“O mundo em pedaços: cultura e política no fim do século” Geertz, Clifford: “Nova luz sobre antropologia”. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editora. p. 191-228 Não há verdade absoluta sobre as coisas, existem verdades relativas às circunstâncias, que atendem ao momento. Isto se torna evidente com o exercício intelectual para a produção da história escrita, não mais presa a doutrinas; uma história que tenha relação com o momento em que é escrita e, com o envolvimento do pesquisador. A reflexão sobre a política é um devir das relações de poder que se dão num dado contexto e momento específico. Aquela reflexão busca explicação e compreensão a respeito do jogo de poder naquele tempo específico, pouco transparente. Um dos pontos aqui relevante é o problema da identidade: é central para determinar como pertencemos a um grupo e como se constitui esse grupo. No caso do Brasil, a Ditadura Militar foi fundamentada e sustentada numa sociedade alegre, de democracia racial, criando mitos e estereótipos adotados pelo Regime. Assim, os militares se amparavam – em relação a essa identidade -, no discurso de sociedade democrática para justificar os atos; desta forma, passamos a suscitar uma dúvida quanto o caráter ideológico da identidade: até que ponto a identidade é uma simples ideologia? Transformar tantas diversidades em essência de objetivos particulares ou de alguns grupos é reduzir as diferenças em meras circunstâncias de uma história que deveria ser mais abrangente – capaz de atender à totalidade das inquietações sociais. Como entender um fenômeno político como o da identidade e qual o elemento que devamos persistir ou não como instrumento capaz de responder aos novos desafios que se processam a partir da globalização? A própria estrutura formada pelos historiadores do século XIX serviu de substrato para justificar a identidade tida hoje. Devemos incorporar questões do imaginário, dos signos, para fazer uma leitura diferente e mais apurada sobre a identidade, para que os fatos se tornem fontes cognitivas de compreensão. Outro ponto a ser considerado: em que consiste uma nação? No que diz respeito à globalização a cultura nacional estaria sendo massacrada por uma homogeneização racial e,