CitiesBrief 05

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Junho 2012

CRIATIVA

SUSTENTÁVEL INCLUSIVA

Medir a Inteligência Urbana

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Nº 05. JUN. 2012

EDITORIAL EM FOCO Medir a Inteligência Urbana SMART SOLUTIONS FOR SMART CITIES [ FERNANDO SILVA ] NOVA IORQUE, A CIDADE DAS RUAS INTELIGENTES [ SHIN-PEI TSAY ] “INFORMAL CITY” : O CASO DA FAVELA HELIÓPOLIS [ CARLOS LEITE ] EUROPA EM SINTONIA COM CIDADES INTELIGENTES, SUSTENTÁVEIS E INCLUSIVAS [ THOMAS C. BARRETT ] O DESAFIO DE SER “SMART” - REPORTAGEM

CASOS DE ESTUDO SANTANDER UM EXEMPLO DE SUCESSO

FACTOS PROJECTOS EUROPEUS DE CIDADES INTELIGENTES

NOTÍCIAS INTELI EVENTOS SUGESTÕES


Cidades Inteligentes em debate em Lisboa A conferência “Smart Cities for Sustainable Growth”, organizada pela INTELI em parceria com a FLAD – Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento e o “Ecologic Institute” (Alemanha e EUA), teve lugar no Museu da Electricidade, em Lisboa, no passado dia 3 de Maio. A Siemens e a Caixa Geral de Depósitos apoiaram a iniciativa. O evento reuniu cerca de 400 participantes, demonstrando o interesse das autarquias, universidades, associações empresariais e organismos públicos pelo tema das ‘cidades inteligentes’. A conclusão foi unânime: uma cidade inteligente extravasa a dimensão tecnológica, devendo ser abordada de forma integrada. A inovação, a sustentabilidade ambiental e a inclusão social e cultural são os factores chave de uma ‘smart city’ centrada nas pessoas. Diversos especialistas nacionais e internacionais apresentaram políticas, estratégias e casos de estudo da Europa, EUA e Brasil, tendo sido partilhadas ideias e boas práticas em diferentes domínios associados às cidades inteligentes: energia, mobilidade, edifícios, governação, cidadania, financiamento, entre outros. A apresentação do panorama da inteligência urbana em Portugal foi efectuada pela INTELI, a partir da análise das cidades integradas no Living Lab RENER – “Rede de Cidades para a Sustentabilidade Urbana”. Neste contexto, foram expostos os resultados preliminares da aplicação do Índice de Cidades Inteligentes 2020 que pretende analisar o posicionamento estratégico das cidades portuguesas em matéria de soluções inteligentes para o desenvolvimento urbano. A INTELI pretende perpetuar o debate. Em 2013, a 2ª conferência internacional sobre cidades inteligentes terá lugar em Maputo, Moçambique. Perspectiva-se, desta forma, um alargamento da rede RENER a outros países e continentes com vista à partilha de experiências e boas práticas e ao desenvolvimento de projectos conjuntos na área da inteligência urbana.

www.smartcities2012.org

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Medir a Inteligência Urbana Índice de Cidades 2020

ração de oportunidades de cooperação entre as cidades portuguesas com vista à criação de produtos, serviços e soluções inovadoras com potencial de internacionalização. Cidades para as pessoas O projecto parte de um conceito de ‘cidade inteligente’ que extravasa a vertente tecnológica, centrando-se nas pessoas e nas comunidades onde vivem e trabalham. Trata-se de um novo paradigma na forma de fazer cidades, que exige repensar estratégias, tecnologias, modelos e funções urbanas para responder aos desafios com que se defrontam actualmente os territórios. Uma ‘cidade inteligente’, em linha com a Estratégia Europa 2020, é uma cidade inovadora, sustentável e inclusiva que desenvolve e utiliza soluções baseadas em tecnologias de informação e comunicação para a promoção da qualidade de vida dos cidadãos. Daí que as dimensões de análise do índice de cidades inteligentes se traduzam na inovação, na sustentabilidade e na inclusão, sob a égide da governação e da conectividade. Governação Integra as políticas urbanas, assim como os processos de cooperação entre actores políticos, económicos e sociais, com destaque para a questão da participação pública. A eficiência, eficácia e transparência da provisão de serviços públicos são também factores chave da análise da inteligência urbana. Inovação Abarca a competitividade das cidades em termos de criação de riqueza e geração de emprego. Foca-se não só nos sectores intensivos em I&D e tecnologia, mas também no contributo das actividades da economia criativa, verde e social para o desenvolvimento económico dos espaços urbanos.

© INTELI

A conferência “Smart Cities for Sustainable Growth” foi o palco para apresentação do Índice de Cidades Inteligentes 2020, um projecto coordenado pela INTELI em parceria com a Siemens e a Caixa Geral de Depósitos. Posicionar estrategicamente as cidades portuguesas em matéria de inteligência urbana é o objectivo principal deste trabalho que resultará numa base de informação e conhecimento municipal de suporte à tomada de decisão dos poderes públicos e actores económicos e sociais. Acresce o mapeamento de boas práticas locais de desenvolvimento urbano inteligente, assim como a ge-

Sustentabilidade Inclui a eficiência na utilização dos recursos, a protecção do ambiente, assim como o equilíbrio dos ecossistemas. A gestão da água e dos resíduos, a eficiência energética e utilização de energias renováveis, a construção sustentável, a mobilidade, as emissões de gases com efeito estufa e a biodiversidade são alguns dos factores chave do estudo. Inclusão Integra não só as questões associadas à coesão social, mas também a diversidade cultural, a inovação e o empreendedorismo social e a inclusão digital ao nível dos serviços de saúde, segurança, educação, cultura e turismo. A utilização de tecnologias digitais ao serviço da integração social de camadas mais desfavorecidas da população é também alvo de análise.

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Conectividade Abarca o envolvimento das cidades em redes territoriais nacionais e internacionais, assim como o nível de integração de funções e infra-estruturas urbanas. A utilização de tecnologias de informação e comunicação e de redes digitais é considerada como um factor crítico de sucesso. Aplicação ao Living Lab RENER O grupo-alvo da aplicação do Índice de Cidades Inteligentes traduziu-se nas 25 cidades da Rede RENER – Living Lab para a Sustentabilidade Urbana, sendo que nesta fase preliminar participaram no exercício 17 membros da rede: Almada, Aveiro, Bragança, Cascais, Coimbra, Évora, Faro, Guimarães, Leiria, Loures, Santarém, Setúbal, Sintra, Torres Vedras, Viana do Castelo, Vila Nova de Gaia e Viseu. O RENER é um espaço de desenvolvimento, teste e experimentação de soluções urbanas inteligentes em contexto real, que opera segundo uma filosofia de inovação aberta e de co-criação com o envolvimento dos utilizadores. É também um palco de partilha de boas práticas e experiências inovadoras com capacidade de replicação, assim como de incubação de soluções locais com potencial de exportação e internacionalização. Tendo como experiência piloto o Programa Nacional de Mobilidade Eléctrica, o Living Lab pretende agora alargar a sua intervenção a outras soluções de sustentabilidade urbana, nas áreas da energia, construção sustentável, governação, inovação social, entre outras. A integração do RENER na Rede Europeia de Living Labs potenciará a participação das cidades nacionais em redes europeias e internacionais. O trabalho de proximidade com os municípios afigurou-se como extremamente importante na aplicação do índice, que não se baseou apenas na recolha de informação secundária e em estatísticas oficiais, mas também

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na utilização de fontes primárias. Foram quantificados e qualificados cerca de 80 indicadores que permitiram aferir acerca do posicionamento estratégico das cidades em matéria de inteligência urbana, em geral, e nos domínios da governação, conectividade, inovação, sustentabilidade e inclusão, em particular. Alguns resultados preliminares Cascais, Aveiro, Almada e Vila Nova de Gaia foram cidades que se destacaram em diversas dimensões do Índice de Cidades Inteligentes, nesta aplicação preliminar a 17 municípios do Living Lab RENER. Vejamos dois exemplos associados à dimensão ‘sustentabilidade’. Mobilidade Na análise da sub-dimensão ‘mobilidade urbana’ foram examinados indicadores como: mobilidade eléctrica, mobilidade suave e frota municipal (plano de mobilidade sustentável, bike-sharing, car-sharing, ciclovias, veículos híbridos e eléctricos na frota municipal, pontos de carregamento, sistema de gestão de tráfego, etc.). O public procurement de veículos eléctricos foi identificado como uma boa prática neste domínio. As únicas autarquias que têm frotas com veículos eléctricos são Guimarães e Vila Nova de Gaia, sendo que com veículos híbridos temos Loures, Cascais, Almada e Viana do Castelo. Monitorização energética e ambiental No conjunto de indicadores associados à ‘monitorização energética e ambiental’ foram analisadas variáveis como: sistemas de gestão energética de edifícios municipais; equipamentos e padrões de monitorização energética; existência de certificação ambiental para a autarquia/empresas municipais; existência de plano de acção de monitorização ambiental; e tecnologias utilizadas na monitorização ambiental. Destaca-se a monitorização energética dos edifícios municipais em Cascais: com o objectivo de reduzir 10% do consumo de energia no concelho, a Câmara Municipal desenvolveu um progra-


ma de monitorização remota de consumos energéticos em edifícios municipais, conjuntamente com a Agência Cascais Energia. Acresce o Programa de Gestão e Monitorização Ambiental da Autarquia e Empresas Municipais em Almada (EMAS LAB) que tem como objectivo a certificação ambiental da Câmara Municipal pelo Sistema Comunitário de Eco-gestão e Auditoria - EMAS. Trabalho Futuro O Índice de Cidades Inteligentes pretende desenvolver-se ao longo dos próximos anos, através de um trabalho contínuo e permanente de aprofundamento e actualização. No início de Outubro serão publicados os primeiros resultados agregados, sendo que serão produzidos em simultâneo um conjunto de relatórios municipais a partilhar com as cidades envolvidas. Após a divulgação do Índice 2012, a INTELI tem como objectivos: o aperfeiçoamento da metodologia em colaboração com as cidades e os seus parceiros tecnológicos e financeiros; o alargamento do grupo-alvo de cidades envolvidas; e a customização da metodologia a outros contextos com vista à respectiva internacionalização. Pretende-se, desta forma, a expansão do Living Lab RENER quer a nível nacional quer internacional, com foco em Espanha e nos países de língua oficial portuguesa, nomeadamente Moçambique a Brasil.

ÍNDICE 5 dimensões de análise 21 sub-dimensões 80 indicadores

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SMART SOLUTIONS FOR SMART CITIES Fernando Silva Director do Sector Infra-estruturas & Cidades, Siemens

© INTELI

A apresentação da Siemens na Conferência Internacional “Smart Cities for Sustainable Growth” focou-se na experiência da empresa no desenvolvimento de soluções inteligentes para as cidades, capazes de garantir uma maior eficiência energética e um uso mais racional dos recursos, não só energéticos, mas também ambientais. Urbanismo, alterações climáticas e alterações demográficas estão a forçar as cidades a tornar as suas infra-estruturas mais eficientes. A crescente urbanização é, sem dúvida, uma das megatendências actuais com maior impacto no desenvolvimento das cidades a nível mundial. A população urbana cresce 2 habitantes por segundo o que faz da nossa época o milénio urbano. Em 2007 e pela primeira vez na história da humanidade, havia mais pessoas a viver nas cidades do que no campo. Por um lado, as cidades são responsáveis por 75% do consumo global de energia e por 80% das emissões de CO2, por outro, são de importância crucial na geração de valor: o contributo das aglomerações urbanas para a economia é muito elevado, pois cerca de 50% do PIB mundial é gerado em cidades. Com tecnologias inovadoras e soluções integradas, as cidades podem ser mais amigas do ambiente, aumentar a qualidade de vida oferecida aos seus habitantes e, simultaneamente, reduzir custos, tornando-se mais competitivas.

© Siemens, AG-2011

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O mundo dos nossos clientes está em transformação. O sistema energético, por exemplo, tal como o conhecemos até hoje, funcionava de uma forma unidireccional e baseado em sistemas de produção previsíveis com elevada disponibilidade. A tendência actual é para os operadores de energia optarem pela instalação de componentes que assegurem a evolução das redes convencionais para redes inteligentes (Smart Grids), permitindo, por exemplo, uma melhor gestão das energias renováveis e a integração da microgeração nas redes. Em Portugal, empresas como a EDP, REN, EEM e EDA têm vindo a assumir uma liderança Europeia na área das Smart Grids, instalando soluções que permitem incrementar o nível de inteligência das suas redes, bem como o nível de informação junto do consumidor. Os contadores inteligentes (smart meters) são um exemplo, mas existem outros ao nível das subestações ou dos sistemas de controlo das redes. Apesar dos avanços que se têm registado nos últimos anos, há ainda um longo caminho a percorrer para que as redes se possam efectivamente considerar ‘inteligentes’, garantindo um balanço perfeito entre a produção e o consumo da energia. Os edifícios, por exemplo, têm um papel activo e uma influência determinante numa Smart Grid. São responsáveis por cerca de 40% do consumo mundial de energia e por cerca de 21% das emissões de CO2. Os edifícios são considerados inteligentes quando estão ligados à Smart Grid e comunicam com ela (sobre preços, energia disponível e gestão de capacidades), mas também quando estão desligados da rede e são auto-suficientes, gerando zero emissões. Para este efeito, as soluções instaladas nos edifícios modernos devem permitir-lhes actuar como produtores, armazenadores e consumidores de energia, dependendo do momento do dia, da situação global da rede e das tarifas aplicáveis. A mobilidade eléctrica, nomeadamente a integração dos carros eléctricos nas Smart Grids será no futuro outro dos aspectos essenciais na interação entre os consumidores e a rede. Em Portugal, a Siemens é parceira do projecto Mobi-E, um projecto referência a nível mundial e parceira de diversos projectos de Smart Grids. No campo da mobilidade são essenciais para o desenho das cidades soluções integradas de mobilidade. O desafio principal está uma vez mais em colocar os diferentes operadores e stakeholders em contacto, formando um sistema integrado, sustentável e, consequentemente, mais eficiente. Na apresentação da Siemens foi mostrado o exemplo de Londres, onde a empresa colocou em funcionamento um sistema intermodal de gestão de tráfego. Através do reforço na oferta de transporte ferroviário, da implementação de um sistema de informação em tempo real aos passageiros dos operadores de autocarros, combinados com veículos com tecnologia híbrida, de um sistema de controlo de acesso à cidade (portagens) e de designação de zonas de emissões reduzidas foram alcançados resultados impressionantes. O tráfego

na cidade reduziu em cerca de 20%, as emissões de CO2 cerca de 150 mil toneladas por ano e os fluxos de tráfego e tempos de deslocação e comutação melhoraram substancialmente. Todos estes tópicos assumem uma importância estratégica para as Cidades e os Países, motivo pelo qual a Siemens criou o novo Sector de negócio: Infra-estruturas e Cidades. Esta estrutura de negócio agrupa as suas competências e actividades comerciais numa única unidade, a fim de oferecer às cidades soluções sustentáveis para a mobilidade, protecção ambiental e poupança de energia. A pensar neste foco estratégico nas cidades, e de forma a optimizar a abordagem ao mercado, a Siemens criou diversos centros de competência no mundo dedicados ao desenvolvimento urbano e ao Account Management das cidades. Foram ainda apresentadas as capacidades da Siemens na área do financiamento, nomeadamente através da “Siemens Financial Services”, uma área da empresa que se dedica às soluções de financiamento, gestão de risco e participações financeiras. Actualmente, a Siemens é o maior fornecedor mundial de tecnologias amigas do ambiente. Recorde-se que o mercado de investimentos em espaços urbanos visado pela Siemens totaliza actualmente 300 mil milhões de euros por ano e que a Siemens já oferece o portefólio mais amplo e abrangente do mundo para infra-estruturas urbanas.

© Siemens, AG-2011

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NOVA IORQUE, A CIDADE DAS RUAS INTELIGENTES

© INTELI

Shin-pei Tsay Directora de Cidades e Transportes do Programa de Energia e Clima, Carnegie Endowment for International Peace, EUA

Nota: O texto original foi escrito na língua inglesa; a tradução é responsabilidade do editor.

Quando pensamos em cidades inteligentes vêm-nos à mente cidades ricas em tecnologia e cheias de smart phones, tais como Helsínquia ou Amesterdão, e não propriamente Nova Iorque. Mas Nova Iorque dispõe de um conjunto diferente de ideias e soluções “smart” que poderão ter uma ampla aplicação em cidades de todas as dimensões. Através da combinação de uma cidadania participativa, liderança e políticas inovadoras, Nova Iorque vem reforçar a ideia de que a tecnologia é apenas um dos factores que contribui para uma ‘smart city’. Em 2002, durante o primeiro mandato do Presidente da Câmara Michael Bloomberg, muitos duvidaram da capacidade da cidade recuperar dos ataques do 11 de Setembro. Durante a elaboração do seu plano de desenvolvimento económico, a cidade descobriu que a recuperação económica e o crescimento sustentável seriam inviáveis se não se contemplasse a vertente da sustentabilidade ambiental.

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Os maiores constrangimentos para a implementação de um plano de cidade inteligente com um horizonte de longo prazo em Nova Iorque devem-se, essencialmente, ao crescimento populacional e às limitações geográficas. A cidade prevê que até 2030, mais de um milhão de pessoas se junte aos oito milhões de habitantes contabilizados em 2000. Tratando-se de uma terra densamente povoada, cercada por água e, portanto, com um espaço limitado para se expandir, a cidade precisou de delinear estratégias que minimizassem a pressão sobre os seus recursos ambientais e fiscais, proporcionando uma elevada qualidade de vida aos cidadãos.


Em virtude da deslocalização da produção para regiões com custos de trabalho mais baixos, tornou-se necessário desenvolver novas indústrias com uma abordagem inovadora para reter mão-de-obra qualificada. A cidade percebeu que a única forma de fazê-lo seria aplicar estratégias ambientalmente sólidas em conjunto com iniciativas de crescimento económico.

ideia de devolver a rua às pessoas. Cada praça de sucesso aumentou a procura em outros bairros. A cidade actualizou continuamente o seu programa de forma a integrar o feedback do público e potenciar os resultados. O sucesso deu origem a uma capacidade e dinâmica política para melhorias permanentes; os testes e os projectos-pilotos facilitaram o caminho.

O PlaNYC, um plano de sustentabilidade para toda a cidade, resultou deste processo. Foi um dos primeiros planos de longo prazo que estabeleceu metas para a sustentabilidade, avaliou as actividades do governo local e apresentou um plano de acção concreto.

Face aos benefícios acumulados da execução dos seus planos, os líderes da Câmara Municipal e das agências da cidade tornaram-se mais ambiciosos. Alguns anos mais tarde, o que tinha sido apenas um sonho, tornar a congestionada Times Square, no Coração de Manhattan, numa zona pedonal tornou-se uma realidade. Este projecto arrojado é agora um elemento permanente na paisagem e um exemplo do tipo de ruas redesenhadas por toda a cidade.

O sucesso do PlaNYC assentou na participação do cidadão, tanto no terreno como através da web.

Mesmo as melhores ideias não têm sentido se não conseguirem ultrapassar as contingências do mundo real. Inicialmente, os processos burocráticos de Nova Iorque impediram até as mais pequenas alterações. Mas os habitantes mostraram que pequenas acções podem efectivamente desafiar práticas existentes. Uma vez que os referenciais ambientais definidos foram ao encontro de objectivos de longa data de organizações não-governamentais em Nova Iorque, o terceiro sector e o público assumiram parte da responsabilidade no cumprimento das metas do PlaNYC. Consequentemente, os cidadãos surgiram como um grande aliado. O PlaNYC parecia fornecer a plataforma através da qual a cultura de intervenções em pequena escala de Nova Iorque poderia interagir com as políticas de alto nível alcançando resultados positivos. O redesenho das ruas de Nova Iorque foi uma expressão tangível desta parceria. Os defensores desta filosofia apoiaram a realização de “experiências” para a fase das mudanças de larga escala exigidas por um ambicioso plano de sustentabilidade. Este método permitiu que a cidade testasse ideias e que o público se adaptasse às mudanças. Um projecto que seguiu esta filosofia foi a conversão de ruas subutilizadas em praças públicas. Duas ruas que se cruzam numa diagonal criam intersecções de ângulo agudo, sendo normalmente subutilizadas tanto pelos veículos como pelos peões pela dificuldade que significa cruzar os ângulos. Transformar estas intersecções em espaços públicos iria aliviar o congestionamento e aumentar o acesso dos cidadãos: duas lições do PlaNYC. O projecto desenvolveu-se gradualmente, com uma nova praça em bairros menos populados e mais receptivos à

As melhorias do sector público sob o PlaNYC foram sustentadas pelos “dados abertos” (open data) e pelo governo aberto (open government). Os programadores informáticos com consciência cívica criaram soluções tecnológicas inovadoras que preencheram as lacunas do serviço público, fornecendo, por exemplo, um serviço de autocarros em tempo-real através de aplicações para smart phones. Aplicações como estas dependem da existência de dados livres disponíveis em tempo real. A informação aberta rejeita a propriedade privada e amplia o mercado para uma gama mais alargada de programadores. Em termos de prestação de serviço público, o governo local reconheceu que não poderia estar em toda a parte, especialmente numa cidade tão grande como Nova Iorque. Como resultado, os líderes municipais não só criaram espaços para estes programadores, como patrocinaram concursos “BigApp”, apelando à apresentação de soluções inteligentes para problemas de gestão urbana comuns, tais como a gestão do estacionamento. Após o sucesso de três concursos “BigApp”, a cidade de Nova Iorque anunciou recentemente o “Reinvent Green”, um concurso para desenvolver aplicações para smart phone orientadas para a sustentabilidade. Estando o seu lançamento previsto para o Verão de 2012, o “Reinvent Green” irá usar um conjunto de dados ambientais recolhidos com base nas metas estabelecidas no PlanNYC. O sucesso do PlaNYC assentou na participação do cidadão, tanto no terreno como através da web. A definição e implementação interactiva de políticas sugerem o início de uma nova fronteira na governança urbana, que poderá ser especialmente relevante numa era de alterações climáticas. A relativa imunidade de Nova Iorque à última recessão atesta o sucesso emergente. A poderosa aliança entre o público e o governo foi uma das coisas mais inteligentes que a cidade recentemente alcançou.

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“INFORMAL CITY” : O CASO DA FAVELA HELIÓPOLIS Carlos Leite

© INTELI

Grandes cidades não são um fenómeno novo. A diferença hoje é o surgimento das megacidades, onde o dinamismo, complexidade e simultaneidade de eventos e processos gera crescimento e inovação, em paralelo com inúmeros problemas sócio-ambientais. Globalmente o futuro crescimento da população estará concentrado em grandes cidades localizadas em países em desenvolvimento, a maioria delas com graves problemas de pobreza e exclusão social. É, portanto, a partir do entendimento deste território informal enquanto parte integrante da cidade, que faz sentido investigar novas estratégias de intervenção na escala da megacidade. Ao considerar que o ‘informal’ pode servir como um laboratório para o estudo de adaptação e inovação urbana, desenvolve-se uma pesquisa experimental de processos contemporâneos de co-criação junto da comunidade local. A favela, território de transformação contínua, complexa, é o objecto de recorte territorial sobre o qual se pretende exercitar os novos enfoques metodológicos. O desafio da análise da coexistência de duas realidades (a cidade formal e informal) no território das Megacidades, foi o catalisador para o estudo “Indicadores de Sustentabilidade Urbana”, coordenado por mim enquan-

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to representante da FAU - Universidade Presbiteriana Mackenzie em conjunto com Brian MacGrath da “Parsons The New School” de Nova Iorque, a Academia de Arquitectura e Urbanismo de Amsterdão e a Secretaria da Habitação de São Paulo.

São Paulo é uma cidade em constante reinvenção.

No início de Fevereiro do ano passado, alunos de graduação e pós graduação da Mackenzie e das intuições académicas internacionais começaram a trabalhar em Heliópolis, a maior favela da cidade, procurando optimizar indicadores de novas formas de governança e práticas criativas nos territórios informais. A pesquisa contempla dois laboratórios: o de Observação de Sustentabilidade Urbana e o de Co-criação em Territórios Informais (LCCTI), este aplicado em Heliópolis, maior favela paulista. O primeiro laboratório sinaliza parâmetros para São Paulo, o que passa por um processo de reciclagem contínua do território através do levantamento de 176 indicadores de sustentabilidade urbana, agrupados em 9 temas, 34 subtemas e 85 grupos. Os temas foram: infraestrutura e construção sustentável; governança; mobilidade; habitação; oportunidades; planeamento e gestão territorial; serviços e equipamentos; questões ambientais; e segurança urbana e inclusão social. Já o segundo, o LCCTI, em parceria com a Academia de Arquitectura e Urbanismo de Amsterdão (Holanda) e a “Parsons The New School” de Nova Iorque, além do apoio da Secretaria Municipal de Habitação e de associações comunitárias de Heliópolis, está voltado para um território com cerca de 100 mil habitantes. A iniciativa trabalha ideias para a melhoria urbanística e de qualidade de vida da favela a partir de dentro, propondo que os moradores sejam criativos e co-criadores de acções e mudanças após identificarem potencialidades e oportunidades. Visa, com isso, criar um espaço públi-

co que reforce as interacções sociais locais sem que seja preciso retirar os moradores do seu espaço comunitário. Em 2011 a inserção da comunidade local deu-se prioritariamente com adolescentes de Heliópolis, alunos do curso de Responsabilidade Socioambiental do SENAC e da interacção junto da associação local CEDECA. As iniciativas no terreno contaram com o apoio fundamental da Habi-SP, a Secretaria de Habitação da Prefeitura de São Paulo. Numa primeira fase foi realizado o mapeamento de práticas criativas e externalidades espaciais sustentáveis nos territórios informais, para melhor as optimizar e divulgar. O objectivo final é a instalação de um laboratório dentro de Heliópolis para promover práticas de co-criação de soluções espaciais (arquitectura, urbanismo, design) junto da comunidade local, de forma a potenciar o desenvolvimento de inovação e protocolos de inclusão social.

A forma inteligente de renovação passa por aproximar as dimensões formal e informal da megapolis.

São Paulo é uma cidade em permanente reinvenção. Mas, a forma inteligente de continuar esse processo de renovação passa também por aproximar as dimensões formal e informal da megapolis, que hoje se encontram de costas voltadas.

Carlos Leite é docente nos programas de graduação e pós-graduação na Universidade de Mackenzie desde 1997, onde coordena o Grupo de Pesquisa “Megacidades e Desenvolvimento Sustentável”. É Mestre e Doutor pela FAU-USP, pós-doutor pela Universidade Politécnica da Califórnia e acaba de lançar o livro “Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes”, pela editora Bookman.* O desenvolvimento do conceito de cidade informal, tendo como laboratório de análise a favela de Heliópolis, em São Paulo, foi o mote para um conjunto de palestras e conferências internacionais no “Columbia University”, “City University of New York”, “New York University“ e “Parsons The New School”, todas em Nova Iorque. Na sua tournée académica participou ainda em palestras em Barcelona, no Smart Cities World Congress , Amsterdão, na Universidade de Calgary no Canadá, e na conferência Sustainable Cities in a Global World. O ciclo encerrou-se com a exposição do seu trabalho na Conferência Smart Cities for Sustainable Growth em Lisboa, promovida pela INTELI, em parceria com a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e o “Ecologic Institute”. *Os trabalhos podem ser vistos no blog do grupo: cidadesinteligentes.blogspot.com

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EUROPA EM SINTONIA COM CIDADES INTELIGENTES, SUSTENTÁVEIS E INCLUSIVAS Thomas C. Barrett

Director do Banco Europeu de Investimento (BEI)

O projecto Europa 2020 define a estratégia europeia para um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo, preconizando-se que a Economia da Europa se deverá basear no conhecimento e na inovação, sendo mais eficiente, ecológica e competitiva, e assentando numa elevada taxa de emprego e de coesão social e territorial1. Em termos de enquadramento político – a Política de Coesão 2014-2020 –, os preparativos estão bem encaminhados, com um foco na Estratégia Europa 2020 e concentrando-se principalmente nos seguintes pilares: • • •

Crescimento inteligente: desenvolvimento de uma economia baseada no conhecimento e na inovação; Crescimento sustentável: promoção de uma economia mais eficiente, verde e competitiva; Crescimento inclusivo: fomento de uma economia com uma alta taxa de emprego, promovendo a coesão económica, social e regional.

A Comissão Europeia (CE) propôs, também, incentivos para reforçar a utilização de instrumentos financeiros para infra-estruturas territoriais, incluindo: um prolongamento para cobrir o Fundo de Coesão (FC), para além do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e do Fundo Social Europeu (FSE), estando parte significativa destinada à Eficiência Energética e Energias Renováveis e à prioridade temática urbana (mínimo de 5% do FEDER), a redução das taxas de co-financiamento, a criação uma esfera de acção que

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11 Objectivos Temáticos Investigação e inovação Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) Competitividade das Pequenas e Médias Empresas (PMEs) Transição para uma economia de baixo carbono Adaptação às alterações climáticas e prevenção e gestão de riscos Protecção ambiental e eficiência dos recursos Transportes sustentáveis e remoção de estrangulamentos nas infra-estruturas de rede chave Emprego e apoio à mobilidade laboral Inclusão social e combate à pobreza Educação, competências e aprendizagem ao longo da vida

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Reforço da capacidade institucional e administração pública eficiente


abrange 11 objectivos temáticos, permitindo a integração de fundos com a possibilidade de programas multi-fundos que combinam o FEDER, o FSE e o FC. Papel do Banco Europeu de Investimento (BEI) O BEI apoia o Fundo de Coesão através de: • • •

Um leque de instrumentos para aumentar a capacidade de absorção e de alavancagem dos fundos da UE; Parcerias com stakeholders para acelerar, ampliar e melhorar a qualidade de implementação; Desenvolvimento de melhores práticas através de aconselhamento técnico e financeiro.

Considerações chave: •

• •

O BEI selecciona e dá prioridade a projectos em vários sectores, maximizando o seu impacto na economia real em linha com as prioridades da UE para o crescimento, emprego, coesão e sustentabilidade económica. As áreas de investimento do BEI para reforço das cidades incluem infra-estruturas urbanas, economia do conhecimento e sustentabilidade ambiental. O BEI apoia estratégias da UE, incluindo a “Europa 2020”, através tanto de empréstimos directos, como de assistência técnica e financeira mediante a realização de iniciativas conjuntas com a Comissão Europeia e outras instituições financeiras internacionais.

Cidades inteligentes, sustentáveis e inclusivas O BEI é um parceiro activo na concessão de empréstimos a sectores essenciais para as cidades inteligentes, sustentáveis e inclusivas, apoiando a transformação urbana sustentável das cidades europeias através do

financiamento de investimentos nas áreas da regeneração e transportes urbanos; no estabelecimento de uma economia competitiva baseada no conhecimento, orientada para um crescimento sustentável, incluindo o investimento em IDI (investigação, desenvolvimento e inovação), educação e TIC (tecnologias da informação e comunicação); e do apoio a investimentos de baixo carbono para mitigar as emissões de gases com efeito de estufa e a projectos climáticos resilientes que melhorem a adaptação aos impactos das alterações climáticas. O BEI trabalha em parceria com stakeholders em diversos níveis, incluindo os sectores público e privado, tais como a CE, as autoridades de gestão, as autoridades municipais, a indústria, instituições financeiras do sector privado e instituições financeiras internacionais. Consequentemente, o BEI está a implementar novos produtos que combinam fundos comunitários e empréstimos do BEI com vista ao alcance de uma maior alavancagem, ou seja, apoia mais investimentos com uma dada quantidade do orçamento da UE e recursos do BEI. Estas condições inovadoras assentam na partilha de riscos e da combinação de garantias, subsídios e instrumentos de financiamento. O BEI apoiou instrumentos conjuntos que incluem a iniciativa JESSICA (“Joint European Support for Sustainable Investment in City Areas”), auxiliando a transformação urbana sustentável, a obtenção de melhores condições de vida e a melhoria da competitividade das cidades europeias. A natureza das parcerias cria valor acrescentado pois assenta numa fertilização cruzada de financiamento, assistência técnica e cooperação. No caso do JESSICA, o BEI está a actuar enquanto assessor político para a CE e presta consultoria técnica e financeira e serviços a um leque de outros stakeholders relevantes. Em particular, o BEI foi mandatado em 18 ocasiões por Autoridades de Gestão para actuar enquanto Fundo de Participação, gerindo um total de 1.77 mil milhões de euros em recursos comprometidos.

Instrumentos do BEI em curso JESSICA 1.77 mil milhões de euros 18 Fundos de Participação JESSICA BEI 29 Fundos de Desenvolvimento Urbano JASPERS 399 projectos atribuídos desde 2006 185 candidaturas a projectos 104 projectos aprovados ELENA – European Local Energy Assistance 14 projectos receberam cerca de 15 milhões de euros por ano EPEC Centro Europeu especializado em PPPs – Parcerias Público-privadas

1 COM (2010) 2020 - ‘Europe 2020 - A strategy for smart, sustainable, and inclusive growth’ Brussels, 3.3.2010

Nota: O texto original foi escrito na língua inglesa; a tradução é responsabilidade do editor.

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O DESAFIO DE SER “SMART” REPORTAGEM A INTELI e a Fundação Luso-Americana juntaram no passado dia 3 de Maio, no Museu da Electricidade em Lisboa, cerca de 400 pessoas para debater o futuro do desenvolvimento das cidades.

A experimentação de novas soluções de desenvolvimento, com base na economia verde e na inovação, em pequenas comunidades, foi evidenciada pela maioria dos oradores da conferência. A mudança ao nível global começa nos bairros e comunidades onde é possível ter a percepção dos impactes positivos dos projectos na vida das pessoas. Também o conceito de inclusão só faz sentido quando chega ao dia a dia dos cidadãos, como o tem testemunhado Carlos Leite, arquitecto e professor na Universidade Mackenzie Presbyterian, em São Paulo.

“Smart Cities for Sustainable Growth” foi o mote escolhido para a conferência internacional. Um conceito de Cidades Inteligentes, Sustentáveis e Inclusivas que a INTELI tem vindo a desenvolver com parceiros nacionais (empresas e autarquias) e a promover em programas com entidades europeias. Estiveram presentes representantes de projectos europeus (Portugal, Espanha, Inglaterra, Holanda) e líderes de projectos do outro lado do Atlântico (Brasil, Estados Unidos): apesar das realidades diversas, o debate permitiu concluir que afinal não há um oceano a separar-nos quando se trata de encontrar caminhos para um novo paradigma económico e social. William Fulton, ex- mayor de Ventura, consultor e investigador sobre os novos significados da sustentabilidade nos grandes centros urbanos, apresentou uma América dividida. Os americanos ainda se revêem nos antigos conceitos de crescimento e desenvolvimento urbano, muito centrados na utilização exaustiva de recursos naturais e em aglomerados urbanos difíceis de gerir. A “sustentabilidade é uma palavra abstracta e que diz pouco às pessoas”, afirma Fulton. No entanto, “quando perguntamos aos americanos se preferem viver numa cidade de arranha-céus e vias-rápidas cheias de automóveis, ou em cidades mais pequenas com casas, jardins e vida cultural e comunitária, uma parte cada vez maior não tem dúvidas na escolha de uma cidade à escala humana”.

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“Há muitas cidades dentro de uma mega cidade como São Paulo, diferentes contextos territoriais, densidades, oportunidades, índices de riqueza”. Os muros que os dividem são sobretudo sociais, educacionais, culturais. Barreiras aparentemente intransponíveis que foi possível ultrapassar com projectos inteligentes de inovação social desenvolvidos nas favelas de São Paulo.

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As intervenções integradas centram-se em projectos de requalificação no espaço público e fomentaram novos espaços de convívio comunitário. Mais importante, nestas experiências, segundo Carlos Leite foi aproximar realidades extremas e criar condições para saltar os muros que dividem ricos e pobres.

MAIS TECNOLOGIA, MELHOR CIDADANIA As novas tecnologias de informação e as infraestruturas inteligentes, incontornáveis nas sociedades, foram abordadas numa perspectiva integrada na conferência. A Siemens, empresa com vasta experiência na montagem de “smart grids” e a INTELI enquanto responsável pela criação do modelo de mobilidade sustentável, em particular o sistema de mobilidade eléctrica, apresentaram as propostas que já existem no terreno. O conhecimento prático da montagem dos projectos dá ainda mais força à ideia de que não basta lançar tecnologia e dinheiro para cima dos problemas, é preciso Intelligence, massa crítica e sobretudo a capacidade para envolver os cidadãos. O factor humano foi sempre referido quando se devolvia a voz à sala para o período de debate. Embora reconhecendo a importância das tecnologias, do financiamento e da inovação para o desenvolvimento do novo paradig-

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ma económico, todos foram unânimes em colocar no topo da pirâmide das prioridades o empenhamento das populações e a definição de estratégias integradas. De Nova Iorque a Lisboa os processos de participação, utilizando as novas tecnologias ou simplesmente criando espaços de partilha e inovação (como a incubadora START UP em Lisboa ou o orçamento participativo) marcam a diferença na avaliação final. Shin-pei Tsay, investigadora nova-iorquina foi clara na abordagem. O caminho faz-se caminhando. Pequenos projectos de requalificação urbana, de desenvolvimento de novas formas de mobilidade e partilha de transportes ou de integração cultural e social, deixam marcas positivas no território e contribuem para criar uma cidade sustentável. “A smart and sustainable city is one where an open government collaborates with engaged citizens to steward the city’s assets for future generations. Technology enables openness, collaboration, and engagement”, afirmou. O projecto “Orçamento Participativo”, em Lisboa, coordenado pela Vereadora Graça Fonseca tem demonstrado que com um pequeno investimento, participação e muita vontade é possível apresentar resultados. O arranque da incubadora START UP no Chiado, a primeira de muitas, é já a concretização de um projecto apresentado pelos cidadãos. Começou por mobilizar o debate de


ideias, agora está a dinamizar empresas. Graça Fonseca tem uma leitura mais abrangente deste processo. A modernização e cidadania são factores de projecção de Lisboa no ranking das cidades a nível internacional.

SMART CITIES A conferência “Smart Cities for Sustainable Growth” culminou com a apresentação do Índice de Cidades Inteligentes elaborado pela INTELI, tendo como base de trabalho a rede de cidades RENER, um Living Lab integrado na “European Network of Living Labs” (ENOLL). O trabalho de diagnóstico e procura de novas oportunidades promovido pela INTELI tem por objectivo contribuir para o desenvolvimento sustentável do País, promover a internacionalização de projectos de referência, potenciando também a visibilidade externa das cidades portuguesas.

papel da atractividade local na captação de investimento estrangeiro e recursos humanos qualificados”. Em síntese, a parceria entre a INTELI e as autarquias aposta em “cidades atractivas para talentos, visitantes e investidores através da aliança entre a inovação, a qualidade do ambiente e a inclusão social e cultural, num contexto de governação aberta e de conectividade com a economia global, visando a qualidade de vida dos cidadãos”. A resposta a este desafio foi bem visível na participação empenhada de autarcas, vindos de vários pontos do País, na Conferência Internacional “Smart Cities for Sustainable Growth”.

O Índice pretende “desenvolver, incubar e testar novas soluções urbanas inteligentes em diferentes áreas: mobilidade, construção sustentável, inovação social, governação”, afirmou Catarina Selada sublinhando ainda “o

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SANTANDER UM EXEMPLO DE SUCESSO

Santander, capital da região de Cantábria, tem actualmente cerca de 183 mil habitantes. Esta cidade no norte da Espanha tem apostado fortemente na inovação com vista a converter-se numa smart city. Para esse fim, o município comprometeu-se com uma série de metas a alcançar entre 2011 e 2015. Desde logo, a criação de um Departamento de Inovação que centralize todas as actividades do município nesta área e a elaboração de um Plano de Inovação Local que desenvolva e impulsione projectos inovadores. Santander tem também vindo a apostar em reforçar a colaboração entre o município, o governo regional, as empresas e a universidade, o que tem permitido a criação de grupos dedicados à Investigação e Desenvolvimento (I&D), estimulado o interesse e a participação activa dos cidadãos e fixado recursos humanos altamente qualificadas na região, contribuindo desta forma para a modernização e inovação da cidade. Com o Parque Científico e Tecnológico da Cantábria (PCTCAN) e através da criação de clusters para a inovação, o Município promove ainda um modelo de negócio baseado na inovação e no conhecimento com especial enfoque nas iniciativas público-privadas.

Acresce que Santander tem vindo a envolver-se em inúmeros projectos relacionados com smart cities, como a Iniciativa Europeia FIRE - “Future Internet Research and Experimentation” (pretende criar um ambiente multidisciplinar de investigação e validação experimental de ideias altamente inovadoras e revolucionárias para o desenvolvimento futuro da internet), o projecto OUTSMART (referente à eficiência energética dos sistemas de iluminação), o SmartSearch (que envolve o desenvolvimento de um sistema de pesquisa que contextualiza a “Internet das Coisas” ao interligar o que está acontecer na Internet com o que está acontecer nas ruas da cidade através de imagens em tempo real) e, ainda, o projecto Burba (que irá permitir fazer uma recolha eficiente dos resíduos urbanos).

O PROJECTO SMARTSANTANDER O SmartSantander é um projecto financiado em 6 milhões de euros pela União Europeia através do 7º Programa-Quadro e liderado pela empresa Telefónica Investigacion y Desarrollo (I+D) e pela Universidade da Cantábria, com o apoio do Governo Regional de Cantábria e da Câmara Municipal de Santander. Este projecto preconiza a criação de um centro urbano de investigação e experimentação de futuras tecnologias, aplicações e serviços que poderão transformar a cidade numa smart city. A iniciativa envolve a concepção, implantação e validação de uma plataforma composta por 20 mil dispositivos (sensores, câmaras fotográficas e de vídeo, etc.) integrados sob a égide do conceito “Internet das Coisas” (Internet of Things), onde cada dispositivo tem a capacidade de comunicar de modo a transmitir informação útil ao utilizador. Através deste projecto, Santander será a primeira cidade a ser considerada um laboratório vivo urbano para o desenvolvimento e experimentação de novos serviços,

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aplicações e tecnologias inovadoras para melhorar a qualidade e a gestão dos serviços prestados aos cidadãos nos meios urbanos. O que torna este projecto realmente interessante é o facto destes serviços deterem uma vasta área de aplicações. Alguns encontram-se já em fase de teste. É o caso dos sistemas de gestão de trânsito, que medem a intensidade do trânsito nas principais entradas e saídas da cidade, ou dos cerca de 350 sensores de estacionamento espalhados por toda a cidade que permitem ao condutor saber que lugares de estacionamento estão livres. Outros exemplos são a medição da temperatura, dos níveis de ruído e da qualidade do ar de modo a que seja possível vir a aumentar a eficiência ambiental e energética da cidade, a implementação de métodos de pagamento mais eficazes por toda a cidade ou a oferta de informação turística e cultural de forma mais acessível. A participação dos cidadãos é uma aposta transversal do projecto. Através da utilização de aplicações nos smart phones, estes podem aceder e gerar informação útil a toda a comunidade sobre os acontecimentos a ocorrer em tempo real na cidade (acidente, buraco no pavimento, etc.). Desta forma, as tecnologias e os serviços criados podem ser avaliados pelo seu utilizador final, sendo verificada a sua aceitação social efectiva através de inquéritos feitos aos cidadãos.

Em Novembro de 2011 foi lançada a primeira call para que novos projectos sejam testados sob a égide da estrutura do SmartSantander. Foram recebidas 47 propostas, das quais 50% provenientes da indústria. Foram seleccionadas 2 propostas para experimentação ao longo de 2012: a CityScripts e a SACCOM. A segunda call irá ser publicada em Setembro de 2012. Os projectos serão seleccionados com base no seu potencial impacto no dia-a-dia dos cidadãos, bem como na sua capacidade de diversificar, criar dinamismo e escala, características essenciais às novas soluções. A participação do Município de Santander em todos estes projectos tem trazido inúmeros benefícios para a cidade. Para além do prestígio internacional e de ser cada vez mais reconhecida como cidade de referência no que diz respeito às cidades inteligentes e à inovação, algumas empresas estão a considerar a cidade de Santander para a instalação dos seus centros tecnológicos. Foi o caso das empresas espanholas Telefónica e Ferrovial que irão instalar brevemente nesta cidade dois Centros de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico para Smart Cities.

Prémios reconhecem o potencial de Santander • • • • •

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O Projecto SmartSantander foi reconhecido com o prémio “Future Internet Award” em Budapeste (Maio 2011) Santander foi distinguida como “Cidade da Ciência e da Inovação” pelo Ministério Espanhol da Ciência e da Inovação (2011) Ficou em 6º lugar no prémio da melhor cidade para estudar em Espanha (Merco CityReport 2010) Prémio melhor projecto smart city do Congresso Internacional “SmartCity Expo Word Congress” Terceira cidade espanhola mais inteligente 2011 (Índice IDC)


Rede Espanhola de Cidades Inteligentes (RECI) A rede espanhola de smart cities pretende criar o enquadramento legal, político e regulatório para apoiar os governos e as autoridades locais no processo de transformação das cidades. Simultaneamente, esta rede tem como objectivos a partilha de experiências e boas práticas, reforçar a cooperação entre cidades, o desenvolvimento de sinergias e de estratégias de inovação urbana inteligente, bem como a implementação de políticas baseadas no desenvolvimento tecnológico. O primeiro passo para a criação da rede de smart cities em Espanha foi a aprovação dos textos legais de enquadramento, em Janeiro de 2012, com as seguintes cidades-membro: Santander, Palencia, San Sebastián, Bilbao, Vitoria, Cáceres, Logrono, Pamplona, Madrid, Valladolid, Barcelona, Sevilla, Burgos, La Coruna, Málaga, Castellón e Salamanca. No mês seguinte, foi criado um Comité Técnico e foram identificados cinco grupos de trabalho divididos pelas seguintes áreas estratégicas: Inovação Social; Energia; Ambiente e infra-estruturas; Mobilidade Urbana; Governação, Finanças e Negócios. Com a constituição destes grupos, a RECI pretende desenvolver um modelo de gestão sustentável e permitir que as experiências e sinergias que se praticam numa cidade se possam replicar noutras, procurando optimizar os recursos já existentes. Nesta fase, juntaram-se à rede as cidades de Palma de Mallorca, Murcia e Valencia. Em Março decorreu uma reunião do Comité Técnico para a identificação de projectos dos diferentes grupos de trabalho e as cidades de Rivas-Vaciamadrid, Alicante e Sabadell aliaram-se a esta iniciativa. Entretanto as cidades de Huesca, Segovia e Guadalajara também se tornaram membros da RECI. A assembleia constituinte da rede está prevista para o próximo dia 27 de Junho, em Valladolid, com a criação de uma associação sem fins lucrativos com sede na Agência de Inovação e Desenvolvimento Económico de Valladolid. Importa ainda referir que se aposta também numa forte colaboração com o sector privado, sendo que algumas empresas como a Telefónica, a Fundetec e a IBM têm estado presentes nas reuniões da rede. Mais especificamente, a Fundetec vai fornecer apoio e assistência técnica à rede enquanto a Telefónica vai trabalhar no desenvolvimento da plataforma web que se irá criar. Esta rede é presidida pela cidade de Santander, considerada um exemplo em termos de smart cities.

Referências: Hernáiz, Inigo de la Serna, Spanish Smart Cities Network, The case of Santander, Apresentação na Conferência “Smart Cities for Sustainable Growth”, Lisboa, 3 de Maio de 2012. Hernáiz, Inigo de la Serna, Santander involves towards the Smartcity, CAAC Newsletter, Maio 2012. Munoz, Luis, Smart Santander: Innovación al servicio de la sociedad, El DiarioMontanes, Abril de 2012, p.44. SmartSantander Project, the Parliament Magazine, October 24 http://portal.ayto-santander.es

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ISLANDIA

SUÉCI

PROJECTOS EUROPEUS DE CIDADES INTELIGENTES

NORUEGA

Home Sweet Home

Health monitoring and sOcial integration environMEnt for Supporting WidE ExTension of independent life at HOME DINAMARCA

APOLLON

Advanced Pilots of Living Labs Operating in Networks REINO UNIDO

Smartip

Smart Citizens In Smart Cities

EPIC

EU Platform for Intelligent Cities

HOLANDA

IRLANDA

ALEMANHA

Social life of Cities EGOV4U Collaborative E-enable citizen-centric Social Life, Cisco and the Young Foundation partnership to improve the connection between urban development’s, residents and communities.

BÉLGICA

service delivery to socially disadvantaged citizens.

LUXEMBURGO

Smart Cities

Innovation network to set a new baseline for e-service delivery in the whole North Sea region.

ELLIOT

Experiential Living Lab for the Internet Of Things

FRANÇA

ESLOVÉNIA

CIUDAD 2020

R&D&I project to develop a new model of a smart and sustainable city

ITÁLIA

OUTSMART

Services and Technologies based on an open and standardised infrastructure

ESPANHA

Smart Cities

Citizen Innovation in Smart Cities Improving public services through an open innovation

Open Cities

Open Innovation for Future Internet Services in Smart Cities

PORTUGAL

Periphèria

People Smart Cities

Smart Peripheral Cities for Sustainable Lifestyles

Pilot Smart Urban Ecosystems Leveraging Open Innovation for Promoting and Enabling E-services

Smart

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Search Engine for Multimedia Environment Generated Content

MALTA


FIREBALL

Future Internet Research and Experimentation By Adopting Living Labs towards Smart Cities FINLÂNDIA

IA

CitySDK

Existem diversos projectos associados a cidades inteligentes apoiados pela União Europeia, quer no âmbito do 7º ProgramaQuadro e do CIP – Programa-Quadro para a Competitividade e Inovação quer de outros programas europeus. Estes compreendem uma ampla rede de parceiros que cooperam na partilha de experiências e boas práticas e no desenvolvimento de soluções urbanas inteligentes.

Create a service developer toolkit for European Smart City Applications.

Nota: Este mapeamento não pretende ser exaustivo, mas apenas ilustrativo dos projectos europeus de cidades inteligentes.

POLÓNIA

HUNGRIA

ROMÉNIA

CROÁCIA

SÉRVIA

TURQUIA GRÉCIA

A ISRAEL

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Cultura, criatividade e identidade em debate A INTELI apresentou uma comunicação na Conferência Europeia da RSA – “Regional Studies Association” 2012 – “Networked regions and cities in times of fragmentation: Developing smart, sustainable and inclusive places”. O evento teve lugar em Delft (Holanda), nos dias 13-16 de Maio. A apresentação da INTELI, sob o tema “Culture, Identity and Creativity in Development Strategies of Small and Medium-sized Cities in Non-Metropolitan Areas” decorreu na sessão sobre “Non-Metropolitan Perspectives on Creativity and Identity - Creativity, Identities and Branding”. Esta intervenção insere-se na estratégia da INTELI de valorização científica dos resultados dos seus trabalhos junto das autarquias e outras instituições nacionais e europeias.

INTELI participa no XI Fórum Internacional de Criatividade e Inovação A INTELI irá participar no XI Fórum Internacional de Criatividade e Inovação que terá lugar em Aracaju (Brasil), de 1 a 3 de Agosto. O evento procura reflectir sobre o impacto da criatividade e da inovação no sector governamental, instituições sociais, empresas, educação e territórios. Espera-se a participação de cerca de 1.000 intervenientes, de várias cidades do país e do exterior. A comunicação da INTELI centra-se na economia criativa, com destaque para as estratégias territoriais baseadas na criatividade. Esta é a segunda vez que a INTELI participa neste fórum anual que ocorre desde 1999, sob a coordenação da Fundação Brasil Criativo.

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Projecto Cidades Inteligentes aprovado pelo URBACT II O projecto Smart Cities – “Citizen Innovation in Smart Cities” foi aprovado pelo Programa URBACT II no passado mês de Abril. Trata-se de uma rede de cidades que tem como objectivo a partilha de experiências e boas práticas, assim como a elaboração de planos de acção local orientados para a co-produção de serviços públicos com forte envolvimento dos cidadãos. Sendo liderada pelo Município de Coimbra, a rede integra ainda as cidades de Santurtzi (Espanha), Mizil (Roménia), Gualdo Tadino (Itália) e Gdynia (Polónia). A INTELI apoiou a cidade de Coimbra na elaboração da candidatura para a primeira fase do projecto, sendo que irá participar como parceira na segunda fase que terá início em Outubro de 2012.

Laboratório de Lugares Criativos em Bragança A convite da ADDICT – Agência para o Desenvolvimento das Indústrias Criativas da Região Norte, a INTELI participou no Laboratório de Lugares Criativos em Bragança, no passado dia 5 de Junho. O evento reuniu um conjunto de agentes culturais e de actores ligados ao planeamento urbano do município. A INTELI apresentou uma comunicação sobre estratégias territoriais baseadas na criatividade, procurando responder ao desafio que lhe foi colocado: “Como podem os recursos e as iniciativas relacionadas com a criatividade e a cultura fortalecer-se através de uma estratégia que os potencie, desenvolvendo e projectando o território onde se desenvolvem?”. Os Laboratórios de Lugares Criativos estão integrados no “Portugal Criativo”, uma iniciativa promovida pela ADDICT que decorrerá de 21 a 23 de Junho.

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Lançamento do Livro “Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes” (Carlos Leite) São Paulo, Brasil - 11 de Junho Esta obra oferece um panorama geral sobre a sustentabilidade nas cidades, abordando os seus maiores desafios actuais: questões ambientais, mobilidade, inclusão, segurança e governação. O autor analisa como tornar as nossas cidades mais sustentáveis, criativas e inteligentes, apresentando os conceitos e indicadores mais importantes do urbanismo sustentável e exemplificando as iniciativas bem-sucedidas com casos reais.

Regions for Economic Change 2012 - Transforming Regional Economies: “The Power of Research and Innovation Strategies for Smart Specialization” Bruxelas, Bélgica – 15 de Junho A 5ª Conferência das Regiões para a Mudança Económica organizada pela Direcção-Geral de Política Regional da Comissão Europeia, irá discutir os desafios, benefícios e as possíveis limitações de aplicar a perspectiva da especialização “smart” através dos Fundos Estruturais da UE, assim como a melhor forma de aplicar esta temática customizada aos diferentes contextos nacionais/regionais.

Smart City Event 2012 Amsterdão, Holanda - 27 e 28 de Junho É uma das maiores conferências na Europa sobre “smart cities”, onde todas os envolvidos são convocados para dois dias de aprendizagem e troca de conhecimentos sobre os projectos mais bem-sucedidos de cidades inteligentes. O foco é a partilha de conhecimentos nas áreas das alterações climáticas e energia. Um dos principais oradores é Jeremy Rifkin, autor do best-seller do “The New York Times” “A Terceira Revolução Industrial”.

Smart Cities Summit 2012 Durban, África do Sul – 10 e 12 de Julho Esta cimeira será um evento focado no futuro do planeamento urbano em África, onde os problemas do sector público irão encontrar novas soluções. Os líderes do sector irão discutir e analisar algumas das questões relativas à criação de cidades inteligentes. O evento de três dias, em associação com o Departamento de Assuntos Ambientais, cobre todas as facetas da gestão da cidade moderna. Os principais oradores são Kevin James da Global Carbon Exchange, Kadri Nassiep do Instituto Nacional de Desenvolvimento de Energia Sul-africano e Marvin Benjamin da Siemens da África Austral.

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SITES & LINKS Cidades Sustentáveis – Blog do Banco Mundial

Cidades Sustentáveis + Inteligentes, Blog Carlos Leite

Urbanization Knowledge Partnership

Smart City Thinking: An open & collaborative space

Smart Growth America

World Foundation for Smart Communities

Mesh Cities

LIVROS & ARTIGOS Geography of Growth: Spatial Economics and Competitiveness

Nallari, N., Griffith, B. & Yusuf S.; Banco Mundial, Maio 2012 Este livro analisa os factores chave associados ao desenvolvimento das cidades, tais como a inovação, o crescimento verde, a concentração espacial e a inteligência urbana, procurando responder à seguinte questão: “Porque é que determinadas cidades se tornam mais competitivas e outras estagnam?”. O capítulo 5 é inteiramente dedicado às cidades inteligentes no âmbito das estratégias urbanas inovadoras.

Smart Cities as Innovation Ecosystems sustained by the Future Internet Fireball White Paper, Abril 2012

Este livro branco é um dos resultados do projecto europeu Fireball, apoiado pelo 7º Programa Quadro. Analisa as estratégias de “smart cities” que se encontram a ser adoptadas pelas cidades europeias, através de um conjunto de casos de estudo, com destaque para a aplicação dos conceitos de ‘inovação aberta’ e ‘co-criação’ com forte envolvimento dos utilizadores.

Beyond Smart Cities: How Cities Network, Learn and Innovate Campbell, T., Routledge, Janeiro 2012

Este livro procura analisar o papel das redes nos processos de aprendizagem e inovação nas cidades. São analisados oito casos de estudo de cidades onde a aprendizagem teve uma importância determinante nos processos de transformação urbana: Amman, Barcelona, Bilbao, Charlotte, Curitiba, Portland, Seattle e Turim.

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Smart Cities in the Innovation Age

In “Innovation: The European Journal of Social Science Research”, vol. 25, 2, 2012 Esta edição especial da revista “Innovation” aborda o tema das cidades inteligentes na era da inovação. Em particular, foca-se na viabilidade do conceito de ‘smart city’ através da apresentação de um conjunto de casos de estudo acerca dos factores críticos de sucesso e implicações das estratégias de cidades inteligentes.

Smart Cities Dynamics – Inspiring views from experts across Europe HVB Communicatie bv, 2012

Esta publicação integra diferentes visões acerca do conceito de ‘smart city’, apresentando um conjunto de boas práticas de diversas cidades europeias. Demonstram-se também os benefícios económicos, sociais e ambientais das cidades inteligentes, assim como as suas consequências sobre o trabalho dos decisores políticos, planeadores urbanos e empresários.

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FICHA TÉCNICA Edição e Coordenação: INTELI Equipa: Catarina Selada, Patrícia Afonso, Maria João Rocha e Diana Reis. Colaboraram nesta edição: Fernando Silva (Siemens), Shin-pei Tsay (Carnegie Endowment for International Peace), Carlos Leite (Universidade Presbiteriana Mackenzie) e Thomas C. Barrett (Banco Europeu de Investimento). Reportagem fotográfica: Anthony Malhado Design gráfico: Mónica Sousa (INTELI)


A INTELI é um think-and-do-thank que actua na área do desenvolvimento integrado dos territórios a nível económico, social, cultural e ambiental, através do apoio às políticas públicas e às estratégias dos actores locais. Opera nos domínios da cultura e criatividade, energia e mobilidade e inovação social, procurando contribuir para a afirmação de cidades e regiões mais criativas, sustentáveis e inclusivas.

INTELI – Inteligência em Inovação, Centro de Inovação Av. Conselheiro Fernando de Sousa, 11, 4º 1070-072 Lisboa – Portugal Tel: (351) 21 711 22 10 Fax: (351) 21 711 22 20 Website: www.inteli.pt E-mail: citiesbrief@inteli.pt


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