos fazendo visitas às comunidades e participando do momento de oração com as famílias anunciando a Palavra de Deus! Afirmou padre Reginaldo Barbosa, pároco e diretor da comunidade salesiana de Manicoré.


FESTA DE ENCERRAMENTO DO ANO NO PRÓ-MENOR DOM BOSCO Mais um ano que se vai e o Pró-Menor Dom Bosco em Manaus, realizou suas atividades de encerramento do ano letivo com muita festa e animação. As atividades seguiram desde o dia 18 até 22/11 no auditório da Instituição com destaque para a festa das empresas parceiras, realizada na terça-feira (19/11). As turmas dos diversos cursos prepararam apresentações como música, poesia, dança, depoimentos e vi-

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deoclipe, além das animações para agitar quem esteve presente. Na festa das empresas, participaram autoridades e representantes, padre Felipe Bauzière, diretor do Pró-Menor Dom Bosco mostrou em slides a Instituição na Zona Leste de Manaus, onde no próximo ano o Pró-Menor inicia suas atividades. Concluindo as festividades todos os presentes receberam certificado de reconhecimento da Instituição.


NOVIÇOS PROMOVEM O V ACAMPBOSCO Mais de cem jovens vindos das cidades de Campos, Estado do Rio de Janeiro, Astolfo Dutra, Ervália, São João Del Rei e Barbacena, de Minas Gerais, estiveram presentes na quinta edição do AcampBosco, entre os dias 14 e 17 de novembro, na Casa de Retiro dos salesianos em Barbacena-MG. O encontro foi organizado pelos noviços das inspetorias de Belo Horizonte-BBH, Campo Grande-BCG e Manaus-BMA. Orientado pelo professor de pastoral juvenil, padre

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Romeu Dias, SDB e por Giovani do Carmo, SDB. O tema do encontro foi “Dom Bosco e a Santidade Salesiana”, e o lema: “Santidade é alegria”. A bibliografia de referência foi “Vidas de Jovens”, livro escrito por São João Bosco. Os dias foram intensos, com muita animação, oração, encontro com Deus, formação e gincana. Os jovens deixaram a casa entusiasmados e ansiosos pela próxima edição do AcampBosco.


DOM BOSCO LESTE REALIZA SEU VIII SARAU LITERÁRIO

O Colégio Salesiano Dom Bosco Leste (CDBL), de Manaus realizou o VIII Sarau Literário, no mês de outubro (25/10) com um tema, Juventude e o seguinte lema; “Diga ao mundo que sou jovem”. A referência ao tema foi desenvolvida através da ação missionária de nosso patrono Dom Bosco, reconhecido pelo mundo como pai e mestre da juventude, pois sempre demonstrou seu sentimento e dedicação aos jovens. Através desse forte elo com os jovens deu criação a missão

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de guia-los ao caminho certo: “Deus nos colocou no mundo para os outros”. (Dom Bosco) As apresentações contaram com a participação dos alunos e professores que abordaram diversos subtemas envolvendo os dilemas, metas e objetivos que a nossa juventude atual vem enfrentando. Com encenações, declamações de poemas e poesias, danças e muita musicalidade a noite da atração foi realizada com enorme alegria.


CONGRESSO SOBRE PREVENÇÃO DE ABUSO DE MENORES Entre os dias 6 e 9 de novembro, aconteceu na cidade do México o Congresso Latino-americano sobre a prevenção de abuso de menores. Cerca de 489 pessoas participam do congresso entre leigos, religiosos, religiosas, padres e bispos de diversos países. Ao longo desses dias, várias reflexões foram apresentadas sobre medidas protetivas, reparadoras e formativas quanto a proteção de abusos no interior da Igreja e da sociedade. Renomados especialistas como Amadeo Cencini, Dom Charles Scicluna, Dr. Hans Zollner e Dom Luís Manuel Ali Herrera, estiveram entre os conferencistas e defenderam uma política de “tolerância zero” com os abusos, iniciadas com um sério acompanhamento dos futuros clérigos, religiosos, religiosas e lei-

gos que trabalham com menores. Um dos momentos mais emocionantes do Congresso foi a celebração do perdão e os testemunhos de vítimas e sobreviventes de abusos cometidas por clérigos. Em um dos discursos, Padre Amadeo Cencini enfatizou: “O escândalo de poucos é o resultado da mediocridade de muitos”. Um significativo grupo de brasileiros participa do Congresso. Padre José Ivanildo, representa a Inspetoria São Domingos Sávio no evento. O Congresso é sediado na Universidade Pontifícia do México, com a realização do CEPROME - Centro de Investigação e formação interdisciplinar para a proteção de menores e tem o apoio da Universidade Pontifícia do México e Pontifícia Universidade Gregoriana.


INSPETORES DA REGIÃO DO CONE SUL SE REÚNEM EM CAMPO GRANDE-MS Em meio a despedidas, emoções e muito trabalho, está acontecendo em Campo Grande-MS a Reunião Regional de Inspetores Cone Sul. O encontro iniciado no dia primeiro de novembro será concluído, hoje 05/11. O foco da reunião está na composição de documentos para a congregação, na avaliação do trabalho realizado neste ano e dos projetos que as Inspetorias mantêm em conjunto, e na projeção para o ano 2020. O encontro teve na noite do dia (04/11), o lançamento do IV volume das Memórias Biográficas de Dom Bosco, traduzido para o por-

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tuguês. A cerimônia aconteceu na Universidade Católica Dom Bosco, na cidade local. Padre Ángel Fernández Artime, o Reitor-mor, participa do encontro nos dias 04 e 05/11. A reunião, a última deste sexênio, marca o fim do período de padre Natale Vitali como Conselheiro Geral para a Região do Cone Sul. Da mesma forma, os Inspetores de Argentina Sul, de Belo Horizonte-MG, de Campo Grande-MS e de Porto Alegre-RS também encerram seus ciclos à frente de suas Inspetorias.



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