Alfabetizacao de crianças e adultos

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João Batista Araujo e Oliveira

Alfabetização

de crianças e adultos: novos parâmetros


Alfabetização de crianças e adultos: novos parâmetros 9a edição – 2010 Copyright © 2008 by JM Associados – Cedido ao Instituto Alfa e Beto Autor: João Batista Araujo e Oliveira Presidente, Instituto Alfa e Beto Coordenação Editorial: Micheline Christophe Projeto Gráfico: Usha Velasco Produção Gráfica: Vila Velasco Comunicação Direitos reservados ao Instituto Alfa e Beto. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem o consentimento por escrito do instituto. Instituto Alfa e Beto SCS Quadra 04 Bloco A nº 209, Sala 303 - Ed. Mineiro CEP: 70.304-000 - Brasília – DF Fone: 0800-940-8024 Site: www.alfaebeto.org.br – E-mail: iab@alfaebeto.org.br

ISBN 978-85-61565-12-8 Impresso no Brasil Printed in Brazil Impressão e acabamento: Gráfica O Lutador

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Oliveira, João Batista Araujo e Alfabetização de crianças e adultos: novos parâmetros. / João Batista Araujo e Oliveira – Belo Horizonte: Alfa Educativa, 2004. 104p. Bibliografia. 1. Alfabetização. 2.Alfabetização – Programas. 3.Alfabetização (Educação de adultos). 4. Alfabetização (Educação infantil). I. Título. 04-2809

Índices para catálogo sistemático: 1. Alfabetização: Programas, métodos e materiais: educação 372.41

CDD-372.41


Sumário

Prefácio................................................................................................................................................9 Introdução..........................................................................................................................................13 Parte I – Colocando as ideias no lugar: os conceitos

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11.

As dez descobertas que abalaram o mundo da alfabetização..................................................19 O que é alfabetizar........................................................................................................................21 Alfabetizar não é natural nem sobrenatural...............................................................................23 Ler e compreender são competências cognitivas diferentes.....................................................25 Aprender a ler e ler para aprender.............................................................................................29 Alfabetização e letramento..........................................................................................................33 Competências, requisitos, pré-requisitos....................................................................................37 Existem estágios naturais na aprendizagem da escrita?.............................................................41 As quatro dimensões da escrita...................................................................................................43 Por que aprender a escrever é mais difícil do que aprender a ler..........................................45 Como o cérebro aprende a ler...................................................................................................47

Parte II – Passando a pedagogia a limpo: programas, métodos e materiais de alfabetização

12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24.

As competências da alfabetização..............................................................................................53 Alfabetização e pobreza: implicações para o currículo............................................................57 Afinal, o que são métodos fônicos?...........................................................................................59 Números que todo alfabetizador deve conhecer......................................................................61 Materiais para alfabetizar: diferentes materiais para diferentes objetivos...............................65 Materiais para alfabetizar: cartilhas para desenvolver decodificação.......................................67 Materiais para alfabetizar: variedade de textos para desenvolver compreensão....................71 Reabilitando os proscritos: memorização..................................................................................73 Reabilitando os proscritos: caligrafia.........................................................................................75 Reabilitando os proscritos: ditado.............................................................................................77 Reabilitando os proscritos: cópia...............................................................................................79 Os desafios da alfabetização de adultos....................................................................................81 Paulo Freire e os métodos de alfabetização.............................................................................83

Parte III – Um convite ao debate e à ação

25. O que sabemos sobre os resultados da alfabetização no Brasil..............................................87 26. O que há de errado com os PCNs.............................................................................................89 27. Dos PCNs à Ciência Cognitiva da Leitura: um convite ao debate e à ação............................91 Bibliografia.........................................................................................................................................95 Anexo – Sugestões para elaboração de um programa de ensino de alfabetização......................97


Introdução 1. O livro e o leitor Este livro destina-se a professores alfabetizadores e seus formadores, especialistas em alfabetização e, de modo especial, aos responsáveis, no mundo acadêmico, profissional e nos órgãos governamentais, pela formulação de políticas, currículos e programas de alfabetização. Mas também poderá ser lido com proveito por educadores e pais comprometidos com a alfabetização de seus filhos. E certamente deverá interessar aos que se dedicam à produção, análise e avaliação de materiais didáticos para a alfabetização de crianças e adultos. O livro tem como objetivo principal proporcionar ao leitor informações objetivas e atualizadas baseadas nos conhecimentos científicos que caracterizam a moderna Ciência Cognitiva da Leitura e que vêm servindo como parâmetro para orientar a formulação das políticas e programas de alfabetização em todo o mundo. É inevitável que um dia isso também venha a ocorrer no Brasil. A maioria dos leitores vai se surpreender com os conceitos, informações e implicações apresentados neste livro. Eles se contrapõem, quase sempre frontalmente, ao que é veiculado em documentos oficiais como os PCNs de Alfabetização – os chamados Parâmetros Curriculares Nacionais –, em livros e publicações disponíveis nas bibliotecas universitárias e usadas em cursos de formação e de capacitação de alfabetizadores. Apesar disso, não se trata de um livro polêmico. As ideias aqui apresentadas gozam de um elevado nível de consenso na comunidade científica em todo o mundo. Essa comunidade é formada pelos estudiosos e pesquisadores que publicam e leem as revistas científicas e profissionais de maior circulação e reputação acadêmica na área. As publicações veiculam estudos realizados a partir de critérios científicos rigorosos e representam o que se considera o estado do conhecimento atual sobre alfabetização. Os fatos científicos apresentados nessas publicações e no presente livro são verificados e verificáveis pelo uso de métodos de investigação e formas de comunicação estabelecidas e aceitas pela comunidade científica internacional. As referências bibliográficas que sustentam as afirmações e argumentos encontram-se no último capítulo. O estilo usado nos vários ensaios e a linguagem clara que se procurou adotar propiciam ao leitor instrumentos e ferramentas para que cada um faça, com sua própria inteligência e vontade, uma reflexão crítica. Ou, para usar a linguagem de Paulo Freire, uma “releitura de mundo” do mundo da alfabetização. Essa releitura permitirá ao leitor analisar criticamente informações e conhecimentos que, mesmo vindo de autoridades governamentais ou ensinados em universidades brasileiras, não contam com respaldo científico.

2. Estrutura O livro está dividido em três partes. Na primeira parte, são apresentados alguns dos conceitos básicos e mais importantes para a compreensão do fenômeno em estudo: o que é alfabetizar, o que diferencia ler e compreender, a distinção entre alfabetização e letramento, as características diferenciais da leitura e escrita, os estágios de aprendizagem, como o cérebro aprende a ler. No processo de discutir esses conceitos, estão apresentados os principais fatos científicos estabelecidos pelas contribuições da Ciência Cognitiva da Leitura e indicadas áreas onde ainda existem incertezas e controvérsias. 13


Parte I Colocando as ideias no lugar: os conceitos


1. As dez descobertas que abalaram o mundo da alfabetização

“A função do intelectual consiste em distinguir criticamente aquilo que se considera uma aproximação satisfatória do próprio conceito de verdade.” Umberto Eco (Cinco Escritos Morais) Em diversos setores da vida econômica e social, nós, brasileiros, estamos entre os mais atualizados do mundo. Na moda, nos cosméticos, nas dietas, nos celulares, no treinamento de atletas, estamos entre os primeiros a incorporar os conhecimentos científicos, tecnológicos e técnicos. Modernas técnicas usadas em medicina, especialmente neurologia e neurolinguística, vêm sendo empregadas para desvendar os mistérios da alfabetização. Por que somos tão abertos a inovações científicas em outras áreas, mas tão resistentes quando se trata da alfabetização? Nos últimos anos, pedi a colegas de vários países do mundo para resumir o que eles consideram os dez avanços mais importantes sobre alfabetização, reconhecidos pela comunidade acadêmica internacional no seio do que se convencionou chamar de Ciência Cognitiva da Leitura. Houve consenso, mas o melhor resumo me foi enviado por José Morais, um dos maiores especialistas em alfabetização da atualidade.2  A leitura da lista pode parecer um pouco insípida; entretanto, não é preciso se preocupar em entender tudo da primeira vez. O leitor encontrará explicações e exemplos ao longo do livro para melhor compreender por que essas descobertas revolucionaram aquilo que sabemos sobre alfabetização. Com algumas adaptações, transcrevo a seguir a lista das “dez mais”: 1. O cérebro lê letras. As letras são tratadas por estruturas cerebrais de grande especificidade funcional. Há redes neuronais específicas para o tratamento das letras – diferentemente de números, desenhos ou sentido das palavras. 2. O cérebro também representa unidades intermediárias entre a letra e a palavra, como sílabas, dígrafos, sufixos, desinências, etc. 3. Existe uma área específica no hemisfério esquerdo do cérebro que é responsável pela codificação ortográfica. Esse registro é feito independentemente da informação ortográfica representar ou não uma palavra e supõe-se estar em estreita conexão com as representações fonológicas correspondentes à informação ortográfica. 4. O cérebro identifica uma palavra usando informações de natureza ortográfica e fonológica. No entanto, 2

A reputação científica é avaliada pela qualidade das contribuições de um cientista. Essa qualidade, por sua vez, é fortemente relacionada às publicações científicas em revistas de circulação internacional e às referências e citações de um autor pelos colegas. José Morais, professor da Universidade Livre de Bruxelas e membro do Observatório Nacional de Leitura da França, publicou mais de cem artigos científicos na área de alfabetização, tendo feito contribuições significativas no campo da neurolinguística. Um de seus livros, A Arte de Ler, está publicado em português.

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ele processa primeiro a informação ortográfica, e o faz de forma inconsciente. 5. As representações ortográficas e fonológicas são interconectadas e sustentadas por redes de neurônios. 6. O princípio alfabético: as letras do alfabeto (grafemas) não representam sons; elas representam fonemas. 7. O princípio alfabético é o primeiro passo para a aprendizagem da leitura e constitui o fator que melhor prediz o desempenho de leitura. Sem dominar o princípio alfabético, é impossível ler palavras novas. 8. A consciência fonêmica, isto é, a capacidade de identificar intencionalmente e explicitamente fonemas na fala, está fortemente relacionada com o desempenho posterior em leitura. 9. Descobrir o princípio alfabético (o “estalinho”) é diferente de dominar o código alfabético, já que esta última habilidade implica conhecer as regras de funcionamento do conjunto das correspondências grafema-fonema. 10. A decodificação é essencial para a automatização do processo de leitura, ou seja, para identificar palavras escritas rapidamente e sem esforço. Essas são apenas dez – talvez as dez mais importantes descobertas que constituem o corpo de conhecimentos do que hoje se denomina Ciência Cognitiva da Leitura. Esse conjunto de conhecimentos nos possibilita uma noção bem mais precisa sobre como aprendemos a ler, quais as competências envolvidas nesse processo e como devemos ensinar os alunos a ler. Os conhecimentos sobre os processos de ensino e aprendizagem da escrita são menos desenvolvidos, mas intimamente relacionados com os procedimentos da leitura. Essas descobertas têm levado a estudos cada vez mais aprofundados não apenas sobre como aprendemos a ler e escrever, mas também sobre as formas mais eficazes de ajudar crianças e adultos a ler e escrever. Hipóteses e teorias linguísticas e científicas que não foram confirmadas – como as apresentadas nos PCNs – tornaram-se superadas e foram substituídas por explicações mais adequadas. Muitas ideias e explicações que ainda circulam amplamente no Brasil foram descartadas após rigorosos procedimentos experimentais – a exemplo das ideias dos linguistas Goodman e Smith sobre a leitura como um jogo de adivinhações, ou da teoria da psicogênese da escrita como um jogo de levantamento de hipóteses. Retomaremos essa discussão, de forma mais organizada, no Capítulo 26, depois que o leitor estiver mais familiarizado com conceitos relevantes que permitem compreender, por si só, em que reside a essência da alfabetização.

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2. O que é alfabetizar

“Somente as palavras contam, o resto é falatório. Os hábitos linguísticos são sintomas de sentimentos não expressos.” Ionesco Anualmente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza uma pesquisa em cem mil residências. O entrevistador pergunta se cada uma das pessoas da casa sabe ler e escrever. Para tanto, indaga se a pessoa sabe ler, escrever e compreender um bilhete simples. Pergunte nas Secretarias de Educação e entidades não governamentais qual o objetivo de seus programas de alfabetização de adultos. As respostas tenderão a convergir: alfabetizado é quem sabe ler e escrever, quem sabe identificar corretamente uma palavra escrita e dizer o que está escrito, quem sabe ouvir uma palavra e escrevê-la corretamente. A definição popular pode não ser totalmente precisa, mas está mais perto da verdade do que muitas outras que tornam equivocadamente complexo e obscuro o conceito de alfabetização. Todo mundo fala em alfabetizar adultos e tudo indica que as pessoas se entendem. Ninguém fala em letramento de adultos – embora todos concordemos que adultos precisem ser letrados. Mas quando falamos de alfabetização de crianças, no Brasil, arma-se um confusão digna da Torre de Babel. Somente as palavras contam – daí ser necessário objetividade e precisão para que um diálogo possa ser frutífero. Alguns conceitos nos ajudam a ter mais clareza sobre o tema. Alfabetizar refere-se ao alfabeto. O alfabeto é um código, ou seja, um mecanismo de conversão de um código de comunicação oral em outro tipo de registro, o registro escrito. O que o alfabeto codifica? O alfabeto codifica os fonemas (as menores unidades subjacentes aos sons) em sinais, chamados grafemas (letras). Mais precisamente: o alfabeto codifica fonemas3 em grafemas. Para definir alfabetização, temos que levar em conta o fenômeno que lhe dá origem e que se refere a uma atividade relacionada à decifração de um código. Essa atividade se chama decodificar, compreender as regras que regem o funcionamento desse código. Decodificar consiste em aprender a transformar fonemas em grafemas. A especificidade da alfabetização, como definida por José Morais, reside em extrair a pronúncia ou o sentido de uma palavra a partir de sinais gráficos (ou seja, a capacidade de ler) e em codificar graficamente os sons correspondentes a uma palavra (ou seja, a capacidade de escrever). O que é específico à alfabetização não é a compreensão do sentido da palavra; isso o leitor já traz para a leitura a partir de seus conhecimentos e experiências anteriores. O que é específico é a capacidade de identificar a palavra.

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Quando os gregos criaram o alfabeto eles tinham a intuição, mas não conheciam o conceito de fonema, desenvolvido apenas no século XIX, mais precisamente em 1870, por Beaudoin de Courtenay (Scliar-Cabral, in Automatic and Creative Skills in Reading, Ilha do Desterro, 1989, 21, 97-113). As palavras são compostas por letras. As palavras têm sons, mas as letras representam fonemas – o próprio termo “consoante” revela que o som das não-vogais depende de outras letras. Fonema é uma abstração do som representado pelas letras – quando digo ba/be/ bi/bo/bu, posso abstrair um som comum à letra b. O desafio do aluno é descobrir a lógica dessa abstração e combinar consoantes com vogais para produzir o som da palavra. Há discussão entre especialistas sobre a forma prática de ensinar um conceito tão abstrato. Alguns autores consideram inadequado dizer que as letras têm som, embora não especifiquem como isso deva ser feito. Outros, embora reconhecendo que som e fonema são coisas diferentes, sugerem como eficaz a prática de ajudar os alunos a identificar o “som” das letras para poder realizar a síntese – que leva à decodificação. Neste livro usaremos livremente o termo som como sinônimo de fonema, apenas para facilitar a leitura e a compreensão. Mas o leitor deve se considerar alertado para a distinção. Para maiores detalhes e implicações teóricas e práticas ver as obras de Miriam Lemle e Leonor Scliar-Cabral, citados no final deste livro.

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O entendimento desse conceito é vital para o progresso dos conhecimentos teóricos e práticos sobre alfabetização. Ignorar a especificidade da decodificação, confundindo o processo com o objetivo (que é a compreensão, o letramento) resultou em descaminhos que até hoje impedem o avanço das políticas e práticas de alfabetização no Brasil. Reduzir a alfabetização à decodificação é perder de vista o objetivo em detrimento do processo. Se é correto dizer que alfabetizar (ensinar a ler) é ensinar a decodificar, isso não significa que ler se resuma a decodificar. Felizmente, os modelos teóricos e propostas de alfabetização existentes raramente se limitam ao ensino da decodificação. Reconhecer a especificidade da decodificação como central ao processo da alfabetização traz importantes implicações teóricas e práticas que são discutidas em outros capítulos deste livro. Examinemos, antes de prosseguir, por que aprender a decodificar é importante. O bom leitor não lê decodificando; ele identifica as palavras automaticamente, “bate o olho” e lê. Mas, para chegar a isso, ele precisa primeiro aprender a decodificar, pois esta é a forma que lhe permite descobrir o som característico de cada palavra, a partir dos fonemas que a constituem, e, a partir daí, reconhecer-lhe o sentido. Pela exposição repetida à palavra e mediante o esforço de decodificação, ele cria imagens da palavra no cérebro – o que leva à decodificação automática. Há outras formas de identificar palavras – decorando sua forma e associando-a ao som, por exemplo. Mas essas formas são muito ineficientes. A decodificação é o único mecanismo pelo qual o leitor pode ler qualquer palavra; basta usar as regras de decodificação. Só através do domínio da decodificação é possível formar um leitor autônomo. No processo de alfabetização, a decodificação ocupa lugar central. Mas isso é apenas o processo. Esse processo é melhor sucedido quando acompanhado por métodos e materiais adequados e tem menos sucesso quando se exige do aluno, ao mesmo tempo e a partir de textos inadequados, que preste atenção às múltiplas dimensões da linguagem, perdendo a concentração e o foco no processo. Mas isso não basta, pois o objetivo da alfabetização não é ensinar a pessoa a ler palavras, mas a compreender textos, a partir da leitura de textos e contextos. Termos como alfabetização funcional, leitura de mundo e letramento são usados por diferentes autores para enfatizar esse aspecto do ensino da leitura e escrita – que, de resto, não se esgota nem substitui a importância da alfabetização. E, por sua vez, depende de outras competências, como o desenvolvimento de fluência, vocabulário e a aquisição de técnicas de compreensão de leitura. Mas isso é assunto para outros capítulos.

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