Newsletter RENERGY 01

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01 European Union European Regional Development Fund


RENERGY ESTRATÉGIAS REGIONAIS PARA POLÍTICAS ENERGÉTICAS SUSTENTÁVEIS Em vigor desde Julho de 2012, a parceria tem vindo a trabalhar no sentido de alcançar de forma eficaz o seu grande objetivo: contribuir para a concretização da Estratégia Energia 2020, fornecendo às cidades e regiões que integram o projeto mecanismos para o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono, através da identificação e fomento de oportunidades de negócio em produtos, tecnologias e serviços ligados ao setor energético e, consequentemente, contribuindo para a geração de emprego. Neste primeiro ano, para além da troca de boas práticas efetuada através de visitas de estudo a algumas das cidades e regiões parceiras, foram desenvolvidas iniciativas, com base numa abordagem participativa, com o intuito de identificar fraquezas e potencialidades dos territórios abrangidos pelo projeto. Através da realização de entrevistas a atores privilegiados, da aplicação de um questionário à comunidade e da organização de Energy Labs envolvendo empresas, academia, indústria e poder local, os diversos parceiros puderam traçar um diagnóstico fiel do seu território que servirá de suporte ao desenvolvimento de planos de implementação contextualizados, com a definição de resultados concretos e mesuráveis.

MAPA DA PARCERIA

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Ao nível nacional, a INTELI firmou uma colaboração com o município de Torres Vedras, com vista à definição e planeamento de ações concertadas e integradas de fomento das energias renováveis e da eficiência energética naquele município. A disponibilização de informação de referência e a promoção do debate público por parte do município têm sido determinantes para o eficaz desenvolvimento do projeto. Publicados os resultados do relatório de diagnóstico de Torres Vedras e as principais conclusões do primeiro Energy Lab realizado no início do ano, a INTELI encontra-se neste momento a desenvolver o Plano de Implementação para Torres Vedras, o qual incorporará os contributos dos agentes locais de forma a garantir a pertinência e viabilidade das ações definidas, e ainda a efetividade da sua concretização. Durante este processo, a INTELI desenvolverá, a par dos outros parceiros, um manual de boas práticas e um guia de recomendações políticas.

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TORRES VEDRAS MUNICÍPIO COM UM ELEVADO POTÊNCIAL ENERGÉTICO

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Devido às suas condições naturais e recursos endógenos, Torres Vedras é um exemplo nacional para a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis, dispondo de uma das maiores concentrações de energia eólica (52 turbinas para um total de 112MW) do país e prevendo nos seus planos a curto prazo a construção de um parque de biomassa. A aposta estratégica na promoção da eficiência energética e da utilização de fontes de energia renovável é ainda visível na sua participação em diversas redes e iniciativas de ação coletiva, como é o caso das diversas parcerias levadas a cabo com a INTELI, através da participação no Living Lab RENER, na rede de mobilidade sustentável MOBI.E, assim como no Índice de Cidades Inteligentes.

Biocombustíveis | A médio prazo, prevê-se que o município de Torres Vedras produza aproximadamente 10 300 toneladas/ano de biocombustível, através de duas empresas locais, uma das quais tem em fase de teste uma pequena unidade de produção de biodiesel que terá uma capacidade de produção de 321 toneladas/ano. Atualmente, a Câmara Municipal de Torres Vedras recolhe o óleo e entrega-o numa empresa local que o transforma em biocombustível, posteriormente utilizado no consumo da frota do município.

Segundo o relatório de diagnóstico realizado pela INTELI no âmbito do projeto RENERGY, Torres Vedras tem um elevado potencial na área da energia, especialmente no que diz respeito à produção de energia solar, biomassa e biocombustíveis: Solar | O número médio de horas de céu aberto por ano em Torres Novas é bastante generoso (2479 horas/ano). Por conseguinte, a região dispõe em média de 145Kcal/cm2 por ano de radiação solar. Biomassa | Mais de 20% do território de Torres Vedras é ocupado por floresta, principalmente por eucaliptos, o que significa que por ano podem ser produzidas mais de 8 mil toneladas de resíduos florestais, dos quais cerca de 50% podem ser utilizadas para fins energéticos. Nas áreas não florestais, prevê-se a possibilidade de recolha de cerca de 3 mil toneladas de resíduos para os mesmos fins. Atualmente encontra-se em fase de negociação um projeto que visa a construção de uma unidade de recuperação de resíduos provenientes da agricultura e silvicultura: o Parque de Biomassa do Oeste.

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ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE LOCAL

O potencial de Torres Vedras não fica pelas boas condições endógenas traçadas. A par de uma vasta lista de iniciativas levadas a cabo pelo poder local nas áreas da sustentabilidade, eficiência energética e utilização de fontes de energia renovável, o relatório de diagnóstico preparado pela INTELI demonstra um grande interesse por parte da população no que diz respeito a estes temas, nomeadamente, à implementação de medidas destinadas a melhorar a eficiência energética dos edifícios em que reside e trabalha. No entanto, a população carece ainda de informação técnica e específica sobre o desempenho e as vantagens das tecnologias associadas às energias renováveis, e sobre os benefícios da eficiência energética. Sendo a participação social uma condição essencial para o sucesso da utilização de fontes de energia renovável e boas práticas de eficiência, uma das principais medidas a consagrar no Plano de Implementação de Torres Vedras deverá centrar-se na sensibilização dos principais públicos-alvo, através de instrumentos de comunicação que estimulem o debate e a participação ativa dos cidadãos.

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REPORTAGEM

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EFICIÊNCIA FAZ-SE COM AS PESSOAS Lisboa acolheu, no passado mês de Fevereiro, o segundo encontro do projeto RENERGY – Estratégias Regionais para Políticas Energéticas Sustentáveis. Durante dois dias, passaram pelo Lisboa Story Centre cerca de 45 representantes dos 10 países que integram o projeto. Organizada pela INTELI, a iniciativa teve como principais objetivos discutir resultados preliminares e delinear estratégias futuras. No entanto, houve ainda espaço para a discussão de temas prementes relacionados com o envolvimento da comunidade e o papel dos mercados locais na utilização eficiente da energia e das fontes de energia renovável e com a mitigação das alterações climáticas. Até que ponto os fornecedores conhecem os mercados locais e respetivas necessidades? Quais os principais instrumentos e medidas para desenvolver a consciencialização e motivação dos cidadãos para a utilização das energias renováveis e práticas de eficiência energética? Qual o papel das comunidades locais para o alcance dos objetivos 2020 e mitigação das alterações climáticas? Foram algumas das questões que animaram o debate final do encontro, dividido em três mesas temáticas, e no qual participaram especialistas com diversas nacionalidades, experiência e perspetivas. Entre os principais constrangimentos realçados persistem os custos e o tempo associados ao investimento nestas soluções sustentáveis, assim como a consequente dificuldade de mudar mentalidades e comportamentos na ausência de resultados visíveis no imediato. Sá da Costa, presidente da APREN – Associação de Energias Renováveis, a quem coube a introdução do debate, afirmou que “temos a responsabilidade de deixar o mundo melhor do que encontrámos” e acredita que “não é possível alcançar nada na área das renováveis e eficiência energética sem a cooperação do público, do consumidor”. No entanto,

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existe ainda um longo caminho a percorrer ao nível da consciencialização, quer do consumidor, quer do investidor. “Sabemos que os combustíveis estão lá, mas não sabemos a que preço. Não é justo que a sociedade não se preocupe com a instabilidade do preço dos combustíveis, mas se preocupe com a instabilidade ao nível da disponibilidade das fontes de energia renovável”, reforça. A aposta deverá, portanto, passar pelo fomento de campanhas de comunicação e sensibilização adaptadas aos diversos públicos-alvo, com informação transparente, fiável e baseada na evidência. E embora cada país e região sejam singulares, com constrangimentos e oportunidades diferentes, iniciativas como esta, nas quais é possível perceber e partilhar experiências vividas noutros lugares e contextos, poderão ajudar no planeamento de estratégias precisas e assertivas. Até porque, como lembrou o represente da APREN, independentemente do contexto em que se percorra, há pelo menos uma ideia essencial a reter: “o caminho para a utilização eficiente da energia e promoção das energias renováveis não é para sprinters é para maratonistas”.


VISITAS DE ESTUDO BOAS PRÁTICAS IN LOCO

Entre Maio e Junho, a equipa do RENERGY viajou pela Europa com o intuito de obter um conhecimento mais profundo de algumas das boas práticas levadas a cabo nas regiões de três dos seus parceiros. Slagelse (Dinamarca), Tulln (Áustria) e Potenza (Itália) foram os destinos escolhidos. A iniciativa permitiu não só um contacto próximo com os projetos desenvolvidos e as pessoas envolvidas na sua implementação, mas também a organização de sessões de trabalho para discussão das ideias e experiências apresentadas e respetivo potencial replicador. Neste número, damos a conhecer a visita a Tulln, que contou com a presença de representantes da INTELI e da Câmara Municipal de Torres Vedras.

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TULLN COMUNIDADE COESA AO SERVIÇO DA SUSTENTABILIDADE Tulln é um caso paradigmático. Uma comunidade forte, coesa, que tem na agricultura a sua principal fonte de riqueza. Este é um conceito mais extensível do que a mera comercialização de produtos agrícolas. Na realidade, os agricultores de Tulln tiram todo o proveito possível do que produzem, desde a alimentação até à produção de calor e de energia elétrica. É notável a incorporação de energias renováveis na cadeia económica da comunidade agrícola. Além disso, apostaram na especialização em agricultura biológica o que potencia os seus índices de equilíbrio e sustentabilidade ambiental. Do cultivo do milho tudo se aproveita. O carolo para fazer pallets, os restos do milho são transformados em biodiesel, os cepos e folhas transformam-se em combustível para as caldeiras de aquecimento. A comunidade de Tulln aproveita a 100 por cento todas as mais-valias da biomassa. Os tratores e outras máquinas agrícolas só usam biodiesel. Foi criada uma central de biogás, utilizando resíduos como combustível, que fornece calor e eletricidade às empresas da comunidade e a cinquenta casas. Boa prática em Tulln é também o facto: i) da comunidade local se organizar em pequenos produtores que com equipamentos relativamente baratos, fornecem energia e aquecimento às casas vizinhas; ii) dos pro-

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dutores de suínos disporem de um sistema de valorização dos efluentes em biogás; iii) dos representantes da Lower Áustria disponibilizarem gratuitamente consultoria personalizada em soluções de eficiência energética, tendo em conta as características das habitações, o que revela que as iniciativas locais têm correspondência na definição das prioridades políticas de âmbito regional. A coesão e organização da comunidade é um fator determinante no sistema de sustentabilidade, sendo responsável por um elevado índice de utilização de energias renováveis e de incremento da eficiência energética na cidade.


CENTRAL DE BIOGAS A PARTIR DE RESÍDUOS AGRICOLAS

MATÉRIAS PRIMAS / Resíduos agricolas (milho e vegetais não escoados) / Resíduos florestais / Dejetos de suinos OUTPUTS / ANO / Potência: 1MW (8GWh/ano) - 1.5M€ INVESTIMENTO / 1.3M€ / 3 Funcionários tempo inteiro LOAD FACTOR RELEVÂNCIA / Biogás Armazenável - Programável 50 edifícios + rede eléctrica / 3.4 Km de distância ao último cliente

CARACTERISTICAS INOVADORAS

/ Foi criada devido à disponibilidade de àrea e recursos agricolas / A central de Riedling é um caso de sucesso, estando a ser estudada a sua replicação em países como a China, Japão, Austrália, etc... / A instalação inclui 1 suinicultura, uma estação de pesagem, 2 digestores, 1 estação de armazenamento e a estação de energia. Inclui ainda 3 parques de descarga de resíduos. / A alimentação inclui um conjunto variado de resíduos agricolas, florestais e animais. / Os produtos da digestão anaerobia são utilizados como fertilizante, garantindo a inoculação do material fecal dos suínos, assim como do odor.

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CONSULTORES PRIVADOS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA DOMÉSTICOS

REGIÃO ESTABELECE: / Critérios de certificação dos consultores / Tabelas de serviços e preços FUNDOS DERIVAM DE: / Fundos Europeus / Fundos próprios da Região / Da fee dos fornecedores de instalação, que “descontam” da fatura do cliente uma % que reverte para este fundo de manutênção

O funcionamento do sistema é simples: o consultor regista-se e pede certificação à região, e o cliente/residente requer a auditoria/ consultoria ao consultor. O consultor produz um relatório ou outro deliverable de acordo com as necessidades do cliente e a sua capacidade técnica, respondendo às necessidades específicas do mesmo e calculando os indicadores necessários e mais eficazes à tomada de decisão. O custo desta consultoria é assumido pela região e as relações entre o consultor e o cliente passam a partir desse momento a ser autónomas.

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BREVES

Torres Vedras integra a iniciativa Chave Verde A Câmara Municipal de Torres Vedras tem vindo a colaborar na execução do programa internacional Chave Verde, uma iniciativa que tem por objetivo a atribuição de certificados de reconhecimento de boas práticas na área da sustentabilidade a unidades hoteleiras. Ao nível do concelho já foram certificadas duas unidades: o Hotel Areias do Seixo e, mais recentemente, o Hotel Promar.

2015: Uma meta para a autosustentabilidade Torres Vedras prevê tornar-se autosustentável em termos energéticos em 2015, através da criação de uma central de gás natural no concelho, um projeto que será desenvolvido entre a Galp Energia e uma empresa hortícola local. A entrada em funcionamento da central permitirá não só o aquecimento de estufas, mas também o aumento da produção de energia do sistema de Torres Vedras. Está prevista uma duplicação dos 70GW que atualmente são produzidos.

Política sustentável atrai novos investimentos A aposta da Câmara Municipal de Torres Vedras no desenvolvimento sustentável do concelho, através do recurso a práticas de eficiência energética e do fomento das energias renováveis tem vindo a atrair novos investimentos para a região. Entre as diversas empresas ligas ao setor das renováveis que se instalaram no concelho, encontram-se uma fábrica de produção de painéis fotovoltaicos, pertencente à empresa espanhola Eurener, e uma empresa de componentes tecnológicos para a transformação de hidrogénio em combustível.

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Energy Labs A INTELI e o município de Torres Vedras realizaram no dia 23 de Janeiro um workshop destinado a debater e aprofundar a estratégia de eficiência energética da autarquia. Autoridades locais, empresas, associações e instituições do conhecimento tiveram oportunidade de interagir e debater o presente e o futuro da gestão energética no concelho, dando sequência a um novo paradigma de utilização de energias renováveis, que tem vindo a ser privilegiado nos últimos anos. Na agenda de trabalhos foram identificados cinco temas para debate: Biomassa; Biocombustíveis; Eficiência Energética; Microprodução e BioEconomia. Carlos Bernardes, vice-presidente da Câmara de Torres Vedras, definiu as linhas estratégicas do município para estas áreas. A INTELI, na qualidade de parceira do projeto RENERGY, apresentou o contexto, os objetivos e os resultados esperados do Plano de Ação Local e dinamizou o debate. Por seu lado os stakeholders centraram as suas intervenções em sugestões de iniciativas e identificação de oportunidades de negócio passíveis de promover direta ou indiretamente o aumento da taxa de utilização de energias renováveis e o seu impacte económico nas empresas e no desenvolvimento da região.

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FICHA TÉCNICA Edição e Coordenação: INTELI Equipa: Catarina Selada, Isabel Marques, Diana Reis, Maria João Rocha Design Gráfico: Anthony Malhado

INTELI - Inteligência em Inovação, Centro de Inovação Av. Conselheiro Fernando de Sousa, 11, 4º 1070-072 Lisboa - Portugal Tel. +351 21 711 22 10 Fax. +351 21 711 22 20 www.inteli.pt E-mail: info@inteli.pt

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