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PROJETOs INTEGRADORES
CIÊNCIAS DA
NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Aline Regina Ruiz Lima
Graduada em Biologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) – Campus de Botucatu. Mestre e Doutora em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP e Pós-doutora em Ciências da Saúde. Especialista em Metodologias Ativas para uma Educação Inovadora pelo Instituto Singularidades de São Paulo. Professora de Ciências na rede privada de São Paulo e orientadora de programa voltado para Iniciação Científica Júnior.
Marly Machado Campos
Licenciada em Física pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Metodologias Ativas pelo Instituto Singularidades de São Paulo. Coordenadora do laboratório de Física e criadora do currículo STEAM na rede privada de São Paulo.
Paula Ariane da Silva Moraes
Graduada em Artes Visuais, Pintura, Gravura e Escultura pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Mestre em Design pela Universidade Anhembi Morumbi. Especialista em Arte e Educação pela ECA-USP. Professora na rede privada de São Paulo. 1a edição, São Paulo, 2020
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Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei no 9.610, de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.
© 2020 by Universo dos Livros Diretor editorial: Luis Matos Gerente editorial: Marcia Batista Coordenação editorial: Cultura Escrita – Alessandra Corá/ M10 Editorial – Wellington Oscar Assistentes editoriais: Letícia Nakamura e Raquel F. Abranches Equipe M10 Editorial Projeto gráfico de capa e miolo: Thais Ometto Edição: Mônica Vendramin Fernanda Azevedo Produção editorial: Fernanda Azevedo Vanessa Dionello Coordenação da diagramação: Eduardo Enoki Diagramação: Fanny Sosa Preparação e revisão: Brenda Silva Jéssica Silva Ilustrações: Alexandre Romão Iconografia: Eduardo Enoki
Dados C214p
Internacionais de Catalogação na Publicação Angélica Ilacqua CRB-8/7057
(CIP)
Campos, Marly Machado Projetos integradores : Integrando saberes : Ciências da Natureza / Marly Machado Campos, Paula Ariane da Silva Moraes e Aline Regina Ruiz Lima. –– São Paulo : Universo dos Livros, 2020. 200 p. : il., color. Bibliografia
ISBN: 978-85-503-0498-4 1. Ciências naturais - Estudo e ensino 2. Ciências (Ensino Médio) I. Título II. Moraes, Paula Ariane da Silva III. Lima, Aline Regina Ruiz 20-1277
CDD 507
Universo dos Livros Editora Ltda. Avenida Ordem e Progresso, 157 – 8o andar – Conj. 803 CEP 01141-030 – Barra Funda – São Paulo/SP Telefone/Fax: (11) 3392-3336 www.universodoslivros.com.br e-mail: editor@universodoslivros.com.br Siga-nos no Twitter: @univdoslivros
APRESENTAÇÃO
O trabalho com projetos possibilita a busca de soluções para problemas reais e contribui para o desenvolvimento do protagonismo, da criatividade e da cooperação. As etapas principais do trabalho com projetos envolvem planejamento, pesquisas, testes, revisão e alterações no plano inicial até que se chegue a uma solução viável. Então, novamente, análise e aprimoramento da solução. Essa é a rotina para resolver problemas e elaborar soluções que poderão ser desde um novo produto até uma apresentação expositiva. Assim, seu livro instigará você a ampliar seus conhecimentos de forma integrada, visando lançar desafios que proporcionem momentos de reflexão e cooperação entre alunos e professores. Aproveite cada projeto para fazer perguntas, buscar incansavelmente respostas e desenvolver seu senso crítico. Esperamos que, ao desenvolver esses projetos, você tenha muitos aprendizados, boas experiências e discussões valiosas. As autoras
SUMÁRIO ORIENTAÇÕES INICIAIS PARA TODOS OS PROJETOS.................................... 6
PROJETO 1: MATRIZ ELÉTRICA, 14 FICHA DO PROJETO........................................................................................ 14 ETAPA 1: Energia elétrica.................................................................................. 18 ETAPA 2: Desafios sobre a energia elétrica ..................................................... 30 ETAPA 3: Planejar seu protótipo ...................................................................... 36 ETAPA 4: Desenvolver e testar ......................................................................... 38 ETAPA 5: Organizar a apresentação......................................................................42 ETAPA DE AVALIAÇÃO .................................................................................... 44 PARA SABER MAIS ........................................................................................... 45 QUADRO DE COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS E HABILIDADES TRABALHADAS...................................................... 47
PROJETO 2: VALORIZANDO A DIVERSIDADE: A VOZ DAS MINORIAS, 48 FICHA DO PROJETO........................................................................................ 48 ETAPA 1: Entendendo a diversidade................................................................ 52 ETAPA 2: Desafios............................................................................................. 58 ETAPA 3: Planejar a ação ................................................................................. 64 ETAPA 4: Desenvolver a ação .......................................................................... 67 ETAPA 5: Organizar a apresentação......................................................................72 ETAPA DE AVALIAÇÃO .................................................................................... 74 PARA SABER MAIS ........................................................................................... 75 QUADRO DE COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS E HABILIDADES TRABALHADAS ������������������������������������������������������76
PROJETO 3: VERDADES E MITOS CIENTÍFICOS: VACINAS, 78 FICHA DO PROJETO......................................................................................... 78 ETAPA 1: O que é Ciência.................................................................................. 82 ETAPA 2: Desafios.............................................................................................. 95 ETAPA 3: Planejar seu projeto ......................................................................... 102 ETAPA 4: Desenvolver o material informativo ................................................ 104 ETAPA 5: Organizar a apresentação..................................................................... 106 ETAPA DE AVALIAÇÃO ................................................................................... 108 PARA SABER MAIS .......................................................................................... 109 QUADRO DE COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS E HABILIDADES TRABALHADAS ���������������������������������������������������� 111
PROJETO 4: CONFLITOS: MEDIAÇÃO PARA UMA CULTURA DA PAZ, 112 FICHA DO PROJETO................................................................... 112 ETAPA 1: Ampliando a percepção sobre conflitos...................... 116 ETAPA 2: Desafios ....................................................................... 127 ETAPA 3: Elaborar um protocolo ................................................134 ETAPA 4: Desenvolver o jogo......................................................136 ETAPA 5: Organizar um salão de Jogos pela Paz.......................... 138 ETAPA DE AVALIAÇÃO ...............................................................139 PARA SABER MAIS ......................................................................140 QUADRO DE COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS E HABILIDADES TRABALHADAS.................................141
PROJETO 5: MINHA PRIMEIRA EMPRESA, 142 FICHA DO PROJETO................................................................... 142 ETAPA 1: Investigando o perfil de um empreendedor................ 146 ETAPA 2: Desafios........................................................................ 148 ETAPA 3: Planejar o negócio........................................................150 ETAPA 4: Desenvolver o negócio ................................................160 ETAPA 5: Organizar a feira do empreendedor..............................162 ETAPA DE AVALIAÇÃO ...............................................................163 PARA SABER MAIS ......................................................................164 QUADRO DE COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS E HABILIDADES TRABALHADAS.................................165
PROJETO 6: A COZINHA DO FUTURO, 166 FICHA DO PROJETO................................................................... 166 ETAPA 1: Por que cozinhar é tão importante?............................. 170 ETAPA 2: Desafios........................................................................ 182 ETAPA 3: Planejar o seu fogão ....................................................186 ETAPA 4: Desenvolver e testar ....................................................192 ETAPA 5: Organizar a exposição.....................................................194 ETAPA DE AVALIAÇÃO ...............................................................196 PARA SABER MAIS ......................................................................198 QUADRO DE COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS E HABILIDADES TRABALHADAS.................................199
RA ORIENTAÇÕES INICIAIS PA TODOS OS PROJETOS os, mas você terá um papel importante na Os projetos deverão ser realizados em grup colegas de trabalho. O trabalho em grupo poconstrução da sua aprendizagem e dos seus os com quatro ou cinco integrantes facilitam de potencializar a aprendizagem de todos. Grup as orientações para a formação dos grupos. a participação de todos; o(a) professor(a) dará fio diferente e, como um grupo investiEm cada um dos projetos, vocês terão um desa ções para os problemas propostos. gador, pesquisador e criativo, encontrarão solu constituir uma comunidade de aprendizaEm conjunto vocês terão a oportunidade de mentarão sobre as escolhas realizadas em gem, tomarão decisões fundamentadas e argu todos os projetos. ível e vocês desenvolvam todo o potenPara que o trabalho siga da melhor forma poss tenha um papel definido dentro do grupo. cial que possuem, é importante que cada um Decidam democraticamente quem será: que todo o projeto seja executado dentro »» o controlador do tempo, que garantirá dos prazos estabelecidos; eriais, físicos ou digitais, necessários para »» o monitor de recursos, que cuidará dos mat o desenvolvimento do projeto; ações, garantindo que o trabalho transcorra »» o facilitador, que mediará as discussões e em harmonia e respeitosamente; ado e organizado, para que nenhum dado »» o relator, que garantirá que tudo seja anot importante seja perdido; ultar o(a) professor(a) em todas as decisões »» o porta-voz, que será responsável por cons do grupo. ndizagem, é essencial o comportamento Para que formem uma comunidade de apre com: cooperativo, o que implica comprometimento »» partilha de informações relevantes; nas resoluções; »» contribuição de forma consistente e ativa onsável; »» realização do trabalho pelo qual ficou resp »» escuta atenta aos demais participantes; »» acolhimento e respeito às opiniões alheias. e vocês quando perceberem que um dos Deem atenção a esses valores, conversem entr ais. Todos podemos falhar, e revisar nosso membros do grupo está falhando com os dem comportamento nos torna melhores. todo o trabalho que farão. Em geral, os Agora vamos pensar em como documentar ios. pesquisadores registram seus estudos e ensa
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VOCÊ SABE O QUE É UM DIÁRIO DE BORDO?
Páginas do Codex Leicester, de Leonardo da Vinci.
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Um diário de bordo é o local par a registro de todas as etapas realiza das no desenvolvimento do projeto; pode ser feito em um caderno ou no computado r. Tod as as ideias, testes, resultados, dúvidas, esquemas, enf im, tudo o que ocorrer durante o trab alh o deve ser registrado. Muitas vezes uma boa ideia acaba caindo no esquecimento por que não foi registrada. Não há necessidade de um registr o estruturado ou mesmo de pas sar a limpo as ano tações; a função do diário de bor do é armazenar todo o histórico do trab alho. Ao folhear o diário, você se lembrará das situaçõ es que vivenciaram. O diário de bordo deve conter: »» as investigações (indique data e local); »» fatos, descobertas e dúvidas; »» testes e dados coletados; »» esquemas ou fotos das montagen s experimentais; »» resultado das pesquisas realiza das; »» entrevistas ou consulta a especi alistas. Muito do que sabemos hoje sob re o pensamento e todo o conhec imento trazido por mentes brilhantes que nos antece deram só foi possível estudando e analisando, além das obras em si, os registros feitos por eles, fossem eles cientistas, artista s ou filósofos. O Codex Leicester, de Leonardo da Vinci, é um bom exemplo. Co mprado por um empresário, na última década do séc ulo XX, o manuscrito traz desenh os e importantes anotações sobre descobertas científica s e todo o conhecimento envolv ido nessas descobertas. Atualm ente os sketch books, ou “cader nos” feitos por artista s, adq uiriram est atu to de arte, e fica patente a imp ort ânc ia de est udá -lo s par a uma com pre ens ão mais com pleta de sua obra.
Capa de Je suis le cahier, os cadernos de Picasso. 7
ÃO! AGORA, VAMOS FALAR SOBRE AVALIAÇ
sivos. Você também? Quando falamos em avaliação, muitos alunos ficam com medo e apreen nota e classificar os alunos Não se preocupe! A avaliação aqui não é aplicar provas, dar uma sso. Com base na avaliação, em aprovados e reprovados; ela consiste em acompanhar o proce e com qual método aprenpodemos saber o que de fato aprendemos, o que precisamos revisar r o que não foi tão bem assim. demos melhor; podemos entender o que foi bem e manter e corrigi o, a autoavaliação; a Propomos três níveis avaliativos: a avaliação que você faz de si mesm e a avaliação do professor. avaliação dos seus colegas de grupo, ou seja, a avaliação por pares; Sabe por que serão usados esses níveis diferentes de avaliação? o e uma avaliaç ão de um Quando qualq uer um de nós precisa realizar uma autoavaliaçã to aos mesmos estímulos, ou colega que está inserid o no mesmo contexto e que foi expos sejamos bastante criteriosos seja, participou do mesmo processo que nós, a tendência é que rmos injustos ou indiferene comprometidos. Afinal, queremos contribuir, somar, sem parece contribuem muito para nosso tes. Assim, esses métodos avaliativos são bastante assertivos e aprendizado final.
VAMOS COME ÇAR PELA AU TOAVALIAÇÃ No início do tra balho O? em gr up o, co lo ca m os o qu e
cooperativo: é es pe ra do de um pa rticipan te »» partilha de informaçõ es relevantes; »» contribuição de form a consistente e ativa na s resoluções; »» realização do trabalho pelo qual ficou respon sável; »» escuta atenta aos de mais participantes; »» acolhimento e respeit o às opiniões alheias. Algumas perguntas qu e podem servir de gu ia para sua autoavaliaç »» De uma forma geral ão: , como você avalia a su a participação no dese jeto? Você cumpriu as nvolvimento do protarefas que estavam so b su a re sp onsabilidade? »» Habilidades de orga nização ajudam a lidar melhor com responsabil com propriedade. Como idades e executá-las você avalia a sua orga nização? Seu caderno estão completos e orga e diário de bordo nizados? »» Você consultou e tirou dúvidas com o(a) prof essor(a)? »» Estar disposto a ajuda r e a resolver os problem as ajudam o desenvolv em equipe. Como você imento do trabalho avalia a sua proativida de ? Você conseguiu traba fazendo o melhor para lhar em equipe, que o grupo atingisse os objetivos? »» A comunicação é fun damental para o traba lho em equipe. Escutar des importantes para e falar são habilidaque o trabalho se torn e agradável e produtivo a sua comunicação co . Como você avalia m o grupo? Você cons eguiu se comunicar co »» Você conseguiu ouvir m clareza e respeito? e considerar as ideias dos colegas? Avalie o seu compor tam ento e conclua se foi de cooperação sempre, ou algumas vezes, poucas quase sempre, vezes ou nunca. É impo rta nt e que você pense sobr de desenvolvimento de e todo o processo ste projeto e reflita so bre o seu envolviment em seu caderno e conv o e desempenho. Anote erse com o(a) professo r(a) sobre a sua autoan álise. 8
AVALIAÇÃO POR PARES – COMO FAZER? Você sabe como esse tipo de avaliação funciona? A avaliação por pares é o processo pelo qual os alunos avaliam o trabalho de outros colegas do grupo. Você precisa refletir e analisar o quanto seu colega contribuiu para o desenvolvimento do projeto e se os objetivos foram atingidos. Pense em cada um dos colegas do seu grupo individualmente e faça as mesmas análises que fez de você mesmo. Anote em seu caderno. Se necessário, converse com o(a) professor(a). garetsworkshop/ Shutterstock
HORA DE AR! COMPARTILH as de grupo e converse
coleg Reúna-se com os seus dos outros. ação que fizeram uns com eles sobre a avali el. respeito é imprescindív Não se esqueça que o falar ed back. Você já ouviu Isso é chamado de fe sobre isso? e fora de comunicação qu Feed back é uma form o clara e ecendo uma orientaçã nece um retorno, ofer ack o desempenho. O feedb rar lho me mo co de objetiva amig o ser gente dá para nosso a e qu ca di la ue aq é cada vez melhor. bom feedback? Você sabe como dar um o(a) ão uma discussão com far as leg co us se e cê Vo um bom as características de ão ar ot an e ) r(a so es of pr feedback.
AVALIAÇÃ O DO PROFESS OR
Ao final, o profes sor, parceiro d ur an te to d o o proj eto, co m um olhar mais té cnico, irá avaliar os alunos em gr upo e individual mente de acordo com os objetivo s p ro p os to s ne st e p ro je to. A ideia é que possam os aproveitar o fe e d b ac k p ar a m e lh o r ar m o s sempre.
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CONHEÇA AS SEÇÕES E OS RECURSOS UTILIZADOS NA OBRA
FICHA DO PROJETO Apresenta de forma resumida o percurso do projeto, os objetivos principais, as competências gerais, os materiais a serem usados e a proposta de produto final.
QUESTÃO DESAFIADORA Seção importante nos projetos, uma vez que traz questões ou temas desafiadores que o(a) impulsionarão a buscar as informações necessárias para a resolução das questões e/ou problemas lançados. Outro ponto essencial desta seção é o convite à reflexão e análise do tema relacionado com o lugar onde você vive.
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VAMOS PENSAR JUNTOS? Sinaliza o trabalho cooperativo, em que é importante o comprometimento com: a partilha de informações relevantes; a contribuição de forma consistente e ativa nas resoluções; a realização do trabalho pelo qual ficou responsável; a escuta atenta aos demais participantes e, por fim, o acolhimento e respeito às opiniões dos outros.
DIÁRIO DE BORDO Sempre que houver a indicação do diário de bordo, é um lembrete para o registro de todas as etapas realizadas durante o desenvolvimento do projeto. Não se esqueça de registrar também detalhes que possam ser importantes, de modo que nenhuma ideia seja perdida ou esquecida. O diário de bordo é fundamental para que todos os integrantes do grupo acompanhem o que está sendo feito no projeto desde as primeiras discussões e planejamentos. Ao folhear o diário, será possível lembrar-se de todas as situações vivenciadas com o grupo e com a turma durante o desenvolvimento do projeto. 11
PARA SABER MAIS Traz diversas fontes de referência para pesquisa e ampliação do conhecimento sobre o tema do projeto.
QUADRO DE COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS E HABILIDADES TRABALHADAS Apresentado ao final de cada projeto, servirá para você consultar o significado dos ícones que sinalizam as competências específicas e habilidades trabalhadas ao longo do projeto, permitindo-lhe localizar-se e refletir sobre os objetivos trabalhados.
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Ao longo dos projetos, você encontrará algumas chamadas que ajudarão a contextualizar elementos como informações sobre fotografias, alertas de atenção referentes ao processo e definições de conceitos envolvidos nos projetos.
EM13MAT101 EM13MAT106 EM13CNT301
Ao longo dos projetos, há indicações de quais habilidades es tão sendo trabalhadas.
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Objetivos a serem desenvolvidos
• Praticar a cooperação em grupo compartilhando informações relevantes, colaborando com o grupo de forma consistente e ativa nas resoluções, executando as tarefas assumidas, ouvindo ativamente todos os colegas e mantendo fala respeitosa e clara. • Recuperar o conceito da indução eletromagnética e aplicar no funcionamento das usinas elétricas. • Reconhecer a matriz elétrica brasileira e suas características. • Compreender o processo de funcionamento das diferentes usinas elétricas, identificando as transformações de energia ocorridas. • Examinar os impactos ambientais causados por cada tipo de usina. • Classificar a usina em renovável ou não renovável. • Identificar a usina elétrica e a rede elétrica que servem a região em que vivem. • Representar a transmissão e distribuição de energia elétrica na rede elétrica local e identificar os problemas enfrentados em razão da geografia local e os impactos ambientais gerados. • Projetar e construir uma miniusina elétrica. • Compreender o funcionamento de um diodo e aplicar no circuito elétrico da usina. • Apresentar para a comunidade local as miniusinas em funcionamento. • Criar uma estratégia para compartilhar o conhecimento sobre a situação energética brasileira, dando ênfase à rede elétrica que serve a comunidade. • Praticar a avaliação formativa por meio da autoavaliação, avaliação por pares e avaliação coletiva mediada pelo(a) professor(a).
Importância do projeto
Com o estilo de vida contemporâneo, no qual nos tornamos cada vez mais dependentes da eletricidade, entender seu processo de geração e seu funcionamento são conhecimentos necessários. Neste projeto, vamos analisar a possibilidade de produzir parte da energia elétrica para nosso consumo de forma independente.
Competências gerais
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
Materiais
LED comum, fiação elétrica, resistores elétricos, bobinas (sucata: ventoinha de refrigeração de computadores), multímetro, ímãs, placa fotovoltaica.
Produto final
Protótipo com formas alternativas de geração de energia em busca da autonomia energética, por meio de maquetes e/ou dispositivos voltados para esse fim.
Ao longo de todo o projeto, você encontrará indicações que o(a) ajudarão a visualizar quais habilidades estão sendo priorizadas. Com isso, seu estudo ficará ainda mais direcionado.
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MATRIZ ELÉTRICA
Você já parou para refletir sobre o que torna possível a existência de uma cidade? Já pensou em como as casas são construídas, como as pessoas e coisas são transportadas? O que é necessário para que tudo continue funcionando? Se você pensou em energia, acertou! É necessário que haja alguma forma de energia para manter tudo funcionando. Vamos conversar um pouco sobre energia?
QUESTÃO DESAFIADORA Com o aumento do consumo de energia elétrica, é necessário que o setor elétrico cresça para atender à demanda. É possível contribuir para o desenvolvimento do setor elétrico brasileiro e gerar energia de forma independente?
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PROJETO 1
Nagasima/ Shutterstock
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PROJETO
Vista aĂŠrea noturna da cidade de SĂŁo Paulo. 17
ETAPA 1 ENERGIA ELÉTRICA 3 AULAS DUPLAS
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Você provavelmente sabe o que é energia, mas saberia definir seu conceito? Essa não parece uma tarefa tão simples, não é mesmo? Podemos dizer que a energia está associada à capacidade de produção de ação e/ou movimento e pode se manifestar de muitas formas diferentes, como movimento de corpos, calor, eletricidade etc. Precisamos de energia para acender a luz, preparar refeições, construir casas, realizar produção industrial, transportar pessoas, mantimentos… Enfim, nós a utilizamos nas inúmeras atividades que compõem a vida em uma cidade. Essa energia vem de um conjunto de fontes que formam o que chamamos de matriz energética, ou seja, ela representa o conjunto de fontes disponíveis em um país, estado ou no mundo, para suprir a demanda crescente de energia. Você já deve ter percebido que grande parte da energia que usamos no dia a dia é a elétrica. Muito mais que somente para acender as luzes, esse tipo de energia é utilizado com diferentes funcionalidades.
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PROJETO 1
transXIX, somente a energia química era ATÉ A ÉPOCA DE FARADAY, século as fontes pilhas e baterias. No entanto, ess formada em elétrica, com o uso de r em suficiente para, por exemplo, mante não geravam quantidade de energia tricos usados ao mesmo tempo. funcionamento vários aparelhos elé agriu o fenômeno da indução eletrom Michael Faraday (1791-1867) descob da socie, a Indústria e os demais setores nética, que revolucionou a Ciência ão do fluxo gou à conclusão de que a variaç che ele , dos estu s seu Com e. dad inada produz uma tensão elétrica denom magnético que atravessa o circuito à corrente elétrica. força eletromotriz, dando origem do tra a lei de Faraday. O ímã está sen Observe a figura a seguir, que ilus seja, o o fluxo do campo magnético, ou aproximado da bobina; portanto, ando e, atravessam a bobina está aument número de linhas de campo que repouso, trica. Com o ímã e a bobina em dessa forma, induz corrente elé uzida. não haverá corrente elétrica ind
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campo magnético
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voltímetro bobina força eletromotriz descoberta por
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Representação esquemática da
Faraday.
Fotos da esq. para a dir.: No ambiente de trabalho de muitas pessoas, há diversas fontes de eletricidade para o funcionamento de computadores e demais equipamentos. No ambiente doméstico, utilizamos a eletricidade em equipamentos como televisão, batedeiras, videogames etc. Para a produção artesanal de móveis, também são utilizados equipamentos movidos a eletricidade. Também a indústria necessita de eletricidade para a produção de seus bens. MATRIZ ELÉTRICA
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EXPLORANDO A LEI DE FARADAY A lei de Faraday também expressa a intensidade da tensão induzida, ou seja, a tensão que surge em um circuito. Faraday realizou um grande número de experimentos e concluiu que a intensidade da tensão induzida dependia da rapidez da alteração do fluxo do campo magnético. Δ φ ε= Δt ε é a força eletromotriz induzida Δ φ é a variação do fluxo magnético Δt é o intervalo de tempo Agora que retomamos a lei de Faraday, vamos pensar nas ações experimentais que alteram a intensidade da tensão induzida. »» Como você movimentaria o ímã para aumentar o valor indicado no voltímetro? »» Se nessa montagem o ímã permanecesse parado, o que se deveria fazer com a espira para que aparecesse a força eletromotriz?
Romão/M10
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Você deve ter percebido a importância do movimento para gerar a força eletromotriz nesse circuito; logo mais, você vai necessitar dessas conclusões para encarar os desafios! Continuando a exploração da lei de Faraday, observou-se que o sentido da corrente elétrica no circuito dependia da variação do fluxo magnético: se aumentar o fluxo do campo magnético no circuito, a corrente elétrica induzida ocorrerá em um sentido e, se diminuir, ocorrerá no sentido oposto. Observe o circuito ao lado. O voltímetro foi trocado por um amperímetro analógico, que indica a intensidade da corrente elétrica e o sentido da corrente pelo deslocamento do ponteiro. Nesse medidor, o “zero” encontra-se no centro da escala, à esquerda, valores negativos e, à direita, positivos, indicando assim o sentido da corrente elétrica. Um experimento simples e muito rápido para verificar a corrente elétrica induzida ocorre da seguinte maneira: »» Aproximar o ímã rapidamente. »» Aproximar o ímã reduzindo a velocidade. »» Parar o ímã. »» Afastar o ímã rapidamente. »» Afastar o ímã reduzindo a velocidade. »» Parar o ímã. 20
PROJETO 1
Romão/M10
Veja o esboço do gráfico da intensidade de corrente em função do tempo para esse experimento: i
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Relacionando o gráfico com o experimento, responda às seguintes dúvidas: 1. Por que não há corrente elétrica em dois instantes? 2. Por que a intensidade da corrente elétrica inicialmente é positiva e no final é negativa? 3. A corrente elétrica aumenta até um certo ponto; depois diminui. Qual o motivo para não continuar aumentando? 4. Essa corrente elétrica pode ser considerada contínua? 5. A tensão induzida é contínua ou alternada?
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Você lembra que, em um condutor percorrido por corrente elétrica, há um campo magnético ao seu redor? Assim, podemos substituir o ímã por um fio metálico enrolado, uma bobina, percorrida por uma corrente elétrica.
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6. Se trocar o amperímetro por uma lâmpada que necessite de baixa tensão para acender, como seria o comportamento do brilho ao movimentar o ímã? 7. Se o polo do ímã voltado para a bobina fosse o SUL, haveria alteração no gráfico da intensidade de corrente em função do tempo?
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V Primário
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Só para recordar: quais as variáveis que interferem na intensidade do campo magnético gerado em uma bobina? Agora, vamos para um desafio mais complexo: explicar o funciona mento de um transformador.
Secundário
Bobina primária ou enrolamento primário está ligado a uma fonte de tensão alternada; o campo magnético gerado nessa bobina apresenta um valor constante ou variável? As duas bobinas estão ligadas por um núcleo de ferro para acentuar o campo magnético, pois o ferro é facilmente imantado. Na bobina secundária, surge uma tensão elétrica. 1. Qual o motivo dessa tensão induzida ou força eletromotriz? 2. Relacione o transformador com o experimento do ímã em movi mento e a espira: qual bobina faz o papel do ímã? E da espira? 3. Agora pesquise e explique o motivo pelo qual podemos ter na bobina secundária uma tensão maior ou menor do que na pri mária. Como podemos prever a intensidade da tensão induzida na bobina secundária?
Agora vamos fazer um exercício de imaginação... Como seria sua vida sem energia elétrica? • De onde vem a energia elétrica que abastece sua casa, sua escola e sua cidade? Vamos descobrir! Você já parou para pensar quantas das coisas que uti lizamos cotidianamente dependem de energia elétrica? Coisas que parecem tão simples e fazemos vá rias vezes durante o dia, como guardar um alimento na geladeira, até a metade do século XX eram im pensáveis para a maioria das pessoas. Os primeiros 22
PROJETO 1
PARA CONHECER OUTROS MODELOS de refrigeradores, você pode fazer uma visita virtual ao Science Museum de Londres, onde podem ser vistas imagens de refrigeradores do século XIX. A invenção da geladeira proporcionou uma
Romão/M10
James Steidl/ Shutterstock
refrigeradores começaram a ser fabricados no Brasil manualmente em 1947, na cidade de Brusque, em Santa Catarina, e seu funcionamento era à base de querosene. O leite fresco tinha que ser comprado em pequenas quantidades, assim como a carne e o peixe. Antes de as geladeiras se tornarem populares, as pessoas compravam blocos de gelo para conservar por mais tempo alguns alimentos.
Compartimento do congelador
revolução no aproveitamento dos alimentos ao permitir que fossem armazenados e transporta-
Modelo de refrigerador fabricado na Europa na década de 1930.
dos por longos períodos. A figura apresentada ilustra o processo cíclico de funcionamento de uma geladeira, em que um gás no interior de uma tubulação é forçado a circular entre o congelador e a parte externa da geladeira. É por meio dos processos de compressão, que ocorre
Compressor Válvula de expansão
na parte externa, e de expansão, que ocorre na parte interna, que o gás proporciona a troca de calor entre o interior e o exterior da geladeira.
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E as cidades, você consegue imaginar como eram iluminadas antes das redes de distribuição de energia elétrica? Em 1873, a San Paulo Gas Company assumiu a responsabilidade de iluminar prédios históricos da cidade e, para isso, foram instalados postes com iluminação a gás, obtido pela queima de carvão. Atualmente ainda é possível vê-los funcionando no Pátio do Colégio, local onde São Paulo “nasceu”. Até os anos 1930, funcionários da prefeitura de São Paulo passavam acendendo “lampiões” em alguns postes que ainda funcionavam pela combustão do azeite.
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Fonte: Enem 2009, caderno 1 azul, questão 39. Disponível em: http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2009/ dia1_caderno1.pdf. Acesso em: jan. 2020.
Poste com iluminação a gás no Pátio do Colégio, cidade de São Paulo.
MATRIZ ELÉTRICA
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MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA
TAMARO NANTAWAN PA
T/ Shutterstock
Atualmente nossa sociedade é dependente de energia elétrica, mas de onde vem essa energia que utilizamos? Talvez você tenha respondido que a energia elétrica que utilizamos é proveniente de usinas hidrelétricas. Mas será que as usinas hidrelétricas são capazes de abastecer o Brasil todo? A matriz elétrica brasileira conta com diferentes tipos de usinas elétricas. Você sabe o que é matriz elétrica?
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Os equipamentos móveis também dependem da eletricidade transmitida pelas redes elétricas que abastecem residências e prédios comerciais, por exemplo. 24
PROJETO 1
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Romão/M10
Matriz elétrica é o conjunto de fontes disponíveis apenas para a geração de energia elétrica, ou seja, o conjunto dos diferentes tipos de usinas elétricas. Dessa forma, podemos concluir que a matriz elétrica é parte da matriz energética. As usinas elétricas são imensos geradores de energia elétrica.
MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA EM 2019 (ANO-BASE: 2018) Carvão 5,8%
Lixívia e outras renováveis 6,9% Outras não renováveis 0,6% Lenha e carvão vegetal 8,4%
Petróleo e derivados 34,4%
Derivados da cana 17,4%
12,6% Hidráulica
Nuclear 1,4%
Gás natural 12,5%
36,4% Petróleo e derivados
12,0% Hidráulica
13,0% Gás natural
17,0% Derivados dedos cana 5,9%de Lixívia e outras renováveis Fonte dados: Empresa Pesquisa Energética (EPE).
Gráfico da matriz elétrica brasileira em 2019.
0,6% Outros não renovaveis
Disponível em: <https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/anuario-estatistico-de8,0% Lenha e carvão vegetal 5,7% Carvão energia-eletrica>. Acesso em: jan. 2020.
1,4% Nuclear
O gráfico apresentado representa a matriz elétrica brasileira em 2019. Pesquise se essa matriz se modificou ou não. Construa, em seu diário de bordo, o gráfico da matriz elétrica brasileira mais atual. Você já ouviu falar que a energia não se cria nem se perde, e sim que se transforma? É possível transformar qualquer tipo de energia em outra; porém, é impossível “criar” ou “gastar” energia em sentido literal. Assim, quando utilizamos o termo “geração de energia”, estamos na verdade nos referindo a um processo de transformação energética. A energia elétrica, portanto, é “gerada” a partir da conversão de outras formas de energia. Dínamo foi o nome dado para o primeiro gerador de energia elétrica. Seu funcionamento se baseia na indução eletromagnética e na transformação da energia mecânica em elétrica. MATRIZ ELÉTRICA
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VAMOS PENSAR JUNTOS? O trabalho em grupo pode potencializar a aprendizagem de todos.
Formem grupos de quatro ou cinco alunos, conforme a orientação do(a) professor(a). Os grupos devem ser organizados de tal forma que cada um dos alunos assuma a responsabilidade por uma tarefa, conforme as Orientações iniciais (página 6). Como vocês estão pesquisando sobre Energia, procurem distribuir as funções considerando os interesses e as habilidades de cada um, de forma a contribuir com o grupo. Em seguida, consultem os documentos sobre a matriz elétrica brasileira, validados pelo Governo Federal, para verificar todas as usinas em atividade no País e descobrir como cada tipo de usina gera energia elétrica. Para isso, apliquem a lei de Faraday para explicar o funcionamento das diferentes usinas. Vocês podem construir uma tabela para registrar todos esses dados. Vejam o modelo a seguir. Tipo de usina
Transformações de energia
Como gera energia? Como ocorre a variação do fluxo do campo magnético?
Hidrelétrica
Transforma energia potencial em cinética e em elétrica.
A água gira as turbinas que provocam a variação do fluxo do campo magnético.
Analisem, para cada uma das usinas, os impactos ambientais que causam e as classifiquem em renováveis ou não renováveis. Vocês lembram o que é isso? Escaneiem o QR Code ao lado e relembrem esse conceito para fazer a classificação. Escrevam no caderno um pequeno texto descrevendo os impactos ambientais causados pelas usinas que formam a matriz elétrica brasileira, classificando-as. O vídeo “Geografia: quais são as fontes de energia?” também pode ser visto, no canal Descomplica, por meio do link: www.youtube.com/user/sitedescomplica/ search?query=fontes+de+energia.
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PROJETO 1
1. Comparem a matriz elétrica brasileira com a matriz elétrica mundial atual e pensem, em termos gerais, se a matriz brasileira é mais ou menos renovável. Para isso, consultem os gráficos atualizados nos links citados na seção Para saber mais.
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2. Analisem nos gráficos que representam essas matrizes qual porcentagem de energia elétrica é proveniente de uma fonte renovável. Reproduzam os gráficos em seu diário de bordo.
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Romão/M10
Registrem todas as descobertas, elaborem esquemas para representar as partes das usinas e o processo de funcionamento – essas anotações serão muito úteis no desenvolvimento de seu trabalho. Observem o exemplo representativo de uma usina hidrelétrica mostrado a seguir e o utilizem como modelo para representar os demais tipos de usina.
Barragem
Reservatório
Transformador elevador
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ndu
Co o
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Turbina hidráulica
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EIXO DO GERADOR
• O que é usado na usina para gerar energia elétrica? • De onde é retirada a energia? TURBINA Tubo de sucção
Interior de gerador de usina hidrelétrica.
Subestação abaixadora Rede de distribuição
Consumidor
Canal de fuga MATRIZ ELÉTRICA
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ETAPA 2
rstock Shutte
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PROJETO 1
/ Santos Thiago
Usina de Itaipu.
Folhapress
Você já pensou sobre a origem da energia elétrica que utiliza? Nem sempre somos usuários de uma única usina – há um planejamento para manter o fornecimento de energia em momentos de dificuldade. A usina hidrelétrica depende das condições do clima para manter o reservatório de água com volume suficiente para funcionar; quando essa condição não é satisfeita, uma nova usina entra em funcionamento para atender parcial ou totalmente a região afetada. Já observou que fios metálicos se ligam à sua escola, à sua residência e a outros imóveis da cidade? bayazed/ Shutterstock
3 AULAS DUPLAS
EM13CNT106 EM13CNT107 EM13CNT310
DESAFIO 1 QUAL USINA ELÉTRICA ATENDE A SUA REGIÃO?
Usina nuclear Angra 1 e 2.
Rafael Andrade/
6 AULAS DUPLAS
DESAFIOS SOBRE A ENERGIA ELÉTRICA
Parque Chafariz. Torre Eólica, Região de Santa Luzia, PB.
Analise as questões a seguir, pesquise e registre as descobertas também em seu diário de bordo.
Romão/M10
1. Junto com seu grupo, pesquise sobre como é a transmissão da energia elétrica da usina até sua escola. Informações sobre o diâmetro da fiação e a função dos diferentes transformadores ao longo do caminho são dados essenciais para compreender com profundidade como ocorre a transmissão de energia elétrica.
Reservatório Consumidor Barragem
Rede de distribuição Infográfico baseado no esquema representativo de um conjunto de usinas e da distribuição de energia elétrica.
2. Qual será o comprimento da fiação ligando o sistema de distribuição das usinas até os locais que você frequenta? Mapas com escala do Brasil podem ajudar a estimar o valor mínimo para esse comprimento. 3. A tensão elétrica gerada é contínua ou alternada? Isso interfere na transmissão da energia elétrica? 4. Poucas pessoas têm acesso a esse importante conhecimento. Vamos torná-lo acessível a todos? Para isso, vocês terão que representar como se dá a distribuição e a transmissão de energia da usina até sua escola. Como representar toda a rede de transmissão? Algumas ideias: uma maquete, um esquema, um infográfico, uma encenação, enfim, há várias possibilidades. Conversem com o(a) professor(a) e decidam como o grupo fará a representação. Essa representação é parte de seu processo avaliativo; portanto, caprichem. Conversaremos mais sobre avaliações ao final da unidade. Agora que vocês já conhecem a usina que fornece energia elétrica em sua cidade e como é a rede de transmissão e distribuição dessa energia, vamos para um desafio mais complexo. MATRIZ ELÉTRICA
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3 AULAS DUPLAS
DESAFIO 2 COMO GERAR ENERGIA DE FORMA INDEPENDENTE? Você sabia que é possível gerar nossa própria energia? Provavelmente não supra toda a quantidade de energia necessária para nosso estilo de vida, mas podemos suprir uma pequena parcela. Já existem algumas iniciativas, especialmente na área rural. O Sol, por exemplo, representa uma fonte limpa e inesgotável de energia para o nosso planeta. Cresce o número de residências e imóveis comerciais que utilizam placas fotovoltaicas, chamadas comumente de placas solares, para gerar parte da energia elétrica a ser consumida.
ENTENDENDO A ENERGIA SOLAR
Rede de distribuição
Painel solar Painel solar
Inversor Medidor
Romão/M10
Diagrama do sistema
Caixa de distribuição
Alejo Miranda/ Shutterstock
Uso do painel solar para complemento de energia elétrica em uma residência.
Armação Vidro Encapsulante Célula solar Encapsulante Fundo protetor Caixa de junção Painel solar
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PROJETO 1
Controlador de carga Eletrodomésticos
Romão/M10
Televisão Geladeiras
Painel solar
Lâmpadas
Inversor Baterias
CONSTRUINDO O PROTÓTIPO Nesta etapa, vocês construirão o protótipo de um gerador de energia elétrica que consiga acender dois LEDs separados, como se cada um representasse uma residência.
LEDs associados em paralelo para simular duas residências com instalações elétricas independentes.
Resistor
Resistor
Romão/M10
Usina elétrica
»» Inicialmente, resgatem seus registros da pesquisa sobre o funcionamento das diferentes usinas existentes no País. Agora eles serão de grande utilidade. »» Também apresentem sua representação das informações levantadas no desafio anterior e compartilhem com o restante da turma. »» Assistam ao trailer do filme O menino que descobriu o vento. Ele pode ser acessado na internet. Se possível, assistam também ao filme completo e façam anotações, no diário de bordo, sobre como o protagonista resolveu o problema de energia na comunidade em que vivia. Não se esqueçam de abordar as transformações energéticas envolvidas na solução criada por ele. Vocês podem também ler reportagens relacionadas a ele e anotar as informações que julgarem interessantes. Ao final, escrevam o que aprenderam com esta atividade.
MATRIZ ELÉTRICA
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O MENINO QUE DESCOBRIU O VENTO o
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Leia um trecho da entrevista de William Kamkwamba comentando como construiu seu moinho de vento. Cena do filme O menino que descobriu o vento.
Você construiu um moinho de vento a partir das explicações de um livro, sem nunca ter visto um. Como foi isso, e para que você queria um moinho? No livro “Explaining Physics”, entendi como funcionavam motores e geradores. Não lia inglês muito bem. Usei diagramas e fotos para associar as palavras, e assim aprender física básica. O outro livro que li chamava-se “Using Energy”, tinha uma foto de um moinho de vento na capa. Dizia que moinhos podem bombear água e gerar eletricidade. Meu pai poderia irrigar a plantação, aumentar a colheita e nós nunca mais passaríamos fome! Por isso decidi construir um moinho. Não havia instruções, mas sabia que, se um homem havia construído no livro, eu também conseguiria.
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Como você fez para arranjar as peças? Quanto tempo levou? Fui a um ferro-velho perto de casa e encontrei vários pedaços de metal e uns canos de plástico. Mas vi que não tinha todas as peças para uma bomba-d’água, então procurei fazer um moinho que gerasse eletricidade. Quando me viam carregando os ferros, as pessoas achavam que eu estava louco. Me provocavam e diziam que eu estava fumando maconha. Mas não deixei que isso me incomodasse. Continuei. Meu primo, Geoffrey, e outro amigo, Gilbert, me ajudaram a construir. Ficou pronto em dois meses. Quando o vi funcionando, fiquei muito feliz. Finalmente as pessoas sabiam que eu não estava louco. 34
PROJETO 1
Quanta energia gerava o moinho? O gerador do moinho era um dínamo de bicicleta, produzia 12 volts. Era suficiente para acender uma lâmpada. Mais tarde, meu primo achou uma bateria de carro na estrada. Demos uma carga nela e conseguimos energia para manter quatro lâmpadas e dois rádios. As pessoas faziam fila para carregar seus celulares. Os celulares estão em todo lugar na África porque são baratos. Há poucos lugares aonde a eletricidade chega – geralmente nos arredores das empresas estatais de tabaco – e algumas lojas cobram para as pessoas carregarem os celulares. Comigo era grátis.
Divulgação
Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG87250-8489,00.htmL (adaptado). Acesso em: fev. 2020.
que, No filme, William é um garoto de 13 anos uma com r sofre ade unid após observar sua com uma ntra forte seca na região do Malawi, enco oportunidade de mudar a situação.
• Busquem mais informações sobre geradores alternativos de energia elétrica. Lembrem-se de que há diversas indicações de material de consulta na seção final Para saber mais. MATRIZ ELÉTRICA
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ETAPA 3 PLANEJAR SEU PROTÓTIPO 4 AULAS DUPLAS
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PROJETO 1
O início de um bom projeto é o planejamento. Decisões importantes são tomadas após discussões e análises de previsões e de recursos disponíveis. O foco desta etapa deve ser o modelo de miniusina, a transformação de energia que será realizada e os materiais necessários para a construção do protótipo. Para tanto, utilizem as informações pesquisadas, discutam entre vocês e consultem o(a) professor(a). Se possível, consultem profissionais da área, como engenheiros e eletricistas. Eles podem ajudá-los a identificar o que é possível fazer com os recursos de que dispõem. Após o planejamento, iniciem os testes experimentais, que darão subsídios para concluírem o protótipo. Para ajudá-los a dar os primeiros passos, vamos conversar um pouco sobre o funcionamento de um LED, uma vez que o desafio tem a ver com isso. Uma breve introdução será útil para ajudá-los na pesquisa e nas descobertas acerca das características e funcionalidades de um semicondutor.
FUNCIONAMENTO DE UM LED Resumidamente, LED (light-emitting-diode ou diodo emissor de luz, em português) é um componente que transforma energia elétrica em energia luminosa, ou seja, luz. Realiza, portanto, o processo oposto ao de uma célula fotovoltaica, que transforma energia luminosa em energia elétrica. O LED é um semicondutor que passou por um processo de dopagem e, por isso, só permite a passagem de corrente elétrica em um sentido. Sua principal característica é a emissão de luz quando há passagem de corrente elétrica. A vantagem de acender um LED é que, com aproximadamente 2V, uma voltagem baixa, já há emissão de luz. Assim, a tensão induzida em sua miniusina deve ser de apenas 2V. O LED tem duas hastes, sendo uma mais longa que a outra – a passagem da corrente elétrica ocorre somente no sentido da haste mais longa para a mais curta. Assim como todos os componentes eletrônicos, os LEDs possuem um símbolo usado para representá-los em circuitos eletrônicos. As duas setas apontando para a diagonal superior direita significam a emissão de luz e o triângulo, que forma uma seta, indica o sentido em que a corrente elétrica é transmitida. LED Resistor 300 ohms
Romão/M10
+
A
K
+ BATERIA
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Esquema representativo de uma lâmpada LED e o funcionamento do LED.
Vocês já devem ter reparado que a maioria dos equipamentos elétricos que existem na sua casa e na sua escola apresentam tensão de 110V ou 220V. Por isso, talvez vocês tenham pensado que a tensão induzida neste projeto seria de 110V. Não é necessário, pois trata-se apenas de um protótipo. Depois, vocês podem aprimorar o projeto para induzir maior tensão. Lembrem-se de registrar no diário de bordo todas as ideias, esquemas e medidas – procurem anotar toda a história da construção do protótipo de gerador elétrico.
IMPORTANTE: se o LED ficar sujeito a uma tensão superior a 2V, ele queimará. Associem um resistor em série para dividir a tensão elétrica fornecida. Calculem o valor do resistor que permita que o LED acenda. Esse é mais um desafio. Outro ponto a considerar é como deve ser o comportamento do LED quando percorrido por corrente elétrica alternada. Se necessário, recorram ao estudo sobre a lei de Faraday; lá encontrarão informações valiosas para explicarem o funcionamento do LED.
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ETAPA 4 EM13CNT107
DESENVOLVER E TESTAR 2 AULAS DUPLAS
Atenção ao custo dos materiais e aos problemas referentes ao descarte! Verifiquem o que é possível ser encontrado em sucatas e usem a criatividade para construir uma miniusina eficiente e de baixo custo.
Para desenvolver seu protótipo, será necessário reunir os itens que serão utilizados, considerando sua disponibilidade e segurança. Assim, façam uma lista dos itens e discutam com o(a) professor(a) sobre os meios para obtê-los. Os grupos poderão se reunir também fora do horário de aula, caso seja necessário mais tempo para o desenvolvimento do protótipo. Na data combinada, levem para a sala de aula os materiais que comporão o circuito elétrico da miniusina. Lembrem-se também de trazer ferramentas de marcenaria ou outro equipamento necessário para a montagem do protótipo. Todo teste é uma surpresa a enfrentar. Funcionou? Os LEDs acenderam? Ótimo! Não funcionou? Eis mais uma oportunidade para aprender! Verifiquem o problema ocorrido, examinando com calma cada etapa do processo. Percebam o aprendizado que terão com a resolução do problema. Alguns defeitos simples, como fio desconectado, atrito atrapalhando algum movimento ou eixo de rotação preso em alguma saliência, são fáceis de ser observados e sanados. Caso o problema não seja simples de ser identificado, peçam orientação ao(à) professor(a) e/ou procurem auxílio de um profissional técnico, que possui experiência e capacitação técnica para ajudá-los.
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• Agora, com seu produto testado e revisado, elabore um texto fazendo a divulgação da sua miniusina/minigerador. Para isso, veja duas reportagens que comentam sobre criações que ganharam destaque.
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A cientista de 13 anos que descobriu como criar energia limpa por apenas R$ 16
Romão/ M10
A AMERICANA MAANASA MENDU, de 13 anos, ganhou um prêmio de US$ 25 mil dólares(R$ 80 mil) em um concurso de jovens talentos por ter inventado um equipamento que permite gerar energia renovável de forma acessível – ao custo aproximado de R$ 16. A jovem contou à BBC como funciona sua criação: “O dispositivo captura a energia que está constantemente disponível ao nosso redor para criar energia limpa”, explicou Mendu ao programa Newsday. O dispositivo se chama “Harvest” (“colheita”, em inglês) e utiliza uma espécie de “folha solar”, capaz de obter energia de precipitações, do vento e do sol, graças a pequenas células solares. A princípio, sua ideia era focar unicamente na energia eólica, mas com a ajuda de sua mentora, a engenheira Margaux Mitera, a jovem descobriu que poderia aproveitar também outros tipos de energia natural. A energia é gerada graças ao uso de um material piezoelétrico, que gera eletricidade a partir de uma força mecânica, acoplado ao aparelho. O dispositivo é um pouco rudimentar, mas cumpre o objetivo de produzir energia limpa de forma econômica. Essa técnica não é nova, mas o interesse nela vem crescendo nos últimos anos. Há esperanças de que essa seja uma forma de lidar com o problema do abastecimento energético a longo prazo. Após vencer o concurso, a jovem espera desenvolver um protótipo mais complexo, que possa ser comercializado. Garrafa e placas que captam a energia solar para produzir energia luminosa. MATRIZ ELÉTRICA
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Um problema global Mendu diz que teve a ideia de fazer o aparelho durante sua última viagem à Índia. “Todos os anos, a minha família, que é indiana, tem que conviver com apagões recorrentes”, conta. “Para mim, isso significa não ter acesso temporariamente ao ar-condicionado ou à eletricidade. Mas, para mais de um quinto da população mundial, os apagões são uma realidade permanente”, conta ela. A menina afirma querer desenvolver um sistema de iluminação que possa solucionar esse problema. “O que realmente me motivou foi criar um dispositivo que poderia impactar o mundo,” afirma ela. Disponível em: www.bbc.com/portuguese/geral-37797275. Acesso em: jan. 2020.
Brasileiros criam microusina hidrelétrica capaz de abastecer
5 casas
Metha Soluções
DOIS ENGENHEIROS MECÂ NICOS DE CURI TIBA se aproveitara m de suas habilidades e de seus conhecimentos sobre a capacidade hídrica do Brasil e desenvolveram uma microusina hidrelétrica independente que pode ser instalada e utilizada em residências. O equip amento criado por Felipe Wotecoski e Juliano Rataiczyk tem capacidade de gerar até 720 Kilow atts/hora por mês. Na prática, essa potência representa ria uma economia de cerca de R$ 500 mensais na conta de luz. Para instalar a miniusina, que pode alimentar de três até cinco residências de uma vez, é necessário que o usuár io resida próximo a uma fonte de água, seja um pequeno rio, riacho ou mesmo um vertedouro. O impor tante é que haja uma disponibilidade mínima de água e uma queda natur al por gravidade de 15 metros de altura ou mais, já que a correnteza precisa ser forte o bastante para acionar a turbina da usina.
Microusina hidrelétrica.
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PROJETO 1
Disponível em: https://ciclovivo.com.br/inovacao/tecnologia/ brasileiros-criam-micro-usina-hidreletrica/. Acesso em: jan. 2020.
• Escolha um título para o seu texto. • Depois, faça uma chamada destacando um ponto forte de seu projeto. • No corpo do texto, apresente sua ideia, conte brevemente como a desenvolveu e de que forma ela pode contribuir para a questão energética.
Rawpixel.com/ Sh
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• Os textos podem fazer parte da divulgação para a comunidade proposta na etapa seguinte. Vocês podem providenciar algumas cópias ou mesmo divulgar nos canais de comunicação da escola, como site ou blog.
Forças
Oportunidades
Fraquezas
Ameaças
MATRIZ ELÉTRICA
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ETAPA 5
2 AULAS DUPLAS
EM13CNT302
ORGANIZAR A APRESENTAÇÃO Após todo o trabalho de pesquisa, discussão, planejamento, montagem, teste e aprimoramento do protótipo, a comunidade da escola merece conhecer os novos geradores desenvolvidos no projeto. Para isso, os grupos agora devem organizar, com o apoio do(a) professor(a), uma exposição com as miniusinas, ou seja, os geradores criados por vocês. O grupo deverá preparar sua apresentação trazendo tudo que considerarem mais importante sobre geração e consumo de energia elétrica. Conhecer a rede elétrica que atende sua região, como ocorrem a transmissão e a distribuição são informações essenciais para o reconhecimento de um bem público tão presente no cotidiano.
UM PONTO PARA TRABALHAR COM A COMUNIDADE Aproveite a oportunidade para alertar sobre o perigo de manipular a fiação de uma rede elétrica e os cuidados necessários nesse caso. Se em sua região há o costume de empinar pipas, papagaios, alerte também sobre os riscos, além, claro, de abordar o consumo consciente de energia, uma vez que já sabemos que as fontes energéticas podem ser renováveis, mas são finitas.
Um ponto bastante interessante para ser abordado é a possível economia na conta de energia elétrica, que poderia beneficiar ainda mais as pessoas da comunidade. Ressaltem que o projeto não tinha esse objetivo inicialmente, mas que poderá ser ampliado e desenvolvido por membros da comunidade a partir do conhecimento adquirido.
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PROJETO 1
COMO APRESENTAR SEU PROJETO?
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valleevalley/ Shutterstock
erstock
ellinnur bakarudin/ Shutterstock
Usem a criatividade e elaborem formas atrativas de apresentar informações tão importantes; vídeos, encenações, cartazes e maquetes são estratégias interessantes, mas vocês podem inovar com outras ideias.
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ETAPA DE AVALIAÇÃO
2 AULAS
Dar ou receber um feedback é uma forma de participar do crescimento pessoal e coletivo.
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PROJETO 1
AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS E AUTOAVALIAÇÃO A avaliação é uma etapa importante para seu processo de aprendizagem por meio do projeto Matriz elétrica. Lembramos que você passará por três níveis avaliativos diferentes: o primeiro, construído e proposto pelo(a) professor(a), e os outros dois envolvendo sua participação ativa – a avaliação de seus colegas de grupo (por pares) e a autoavaliação. Algumas questões podem nortear tanto a autoavaliação quanto a avaliação por pares: »» Como foi seu comprometimento com as pesquisas iniciais sobre as usinas? »» Você colaborou trazendo informações relevantes sobre a usina que atende sua região? »» Você contribuiu de forma efetiva com seu grupo para representar a rede de transmissão de energia até sua casa? »» Como foi seu envolvimento na construção da miniusina? É essencial lembrar que a avaliação constitui uma etapa importante para o aprimoramento individual e da dinâmica do grupo e que cada um tem muito a contribuir de forma construtiva e respeitosa com os colegas. Após as avalições feitas por vocês, é a vez do(a) professor(a), que irá avaliar o grupo e cada aluno individualmente, contribuindo com seu olhar técnico para a aprendizagem de vocês e verificando se os objetivos propostos neste projeto foram atingidos. O pensamento crítico-analítico e a criatividade são competências altamente relevantes, especialmente quando consideramos a resolução de problemas, o aprimoramento e a otimização de processos. Neste projeto, avançamos no desenvolvimento dessas competências. Para continuar avançando, vamos identificar em quais aspectos você pode melhorar e propor a si mesmo(a) esta nova conquista. A intenção é melhorar a cada passo!
PARA SABER MAIS Nas referências a seguir, você encontrará informações que o(a) ajudarão na realização do projeto ou mesmo na ampliação dos temas.
•
BRANCO, Samuel Murgel. Energia e meio ambiente. São Paulo: Moderna, 2004. Livro que enfatiza os princípios físicos por trás do uso da energia e o impacto ambiental dos diferentes recursos energéticos. Aborda a situação do Brasil quanto à geração e consumo de energia elétrica. Apresenta a competição no setor de geração de energia elétrica e o compromisso global com as fontes de energia renováveis.
•
COMO fazer um gerador de energia com ímã em casa. [S. l.: s. n.], 2014. 1 vídeo (4 minutos e 59 segundos). Publicado pela página Manual do Mundo. Disponível em: www.manualdomundo.com.br/2014/12/como-fazer-um-gerador-de-energia-com-imaem-casa/. Acesso em: jan. 2020. O vídeo apresenta a construção caseira de um gerador elétrico para acender LEDs em uma lanterna.
•
COMO fazer uma turbina eólica caseira. [S. l.: s. n.], 2018. 1 vídeo (17 minutos e 42 segundos). Publicado pelo canal Manual do Mundo. Disponível em: https://www. youtube.com/user/iberethenorio/search?query=turbina+e%C3%B3lica. Acesso em: jan. 2020. O vídeo apresenta a construção de um aerogerador caseiro realizada no Fab Lab do Instituto Mauá. O projeto está apoiado no tripé da inovação: engenharia, administração e design.
•
COMO funciona o painel solar fotovoltaico – Placas fotovoltaicas. Portal Solar. Disponível em: www.portalsolar.com.br/como-funciona-o-painel-solar-fotovoltaico. html. Acesso em: jan. 2020. A matéria apresenta o funcionamento de um painel solar fotovoltaico associado à instalação elétrica residencial.
•
COMPANHIA Estadual de Energia Elétrica – CEEE. Como funciona uma usina hidrelétrica. Portal CEEE. Disponível em: www.ceee.com.br/pportal/ceee/Component/ Controller.aspx?CC=1876. Acesso em: jan. 2020. Matéria sobre o funcionamento de uma usina hidrelétrica.
•
EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA – EPE (Brasil). Balanço Energético Nacional 2019: ano base 2018. Rio de Janeiro: EPE, 2019. Disponível em: www.epe.gov.br/ sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-377/ topico-494/BEN%202019%20Completo%20WEB.pdf. Acesso em: jan. 2020. Dados sobre o consumo energético brasileiro em 2019.
MATRIZ ELÉTRICA
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•
EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA – EPE (Brasil). Matriz energética e elétrica. ABCD Energia. [Brasília, DF]: Empresa de Pesquisa Energética, c2018. Disponível em: www.epe. gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica. Acesso em: jan. 2020. Matéria sobre as matrizes energética e elétrica brasileiras, composição, fontes e impactos ambientais.
•
EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA – EPE (Brasil). Potencial dos recursos energéticos no horizonte 2050. Nota Técnica PR 04/18. Rio de Janeiro: EPE, 2018. (Série recursos energéticos). Disponível em: www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoesdados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-227/topico-416/03.%20 Potencial%20de%20Recursos%20Energ%C3%A9ticos%20no%20Horizonte%202050%20 (NT%20PR%2004-18).pdf. Acesso em: jan. 2020. Nota técnica emitida pela EPE Brasil sobre os potenciais recursos energéticos para 2050.
•
HINRICHS, Roger; KLEINBACH, Merlin; REIS, Lineu. Energia e meio ambiente. 3. ed. São Paulo: Cengage do Brasil, 2014. Livro paradidático sobre energia e meio ambiente.
•
IBGE. Atlas nacional digital do Brasil. PGI – Plataforma Geográfica Interativa. Disponível em: www.ibge.gov.br/apps/atlas_nacional. Acesso em: jan 2020. Plataforma digital do IBGE que mostra dados geográficos energéticos em todo o território nacional.
•
INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA. Microturbina eólica Mauá e Manual do Mundo. Disponível em: https://maua.br/graduacao/microturbina-eolica-maua-manual-do-mundo. Acesso em: jan. 2020. No site, encontra-se o planejamento do aerogerador caseiro. Desenhos das peças e informações técnicas são apresentados com detalhes. O vídeo “Como fazer uma turbina eólica caseira” ilustra a montagem desse aerogerador.
•
LOGÍSTICA de energia. In: IBGE. Geociências. Disponível em: www.ibge.gov.br/ geociencias/cartas-e-mapas/redes-geograficas/15792-logistica-de-energia.html?=&t=oque-e. Acesso em: jan. 2020. Página do IBGE que mostra a rede de distribuição e toda a logística energética nacional.
•
LORENZ, Katharina; MARQUES, José G. ; MONTEIRO, Teresa. Díodos emissores de luz e iluminação. Gazeta de Física, Lisboa, v. 39, n. 1/2, p. 50-54, jun. 2016. Disponível em: www.spf.pt/magazines/GFIS/119/article/991/pdf. Acesso em: jan. 2020. Artigo sobre LEDs e seu funcionamento.
•
O MENINO que descobriu o vento. Direção: Chiwetel Ejiofor. Reino Unido/Irlanda do Norte: Netflix, 2019. (113 min.) Filme baseado na história real do menino africano que revolucionou sua comunidade ao criar método de obtenção de energia elétrica a partir de sucatas.
PROJETO 1
Após terminar o projeto, retome seus registros e apontamentos a fim de reconhecer seu aprendizado. Ao longo do projeto, foi possível desenvolver: Competências específicas
1. Analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos, com base nas interações e relações entre matéria e energia, para propor ações individuais e coletivas que aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e global. 2. Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis. 3. Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).
Habilidades trabalhadas
(EM13CNT106) Avaliar, com ou sem o uso de dispositivos e aplicativos digitais, tecnologias e possíveis soluções para as demandas que envolvem a geração, o transporte, a distribuição e o consumo de energia elétrica, considerando a disponibilidade de recursos, a eficiência energética, a relação custo/benefício, as características geográficas e ambientais, a produção de resíduos e os impactos socioambientais e culturais. (EM13CNT107) Realizar previsões qualitativas e quantitativas sobre o funcionamento de geradores, motores elétricos e seus componentes, bobinas, transformadores, pilhas, baterias e dispositivos eletrônicos, com base na análise dos processos de transformação e condução de energia envolvidos – com ou sem o uso de dispositivos e aplicativos digitais –, para propor ações que visem a sustentabilidade. (EM13CNT203) Avaliar e prever efeitos de intervenções nos ecossistemas, e seus impactos nos seres vivos e no corpo humano, com base nos mecanismos de manutenção da vida, nos ciclos da matéria e nas transformações e transferências de energia, utilizando representações e simulações sobre tais fatores, com ou sem o uso de dispositivos e aplicativos digitais (como softwares de simulação e de realidade virtual, entre outros). (EM13CNT206) Discutir a importância da preservação e conservação da biodiversidade, considerando parâmetros qualitativos e quantitativos, e avaliar os efeitos da ação humana e das políticas ambientais para a garantia da sustentabilidade do planeta. (EM13CNT302) Comunicar, para públicos variados, em diversos contextos, resultados de análises, pesquisas e/ou experimentos, elaborando e/ou interpretando textos, gráficos, tabelas, símbolos, códigos, sistemas de classificação e equações, por meio de diferentes linguagens, mídias, tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), de modo a participar e/ou promover debates em torno de temas científicos e/ou tecnológicos de relevância sociocultural e ambiental. (EM13CNT309) Analisar questões socioambientais, políticas e econômicas relativas à dependência do mundo atual em relação aos recursos não renováveis e discutir a necessidade de introdução de alternativas e novas tecnologias energéticas e de materiais, comparando diferentes tipos de motores e processos de produção de novos
materiais. (EM13CNT310) Investigar e analisar os efeitos de programas de infraestrutura e demais serviços básicos (saneamento, energia elétrica, transporte, telecomunicações, cobertura vacinal, atendimento primário à saúde e produção de alimentos, entre outros) e identificar necessidades locais e/ou regionais em relação a esses serviços, a fim de avaliar e/ou promover ações que contribuam para a melhoria na qualidade de vida e nas condições de saúde da população.
MATRIZ ELÉTRICA
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JETO: NOME DO PRO ERSIDADE: IV D A O D N A IZ VALOR ORIAS A VOZ DAS MIN DOR: TEMA INTEGR A O JUVENIL PROTAGONISM
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Objetivos a serem desenvolvidos
Importância do projeto
Competências gerais
Materiais Produto final
• Praticar a cooperação em grupo compartilh ando informações relevantes, colaborando com o grupo de forma consistent e e ativa nas resoluções, executando as tarefas assumidas, ouvindo ativam ente todos os colegas e mantendo fala respeitosa e clara. • Compreender a origem da diversidade humana, entendendo sua complexidade e construção conjunta entre genética e meio ambiente. • Reconhecer a importância da diversidad e, sua riqueza cultural e a formação da sociedade baseada na pluralidade. • Recuperar os conceitos de hereditariedade genética, genótipo e fenótipo. • Conhecer o conceito de minorias sociais, suas vulnerabilidades e implicações na construção da sociedade. • Compreender as relações sociais e como os padrões são estabelecidos. • Identificar grupos minoritários e as impli cações decorrentes da participação nesses grupos. • Compreender o processo de pesquisa socia l/científica, analisar dados e elaborar conclusões acerca deles. • Compreender as diferentes linguagens e os processos de difusão de notícias e informações na atualidade. • Produzir ação ou peça cultural para dar voz às minorias, respeitando suas lutas e inserção na comunidade. • Criar uma estratégia para compartilhar o material produzido sobre as minorias na comunidade. • Praticar a avaliação formativa por meio da autoavaliação, avaliação por pares e avaliação coletiva mediada pelo(a) professor(a ). A sociedade contemporânea está mergulhad a na globalização: na economia, no fluxo comunicativo e na interação contínua, graças, sobretudo, às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Atual mente, a diversidade é um aspecto desejado e que está sendo buscado pela socie dade em geral, trazendo grande riqueza, fomentando a criatividade e aumentand o possibilidades dentro de instituições e comunidades; porém, muitas vezes não é valorizada e alguns grupos são marginalizados por suas diferenças. A const rução de uma sociedade justa e democrática implica a valorização e representa tividade de todos os grupos. Entender a diversidade étnica e cultural que comp õe nossa sociedade, compreender suas relações, apontar as transformações neces sárias, procurando e propondo soluções possíveis para que isso aconteça, é o principal objetivo deste projeto. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de prátic as diversificadas da produção artístico-cultural. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e globa l, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outro s e do planeta. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. Papel sulfite, canetas coloridas, computado r ou smartphone com acesso à internet, softwares de análise de dados. Criação de uma ação que vise à conscientiz ação da situação de uma minoria e combata a discriminação. Ações possíveis: debates na comunidade, pales tras, eventos culturais, produção de materiais audiovisuais, cartazes, panfletos e campanhas, entre outras.
Ao longo de todo o projeto, você encontra rá indicações que o(a) ajudarão a visualizar quais são as habilidades que estão sendo priorizadas. Com isso, seu estudo ficará ainda mais direcionado. 49
VALORIZANDO A
DIVERSIDADE: A VOZ DAS MINORIAS
As pessoas da imagem, apesar de diferentes, têm algo em comum. O que você identifica de similar entre elas? Em sua escola, em seu dia a dia, você tem contato com a diversidade? O Brasil é expressivamente marcado pela diversidade. As diferenças regionais, climáticas e geográficas são fatores que influenciam na diversidade nacional. Além disso, diferentes povos contribuíram para a formação da sociedade brasileira – tanto nativos como migrantes de outros países, esses povos foram fundamentais para o estabelecimento da diversidade e variedade cultural em nosso país. Hoje, a diversidade é um valor desejado e perseguido por muitas instituições, especialmente as empresas multinacionais. Você sabe por que atualmente se fala tanto em diversidade? Converse com seus colegas, troquem ideias, opiniões e possíveis experiências sobre o assunto.
QUESTÃO DESAFIADORA Tudo o que nos caracteriza provém da interação do meio em que estamos inseridos, tanto social quanto culturalmente. Com isso, cada um se desenvolverá de uma maneira única. Essa diversidade traz grande riqueza, fomentando a criatividade e aumentando possibilidades; porém, muitas vezes, não é valorizada e alguns grupos são marginalizados por suas diferenças. Como podemos dar voz a esses grupos?
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PROJETO 2
Rawpixel.com/ Shutterstock
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PROJETO
A sociedade é diversa. 51
ETAPA 1 ENTENDENDO A 3 AULAS DUPLAS
GoodStudio/ Shutterstock
EM13CNT208
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DIVERSIDADE Na história da humanidade, sempre houve diversas reações entre os povos ao se depararem com as diferenças. Essas reações geralmente ressaltavam os aspectos negativos do outro em relação a quem observava. E foi com essa visão que, até o século passado, se estabeleceu o conceito de raça, por exemplo. Hoje sabemos, no entanto, que não existem grupos de raças na espécie humana – somos todos pertencentes a um único grupo: o Homo sapiens sapiens. Entretanto, os humanos apresentam-se com os mais variados biotipos, tons de pele, tipos de cabelo e cores de olhos. Você já se perguntou o que influencia essa variedade de corpos humanos? Talvez imagine que essas diferenças estão no DNA e, parcialmente, essa ideia está correta. Mas veja bem: estudos do genoma humano indicam que a humanidade compartilha – no mínimo – 99% do DNA, ou seja, somos 99% geneticamente idênticos. Será que esse 1% consegue explicar toda a variedade observada na espécie humana?
pressphoto/ Freepik
Quais outros fatores podem influenciar nossa aparência, costumes e personalidade? Faça uma lista em seu diário de bordo sobre os fatores que você acredita que influenciam esses aspectos.
VOCÊ SABE O QUE É UM DIÁRIO DE BORDO? Consulte, nas Orientações iniciais (página 6), a função do diário de bordo e leia as instruções sobre o que deve registrar. O diário de bordo será seu companheiro nesta jornada. Esteja com ele sempre à mão! Para entendermos mais sobre a diversidade, precisamos dar um passo para trás, a fim de revisitarmos alguns conceitos importantes. Você se recorda da diferença entre genótipo e fenótipo? Vamos retomá-la! Primeiro, escreva em seu diário de bordo sobre esses dois conceitos, diferenciando-os. Depois, para entendê-los melhor, vamos fazer uma atividade prática.
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VAMOS PENSAR JUNTOS?
Cienpies Design/ Shutterstock
O trabalho em grupo pode otimizar o processo e facilitar a aprendizagem de todos.
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Formar um grupo para pesquisar, investigar e explorar f avo re c e a t ro c a d e c o n h e c i m e n to s e p ote n c ia li z a a aprendizagem de todos. Portanto, a partir de agora, você trabalhará com outros colegas. Formem grupos de quatro ou cinco integrantes e atribuam papéis e funções de acordo com o perfil de cada um. Nas Orientações iniciais (página 6), estão descritos detalhes e instruções para ajudá-los nessa organização. Na mesma seção, vocês também encontram a descrição de cada um dos papéis. Lembrem-se sempre de que, para um trabalho cooperativo, é importante o comprometimento em acolher as opiniões alheias, envolver-se em todas as etapas do projeto e dar o melhor de si, com respeito e empatia. Não deixem de consultar também os valores importantes para o sucesso do trabalho de um grupo. Nesta primeira atividade prática, vocês terão de observar as características físicas individuais dos integrantes do grupo. As características que vocês devem observar são aquelas que herdamos de nossos antepassados e estão apresentadas no quadro a seguir. Observem-se e anotem, no diário de bordo, as características que cada um apresenta.
LÍNGUA EM U
INSERÇÃO DO CABELO
FURO NO QUEIXO
Preso
Presente
Angular
Presente
Solto
Ausente
Reta
Ausente
Quadro de características físicas geneticamente determinadas.
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CARACTERÍSTICAS
LOBO DA ORELHA
Após anotarem as características dos integrantes do grupo, conversem e respondam às perguntas abaixo. 1. Que característica(s) todos do grupo apresentam? 2. Existe(m) característica(s) que nenhum de vocês apresenta? Qual(is)?
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3. Os integrantes do grupo se consideram mais semelhantes ou mais diferentes entre si? Expliquem sua resposta.
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CARACTERÍSTICAS DA TURMA Agora, vamos fazer um levantamento geral das características de todos da turma. 1. Quantos alunos apresentam o lobo da orelha solto? Quantos não apresentam? 2. Quantos conseguem dobrar a língua? Quantos não conseguem? 3. Quantos alunos apresentam a inserção do cabelo angular? Quantos apresentam em linha reta? 4. Quantos apresentam furo no queixo? Quantos não apresentam essa característica? 5. Vocês se consideram mais semelhantes ou mais diferentes entre si? Por quê?
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Como vocês puderam observar, somos diferentes. E semelhantes também. Apresentamos características físicas diversas, que podem ser compartilhadas com outros membros de nossa família.
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Converse com os integrantes de seu grupo e escrevam, no diário de bordo, o que determina essas características. Em seguida, observem, primeiro entre os integrantes de seu grupo e, depois, em toda a turma: 6. Quantos alunos apresentam os cabelos pintados com cores diferentes daquela com que nasceram?
7. Quantos ficaram expostos ao sol e estão com pele bronzeada? Mais uma vez, conversem com os integrantes do grupo e escrevam o que determina essas características. Provavelmente, vocês observaram que algumas características são herdadas de nossas famílias e não podemos modificá-las de forma simples, e outras podemos modificar de acordo com nossa vontade, sem grandes dificuldades. 8. O que conseguimos modificar com facilidade: nosso genótipo ou nosso fenótipo? 9. O que herdamos de nossos antecessores? 10. Discutam, dentro dos grupos, sobre o que é afirmado na equação a seguir. Tentem explicar o sentido desta imagem e sua veracidade. Se necessário, peçam auxílio ao(à) professor(a). Genótipo
Ambiente
Fenótipo
Agora que esses conceitos foram relembrados, escrevam em seu diário de bordo um breve texto sobre a origem da diversidade na espécie humana. Conversem e troquem conhecimentos e ideias, assim o texto construído ficará mais rico e coerente.
Jovens entre amigos. 57
ETAPA 2 DESAFIOS
EM13CNT207 EM13CNT303
5 AULAS DUPLAS
DESAFIO 1 3 AULAS DUPLAS
COMO IDENTIFICAR A DIVERSIDADE À NOSSA VOLTA? Compreendemos os fatores que interferem na diversidade? Chegou a hora de identificarmos a diversidade que está presente em nossa comunidade. Já tivemos uma prévia dessa diversidade no exercício anterior, mas agora vamos pensar de forma mais abrangente. Listem, no diário de bordo, todas as variedades que podem estar presentes na humanidade. Não se limitem às formas físicas, pensem também em variedade cultural e religiosa. Uma forma de facilitar essa listagem é construir uma matriz simples, como no exemplo a seguir. Cite aqui as diversas aparências. Física/ Biológica
Cultural
Religiosa
Social
Cite aqui as diversas religiões.
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PROJETO 2
Cite aqui as diversas culturas.
Cite aqui as variedades sociais.
Quando finalizarem a lista, troquem-na com a de outros grupos da sala. Assim, um grupo pode contribuir com outro, acrescentando possibilidades que ainda não foram pensadas e complementando as listas produzidas. Juntos, selecionem as variedades que todos os grupos pesquisarão. Com a listagem completa, chegou a hora de buscar a diversidade em sua comunidade. Delimitem, com a orientação do(a) professor(a), a área de atuação de cada um. Observem, conversem com as pessoas e identifiquem a diversidade presente na área que vocês decidiram pesquisar. Com a diversidade identificada, façam uma análise simples dos dados coletados. Lembrem-se de que vocês precisam informar quantas categorias da diversidade aparecem na área de estudo escolhida e quantos representantes de cada uma dessas categorias existem. Por exemplo, há pessoas com dificuldades ou limitações físicas
para se movimentar ou caminhar em sua comunidade? Quantas? Quantas pessoas não apresentam essa dificuldade? Construam gráficos para apresentar esses números de forma mais clara e visual. A partir de agora, vamos chamar os requisitos da diversidade listados na matriz que vocês elaboraram de variáveis. O primeiro passo é organizar os dados pesquisados, contabilizando quantas pessoas no total fizeram parte do estudo e quantas apresentam cada uma das características que vocês listaram. Podemos também, para aprofundar as análises, mesclar as informações, comparando, por exemplo, o número de pessoas que apresentam duas ou mais características listadas. Façam todas as mesclagens de informações – isto é, a relação entre as variáveis – que considerarem interessantes. Esses dados podem ser apresentados em gráficos de barras ou setores (pizza), por exemplo. Gráficos de colunas ou barras são mais utilizados para indicar um dado quantitativo sobre diferentes variáveis e não dependem de proporções. Já para representar uma proporção, é mais adequado um gráfico de setores, também conhecido como gráfico de pizza. Após essa análise, elaborem em grupo uma forma de apresentar para a turma os dados que obtiveram e os gráficos construídos. Algumas ideias interessantes são produção de cartazes, vídeos ou infográficos. Usem a criatividade! Lembrem-se, porém, de que os dados precisam estar apresentados de forma clara e atrativa. Depois que todos os grupos da turma se apresentarem, discutam sobre os dados obtidos. O que vocês podem concluir acerca da diversidade em sua comunidade?
Vejam alguns exemplos a seguir. EMPREGADOS COM CARTEIRA DE TRABALHO ASSINADA (EM %) Distribuição percentual dos trabalhadores com 16 anos ou mais de idade Legenda:
50 40
2000
2010
46,5 36,5
30
39,8 32,7
43,7 35,1
20 10 0
Homens
Mulheres
Total
Gráfico de barras ilustrando a distribuição percentual de trabalhadores com carteira assinada. Fonte: Censo 2000 e 2010.
PORCENTAGEM DA POPULAÇÃO POR SEXO (BRASIL, 2018)
Homens Mulheres 48,3% 51,7%
Gráfico de setores (pizza) ilustrando a distribuição percentual de gênero da população brasileira. Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), 2018. Distribuição percentual dos trabalhadores com16 anos ou mais de idade.
Vocês conhecem algum software para análise de dados? Um exemplo é o editor de planilhas – uma excelente ferramenta para organizar dados e construir gráficos. Conversem com o(a) professor(a) sobre os recursos que essa ferramenta oferece e peçam orientação sobre como trabalhar com ela. Ou, se possível, peçam orientações a amigos que saibam lidar com editores de planilha.
VALORIZANDO A DIVERSIDADE: A VOZ DAS MINORIAS
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DESAFIO 2 COMO CONCEITUAR 2 AULAS DUPLAS
O QUE É MINORIA?
A humanidade é rica em sua diversidade. 60
PROJETO 2
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que geralmente são utilizados para classificar uma minoria. Anotem essas ideias no diário de bordo. Neste momento, vocês já devem ter percebido que, quando falamos em minorias, não estamos necessariamente nos referindo aos grupos que estão em menor número na sociedade. Por que, então, esses grupos são chamados de minorias? Nesses casos, o termo “minoria” não se refere a uma quantidade, mas sim a uma situação de influência social. Portanto, não estamos nos referindo à minoria como uma quantidade numericamente menor, mas sim a um grupo socialmente em desvantagem. Apesar de ser possível, em algumas situações, esses grupos minoritários estarem de fato em menor número em determinada sociedade, não é esse dado que os caracteriza. São as relações estabelecidas na sociedade e os grupos que a compõem que definem esse conceito – ou seja, o que é estabelecido como padrão pelos
Ra
Na etapa anterior, vocês observaram o quanto podemos ser diferentes, mesmo sendo tão semelhantes. Nesta etapa, vamos nos aprofundar nesse assunto. Vocês já ouviram falar no conceito de minoria? O que a diversidade tem a ver com minoria? O que é minoria? Pensem a respeito dessas questões e realizem uma discussão em grupo. Resgatem a pesquisa sobre diversidade que vocês produziram e tentem identificar as minorias nela presentes. Será que podemos chamar de minoria aqueles aspectos da diversidade que aparecem com menor frequência? Para responder a essa pergunta, vamos fazer outra atividade prática. Busquem, em jornais, revistas e/ou na internet, notícias em que a palavra “minoria” apareça. Registrem em qual contexto ela foi empregada. Se possível, recortem ou imprimam a notícia e colem-na no diário de bordo (ou, se for o caso, salvem a notícia em seu diário de bordo digital). Busquem em fontes variadas, deem preferência a notícias em que o foco seja o conceito de minorias e evitem aquelas que apenas citam o termo. Apresentem para a turma as notícias que vocês encontraram. Coletivamente, tentem conceituar o termo “minoria” e façam um levantamento dos critérios
precisam se afirmar a todo momento perante a sociedade e suas instituições, reivindicando seus direitos. »» Luta contra privilégios de grupos dominantes: Por serem grupos não dominantes e, muitas vezes, discriminados, as minorias lutam contra o padrão vigente estabelecido, sendo uma das grandes marcas dessa luta atualmente a utilização das mídias para expor sua situação e levar conhecimento para a população em geral. É importante deixar claro que estudos acerca desse tema ainda são muito recentes e, portanto, não muito definidos. Poucos anos após o término da Segunda Guerra Mundial, foi escrito um documento com a participação de representantes de diferentes partes do mundo: a Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Assembleia Geral da ONU, em 1948, em Paris. Esse documento, porém, não tratou especificamente dos direitos das minorias; no entanto, representa um importante marco para a defesa dos direitos de qualquer pessoa no mundo, porque dele decorreram dois outros documentos, com valor legal, que são UN Photo
grupos com maior poder de influência na sociedade e os comportamentos discriminatórios e preconceituosos que isso gera. Apesar de até a Organização das Nações Unidas (ONU) não ter conseguido estabelecer um conceito universalmente aceito, com um olhar um pouco mais atento, podemos observar algumas características comuns entre esses grupos: vulnerabilidade, busca constante por respeito e necessidade de afirmação e reconhecimento de identidade perante grupos dominantes. Assim, esses elementos são importantes para estabelecer o que é uma minoria. A seguir, é apresentada uma breve descrição deles. »» Vulnerabilidade: Os grupos minoritários, em geral, não encontram amparo suficiente na legislação, ou, caso a lei exista, não é implementada de modo eficaz, de forma que a luta desses grupos é para ter suas vozes mais ouvidas nas instituições. »» Identidade em formação: Mesmo que exista há muito tempo e que tenha tradições sólidas e estabelecidas, a minoria vive como que em constante recomeço de sua identificação social, pois
Eleanor Roosevelt segurando o pôster da Declaração Universal dos Direitos Humanos (Universal Declaration of Human Rights, 1948). 61
utilizados internacionalmente: o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, de 1966, foi o primeiro instrumento internacional da ONU a abordar os grupos minoritários, ainda que sem fornecer uma definição de minoria, apenas exigindo o respeito aos direitos desses grupos. Outra medida tomada foi a Carta de Paris, de 1990, na qual foi apontada a necessidade de proteção à identidade religiosa, linguística, cultural e étnica das minorias. Dois anos depois, foi criada uma das entidades mais importantes para a questão das minorias: o Alto Comissariado para as Minorias Nacionais, que apresentou uma declaração mais direta e urgente sobre a situação desses grupos. A Declaração dos Direitos das Pessoas Pertencentes a Minorias Nacionais ou Étnicas, Religiosas e Linguísticas, de 1992, dispõe que: [...] pessoas pertencentes a minorias nacionais, étnicas, religiosas e linguísticas têm o direito de desfrutar de sua própr ia cultura, de professar e pratic ar sua própr ia religi ão, de fazer uso de seu idioma própr io, em ambientes privados ou públicos, livremente e sem interferência de nenhuma forma de discriminação.
Fonte: Declaração dos Direitos das Pessoas Pertencentes a Minorias Nacionais ou Étnicas, Religiosas e Linguísticas, Assembleia Geral da ONU, 1992.
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PROJETO 2
Construam, no diário de bordo, uma linha do tempo sobre o avanço do entendimento acerca das minorias e a garantia de seus direitos, abordando os documentos oficiais importantes nesse processo. Pesquisem sobre esses documentos e anotem o que cada um deles trouxe de benefício para esses grupos. Em seguida, reflitam sobre como as minorias são representadas e amparadas em nossa sociedade. Discutam sobre isso com uma questão em mente: como construir uma sociedade justa?
Podemos entender a democracia como uma forma de governo em que a vontade da maioria deve prevalecer. Quantitativamente, isso é correto, mas, na verdade, a democracia também é uma forma de garantir que as minorias possam ser ouvidas, respeitadas e representadas. Anotem, no diário de bordo, os pontos principais dessa conversa. Vamos retomar esses dados adiante. Depois de lerem e discutirem esses conceitos, retomem as definições e critérios estabelecidos por vocês para classificar as minorias e ajustem o que for necessário. Citem exemplos de grupos minoritários com base nas notícias que vocês pesquisaram anteriormente. Bandeira da Organização das Nações Unidas (ONU).
UN Photo
Há vários filmes e séries que abordam questões das minorias em diversas épocas. Veja a seguir algumas sugestões para aprofundar a discussão sobre o tema. Se possível, organizem uma exibição coletiva com os colegas e o(a) professor(a). •
Green Book: o guia (EUA, 2018. 130 min), de Peter Farrelly. O filme retrata a amizade entre um músico negro e seu motorista racista em uma viagem pelo sul dos Estados Unidos na década de 1960.
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Estrelas além do tempo (EUA, 2016. 127 min.), de Theodore Melfi. Em plena Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética disputam a supremacia na corrida espacial, ao mesmo tempo em que a sociedade norte-americana lida com uma profunda cisão racial, entre brancos e negros. Tal situação é refletida também na Nasa, na qual um grupo de funcionárias negras precisam provar sua competência e lidar com o preconceito arraigado para que consigam sucesso na instituição.
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Olhos que condenam (EUA, 2019. 4 episódios), de Ava DuVernay. Baseada em história real, a minissérie retrata o caso dos Cinco do Central Park, em que jovens negros foram injustamente acusados de estupro e homicídio nos anos 1980, em Nova York.
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Que horas ela volta? (Brasil, 2015. 114 min.), de Anna Muylaert. Depois de deixar a filha no interior de Pernambuco e trabalhar 13 anos como babá em São Paulo, Val tem estabilidade financeira, mas convive com a culpa por não ter criado sua filha Jéssica.
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Tamara (Venezuela, 2016. 110 min.), de Elia Schneider. Inspirado na vida de Tamara Adrián, primeira parlamentar transexual da Venezuela, o filme retrata o processo de transição de gênero da personagem e fala sobre dificuldades e preconceitos.
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A onda (Alemanha, 2008. 108 min.), de Dennis Gansel. Em uma escola da Alemanha, alunos têm de escolher entre duas disciplinas eletivas: uma sobre anarquia e outra sobre autocracia. O professor Rainer Wenger decide, para exemplificar melhor aos alunos, formar um governo fascista dentro da sala de aula. Eles dão o nome de “A onda” ao movimento. Quando as coisas começam a ficar sérias e fanáticas demais, Wenger tenta acabar com “A onda”, mas aí já é tarde demais.
•
Hotel Ruanda (EUA, África do Sul, Itália, 2004. 130 min.), de Terry George. Em 1994, um conflito político em Ruanda levou à morte quase um milhão de pessoas em apenas 100 dias. Sem apoio dos demais países, os ruandenses tiveram de buscar saídas em seu próprio cotidiano para sobreviver. Uma delas foi oferecida por Paul Rusesabagina, que era gerente do Hôtel des Milles Collines, localizado na capital do país. Contando apenas com sua coragem, Paul abrigou no hotel mais de 1 200 pessoas durante o conflito.
Capas: Divulgação
DICAS DE FILMES
VALORIZANDO A DIVERSIDADE: A VOZ DAS MINORIAS
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ETAPA 3 PLANEJAR A AÇÃO
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IDENTIFICANDO AS MINORIAS EM NOSSA COMUNIDADE Em cada país ou região, diferentes populações podem ser consideradas minoritárias, a depender dos grupos que dominam as instituições do local, sendo que um mesmo grupo pode ser dominante em um lugar e minoritário em outro. Por exemplo, os judeus são um grupo majoritário em Israel, porém constituem minorias em diversas outras regiões do mundo. Com isso em mente, vocês devem identificar as minorias existentes em sua região e comunidade. Retomem a pesquisa realizada na segunda etapa. Observem a matriz de diversidade construída por vocês e tentem identificar potenciais grupos minoritários. Para serem assertivos nessa identificação, levem em consideração as vulnerabilidades, os preconceitos sociais e as dificuldades enfrentadas por esses grupos para acessar ambientes e patamares sociais, além de obterem aceitação. Não se esqueçam de que o compartilhamento de ideias e a troca de conhecimentos são essenciais para aprofundar o olhar e favorecer o criticismo essencial para esta etapa do projeto. Portanto, conversem entre si e não tenham pressa em obter respostas. WAYHOME studio/ Shutterstock
3 AULAS DUPLAS
Para aprofundar os conhecimentos de todos, vamos utilizar uma estratégia de comunicação muito eficiente, o Método Aquário (ou Fishbowl). Essa é uma metodologia de conversa em grupo, plural e democrática, na qual as pessoas estão, necessariamente, dispostas de forma concêntrica. Tal formato é muito importante para os objetivos dessa estratégia. Vale ressaltar que o nome Fishbowl, do inglês, refere-se àqueles aquários redondos, o que remete à disposição das pessoas na prática do método. Organizem as cadeiras em forma de círculo, com cinco a oito lugares no primeiro círculo, no centro, e outros círculos ao redor. A quantidade de cadeiras nos círculos secundários depende da quantidade de alunos na turma. Observem a imagem a seguir, que ilustra essa disposição. O(a) professor(a) será o(a) facilitador(a) e se sentará no círculo interno com um representante de cada grupo de alunos. A conversa tem início e apenas quem senta em uma das cadeiras do círculo interno tem o poder de fala. Uma das cadeiras desse círculo interno deve estar sempre vazia, para que os alunos sentados nos círculos secundários possam ir até ela, sentar e falar. Quando um aluno dos círculos secundários sentar no círculo interno, um aluno do círculo interno deve sair, deixando, assim, sempre um espaço vago; assim, o número de cadeiras no círculo interno deve ser igual ao número de participantes dos grupos mais uma cadeira para o(a) professor(a) e uma para o(a) novo(a) participante. A ideia é que todos participem da conversa, ativa ou passivamente. Quanto mais participantes entrarem no círculo interno do “aquário”, mais rica a conversa será. Essa conversa tem o intuito de todos compartilharem os conhecimentos adquiridos sobre minorias, além de poderem dividir experiências e vivências pelas quais já passaram. Após a rodada no Método Aquário e depois de identificar quais são os grupos minoritários em sua comunidade, entrevistem representantes desses grupos, ao menos dois de cada, para se certificarem de que, de fato, podemos classificá-los como minorias sociais. Para isso, é necessário que vocês primeiro pensem e elaborem as questões que serão perguntadas aos entrevistados. O questionário pode ser em papel ou digital, o que for mais prático para vocês. Tenham em mente que vocês buscam identificar grupos minoritários; assim, as perguntas devem ser formuladas para obter respostas que facilitem essa classificação. Primeiro, é necessário identificar o entrevistado, anotando nome, idade e gênero. Também é importante que o entrevistado se perceba como pertencente a um grupo minoritário e que saiba identificar qual grupo seria esse.
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Romão/ M10
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De cima para baixo: Aquário redondo. Esquema de disposição dos assentos no Método Aquário.
Pertencer a uma minoria nem sempre é fácil. Aproveitem a convivência diversa para aprenderem e crescerem juntos, um escutando o outro com empatia e respeito. O compartilhamento de experiências é de extrema importância para ampliar a percepção sobre as dificuldades e necessidades das minorias.
VALORIZANDO A DIVERSIDADE: A VOZ DAS MINORIAS
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Atenção: Os dados oficiais do IBGE são coletados a partir do Censo, realizado normalmente de dez em dez anos, e possibilitam o recolhimento de várias informações, tais como o número de homens, mulheres, crianças e idosos, onde e como vivem as pessoas.
Uma das iniciativas da RNSP é a Rede Cidades https://redecidades. org.br/, que atua em diferentes municípios brasileiros.
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PROJETO 2
Após a rodada de Método do Aquário e identificarem quais são os grupos minoritários em sua comunidade, chegou o momento de entender melhor o que significa ser parte de uma minoria. Para isso, conversem com seu professor para escolher o caminho mais apropriado para a realidade de vocês. Caminho 1: Coleta de dados em empresas da região Visitem as empresas da região, uma ou duas por grupo, e entrevistem os gestores para identificar a presença de grupos minoritários no quadro de funcionários. Para isso, é necessário que vocês primeiro pensem e elaborem as questões que serão feitas aos entrevistados. Primeiro, é necessário pedir consentimento ao entrevistado; também é importante saber se o entrevistado gostaria de ser identificado ou não e se quer identificar a empresa também, e respeitar esse desejo. Reforcem para o entrevistado a importância de um levantamento fidedigno a respeito do quadro de funcionários. Tomem como exemplo o questionário a seguir. Entrevista – empresa 1. Você sabe o que é minoria? 2. Quantos funcionários trabalham atualmente na empresa? 3. A empresa tem alguma política de inclusão? 4. Qual é o percentual de funcionários que pertencem a grupos minoritários? Caminho 2: Levantamento de dados de sites oficiais Uma forma bastante eficiente de identificar e conhecer um pouco melhor as minorias da sua região é pesquisar e analisar dados oficiais que trazem essas informações. O interessante é que nestes sites há possibilidade de filtrar os dados por região, estado ou cidade e compará-los com outras regiões. Veja a seguir algumas indicações: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: www.ibge.gov.br/. É um órgão oficial, responsável por fornecer informações estatísticas e da geografia do Brasil; é ele que realiza o recenseamento a cada 10 anos. Atlas Brasil: www.atlasbrasil.org.br/. Fornece relatórios com os principais indicadores de desenvolvimento humano. Pode-se fazer a pesquisa pelo nome do município e encontrar dados relativos ao IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), população, saúde, educação, renda, vulnerabilidade, habitação, entre outros. Rede Nossa São Paulo (RNSP): www.nossasaopaulo.org.br/. É uma organização não governamental que propõe, por meio de ações junto à sociedade e aos órgãos públicos, a construção de cidades mais justas, democráticas e sustentáveis.
Vocês conhecem os editores de questionários virtuais? São ferramentas gratuitas disponibilizadas para elaborar questionários digitais. Nele, o usuário pode produzir pesquisas de múltipla escolha, fazer questões discursivas, solicitar avaliações em escala numérica, entre outras opções. O questionário pode ser distribuído por e-mail ou redes sociais. Além de coletar os dados, essa ferramenta também faz uma análise inicial dos dados obtidos, agrupando-os e apresentando gráficos. Permitem ainda que as respostas sejam dadas anonimamente, o que é muito importante porque preserva a identidade de quem respondeu. Assim, vocês obtêm os dados para a pesquisa, mas não identificam os respondentes.
Analisem os dados seguindo os mesmos passos desenvolvidos na Etapa 2. Uma vez identificadas as minorias de sua região e as necessidades desses grupos, fica mais fácil perceber as dificuldades e a importância da empatia.
Empatia é colocar-se no lugar do outro, procurando entender suas dores e dificuldades, utilizando escuta ativa e presença. É buscar a necessidade do outro. E isso não é fácil.
ETAPA 4 DESENVOLVER A AÇÃO 4 AULAS DUPLAS
EM13LGG102 EM13LGG202 EM13LGG303
Romão/ M10
Provavelmente, vocês já perceberam que é importante e necessário dar voz às minorias. É preciso entender as dificuldades e ouvir as demandas dos grupos minoritários, para tentar criar estratégias a fim de desenvolver uma sociedade mais justa e democrática. A principal questão desse projeto é: “Como dar voz às minorias?”. Para isso, conforme citado na etapa anterior, é necessário desenvolver a empatia, que permite ver situações sob a perspectiva do outro e entender as razões pelas quais os indivíduos agem de determinada forma. Com o uso de algumas ferramentas, é possível retirar esses sentimentos do plano das ideias e colocá-los no papel, descrevendo dores, sentimentos e necessidades, facilitando sua visualização. É assim que funciona o mapa da empatia, cujo objetivo é estudar o perfil de um grupo ou público com a finalidade de entendê-los melhor.
VALORIZANDO A DIVERSIDADE: A VOZ DAS MINORIAS
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MAPA DA EMPATIA O mapa da empatia pode ser desenhado em seu diário de bordo, em uma folha de cartolina, de papel sulfite ou mesmo no computador. Quando feito em papel, é comum que seja preenchido com blocos de papel autoadesivos. Qualquer que seja o suporte escolhido, ele deve ser dividido da seguinte forma:
NOME:
IDADE: O QUE PENSA E SENTE?
O QUE VÊ?
O QUE OUVE?
O QUE FALA E FAZ?
QUAIS SÃO AS DORES?
QUAIS SÃO AS NECESSIDADES?
Mapa da empatia.
Para preencher esse mapa, o primeiro passo é criar uma persona – um personagem fictício baseado nas características psicológicas e nos comportamentos comuns das pessoas que vocês entrevistaram na etapa anterior. Além disso, criem um nome e uma idade para sua persona, que ajudem a dar uma noção de quem se trata. Pensem e construam juntos a persona do grupo. Para um trabalho efetivo, é preciso focar em um grupo específico. Portanto, antes de começarem, decidam, junto ao(à) professor(a), qual grupo minoritário vocês vão abordar no projeto daqui para frente. Depois de definidos esses elementos, vocês estarão prontos para criar seu mapa da empatia! Vamos entender cada segmento do mapa: a) O que vê? Esta seção fala dos estímulos visuais que sua persona recebe. Tentem responder a perguntas como: »» Como é o mundo em que a persona vive? »» Como são seus amigos? »» O que é mais comum em seu cotidiano? 68
PROJETO 2
b) O que ouve? Pense no que sua persona ouve não somente no sentido literal, de músicas ou conversas, mas também nas influências que recebe de fontes diversas, como meios d e comunic aç ão. Proc urem responder a perguntas como: »» Quais pessoas e ideias influenciam a persona? Quem são seus ídolos? »» Quais são suas marcas favoritas? »» Quais produtos de comunicação consome?
c) O que pensa e sente? São as ideias que permeiam a mente de sua persona. »» Como a persona se sente em relação ao mundo? »» Quais são suas preocupações? »» Quais são seus sonhos? d) O que fala e faz? Para definir essas características, procurem responder às seguintes questões: »» Sobre o que sua persona costuma falar? »» Ao mesmo tempo, como age? »» Quais são seus hobbies?
e) Quais são suas dores? C orresponde a dúvidas e obstáculos que o grupo minoritário precisa superar para total inclusão na sociedade. »» Do que sua persona tem medo? »» Quais são suas frustrações? »» Que obstáculos precisa ultrapassar para conseguir o que deseja? f) Quais são suas necessidades? O que o grupo minoritário precisa para atingir seus objetivos? Como vocês podem auxiliar nessa busca? »» O que é sucesso para sua persona? »» Aonde ela quer chegar? »» O que ajudaria a resolver ou minimizar seus problemas?
NOME:
IDADE: O QUE PENSA E SENTE? Como a persona se sente em relação ao mundo? Quais são suas preocupações? Quais são seus sonhos?
O QUE OUVE?
O QUE VÊ? Como é o mundo em que a persona vive? Como são seus amigos? O que é mais comum no seu cotidiano?
Quais pessoas e ideias influenciam a persona? Quais suas marcas favoritas? Quais produtos de comunicação consome? O QUE FALA E FAZ? Sobre o que a persona costuma falar? Ao mesmo tempo, como age? Quais são seus hobbies? QUAIS SÃO AS DORES? Do que sua persona tem medo? Quais são suas frustrações? Que obstáculos precisa ultrapassar para conseguir o que deseja?
QUAIS SÃO AS NECESSIDADES? O que é sucesso para sua persona? Aonde ela quer chegar? O que acabaria com seus problemas?
VALORIZANDO A DIVERSIDADE: A VOZ DAS MINORIAS
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Ao construírem o mapa da empatia, vocês estarão mais próximos de entender quais são as dificuldades dos grupos minoritários e como minimizá-las. Analisem o mapa e discutam qual seria a melhor forma de dar voz à minoria abordada no trabalho que estão realizando. Busquem uma solução que seja efetiva e possível de ser desenvolvida por vocês. O estabelecimento de um grupo ou público-alvo e a construção do mapa da empatia são partes de um método denominado Design Thinking, desenvolvido para trazer soluções inovadoras aos problemas. ETAPAS DO DESIGN THINKING
ETAPA
Definir Definir o problema que precisa ser solucionado.
1
2 Empatizar Identificar as motivações, desejos, expectativas e necessidades do público-alvo. Idear Gerar o maior número de ideias possível.
3 4
Testar Colocar a solução encontrada em prática.
Etapas do Design Thinking (DT).
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PROJETO 2
Prototipar Testar parte da ideia e ver se funciona e é viável.
5
Na imagem, estão ilustradas as etapas do Design Thinking. Quais delas vocês já cumpriram? »» Definir: Vocês já definiram o problema “Como dar voz às minorias?”. »» Empatizar: Vocês construíram o mapa da empatia e entenderam as dores do seu público-alvo. Reúnam-se e comecem a compartilhar as ideias que forem surgindo. Não se esqueçam de tomar nota de tudo o que for conversado. Uma dica interessante é marcarem, em um papel no centro da mesa, as ideias citadas, de forma que fiquem visíveis a todos. Assim, uma ideia pode servir de gatilho para outras.
Resumindo, confiram os principais pontos para fazer de seu brainstorm um sucesso: »» Não percam o foco do objetivo. O que vocês estão tentando encontrar/resolver? »» Permitam que todos tenham oportunidade de falar. Incentivem todos a participar e evitem que a fala seja dominada por apenas alguns integrantes do grupo. »» Deem prioridade à quantidade em vez da qualidade. Uma ideia não tão boa pode ser gatilho para outra ideia brilhante. »» Não tenham medo de falar suas ideias e divirtam-se! Neste momento, nenhuma pergunta ou sugestão é bobagem. Escolham a melhor ideia que surgir durante o processo de brainstorm para desenvolvê-la. É hora de prototipar! Como vocês farão para dar voz às minorias? Criarão um canal de vídeo? Uma página em uma rede social? Organizarão eventos e palestras? Farão uma campanha? Criarão uma peça cultural? Independentemente da ideia que tiveram, desenvolvam uma pequena amostra e vejam se saiu conforme o esperado, se conseguirão colocá ‑la em prática e se vão atingir o objetivo proposto. Lembrem-se de que a ação criada precisa mobilizar as pessoas em torno do assunto. Deu tudo certo? O MVP funcionou conforme o esperado? Muito bem, agora é hora de desenvolver a ideia completa e colocá-la em prática. Algumas contrariedades apareceram? Não foi como imaginaram? Sem problemas! Analisem o MVP e vejam o que não funcionou. Consertem os erros e sigam em frente. Se for necessário, voltem às ideias. Refiná-las é sempre um grande aprendizado. É f undamental que não perc am o foco de d e s e nvol ve r açõ e s p ú blic a s e e s t r atég ia s d e discurso para aumentar a visibilidade quanto à vulnerabilidade das minorias.
Uma técnica muito utilizada para o surgimento de ideias é a chamada brainstorm, ou tempestade de ideias (em português). Essa técnica baseia-se em levantar o maior número de ideias possível, favorecendo a criatividade. Neste momento, o mais importante é a quantidade de ideias. Assim, todas as ideias que surgirem, mesmo aquelas que pareçam ineficientes, devem ser consideradas; afinal, uma ideia que não parece tão boa pode ser o ponto de partida para o surgimento de outras melhores. Portanto, sem julgamentos ou críticas, deixem a criatividade fluir. A melhor forma de chegar a uma ideia brilhante é ter muitas ideias.
Protótipo é um produto em fase de teste. Vocês desenvolverão a ideia que tiveram de uma forma mais simples, para verificar sua eficiência e viabilidade. É isso que chamamos de Mínimo Produto Viável, ou MVP, na sigla em inglês.
VALORIZANDO A DIVERSIDADE: A VOZ DAS MINORIAS
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ETAPA 5 ORGANIZAR A APRESENTAÇÃO 3 AULAS DUPLAS
EM13LGG204 EM13LGG303
Agora é hora de pôr a ideia de vocês em prática em sua totalidade. Não poupem esforços para atingir o objetivo. Dediquem-se ao máximo e tenham em mente a grande contribuição que a ação de vocês trará para a comunidade e o grupo minoritário de sua região. Utilizem os meios adequados para que sua ação atinja o maior número possível de pessoas.
COMO APRESENTAR SEU PROJETO? As ações de conscientização e combate à discriminação podem ganhar diferentes formas em cada turma: »» Caso tenham optado por um debate na comunidade, é preciso que organizem a ação de forma que a comunidade possa participar. Planejem um período para que apresentem o ponto a ser debatido, colham as opiniões de todos, fazendo um registro desse encontro, e tentem já sair com propostas de ações para dar continuidade ao projeto. Encontros a cada dois meses seriam uma ótima estratégia para que o debate não perca força e envolva novos agentes nas ações idealizadas. »» Para a realização da palestra, verifiquem se na comunidade escolar há pessoas engajadas em movimentos de defesa da minoria e façam um convite para realizar a palestra. Elaborem uma introdução para contextualizar o trabalho desenvolvido e peça ao palestrante que dê sugestões práticas de como a comunidade pode atuar de forma conjunta. »» Na produção de cartazes, é importante se atentar aos espaços de circulação, onde serão afixados, a quem pretendem atingir (somente 72
PROJETO 2
os alunos da escola, toda a comunidade escolar, incluindo funcionários, pais, visitantes...). Isso implica pensar nos melhores lugares para divulgação e a forma de apresentação do texto e imagem para Lembrem-se de que dar transmitir a mensagem. voz às minorias é garantir sua representatividade e »» A realização de campanha de conscientização podireitos, contribuindo para de ser acompanhada de panfletos informativos e uma sociedade mais justa e vinculada a eventos culturais em que a comunidade democrática. escolar seja convidada a participar com apresentações, por exemplo, de saraus, danças, apresentações teatrais. Outra possibilidade é usar a indicação de filmes feita anteriormente para organizar exibições coletivas seguidas de debate.
tock
hutters
nero/ S
oli Luis M
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ETAPA DE AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS E AUTOAVALIAÇÃO 2 AULAS DUPLAS
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PROJETO 2
Está na hora de verificar o que você aprendeu com este projeto. Além do conhecimento adquirido, todo o processo será observado. A autoavaliação é uma reflexão sobre sua atuação, participação e aprendizado durante todo o desenvolvimento deste trabalho. Já a avaliação por pares segue o mesmo princípio; porém, considera a participação dos colegas de seu grupo. Por último, será realizada uma avaliação pela óptica do(a) professor(a). Mais informações, explicações e sugestões para orientar essa reflexão, você encontra na seção Orientações iniciais (página 6). Algumas perguntas específicas para este projeto que podem servir de guia nas avaliações são: »» Como avalia a participação nas discussões relacionadas a diversidade e sua origem? »» Como você avalia sua proatividade na elaboração do questionário e na realização das entrevistas? »» Como foi sua contribuição no levantamento e análise dos dados? »» Como foi seu comprometimento com a construção dos gráficos? »» Como classifica seu envolvimento com o processo de Design Thinking? »» Como foram suas contribuições no brainstorm e na prototipagem? »» O produto desenvolvido por vocês cumpriu o objetivo? Recorde que, além da autoavaliação, todos os integrantes do grupo irão avaliar os colegas. Conversar sobre essas avaliações pode lhes mostrar aspectos de sua personalidade e comportamento que vocês não percebiam. Isso lhes dá oportunidade de melhorar e crescer. Esse apontamento respeitoso e construtivo é chamado de feedback. É importante que as informações contidas nas Orientações iniciais sejam lidas com atenção. Aproveite essa oportunidade para seu aprimoramento!
PARA SABER MAIS Nas referências a seguir, você encontrará informações que o ajudarão na realização do projeto ou mesmo na ampliação dos temas. •
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, 2016. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: jan. 2020. Constituição federativa brasileira em vigor, que reúne as normas e define a política fundamental, princípios políticos, e estabelece estrutura, procedimentos, poderes e direitos de um governo, além de garantir os direitos da população.
•
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente, 2000. Disponível em: https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf_dpg/_arquivos/ cdbport.pdf. Acesso em: out. 2020. Documento do Ministério do Meio Ambiente que trata do valor intrínseco da diversidade biológica e dos valores ecológico, genético, social, econômico, científico, educacional, cultural, recreativo e estético da diversidade biológica e de seus componentes, e da importância da conservação desta diversidade.
•
MONTEIRO, Adriana C. et al. Minorias étnicas, linguísticas e religiosas. Projeto DHnet, [s. d.]. Disponível em: www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/pb/dhparaiba/5/minorias.html. Acesso em: jan. 2020. Artigo que discorre sobre o conceito de minorias, a situação atual de grupos minoritários na sociedade brasileira, seus direitos e outras considerações relevantes.
•
NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Centro de Informação das Nações Unidas (UNIC). Declaração Universal dos Direitos Humanos. Rio de Janeiro: UNIC, 2009. Disponível em: https://nacoesunidas.org/wp-content/ uploads/2018/10/DUDH.pdf. Acesso em: jan. 2020. Documento da ONU que lista os direitos humanos universais como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente a dita Declaração, se esforce, por meio do ensino e da educação, em promover o respeito a esses direitos e liberdades.
•
PENA, Sérgio D. J.; BIRCHAL, Telma S. A inexistência biológica versus a existência social de raças humanas: pode a ciência instruir o etos social? Revista USP, São Paulo, n. 68, p. 10-21, dez./fev. 2005-2006. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i68p10-21. Disponível em: www.revistas.usp.br/revusp/ article/view/13479/. Acesso em: jan. 2020. Revista digital que discorre sobre a questão de raças na espécie humana, abordando a inexistência biológica deste conceito e como a ciência pode colaborar com as organizações sociais e prevenir ou corrigir discriminação de grupos específicos, contribuindo para a construção ética da sociedade.
•
VERANI, Cibele. Diversidade humana. Projeto Ghente. Disponível em: www.ghente.org/ciencia/diversidade/ index.htm. Acesso em: jan. 2020. Artigo que trata da percepção da diversidade humana ao longo da história.
•
VIANA, Nildo. O que são minorias? Revista Posição, v. 3, n. 9, p. 27-32, jan./mar. 2016. Disponível em: http:// redelp.net/revistas/index.php/rpo/article/view/6viana09pos/378. Acesso em: jan. 2020. Artigo que discorre sobre o conceito de minoria social e construção do termo.
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LUIS PADILLAFotografia/ Shutterstock
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Após terminar o projeto, retome seus registros e apontamentos a fim de reconhecer seu aprendizado. Ao longo do projeto, foi possível desenvolver: Competências específicas
Ciências da Natureza e suas Tecnologias 2. Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis. 3. Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC). Linguagens e suas Tecnologias 1. Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo. 2. Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as diversidades e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo preconceitos de qualquer natureza. 3. Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global.
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PROJETO 2
(EM13CNT207) Identificar, analisar e discutir vulnerabilidades vinculadas às vivências e aos desafios contemporâneos aos quais as juventudes estão expostas, considerando os aspectos físico, psicoemocional e social, a fim de desenvolver e divulgar ações de prevenção e de promoção da saúde e do bem-estar. (EM13CNT208) Aplicar os princípios da evolução biológica para analisar a história humana, considerando sua origem, diversificação, dispersão pelo planeta e diferentes formas de interação com a natureza, valorizando e respeitando a diversidade étnica e cultural humana. (EM13CNT302) Comunicar, para públicos variados, em diversos contextos, resultados de análises, pesquisas e/ou experimentos, elaborando e/ou interpretando textos, gráficos, tabelas, símbolos, códigos, sistemas de classificação e equações, por meio de diferentes linguagens, mídias, tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), de modo a participar e/ou promover debates em torno de temas científicos e/ou tecnológicos de relevância sociocultural e ambiental. (EM13CNT303) Interpretar textos de divulgação científica que tratem de temáticas das Ciências da Natureza, disponíveis em diferentes mídias, considerando a apresentação dos dados, tanto na forma de textos como em equações, gráficos e/ou tabelas, a consistência dos argumentos e a coerência das conclusões, visando construir estratégias de seleção de fontes confiáveis de informações. (EM13LGG102) Analisar visões de mundo, conflitos de interesse, preconceitos e ideologias presentes nos discursos veiculados nas diferentes mídias, ampliando suas possibilidades de explicação, interpretação e intervenção crítica da/na realidade. (EM13LGG202) Analisar interesses, relações de poder e perspectivas de mundo nos discursos das diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e verbais), compreendendo criticamente o modo como circulam, constituem-se e (re)produzem significação e ideologias. (EM13LGG204) Dialogar e produzir entendimento mútuo, nas diversas linguagens (artísticas, corporais e verbais), com vistas ao interesse comum pautado em princípios e valores de equidade assentados na democracia e nos Direitos Humanos. (EM13LGG303) Debater questões polêmicas de relevância social, analisando diferentes argumentos e opiniões, para formular, negociar e sustentar posições, frente à análise de perspectivas distintas.
Freepik
Habilidades trabalhadas
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FIC
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PROJETO 3
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S : VERDADE O T E J O R P NOME DO S: VACINAS O IC ÍF T N IE O E MITOS C IAEDUCAÇÃ ID M : R O D GRA TEMA INTE
Objetivos a serem desenvolvidos
• Praticar a cooperação em grupo compartilhando informações relevantes, colaborando com o grupo de forma consistente e ativa nas resoluções, executando as tarefas assumidas, ouvindo ativamente todos os colegas e mantendo fala respeitosa e clara. • Compreender o conceito de Ciência, entendendo sua metodologia e construção como atividade humana decorrente do momento histórico. • Reconhecer a diferença entre hipótese e conclusão baseada em argumentação e fatos científicos e/ou observáveis. • Conhecer os conceitos de divulgação, difusão e disseminação científicas. • Recuperar o conceito de vacinas, entendendo o contexto histórico em que foram criadas, sua importância social e epidemiológica e os mecanismos de ação no corpo humano. • Conhecer o Calendário Nacional de Vacinação e identificar as doenças que são preveníveis mediante vacinação. • Identificar e fazer curadoria de fontes e dados confiáveis e verdadeiros. • Produzir material de divulgação científica baseado em evidências e fontes confiáveis. • Compreender as diferentes linguagens e os processos de difusão de notícias e informações na atualidade. • Apresentar para a comunidade local os dados de como as notícias falsas podem ser convincentes e influenciar nosso comportamento. • Criar uma estratégia para compartilhar o material produzido sobre desmistificação das notícias falsas sobre as vacinas, dando ênfase aos boatos que circulam pela comunidade. • Praticar a avaliação formativa por meio de autoavaliação, avaliação por pares e avaliação coletiva mediada pelo(a) professor(a).
Importância do projeto
Com o avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), temos sido bombardeados com grandes quantidades de informação. No entanto, é sabido que informação não é sinônimo de conhecimento. Nesse sentido, é fundamental saber selecionar o que é relevante, relacionar entre si essas informações e ancorá-las em conhecimentos prévios para que novos e mais profundos conhecimentos sejam construídos. Outra preocupação é a enorme quantidade de informações falsas ou incorretas, as chamadas fake news. Assim, também é imprescindível que as pessoas saibam identificar informações confiáveis e fazer a curadoria de fontes. Este projeto foi elaborado tendo por foco esse atual contexto, com o objetivo de desenvolver competências de seleção e curadoria, essenciais para o século XXI. Com esse propósito, abordaremos a questão da vacinação da população no país, observando verdades e mentiras, fatos e mitos que a envolvem.
Competências gerais
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos, além de produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
Materiais
Folhas de cartolina, papel pardo, computador ou smartphone com acesso à internet, caderno para anotações de campo, processadores e editores de texto e vídeo.
Produto final
Criação de algum veículo (jornal, podcast, canal no YouTube, perfil em rede social) de comunicação que tenha como objetivo o esclarecimento de informações com base em dados científicos e provenientes de fontes oficiais, a fim de combater a propagação de fake news.
Ao longo de todo o projeto, você encontrará indicações que o(a) ajudarão a visualizar quais são as habilidades que estão sendo priorizadas. Com isso, seu estudo ficará ainda mais direcionado.
VERDADES E MITOS CIENTÍFICOS: VACINAS
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VERDADES E MITOS CIENTÍFICOS: VACINAS
Limebridge
O mundo conectado nos atinge todos os dias com milhares de notícias e fatos “cientificamente comprovados”. Mas será que são mesmo? Será que o que lemos ou ouvimos nas redes sociais, por exemplo, é verdade, sobretudo quando se refere à Ciência? Observe atentamente a charge e o quadrinho e reflita sobre as mensagens que eles transmitem. Qual é a relação que essas imagens fazem com a forma como nos informamos sobre a Ciência?
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Charge satirizando como as pessoas se informam na atualidade. PROJETO 3
QUESTÃO DESAFIADORA Como podemos desfazer mitos que parecem ser verdades científicas?
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PROJETO
Romão/ M10
Quadrinho satirizando como a mídia atual divulga a Ciência e os fatos científicos.
Estudo científico sugere que é possível reverter a idade biológica. Um estudo preliminar, com apenas nove “c obaias” humanas, realizado nos Estados Unidos, pode ter descoberto uma forma de girar os ponteiros do relógio biológico no sentido anti-horário.
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ETAPA 1 O QUE É CIÊNCIA? 6 AULAS DUPLAS
Antes de pensarmos se as notícias são cientificamente verdadeiras, precisamos saber o que é Ciência. Você provavelmente tem uma ideia, mas sabe explicar o que ela é?
Escreva um parágrafo, em seu caderno, explicando com suas palavras o que é Ciência. Em seguida, compartilhe com os colegas sua opinião e ouça as opiniões deles com atenção.
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Estudantes debatendo em uma sala de aula.
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EM13CNT207 EM13LGG302
Você pode ter estranhado, mas é isso mesmo. Até o momento, o que você escreveu sobre Ciência é uma opinião. Opinião é uma hipótese, uma ideia não verificada, baseada em percepções pessoais. Concorda que o que você e seus colegas apresentaram eram opiniões sobre Ciência?
Quando uma opinião deixa de ser uma opinião e passa a ser um conceito? Isso já é uma construção científica. Para entendermos melhor esse processo, vamos à prática.
Escreva em seu caderno o que você acha que um cientista faz, como acha que é o trabalho dele. Depois, pesquise para conhecer como realmente é o dia a dia do trabalho desse profissional e também ouça o que o(a) professor(a) tem a dizer sobre isso. Em seguida, releia o que você escreveu e compare as informações. É necessário corrigir ou ajustar alguma informação? Faça isso e veja o resultado. De forma muito simplificada, você fez uma atividade científica. Vamos identificar as etapas? 1. Você observou um problema: “O que um cientista faz?”. 2. Levantou uma hipótese sobre o problema (primeira versão do seu texto, sua opinião). 3. Pesquisou sobre o problema.
huttersto mero/ S Asier Ro
Rawpixel.com/ Shutterstock
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4. Chegou a uma resposta sobre o problema com base na sua pesquisa e efetivou uma conclusão (segunda versão do seu texto).
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Romão/ M10
Agora, sua opinião não é mais apenas uma opinião. Você pesquisou e está mais perto de saber o que um cientista de fato faz. Você tem um argumento. Isso é fazer Ciência! Um cientista observa um fenômeno, levanta hipóteses sobre ele, faz pesquisas e experiências e elabora uma conclusão de acordo com os dados obtidos em suas pesquisas e experiências, confirmando ou não a hipótese. Isso é chamado de método científico.
Ilustração esquemática do método científico.
Muitas vezes, a conclusão elaborada por um cientista é aquela que foi possível alcançar naquele momento, com os recursos e tecnologias de que ele dispõe. Após um tempo, outro cientista pode fazer outros experimentos e pesquisas, com mais recursos e diferentes tecnologias, acrescentar dados ou concluir algo diferente. Como assim? 84
PROJETO 3
Em 1750, as características da sociedade eram diferentes da atual. Ainda não existiam carros e outros veículos motorizados. Só para se ter um exemplo, as pessoas demoravam muito para percorrer uma distância de 10 km, o que hoje se realiza de forma muito rápida graças aos veículos automotores. Naquela época, muitas vezes, as pessoas precisavam percorrer essa distância caminhando. Pesquise na internet o tempo médio que uma pessoa leva para caminhar 10 km. Hoje, após o advento dos automóveis e outros meios de transporte, quanto tempo demoramos para percorrer os mesmos 10 km? Hoje consideramos 10 km uma distância relativamente curta. Essa diferença de percepção se dá não porque as distâncias mudaram, mas porque a tecnologia mudou. É mais ou menos isso que acontece com a Ciência e é por isso que muitas vezes nos deparamos com novas conclusões sobre questões já conhecidas, como na área da Medicina – por exemplo: quando é descoberto que algo antes tido como benéfico à saúde na verdade traz malefícios (ou vice-versa), de acordo com novos e aprimorados estudos. A Ciência é, portanto, uma atividade humana que está em constante construção.
DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
Pressmaster/ Shutterstock
Como temos acesso às novidades da Ciência, às novas descobertas científicas? Você já parou para pensar em como ficamos sabendo sobre tais descobertas ou sobre quem são os cientistas brasileiros e o que eles estudam? Laboratório de pesquisa científica.
VERDADES E MITOS CIENTÍFICOS: VACINAS
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VAMOS PENSAR JUNTOS?
krugloff/ Shutterstock
O trabalho em grupo pode potencializar a aprendizagem de todos.
Formar um grupo para pesquisar, investigar e explorar é construir uma pequena comunidade de aprendizagem. A partir de agora, vocês trabalharão dessa forma. Para o início da organização do grupo de estudos, junte-se a quatro ou cinco colegas e distribuam os papéis de acordo com o perfil de cada um. Nas Orientações iniciais (página 6), vocês encontram mais detalhes para a formação dos grupos e a descrição dos papéis de cada integrante. Para um trabalho cooperativo, é importante, entre outras coisas, ter comprometimento em acolher as opiniões alheias e envolver-se em todas as etapas do projeto. Consulte, também nas Orientações iniciais, valores importantes para o sucesso do trabalho de um grupo. Conversem sobre o que cada um compreende por comportamento cooperativo e façam acordos que favoreçam a boa convivência. Como primeira tarefa do grupo, pesquisem notícias de jornais ou revistas, físicos e/ou digitais, sobre fatos e descobertas científicas ou cientistas brasileiros. Escolham pelo menos quatro delas, imprimam ou recortem as manchetes dessas notícias (de acordo com o suporte do qual as retiraram) e colem-nas no diário de bordo.
Estudo de objeto arqueológico, 2017. 86
PROJETO 3
VOCÊ SABE O QUE É UM DIÁRIO DE BORDO? Um diário de bordo é o local para registro de todas as etapas que realizar no desenvolvimento do projeto. Consulte, nas Orientações iniciais (página 6), a função do diário de bordo e as instruções sobre o que registrar. Lembre-se de ter o diário de bordo sempre em mãos. A forma e os meios pelos quais as notícias científicas se espalham para o público em geral chamam-se divulgação científica. Divulgação, disseminação e difusão científic a são termos que parecem sinônimos, mas na verdade são conceitualmente diferentes. Pensem a respeito e conversem para conceituar cada um desses termos, registrando suas
Diários de bordo de grandes pesquisadores já se tornaram relíquias.
conclusões no diário de bordo. Agora, consultem as definições a seguir e completem o texto que escreveram. »» A difusão científica refere-se a todos os processos de veiculação da informação científica, seja por meio de publicações técnicas ou não; por isso, representa a forma mais ampla de espalhar uma notícia científica. »» A disseminação científica é a transmissão de conhecimento para um público especializado. Apresenta uma linguag em mais técnica e a publicação se dá em revistas e jornais específicos, por meio de artigos científicos. »» A divulgação científica é a transposição do discurso científico para o público geral, ou seja, é a transmissão de um conhecimento científico mediante uma linguagem menos técnica e mais acessível.
Quais são os outros meios pelos quais nos informamos acerca de fatos científicos? Façam uma lista com as possibilidades de meios e mídias que existem para obtermos informações científicas.
VERDADES E MITOS CIENTÍFICOS: VACINAS
87
NOTÍCIA X FAKE NEWS Pesquisas apontam que mais da metade da população do planeta tem acesso à internet.
OUT 2019
RELATÓRIO DIGITAL GLOBAL (OUTUBRO DE 2019)
Dados indispensáveis para entender o uso global de dispositivos móveis, internet e redes sociais Alterações nas metodologias de provedores de dados significam que os dados deste estudo não são diretamente comparáveis aos dados de nossos relatórios anteriores.
POPULAÇÃO TOTAL
USUÁRIOS DE DISPOSITIVOS MÓVEIS
USUÁRIOS DE INTERNET
USUÁRIOS ATIVOS EM REDES SOCIAIS
ACESSO A REDES SOCIAIS MEDIANTE DISPOSITIVOS MÓVEIS
7,734
5,155
4,479
3,725
3,660
55%
67%
58%
48%
47%
Bilhões Urbanização:
Bilhões Alcance:
Bilhões Alcance:
Bilhões Alcance:
Bilhões Alcance:
O Relatório Digital Global informa as estatísticas globais de acesso à internet e às redes sociais. Fonte: We Are Social; Hootsuite, 2019.
water mint/ Shutterstock
Entre as mais diversas atividades, utilizamos essa ferramenta para nos informar.
88
PROJETO 3
Uma pesquisa realizada pelo Instituto MDA para a Confederação Nacional do Transporte (CNT/MDA), em 2017, mostrou que a internet é a segunda maior fonte de informações entre brasileiros. Meio de comunicação que mais utiliza para obter informação Resposta
Total em setembro de 2017
Televisão
51,8%
Internet
39,4%
Jornal impresso
3,4%
Rádio
3,2%
Outro
0,7%
Nenhum/não me informo
1,3%
Não sabe/não respondeu
0,2%
Disponível em: www.poder360.com.br/midia/mais-da-metade-dos-brasileiros-usam-a-tvcom-principal-fonte-de-informacao. Acesso em: 5 fev. 2020
water mint/ Shutterstock
É inegável que a internet mudou a forma de comunicação e comportamento da sociedade atual. Em todo o mundo, milhões de pessoas conectadas trocam informações e geram conhecimentos com grande facilidade e velocidade. É indiscutível a importância da internet como ferramenta de democratização da informação e como alavancadora do desenvolvimento sociocultural. Porém, é preciso ter muito cuidado: nem tudo que circula na internet é confiável.
VERDADES E MITOS CIENTÍFICOS: VACINAS
89
A expressão fake news (do inglês, “notícias falsas”) tornou-se popular durante e após a eleição presidencial de 2016 nos Estados Unidos – pesquisas apontaram que realmente houve influência direta dessas notícias nos resultados das eleições. No Brasil, também já tivemos vários exemplos de como as fake news podem ser um problema, no meio político, social, econômico e até científico. Pesquisem na internet dados sobre notícias falsas que circularam nos últimos anos. Tentem encontrar ao menos uma de cada esfera – política, social, econômica e científica – e façam um cartaz ou uma apresentação/imagem digital para mostrá-las ao restante da turma. As fake news, conforme citado anteriormente, também exercem grande influência sobre como as notícias e descobertas do meio científico chegam até nós. Nesse sentido, as redes sociais são as principais e mais poderosas disseminadoras de notícias falsas. A pesquisa realizada pelo Instituto MDA (2017) confirmou que as redes sociais são o principal meio de propagação de notícias falsas. A pesquisa também apurou que os internautas brasileiros não checam a origem da informação antes de dividir com outros usuários. Apenas 33,1% disseram sempre verificar se os dados são verdadeiros. Além do conteúdo em si das notícias ou informações recebidas, é importante observar o meio ou veículo (mídia) usado e a intenção da mensagem. 90
PROJETO 3
Romão/ M10
VOCÊS JÁ OUVIRAM FALAR EM FAKE NEWS?
Lembrem-se também de que, para cada mensagem, há um emissor e um receptor. Nós somos os receptores, mas o emissor e a intenção da mensagem nem sempre estão claramente explicitados. Quando fazemos uma busca na internet, somos direcionados a uma lista de endereços, que podem nos levar a sites, blogs ou redes sociais. Quando pesquisamos uma determinada página em um site, muitas vezes encontramos uma quantidade de publicidade que pode confundir um internauta menos atento ou inexperiente, mas nesse caso os limites entre publicidade e conteúdo ainda estão definidos. O problema é quando a propaganda vem camuflada por dicas ou sugestões que pretendem nos levar a crer em algo baseado na opinião de alguém que nem sabemos exatamente quem é.
Romão/ M10
Romão/ M10
A publicidade não é a única coisa que pode nos influenciar; portanto, o espírito crítico deve sempre prevalecer não apenas no que se refere ao consumo consciente, mas também nas opiniões e posicionamentos que escolhemos defender. Não são só os textos, mas as imagens, estáticas (como fotos, gráficos, charges e memes) ou em movimento (vídeos, animações e gifs), também carregam conteúdos, por vezes, de forma mais impactante que os textos. Assim, a forma mais segura de fazer uma pesquisa é privilegiar a busca por informações em fontes confiáveis, como sites de instituições ou pessoas reconhecidamente sérias, por exemplo, órgãos oficiais, universidades e institutos de pesquisa, lembrando-se de que as pessoas e instituições que merecem nossa confiança no mundo
real são as mesmas que a merecem no mundo virtual. Considerando essa importância, indiquem no cartaz ou na apresentação digital que realizaram o meio ou mídia e a intenção que vocês puderam observar. Façam algumas anotações no diário de bordo sobre as descobertas que vocês fizeram analisando detalhadamente as notícias. Esse procedimento evita que vocês se esqueçam de algo observado durante o levantamento de informações. Assim, a discussão durante a apresentação dos cartazes terá um maior aprofundamento e uma melhor organização.
Um tema relevante e que foi bastante afetado pelas fake news é a vacinação, especialmente a vacinação infantil. E, por isso, será o tema da etapa de desafios. Para tanto, é necessário relembrar o que é vacina e como funciona o Calendário Nacional de Vacinação. Para isso, pesquisem sobre o Calendário Nacional de Vacinação em fontes diversas e anotem os resultados obtidos em seu diário de bordo. VERDADES E MITOS CIENTÍFICOS: VACINAS
91
Irina Strelnikova/ Shutterstock
O QUE É VACINA? Pesquisem na internet e em livros o conceito de vacina. Em seguida, escrevam, com suas próprias palavras, o que é vacina, quando foi criada, qual o histórico de seu desenvolvimento e qual sua importância para a prevenção de doenças. Façam também um esquema explicando como a vacina funciona. Inspirem-se no exemplo a seguir, mas aprofundem os conceitos. Por que a vacina é considerada um modo de imunização ativa? Quais são as células do sistema imunológico responsáveis pela produção de anticorpos e pelo desenvolvimento da memória imunológica? COMO FUNCIONAM AS VACINAS
Romão/ M10
Partes dos agentes causadores das doenças (bactérias ou vírus), ou os próprios agentes mortos ou enfraquecidos são administrados às pessoas, por injeção ou via oral.
Esses agentes ativam as células de defesa especializadas, os chamados linfócitos B, que, uma vez ativos, diferenciam-se em células produtoras de anticorpos específicos contra esse patógeno.
VACINA A resposta à vacina gera células de memória, ou seja, quando a pessoa entra em contato novamente com o patógeno, anticorpos são produzidos mais rapidamente, neutralizando esses agentes invasores e evitando que a pessoa desenvolva a doença.
92
PROJETO 3
Plaquetas
Plasma
Romão/ M10
Revestimento do vaso sanguíneo
Glóbulos vermelhos
Glóbulos brancos
nobeastsofierce/ Shutterstock
Tatevosian Yana/ Shutterstock
Componentes sanguíneos dentro de um vaso.
Vacinação infantil.
Christoph Burgstedt/ Shutterstock
Linfócitos, glóbulos brancos produtores de anticorpos, liberando essas proteínas na corrente sanguínea.
Ao realizar pesquisas na internet, é preciso estar atento à fonte. De qual site está sendo retirada a informação? É um site oficial do Governo? É um site confiável? Além disso, é necessário sempre anotar a fonte da pesquisa e a data em que ela foi realizada. Anticorpos ligando-se a partículas (ou antígenos) invasores (ou estranhos). VERDADES E MITOS CIENTÍFICOS: VACINAS
93
Reprodução
COMO FUNCIONA O CALENDÁRIO NACIONAL DE VACINAÇÃO?
Exemplo de carteira de vacinação.
Aproveitem que estão observando o Calendário Nacional de Vacinação e verifiquem se estão com todas as vacinas em dia. Caso esteja faltando alguma, é só passar em um posto de saúde e atualizar.
Você já observou atentamente sua carteira de vacinação? Esse é um bom ponto de partida para entender o calendário de vacinação. Acessem o site oficial do Ministério da Saúde (disponí vel e m ht t p: // s a u d e.g o v. b r ) e pesquisem sobre o Calendário Nacional de Vacinação. Quantas e quais são as doenças prevenidas pela vacinação? Por que algumas vacinas são aplicadas apenas uma vez? Por que, para outras, é necessário reforço alguns anos depois? Por que algumas devem ser aplicadas todos os anos? Anotem as respostas no diário de bordo. Outra ideia interessante é o levantamento de informações com profissionais da área da saúde de sua comunidade. Conversem com médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde para obter dados reais e atualizados em relação à situação das doenças preveníveis por vacina e registrem as informações no diário de bordo. Lembrem-se de que também é recomendável manter uma versão digital do diário de bordo.
O diário de bordo digital é um documento que reúne registros de vídeos, áudios e imagens de várias etapas do projeto. Ele também pode ser uma ferramenta importante para manter uma cópia sempre atualizada do diário de bordo e permitir o acesso de todos os componentes do grupo, mesmo que não estejam trabalhando reunidos no mesmo local ou horário. Por exemplo, um integrante do grupo está passando por algum lugar, observa algo relevante para o projeto, fotografa e arquiva no diário de bordo digital. É importante que vocês escolham um formato/plataforma que permita que todos os integrantes acrescentem e acessem dados introduzidos pelos demais. Existem muitos recursos que permitem o trabalho de forma colaborativa. Se necessário, peçam orientação ao(à) professor(a) para escolherem o recurso mais adequado a vocês. 94
PROJETO 3
ETAPA 2 DESAFIOS
EM13CNT207 EM13CNT310 EM13LGG302
De
an
Dr ob
ot/
Sh
utt
ers
toc k
Vamos fazer um Estudo de caso para entender um pouco mais sobre o processo de disseminação das fake news e como elas podem influenciar as pessoas. Vocês sabem o que é um estudo de caso? Trata-se de um método de pesquisa sobre um assunto específico, permitindo aprofundar o conhecimento sobre ele e, assim, oferecer subsídios para novas investigações sobre a mesma temática. Em outras palavras, é um método científico para sabermos mais a fundo sobre o assunto específico que pesquisamos. Como dito anteriormente, muitas notícias relacionadas à vacinação circularam nas mídias sociais sem que tivessem embasamento científico. Portanto, a vacinação será o tema para o estudo de caso sobre as fake news científicas.
6 AULAS DUPLAS
95
2 AULAS DUPLAS
DESAFIO 1 COLETA DE DADOS NA COMUNIDADE
Nesta etapa, vocês realizarão a coleta de dados. Ao final, todos os dados obtidos serão compilados, resultando, assim, em um estudo. Dessa forma, a pesquisa que vocês vão desenvolver terá maior confiabilidade, pois a amostra será maior, ou seja, mais pessoas contribuirão com informações para o estudo realizado. Por que, quanto maior for a amostragem, mais confiável é o estudo? Pensem e discutam sobre isso com a ajuda do(a) professor(a). Neste primeiro desafio, vocês terão como principal foco da entrevista descobrir a resposta para a seguinte questão: »» As notícias sobre vacinas na internet e/ou redes sociais influenciaram sua opinião? Você e seu grupo poderão entrevistar pessoas em sua escola e em seu bairro. Antes disso, porém, é necessário elaborar as perguntas. A análise dos dados será realizada com base nas questões desenvolvidas, ou seja, as perguntas devem expressar o que queremos saber. Elaborem um formato para o questionário – impresso ou digital – considerando o que for mais prático, para facilitar o registro das respostas. k c o rst A primeira parte do questionário é sempre voltada para a identifitte hu S / m cação do entrevistado. Não há a necessidade de nomes comille Gu o i pletos, pois é possível manter a anonimidade, se assim o ton An entrevistado preferir. Outros dados que precisam ser coletados são o gênero e a idade. Junto ao(à) professor(a), estabeleçam áreas ou locais para cada um dos grupos atuar; assim, não correm o risco de entrevistar duas vezes a mesma pessoa. Não se esqueçam de anotar a data em que as entrevistas foram feitas. Os alunos pode m buscar Lembrem-se de que, se o entrevistado ciinformações po r meio de entrevistas. tar uma notícia específica que ainda possa ser acessada, por exemplo, uma matéria que ainda está disponível na internet, vale imprimir e arquivar junto com as entrevistas. Tomem como exemplo o questionário a seguir. 96
PROJETO 3
Data: Entrevistado: Idade: Gênero:
1. Você recebeu alguma notícia sobre vacinas nas redes sociais?
Sim.
Não.
2. Se sim: a. A qual notícia teve acesso? (Em caso de mais de uma, escolher a notícia mais significativa.) b. Em qual mídia acessou a notícia? c. A notícia validava ou desacreditava a vacinação? 3. Essa notícia mudou sua atitude em relação à vacinação?
4. Você confia nas vacinas? 5. Essa notícia alterou essa confiança?
Façam as mesmas perguntas para todas as pessoas que entrevistarem, mas vocês podem incluir outras perguntas que acharem pertinentes. Conversem com o(a) professor(a) sobre as ideias que tiverem. Não esqueçam que, quanto maior for a quantidade de entrevistas realizadas, maior será a representatividade de sua amostra. Vocês poderão registrar o conteúdo das entrevistas por registro escrito, cópia de notícias, áudio ou informação sobre as vacinas nos últimos meses. Caso tenham recebido notícias, perguntem sobre o conteúdo dessas mensagens. Se possível, consigam uma cópia delas. Não se esqueçam de registrar tudo no diário de bordo, inclusive os dados da pessoa entrevistada. Toda anotação será útil para o estudo posterior. Caso o entrevistado não consiga se recordar de todas as notícias que recebeu, mas relatar o conteúdo de forma generalizada, vale registrar que não houve identificação da notícia, somente do conteúdo.
É importante que elaborem, com a orientação do(a) professor(a), um cronograma para estabelecer o período destinado às entrevistas e para a reunião dos dados de toda a turma. Comprometam-se a cumprir os prazos.
VERDADES E MITOS CIENTÍFICOS: VACINAS
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DESAFIO 2 ANALISANDO OS DADOS 4 AULAS DUPLAS
Todo estudo científico necessita de uma análise quantitativa de dados obtidos, pois é preciso garantir que os resultados observados sejam confiáveis e tenham relação com a realidade. Isso se chama análise estatística. Vamos analisar os dados obtidos no estudo que vocês fizeram? Primeiro, é necessário fazer um levantamento sobre as pessoas que responderam às entrevistas. Por exemplo, seguindo o questionário sugerido, é possível organizar os dados da seguinte forma: »» Qual foi o número de entrevistados? »» Quantos dos entrevistados eram do gênero feminino? Quantos eram do gênero masculino? »» Quanto à faixa etária, é necessário defini-las do modo que considerarem melhor (por exemplo: jovens, adultos, idosos etc.). »» Quantos tiveram acesso à notícia? Quantos não tiveram? »» Quanto ao tipo de mídia, verifiquem todas as respostas, para listar as que foram citadas e, depois, realizar a contagem. »» Quantos responderam que a notícia valida a vacina? Quantos responderam que a notícia não valida? »» Quantos responderam que a notícia alterou a atitude deles em relação à vacinação? Quantos responderam que não? »» Quantos confiam nas vacinas? Quantos não confiam? »» Quantos acreditam que a notícia alterou a confiança na vacinação? Quantos acreditam que não? Representem esses dados na forma de gráficos e tabelas – peçam auxílio ao(à) professor(a) de Matemática ou ao(à) instrutor(a) da sala de Informática de sua escola, se julgarem necessário. Lembrem-se de que todos os dados serão agrupados ao final da análise; assim, é necessário que cada grupo apresente os dados já computados segundo as categorias que estão relacionadas com as questões; por exemplo, caso sigam as sugeridas, todos os grupos devem registrar o número de entrevistados, número de homens e de mulheres etc. Até aqui, o registro de dados foi imediato e baseado em uma pergunta por vez. Se mesclarmos as informações, podemos obter relações 98
PROJETO 3
Molnia/ Shutterstock
interessantes. Por exemplo: nessa comunidade, quem as notícias mais influenciam: homens ou mulheres? Jovens, adultos ou idosos? Como levantar os dados para responder a essa pergunta? Primeiro, relacionamos o gênero (homem ou mulher) e a resposta ao item 3 do questionário sugerido (“Essa notícia mudou sua atitude em relação à vacinação?”). Para isso, registrem o número de homens e o de mulheres que afirmaram que mudaram sua atitude em relação à vacinação por causa da notícia. O mesmo procedimento pode ser aplicado, por exemplo, para relacionar a faixa etária à resposta ao item 5. Com o(a) professor(a), levantem relações entre os dados que considerem importantes e interessantes – elas possibilitarão análises mais profundas. É importante também que sejam contabilizadas quantas notícias diferentes apareceram nas entrevistas e quantas vezes cada notícia apareceu. Organizem esses dados em forma de tabela. Para uma melhor visualização dos dados, é adequado que sejam elaborados gráficos, o que permite a leitura da situação com mais clareza. Os gráficos são recursos visuais muito utilizados para facilitar a leitura e compreensão das informações.
99
REGISTRO DOS DADOS COLETADOS Você conhece algum editor de planilha ou outro software com foco em análise de dados? São excelentes ferramentas para organizar os dados coletados e construir tabelas e gráficos. Conversem com o(a) professor(a) sobre os recursos que essas ferramentas oferecem e, se necessário, peçam auxílio ou consultem amigos que saibam trabalhar com elas. Há gráficos de vários formatos: colunas, barras, linhas, setores, circulares, entre outros. Cada tipo de gráfico é adequadamente aplicável a um tipo específico de dado ou informação. A seguir, estão representados alguns exemplos. Notem que os valores são apenas ilustrativos, não possuem nenhuma relação com o trabalho que vocês estão desenvolvendo e, por esse motivo, em cada gráfico são diferentes. Gráficos de colunas ou barras são os mais utilizados. Indicam, geralmente, um dado quantitativo sobre diferentes variáveis, lugares ou setores e não dependem de proporções. Nos gráficos de coluna, os dados são indicados na posição vertical, enquanto as divisões qualitativas se apresentam na posição horizontal. Já nos gráficos de barras, os dados estão na posição horizontal e as informações e divisões, na posição vertical. Gráfico de barras.
Gráfico de colunas. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
Entrevistados
85
72
Entrevistados Mulheres
98
Homens
Homens
75 0
Mulheres
20
40
60
80
100
Fonte: Fictícia.
Homens Mulheres 54,40% 45,60% facilitam a análise. Por exemplo, considerando Dados referenciados em percentual
que o total de entrevistados seja de 158, sendoEntrevistados 86 homens e 72 mulheres, temos que: Homens
158 (total) = 100% dos entrevistados 54,40%
Mulheres 45,60%
86 homens = 54,4% (do total) | 72 mulheres = 45,6% (do total) Entrevistados Para representar uma porcentagem, sugerimos o 45,60%
Homens Mulheres
gráfico de setores, também conhecido como gráfico de pizza. É um tipo de gráfico muito utilizado, indi- 54,40% 45,60% cado para expressar uma relação de proporcionali-
dade, em que todos os dados somados compõem o todo de um dado aspecto da realidade. 100
PROJETO 3
Entrevistados
Homens Mulheres
54,40%
Gráfico de pizza. Fonte: Fictícia.
Similares a esses, existem os gráficos circulares, que seguem a mesma lógica: a divisão de uma esfera para indicar as diferentes partes de um todo em termos proporcionais. Gráficos de linhas são utilizados para demonstrar uma sequência numérica ao longo do tempo. É indicado para demonstrar evoluções (ou regressões) que ocorrem em sequência para que o comportamento dos fenômenos e suas transformações sejam observados em sua totalidade. Mesmo dados que relacionam mais de uma informação, como o exemplo citado anteriormente, segundo o qual é necessário relacionar o gênero (homem ou mulher) e a resposta ao item 3 do questionário proposto (“Essa notícia mudou sua atitude em relação à vacinação?”), podem ser representados de forma gráfica. Gráficos de colunas ou barras são adequados para apresentar o resultado das variáveis relacionadas. Vamos supor os seguintes dados coletados: SIM, alterou a atitude
NÃO alterou a atitude
Homens
56
42
Mulheres
35
59
Na análise dos dados anteriores, caso fossem dados reais de uma amostra significativa, teríamos que as mulheres alteraram menos sua atitude após as notícias a que foram expostas quando comparadas ao grupo dos homens. Veja a apresentação dos dados em colunas: Alteração da atitude motivada pela notícia 70
Alteração da atitude motivada pela notícia 120
60
100
50
80
40
60
30 20
40
10
20 0
0 Homens
Mulheres SIM
NÃO
Homens
Mulheres SIM
NÃO
Fonte: Fictícia.
Agora que vocês já conhecem os tipos de gráfico mais utilizados, é hora de trabalhar com os dados coletados por todos os grupos. Dividam, sob orientação do(a) professor(a), as tarefas entre os grupos. Após decidirem todas as relações que farão entre as variáveis, é interessante que cada grupo fique responsável pela construção de alguns gráficos e pela análise dos dados envolvidos. Essa coletânea geral de dados será o material para o estudo destinado a responder à questão inicial: as notícias sobre vacinas na internet e/ou redes sociais influenciaram a opinião das pessoas? Calculem qual a porcentagem de pessoas que alegaram ter mudado de atitude e de opinião sobre as vacinas depois de receberem as notícias falsas. Representem esses dados em gráficos. VERDADES E MITOS CIENTÍFICOS: VACINAS
101
ETAPA 3 PLANEJAR SEU PROJETO 2 AULAS DUPLAS
EM13CNT302 EM13CNT310 EM13LGG302
ANÁLISE DAS FAKE NEWS Neste momento, vocês vão avaliar as fake news que despontaram nas entrevistas. Pesquisem o que elas divulgam de incorreto, por que elas são falsas e quais conceitos estão sendo distorcidos. Construam uma forma de visualizar esses elementos, por exemplo, uma tabela. Vejam o exemplo a seguir. Fake news
Viktoria Kurpas/ Shutterstock
xxxxxx
102
PROJETO 3
Por que é falsa? xxxxxxx
Qual conceito está incorreto/impreciso? xxxxxxxxxxx
Qual seria a informação correta? xxxxxxxxx
Como os dados já foram analisados, é hora de mostrar para a comunidade como as fake news afetam nosso comportamento. Aproveitem o momento para apresentar tudo o que aprenderam sobre vacina e o objetivo da vacinação em massa. Escolham uma forma de divulgar esses dados: cartaz, infográfico, imagem ou texto digital. Usem a criatividade e pensem em como atingir o maior número de pessoas possível, incluindo aquelas que vocês entrevistaram. É importante que os dados estejam apresentados de forma clara e chamativa. Para tanto, utilizem fontes simples, cores vivas, imagens e outros recursos. A criatividade e um bom acabamento são bastante importantes nesta etapa.
Viktoria Kurpas/ Shutterstock
DIVULGAÇÃO DOS DADOS
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ETAPA 4 DESENVOLVER O MATERIAL INFORMATIVO 3 AULAS DUPLAS
EM13CNT302 EM13CNT310 EM13LGG105 EM13LGG302 EM13LGG304
Uma vez que vocês entenderam qual é a influência das fake news no comportamento e na atitude das pessoas, nada mais ético que desmentir as informações incorretas. Portanto, vocês vão produzir um material que forneça as informações corretas para sua comunidade, ou seja, fazer a divulgação científica na prática: desmistificando as fake news.
DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NA PRÁTICA: DESMISTIFICANDO AS FAKE NEWS Escolham qual será esse material informativo: texto, vídeo, programa de televisão, jornal, podcast, imagens, folhetos etc. São inúmeras possibilidades, mas atenção: vocês precisam corrigir e desmistificar as notícias que foram encontradas no estudo de caso realizado, ou seja, as que os entrevistados citaram. Utilizem a tabela elaborada na etapa anterior para auxiliar nessa produção. Caso desejem fazer algo com vídeo e/ou áudio, é necessário escrever um roteiro com o que será dito na gravação, para que nenhuma informação seja esquecida. O material produzido por vocês terá que mostrar qual é a notícia falsa abordada e qual é o conceito científico correto, desmentindo-a. É preciso ficar claro qual é a informação correta. É importante pensar também em como a produção de vocês será divulgada. Será postada na internet? Será distribuída na escola? Será espalhada pelo bairro? Considerem as possibilidades e a viabilidade de cada meio de divulgação. Alguns exemplos de campanhas sérias e bem-sucedidas podem sugerir caminhos para vocês pensarem na divulgação das informações de seu grupo.
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PROJETO 3
Divulgação/ Ministério da Saúde
Divulgação/ Ministério da Saúde
Um exemplo foi a criação do personagem Zé Gotinha pelo Ministério da Saúde para incentivar a vacinação infantil. O governo brasileiro iniciou em 1984, em todo o território nacional, a vacinação de crianças até 4 anos de idade contra poliomielite, sarampo, difteria, coqueluche e tétano. Em 1986, foi criado o personagem Zé Gotinha, símbolo da campanha pela erradicação da poliomielite no Brasil. Três anos depois, em 1989, foi registrado o último caso de poliomielite no Brasil. Observe as imagens a seguir.
Mais recentemente, para combater as fake news sobre saúde, o Ministério da Saúde disponibilizou um aplicativo de mensagens por telefone para enviar mensagens diretamente para a população. Vale destacar que não se trata de um canal para tirar dúvidas dos usuários, mas sim de um espaço exclusivo para receber informações virais, que são apuradas pelas áreas técnicas e verificadas oficialmente se são verdade ou mentira. Esse canal, inclusive, pode ser uma boa fonte de pesquisa para vocês. Agora que já viram alguns exemplos, está na hora de colocar a mão na massa e elaborar o material de divulgação das informações corretas sobre vacinação para sua comunidade.
Cartazes de campanhas de vacinação, 2019.
VERDADES E MITOS CIENTÍFICOS: VACINAS
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ETAPA 5 ORGANIZAR A APRESENTAÇÃO 2 AULAS DUPLAS
Divulgação/ Ministério da Saúde
EM13CNT302 EM13LGG105
Existem procedimentos e métodos que podem auxiliá-los no processo de organização da apresentação. O material que vocês vão elaborar será um produto, e ele partirá da identificação de um problema: como distinguir as verdades dos mitos (fake news) e combater a desinformação sobre as vacinas. A criação de um produto é uma atividade do campo do design. O design surgiu para atender às demandas humanas nas suas mais variadas áreas. Quando um problema é identificado, o design opera na direção da solução desse problema, visando à criação de um produto que permita uma solução. Observem este cartaz de uma das campanhas do Ministério da Saúde:
Cartaz de campanha de vacinação contra o sarampo, 2019. 106
PROJETO 3
Vocês conseguem identificar que problema o cartaz pretende resolver?
PROBLEMA
PRODUTO
O cartaz foi pensado por uma equipe multidisciplinar, porque precisaram participar das decisões, em diferentes etapas do processo, profissionais da saúde, funcionários públicos, desenhistas, profissionais da área gráfica etc. Essa equipe precisa ser coordenada por alguém que seja responsável pelo projeto e garanta que todas as etapas do processo de design sejam bem cumpridas. Vamos observar quais são elas. Vejam o esquema a seguir.
PROBLEMA
EMPATIZAR
DEFINIR
IDEALIZAR
PROTOTIPAR
PRODUTO
TESTAR
Anotem no diário de bordo o que significa cada etapa, por que elas são importantes e quais profissionais podem colaborar de forma mais efetiva em cada uma delas. Antes de registrar, discutam, pesquisem e troquem ideias com o(a) professor(a). É interessante notar que alguns pesquisadores estabelecem um paralelo entre o método científico e o processo de design. Observem e avaliem o esquema a seguir.
EMPATIZAR
DEFINIR
IDEAR
PROTOTIPAR
PROBLEMA
TESTAR
PRODUTO
OBSERVAÇÃO
HIPÓTESE
EXPERIMENTAÇÃO
ANÁLISE
Esquema comparativo entre processo de design e método científico.
Redesenhado com base no original de Hanna McPhee, do grupo de STEAM da Brown University, na publicação RISD-Catalogue 2, 2014. VERDADES E MITOS CIENTÍFICOS: VACINAS
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ETAPA DE AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO DAS 1 AULA DUPLA
APRENDIZAGENS E AUTOAVALIAÇÃO
Nem sempre é confortável passar por uma avaliação, mas fiquem tranquilos. A avaliação formativa é muito mais do que atribuir uma nota a um trabalho realizado. Além do conhecimento adquirido, todo o processo será observado: haverá a autoavaliação, que é uma reflexão sobre sua participação durante todo o projeto; a avaliação por pares, que compreende a mesma análise, mas quanto à participação dos colegas de seu grupo, e a avaliação mediada pelo(a) professor(a). Você encontra explicações e sugestões de questões para orientar essa reflexão nas Orientações iniciais (página 6). Observe que os valores que geraram acordos no início do trabalho serão vistos nas avaliações. Algumas perguntas específicas para este projeto que podem servir de guia nas avaliações: »» Como avalia a participação nas pesquisas relacionadas ao significado de Ciência e sua divulgação? »» Como foi a contribuição na seleção de matérias sobre fake news? »» Como você avalia a proatividade na elaboração do questionário e realização das entrevistas? »» Como foi o comprometimento com o tratamento dos dados e construção dos gráficos? »» Como classifica o envolvimento com a produção da campanha que apresentaram para a comunidade? »» Qual foi a qualidade final do produto desenvolvido pelo grupo? »» O produto desenvolvido cumpriu o objetivo? Hora de compartilhar Todos os participantes do grupo, além da autoavaliação, avaliarão os colegas. Conversar sobre essas avaliações pode revelar a você características em seu comportamento que ainda não percebia. Essa crítica positiva e respeitosa é chamada de feedback. Esta é uma excelente oportunidade de aprimoramento pessoal. 108
PROJETO 3
PARA SABER MAIS Nas referências a seguir, você encontrará informações que o(a) ajudarão na realização do projeto ou mesmo na ampliação dos temas. •
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde sem fake news. Brasília, DF: Ministério da Saúde. Disponível em: www.saude.gov.br/fakenews. Acesso em: 5 fev. 2020. Página do Ministério da Saúde que desmente algumas notícias falsas sobre saúde e oferece estratégias para combatê-las.
•
CARNIELLI, Walter A.; EPSTEIN, Richard L. Pensamento crítico: o poder da lógica e da argumentação. 4. ed. São Paulo: Rideel, 2019. Livro que estuda as técnicas de como construir um bom argumento, analisa as discussões sobre o pensamento crítico, frases vagas, afirmações morais, maus argumentos; frases ambíguas, entre outras habilidades.
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ESCOLA DE SERVIÇO PÚBLICO DO ESPÍRITO SANTO – ESESP. Excel total. Básico e avançado. Disponível em: https://esesp.es.gov.br/Media/esesp/Apostilas/ APOSTILA%20COMPLETA%20-%20EXCEL%20TOTAL.pdf. Acesso em: 5 fev. 2020. Apostila completa sobre Excel disponibilizada pela Escola de Serviço Público do Espírito Santo.
•
IBGE EDUCA. Tipos de gráficos no ensino. IBGE, c2020. Disponível em: https://educa. ibge.gov.br/professores/educa-recursos/20773-tipos-de-graficos-no-ensino.html. Acesso em: 5 fev. 2020. Página do IBGE Educa que explica os tipos de gráfico mais utilizados e como analisá-los.
•
LISBOA, Vinícius. Especialistas discutem desafios para vencer fake news sobre vacinação. Agência Brasil. EBC, Rio de Janeiro, 1o set. 2019. Disponível em: http:// agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2019-09/especialistas-discutem-desafios-paravencer-fake-news-sobre-vacinacao. Acesso em: 5 fev. 2020. Reportagem que trata sobre fake news acerca da vacinação e como combatê-las.
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LISBOA, Vinícius. Sete em cada 10 brasileiros acreditam em fake news sobre vacinas. Agência Brasil. EBC, Rio de Janeiro, 15 nov. 2019. Disponível em: http://agenciabrasil. ebc.com.br/saude/noticia/2019-11/sete-em-cada-10-brasileiros-acreditam-em-fakenews-sobre-vacinas. Acesso em: 5 fev. 2020. Reportagem que relata dados da pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Imunizações em parceria com a organização não governamental Avaaz, nas cinco regiões do país.
VERDADES E MITOS CIENTÍFICOS: VACINAS
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McPHEE, Hanna. Grupo de STEAM da Brown University, na publicação RISD-Catalogue 2, Providence, 2014. Parte de um conjunto de publicações de construção colaborativa que tratam da metodologia STEAM, incluindo workshops, palestras, discussões, filmes e textos.
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MONTESANTI, Beatriz; DIAS, Tatiana. Por que “opinião não é argumento”, segundo este professor de lógica da Unicamp. Nexo. 27 dez. 2016. Disponível em: www.nexojornal.com. br/expresso/2016/12/27/Por-que-%E2%80%98opini%C3%A3o-n%C3%A3o-%C3%A9argumento%E2%80%99-segundo-este-professor-de-l%C3%B3gica-da-Unicamp. Acesso em: 5 fev. 2020. Reportagem sobre a diferença entre opinião e argumento segundo Walter Carnielli, matemático e professor de lógica na Unicamp.
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SANTANA, Larissa. O que é divulgação científica? A Ciência explica, 21 fev. 2019. Disponível em: www.cienciaexplica.com.br/artigos/o-que-e-divulgacao-cientifica. Acesso em: 5 fev. 2020. Matéria que esclarece o que é a divulgação científica e sua função na sociedade atual.
•
SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Instituto Butantan. [Site]. São Paulo: Instituto Butantan, c2019. Disponível em: www.butantan.gov.br. Acesso em: 5 fev. 2020. Site do Instituto Butantan, órgão do governo do Estado de São Paulo que é o principal produtor de imunobiológicos do Brasil, responsável por grande porcentagem da produção de soros e grande volume da produção nacional de vacinas.
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YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookmam, 2001.
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Livro que trata sobre como deve ser planejado e desenvolvido um estudo de caso bem feito, traz exemplos atualizados e ainda uma discussão sobre metodologia científica.
Competências específicas
Ciências da Natureza e suas Tecnologias 2. Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis. 3. Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC). Linguagens e suas Tecnologias 1. Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo. 3. Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global.
Habilidades trabalhadas
(EM13CNT207) Identificar, analisar e discutir vulnerabilidades vinculadas às vivências e aos desafios contemporâneos aos quais as juventudes estão expostas, considerando os aspectos físico, psicoemocional e social, a fim de desenvolver e divulgar ações de prevenção e de promoção da saúde e do bem-estar. (EM13CNT302) Comunicar, para públicos variados, em diversos contextos, resultados de análises, pesquisas e/ou experimentos, elaborando e/ ou interpretando textos, gráficos, tabelas, símbolos, códigos, sistemas de classificação e equações, por meio de diferentes linguagens, mídias, tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), de modo a participar e/ou promover debates em torno de temas científicos e/ou tecnológicos de relevância sociocultural e ambiental. (EM13CNT310) Investigar e analisar os efeitos de programas de infraestrutura e demais serviços básicos (saneamento, energia elétrica, transporte, telecomunicações, cobertura vacinal, atendimento primário à saúde e produção de alimentos, entre outros) e identificar necessidades locais e/ou regionais em relação a esses serviços, a fim de avaliar e/ou promover ações que contribuam para a melhoria na qualidade de vida e nas condições de saúde da população. (EM13LGG105) Analisar e experimentar diversos processos de remidiação de produções multissemióticas, multimídia e transmídia, desenvolvendo diferentes modos de participação e intervenção social. (EM13LGG302) Posicionar-se criticamente diante de diversas visões de mundo presentes nos discursos em diferentes linguagens, levando em conta seus contextos de produção e de circulação. (EM13LGG304) Formular propostas, intervir e tomar decisões que levem em conta o bem comum e os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global.
Pixel-Shot/ Shutterstock
Após terminar o projeto, retome seus registros e apontamentos a fim de reconhecer seu aprendizado. Ao longo do projeto, foi possível desenvolver:
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PROJETO: NOME DO : CONFLITOS PARA UMA MEDIAÇÃO A PAZ CULTURA D RADOR: G E T IN A M TE ONFLITOS C E D O Ã Ç MEDIA
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Objetivos a serem desenvolvidos
• Realizar levantamento de dados a partir de autoavaliação comportamental mediante conflitos e contrariedades. • Construir tabelas e gráficos com os dados coletados. • Identificar o perfil do grupo, partindo do levantamento dos dados individuais, em relação ao enfrentamento de conflitos. • Verificar se o perfil identificado está em concordância com a construção de uma Cultura da Paz. • Criar um jogo e um protocolo para a mediação de conflitos que favoreçam a Cultura da Paz.
Importância do projeto
Partindo da argumentação com base em fatos e dados confiáveis, levantados pelos próprios alunos, as discussões e construções desenvolvidas neste projeto permitirão aos estudantes a reflexão e o exercício da empatia, do diálogo, da cooperação de forma ética, respeitando os direitos humanos e exercitando a resolução não violenta de conflitos. Buscar a mediação pacífica de conflitos por meio da observação do cotidiano, da elaboração coletiva de normas de conduta e da gamificação promove o exercício e a conscientização da importância da Cultura da Paz, que é apontada como um dos objetivos centrais da Unesco.
Competências gerais
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Materiais
Folhas de papel-cartão, de cartolina e de papel sulfite A3, canetas hidrográficas, tesoura, cola, papel kraft e fita adesiva.
Produto final
Criação de um jogo e de um protocolo sobre a resolução de conflitos para a construção de uma Cultura da Paz.
Ao longo de todo o projeto, você encontrará indicações que o(a) ajudarão a visualizar quais são as habilidades que estão sendo priorizadas. Com isso, seu estudo ficará ainda mais direcionado.
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CONFLITOS: MEDIAÇÃO PARA UMA
CULTURA DA PAZ
Observe atentamente a imagem. Comece descrevendo a cena e, em seguida, tente imaginar situações que possam estar relacionadas a ela. Questões como: “Você já conhecia a fotografia? Quais sentimentos ou sensações a fotografia transmite a você?”, podem auxiliar na análise, mas você pode pensar em outras questões. Mediados pelo(a) professor(a), realizem um debate sobre as impressões e informações relacionadas à imagem. Procurem ouvir a opinião de seus colegas com atenção e apresentem seus pontos de vista. Lembrem-se de que a maneira como cada um interpreta uma imagem pode ser única e deve ser respeitada, porque as relações são feitas a partir da vivência pessoal de cada um.
QUESTÃO DESAFIADORA Conflitos estão presentes nos relacionamentos; como direcioná-los para a construção da Cultura da Paz?
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PROJETO 4
Marc Riboud/Magnum Photos/Fotoarena
O confronto final: a flor e a baioneta, Washington (EUA),1967. Fotografia de Marc Riboud.
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PROJETO
Sobre a fotografia Essa fotografia foi produzida pelo francês Marc Riboud, em 1967, e tem como título O confronto final: a flor e a baioneta. Nela, a então estudante do Ensino Médio Jan Rose Kasmir, que se juntou a uma multidão em frente ao Pentágono, em Washington (EUA), para protestar contra a Guerra do Vietnã, destaca-se ao posicionar-se diante de soldados armados. Marc Riboud (1923-2016) foi um fotógrafo que viajou o mundo, capturando a realidade em diferentes situações. 115
ETAPA 1
3 AULAS DUPLAS
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Neste projeto, você e sua turma farão um estudo para identificar o perfil do grupo ao qual pertencem. Esse estudo será baseado em dados reais. Cada um fará um levantamento das suas reações diante de diferentes conflitos. Não podemos parar na simples identificação do perfil; vamos caminhar em busca de uma Cultura da Paz. Para isso, vocês deverão elaborar um protocolo com acordos voltados à manutenção do respeito e ao acolhimento nas relações entre os membros da comunidade escolar e produzir um jogo para estimular a reflexão sobre o enfrentamento de conflitos e a Cultura da Paz. Pelo que se sabe, desde suas origens, a humanidade sempre conviveu com situações conflituosas.
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Vista de Huê, no Vietnã, depois da batalha que destruiu grande parte dessa cidade, em abril de 1968. Fotografia de Marc Riboud.
AMPLIANDO A PERCEPÇÃO SOBRE CONFLITOS
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Vimos que as imagens até aqui apresentadas mostram o resultado de ações diante de conflitos tratados de forma extremamente violenta. O conflito é inerente às relações humanas. Divergências de opinião e interesses conflitantes são comuns em todos os tipos de relacionamento. O conflito em si, portanto, não é essencialmente ruim; são as escolhas que fazemos a partir dele que podem gerar um aprendizado ou transformar os envolvidos em adversários. As guerras mundiais, por exemplo, originaram-se de conflitos não resolvidos pacificamente e acabaram por nos conduzir ao abismo e ao terror.
As ações geradas de um conflito estão intrinsecamente vinculadas à autogestão das nossas reações. Analisando as relações na escola, na família e na comunidade, respondam às questões abaixo individualmente e, depois, compartilhem as ideias com todos os colegas da turma. • Existem conflitos que afetam você cotidianamente? • Como são as suas reações diante dos conflitos?
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• Em sua opinião, todos reagem como você ao enfrentar o mesmo tipo de conflito?
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PROJETO 4
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Fotos acima e abaixo: Igreja Memorial Kaiser Wilhelm, destruída parcialmente na Segunda Guerra, 1945. Igreja Memorial e os edifícios modernos no entorno, Berlim, Alemanha, em 2010.
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Mais ou menos violentos, esses conflitos acarretam uma série de consequências não só para os que estão diretamente envolvidos, mas também, ainda que indiretamente, para outras pessoas, outros locais e até mesmo para o meio ambiente. Observe a imagem a seguir. Ela mostra, ao centro, uma igreja em Berlim, capital da Alemanha. Essa igreja foi construída em 1890 e foi bombardeada pelos aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1950, a população berlinense solicitou que, em vez de ser demolida, fosse preservada no estado em que ficou. Atualmente, ela é uma representação icônica, que traz à lembrança de todos os povos os horrores da guerra.
USO DO MAPA CONCEITUAL Escreva a palavra “conflito” em uma folha de papel sulfite, bem no meio da página. Em seguida, utilizando símbolos, palavras ou frases, nomes e/ou desenhos, preencha a folha criando associações com o termo “conflito”. Esta atividade consiste em uma estratégia usada para a elaboração do chamado mapa conceitual. Os mapas conceituais ajudam-nos a criar uma relação entre conceitos e permitem que as ideias surjam livremente, sem a preocupação de chegar a uma única posição em relação a elas. Ao listar na lousa os registros feitos por todos os alunos da turma, vocês poderão comparar os termos que mais se repetem e os que tenham aparecido uma vez só ou duas. O que mais pode ser percebido? É possível chegar a alguma conclusão partindo do que foi apresentado por todos? Observe, no exemplo a seguir, as diferentes relações feitas com a palavra “praia”. É possível perceber categorias, linhas de pensamento e discernir agrupamentos.
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Exemplo de mapa conceitual partindo da palavra “praia”. CONFLITOS: MEDIAÇÃO PARA UMA CULTURA DA PAZ
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PENSANDO UM POUCO MAIS SOBRE CONFLITOS DESCOBERTAS ANTROPOLÓGICAS Em 2016, Marta Mirazón Lahr, professora de Antropologia da Universidade de Cambridge, publicou na revista científica britânica Nature a descoberta de 27 indivíduos mortos há cerca de 10 mil anos, a leste do Lago Turkana, no Quênia.
Bruno S./ M10
CONTINENTE AFRICANO: QUÊNIA
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STORYTELLER MOIZ HUSEIN/ Shutterstock
Fonte: Base cartográfica: www.ibge.gov.br. Atlas Escolar – IBGE.
Localização de Nataruk, onde foram encontrados os fósseis, a leste do Lago Turkana, no Quênia. 120
PROJETO 4
DA PRÉ-HISTÓRIA AOS CONFLITOS MODERNOS
Library of Congress
As guerras resultam de conflitos não resolvidos pacificamente entre países, que partem para a destruição do opositor. A história registra diversas guerras entre nações, mas a Primeira Guerra Mundial marcou o início do século XX de forma dramática, em que se estabeleceu o chamado estado de Guerra Total, quando as partes envolvidas mobilizaram todos os recursos então conhecidos – humanos, tecnológicos e naturais – para o conflito. A carnificina das trincheiras deixou toda uma geração traumatizada e, no entanto, não evitou que, praticamente 20 anos depois, acontecesse uma nova guerra mundial.
Fotografia de trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial. Bélgica, cerca de 1915. CONFLITOS: MEDIAÇÃO PARA UMA CULTURA DA PAZ
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MUITA GENTE PARA POUCO ESPAÇO
Bruno S./ M10
Nos dias atuais, os conflitos continuam intensamente presentes. Como podemos perceber, notícias sobre conflitos são recorrentes, em grande quantidade, nos jornais diários, sobretudo nas grandes metrópoles. O adensamento populacional que decorre da migração de populações rurais para grandes cidades, fato que se observa em todo o mundo, também provoca muitas situações de conflito. Os relatórios da Organização das Nações Unidas – ONU (World Urbanization Prospects, 2018) mostram que, no Brasil, 85% da população é urbana – uma das taxas mais altas do mundo, ao lado da Argentina, com 90%, Estados Unidos, 81%, México, 77%, e Alemanha, 75%.
ÁREAS URBANIZADAS DO BRASIL (2015)
Fonte: IBGE. Áreas urbanizadas. Disponível em: www.ibge.gov.br/apps/areas_urbanizadas. Acesso em: 16 fev. 2020.
Se você tiver curiosidade, entre no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e busque mapas das áreas urbanizadas da região em que você mora. 122
PROJETO 4
N. Antoine/ Shutterstock
O resultado é que a disputa pelo espaço e pelos recursos limitados que a cidade oferece acaba gerando situações hostis entre as pessoas. A tensão gerada por essas situações faz com que problemas banais, como a busca por uma vaga no estacionamento ou um lugar numa fila, levem as pessoas ao embate físico.
Alf Ribeiro/ Shutterstock
Aglomeração de pessoas no metrô de São Paulo, 2014.
Congestionamento de carros na Av. 23 de Maio, em São Paulo, 2018.
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LINHA DO TEMPO Admitir a existência de conflitos ou de situações que possam gerar conflitos, porque permitem que pessoas vivam em condições desumanas, é um importante passo para a criação de uma sociedade mais justa e digna para todos. Muitas pessoas, de forma pacífica, obtiveram sucesso em suas jornadas combatendo todas as formas de violência e injustiça social; vejam alguns exemplos.
“NÃO BASTA FALAR DE PAZ. É PRECISO ACREDITAR NELA. E NÃO BASTA ACREDITAR NELA. É PRECISO TRABALHAR POR ELA.”
Anna Eleanor Roosevelt (1884-1962) Primeira-dama dos Estados Unidos entre os anos de 1933 e 1945, foi defensora dos direitos humanos e das mulheres trabalhadoras. Eleanor apoiou a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) e presidiu a comissão que elaborou e aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
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Mapa: Bruno S./ M10
EXEMPLOS DE PESSOAS QUE LUTARAM PACIFICAMENTE OU AINDA ESTÃO ATIVAMENTE TRABALHANDO EM DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS
“EU TENHO UM SONHO DE QUE UM DIA MEUS QUATRO FILHOS VIVAM EM UMA NAÇÃO ONDE NÃO SEJAM JULGADOS PELA COR DE SUA PELE, MAS PELO SEU CARÁTER.”
Martin Luther King Jr. (1929-1968) Líder e ativista que lutou pela lei de Direitos Civis, que proibiu a discriminação racial nos EUA. Em 1964, recebeu o Prêmio Nobel da Paz pelo combate à desigualdade racial por meio da não violência.
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“O TRABALHO SOCIAL PRECISA DE MOBILIZAÇÃO DAS FORÇAS. CADA UM COLABORA COM AQUILO QUE SABE FAZER OU COM O QUE TEM PARA OFERECER. DESTE MODO, CADA UM É UMA CÉLULA DE TRANSFORMAÇÃO DO PAÍS.”
Zilda Arns Neumann (1934-2010) Foi uma médica pediatra e sanitarista brasileira. Em 1983, ela fundou a Pastoral da Criança, um programa de ação social que tinha como objetivo ajudar famílias pobres e evitar a mortalidade infantil com a disseminação do uso do soro caseiro. O programa se expandiu pelo país e por 20 países na América Latina, Ásia e África. A Pastoral da Criança teve duas indicações ao Nobel da Paz, já Zilda recebeu sua indicação no ano de 2006. 124
PROJETO 4
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O Prêmio Nobel da Paz é dado desde 1901 a quem se destaca mundialmente em prol da manutenção da paz no mundo. Criado por Alfred Nobel (1833-1896) e concedido juntamente com outros quatro prêmios, de Química, Física, Medicina ou Fisiologia e Literatura, e citado em seu testamento, o Nobel da Paz deveria ser dado a quem tivesse feito no ano anterior à sua entrega “o melhor trabalho pela fraternidade entre as nações, pela abolição ou redução de exércitos permanentes e pela realização e promoção de congressos de paz”.
“OLHO POR OLHO E O MUNDO ACABARÁ CEGO.”
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Mohandas Karamchand Gandhi (1869-1948) Líder pacifista indiano na luta pela independência da Índia. Gandhi também ficou conhecido por sua política de desobediência civil, seu projeto de não violência e o uso de jejum como protesto. Foi indicado cinco vezes ao Nobel da Paz entre 1937 e 1948, mas nunca recebeu o prêmio.
“VAMOS TRAVAR UMA GLORIOSA LUTA CONTRA O ANALFABETISMO, A POBREZA E O TERRORISMO. VAMOS PEGAR NOSSOS LIVROS E NOSSAS CANETAS, POIS SÃO AS ARMAS MAIS PODEROSAS. UMA CRIANÇA, UM PROFESSOR, UM LIVRO E UMA CANETA PODEM MUDAR O MUNDO. A EDUCAÇÃO É A ÚNICA SOLUÇÃO.”
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Fonte: Base cartográfica: www.ibge.gov.br. Atlas Escolar – IBGE.
Malala Yousafzai (1997) Jovem paquistanesa ativista pelo direito das meninas de acesso à educação no nordeste do Paquistão, região dominada pelo Regime Talibã. Em outubro de 2012, enquanto voltava da escola, Malala foi vítima de um ataque e foi baleada na cabeça. Nove meses após o ocorrido, ela afirmou que não seria silenciada por terroristas e pediu mais esforços globais para permitir que as crianças tenham acesso à educação. Seu engajamento fez com que ela se tornasse, aos 17 anos, a pessoa mais jovem a ganhar o Nobel da Paz, em 2014.
“NINGUÉM NASCE ODIANDO OUTRA PESSOA PELA COR DE SUA PELE, POR SUA ORIGEM OU AINDA POR SUA RELIGIÃO. PARA ODIAR, AS PESSOAS PRECISAM APRENDER, E SE PODEM APRENDER A ODIAR, PODEM SER ENSINADAS A AMAR.”
Nelson Rolihlahla Mandela (1918-2013) Líder político da África do Sul na luta pelo fim do Apartheid (regime de segregação racial) no país, buscou o reconhecimento dos direitos políticos, econômicos e sociais dos povos negros. Mandela ficou preso entre 1964 e 1990. Após sua libertação em 1993, recebeu o Prêmio Nobel da Paz pelo seu esforço em acabar com a segregação racial na África do Sul, e em 1994 ele se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul. Alessia Pierdomenico/ Shutterstock
Com base na reportagem extraída de: https://observatorio3setor.org.br/carrossel/ 7-simbolos-na-luta-pelos-direitos-humanos-no-mundo/. Acesso em: 24 jan. 2020. CONFLITOS: MEDIAÇÃO PARA UMA CULTURA DA PAZ
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VAMOS PENSAR JUNTOS?
e reflitam sobre os conflitos registrados Agora, junte-se a quatro ou cinco colegas lmente. O trabalho em grupo propicia muina história da humanidade ou presentes atua sa. o de conf litos de forma pacífica e respeito tas oportunidades para praticar a resoluçã s encontrarão informações importantes para Na seção Orientações iniciais (página 6), você a formação dos grupos. ussões, ideias, esquemas e muito mais Vocês devem registrar todas as pesquisas, disc em seu diário de bordo.
DIÁRIO DE BORDO O diário de bordo pode ser feito em papel ou em meios digitais. O impor tante é que o registro de todo o trabalho seja realizado. Consulte, nas Orientaçõe s iniciais, mais informações sobre o diário de bordo.
Stuart Jenner/ Shutterstock
Uma imagem pode transmitir uma mensagem de forma rápida e direta. Algumas nos marcam a tal ponto que lembramos dela após longa data. Vamos iniciar a reflexão com a coleta de imagens que mostrem ou repres entem conflitos. Façam, para o restante da turma, uma apresentação das imagens que selecionaram e, junto com o(a) professor(a), agrupem as imagens distinguindo os conflitos em: »» Conflitos entre países. »» Conflitos na cidade. »» Conflitos entre pessoas.
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PROJETO 4
ETAPA 2
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DESAFIOS
7 AULAS DUPLAS
DESAFIO 1 COMO MAPEAR CONFLITOS E REAÇÕES?
2 AULAS DUPLAS
Até o momento, discutimos e pudemos observar alguns exemplos de conflitos que permearam a história da humanidade. Vale ressaltar que os conflitos são fenômenos presentes nas diversas relações interpessoais, desde as interações triviais até as mais complexas. Iniciem pensando sobre os conflitos que fazem parte do seu cotidiano. Em grupos, listem alguns tipos de conflito que vocês já observaram no cotidiano e as reações que tiveram ao presenciá-los. Não se esqueçam de registrar todos os conflitos e reações no diário de bordo. Depois de produzir essa lista, escolham os conflitos que foram observados por todos os integrantes do grupo e as reações citadas perante cada um deles. Observem se esses conflitos ocorrem com frequência e se as reações foram diferentes em cada ocorrência. Registre todas essas informações com os argumentos que julgar necessários. A ideia é fazer um mapeamento que permita a visualização dos conflitos pelos quais vocês passaram e como reagiram. Para tanto, os conflitos escolhidos para o estudo devem permitir a obtenção de respostas para as questões sobre as quais refletiram inicialmente e se há outras questões a serem colocadas.
CONFLITOS: MEDIAÇÃO PARA UMA CULTURA DA PAZ
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»» Existem conflitos que afetam você cotidianamente? »» Como são as suas reações diante dos conflitos? »» Na sua opinião, todos reagem como você ao enfrentar o mesmo tipo de conflito?
Romão/ M10
Um exemplo pode ajudar na compreensão da proposta: Conflito: Disputa pela posição na fila do banheiro; alguém fura a fila. Reações: 1. Dá um empurrão para retirar quem furou a fila. 2. Agride verbalmente quem furou a fila. 3. Chama a atenção com brincadeiras que podem deixar quem furou a fila desconfortável com a atitude inadequada.
O objetivo é contar o número de vezes que, diante de um conflito, tomamos cada uma dessas atitudes. Como fazer, de forma simples e rápida, essa contagem? Agora, mais um desafio: projetar e construir um artefato digital ou analógico para realizar essa contagem. Preparem-se para projetar um contador!
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PROJETO 4
DESAFIO 2 COMO CONSTRUIR UM DISPOSITIVO PARA CONTAGEM?
Atenção: Todo o processo até a construção final deve ser registrado no diário de bordo.
Web design é a área do design gráfico que tem como objetivo toda produção voltada ao ambiente virtual. Observe, na imagem ao lado, a simplicidade dos ícones e como a escolha das funções se torna fácil e rápida graças às formas e às imagens apropriadas.
Divulgação
Com seu grupo, pense em um aparelho, mecanismo ou instrumento – digital ou não – que permita a vocês registrar e armazenar todas as situações de conflito vividas individualmente e a reação que tiveram em cada uma delas. Lembrem-se de que a ferramenta deve ser prática e estar sempre à mão, para que o registro aconteça imediatamente após a situação. Para qualquer um dos casos citados, vocês terão de pensar no design do dispositivo. Mas o que é design? O design está presente em tudo o que nos rodeia, mesmo quando não o percebemos. Você já parou para pensar na forma das coisas? Tudo possui uma forma, tanto elementos da natureza como objetos produzidos pelos seres humanos.
2 AULAS DUPLAS
Interface desenhada por Anton Repponen há cerca de uma década, que ainda apresenta muita semelhança com dispositivos usados até hoje. CONFLITOS: MEDIAÇÃO PARA UMA CULTURA DA PAZ
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Objetos e instituições não foram desenhados pela natureza; alguém ou, mais provavelmente, uma equipe teve de pensar, planejar, testar e escolher a melhor forma, funcionamento, cores, tudo que fosse necessário para que atendessem às necessidades para as quais eles foram pensados. Se optarem por uma ferramenta digital, façam uma breve pesquisa na internet para escolher o melhor construtor de aplicativo gratuito. Neste caso, é importante saber um pouco sobre Web Design. Caso seu grupo opte por um contador não digital, vejam os exemplos abaixo. Já conhecem a técnica de registrar uma escolha por meio de uma sequência de traços que formam um quadrado com uma diagonal?
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Esse método é o mais simples produto para registrar escolhas – trata-se de um exemplo meramente ilustrativo: vocês terão ideias mais elaboradas e inovadoras!
VOCÊS CONHECEM UM ÁBACO? foi feito pelo grego Heródoto (480 a.C.-425 a.C.). Porém, foram os chineses que desenvolveram o ábaco mais parecido com o que conhecemos hoje, uma moldura de madeira com hastes cheias de contas de vidro ou madeira.
que nada mais é do que uma versão simplificada do ábaco. Fotos da esquerda para a direita: Contador utilizado na Educação Infantil para ensino e aprendizagem de cálculo. Ábaco chinês do século XIV.
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PROJETO 4
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comum a utilização de um contador escolar,
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Atualmente, no início da aprendizagem de cálculo, é muito
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O mais antigo registro escrito que se conhece sobre um ábaco
MATERIAIS A SEREM UTILIZADOS NO DISPOSITIVO DE CONTAGEM
Luis Molinero/ Shutterstock
A escolha dos materiais a serem utilizados no projeto é uma etapa fundamental. Verifiquem a possibilidade de reaproveitar materiais descartados, que, além de serem de baixo custo, também minimizam o impacto ambiental. Se necessário, peçam orientação ao(à) professor(a). Algo que pode enriquecer o trabalho de todos é compartilhar com a turma o dispositivo e o processo para desenvolvê-lo; assim todos podem ver diferentes soluções usadas para resolver um mesmo problema. É interessante que organizem uma amostra dos dispositivos digitais ou analógicos para os colegas e testem diferentes propostas, assinalando os pontos positivos e os que podem ser melhorados. Anotem também, no diário de bordo, as soluções que vocês consideraram mais eficientes e, se preciso, apropriem-se de alguma ideia para aprimorar seu dispositivo. Assim que o dispositivo de vocês estiver pronto e testado, cada integrante do grupo deverá utilizá-lo para fazer a contagem das suas reações diante dos conflitos e reações selecionados. Vocês deverão obter dados durante 15 dias, para que tenham uma quantidade relevante de dados para analisar.
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DESAFIO 3 3 AULAS DUPLAS
COMO ORGANIZAR OS DADOS OBTIDOS? Cada um de vocês deve ter registrado no seu dispositivo a quantidade de vezes que reagiu de determinada forma perante um dado conflito. Reúnam todos os dados e os apresentem em forma de tabelas e gráficos. Utilizem planilhas apropriadas para a construção de tabelas e gráficos – editores de planilhas são um exemplo. Caso não saibam como utilizá-las, conversem com seus colegas ou professores para orientá-los. As planilhas são recursos valiosos e facilitadores para diversos estudos. O gráfico apropriado para esse tipo de dados é o de barras ou colunas. Veja como é imediata a leitura dos dados nesse formato de gráfico. Conflito 1
Conflito 1 número de ocorrências Reação A
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Reação B
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Reação C
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Reação A
Reação B
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PROJETO 4
Cookie Studio/ Shutterstock
WAYHOME studio/ Shutterstock
Fonte: Fictícia.
Algumas expressões de pessoas diante de situações de conflito.
ShotPrime Studio/ Shutterstock
Ollyy/ Shutterstock
Agora, compartilhem, em forma de painel, o resultado do seu grupo com o resto da turma e anotem as apresentações dos outros grupos. Em seguida, utilizando os dados de todos os grupos, tracem um perfil da turma diante dos conflitos. Para traçar o perfil da turma, identifiquem o comportamento-padrão da maioria. Diante das observações, é possível identificar: » um perfil mais agressivo na maioria dos conflitos? » um perfil mais acolhedor? » um perfil indiferente aos problemas? » um perfil apaziguador? Ou vocês identificam outro perfil? É importante que o perfil da turma seja validado por todos os envolvidos. Com a mediação do(a) professor(a), dialoguem até estabelecerem um perfil que seja consenso entre todos.
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ETAPA 3 ELABORAR UM PROTOCOLO 3 AULAS DUPLAS
A identificação do perfil não é suficiente para gerar mudanças no comportamento, mas é um bom começo. Com base no perfil da turma, criem um protocolo para atitudes diante de conflitos que visem à construção de uma Cultura da Paz.
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PROTOCOLO Um protocolo pode ser entendido como um conjunto de regras ou acordos que devem ser cumpridos por todos. Pensem em como evitar que os conflitos gerem situações negativas, procurando direcioná-los para condutas positivas, que visem à criação de um ambiente respeitoso e colaborativo, em que todos reconheçam suas obrigações e direitos. Baseando-se nos dados que coletaram, levantem os comportamentos que acentuam os conflitos e estimulam a cultura da violência. Para cada um desses comportamentos, elaborem uma proposta que direcione a atitudes pacíficas, fraternas e solidárias. Esse conjunto de propostas, se validado por todos, passará a ser um acordo coletivo que deve reger as relações.
POR QUE É IMPORTANTE A CONSTRUÇÃO DE UMA CULTURA DA PAZ? De acordo com a Unesco: A questão da violência no Brasil é uma das maiores preocupações da sociedade. Os índices de violência e de insegurança, especialmente nos grandes centros urbanos, aumentaram nas últimas duas décadas. [...] Os dados estatísticos permitem caracterizar que a violência incide essencialmente sobre a população jovem do Brasil. UNESCO. Cultura de Paz no Brasil. Disponível em: www.unesco.org/new/pt/brasilia/social-and-human-sciences/ culture-of-peace. Acesso em: 16 fev. 2020.
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PROJETO 4
COMO O CÉREBRO REAGE AOS CONFLITOS? Nosso cérebro possui áreas específicas que estão relacionadas às emoções, sejam elas positivas (alegria, bem-estar, prazer etc.) ou negativas (medo, tristeza, desprezo, raiva etc.). Essas áreas integram o sistema límbico, conjunto de estruturas ou regiões do cérebro em que ocorre o processamento de emoções. O sistema límbico é uma estrutura primitiva no cérebro, ou seja, está presente não só nos humanos, mas também em todos os seres vertebrados existentes hoje (e em vertebrados já extintos). O componente mais importante do sistema límbico, a amígdala (palavra que vem do grego e significa “amêndoa”, porque designa algo que lembra sua forma e tamanho), é o responsável por coordenar reações agressivas ou defensivas, de luta ou fuga, diante da percepção de uma situação ameaçadora. Em outras palavras, a amígdala informa outras partes do cérebro sobre a iminência de perigo e, dessa forma, o cérebro emite comandos para que o corpo se prepare para um conflito.
A UNESCO no mundo e no Brasil. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) foi criada em 16 de novembro de 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de garantir a paz por meio da cooperação intelectual entre as nações, acompanhando o desenvolvimento mundial e auxiliando os Estados-Membros – hoje são 193 países – na busca de soluções para os problemas que desafiam nossas sociedades. É a agência das Nações Unidas que atua nas seguintes áreas de mandato: Educação, Ciências Naturais, Ciências Humanas e Sociais, Cultura e Comunicação e Informação. Disponível em: https://nacoesunidas.org/ agencia/unesco/. Acesso em: 16 fev. 2020.
Romão/ M10
Pequenos conflitos fazem parte da vida; o problema, na verdade, é quando pequenos conflitos se tornam grandes desentendimentos. O exercício e a prática da mediação pacífica de conflitos permitem que todos vivam de forma mais respeitosa e colaborativa.
Esquema ilustrativo do encéfalo humano, com indicação da posição da amígdala.
CONFLITOS: MEDIAÇÃO PARA UMA CULTURA DA PAZ
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ETAPA 4 DESENVOLVER O JOGO 3 AULAS DUPLAS
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O desafio agora é criar um jogo que permita aos usuários o engajamento nas propostas do protocolo de forma lúdica e desafiadora. Listem, no diário de bordo, diferentes tipos de jogos que vocês conhecem: os preferidos, os mais divertidos ou aqueles que exigem raciocínio. Nesta lista, pode haver jogos digitais, de tabuleiro, de cartas, RPG etc. Anotem as características de cada tipo de jogo e identifiquem os seguintes elementos: »» objetivos e regras; »» feedback imediato; »» possibilidade de repetição; »» fases de treinamento; »» progressão gradual. Todos esses elementos devem estar contidos no seu jogo.
Boyko.Pictures/ Shutterstock
PUWADON SANG/ Shutterstock
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PENSANDO NO SEU JOGO O jogo deve ter um objetivo relacionado a pelo menos um dos acordos descritos no protocolo. Escolham um estilo de jogo que considerem interessante e possível de construir, utilizando como referência vários jogos que apreciem para fomentar a criatividade. Esbocem a estrutura geral do jogo pensando na situação inicial, no objetivo final, na sequência de passos, nas possíveis recompensas e penalidades, e escrevam as regras. Construam uma primeira versão do jogo e experimentem jogar uma partida com o próprio grupo, observando criticamente todos os detalhes. Identifiquem e registrem todos os ajustes e melhorias, para aprimorar o jogo. Agora, com uma versão testada e aprimorada, proponham uma troca com outro grupo. Lembrem-se de entregar ao grupo as regras por escrito, para que o jogo seja testado sem a intervenção dos autores. Depois, peçam que o grupo que experimentou seu jogo verifique se o objetivo foi alcançado. Caso a escolha do seu grupo seja um jogo digital, o Scratch pode ser uma boa ferramenta. Trata-se de um software livre desenvolvido pelo Media Lab, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, Estados Unidos). Ele foi projetado para uso gratuito nos principais sistemas operacionais e possui versão em diversos idiomas, reunindo uma comunidade online de mais de 150 países. Ao utilizar o Scratch, vocês também aprendem um pouco de lógica de programação, porque todas as ações e narrativas serão programadas por vocês. Se necessário, consultem na internet vídeos que demonstram como utilizar o Scratch. Há vários materiais bem elaborados. Na seção Para saber mais (página 140), vocês encontrarão algumas indicações que podem auxiliá-los.
CONFLITOS: MEDIAÇÃO PARA UMA CULTURA DA PAZ
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ETAPA 5
2 AULAS DUPLAS
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PROJETO 4
ORGANIZAR UM SALÃO DE JOGOS PELA PAZ A comunidade deve conhecer tudo o que vocês desenvolveram para a construção da Cultura da Paz. Combinem com seus professores uma estratégia para apresentar a toda a comunidade o protocolo e os jogos desenvolvidos por vocês. Para tanto, os grupos irão organizar um Salão de Jogos pela Paz! É interessante que os convidados possam experimentar o maior número de jogos possível. Planejem o evento de tal forma que isso seja garantido. Para se certificarem de que o jogo elaborado por vocês alcançou o objetivo, elaborem uma ou duas questões para que os jogadores respondam ao término da partida. Vejam as sugestões a seguir e elaborem outras, ou as adaptem para os jogos que vocês criaram: »» É importante pensar sobre as reações diante dos conflitos? Por quê? »» Pensar sobre conflitos ajuda a evitá-los? Como? »» Quando os conflitos acontecem, existe alguma maneira de neutralizá-los? »» Entender os processos relacionados aos conflitos pode ajudar na construção de uma Cultura da Paz? Leiam e analisem as respostas, fazendo anotações no diário de bordo. Calcule o percentual de pessoas que, de fato, compreenderam a mensagem que vocês desejavam transmitir. Compartilhem com a turma o que vocês puderam perceber analisando as respostas e também anotem dados relevantes apontados pelos outros grupos. »» Como vocês avaliam a participação das pessoas? »» Houve envolvimento nos jogos? »» Ao jogar, as pessoas puderam discutir ou refletir sobre os conflitos?
ETAPA DE AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS E AUTOAVALIAÇÃO
1 AULA DUPLA
Vamos avaliar a aprendizagem? Além do protocolo e dos jogos, vamos avaliar todo o processo vivenciado por vocês. É importante fazer uma autoavaliação pensando em suas contribuições para o grupo: como foi sua atuação, se realizou críticas construtivas e se considerou as críticas feitas pelos colegas. Outra etapa importante da avaliação é feita por pares, isto é, você será avaliado por todos os seus colegas de grupo e avaliará cada um deles, seguindo os mesmos princípios que nortearam a autoavaliação. Além disso, o olhar do(a) professor(a) também contribuirá para o desenvolvimento de seu aprendizado. Para auxiliar no processo de avaliação, observe as informações, sugestões e explicações presentes nas Orientações iniciais. As questões a seguir são específicas para este projeto e podem auxiliá-los no processo de avaliação: »» Como participou das discussões na leitura de imagem? »» Colaborou para o entendimento sobre os conflitos, fazendo colocações pertinentes e escutando atentamente as colocações dos outros? »» Ajudou a construir os mapas conceituais e envolveu-se nas discussões relacionadas a eles? »» Trouxe imagens sobre conflitos? »» Participou da escolha dos conflitos a serem estudados? »» Como foi a colaboração para a construção do dispositivo? »» Como foi seu envolvimento na criação do protocolo? »» Quais foram suas contribuições para a construção do jogo criado pelo grupo? »» Trabalhou de forma positiva para a criação do Salão de Jogos pela Paz e em sua avaliação? »» A construção da Cultura da Paz passou a ser um valor defendido por você/ele(a)?
CONFLITOS: MEDIAÇÃO PARA UMA CULTURA DA PAZ
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PARA SABER MAIS Nas referências a seguir, você encontrará informações que o(a) ajudarão na realização do projeto ou mesmo na ampliação dos temas. •
ARQ.FUTURO BRASIL. Cidade Cidadão – Nós, eles e os outros. Roteiro por Bia Villarinho. [s. l.; s. n.], 2019. 1 vídeo (2 minutos e 7 segundos). Disponível em: www.youtube.com/user/ArqFuturoBrasil/search?query=n%C3%B3s%2C+eles. Acesso em: 16 fev. 2020. Vídeo em animação que mostra os diferentes interesses que as pessoas têm na cidade e como lidar com eles de forma respeitosa e democrática.
•
BRASILIA FAB LAB. Como fazer um jogo no Scratch em menos de 10 minutos. Disponível em: www.youtube.com/channel/UCJ4d9KkMm4J2T_rEO4LoBSg/ search?query=scratch. Acesso em: 16 fev. 2020. O vídeo apresenta argumentos sobre a validade da criação de jogos no Scratch e orienta a criação rápida de um jogo.
•
GUIBERT, Emmanuel. O fotógrafo. São Paulo: Conrad, 2006. História em quadrinhos que conta a primeira viagem do fotógrafo Didier Lefèvre, que acompanhou missões da MSF – Médicos sem Fronteiras ao Afeganistão.
•
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [Site]. Disponível em: www.ibge. gov.br. Acesso em: 16 fev. 2020. Site para pesquisar o adensamento demográfico nas regiões do Brasil.
•
PASTORAL DA CRIANÇA. Disponível em: www.pastoraldacrianca.org.br/. Acesso em: 16 fev. 2020. O site permite que se conheça um organismo de ação social sediado no Paraná.
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•
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Disponível em: https://nacoesunidas.org/agencia/unesco/. Acesso em: 16 fev. 2020. Site da Agência da ONU no Brasil que permite conhecer os organismos da ONU no Brasil e acompanhar sua atuação.
•
YOUSAFZAI, Malala. Eu sou Malala: como uma garota defendeu o direito à educação e mudou o mundo. São Paulo: Seguinte, 2015. A autobiografia de Malala conta sua luta pela educação das meninas antes e depois do atentado que sofreu, quando membros do Talibã dispararam tiros que atingiram sua cabeça, deixando-a hospitalizada por um longo período.
PROJETO 4
Após terminar o projeto, retome seus registros e apontamentos a fim de reconhecer seu aprendizado. Ao longo do projeto, foi possível desenvolver:
Habilidades trabalhadas
Ciências da Natureza e suas Tecnologias 2. Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis. Linguagens e suas Tecnologias 3. Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas 5. Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos. (EM13CNT207) Identificar, analisar e discutir vulnerabilidades vinculadas às vivências e aos desafios contemporâneos aos quais as juventudes estão expostas, considerando os aspectos físico, psicoemocional e social, a fim de desenvolver e divulgar ações de prevenção e de promoção da saúde e do bem-estar. (EM13CNT302) Comunicar, para públicos variados, em diversos contextos, resultados de análises, pesquisas e/ou experimentos, elaborando e/ou interpretando textos, gráficos, tabelas, símbolos, códigos, sistemas de classificação e equações, por meio de diferentes linguagens, mídias, tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), de modo a participar e/ou promover debates em torno de temas científicos e/ou tecnológicos de relevância sociocultural e ambiental. (EM13LGG304) Formular propostas, intervir e tomar decisões que levem em conta o bem comum e os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global. (EM13CHS503) Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e avaliando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos.
WAYHOME studio/ Shutterstock
Competências específicas
CONFLITOS: MEDIAÇÃO PARA UMA CULTURA DA PAZ
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Atstock Productions/ Shutterstock
PROJETO: NOME DO ESA EIRA EMPR IM R P A H MIN GRADOR: E T IN A M E T DORISMO E D N E E R P EM
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Objetivos a serem desenvolvidos
• Praticar a cooperação em grupo compartilhando informações relevantes, colaborando com o grupo de forma consistente e ativa nas resoluções, executando as tarefas assumidas, ouvindo ativamente todos os colegas e mantendo fala respeitosa e clara. • Compreender o conceito de empreendedorismo entendendo toda a dinâmica nele envolvida, desde o planejamento até a execução do negócio. • Entrevistar empresários para identificar as características de um empreendedor e sua visão de oportunidades. • Planejar um negócio utilizando o modelo de plano Canvas, buscando compreender todas as facetas de um empreendimento. • Desenvolver um produto e compor preço de venda. • Calcular o lucro de um empreendimento baseando-se na receita e os custos utilizando ou não planilha digital. • Formular plano de divulgação de um produto utilizando ou não meios digitais. • Criar uma estratégia para comercializar um produto. • Organizar um evento para apresentar os produtos desenvolvidos e a evolução da proposta empreendedora realizada. • Praticar a avaliação formativa por meio da autoavaliação, avaliação por pares e avaliação coletiva.
Importância do projeto
No projeto de vida dos jovens, o empreendedorismo é uma opção para se colocarem no mercado de trabalho. O planejamento detalhado de um negócio compreende a identificação de um produto que agregue valor para determinado público, o levantamento dos recursos financeiros, o desenvolvimento de um produto e a análise de custo e valor de venda. Essas atividades aproximam o estudante do mundo do trabalho e do exercício da cidadania. A elaboração coletiva de um produto escolhido pelos alunos é uma estratégia para o desenvolvimento do protagonismo, pois, ao longo do processo, devem resolver problemas com autonomia e responsabilidade. A oferta do produto para o público implica o uso adequado da linguagem e dos meios de comunicação para argumentar sobre os valores desse produto. Por fim, a apresentação de todo o processo vivenciado durante a construção de uma miniempresa para o público local é uma oportunidade de argumentar sobre as escolhas que fizeram, as implicações e as soluções encontradas. A partilha do conhecimento adquirido no processo de tornar-se um empreendedor pode colaborar com a visão do mercado de trabalho da comunidade local.
Competências gerais
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
Materiais
Folhas de papel sulfite A3 (ou A2 emendadas), papéis autocolantes, cartolina, régua e computadores.
Produto final
Feira para comercialização dos produtos elaborados e apresentação, para a comunidade, do processo vivenciado durante a construção da miniempresa. Utilização da verba arrecadada em prol da escola ou comunidade.
Ao longo de todo o projeto, você encontrará indicações que o(a) ajudarão a visualizar quais são as habilidades que estão sendo priorizadas. Com isso, seu estudo ficará ainda mais direcionado. 143
MINHA PRIMEIRA EMPRESA
Observe as duas imagens de abertura. Em seguida, reflita sobre as perguntas a seguir, fazendo anotações no seu caderno para, depois, discutir com a turma. Já ouviu falar sobre empreendedorismo? Será que são necessárias algumas características específicas para ser um empreendedor? Você acha que o empreendedorismo é importante para o desenvolvimento do país? Após a discussão com toda a turma, pense sobre o que pode representar o empreendedorismo em seu projeto de vida. Registre sua reflexão em seu caderno.
QUESTÃO DESAFIADORA Como planejar um empreendimento? Como atua um empreendedor?
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PROJETO 5
Romolo Tavani/ Shutterstock
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PROJETO
Rawpixel.com/ Shutterstock
A construção de um negócio depende de um bom planejamento.
Trabalho em equipe. 145
ETAPA 1 INVESTIGANDO O PERFIL DE UM EMPREENDEDOR 1 AULA DUPLA
O empreendedorismo é, para alguns, um desafio. Para outros, ele pode ser um monstro assustador. Mas o que significa empreendedorismo? O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) apresenta a seguinte definição para o termo:
EM13MAT106
Empreendedorismo é a capacidade que uma pessoa tem de identi ficar problemas e oportunidades, desenvolver soluçõ es e invest ir recursos na criação de algo positivo para a sociedade. Pode ser um negócio, um projeto ou mesmo um movimento que gere mudanças reais e impacto no cotidiano das pessoas. [...] A introdução de um novo bem, a criação de um método de produ ção ou comercialização e até a abertura de novos mercados, são algum as atividades comuns do empreendedorismo. Isso significa que “a essência do empreendedorismo está na percepção e no aproveitamento das novas oportunidades no âmbito dos negócios”. BUENO, Jefferson Reis. Mas afinal, o que é empreendedorismo?
Sebrae, 27 nov. 2019. Disponível em: https://blog.sebrae-sc.com.br/o-que-e-empreendedorismo/ . Acesso em: 16 fev. 2020.
Você conhece alguém que possa ser considerado um empreendedor? Qual é a história de vida dessa pessoa? Compartilhe com os colegas da turma todas as informações relevantes que você tem sobre esse(a) empreendedor(a). Caso não conheça nenhum, pesquise, junto a seus familiares e amigos, a história de alguém com esse perfil.
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PROJETO 5
/ M10 Romão
Agora observe a figura ao lado. Ela representa elementos pertinentes ao mundo de pessoas empreendedoras. Com base nas histórias de vida e informações apresentadas por você e pelos colegas da turma, a respeito de pessoas empreendedoras que conhecem ou não, identifique as características presentes em todos os relatos e registre-as em seu diário de bordo.
Flamingo Imag
iko/ Shutters
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Inside Creative House/ Shutterstock
es/ Shuttersto
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Palavras-chave no mundo do empreendedorismo.
Fotos da esq. para a dir.: Jovem empreendedora em ambiente de trabalho. Homem apresentando seu empreendimento a outra pessoa. Jovem trabalhando em seu negócio.
VOCÊ SABE O QUE É UM DIÁRIO DE BORDO? as, O diário de bordo é onde devem ser registradas, durante seus estudos, todas as pesquis reflexões, dados obtidos etc. Ele pode ser feito em um caderno ou por meio de um recurso to. digital – o que importa é que tudo seja registrado e possa ser consultado a qualquer momen Tenha-o sempre presente. 6). Se necessário, leia mais informações sobre o diário de bordo nas Orientações iniciais (página
Para finalizar esta etapa, pense em suas características pessoais e responda à pergunta: “Você reconhece em si mesmo características de um empreendedor?”. MINHA PRIMEIRA EMPRESA
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ETAPA 2 1 DESAFIOS
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Vamos unir habilidades, competência e coragem para empreender? Uma proposta de pequeno porte para conhecer o processo vivenciado por um empreendedor pode ser inspiradora para a construção de seu projeto de vida ou pode sinalizar que esse não é seu caminho. Reúna-se com três ou quatro colegas para formar um grupo de sócios de uma miniempresa. A partir de agora, vocês se tornarão empreendedores planejando um negócio em sociedade. A colaboração, o acolhimento às opiniões de todos, o compartilhamento de informações relevantes, o comprometimento com as decisões tomadas em conjunto; enfim, toda postura cooperativa é primordial para os sócios de qualquer empresa. Nas Orientações iniciais (página 6), vocês encontrarão mais informações sobre como podem se organizar para o trabalho em grupo. Decidam a distribuição dos papéis levando em conta o perfil de cada um.
DESAFIO 1 1 AULA DUPLA
COMO RECONHECER DEMANDAS DE MERCADO?
Tero Vesalainen/ Shutterstock
2 AULAS DUPLAS
A habilidade para identificar demandas é uma das características mais marcantes em empreendedores de sucesso. Nesse sentido, vocês devem, inicialmente, identificar produtos que fariam a diferença em suas rotinas, trazendo benefícios a elas. Criar um produto ou serviço que pode beneficiar muitas pessoas – ou melhorar algo que já existe – é a chave do sucesso! Escolham um produto ou serviço para ser negociado pela miniempresa de vocês e pensem em seu público-alvo. Coloquem-se no lugar de um suposto cliente questionando-se: O produto no qual pensaram é atraente para o público? Alguém sentiria falta dele? Em qual(is) situação(ões) ele faria diferença na vida das pessoas? 148
PROJETO 5
DESAFIO 2 QUAL É O PRODUTO QUE SUA EMPRESA OFERECERÁ?
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Estudo e definição de produto. Monkey Business Images/ Shutterstock
Monkey Bus
/ iness Images ck to rs Shutte
Uma vez reconhecida qual é a demanda de mercado, é possível partir para a definição de qual seria um produto para atender à demanda do mercado no qual vocês estão inseridos. Para essa análise, considerem os seguintes exemplos: um alimento saboroso e saudável pode ser o produto a ser produzido e comercializado por vocês. Objetos de artesanato também podem ser uma boa opção. Aproveitar matérias-primas de sua região é uma boa opção para o produto a ser oferecido, pois, em geral, agradam a população local. Identifiquem o perfil dos possíveis clientes e o que seria do interesse deles, ou seja, o que teriam prazer em consumir e o que os faria ficar com o sentimento de “quero mais”. É recomendável que façam uma pesquisa para conhecer as demandas desses possíveis clientes, pois isso pode ajudá-los na definição das características do produto. Voltando para o exemplo do alimento, se o produto pensado for uma linha de sorvetes saudáveis (naturais), é necessário verificar se o público-alvo aprecia esse tipo de sorvete, se os sorvetes são um tipo de alimento consumido durante o ano todo ou prioritariamente no verão, quais sabores naturais são os mais desejados, com que frequência as pessoas tomam sorvete, qual tipo – massa ou picolé – tem maior procura. Todas essas informações os ajudarão na criação do produto.
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ETAPA 3 PLANEJAR O NEGÓCIO 5 AULAS DUPLAS
Antes de iniciarem a elaboração de um plano de negócios, vocês devem ter decidido qual produto irão comercializar. É de total importância que a decisão seja coletiva, com o aval de todos os sócios. Assim que identificarem o produto, iniciem o plano de negócios.
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PLANO DE NEGÓCIOS É COISA SÉRIA O Project Model Canvas, comumente chamado de plano de negócios Canvas, foi elaborado pelo suíço Alex Osterwalder com o intuito de facilitar a compreensão total de um plano de negócios. É muito utilizado pelas empresas atualmente, pois está em sintonia com o ritmo da atualidade, por ser um plano curto, pragmático e essencial. Canvas é um termo em inglês que pode ser traduzido por “tela de fundo” – no caso, uma tela que será preenchida com informações relevantes para seu negócio. O formato básico do Canvas apresenta nove regiões distribuídas como na imagem a seguir.
ATIVIDADES-CHAVE PARCERIAS-CHAVE
ESTRUTURA DE CUSTO Modelo de negócios Canvas. PROJETO 5
SEGMENTO DE CLIENTES
OFERTA DE VALOR
RECURSOS-CHAVE
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RELACIONAMENTO
CANAIS
FONTES DE RECEITA
Para construir esse plano, deve-se levar em consideração o olhar de todos os envolvidos no negócio, para que a análise seja a mais completa possível. Em uma folha de papel sulfite A3 (ou em duas folhas de tamanho A4 coladas com fita adesiva), reproduzam o esquema proposto no Plano de negócio Canvas com a utilização de uma régua, de forma a distribuir as nove regiões com áreas semelhantes. Assim, será possível visualizar todo o plano do negócio elaborado por vocês de forma fácil e clara. Utilizem também papéis autocolantes para registrar as contribuições dos sócios em cada um dos itens sugeridos no plano. Vocês podem estar se perguntando sobre o significado de cada um dos termos que identificam as regiões do Canvas. O que são parcerias-chave, atividades-chave ou recursos-chave? Na imagem a seguir, leiam atentamente a proposta em cada região do modelo Canvas para entender o que os termos significam. Pode parecer complicado, mas logo estarão familiarizados!
ATIVIDADES-CHAVE
PARCERIAS-CHAVE Para que a solução seja colocada em prática, quem precisa estar envolvido?
Quais ações envolvem solução para arrecadar verba para a produção? RECURSOS-CHAVE Quais são os recursos (humanos, econômicos e tecnológicos) necessários para colocar a ideia em prática?
RELACIONAMENTO Como mobilizar pessoas para testarem o produto? OFERTA DE VALOR Qual é nosso produto e o que ele vem resolver?
ESTRUTURA DE CUSTO Qual é o custo para colocar essa ideia em prática?
CANAIS Como o público ‑alvo terá acesso ao produto? Como vão conhecê-lo? Quais são os meios para divulgação?
SEGMENTO DE CLIENTES Quem é o público-alvo de nosso produto?
FONTES DE RECEITA De onde será retirado o valor para a produção do nosso produto?
Modelo de negócios Canvas explicado. MINHA PRIMEIRA EMPRESA
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VERMELHO: O QUÊ? Qual é o produto e o que ele agrega para as pessoas?
VERDE: PARA QUEM? Observem que as regiões do Canvas estão divididas em quatro cores, sendo cada cor relacionada a uma pergunta sobre o negócio que estão planejando.
AZUL: COMO? Como arrecadar verba para a produção? Como encontrar parceiros? Quais recursos são necessários para colocar a ideia em prática? Na identificação dos parceiros, olhem com atenção para toda a comunidade – vocês poderão encontrar pessoas que, além de colaborar, gostariam de aprender mais sobre empreendedorismo. Juntos, vocês poderão identificar oportunidades interessantes para todos.
AMARELO: QUANTO? Qual é o custo total para a produção, venda e propaganda? Qual é o valor a ser gerado com a venda do produto?
emojoez/ Shutterstock
De forma organizada, esse plano de negócio vai conduzi ‑los a refletir e responder a perguntas primordiais para um negócio de sucesso. Questões como “A quem meu produto interessa?”, “O custo do produto é comercialmente viável?”, “O projeto é lucrativo?”, entre outras, são determinantes para que conheçam profundamente as operações do negócio que estão construindo e possam identificar formas para reduzir riscos ao diminuir as incertezas.
Qual é o público-alvo para o produto? Como apresentá-lo a esse público?
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PROJETO 5
ANALISANDO OS RECURSOS NECESSÁRIOS Se o produto for algo comestível, ao refletir sobre os recursos necessários, é interessante que façam uma receita, anotando tanto a quantidade quanto os custos com cada ingrediente e/ou equipamento que utilizarem, além dos custos com gás e energia elétrica. Também é preciso anotar o tempo total para o preparo do alimento e o rendimento da receita, de modo que seja possível calcular o custo de uma unidade. Essas anotações serão a base para o cálculo do valor de venda. A embalagem valoriza o produto, porém gera mais custos. Por isso, sejam criativos e econômicos ao planejarem a embalagem. Fiquem atentos aos produtos que estão no mercado e que chamam a atenção de vocês: eles podem ser fonte de inspiração para a apresentação do produto que estão elaborando. Como é amplamente divulgado, a propaganda “é a alma do negócio”; isso significa que ela precisa ser muito bem planejada. As mídias são importantes parceiras para apresentar o produto e facilitar a venda. Com certeza, a criatividade de todos os sócios deverá ser empregada. Vocês já devem ter ouvido falar em algumas dessas palavras ao lado. Todas elas estão relacionadas ao produto que criaram, e o que faz com que elas contribuam para que esse produto seja um sucesso é pensar em uma marca. Desde o nome do produto até o percurso para que chegue até o consumidor final, ele deve refletir a marca de vocês: ela é a identidade visual e simbólica do produto. Nesse sentido, a primeira coisa na qual vocês precisam pensar é o nome da empresa. Supondo que o produto escolhido por vocês para o negócio seja um brigadeiro, por exemplo, vocês deverão pensar na identidade que o brigadeiro da marca de vocês terá. Em outras palavras, mesmo que o produto escolhido já possua um nome, vocês devem pensar nas características únicas que ele terá. Esse pode ser justamente o diferencial que fará com que as pessoas escolham o brigadeiro da empresa de vocês em vez de fazer o próprio ou comprar de outra marca.
Palavras que representam conceitos associados à apresentação de um produto.
MINHA PRIMEIRA EMPRESA
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Cada detalhe deve ser pensado, esboçado, discutido e escolhido de forma criteriosa. Observe as listas de palavras a seguir.
Criatividade
CRIATIVIDADE
Criatividade
Mercado
MERCADO
Mercado
Merchandising
MERCHANDISING
Merchandising
Venda
VENDA
Venda
Propaganda
PROPAGANDA
Propaganda
Marca
MARCA
Marca
Publicidade
PUBLICIDADE
Publicidade
Prototipagem
PROTOTIPAGEM
Prototipagem
Logo
LOGO
Logo
Embalagem
EMBALAGEM
Embalagem
Inovação
INOVAÇÃO
Inovação
Palavras escritas com a mesma fonte, porém de formas diferentes.
Teste com diferentes possibilidades explorando a palavra “marca” como exemplo. 154
PROJETO 5
Romão/ M10
Note que são as mesmas palavras apresentadas anteriormente organizadas em três colunas e com o uso da mesma fonte (tipo de letra). Cada uma das colunas pode transmitir de forma diferente o mesmo significado que a palavra possui; então pensem nisso também na hora de escolher o nome. Depois de escolhido o nome, criem a marca. Pode ser que só o nome já constitua a marca, mas, muitas vezes, enquadrar o nome numa forma, sublinhar ou salientar uma das letras pode destacar algum aspecto que vocês pretendem valorizar. Observe:
Com recursos simples, vocês podem experimentar uma série de possibilidades que ajudem a transmitir a ideia que pretendem associar ao produto que criaram. Observem novamente os exemplos apresentados e, sem preocupação com juízo do gosto (“prefiro”, “acho feio/bonito” etc.), pensem em quais vocês escolheriam para transmitir: »» maturidade; »» leveza; »» equilíbrio; »» excesso; »» peso; »» sobriedade; »» elegância. »» infância; »» isolamento;
DESIGN DA EMBALAGEM do produto inte A embalagem é um componente do custo bém um componengrando seu valor físico tangível, mas é tam ebido” do produto, te fundamental da imagem e do “valor perc r “real” do produto. que muitas vezes é bem maior que o valo lagem. In: Senai-SP. Aspectos do MESTRINER, Fábio. O design no setor da emba . design II. São Paulo: Senai-SP Editora, 2012
Cookie Studio/ Shutterstock
Seu produto precisará de uma embalagem. Além de ter influência na apresentação do produto, a embalagem tem como principal função a proteção dele. O que é preciso saber para escolher a melhor embalagem para um produto? A primeira coisa é o custo dela. Pode ser que as embalagens já existentes no mercado atendam às necessidades de sua empresa; no entanto, vocês devem levar em consideração e analisar os seguintes aspectos: »» A embalagem reflete a identidade da marca do produto? »» Ela acrescenta valores ao produto? Mesmo aproveitando uma embalagem que já exista, personalizem-na, criem um rótulo, um detalhe que reforce a identidade da marca que elaboraram. Caso seu produto precise de uma embalagem criada especialmente para ele, vocês deverão desenhar e escolher o melhor material, sempre lembrando que o custo de tudo precisa ser computado em uma planilha de custos. 155
Um aspecto importante que não pode ser negligenciado é o cuidado com a escolha dos materiais que vocês utilizarão. Deve-se ter em mente a preocupação com menor impacto socioambiental possível. Observe, a seguir, o tempo de degradação de alguns materiais. Saco plástico
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mais de
100
Romão/ M10
anos
Símbolo universal da reciclagem. Foi criado por Gary Anderson aos 23 anos, quando, em 1970, participou e venceu um concurso patrocinado por uma empresa de papelão reciclado. 156
PROJETO 5
mais de
30 a 40
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anos
meses
Caixa longa-vida
Lata de alumínio
Garrafa PET
mais de
100 anos
anos
Vidro
4 mil anos
Romão/ M10
Papel
O grupo deve considerar também, ao planejar a embalagem do produto, seu posicionamento diante da responsabilidade ambiental. Assim, propostas que reduzam o consumo de matéria-prima e causem menor impacto ambiental são, atualmente, mais bem percebidas por parte dos consumidores. Se julgarem oportuno para o negócio de seu grupo, busquem mais informações sobre propostas de embalagens ecologicamente produzidas e o impacto de seu descarte. Com um pouco de criatividade e ousadia, é possível transformar materiais já utilizados em novas embalagens. Caixas de ovos, sacolas estampadas, folhas de revista, de jornal, sacos de papel, coador de papel para café utilizado, recortados ou compostos em uma colagem, com interferências ou não, tornam-se interessantes opções de baixíssimo custo. As interferências podem ser pequenas linhas estrategicamente desenhadas, letras ou textos pintados sobre os materiais reaproveitados ou partes dos padrões recobertos com tinta. Liberem a imaginação e experimentem – vocês verão que pode até ser mais divertido do que utilizar uma embalagem pronta!
LEVANTAMENTO DE IDEIAS
Iconic Bestiary/ Shutterstock
A proposta nesta etapa é o registro das ideias em papéis autocolantes. Como estes são papéis pequenos, os textos devem ser sucintos, apresentando a ideia de forma clara e breve. Não há necessidade de utilizar diferentes cores, mas, se considerarem interessante, podem atribuir uma cor para cada conteúdo. A vantagem de utilizar papéis autocolantes é poder retirar, realocar ou elaborar nova sugestão com grande facilidade, sem alterar o “plano de fundo”. Cada sócio deve preencher, individualmente, os papéis autocolantes com suas ideias; dessa forma, o quadro ficará repleto com contribuições de todos. Não há uma sequência rígida a ser seguida para preencher o Canvas, mas é mais produtivo e organizado se todos refletirem sobre o mesmo tema, favorecendo a discussão e o compartilhamento de informações relevantes para o plano de negócio. Reflitam sobre as colocações de todos e decidam o melhor encaminhamento para cada um dos itens em estudo. Plano de negócios lotado de ideias? Respostas claras para todas as perguntas? Produto, marca, embalagem e tudo mais já pensados? Então, vamos ver o que outras pessoas acham da proposta que elaboraram?
Elaboração do modelo de negócios Canvas.
CONVERSA ENTRE EMPREENDEDORES A primeira análise do plano de negócios que vocês acabaram de elaborar pode ser feita pelos colegas que também estão iniciando como empreendedores. É interessante que os grupos troquem informações entre si, pois uma solução encontrada por um grupo pode ser inspiradora para outro grupo. Com o(a) professor(a), organizem uma apresentação de todos os planos de negócios. Uma boa estrutura para esse compartilhamento é a dinâmica World Café. MINHA PRIMEIRA EMPRESA
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World Café é uma estratégia para fomentar diálogos colaborativos e aproveitar a inteligência coletiva, uma oportunidade para darmos o nosso melhor e acolhermos o melhor dos demais participantes. A dinâmica consiste em cada grupo ocupar uma dada posição, que será chamada de estação. Cada grupo define um membro para ser o anfitrião. Este deve permanecer na estação, enquanto os demais, de forma organizada e gerenciada pelo(a) professor(a), circularão pelos grupos. Cada rodada deve durar um tempo fixo. Durante esse período, o anfitrião apresentará o plano de negócios para integrantes de outros grupos que visitarão sua estação, devendo incentivá-los a olharem o produto como clientes, a compararem com o plano de negócio deles e anotar todas as sugestões e considerações. Na última rodada, todos voltam para sua estação, sintetizam as descobertas e discutem as sugestões, análises e contribuições para seus produtos. Com a revisão do plano de negócio, após a contribuição de todos, é muito provável que o projeto se torne mais robusto e vocês tenham se apropriado de muitos conhecimentos. A experiência da construção coletiva do conhecimento é muito gratificante quando todos compartilham informações e visões sobre o tema em discussão. Além da reflexão em conjunto sobre os planos de negócios, vale a pena consultar empresários. Buscar a análise de um empreendedor experiente no mercado também pode ser valioso para o negócio de vocês. No entanto, é importante salientar que vocês ainda não estão organizando uma startup. Quando se fala em empreendedorismo, é importante conhecer este conceito, muito presente nos dias de hoje. Vocês sabem o que esse termo significa?
Romão/ M10
Estações na dinâmica World Café.
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PROJETO 5
STARTUP
Rawpixel.com
/ Shutterstock
ja sendo lançada em um mercado. A rigor, startup é qualquer empresa que este novas que despontam um potencial de De modo geral, startups são empresas ponegócios repetível e escalável. As startups, crescimento extremo, com um modelo de rteza. Os termos “empresa nova” e “crescirém, operam em condições de extrema ince ndermos uma startup. mento” são conceitos-chave para compree deve ser capaz de se estruturar em torPor ser uma “empresa nova”, a startup er negócio rapidamente. O fato de nasc no daqueles elementos relevantes do dê condições de incerteza, permite que se sem uma estrutura prévia, de estar em chel. A velocidade com que uma startup atenção apenas àquilo que é essencia ês eito muito importante é o MVP (do ingl ga ao mercado é fundamental. Um conc a uto mais básico que consegue materializar Minimum Viable Product), ou seja, o prod em sem desperdícios, sem excessos. ideia original da empresa. Assim, elas nasc se torna relevante, pois significa que uma O MVP é o marco a partir do qual a startup pação e – mais importante – alguém resolveu ideia original se transformou em uma solu que a startup é viável. gar por essa solução. Esse é o indicativo de um aplicativo não são exemplos de startups. É importante ficar claro que uma ideia ou rminada solução ou, no jargão técnico, “res Uma startup é uma empresa que entrega dete e Há diversas metodologias para ajudar ness ponde a uma dor/demanda do mercado”. das mais utilizadas. caminho. O Business Model Canvas é uma encia as startups. O crescimento torna-se Outro termo-chave, “crescimento”, é o que difer o ele concretiza o escalonamento. Há um sens uma busca quase obsessiva das startups, pois eguir rapidamente atingir muitos clientes. comum de que uma startup só é viável se cons
Planejamento e trabalho coletivo.
MINHA PRIMEIRA EMPRESA
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ETAPA 4 DESENVOLVER O NEGÓCIO 8 AULAS DUPLAS
EM13MAT101 EM13MAT106 EM13CNT301
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PROJETO 5
Dividir tarefas é uma característica de sócios-parceiros, que confiam no empenho uns dos outros. A lista de tarefas não é pequena: produção, embalagem, propaganda, estratégias para apresentar o produto, planejamento de distribuição e mais alguns detalhes, que variam com o estilo do produto. Produção, financeiro, divulgação e vendas são departamentos comuns nas empresas. Toda organização favorece a análise do processo que está sendo desenvolvido, ou seja, a criação da empresa de seu grupo. Portanto, vocês precisarão de um caderno ou registro digital para o controle dos gastos. Organizem tabelas com colunas preparadas para anotar detalhadamente todas as compras que fizerem, quantidade, custo, data da compra, local da compra e outros dados que julgarem necessários. Uma solução é usar um editor de planilhas, no qual seja possível registrar dados, gerar equações com os dados inseridos, construir gráficos, ações que colaboram para a leitura da situação financeira. Há versões online para uso até mesmo em celulares. Algumas dicas para a organização e registro do funcionamento da empresa: »» Listar todas as frentes de trabalho (compra, produção, controle financeiro, divulgação e venda são possíveis frentes; vocês podem acrescentar outras que considerarem necessárias). »» Identificar os responsáveis pelas frentes de trabalho. »» Estabelecer o formato e o local para registro de todas as informações e decisões em cada uma das frentes. É bom que todos tenham acesso a essas anotações, para que haja transparência em todo o processo. Vocês podem escolher o próprio diário de bordo ou podem pensar num registro exclusivo para a empresa de vocês. »» Elaborar um cronograma, estabelecendo prazos para as ações de cada frente de trabalho. »» Criar uma forma eficiente e ágil para a comunicação entre os sócios. »» Agendar reuniões para resolver os problemas e/ou implementar melhorias.
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G-Stock Studio/ Shutterstock
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fizkes/ Shutterstock
G-Stock Stud
Com o produto pronto, é necessário testar sua aceitação. Iniciem o trabalho de venda com a divulgação do produto, destacando na propaganda as vantagens que ele oferece. Com perguntas rápidas, solicite ao seu cliente que avalie o produto quanto a apresentação, custo e qualidade. Teste diferentes formas de abordar o seu cliente e avalie a que resultou em maior venda. Essa pesquisa pode dar informações sobre os seus clientes. Para avaliar o produto, vale anotar o retorno do cliente; isso indica que o produto propiciou uma boa experiência a ponto de querer repeti-la. Organizem todas as informações coletadas e identifiquem alterações no negócio para resolver os problemas encontrados. Até mesmo colegas de outros grupos podem ajudá-los na avaliação e identificação de pontos a serem melhorados. Um empreendedor está sempre atento às necessidades dos seus clientes.
Em um projeto, cada membro desenvolve uma parte importante do trabalho em equipe, seja na execução ou acompanhamento das etapas.
MINHA PRIMEIRA EMPRESA
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ETAPA 5 ORGANIZAR A FEIRA DO EMPREENDEDOR 5 AULAS DUPLAS
Nesta etapa, vocês compartilharão com a comunidade tudo o que aprenderam sobre ser um empreendedor. Organizem, com a orientação do(a) professor(a), um evento no qual possam apresentar, de forma criativa, o processo que vivenciaram e também comercializar os produtos que desenvolveram. Vídeo, encenação, cartaz e história em quadrinhos são algumas ideias para inspirá-los para a apresentação do que aprenderam sobre empreendedorismo. Convidem os parceiros para participarem no planejamento e na apresentação do negócio que vocês criaram. O plano de negócios Canvas, fotos de momentos importantes e divertidos, a planilha de gastos e receita podem fazer parte dessa apresentação. Salientem que o empreendedorismo praticado por vocês é uma simplificação para o desenvolvimento do perfil empreendedor. O registro fiscal foi simplificado, pois no valor do produto não foi considerada a tributação de impostos e taxas.
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PROJETO 5
ANÁLISE FINANCEIRA A verba arrecadada nas vendas durante a feira pode ter um destino que favoreça o coletivo. A identificação de demandas faz parte da rotina de um empreendedor. Tendo isso em mente, juntos analisem as necessidades da escola ou da comunidade e tracem um plano para aplicar o recurso arrecadado para solucionar parte de alguma necessidade identificada. O empreendedorismo pode fazer parte de seu projeto de vida, e a participação da comunidade na experiência de construir uma miniempresa pode ser inspiradora para identificar novos empreendedores na comunidade em que vivem. Vocês podem mostrar novas oportunidades para muitos.
ETAPA DE AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS E AUTOAVALIAÇÃO Neste momento, você vai avaliar a parceria dos sócios no empreendimento. Você com certeza adquiriu muitos conhecimentos e exercitou conceitos já estudados ao elaborar o plano de negócio e implementá-lo com seus colegas. Reúna-se com seu grupo e, juntos, levantem todo o conhecimento que adquiriram e os que já sabiam e aplicaram nesta experiência de empreendedorismo. Esse levantamento tornará visível a aprendizagem que o projeto proporcionou. Em seguida, reflitam sobre a participação que tiveram no trabalho em equipe. Iniciem por uma autoavaliação: »» Como você se reconhece neste trabalho? »» Como foi seu envolvimento e comprometimento? »» Como foi sua interação com os demais sócios? Essas são algumas questões para auxiliá-lo(a) em sua reflexão. Anote suas considerações sobre sua participação no grupo. Após a autoavaliação, avalie a participação dos demais integrantes do grupo, isto é, seus sócios; para isso, utilize os mesmos critérios da autoavaliação. Anote suas considerações utilizando uma linguagem respeitosa e pensando em contribuir para a formação e evolução de seus colegas. Você encontrará mais informação sobre as avaliações na seção Orientações iniciais (página 6). Você foi avaliado(a) pelos seus parceiros e também os avaliou. Se vocês conversarem sobre a avaliação que fizeram, isso contribuirá para que todos se conheçam um pouco mais. Essa conversa é comumente chamada de feedback e deve ser respeitosa e generosa, tanto ao falar como ao ouvir. Leiam com atenção as informações que estão nas Orientações iniciais (página 6) antes de iniciarem o feedback. Lembrem-se do perfil do empreendedor: sempre pronto para aprender!
1 AULA DUPLA
MINHA PRIMEIRA EMPRESA
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PARA SABER MAIS Nas referências a seguir, você encontrará informações que o(a) ajudarão na realização do projeto ou mesmo na ampliação dos temas.
•
FINOCCHIO JR., José. Project Model Canvas. São Paulo: Elsevier, 2013. Obra que explica como utilizar, em linguagem simples e com muitos gráficos, o Project Model Canvas, uma das mais inovadoras metodologias de gerenciamento de projetos.
•
GONÇALVES, Vinicius. Empreendedorismo jovem. Novo Negócio, 15 ago. 2019. Disponível em: https://novonegocio.com.br/empreendedorismo/empreendedorismo-jovem. Acesso em: 16 fev. 2020. Matéria sobre o jovem empreendedor no Brasil e no mundo.
•
MATOS, Antonio Carlos de; SOUZA, Alecsandro Araujo de; HARIZ, Melhem Skaf. Manual do jovem empreendedor. Disponível em: https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_ CHRONUS/bds/bds.nsf/cb975d2c3a657cca8dc762e0cf6ac2c5/$File/NT000350A2.pdf. Acesso em: 16 fev. 2020. Este manual apresenta os passos principais para a criação de uma empresa e traz dicas de renomados empresários do mercado.
•
SEBRAE MATO GROSSO. Educação empreendedora: crescendo com práticas responsáveis. Revista Coquetel. Sebrae-MT; Ediouro/Coquetel. Disponível em: www.sebrae.com.br/ Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/AP/Anexos/Sebrae%20-%20Educaca%C3%A7%C3%A3o%20 empreendedora%20e%20sustentabilidade.pdf. Acesso em: 16 fev. 2020. Texto voltado a crianças do Ensino Fundamental que apresenta, de forma simples, conceitos sobre empreendedorismo e sustentabilidade.
•
SEBRAE NACIONAL. Estudo de caso: história de empreendedorismo. Sebrae, 23 out. 2017. Disponível em: www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/estudo-de-caso-historia-de-empreend edorismo,3233ff9f3862f510VgnVCM1000004c00210aRCRD. Acesso em:16 fev. 2020. Estudo de caso de um jovem empreendedor, descrevendo sua história desde o Ensino Médio.
•
SEBRAE NACIONAL. O que é ser empreendedor. Sebrae, 23 jan. 2019. Disponível em: www. sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/o-que-e-ser-empreendedor,ad17080a3e107410VgnVCM10 00003b74010aRCRD. Acesso em: 16 fev. 2020. Matéria sobre o perfil do empreendedor com ênfase nos motivos que o levam a ser um.
•
WORLD Café. CoCriar. Disponível em: https://cocriar.com.br/biblioteca/metodologias/worldcafe. Acesso em: 16 fev. 2020. Texto explicativo sobre a condução da dinâmica World Café.
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PROJETO 5
Competências específicas
Ciências da Natureza e suas Tecnologias 3. Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC). Matemática e suas Tecnologias 1. Utilizar estratégias, conceitos e procedimentos matemáticos para interpretar situações em diversos contextos, sejam atividades cotidianas, sejam fatos das Ciências da Natureza e Humanas, das questões socioeconômicas ou tecnológicas, divulgados por diferentes meios, de modo a contribuir para uma formação geral.
Habilidades trabalhadas
(EM13CNT301) Construir questões, elaborar hipóteses, previsões e estimativas, empregar instrumentos de medição e representar e interpretar modelos explicativos, dados e/ou resultados experimentais para construir, avaliar e justificar conclusões no enfrentamento de situações-problema sob uma perspectiva científica. (EM13CNT302) Comunicar, para públicos variados, em diversos contextos, resultados de análises, pesquisas e/ou experimentos, elaborando e/ou interpretando textos, gráficos, tabelas, símbolos, códigos, sistemas de classificação e equações, por meio de diferentes linguagens, mídias, tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), de modo a participar e/ou promover debates em torno de temas científicos e/ou tecnológicos de relevância sociocultural e ambiental. (EM13MAT101) Interpretar criticamente situações econômicas, sociais e fatos relativos às Ciências da Natureza que envolvam a variação de grandezas, pela análise dos gráficos das funções representadas e das taxas de variação, com ou sem apoio de tecnologias digitais. (EM13MAT106) Identificar situações da vida cotidiana nas quais seja necessário fazer escolhas levando-se em conta os riscos probabilísticos (usar este ou aquele método contraceptivo, optar por um tratamento médico em detrimento de outro etc.).
Atstock Productions/ Shutterstock
Após percorrer todo o trajeto do projeto, retome seus registros e apontamentos a fim de reconhecer seu aprendizado. Ao longo do projeto, podemos desenvolver:
MINHA PRIMEIRA EMPRESA
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O PRO D
Dean Drobot/ Shutterstock
ROJETO: NOME DO P DO FUTURO A H IN Z O C A DOR: STEAM A R G E T IN TEMA
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Objetivos a serem desenvolvidos
• Praticar a cooperação compartilhando informações relevantes, colaborando com o grupo de forma consistente e ativa nas resoluções, executando as tarefas assumidas, ouvindo ativamente todos os colegas e mantendo fala respeitosa e clara. • Compreender a transformação de energia ocorrida em diferentes tipos de fogão. • Analisar o funcionamento dos diferentes tipos de fogão, considerando tanto o custo quanto o impacto causado na natureza e nos usuários (impacto socioambiental). • Projetar um fogão de baixo custo e sustentável. • Avaliar propriedades de diferentes materiais para compor as partes do fogão. • Comparar esses materiais utilizando instrumentos de medida para realizar testes experimentais. • Analisar dados experimentais e fundamentar a seleção dos materiais para o protótipo. • Construir o protótipo de fogão com atenção às proporções e aos materiais. • Verificar experimentalmente a eficiência do protótipo. • Apresentar o protótipo para a comunidade local e argumentar sobre as decisões que o grupo tomou ao longo do projeto. • Praticar a avaliação formativa por meio de autoavaliação, avaliação por pares e avaliação coletiva mediada pelo(a) professor(a).
Importância do projeto
A compreensão do avanço da descoberta e manuseio do fogo foi algo muito expressivo para o ser humano. Pesquisas recentes têm observado que foi o ato de cozinhar que possibilitou o desenvolvimento do cérebro humano para o tamanho que apresenta hoje. Por outro lado, a crise energética mundial apresenta-se como um desafio para essa atividade tão cara à humanidade. Neste projeto, vocês serão convidados a pensar sobre matéria e energia, além de refletir sobre a importância do ato de cozinhar para construir um protótipo de fogão sustentável e de baixo custo.
Competências gerais
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
Materiais
Para a construção do fogão: papelão, resistor elétrico para forno, lenha, tijolos, placas metálicas, espelho côncavo, papel-alumínio, vasilhames metálicos ou de vidro borossilicato, termômetro com fundo de escala mínimo de 100 °C. Para a construção de um medidor de temperatura digital: microprocessador (Arduino), sensor térmico, display, fios metálicos para conexão, placa de ensaio (protoboard), cabo USB.
Produto final
Protótipo de fogão de baixo custo e sustentável.
Ao longo de todo o projeto, você encontrará indicações que o(a) ajudarão a visualizar quais são as habilidades que estão sendo priorizadas. Com isso, seu estudo ficará ainda mais direcionado.
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A COZINHA DO FUTURO
Desde os tempos pré-históricos, mais precisamente a partir do período paleolítico, que o ser humano utiliza o fogo como fonte de energia. Em nossa vida moderna, o uso do fogo ainda é muito presente no cotidiano de todas as pessoas. Porém, hoje e cada vez mais, utilizamos equipamentos com uma tecnologia mais avançada, como os fogões, considerados mais práticos e mais seguros que no passado. Apesar disso, os custos para mantê-los e utilizá-los estão cada vez mais altos.
QUESTÃO DESAFIADORA Como podemos utilizar o conhecimento sobre energia e matéria para construirmos um fogão sustentável e de baixo custo? Considere fogão qualquer equipamento utilizado para preparar alimentos.
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PROJETO 6
VicZuco/ Shutterstock
PROJETO
6 Forno a lenha.
FogĂŁo a lenha.
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Andrewshots/ Shutterstock
ETAPA 1 POR QUE COZINHAR É TÃO IMPORTANTE? 5 AULAS DUPLAS EM13CNT101
Quando os seres humanos passam a ter o controle do fogo, começam a usá-lo para diversas finalidades e uma das principais é a alimentação. Uma fogueira, um buraco no chão com pedras ou com a própria lenha são as maneiras mais rudimentares utilizadas para o cozimento de alimentos.
Jens Ottoson/ Shutterstock lynea/ Shutterstock
I AM JIFFY/ Shutterstock
Caio Pederneiras/ Shutterstock
EVOLUÇÃO DO FOGÃO
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PROJETO 6
ck ttersto ff/ Shu enko Gorod
udaix/ Shutterstock
ppart/ Shutterstock
Sergej Razvodovskij/ Shutterstock
Representação de grupo humano caçador-coletor.
Infográfico demonstrando evolução de equipamentos para cozinhar.
A COZINHA DO FUTURO
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Mulher cozinhando em fogão de metal em Gana, 2015. Fogão de argila, Uganda.
Warren Parker/ Shutterstock
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Margus Vilbas/ Shutterstock
Elena Rostunova/ Shutterstock
Fogão antigo, fotografado em uma fazenda da África do Sul.
Abraham Badenhorst/ Shutterstock
Forno tradicional de antiga casa russa.
Os primeiros utensílios desenvolvidos para essa finalidade eram de barro, e é interessante notar que algumas sociedades rurais ainda utilizam esse recurso. Posteriormente, começaram a ser produzidos fogões de metal; no entanto, os que são mais parecidos com os que usamos hoje só surgiram com a Revolução Industrial. Inicialmente os fogões eram a lenha e depois a gás; muitas pessoas dizem que cozinhar num fogão a lenha dá um sabor especial aos alimentos. E os avanços tecnológicos, que possibilitaram a utilização de micro-ondas, laser, nitrogênio líquido, energia solar, como transformaram os fogões? O fogo, como citado anteriormente, foi a primeira fonte de energia usada de forma intencional pelo ser humano. O contato com o fogo começou quando um raio incendiou uma árvore, provavelmente. Nessa época, o ser humano pré-histórico ainda não tinha o domínio sobre o fogo, de forma que era necessário aguardar nova tempestade para obter fogo novamente. No entanto, esse fogo acidental já foi de grande ajuda para as pessoas daquela época, iluminando algum lugar, servindo de fonte de calor e como forma de afastar animais selvagens. Foi também nessa época que, acredita-se, os hominídeos começaram a cozinhar seu alimento.
O período Paleolítico, há cerca de dois milhões de anos, foi marcado pela utilização inédita do fogo pelos seres humanos. Nessa época, alguns já moravam em cavernas e desenvolveram estratégias de linguagem e comunicação por meio de desenhos nas paredes. Assim, tivemos acesso à importância que a descoberta do fogo teve para esses povos. O Homo Erectus, entre 1,8 milhão e 300 mil anos atrás, percebeu que a fricção entre duas pedras gerava faíscas e poderia acender fogueiras. Começa assim o domínio do fogo pelo ser humano, que não precisava mais esperar pela queda de um raio para obtê-lo. Arqueólogos israelenses descobriram o indício mais antigo de uma fogueira produzida há 790 mil anos, às margens do rio Jordão, entre Israel e a Jordânia. Assim, podemos dividir a relação do ser humano com o fogo em três estágios: a utilização quando disponível na natureza, a produção intencional e a manutenção, inclusive com a utilização de subterfúgios, como fogueiras e resinas. Ao longo das gerações, o ser humano desenvolveu formas de produzir e transportar o fogo, em diversas condições e em qualquer lugar, como as tochas a óleo, fósforos e até isqueiros. Aliado a isso, conseguiu integrar o fogo a outros equipamentos para desenvolver fontes maiores e melhores de energia, como as máquinas a vapor, na época da Revolução Industrial. Até hoje, o fogo é a principal fonte de energia do ser humano, correspondendo a um pouco mais que 90% da energia mundial, a partir da queima de diversos tipos de combustível. Veja o gráfico da Matriz Energética Mundial que segue:
GRÁFICO DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL 2016 (IEA, 2018) Outros 1,6%
Hidráulica 2,5% Nuclear 4,9%
Biomassa 9,8% Carvão 27,1% Gás natural 22,1% Petróleo e derivados 31,9%
Matriz Energética Mundial 2016 (IEA, 2018).
Fonte: epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica A COZINHA DO FUTURO
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A queima de combustíveis, porém, é responsável pelo aumento da emissão de gases de efeito estufa (GEE), resultando no aquecimento global. Portanto, o fogo é uma fonte de energia que precisa ser substituída ou, ao menos, ter sua utilização diminuída. Mas será que esta é a única fonte de energia natural dominada pelo ser humano? Observe novamente o gráfico da matriz energética mundial e veja quais são os outros recursos naturais utilizados pelo ser humano para gerar energia. Além de gerar energia para movimentar motores, o fogo ainda é amplamente utilizado em nossas casas, especialmente para preparar nossos alimentos. Cozinhar, assar, grelhar... o fogo é utilizado para preparar a maior parte dos alimentos que consumimos no nosso cotidiano. Você já reparou que o ser humano é o único animal que come alimentos não crus? Por que o desenvolvimento dessa habilidade foi tão importante para a humanidade? Pense sobre isso! A relevância desse acontecimento será discutida adiante.
Imagens ilustrativas dos grandes primatas e do ser humano. 174
PROJETO 6
Francisco Herrera/ Shutterstock
Nikolay 007/ Shutterstock
Ioannis Pantzi/ Shutterstock
Sergey Uryadnikov/ Shutterstock
Sergey Uryadnikov/ Shutterstock
O QUE NOS DIFERENCIA DOS OUTROS ANIMAIS?
Evolutivamente, somos muito próximos dos grandes primatas: gorilas, chimpanzés e orangotangos. No entanto, apresentamos algumas particularidades que fazem toda a diferença. Você já parou para pensar no que nos faz humanos? O que nos diferencia dos outros animais? Talvez você responda que nossa capacidade cerebral é maior que a dos demais primatas. E há algo de correto nessa resposta.
SERES HUMANOS E MACACOS TIVERAM UM MESMO ANCESTRAL NO PASSADO
Antropoides Macacos do Novo Mundo
Hominóideos
Macacos do Velho Mundo
Pongídeos
Hominídeos
0 Gibão Orangotango 10
Gorila Chimpanzé
Homem
Prossímios atuais
20
30
40
Romão/ M10
50
60 Milhões de anos atrás
Prossímios primitivos
Árvore Filogenética dos Primatas – No passado, seres humanos e macacos tiveram um mesmo ancestral.
Analise a árvore filogenética – diagrama que representa relações evolutivas entre organismos – dos primatas e compare o tamanho do encéfalo dos grandes primatas e o dos seres humanos. Atente-se para as partes que compõem o encéfalo e avalie qual delas difere entre os primatas não humanos e os humanos. Faça uma relação entre o tamanho dessa região específica do encéfalo e o tamanho corpóreo desses seres vivos. A COZINHA DO FUTURO
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Humano Chimpanzé
Babuíno
Mandril
Crânio de um chimpanzé.
Crânio humano.
Macaco-japonês
Romão/ M10
Evolução é o conceito científico que trata da mudança e adaptação das espécies ao longo do tempo. Segundo essa teoria, todos os organismos apresentam um ancestral comum e todas as espécies hoje existentes são resultados de contínuos processos de mudanças. Antigamente, acreditava-se que os seres vivos foram criados da forma como os conhecemos e que estes não se modificavam, teoria conhecida por fixismo. A partir dos estudos de Lamarck no século XVIII e, principalmente, Darwin no século XIX, o fixismo foi sendo desacreditado, pois evidências da modificação dos seres vivos foram observadas. O descobrimento dos fósseis trouxe evidências importantíssimas desse processo, mostrando claramente as alterações sofridas pelos seres vivos ao longo do tempo. A teoria da Evolução está baseada na seleção natural, em que os organismos mais adaptados ao meio sobrevivem e apresentam maiores chances de reproduzir, transmitindo essa característica para seus descendentes. Atenção: em Ciência, a palavra “teoria” diz respeito a algo que explica como as coisas acontecem ou por que elas acontecem daquela forma. As teorias não são especulativas, ou seja, não são meros palpites. Elas se baseiam em observações e ideias que podem ser testadas.
Imagens de encéfalos de primatas. O volume encefálico de um ser humano adulto varia entre 1200 a 1400 cm cúbicos. Já outros primatas apresentam um volume médio de 200 cm cúbicos.
• Quais são as estruturas que formam o encéfalo? • Vamos retomar esses conhecimentos importantes? O encéfalo é a porção do nosso sistema nervoso central protegida pelo crânio. Popularmente, esse órgão é chamado de cérebro, porém, na verdade, o cérebro é só uma parte desta importante estrutura. Todas as partes do encéfalo trabalham em conjunto para garantir o funcionamento adequado do organismo e, consequentemente, nossa sobrevivência. 176
PROJETO 6
Usagi P./ Shutterstock
O QUE É EVOLUÇÃO?
Observe a imagem e veja quais são as demais partes que compõem o encéfalo. Você sabe a função de cada uma delas? Cérebro: esta é a parte mais desenvolvida do encéfalo humano, representando cerca de 78% do peso deste. Podemos destacar como características físicas as pregas, sulcos e depressões que apresenta. O cérebro é formado por duas regiões: o hemisfério direito e o esquerdo, que estão conectados pelo corpo caloso. A camada mais externa do cérebro é chamada de córtex cerebral e é formada por corpos celulares de neurônios, apresenta coloração escura, também conhecida como substância cinzenta. Já a camada mais interna apresenta coloração mais clara, ou substância branca, e é constituída por dendritos e axônios. O cérebro está relacionado, entre outras funções, com atividades sensoriais, movimentos, aprendizado, percepção, criatividade, inteligência e memória. Mesencéfalo: parte do encéfalo relacionada ao tônus muscular e à postura corporal. Além disso, desempenha importante papel na coordenação de reflexos visuais e na integração de informações sensoriais. Ponte: formada por fibras nervosas que conectam várias partes do encéfalo, apresenta como principal função a transferência de informações. Bulbo Raquidiano: essa estrutura, que é a última porção do encéfalo, controla o batimento cardíaco e a respiração, atuando também em reflexos de deglutição, vômito e tosse. Em outras palavras, esta região é a responsável pelos movimentos involuntários do nosso organismo. Essas três partes juntas formam o que chamamos de Tronco Encefálico. Cerebelo: localizado entre a parte posterior do telencéfalo e a ponte, é responsável por coordenar movimentos, garantir a postura corporal e desenvolver habilidades motoras. Além de ser protegido pelo crânio, o encéfalo também é revestido por membranas de tecido conjuntivo. Essas membranas são chamadas de meninges e localizam-se entre o encéfalo e a caixa craniana. Possuímos três meninges: dura-máter, aracnoide e pia-máter. A mais externa é a dura-máter e a pia-máter é a mais interna. Entre as membranas dura-máter e aracnoide, há um espaço chamado de subdural. E o espaço existente entre as membranas aracnoide e pia-máter é chamado de subaracnoide, no qual circula o líquido cerebrospinal ou cefalorraquidiano.
Tronco encefálico Cerebelo
Telencéfalo
Romão/ M10
Cérebro
Diecéfalo Mesencéfalo Ponte Bulbo Cerebelo
A COZINHA DO FUTURO
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Nick Biemans/ Shutterstock
Sergey Uryadnikov/ Shutterstock wavebreakmedia/ Shutterstock
Imagens comparativas do tamanho médio dos primatas não humanos e humanos.
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PROJETO 6
Agora que você já sabe quais são as estruturas do encéfalo e suas funções, volte à imagem dos encéfalos e responda: » Qual a função dessa estrutura e o que o desenvolvimento dela traz para a espécie? De fato, o tamanho do encéfalo humano é proporcionalmente muito maior que o de outros primatas. No entanto, todos os mamíferos, em certa medida, são capazes de raciocinar, planejar, contar e usar linguagem, entre outras realizações que utilizam a atividade mental. » O que apenas nós fazemos e nenhum outro animal faz? Reúna-se com seus amigos e levante hipóteses sobre o que nos diferencia dos outros animais. O cérebro humano apresenta 86 bilhões de neurônios. Como você já sabe, o neurônio é a célula do sistema nervoso responsável pela condução dos impulsos nervosos. Você deve imaginar que essa grande quantidade de células demanda uma grande quantidade de energia. De fato, o cérebro humano consome 25% das calorias necessárias para que o corpo funcione durante um dia. Considerando uma dieta alimentar de 2 000 kcal/dia, qual seria a quantidade de calorias consumida pelo cérebro apenas para se manter em funcionamento? Como nossos ancestrais conseguiam obter esse volume energético? Você já parou para pensar nisso? Pesquisadores acreditam que, se não fosse um truque inventado pela humanidade, não seria possível o cérebro humano existir. Sabe por quê? Porque teríamos de passar nove horas diárias nos alimentando. Seria bastante complicado! Você consegue imaginar qual foi o “truque” que permitiu que aproveitássemos melhor as calorias dos alimentos? Discuta com seus colegas e, juntos, levantem hipóteses. Em seguida, compartilhem suas hipóteses com os demais alunos da turma, apresentando os motivos que os fazem acreditar nelas. Estabeleçam um bate-papo e troquem informações. Coletivamente, levantem as três hipóteses mais prováveis e anotem argumentos que as justifiquem. Agora, escaneie o QR Code a seguir e veja o que a neurocientista Suzana HerculanoHouzel diz sobre esse tema. O texto também pode ser encontrado por meio do link: https://exame.com/revista-exame/ agradeca-a-cozinha-pelo-seu-cerebro/.
Todas as hipóteses acerca da evolução humana só podem ser testadas indiretamente – afinal, sem uma máquina do tempo, não há como saber exatamente o que aconteceu na nossa história evolutiva. No entanto, grande parte dos pesquisadores que estudam a evolução humana concordam que o cozimento dos alimentos foi decisivo para o desenvolvimento do corpo humano para a forma como é hoje. Algumas evidências dessas modificações corporais são, por exemplo, os dentes menores e mandíbulas menos robustas, uma vez que os alimentos cozidos costumam ser mais macios que os crus. Afinal, é sabido que cozinhar aumenta a disponibilidade de energia proveniente dos alimentos, já que aumenta a digestibilidade e a biodisponibilidade de alguns nutrientes. Assim, com mais energia disponível, foi possível o desenvolvimento de cérebros maiores. Nosso cérebro atual é proporcionalmente muito grande, três vezes maior que o esperado para nosso tamanho corporal. E demanda uma grande quantidade energética, como já foi visto no início desta etapa, correspondente a 16 vezes mais que um tecido muscular por unidade de peso, por exemplo. Apesar da grande importância que a mudança de padrão alimentar teve na história da evolução humana, uma melhor qualidade dietética certamente não é o único fator que explica os motivos de os cérebros dos hominídeos terem crescido tanto. Esse enriquecimento dietético, no entanto, parece ter desempenhado um papel crítico no primeiro estímulo para o crescimento desse órgão. A partir desse estímulo inicial, é provável que a dieta e a contínua expansão cerebral tenham passado a interagir sinergicamente, isto é, uma passou a depender da outra, de forma que cérebros maiores produziram comportamento social mais complexo, o que conduziu a outras estratégias em táticas de suprimento e a uma melhor alimentação que, por sua vez, fomentou a evolução adicional do cérebro. Além de aumentar a energia aproveitada dos alimentos, cozinhar também apresenta um caráter profilático, uma vez que os alimentos crus podem apresentar dezenas de microrganismos nocivos a nossa saúde, como a Salmonella e a Cyclospora. Por todos esses fatores, entre outros, o ato de cozinhar é considerado um grande marco na história evolutiva humana; porém, ainda não há consenso sobre quando esse comportamento surgiu. Richard Wrangham e outros estudiosos da Universidade Harvard pesquisaram sobre a importância do cozimento na evolução de nossa espécie. Esses pesquisadores propuseram que o Homo erectus foi, provavelmente o primeiro hominídeo a usar o fogo para cozinhar, há cerca de 1,8 milhão de anos. Agora que você já sabe mais sobre a evolução humana, vamos discutir um pouco sobre os equipamentos que utilizamos para preparar alimentos.
A COZINHA DO FUTURO
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EQUIPAMENTOS PARA COZINHAR Hoje, existem diversos tipos de fogão e fornos, assim como outros equipamentos para cozinhar; porém, todos, de alguma forma, fornecem calor para os alimentos. A transmissão de energia térmica pode acarretar um custo para o ambiente, para a nossa saúde e para o setor financeiro.
Romão/ M10
a gá s. A na lis e o fo gã o queima do Qual é o custo da de sd e o gá s, co ns id er an do nç ão de sse proces so da obte combustível? Fogão a gás.
Romão/ M10
E o fogão elétrico? Qual é o custo da energia elétrica, tanto para nosso bolso como para a natureza?
Nick_Polanszky/ Shutterstock
Fogão elétrico.
O fogão a lenha, assim como o fogão a gás, usa a queima como combustível. Pensando nisso, qual seria o custo para a natureza e para os que respiram a fumaça proveniente da queima da lenha? Fogão a lenha.
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PROJETO 6
VAMOS PENSAR JUNTOS? A partir deste momento, vamos trabalhar em grupos. Para que o trabalho siga da melhor forma possível e para que vocês desenvolvam todo o potencial que possuem, é importante que cada um tenha um papel definido dentro do grupo, conforme foi descrito nas Orientações iniciais deste livro (página 6). Em caso de dúvidas, não hesitem em conversar com o(a) professor(a). Para um trabalho cooperativo, é importante o comprometimento com: »» a partilha de informações relevantes; »» a contribuição de forma consistente e ativa nas resoluções; »» a realização do trabalho pelo qual ficou responsável; »» a escuta atenta aos demais participantes; »» o acolhimento e respeito às opiniões dos outros. Listem todos os tipos de fogão que conhecem, pesquisem para verificar se há outros tipos além desses. Busquem também formas de preparo de alimentos de outros povos e observem como culturas diferentes desenvolvem estratégias distintas para solucionar os mesmos problemas. Para cada um dos fogões (ou qualquer outro nome dado para um equipamento cuja função seja cozinhar alimentos), analisem o custo financeiro e o impacto na natureza. Lista pronta? Análise concluída? Agora respondam: qual seria o melhor fogão?
A energia térmica é essencial para o funcionamento de qualquer equipamento utilizado para cozinhar, é necessário que haja uma fonte fornecedora dessa energia. Independentemente de qual seja essa fonte, há diferentes impactos ambientais relacionados a ela. Levem isso em consideração. Se necessário, conversem com o(a) professor(a) a respeito disso.
MOMENTO DE COMPARTILHAR! Apresentem para os demais grupos os tipos de fogão pesquisados e suas análises. A construção coletiva do conhecimento é uma prática colaborativa que pode gerar aprendizagem profunda. O grande desafio proposto é a construção de um equipamento para preparo de alimentos que seja sustentável e de baixo custo. Antes de encararem o grande desafio, vamos observar, com olhar de engenheiro, dois equipamentos que temos no mercado. A COZINHA DO FUTURO
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ETAPA 2 EM13CNT301 EM13CNT307
3 AULAS DUPLAS
DESAFIOS
DESAFIO 1
Inked Pixels/ Shutterstock
Talvez você nunca tenha observado um forno com olhar de investigação! Se possível, investigue esses dois fornos, o elétrico e o a gás, “ao vivo”; caso não seja, pesquise em publicações do fabricante ou de revendedores. Vamos chamar de “caixa interna” o local onde devemos colocar os alimentos para assar. Em geral, há prateleiras para acomodar os vasilhames com alimentos no interior dessa “caixa”.
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Interior do forno elétrico.
PROJETO 6
Interior do forno a gás.
Na sua investigação, atenção a essa “caixa interna”! Verifique: 1. O local da fonte de calor: no interior da caixa ou fora? 2. Qual o material e a cor dessa caixa? Descreva todos os aspectos que observar: textura, detalhes na pintura etc. 3. Qual o material da porta dessa caixa? Descreva todos os detalhes que observar. 4. As prateleiras no interior do forno: qual o material, a cor e a forma que estão acopladas à caixa?
ProstoSvet/ Shutterstock
2 AULAS DUPLAS
DESVENDAR O PROJETO DE ENGENHARIA PARA OS FORNOS A GÁS E ELÉTRICO
Uma sugestão para registro das suas observações: construa uma tabela com todas essas variáveis. Forno a gás
Forno elétrico
Desenho/foto
XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX Sabemos que a energia térmica pode ser refletida, refratada ou absorvida. O material
Local fonte de calor Paredes internas Porta Prateleiras
e a cor interferem no comportamento da energia térmica. Com certeza, o material e a cor de cada uma das partes do forno foram selecionados no planejamento do forno, as características físicas atendem a um propósito desejado. Se a fonte de calor estiver localizada fora da caixa interna, ela deve aquecer a caixa, que deverá transmitir o calor para o alimento no seu interior. Se a fonte estiver no interior da caixa interna, o alimento recebe o calor diretamente. Lembrando que o objetivo principal é aproveitar ao máximo o calor gerado, pesquise e levante hipóteses para a escolha do material e da cor das partes dos fornos: paredes da caixa interna, porta e prateleiras. Novamente, uma tabela pode ser uma boa escolha para organizar o registro das suas ideias. É importante registrar o fenômeno que ocorre predominantemente em cada um dos meios: absorção, emissão, reflexão do calor. Lembre-se de que bons absorvedores de calor também são bons emissores. Função material/cor Paredes da caixa interna Prateleiras Porta
Forno a gás
XXXXXXXXXX XXXXXXXXXX XXXXXXXXXX
Forno elétrico
XXXXXXXXXX XXXXXXXXXX XXXXXXXXXX
VOCÊ SABE O QUE É UM DIÁRIO DE BORDO? Se não sabe, é importante consultar as Orientações iniciais deste livro, na página 6. Resumidamente, um diário de bordo é o registro de todas as etapas realizadas durante o desenvolvimento do projeto e pode ser feito em um caderno ou no computador. Não se esqueçam de registrar tudo, de modo que nenhuma ideia seja perdida ou esquecida. Lembrem-se de que o diário de bordo precisa estar sempre atualizado, para que todo o histórico do trabalho seja armazenado. Ao folhear seu diário, vocês deverão se lembrar de todas as situações que vivenciaram com o grupo e com a turma durante o desenvolvimento do projeto. As etapas de trabalho são: planejamento, pesquisa de material disponível, testes experimentais, revisão e alterações no plano inicial até chegar à construção do protótipo e, novamente, avaliar e aprimorar o produto. Essa é a rotina de uma pessoa que está criando! Diário de bordo às mãos para anotar todas as observações! A COZINHA DO FUTURO
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DESAFIO 2 1 AULA DUPLA
O QUE COBRE A CAIXA INTERNA DE UM FORNO? Dificilmente você encontrará um forno que tenha o revestimento dessa caixa exposto. Entre a caixa interna e a carcaça de metal, que finaliza o forno, há um tipo de manta. Atualmente a manta de lã de vidro é a mais utilizada.
PESQUISE E EXPLIQUE »» Qual é a função dessa manta?
TASER/ Shutterstock
»» Como ela interfere na eficiência do forno? »» Além da lã de vidro, que outros materiais são utilizados para esse revestimento? A segurança do usuário é de fundamental importância; observe os dois fornos com olhar de “tragédia”, levantando acidentes possíveis, e identifique os itens de segurança que há no projeto de cada um dos fornos. Acionamento da fonte de calor pode ser o início de graves problemas... Após a análise dos fornos, vocês devem estar mais preparados para atuar como engenheiros na construção de um equipamento para preparar alimentos. Vamos retomar o grande desafio: construir um equipamento para cozinhar que seja sustentável e de baixo custo! A fonte de calor pode comprometer o meio em que vivemos e, embora eficiente, pode não ser sustentável. Analisem os processos de obtenção da energia térmica, como a queima de gás ou o uso de corrente elétrica em um condutor elétrico, e estimem, com bons argumentos, a tendência da existência das substâncias ou materiais envolvidos nesse processo.
Manta de lã de vidro. 184
PROJETO 6
A eficiência de um forno deve ser informada ao consumidor em uma etiqueta que indica, entre outras informações, o grau da eficiência do forno, ou seja, o consumo de energia elétrica para obter a temperatura máxima no interior do forno. Alta eficiência indica que o isolamento térmico do forno é eficaz, não deve haver grande perda de energia térmica para o meio.
Romão/ M10
Consultem o material disponível na seção Para saber mais, para entender mais sobre esse tema, e conversem com seus colegas e professores. Certos do potencial dos neurônios no córtex cerebral humano, podemos prever futuras situações de racionamento ou fartura e aprimorar comportamentos, além de criar tecnologias que nos atendam quanto à manutenção da vida, à redução de risco e ao aumento do conforto no cotidiano. Previsões fundamentadas são alicerces para projetos que atendam às demandas em um futuro próximo. Sabem qual é a característica de algumas empresas que estão à frente do tempo? Elas acertam nas previsões que fazem. A reflexão sobre a finitude de materiais e substâncias que utilizamos para obter a energia térmica em nossos fogões é de grande relevância para o seu projeto de um fogão sustentável. Registrem detalhadamente, no diário de bordo, as informações obtidas nas pesquisas, as hipóteses levantadas, todo o estudo realizado.
ENERGIA Fogão a Gás
Fabricante Marca Modelo Mais eficiente
QUEIMADORES DA MESA
FORNO
A
A B C D E
B
Menos eficiente
Rendimento médio dos queimadores
xx%
Etiquetas informativas são utilizadas para fornecer aos consumidores informações úteis relativas aos produtos que pretendam adquirir. Tais informações são fornecidas pelos fabricantes, e verificadas pelo INMETRO, através de um sistema de aferição e medição/ controle.
Volume do forno
xx,x l
Consumo do forno
x,xxx kg/h
Segurança OCP Registro Nº 000 000/Ano Instruções de instalação e recomendação de uso, leia o Manual do aparelho
2012/XYZ
A COZINHA DO FUTURO
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ETAPA 3 PLANEJAR O FOGÃO 5 AULAS DUPLAS
EM13CNT101 EM13CNT102 EM13CNT301 EM13CNT307
Provavelmente, vocês chegaram à conclusão de que há espaço para melhorias na forma como obtemos a energia para cozinhar e nos equipamentos que utilizamos para isso. Está na hora, então, de propor uma solução para esta questão: qual seria o melhor fogão, considerando custo, formas de obtenção de energia, impacto ambiental e acessibilidade para a população? Um fogão sustentável e de baixo custo é o desejo de muitos hoje e provavelmente em um futuro próximo. Agora é o momento de elaboração do produto.
ESCOLHA DA FONTE DE ENERGIA Lembrando que o fogão é um equipamento que propicia a transformação de uma dada energia em energia térmica, uma das decisões mais importantes para sua construção é a escolha da fonte de energia a ser transformada. Energias química, elétrica, luminosa e/ou mecânica podem ser transformadas em calor, ou seja, em energia térmica. Toda escolha depende das disponibilidades; por isso, pesquisem e identifiquem o que é possível obter para depois tomar a decisão. Consultar profissionais que têm conhecimento sobre os materiais ou substâncias que desejam e apresentar a ideia inicial para que seja avaliada são condutas comprometidas e responsáveis com o projeto que estão desenhando.
ESTRUTURA FÍSICA DO FOGÃO O próximo passo é planejar a estrutura física do fogão, a “carcaça” em que serão acomodados a fonte de energia e o vasilhame para colocar o alimento. O projeto do protótipo é uma das partes mais importantes de qualquer obra, seja ela grande, pequena ou de médio porte. Afinal, ajudará o engenheiro a planejar cada uma das partes do protótipo e calcular a quantidade de material necessário. 186
PROJETO 6
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Agora, vocês são os engenheiros! Mãos à obra! Seria bom iniciar o projeto com uma breve pesquisa de imagens de diferentes tipos de fogões. Quando pensamos no projeto de um objeto, estamos falando de design. Mas a proposta vai além do projeto: ela visa à construção de um protótipo; portanto, estamos falando também de um produto. Assim, podemos entender o design como um processo que visa à criação de produtos.
Você já deve ter ouvido falar em design. Mas você sabe o que é isso?
ESB
Prof essi
CONCEITO DE DESIGN Para alguns historiadores, o design surge justamente para atender às diferentes necessidades humanas na sua relação com a natureza e com outros seres humanos. Podemos afirmar que o design é uma atividade projetual que visa à criação de instituições ou produtos para atender a determinada necessidade humana. Nesse processo de criação, conforme a humanidade vai se desenvolvendo, as necessidades vão mudando, as tecnologias vão se transformando e o design vai absorvendo todas essas mudanças. A COZINHA DO FUTURO
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CONHECIMENTOS IMPORTANTES PARA A CONSTRUÇÃO DE UM BOM PROTÓTIPO Antes de pensar na quantidade necessária de material e nas tecnologias e conhecimentos que vocês terão de dominar para a construção final do fogão, é importante que seja construído um protótipo não funcional e de baixo custo. Para que seu protótipo fique do jeito que vocês planejaram, é preciso prestar atenção em alguns pontos importantes. Ele não será funcional, pois será construído com papelão e, por isso, não poderá ser aceso. Além de ser barato, o papelão é de fácil manuseio e colabora com o reaproveitamento de embalagens. Esboços e projetos feitos em papel ou digitalmente são uma etapa muito importante para a criação de novos produtos; no entanto, por serem bidimensionais, dificultam nossa percepção espacial do produto. Para a construção do protótipo, primeiro vocês precisarão desenvolver o desenho das partes do fogão, que deverá ser feito em escala.
O QUE É ESCALA?
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o cm 0 5,
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ESCALA 1:7700 000
SP
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ESCALA 1:2
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PROJETO 6
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Vitória
tlâ oA ea n Oc
0
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ESCALA 1:2
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SP 200
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Belo Horizonte
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ES
Belo Horizonte
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300
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ESCALA 1:7700 000
ESCALA 2:1
Exemplos 30 de desenhos técnicos com indicação da escala ESCALA 2:1 utilizada.
0,8
BA
BA 0
20
100
Romão/ M10
A escala é a relação entre as dimensões de um desenho e de um objeto. Ela é uma relação matemática, normalmente representada por uma razão – por exemplo: 1:100 (lê-se 1 para 100), isto é, para cada 1 unidade de medida do desenho, existem 100 unidades do objeto real. Nesse mesmo exemplo, de 1:100, utilizando o centímetro como unidade de medida, teríamos o desenho de um quadrado de 2 cm × 2 cm para representar uma área real de 200 cm × 200 cm. Prestem atenção nas unidades de medida: elas precisam ser as mesmas no desenho e no objeto que será representado no desenho. Experimente obter as medidas de sua sala de aula e desenhá-la na escala 1:10. Para facilitar, utilize o centímetro como unidade de medida. Quais são as medidas da sala em centímetros? Como ficará seu desenho? A escala citada no exemplo anterior é uma escala de redução, pois o objeto foi desenhado com suas medidas reduzidas em 100 vezes. A escala também pode ser de ampliação (100:1) ou real (1:1). Na escala real, o desenho tem o mesmo tamanho do objeto. Discutam em grupo as situações em que cada uma dessas escalas deve ser utilizada.
Agora que vocês já entenderam como se utiliza a escala, comecem pelo desenho do protótipo. Escolham pelo menos três pontos de vista de seu fogão para desenhar: »» vista frontal (de frente); »» vista lateral esquerda; »» vista lateral direita. Caso o lado direito seja igual ao esquerdo, vocês não precisam desenhar os dois, mas, se a parte de trás for diferente da parte da frente, é importante também fazer o desenho da vista de trás, a vista posterior.
VOCÊS ESTÃO SENTINDO FALTA DE MAIS INFORMAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO?
Romão/ M10
Pode ser que vocês também precisem desenhar como ficará o fogão visto de cima – a vista superior. Neste caso, é importante que a representação também seja desenhada para que o projeto fique o mais completo possível.
Ilustração de desenho técnico com destaque para as diferentes vistas do objeto desenhado.
Pode parecer que vocês estejam gastando muito tempo antes de pôr a “mão na massa” e de construir, mas estas são etapas de pensamento e planejamento que irão economizar muitos recursos e, com elas, vocês poderão prever e corrigir possíveis falhas, que, dependendo da etapa do desenvolvimento do projeto, poderiam dificultar as soluções. A COZINHA DO FUTURO
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Lembrem-se de que os erros e as falhas fazem parte do processo e contribuem de forma valiosa para a superação dos desafios que vocês enfrentarão. Nesse processo, pode ser que vocês precisem voltar ao desenho, fazer ajustes e/ou refazer partes do protótipo. É um processo dinâmico e que funciona dessa forma mesmo em grandes empresas. Quando o protótipo de baixo custo estiver pronto e atender a todas as demandas do projeto, é hora de colocá-lo em prática. A todo momento, vocês devem discutir com o(a) professor(a) como está o andamento do projeto e o cronograma. Dan Race/ Shutterstock
Se o desenho que vocês fizeram para a construção do protótipo de baixo custo atendeu bem à finalidade, ele também servirá para a construção do protótipo final, ajudando a prever quantidades de material e sequência de construção. Porém, não se surpreendam se algo precisar ser alterado no projeto, porque o papel do desenho e o papelão podem “aceitar” todas as nossas ideias, mas nem sempre é assim com os outros materiais. Mesmo após o protótipo ou peça pronta, há etapas de checagem do funcionamento.
SELECIONANDO O MATERIAL A escolha do material para a carcaça é essencial para o funcionamento do fogão, pois, para que ele seja eficiente, o calor cedido deve ser direcionado para o alimento. Existem materiais que têm o comportamento de conduzir bem o calor, ou seja, são bons condutores térmicos; e existem também os isolantes térmicos, materiais em que a condução de calor é muito difícil. Para escolher um material, é necessário analisar a função deste no projeto realizado. Portanto, duas questões devem preceder a seleção do material para a carcaça do fogão: »» O material suporta a temperatura à qual ficará sujeito? »» A função do material é conduzir ou não o calor? Se a fonte de calor for proveniente da queima, verifiquem com muita atenção os combustíveis vegetais. É importante fazer o teste com uma pequena quantidade e de forma controlada, para evitar acidentes. Combustíveis vegetais podem ser oriundos do lixo, bagaço, serragem, cascas etc. Testem cada um deles isoladamente para avaliar a capacidade de combustão.
190
PROJETO 6
Acervo pessoal
TERMÔMETROS que utilizam sensores associados a uma interface, como o arduíno, em geral apresentam precisão razoável e facilitam a tomada de dados sequenciais; para a análise da temperatura ao longo do tempo, são ótimos medidores.
Sensor conectado ao arduíno para medição de temperatura.
Para o início do protótipo, vocês precisarão de uma trena e um termômetro. Se analisarem algum tipo de material cuja massa possa variar, necessitarão de uma balança. Cada projeto terá sua própria demanda; analisem todas as variáveis possíveis para seu projeto. Qualquer “e se” merece uma medida! Lembrem-se de anotar todas as ideias. Descrevam detalhadamente cada um dos testes e montem tabelas para organizar o registro dos dados – isso facilitará a tomada de decisão.
HORA DO CHECKLIST »» Todos estão envolvidos na prática cooperativa, compartilham informações relevantes, contribuem de forma consistente e ativa? Executam as tarefas assumidas? Escutam atentamente uns aos outros? »» Quais transformações de energia devem ocorrer no fogão que estão planejando? »» Quais são as características dos materiais que estão buscando para construir a carcaça do fogão? »» Todos têm respostas claras, objetivas, sustentadas nos conhecimentos adquiridos? »» Se sim, vamos em frente! »» Se não, rapidamente vocês conseguem – de forma colaborativa – suprir as lacunas de todos. Não carreguem as dúvidas. É hora de aprender a aprender! A COZINHA DO FUTURO
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ETAPA 4 DESENVOLVER E TESTAR 4 AULAS DUPLAS
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Materiais selecionados, testes realizados, várias decisões tomadas… Agora está tudo pronto para executar o projeto da estrutura física do fogão. Uma sugestão muito valiosa é fazer um primeiro protótipo para verificar se atende aos objetivos. Um protótipo não funcional, feito com papelão, servirá para verificar se o projeto que elaboraram atende realmente ao seu objetivo. Lembrem-se: não testem o fogão de papelão – ele serve apenas para verificar o encaixe das partes da possível caixa do fogão e o suporte para o vasilhame que será utilizado para o cozimento. Tenham o diário de bordo sempre à mão. Registrem tudo, até mesmo as possíveis situações divertidas que ocorrerem. Um protótipo é a maneira mais rápida e econômica de se definir as reais funcionalidades de um produto e experimentar seu uso. Agora que já construíram o protótipo de papelão, as dimensões de cada uma das partes do fogão já estão definidas. Isso evitará desperdício de materiais que tenham maior custo ou que sejam mais difíceis de encontrar. O protótipo de papelão pode ser utilizado como molde para as peças que construirão no material escolhido para cada uma das partes do fogão. É necessário muito cuidado com cortes de materiais mais rígidos. Neste caso, seguir orientações de profissionais da área é extremamente importante para evitar acidentes. Consultem o(a) professor(a) sempre.
TESTAR O PROTÓTIPO E O PRATO CULINÁRIO Com a ajuda do(a) professor(a), preparem o teste do seu fogão. Antes do teste, vale conferir se todos os cuidados para não causar acidentes foram tomados. O teste inicial pode ser realizado para preparar um ovo mexido. Não funcionou do jeito esperado? Tudo bem, sem problemas. Confiram todo o processo que planejaram para o funcionamento do 192
PROJETO 6
fogão: acionamento da fonte de calor, manutenção e controle da fonte e apoio para o vasilhame com o alimento são etapas presentes em qualquer tipo de fogão. Se necessário, voltem à Etapa 3, replanejem e refaçam seu protótipo. Aproveitem a busca do problema para aprender; é comprovado que aprendemos profundamente com nossos erros. »» Tudo ocorreu como esperado? Então, vamos utilizar o fogão para preparar um alimento saboroso para servir aos colegas! Comemorar o êxito do projeto é um bom incentivo para buscarmos novos projetos. Fritura é sempre mais complicado, óleo quente pode espirrar e provocar acidentes. Algo cozido ou assado será mais simples. Peçam auxílio a bons cozinheiros da comunidade, criem receitas e planejem um delicioso petisco para inaugurar o equipamento que construíram.
REGISTRO DOS TESTES REALIZADOS
Luciana Rinaldi/ Shutterstock
Fotos da esquerda para a direita: Petisco de batatas cozidas e douradas. Petisco de mandioca cozida temperada.
Africa Studio/ Shutterstock
Elaborem um caderno com todas as receitas da turma: cada grupo redige a sua receita, com os ingredientes e o modo de preparo bem detalhado, para que qualquer pessoa possa preparar a receita com êxito. No caderno de receitas, impresso ou digital, vale acrescentar imagens dos ingredientes antes do preparo e do prato pronto. Caprichem na composição das fotos! Utensílios típicos da sua região e o fogão que construíram podem fazer parte da foto final. Expliquem, por meio de texto e fotos se o caderno for impresso, ou vídeo e áudio se o caderno for digital, a importância do alimento cozido para a nossa evolução. Informações sobre a alimentação saudável também serão enriquecedoras para o leitor.
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ETAPA 5 ORGANIZAR A EXPOSIÇÃO
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Está na hora de mostrar a criação de seu grupo para a comunidade! Com a ajuda de seus professores, organizem uma feira ou exposição em sua escola, convidem seus amigos e familiares e mostrem o fogão sustentável de baixo custo que criaram. Baseados nos conhecimentos adquiridos durante o projeto, preparem-se para apresentar sua criação e responder a perguntas sobre as decisões tomadas durante o processo de construção desse equipamento. Uma boa forma de compartilhar seus conhecimentos é preparar um relato descrevendo todo o processo que vivenciaram para construir o fogão. Narrar as confusões, os enganos, situações engraçadas colaboram para manter o leitor envolvido nas colocações. Com certeza, o caderno de receitas deve fazer parte da apresentação do trabalho; caso seja um material digital, vocês poderão encaminhar para os visitantes que mostrarem interesse em consultá-lo. No caso do caderno impresso, verifiquem a possibilidade de distribuir para os visitantes interessados. É importante o interesse do visitante para que não seja descartado sem uso. Durante a feira, vocês podem preparar as receitas que colocaram no livro de receitas para servir aos visitantes, porções pequenas, somente para degustação, e auxiliar na explicação sobre a alimentação saudável e o uso do equipamento que construíram. Dean Drobot/ Shutterstock
2 AULAS DUPLAS
Romão/ M10
Todo equipamento tem um manual de instruções para montá-lo e utilizá-lo; então, o seu fogão merece um belo manual, do qual devem fazer parte: descrição das partes, da montagem, do uso, com atenção aos cuidados necessários para evitar acidentes, e orientações para limpeza. Alguns símbolos auxiliam na composição sucinta do manual:
Cuidado, risco de choque elétrico
EXPLICAÇÃO DOS SÍMBOLOS Nas instruções de utilização, na embalagem e na chapa de características do dispositivo e dos acessórios, são usados os seguintes símbolos:
Cuidado, risco de corrosão
Romão/ M10
AVISO Advertência para o risco de lesões ou perigos para a sua saúde.
Cuidado, risco de explosão
ATENÇÃO Indicação de segurança alertando para o risco de danos no(s) dispositivo(s)/acessório(s).
Nota Chamada de atenção para informações importantes. Cuidado, risco de incêndio Observar as instruções de utilização.
Caso o seu equipamento seja elétrico, informe com clareza a tensão elétrica à qual deve ser ligado, 110V ou 220V. Se a fonte de calor estiver envolvida com queima de gás, lenha ou resíduos, oriente quanto aos cuidados para acionar a fonte. Para a limpeza, é importante citar os materiais que não danificam as superfícies do equipamento. A invenção de vocês pode ajudar muitas pessoas a diminuir custos, melhorar a alimentação e, assim, obter melhores condições de vida.
Gás
Elétrico
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ETAPA DE AVALIAÇÃO
1 AULA DUPLA
AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS E AUTOAVALIAÇÃO Ao final do projeto, é chegado o momento da avaliação. Mas não se preocupe! Como foi descrito nas Orientações iniciais (página 6), o objetivo desta avaliação é saber o que de fato você aprendeu, o que precisa revisar e com qual método você aprende melhor, além de buscar entender quando houve bons resultados e corrigir o que não foi tão bem assim. Lembre-se de que serão três níveis avaliativos: a avaliação do(a) professor(a), a avaliação de seus colegas de grupo (avaliação por pares) e a avaliação que você faz de si mesmo (autoavaliação). Ainda nessas orientações está explicado o porquê desses três níveis avaliativos. Não deixe de ler sobre isso. Em Orientações iniciais sobre avaliação (página 6), foi apresentado o que é esperado de você no desenvolvimento dos projetos integradores. Retome essa informação e veja se seu comportamento foi adequado ao longo deste projeto. Lá estão apresentadas algumas perguntas que podem servir como guia e ajudar você no processo autoavaliativo sobre seu desempenho colaborativo. Consulte-as! Abaixo estão outros itens para você refletir sobre os processos específicos deste projeto, a construção de um fogão sustentável e de baixo custo. Eles também precisam ser considerados na sua autoavaliação. É importante que você pense sobre todo o processo, desde as pesquisas iniciais até a prototipagem e construção do fogão, e reflita sobre seu envolvimento e desempenho. Anote em seu caderno e converse com o(a) professor(a), argumentando sobre sua autoanálise. »» Você compreendeu a importância do ato de cozinhar para o desenvolvimento cerebral humano?
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PROJETO 6
»» Você conseguiu levantar hipóteses sobre esse aspecto evolutivo e foi capaz de ouvir os colegas com atenção e respeito? »» Você leu o material disponibilizado via QR Code? »» Você conseguiu estimar os custos com combustíveis e energia nos fogões tradicionais? »» Você fez, juntamente com seu grupo, o levantamento dos fogões que conhece com dedicação, tentando encontrar tipos diferentes em culturas distintas? »» Você foi ativo em toda a etapa de planejamento do protótipo do fogão, ajudando nas decisões sobre as escolhas de fonte de energia e materiais? »» Você entendeu o conceito de escala? »» Você conseguiu, com a ajuda de seus colegas, produzir o protótipo de papelão? »» Você trabalhou de forma cooperativa na construção do fogão propriamente dito? Lembre-se de que você terá de avaliar seus colegas. É importante ressaltar que você precisa refletir e analisar o quanto seu colega contribuiu para o desenvolvimento do projeto e se os objetivos foram atingidos. Pense em cada um dos colegas de seu grupo individualmente e faça as mesmas análises que fez para si mesmo. Anote-as em seu caderno. Se necessário, converse com o(a) professor(a). Para o feedback, reúna-se com seus colegas de grupo e conversem sobre a avaliação que fizeram uns dos outros. Não se esqueça que o respeito é imprescindível. Caso você não se lembre o que é um feedback, volte às Orientações iniciais sobre avaliação e relembre. Por fim, será realizada a avaliação do professor, de acordo com os objetivos propostos neste projeto, a fim de verificar se o grupo, coletiva e individualmente, atingiu esses objetivos. Pensadores críticos são capazes de reconhecer, analisar e resolver problemas utilizando a criatividade. Neste projeto, avançamos no desenvolvimento dessas competências – vamos identificar no que podemos melhorar e nos propor a esta nova conquista. Esta é a magia de sempre se reinventar!
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PARA SABER MAIS Nos links a seguir, você encontrará informações que o(a) ajudarão na realização do projeto ou mesmo na ampliação dos temas.
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14 MILHÕES de famílias usam lenha ou carvão para cozinhar, aponta IBGE. G1, 22 maio 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/05/22/14-milhoes-de-familiasusam-lenha-ou-carvao-para-cozinhar-aponta-ibge.ghtml. Acesso em: fev. 2020. Matéria sobre como a crise econômica e a elevação do preço do gás de cozinha está levando a população brasileira mais vulnerável a usar lenha ou carvão para cozinhar e os impactos que isso pode causar na saúde destas pessoas.
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ARAME de resistência para forno elétrico de “tratamento térmico”. CREF. Instituto de Física da UFRGS, 2013. Disponível em: www.if.ufrgs.br/novocref/?contact-pergunta=arame-deresistencia-para-forno-eletrico-de-tratamento-termico. Acesso em: fev. 2020. Professores da UFRGS respondem a questões sobre materiais adequados para resistores, cuja função seja transformar energia elétrica em calor.
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COMO o cérebro humano evoluiu graças à cozinha. Exame, 2017. Disponível em: https:// exame.com/revista-exame/agradeca-a-cozinha-pelo-seu-cerebro/. Acesso em: fev. 2020. Essa reportagem faz um breve resumo sobre o livro da Dra. Suzana Herculano-Houzel, A vantagem humana, e mostra como o ato de cozinhar foi essencial para a evolução do cérebro humano.
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FOGÕES eficientes e sustentáveis no recôncavo baiano. Natura Campus, 2017. Disponível em: www.youtube.com/watch?v=Lm8REPMhSvc&t=16s. Acesso em: fev. 2020. O vídeo apresenta o Projeto fogões eficientes, que consiste na construção de fogões a lenha com câmera de combustão mais eficiente para reduzir a emissão da fumaça e a quantidade de lenha a ser queimada. A fumaça gerada em um fogão a lenha ainda afeta a saúde de muitos brasileiros.
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PROGRAMA de Fogões Sustentáveis beneficia 1500 famílias no interior do Ceará. Governo do Estado do Ceará, 2016. Disponível em: www.ceara.gov.br/2016/01/05/programa-de-fogoessustentaveis-beneficia-1500-familias-no-interior-do-ceara. Acesso em: fev. 2020. Matéria sobre a entrega de fogões sustentáveis, que apresentam maior eficiência energética e menor impacto ao meio ambiente e à saúde humana, no interior do estado do Ceará, beneficiando 1500 famílias.
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VANSAN, Júlio; OLIVEIRA, Cláudio. Projeto No 8 – Termistor. Fatecino Clube de Arduino. Faculdade de Tecnologia de Jundiaí, 2018. Disponível em: www.fatecjd.edu.br/fatecino/ arq_projetos/12-Projeto-8-Termistor.pdf. Acesso em: fev. 2020. O Projeto Termistor orienta a construção de um medidor de temperatura por meio da leitura de dados coletados por um termistor.
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VIANNA, Rodrigo. Greenpeace leva fogão que funciona com energia solar à Cúpula dos Povos. G1, 16 jun. 2012. Disponível em: http://g1.globo.com/natureza/rio20/noticia/2012/06/greenpeaceleva-fogao-que-funciona-com-energia-solar-cupula-dos-povos.html. Acesso: fev. 2020. Reportagem sobre o fogão sustentável que funciona à base de energia solar levado pelo Greenpeace à Cúpula dos Povos no Rio de Janeiro para defender o uso de fontes de energia sustentáveis.
PROJETO 6
Após terminar o projeto, retome seus registros e apontamentos a fim de reconhecer seu aprendizado. Ao longo do projeto, foi possível desenvolver: Competências específicas
1. Analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos, com base nas interações e relações entre matéria e energia, para propor ações individuais e coletivas que aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e global. 3. Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).
Habilidades trabalhadas
Analisar e representar, com ou sem o uso de dispositivos e de aplicativos digitais específicos, as transformações e conservações em sistemas que envolvam quantidade de matéria, de energia e de movimento para realizar previsões sobre seus comportamentos em situações cotidianas e em processos produtivos que priorizem o desenvolvimento sustentável, o uso consciente dos recursos naturais e a preservação da vida em todas as suas formas. (EM13CNT102) Realizar previsões, avaliar intervenções e/ou construir protótipos de sistemas térmicos que visem à sustentabilidade, considerando sua composição e os efeitos das variáveis termodinâmicas sobre seu funcionamento, considerando também o uso de tecnologias digitais que auxiliem no cálculo de estimativas e no apoio à construção dos protótipos. (EM13CNT301) Construir questões, elaborar hipóteses, previsões e estimativas, empregar instrumentos de medição e representar e interpretar modelos explicativos, dados e/ou resultados experimentais para construir, avaliar e justificar conclusões no enfrentamento de situações-problema sob uma perspectiva científica. (EM13CNT302) Comunicar, para públicos variados, em diversos contextos, resultados de análises, pesquisas e/ou experimentos, elaborando e/ou interpretando textos, gráficos, tabelas, símbolos, códigos, sistemas de classificação e equações, por meio de diferentes linguagens, mídias, tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), de modo a participar e/ou promover debates em torno de temas científicos e/ou tecnológicos de relevância sociocultural e ambiental. (EM13CNT307) Analisar as propriedades dos materiais para avaliar a adequação de seu uso em diferentes aplicações (industriais, cotidianas, arquitetônicas ou tecnológicas) e/ou propor soluções seguras e sustentáveis considerando seu contexto local e cotidiano. (EM13CNT101)
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