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TECNOLOGIA
SEPROD
OS DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA BASE INDUSTRIAL DE DEFESA NO CENÁRIO ATUAL
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Apandemia do Coronavírus e suas implicações evidenciaram, em escala mundial, sentido de contramarcha no processo de globalização e ressaltaram a necessidade de se reduzir a dependência externa em setores-chaves para a economia e a segurança nacionais, sobretudo nas áreas de maior conteúdo tecnológico, incluídas aí as cadeias produtivas e de valor.
Essa constatação reforça a lição histórica de que as nações mais desenvolvidas são aquelas com maior grau de autonomia tecnológica, cujos pilares foram erigidos a partir do desenvolvimento de seu setor industrial, sobretudo nos segmentos mais estratégicos e avançados tecnologicamente, com ênfase para a indústria de defesa.
É essa indústria que permite às Forças Armadas a obtenção de meios adequados, sejam navais, aéreos ou terrestres, para o fiel cumprimento de suas missões constitucionais e institucionais. Neste contexto, surge a necessidade de políticas públicas em prol da Defesa, de legislações, doutrinas e requisitos técnicos.
Nesse sentido, o fortalecimento dessa Base Industrial de Defesa (BID), de modo a se aumentar a autonomia tecnológica de nosso País, dotando a Marinha, o Exército e a Força Aérea de material de emprego militar totalmente nacional, com a consequente redução da dependência externa, configura-se como a principal missão da Secretaria de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa (SEPROD/MD).
Uma BID forte proporciona ao País uma Capacidade de Mobilização Nacional mais efetiva. Por exemplo, a chegada da Covid-19 ao Brasil em 2020 gerou consequências imediatas de ordem sanitária. Medidas de isolamento social passaram a limitar as ações da sociedade, tendo como consequência o impacto negativo na produtividade da indústria e nas atividades comerciais. to, mobilizando a BID para superar as dificuldades logísticas e de obtenção de produtos essenciais para o enfrentamento à pandemia. Foi operacionalizada, por meio de plataforma web, a campanha “COVID-19 – PRODUTOS AO ALCANCE DE TODOS”, para identificar, mobilizar e cadastrar empresas e produtos, além de promover a reconversão produtiva de diversas empresas e linhas de produção, a fim de criar e ampliar a oferta de bens para atender às necessidades do momento, o que reposicionou a Indústria Nacional, tornando o País menos dependente de tecnologia e insumos externos.
Em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), com empresas do setor automotivo e com os Ministérios da Economia e da Saúde, a SEPROD participou da iniciativa “+ Manutenção de Respiradores”. A ação recuperou quase 2,5 mil aparelhos respiradores que foram devolvidos às instituições de saúde de todo o País. Essa mobilização foi possível devido à sinergia estra“O fortalecimento dessa BID, para tégica do MD com a BID, que possui alto grau de aumentar a autonomia tecnológica capilaridade e conta com de nosso País, configura-se como a cerca de 1.130 empresas. Essa Base exerce forte e principal missão da SEPROD/MD.” crescente impacto sobre o PIB (Produto Interno Bruto) nacional, com participação em torno de 4,5% e potencial para crescer.
RECORDE DE EXPORTAÇÕES
O mercado internacional é de grande importância para a BID. Em 2019, alcançou-se cifra recorde de exportações de US$ 1,3 bilhão em produtos controlados, cerca de 30% superior ao ano de 2018. Para este ano, apesar dos efeitos perversos da pandemia, novo recorde é previsto, com expectativa de exportações da ordem de US$ 1,7 bilhão de dólares.
Para manter esse crescimento, a SEPROD tem atuado ativamente para apoiar as empresas da BID, com resultados bastante significativos. Um deles foi a assinatura, em junho de 2020, do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com a Federação das Indústrias do Estados de São Paulo (FIESP), cujo objetivo foi estabelecer projetos conjuntos para a elaboração de soluções estratégicas de financiamentos e investimentos na Base Científica, Tecnológica e Industrial de Defesa (BCTID). A primeira ação foi o desenvolvimento de um mecanismo financeiro informatizado - FINTECH DEFESA, customizado para atender às demandas da Economia de Defesa, com custos operacionais mais baixos, o qual já se encontra em plena atividade comercial desde setembro do corrente ano.
Com o objetivo de estabelecer cooperação técnica nos diversos segmentos do setor de Defesa e potencializar a inserção de empresas brasileiras de Defesa no mercado internacional, já foram realizados pela SEPROD 12 diálogos da Indústria de Defesa com nações amigas, como Estados Unidos, Argentina e Israel, além de 9 assinaturas de Memorandos de Entendimento (MoU) no setor de Defesa e mais 12 MoU com nações que visam ao desenvolvimento tecnológico na área de Defesa, além de ampliar o mercado para a BID nacional e de proporcionar o spin off de tecnologias para a sociedade civil.
Para o fortalecimento da BID, a SEPROD tem trabalhado na sua inserção na agenda política do governo. Os projetos estratégicos do MD e das Forças Armadas estão diretamente relacionados à construção de capacidades de defesa. A BID foi formada ao longo de décadas, e a sua manutenção e preservação é necessária à soberania do País.
Buscando proteger os investimentos já realizados, a SEPROD elaborou uma proposta de Política Nacional da Base Industrial de Defesa – PNBID. A intenção é dotar o país de uma BID cada vez mais desenvolvida, com capacidade para conquistar competitividade e autonomia em tecnologias indispensáveis à Defesa Nacional.
A sua regulamentação permitirá que a PNBID esteja alinhada com o atual cenário econômico, o qual aponta o desenvolvimento do setor de Defesa como uma importante alternativa às pretensões da retomada do crescimento econômico e a geração de emprego e renda.
ESFORÇO CONJUNTO
A SEPROD tem incentivado as empresas a buscar credenciamento junto ao Ministério da Defesa, obtendo um acréscimo na Base Industrial de Defesa de 34% de Empresas de Defesa (ED) e de Estratégicas de Defesa (EED) a partir de 2019. Também foram formuladas propostas de atualização de marcos legais, para fomentar a BID, reduzindo gargalos ao seu desenvolvimento. De igual forma, houve um incremento no credenciamento de Produtos de Defesa (PRODE) e Estratégicos de Defesa (PED) em 48%. Nas habilitações ao Regime Especial Tributário para a Industria de Defesa (RETID), em que houve um incremento de 240% no período, em relação às empresas que usufruíram do regime.
Estas medidas representam um maior ganho de competitividade por parte das empresas de Defesa do país, reduzindo custo de produção, gerando maior perspectiva de encomendas e fortalecendo toda a cadeia produtiva, além de aumentar a capacidade de investimento das Forças Armadas.
O mundo ainda passa por um momento difícil, mas nossa indústria de Defesa já se encontra em recuperação. Em articulação estreita com seus parceiros institucionais, públicos e privados, a SEPROD tem conseguido promover condições que permitam alavancar nossa BID. Para consolidar esse desenvolvimento, a BID depende de um esforço conjunto e harmônico do setor produtivo com o Estado.
ENTREVISTA
NA DIANTEIRA DA INOVAÇÃO: ATECH CRIANDO O FUTURO
Mais que um diferencial, hoje a inovação tornou-se uma questão de sobrevivência para as empresas, dentro de um cenário altamente disruptivo, impactado com velozes e constantes mudanças tecnológicas, mercadológicas e socioculturais.
Para a Atech, essa realidade vai muito além, e seus esforços não param na adaptação às novidades, e miram protagonismo, com um mindset atento para todos os tipos de movimento, antevendo cenários, criando o futuro e buscando o desenvolvimento de soluções que impactam órgãos públicos, privados, comunidades e cidadãos.
A empresa desenvolve tecnologias inovadoras e disruptivas com aplicações nas áreas de sistemas de comando e controle, embarcados, sistemas de proteção, segurança cibernética, treinamento, logística, tráfego aéreo, entre outras. É reconhecida como uma “System House” brasileira, com uma expertise única em engenharia de sistemas e tecnologias de consciência situacional e apoio à tomada de decisão.
Em entrevista exclusiva para a revista Informe ABIMDE, o Diretor de Negócios de Defesa e Segurança da Atech, Giacomo Feres Staniscia, fala sobre esse DNA inovador da empresa e da satisfação de participar desse processo de desenvolvimento de soluções que transformam a sociedade. parceria sólida e permanente com as forças armadas. Com a FAB, por exemplo, desenvolvemos tecnologias críticas, auxiliando o Brasil a se posicionar como referência internacional em sistemas e soluções integradas para o controle do tráfego aéreo e a defesa do espaço aéreo. A parceria com a Marinha do Brasil ocorre em dois programas estratégicos: o Programas das Fragatas Classe Tamandaré e o LABGENE – Laboratório de Geração de Energia Núcleoelétrica. Recentemente inauguramos escritório da empresa no Rio de Janeiro, visando intensificar os trabalhos no Programa Fragatas Classe Tamandaré, em que somos responsáveis pelo desenvolvimento do Sistema de Gerenciamento de Combate e do ADL - Automatic Data Link, em parceria com a Atlas, e pelo Sistema Integrado de Gerenciamento da Plataforma (IPMS), em parceria com a L3Harris, além de receptores de transferência de tecnologia (ToT), e ainda no H225M Naval, em que tivemos participação ativa no desenvolvimento e concepção do Sistema Tático de Gerenciamento de Dados Navais - NTDMS. Além disso, temos rompido fronteiras e atuado nas áreas de Defesa e Segurança também de outros países, como Índia e no Norte da África.
Importante ressaltar também a nossa divisão de B2B, criada a partir de 2017, com foco nas áreas de Gestão de Ativos, Logística, Segurança Cibernética, Conexões Inteligentes e Melhoria Contínua, e que tem possibilitado esse suporte de inovação e tecnologia aos demais setores produtivos. Com isso temos uma Atech integrada e focada para atuar com as demandas do futuro.
Informe ABIMDE: Como a Atech atua para estar na dianteira desses processos inovadores e oferecer soluções que atendam às novas exigências, novos hábitos de consumo e demandas de produtos e serviços de um mundo tão veloz?
Giacomo Staniscia: A essência da Atech é a inovação e entender as necessidades de um futuro próximo, criando meios para concretizar ideias e gerar valor. Temos total domínio do ciclo de vida de sistemas, aplicando conhecimento de ponta no desenvolvimento de soluções para projetos de diferentes portes e mercados, que auxiliam nossos clientes e parceiros, sejam da esfera pública ou privada, a promover a transformação de seus negócios.
IA - Como todo esse know how e postura inovadora tem contribuído para a área de Defesa e Segurança e auxiliado o Brasil na busca pela sua plena soberania e autonomia tecnológica?
Staniscia - Participamos no desenvolvimento, engenharia integração de sistemas, em plataformas fixas e móveis de projetos importantes como das aeronaves de última geração: o KC-390, o E-99M e o Caça Multifuncional Gripen. Esses propósitos relacionados a Defesa e Segurança Nacional do Brasil foram abraçados pela Atech e passaram a ser nossos também, temos uma
IA- Quais os desafios para o futuro?
Staniscia - Somos movidos a desafios. Hoje, com um mundo marcado por rápidas transformações, as tecnologias habilitadoras estão nos direcionando cada vez mais a traçar um futuro cada vez mais tecnológico, responsivo, conectado, ágil e eficiente. Não estamos nos adaptando ao novo, mas estamos criando o novo, nos apoderando, destas tecnologias como o 5G, a inteligência artificial, internet das coisas, big data, nuvem, robótica, segurança cibernética e outras, extraindo o máximo de potencialidade delas para a construção desse futuro que está próximo. Giacomo Staniscia Diretor da Atech