Crianças de todas as cores (Material do professor)

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Antonio Carlos

Floriano

Ilustrações de Augusto Raio

Crianças de todas as cores

DIGITAL DO PROFESSOR
MATERIAL
LIVRO DO PROFESSOR
Domo 72 Via das Samambaias, 102 – sala 04
Jardim Colibri / Cotia – SP – CEP: 06713-280

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – PNLD 2022 Educação InfantilTÍTULO CRIANÇAS DE TODAS AS CORES

CATEGORIA DE INDICAÇÃO Pré-escola

ESPECIFICAÇÃO DE USO Para manuseio de crianças pequenas

GÊNERO LITERÁRIO Poemas, trava-línguas, parlendas, adivinhas, provérbios, quadrinhas etc.

TEMAS ESPECIFICADOS

AUTORIA E ILUSTRAÇÃO

Quotidiano de crianças nas escolas, nas famílias e nas comunidades (urbanas e rurais); Relacionamento pessoal e desenvolvimento de sentimentos de crianças nas escolas, nas famílias e nas comunidades (urbanas e rurais).

Antonio Carlos Floriano

Augusto Raio

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5 Sumário Apresentação 7 O trabalho com a obra e a base nacional comum curricular 8 1. Pré-leitura 9 Os autores 12 2. Leitura dialogada 13 3. Pós-leitura 17 Brincadeiras e brinquedos 18 Brincadeira no espelho 19 Montar uma pipa 20 4. Literacia familiar 23 Referências bibliográficas 25

Apresentação

Olá, professora; olá, professor!

O livro Crianças de todas as cores, escrito por Antonio Carlos Floriano e ilustrado por Augusto Raio, apresenta um texto sensível, genuíno, que nos desperta para a singularidade da infância por meio de imagens que complementam as palavras, revelando aspectos comuns a todas as crianças, independentemente de classe, nacionalidade ou etnia. Cada criança é, ao mesmo tempo, única e a somatória de todas as crianças do mundo.

Com essa obra, você terá em mãos um rico material para desenvolver um amplo trabalho com as crianças, desde o respeito às diferenças, as singularidades, as percepções do eu e do outro, as relações e sentimentos, como também a aproximação com as brincadeiras e situações do cotidiano, estendendo para as linguagens oral e escrita, as inferências, as habilidades corporais, a arte e as interferências artísticas (uso de partes para transformar o todo, num movimento dialético). A obra também apresenta extenso repertório de oportunidades para trabalhar as habilidades essenciais da educação infantil, aliado à qualidade gráfica dos desenhos (ilustrações) e a um belíssimo texto, atento à socialização e aos sentimentos.

O brincar se constitui de uma linguagem universal entre as crianças, e, ao explorar as similaridades a partir das diferenças, a intencionalidade

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da obra se revela em sua forma mais contundente, buscando ampliar o alcance das competências e habilidades físicas, cognitivas, sociais e emocionais de cada criança para reconhecer-se como indivíduo único e pertencente a algo maior.

Nesse material, elencamos sugestões de intervenções para apoiar o trabalho docente com intencionalidades voltadas para o desenvolvimento integral da criança, aproveitando cada oportunidade que esse afetuoso e significativo texto nos traz.

CURRICULAR

As estratégias sugeridas neste material contribuirão para o desenvolvimento das seguintes habilidades, previstas na BNCC da Educação

Infantil:

CAMPO DE EXPERIÊNCIA

Traços, sons, cores e formas

O eu, o outro e o nós

Corpo, gestos e movimentos

HABILIDADES

EI03TS02

EI03EO02

EI03EO03

EI03CG01

EI03CG02

EI03CG03

EI03CG05

Escuta, fala, pensamento e imaginação

Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações

EI03EF03

EI03EF07

EI03ET01

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O TRABALHO COM A OBRA E A BASE NACIONAL COMUM

1. PRÉ-LEITURA

Antes de compartilhar a leitura com os pequenos e as pequenas leitoras, sugerimos algumas estratégias de pré-leitura, a fim de tornar mais prazerosa a viagem pelo livro Crianças de todas as cores. Brincadeiras infantis e situações do cotidiano são evocadas por meio do texto e das ilustrações, tais como: correr na chuva, pular corda, soprar bolhas de sabão. Crianças de diferentes etnias são citadas e representadas em um ciclo no qual o que uma criança faz a outra continua. Para que se possa estimular a construção de relações e fazer inferências, sugerimos que você organize uma roda de conversa para que as crianças possam se ver e interagir. Em seguida, convide-as a falar primeiramente das brincadeiras que conhecem e gostam de brincar. Em seguida, amplie a discussão sobre o que preferem: brincar sozinhas ou acompanhadas. Essa estratégia promove o “diálogo interior”, pois, uma vez questionada, a criança tem a necessidade de analisar o que lhe foi proposto e planejar uma ação — nesse caso, explicar e exemplificar a brincadeira da qual se lembra, ainda que de maneira elementar e com poucos detalhes, apresentando apenas ações significativas para a brincadeira que relata ou, ainda, manifestando suas preferências por realizá-la, acompanhada ou não. Segundo Oliveira et al. (2011, p.45), “a interação que o indivíduo estabelece com o meio, em especial com outros indivíduos em situações sociodeterminadas, é essencial para a formação do pensamento e da personalidade”.

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Para estimular os alunos, você poderá iniciar falando de algumas brincadeiras de que mais gosta/gostava em sua infância, perguntar se alguém as conhece e relatar como brinca/brincava e como se sente/sentia ao brincar. Após o relato, pode-se direcionar a pergunta para as crianças: “quem gostaria de contar sobre as brincadeiras que sabe?”. É fundamental que a atitude seja espontânea, a partir do convite.

Nesse momento, é de grande importância iniciar o registro das observações e expressões das crianças – considerar as diversas formas de manifestação, expressas por falas ou gestos; as intenções de fala marcadas pelo corpo e as subjetividades, as quais podem fazer a diferença nessa construção. Esse registro lhe fornecerá informações para avaliar o desenvolvimento cognitivo de cada criança: como se expressa, a construção e tradução do pensamento por meio da oralidade, as relações que consegue estabelecer e sua evolução. Ao fim desse trabalho, os registros poderão ser expostos em um portfólio de cada criança, que servirá para acompanhamento dos familiares e também para que se possam avaliar futuras ações necessárias.

A estratégia seguinte pode ser o convite à leitura, por meio da apresentação da capa. Você poderá despertar a atenção da criança para a observação da ilustração que dá rosto à obra: a representação de uma figura humana em ação, presente em um cenário repleto de detalhes gráficos com um brinquedo em destaque.

Sugere-se atenção especial à diversidade nela representada, para uma educação que favoreça a assimilação do tema, com naturalidade e respeito às diferenças. Nos anos iniciais da educação infantil, a criança está formando a noção de si e do outro. Nesse processo, a representatividade lhe fornece elementos para a construção, com espontaneidade, de sua autoimagem e da imagem do outro.

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Pode-se iniciar perguntando o que as crianças veem na imagem e, após acolher as respostas, ampliar sua percepção por meio dos questionamentos: “Há brinquedos, pessoas, animais?”. As crianças poderão chegar à conclusão de que há pessoas – uma criança – e, a partir desse ponto, é possível ampliar as perguntas: “O que essa criança está fazendo? Onde ela está? Para onde está olhando? Ela parece feliz ou triste? O que mais há nessa imagem?”.

No cotidiano escolar, a criança constrói seu autoconceito a partir da maneira como é vista pelo seu professor, seus colegas e demais funcionários da instituição. A maneira como cada criança se vê depende também do modo como é interpretada pelos outros que convivem com ela. Os julgamentos e comparações têm um grande impacto no início da construção de sua identidade. (SOUZA; LOPES; SANTOS, 2007, p. 3)

A apresentação da capa deve acompanhar a leitura do título. Em seguida, você poderá fazer perguntas, tais como: “Será que há brincadeiras nesse livro? O que será que esse livro irá nos contar? Alguém conhece essas imagens? (Apontando para as letras, se considerar adequada à fase de desenvolvimento da turma)”. Sugere-se que as hipóteses levantadas por elas sejam retomadas ao fim do processo, para que comparem ao que pensaram antes, com as inferências produzidas no decorrer da leitura, acrescidas das impressões e recuperações do conteúdo da leitura realizada. Após a leitura da capa do livro, e acolhidas as hipóteses, interações e inferências, sugerimos apresentar o autor e o ilustrador.

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OS AUTORES

Antonio Carlos Floriano aprendeu a contar histórias com seus pais, principalmente sua mãe, que todas as noites narrava as epopeias de sua família, dos tios antigos, a alegria de sua infância. Depois, deu para emendar palavras. Gostava mesmo era de jogar bola e foi ali que descobriu que tinha amigos de todas as cores, que trocavam passes na alegria de correr e brincar. Ele tinha um cachorro azul.

Augusto Raio foi um menino criado perto do mar e que gostava de pescar. Quando começou a desenhar, os peixes, as redes, os barcos lhe vinham à cabeça com aquele mesmo prazer de estar na praia, na companhia de seu avô. Descobriu as palavras, as cores e as impressões em xilogravura e nunca mais parou. Descobriu muito cedo que as crianças são de todas as cores.

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2. LEITURA DIALOGADA

No faz de conta, a criança ensaia papéis sociais, aprende a importância de cuidar do outro e de se colocar no lugar desse outro, tornando-se um adulto mais solidário. Além disso, quando nomeia objetos, conversa, narra suas ações ao brincar, ela está ampliando seus conhecimentos sobre a linguagem, apropriando-se do léxico da língua materna. É importante que tenha liberdade para experimentar brincadeiras que tragam diferentes estímulos, aprendendo a construir, cuidar, criar e desenvolver outros aspectos que lhe serão essenciais ao longo de sua vida.

Quando abrimos um livro, a fantasia, o imaginário e a curiosidade também se abrem. Esse movimento natural foi intensificado pelas perguntas realizadas na pré-leitura, possibilitando conexões e, consequentemente, a formação de sinapses. Sugerimos, então, que você dê sequência a essas intervenções realizadas na pré-leitura.

Sugerimos que a leitura seja realizada com a participação das crianças, que podem ser estimuladas por meio de questionamentos que motivem a busca por respostas, ampliando o vocabulário e a elaboração de esquemas e estratégias de uso da linguagem para representar pensamentos – etapa significativa para a construção das habilidades para uma futura escrita convencional, compreendendo-a como representação

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da fala. Conforme afirmado por Vygotsky (1988, p. 131), a criança descobre que “se pode desenhar, além de coisas, também a fala”.

Na página 5, ao observar a cena, percebemos que a imagem está espelhada, porém, apresenta diferenças, dando abertura a múltiplas interpretações: “Quantas crianças aparecem na cena? O que elas estão segurando nas mãos?”. Proponha às crianças que analisem a imagem como um jogo dos sete erros, orientando que indiquem as semelhanças e as diferenças. Brincando com o conceito de ponto de vista distinto, pode-se retornar à capa e efetuar questionamentos como: “Alguma dessas crianças é a que aparece na capa? O que será que elas estão fazendo?”. Traga questionamentos para que as crianças levantem hipóteses, sem que haja necessariamente certo ou errado, para que analisem a partir da leitura de imagens, de forma que depreendam a intenção e envolvam-se com o texto que virá a seguir. O desenvolvimento das habilidades de leitura de imagem como um texto (ou parte de um texto) é importante para que as crianças percebam a continuidade, como desencadeamento da sequência de um texto.

Também sugerimos intervenções a partir da imagem da página 9: “Quantas crianças aparecem nessa cena? Quem é? O que está fazendo? É dia ou noite?”. Prossiga para a página 11: “Quantas crianças? O que está fazendo? É dia ou noite?”. Nas páginas 16 e 17, quando se fala que as crianças estão pulando amarelinha, temos boas oportunidades de intervenções que são importantes para a construção das relações consigo e com o outro. Perguntas como: “O que é ser diferente?

O que é ser igual? Será que as meninas são iguais? E nós, somos todos iguais?”. Na página seguinte, temos a menina “alemã” – é uma oportunidade para que crianças observem e percebam que, embora de etnias diferentes, as crianças realizam as mesmas brincadeiras e atividades,

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independentemente de cor ou gênero. Iniciam-se assim as intervenções voltadas ao reconhecimento das singularidades e do respeito, ou diversidade e universidade: Cabe à educação do futuro cuidar para que a ideia de unidade da espécie humana não apague a ideia de diversidade, e que a da sua diversidade não apague a da unidade. Há uma unidade humana. Há uma diversidade humana [...] Compreender o humano é compreender sua unidade na diversidade, sua diversidade na unidade. É preciso conceber a unidade do múltiplo, a multiplicidade do uno. (MORIN, 2011, pp. 49-50)

Na página 21, a cena da chuva representada na ilustração possibilita intervenções valiosas para ampliar as reflexões, como, por exemplo, “quem ficará mais molhado ao correr na chuva: o menino negro ou a menina ruiva? Para que não se molhem, o que eles poderiam usar? Por que ninguém está usando o guarda-chuva que aparece na cena?”. As páginas que seguem apresentam a conclusão por meio do verso final e da ilustração rica em cores, formas e elementos representativos. Verifique se as crianças associam os quadros da última página às cenas anteriores. A poesia visual implícita na representação das crianças e das diferentes situações, do dia e da noite, complementa o texto de encerramento. Pergunte às crianças se concordam com a afirmação e peça que justifiquem sua opinião.

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3. PÓS-LEITURA

A comparação das hipóteses levantadas nesse momento, com o pensamento transformado pela leitura realizada, na socialização de informações e impressões entre as crianças, é uma importante etapa, pois permite que as crianças experimentem a troca de conhecimentos e a dialética desenvolvida a partir deles. Somente nesse movimento, de forma natural, já está implícito o trabalho com os tempos passado, presente e futuro e, filosoficamente, com o que éramos, somos e poderemos ser.

A diversidade de brincadeiras apresentadas no livro possibilita o desenvolvimento de um projeto que leve as crianças a experimentar cada uma delas. Propomos ir além: dar asas à imaginação e considerar uma abordagem mais ampla, que pode envolver não um, mas vários projetos. Iniciamos pela sensibilização, registrando os conhecimentos prévios das crianças e as inserindo no universo das brincadeiras: contextualizando cada intencionalidade e conduzindo-as ao papel de protagonistas, ao solicitar que elas contem aos colegas como se brinca de determinadas brincadeiras.

Nessa abordagem, três momentos são importantes: as brincadeiras, os brinquedos e as dobraduras. Cada um desses elementos poderá ser vivenciado e desenvolvido para que as crianças se apropriem das habilidades motoras; desenvolvam a linguagem, a comunicação de seus

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pensamentos; compreendam as regras e os limites, aqueles que temos de respeitar e os que podemos transgredir, visando ao crescimento.

Desenvolver-se é superar limites, transpô-los. Permanecer infantil é, justamente, sucumbir, seja à distância, seja a dificuldade da travessia, seja ainda aos mistérios inquietantes que escondem. Em poucas palavras, educar uma criança, longe de ser apenas impor-lhe limites, é, antes de tudo, ajudá-la cognitiva e socialmente, a transpô-los, ir além deles. (LA TAILLE, 2000, p. 53)

Além do registro do percurso, os portadores de texto na sala poderão ser construídos e ampliados no decorrer do trajeto como estratégia de recuperação do processo.

BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS

As brincadeiras citadas no livro não precisam ser necessariamente desenvolvidas, podendo ser exploradas pela perspectiva da dramatização: correr na chuva, andar de bicicleta, jogar bola na rua, segurar uma pipa no céu, soprar bolhas de sabão, nadar no sol, pular amarelinha e pular corda. Você pode selecionar as brincadeiras que podem ser realizadas no espaço escolar, como soprar bolhas de sabão, pular amarelinha, pular corda ou jogar bola. Pode-se, por exemplo, iniciar pela brincadeira que cause maior envolvimento do grupo, tomando como fonte as observações registradas durante o momento da leitura. É importante que, em cada uma delas, seja retomado o que já sabem, acrescentando maiores detalhes, construindo o “saber brincar”. Sugerimos atenção maior à escolha dos espaços e à quantidade de crianças para a realização das brincadeiras amarelinha e futebol. Talvez seja aconselhável a organização

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de dois ou três grupos que poderão brincar simultaneamente. Isso possibilitará o envolvimento de todos, sem, no entanto, prolongar-se excessivamente o tempo e, por conseguinte, causar perda de foco.

É importante que as crianças também registrem cada brincadeira de que participarem por meio do desenho. Elaborar o pensamento marcado pela experiência e expressá-lo no papel é um movimento que ajuda a desenvolver o pensamento, transformando-o em linguagem comunicativa e, portanto, expressiva, o que torna a criança produtora de saberes.

Outra possibilidade é conduzir essa expressão por meio da pintura ou da modelagem: criar uma maquete do jogo de futebol usando massinha, por exemplo, saindo do bidimensional e transitando pelo tridimensional, testando estruturas, explorando texturas e elaborando as habilidades espaciais.

BRINCADEIRA NO ESPELHO

Pode-se afirmar a similitude das crianças com alguma das figuras humanas representadas, apontando-se para as características físicas que se assemelham, naturalmente. Em seguida, você pode convidar as crianças a fazerem o mesmo, sem, no entanto, direcionar para a figura com a qual se identifiquem. Elas podem ser convidadas a se olharem em um espelho, exposto em sala de aula, e, espontaneamente, se desejarem, apontarem a imagem que percebam ter semelhança consigo, mostrando traços físicos que a justifiquem. Nesse momento, é de extrema importância que se construa um ambiente que favoreça a espontaneidade e a naturalidade. Não há certo ou errado. Expressões que revelam juízos de valor (sobretudo negativos) sobre a aparência devem servir como fonte de diálogo (sempre com naturalidade) sobre

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a diversidade natural das pessoas e a beleza singular de cada uma no ato em que forem proferidas.

MONTAR UMA PIPA

Sugerimos que em uma roda de conversa você brinque com o elemento surpresa. Pode-se apresentar uma folha colorida ou de jornal, e perguntar às crianças o que elas veem. Brinque, dizendo que aquela folha não é apenas uma folha, mas uma pipa, ou o que mais desejarmos – essa observação intensificará o processo imaginativo.

Para montar a pipa, você precisará dos seguintes materiais:

• 2 varetas de bambu

• Fita adesiva colorida

• Tesoura sem ponta

• Papel de seda

• Papel crepom ou seda (para a rabiola)

• Linha nº 10

Como montar:

1) Recorte o papel de seda em forma de quadrado, com aproximadamente 30 cm de lado.

2) Cole um dos palitos na diagonal.

3) Faça um arco com o outro palito e cole-o cruzando por cima do palito que já está colado.

4) Faça dois furinhos no lugar onde as duas varetas se cruzam (um furo de cada lado).

5) Passe a linha pelos buracos e, sem cortá-la, dê um nó. Amarre a linha para puxar a pipa a partir do nó (mas deixe um espacinho).

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6) Por último, faça uma rabiola bem colorida com o papel crepom (é só cortar umas tiras do papel colorido) ou o papel de seda (corte uns pedaços do papel e cole em um fio de linha), então amarre na pipa (na parte de baixo da vareta reta).

Depois de montada a pipa, é hora de brincar com ela. Alguns cuidados na hora de empinar a pipa:

1) Evite lugares com fios elétricos, pois podem ser muito perigosos e provocar choques.

2) Escolha um local plano e com poucos riscos de queda, pois, ao se colocar a pipa no ar, é esperado que as crianças olhem para o céu e se esqueçam do chão.

3) Nunca utilize elementos cortantes na linha ou na rabiola. Jamais use cerol.

Convide também as crianças a montarem a pipa apenas com a sua mediação, utilizando os recursos materiais previamente disponibilizados. Elas precisarão de ajuda e experimentarão tentativas e erros com as imperfeições, enquanto parte do fazer – uma importante aprendizagem. Após as produções, é aconselhável propor a exploração do material: o brincar, o vivenciar; será o momento do faz de conta.

Sugerimos que se feche esse circuito de brinquedos e brincadeiras retornando ao livro, mostrando às crianças que foi por meio dele que as ideias tomaram forma, que tudo que vivenciaram durante o percurso está ali no livro: um importante objeto de transformação do mundo.

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4. LITERACIA FAMILIAR

É importante que o brincar faça parte da rotina, seja em casa, em parques ou na escola, garantindo que as crianças possam crescer e aprender enquanto se divertem. Assim, é aconselhável que você compartilhe com as famílias os registros desse processo percorrido pelo grupo. Escolher uma das brincadeiras e brincá-la no ambiente doméstico poderá trazer um sentido especial ao trabalho desenvolvido.

O envolvimento dos pais na educação das crianças tem uma justificativa pedagógica e moral, bem como legal. [...] Quando os pais iniciam uma parceria com a escola, o trabalho com as crianças pode ir além da sala de aula, e as aprendizagens na escola e em casa possam se complementar mutuamente. (SPODEK; SARACHO, 1998, p. 167)

Outra atividade possível é o relato feito por familiares, por exemplo, de uma brincadeira que faziam quando criança. Esse tipo de registro escrito é uma ótima oportunidade de mostrar a importância da escrita e da memória, afinal, “a escrita é importante na escola, porque é importante fora dela, e não o contrário” (FERREIRO, 1999, p. 11).

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As crianças poderão escolher uma das vivências de que mais gostaram e levar para o ambiente doméstico, ensinando a família a brincar. Depois, produzindo fotos e vídeos, poderão trazer essa experiência para a escola, contando como foi.

Como fechamento, você poderá convidar as famílias a brincar na escola e apreciar os registros.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, G. P. de. Teoria e prática em psicomotricidade: jogos, atividades lúdicas, expressão corporal e brincadeiras infantis. 6. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2009.

A autora apresenta propostas de trabalho com a psicomotricidade e traz uma perspectiva de compreensão enquanto prática para clínicas, centros de formação e para a sala de aula.

BROUGÈRE, G. La représentation de l’habitat dans le jouet. Paris: CODEJ, 1989. In: WAJSKOP, G. Brincar na pré-escola. Coleções da nossa época. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2005.

Esse livro é uma versão da dissertação da autora sobre a brincadeira infantil, tendo como campo de pesquisa uma escola da rede pública da cidade de São Paulo, e busca compreender a origem e a natureza da brincadeira infantil e como esta ocorre nas pré-escolas.

CURTO, L. M.; MORILLO, M. M.; TEIXIDÓ, M. M. Escrever e ler: como as crianças aprendem e como o professor pode ensiná-las a escrever e a ler, v. 1. Trad. Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Livro que aborda os processos de aquisição da leitura e da escrita, percorrendo o caminho de como esse processo acontece com as crianças, trazendo exemplos e fundamentando e guiando o trabalho de intervenção pedagógica.

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FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

Baseadas na psicolinguística contemporânea e na teoria de Piaget, as autoras demonstram como a criança constrói diferentes hipóteses acerca do sistema de escrita antes de chegar a compreender as hipóteses de base do sistema alfabético, oferecendo um subsídio único para professores, psicopedagogos, linguistas e todos aqueles preocupados com a educação eficaz.

LA TAILLE, Y. de. Limites: três dimensões educacionais. 3. ed. São Paulo: Ática, 2000.

O autor trata da concepção do desenvolvimento da criança a partir da noção de limite, tratada em três dimensões: barreiras que precisam ser transpostas, restrições que os adultos precisam garantir para que haja desenvolvimento e, por fim, os limites que as crianças, adolescentes e jovens precisam impor aos adultos para preservarem sua intimidade e respeito.

MORIN, E. A cabeça bem-feita. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.

A obra do sociólogo francês, destinada tanto aos professores quanto aos estudantes, propõe uma séria reflexão sobre a educação como elemento de apropriação cultural, instrumentalização e transformação dos indivíduos para uma atuação crítica na sociedade.

OLIVEIRA, Z. de M. et al. Creches: crianças, faz de conta & cia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. As autoras apresentam a visão do desenvolvimento humano elaborada a partir dos trabalhos de Vygotsky, Wallon, Piaget e outros; refletem também sobre como estruturar condições para a construção de conhecimentos em crianças pequenas.

SOUZA, S. S.; LOPES, T. M.; SANTOS, F. G. S. Infância negra: a representação da figura do negro no início da construção de sua identidade. Dissertação. In: UNIVERSIDADE FEDERAL

DO MARANHÃO. Jornada Internacional de Políticas Públicas, 3. São Luís: Ed. UFMA, 2007. A dissertação analisa a representatividade negra na educação infantil e os tipos de brinquedos que dão suporte à representatividade e fortalecimento da identidade negra na infância.

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SPODEK, B.; SARACHO, O. N. Ensinando crianças de 3 a 8 anos. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

O livro trata do que os autores consideram os principais aspectos a serem considerados na educação de crianças dessa faixa etária e traz uma reflexão sobre a importância da participação da família na vida escolar da criança.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

Esse livro é uma coletânea de ensaios do autor, com o intuito de oferecer melhor compreensão sobre sua perspectiva do desenvolvimento humano.

WINNICOTT, D. W. A criança e o seu mundo. Rio de Janeiro: Scipione, 1965.

O psiquiatra e pediatra fala das principais questões que abordou no atendimento a crianças e sobre como concebe as fases de seu desenvolvimento, além dos elementos que possam auxiliar na sua formação.

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É permitida a criação de obras derivadas deste material desde que não tenham fins comerciais, atribuam crédito ao autor e licenciem as criações sob os mesmos parâmetros.

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