O JORNAL DA REGIÃO DO SÃO FRANCISCO
Distribuição dirigida
Criado em 18/02/2004 • Fundador: Antônio Galdino Paulo Afonso, BA • Julho de 2015 • Ano XII • Número 137
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Paulo Afonso – 57 anos irmãos Antônio, José e Manoel Neto, Raimundo Toledo, João Sapateiro, Francisco Domingos, João Carpinteiro, Manoel Nascimento, Antônio Patrício, Gilberto Leal, Zezito Cordeiro, Antonio Carlos Lucena, José Miron de Siqueira, José Rudival, seu Manoel, (pai de Oscar Silva) e muitos outros, todos, como diz o Hino de Paulo Afonso “guerreiros que enfrentam a batalha, firmando os pés na terra da magia...” e todos, injustamente, esquecidos... Nesta edição da Folha Sertaneja, o reconhecimento aos que seguem lutando pelo crescimento de Paulo Afonso e a homenagem, o respeito e a gratidão a todos os que começaram esta caminhada... Ao pioneiro Abel Barbosa, ex-vereador em Glória e em Paulo Afonso por duas décadas, ex-prefeito de Paulo Afonso duas vezes num total de quase 8 anos de gestão, hoje, aos 87 anos, morador do Jardim Aeroporto, de forma especial: MUITO OBRIGADO, ABEL!
A este pioneiro, verdadeira “ama-seca” de Paulo Afonso, também a homenagem do poeta Fernando Lucas que lhe dedicou este acróstico:
Acróstico em homenagem a Abel Barbosa
Foto: Antônio Galdino
De Forquilha a Paulo Afonso, foram pouco mais de sessenta anos. Desde a chegada da Chesf, em 1948, bastaram 10 anos para o povoado se transformar em município. Nessa década, foram muitas as lutas para isso e à frente delas estava sempre um pernambucano baixinho, escolado nas campanhas políticas de nomes como Apolônio Sales, Agamenom Magalhães, Barbosa Lima Sobrinho, chamado Abel Barbosa e Silva. Se Paulo Afonso é hoje um dos maiores municípios da Bahia, polo de desenvolvimento de uma grande região da Bahia e referência para dezenas de outros municípios também dos Estados de Alagoas, Sergipe e Pernambuco, com quem faz fronteira, não se pode esquecer, como acontece há muitos anos, a importância do trabalho, do amor, da dedicação de Abel Barbosa e seus amigos pioneiros – D. Risalva, Luiz Inocêncio, os
Páginas 6 e 7
Cinzas de Bret Cerqueira e de D. Neyde se transformam em energia nas usinas de Paulo Afonso
Fernando Lucas Pessoa Mota Abancou-se na Bahia. Veio de Pernambuco. Virou história Boato? Não! O registro é forte. Exala paixão. Pura energia. Envolveu-se com o município de Santo Antônio de Glória Lutou por espaço. Mudou a Bahia, a sua história e a sua geografia. Boa vontade, coragem e idealismo Abraçou os segregados e os desvalidos Removeu o ranço estigmatizante próprio do exclusivismo Bateu de frente com o poder. Enfrentou perigos O homem não é medido pelo tamanho de seu físico Seu valor é calculado pelo seu modo de pensar e de sentir A sua vida tem a marca daquilo que ajudou construir
Páginas 4 e 5
Revitalização dos Lagos. Beleza, lazer, turismo Página 15
Paulo Afonso irá receber a Tocha Olímpica Rio 2016 Página 3
Entrou na luta, sem descanso. Fez da Forquilha, Paulo Afonso Sua mente fértil, sua vontade forte e sua sensibilidade Inflamadas, geraram esperança que reflete o sucesso Legou ao povo que estava sendo formado, cidadania e dignidade Valorizou a massa jovem, ofereceu-lhe disciplina. A base do progresso. Aqui está o Chefe Abel. Cidadão Simples. História Rica, sem retrocesso.
Desfile da emancipação leva milhares à Avenida Apolônio Sales. Veja as fotos Páginas 8 e 9
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Paulo Afonso - BA • Julho de 2015 • Ano XII • Número 137
Temos lagos
EDITORIAL
Poderíamos ter escrito, para os leitores cultos e ligados do site, habemus lacus, temos lagos em latim. Como o cardeal camerlengo anuncia habemus papam após a eleição de um novo papa – e o mundo católico aliviado aplaude -, anunciamos, como está nos sites da cidade, as expressões latinas devidamente em itálico, que já temos alguns dos nossos lagos cheios. Parabéns de peito cheio para os sensíveis responsáveis pela limpeza do sistema de lagos muito bem sonhado, projetado e realizado pelo Dr. Amaury Menezes. Não creio que alguém discorde que Paulo Afonso é um patrimônio que merece – e talvez dependa
Julho... Memórias de Paulo Afonso Mas esta edição histórica do Folha Sertaneja, para ler e guardar com carinho, traz também a memória viva do Sr. Manoel Braz que festeja 95 anos, morador todo esse tempo do Bairro, hoje chamado Centenário, que era Tapera de Paulo Afonso desde os anos de 1725. Registramos nessa edição o início da revitalização dos lagos de Paulo Afonso que voltam a receber água e serão úteis para o lazer e para o turismo, e nos associamos à alegria dos milhares de estudantes das escolas e colégios da Ilha de Paulo Afonso que encheram a Avenida Apolônio Sales de cores e animação no desfile dos 57 anos de emancipação do município e os das escolas da Rede Municipal que, num inteligente e brilhante trabalho do coreógrafo Júnior chamaram a atenção para o sério problema da pouca água potável na região e no mundo. Os pauloafonsinos, glorienses e outros municípios ribeirinhos do São Francisco, vivem rodeados de muitas águas dos reservatórios da Chesf e não se dão conta que a água está faltando em muitos lugares o que tem prejudicado inclusive a produção de energia elétrica, como confirmou o Diretor de Operação em entrevista que o jornal traz nesta edição onde revela que o reservatório de Sobradinho que tem a capacidade de armazenar 34 bilhões de metros cúbicos de água hoje tem cerca de 14% de sua capacidade em Novembro deve chegar a apenas aos muito preocupantes 5% dela. Muitas usinas, inclusive quase todas de Paulo Afonso estão paradas. Sobre a política que já esquenta em Paulo Afonso fica a pergunta que não quer calar: Luiz de Deus é ou não o candidato de Anilton à sua sucessão? Pelo que se viu e ouviu em recente inauguração de obra do município... A expectativa da Folha Sertaneja é que a Forquilha de ontem, continue sendo hoje e nos próximos amanhãs, um Paulo Afonso pulsante, crescente, destacado polo de desenvolvimento regional, gerador de emprego para os seus filhos e para as próximas gerações... As páginas sobre Qualidade de Vida voltam na próxima edição.
de – a nossa mais furiosa defesa. Olhando para a história do município e região, tão bem registrada por escritores dedicados como Euclides Batista, podemos deduzir a força de vontade e a resistência aos dizedores de não dos nossos pioneiros. Mais adiante alguém de peso também vai nos louvar; vai louvar gestores, editores, escritores, colunistas e cidadãos honrados que uns poucos descomprometidos inocentes muitas vezes procuram atingir. Uma oposiçãozinha contínua tem que haver para podar a tentação da vaidade, mas vale a pena o nosso louvor para todos esses citados. Habemus lacus, senhores gestores. Queremos, mais adiante, voltar
aqui e de novo bradar: habemus pisces (temos peixes). Que os gestores não nos considerem chatos, rabugentos ou ingratos. É muito compensador ver os impostos voltando em forma de bem-estar. Queremos, mais ainda, é ver pisces in lacubus, isto é, peixes nos lagos. Nós nos declaramos insaciáveis na ânsia de crescer. Pronto. Cremos ter eliminado o perigo da chatice. Só nos falta acrescentar aquilo que a maioria de nós preza: a praticidade e o pragmatismo do esforço realizado até agora. Peixes, camarões, pitu, tudo víamos nos lagos de Paulo Afonso quando estavam cheios. A turma fazia a festa. A festa dos pescadores era certamente a nossa festa.
Chico Buarque e a roda-viva de Dulce
Jânio Soares
Fotos: Antônio Galdino
Criado há mais de 11 anos, o jornal Folha Sertaneja tradicionalmente traz em suas páginas nas edições do mês de Julho histórias dos primeiros tempos, desde a pequenina Forquilha. E temos insistido nisso porque, infelizmente os estudantes das escolas do município pouco ou nada conhecem deste lugar onde estudam e moram e onde vivem ou viveram seus pais, seus avós... Assim, destacando a figura de Abel Barbosa, que vivo, aos 87 anos, acompanha, à distância, no seu exílio voluntário, o que acontece por aqui. Ele, que deu vida a tudo isso na luta de muitos anos pela emancipação do município, tão festivamente comemorada, nem é lembrado... Nas páginas do nosso Folha Sertaneja, recontamos a história de Paulo Afonso e destacamos, mais um vez, o trabalho, a luta de Abel Barbosa. Nesta edição de tantas lembranças, a emoção da homenagem que a Chesf fez ao velho pioneiro Bret Cerqueira Lima que morreu aos 94 anos em Salvador e de sua esposa, D. Neyde Cerqueira Lima, ele engenheiro, cinegrafista, fotógrafo, cantor, compositor da Marcha do Operário e também exímio professor de Matemática do Ginásio Paulo Afonso o nosso GPA/COLEPA de onde a esposa Neyde foi professora e diretora muito amada. O seu amor a Paulo Afonso pode ser resumido no pedido que fez publicamente há 10 anos, em 2005, quando a Usina Paulo Afonso I, que ele ajudou a construir fez 50 anos. Ali, envolvido numa emoção que contagiou a todos pediu que ao morrer, fosse cremado e suas cinzas se transformassem em energia nas Usinas hidrelétricas de Paulo Afonso que ele ajudou a construir, “para se transformarem em energia” O seu desejo foi cumprido pela família com todo o apoio da Chesf. As suas cinzas e da esposa amada D. Neyde, foram jogadas nos adutores das Usinas PA I e PA II no dia 26 de Julho, quando ele completaria 96 anos de idade.
Francisco Nery Júnior
Dulce, no desfile de 28/07/2015
Na última terça-feira, bem cedinho, encontrei minha velha amiga Dulce trajando seu melhor vestido e ostentando um vistoso broche do brasão municipal no peito. Toda orgulhosa, mais uma vez ela repetia o ritual de anos anteriores, quando sempre madruga na avenida motivada por duas importantes celebrações: a emancipação da cidade e a sua chegada por essas bandas, coincidentemente acontecidas no mesmo 28 de julho de 1958. Como ainda faltava um tempinho para o início do desfile, resolvemos esquentar os ossos sob um sol mais indo do que vindo e aproveitamos para papear um pouco e observar o posicionamento dos carros alegóricos, cheios de alusões aos 57 anos da cidade. “Não morro feliz enquanto não for homenageada num desses”, me confessa a
estimada “professora”, que durante anos e anos teve a árdua e prazerosa tarefa de ensinar o bê-á-bá das alcovas a toda uma geração de pauloafonsinos e agregados. Com 80 anos comemorados no último 23 de junho entre bandeirolas, balões e fogos espocando no céu, mais uma vez ela me conta que ainda mocinha, lá em São Bento do Una (PE), soubera que por aqui o dinheiro vadiava nas mãos da peãozada que trabalhava na construção das hidroelétricas e não teve dúvidas; jogou umas mudas de roupas numa maleta, fez sinal de carona na beira da estrada e em pouco tempo balançava na boleia de um caminhão rumo à balsa que atravessaria o São Francisco até Glória, e dali à cidade que mais tarde iluminaria a sua, o Nordeste e o seu aventureiro coração. Ao som dos primeiros acordes de uma banda marcial, ela ainda encontra tempo de me contar a genial história de como surgiu o bordel mais ilustre da região. Corria o ano de 1967 e na época ela gerenciava o Cobra Verde, famosa boate da periferia. Numa noite de tempestade, depois de uma discussão braba com o proprietário, ela foi expulsa do estabelecimento e saiu pela escuridão completamente desorientada, levando consigo apenas um radinho de pilha dentro de uma sacola e o gosto agridoce da mistura chuva/
lágrimas lhe escorrendo pelo rosto. Sem ter pra onde ir e toda encharcada, ela se abrigou sob uma marquise de uma casa abandonada, ligou o rádio e, como numa novela ou num filme onde nessas horas sempre toca a música exata para emoldurar o drama, surge a voz de Chico Buarque cantando seu mais recente sucesso, cuja primeira parte diz: “Tem dias que a gente se sente/como quem partiu ou morreu/a gente estancou de repente/ou foi o mundo então que cresceu/a gente quer ter voz ativa/no nosso destino mandar/ mas eis que chega a roda-viva/e carrega o destino pra lá”. “Naquele instante eu tirei de mim uma força que nem eu sabia que tinha e fiz um juramento: um dia ainda vou ter a minha própria casa e ela terá o nome da música que aliviou minha dor e mudou minha vida”. Tempos depois nascia o Roda-Viva, ou melhor, a Churrascaria Roda-Viva, disfarce perfeito para o rodízio das carnes mais suculentas e cobiçadas da história de Paulo Afonso. Mas isso é papo para mais adiante.
Churracaria Roda Viva
EXPEDIENTE Rua da Concórdia, 555-B - Gal. Dutra - Chesf Tel/fax: (75) 3282.0046 - CEP: 48607-240 Paulo Afonso - Bahia E-mail: professor.gal@gmail.com O JORNAL DA REGIÃO DO SÃO FRANCISCO
Acesse nosso site: www.folhasertaneja.com.br Os textos assinados não representam necessariamente a opinião do jornal, sendo da responsabilidade dos seus autores.
Diretor Antônio Galdino Secretário de Redação Nícolas Silva Colaboradores desta edição Francisco Nery e Jânio Soares Diagramação Admilson Gomes
Fotos Antônio Galdino, Washington Luiz, Site Maisfesta, João Tavares e Arquivo Folha Sertaneja. Impressão Gráfica Pontual (Caruaru-PE)
Paulo Afonso - BA • Julho de 2015 • Ano XII • Número 137
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Paulo Afonso e mais seis cidades baianas vão receber a Tocha Olímpica Rio 2016 Comitê Organizador Rio 2016, ato que teve a participação da presidente Dilma Rousseff, do presidente do Comitê Organizador, Carlos Arthur Nuzman, atletas paraolímpicos, ex-atletas, além de outras autoridades. O governador da Bahia, Rui Costa, foi representado no evento pelo titular da Representação do governo baiano em Brasília, Jonas Paulo, que comemorou o anúncio. "A Bahia receberá a Tocha Olímpica com emoção, muito calor humano e alegria", disse Jonas.
Em Paulo Afonso, o Prefeito Anilton Bastos também recebeu a notícia com grande alegria e disse que o seu governo vai promover um grande evento na ocasião. O Secretário de Cultura e Esportes, Jânio Soares, também muito empolgado com a notícia disse “várias pessoas da comunidade, ex-atletas, figuras folclóricas da cidade, estudantes e pessoas de vários segmentos da sociedade local estarão participando desse momento histórico para Paulo Afonso”.
Na conversa com o Secretário Jânio Soares lembramos que entre os nomes que deverão participar desse momento não se pode esquecer de Joabson Oliveira que por várias vezes esteve representando o município de Paulo Afonso na Corrida de São Silvestre, realizada em São Paulo no final de cada ano. A chama do maior evento esportivo do mundo chega ao Brasil em maio de 2016, levando a mensagem de paz, união e amizade aos quatro cantos do país.
Foto: Antônio Galdino
A cidade de Paulo Afonso foi uma das sete do Estado da Bahia que vai receber a Tocha Olímpica Rio 2016. As outras cidades baianas são: Salvador, Vitória da Conquista, Valença, Senhor do Bonfim, Porto Seguro e Ilhéus. No total, a Tocha Olímpica passará por 300 cidades brasileiras e a notícia que Paulo Afonso está entre as cidades baianas foi divulgada no início do mês de Julho, dia 03, Brasília, durante cerimônia do
Fotos: Antônio Galdino
Anilton: "Este palanque é seu, Luiz de Deus!"
A inauguração da reforma do PSF Irmã Rita, no Bairro Centenário, além de ser uma ação administrativa do gestão do prefeito Anilton Bastos foi sobretudo um novo marco na consolidação dos laços políticos e de família de Luiz de Deus e Anilton Bastos.
Em sua fala, o prefeito Anilton Bastos ressaltou o cronograma de inaugurações do seu governo, “estamos entregando uma obra para a comunidade a cada semana e isso tem incomodado muito algumas pessoas. Mas continuamos com o mesmo propósito da nossa
gestão: enquanto eles criticam, nós continuamos trabalhando”. Mas o foco, no palanque, esteve mesmo voltado para o ex-prefeito e ex-deputado Luiz de Deus, a quem Anilton Bastos chamou à frente e dirigiu palavras de elogio que soaram claramente como uma declaração pública de que Luiz de Deus é mesmo o candidato à sua sucessão na Prefeitura. “Luiz, você sabe que este sempre foi e será sempre o seu palanque. Aqui, todos os recebemos com os aplausos e o carinho que você merece. Foi você que começou toda essa história ao ser eleito prefeito de Paulo Afonso e depois, quatro vezes deputado estadual e uma vez deputado federal. Esse é o seu palanque, Luiz de Deus!”, disse o prefei-
to de Paulo Afonso. Ao final do seu discurso o próprio prefeito dispensou a intervenção do mestre de cerimônia e ele próprio anunciou o nome de Luiz de Deus como o último orador da solenidade. Bem diferente de como esteve na inauguração do condomínio do programa Minha Casa Minha Vida, no final de Junho, no BTN, Luiz de Deus estava bem à vontade no palanque, ao lado do prefeito Anilton, vereadores de sua base e lideranças políticas e, muito aplaudido, também não se fez de rogado. Abrindo largo sorriso, devolveu ao prefeito Anilton Bastos os elogios que ele lhe fez e destacou suas “qualidades de homem público e de gestor honesto”.
Luiz de Deus também se desculpou “por não estar presente outras vezes nesse palanque, porque estávamos vivendo um momento de eleições para o governo do estado e, ali, estávamos realmente em palanques dife-
rentes. Mas as eleições acabaram...” À boca pequena e entre os mais próximos, o prefeito Anilton Bastos tem afirmado, com todas as letras que “Luiz de Deus é o candidato a prefeito de Paulo Afonso em 2016”.
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Paulo Afonso - BA • Julho de 2015 • Ano XII • Número 137
Cinzas do engº. Bret Cerqueira e da esposa D. Neyde transformam-se em energia nas Usinas de Paulo Afonso Fotos: Antônio Galdino, Arq. Folha Sertaneja
A saga de Bret Cerqueira Lima – a estrela que ilumina o Nordeste
Bret e a câmera das primeiras filmagens na Chesf
Ver. Antônio Alexandre e Bret Cerqueira - Cidadão de Paulo Afonso.
O seu amor pela Chesf era tão intenso que, convidado para participar da solenidade comemorativa dos 50 anos de inauguração da Usina Paulo Afonso I, em 2005, fez o seguinte discurso (gravado em vídeo por Antônio Galdino): "Quando eu fizer a minha última viagem de ida, sem volta, eu não quero ser enterrado, ..., eu quero ser cremado! E que minhas cinzas sejam jogadas nos túneis adutores da primeira usina e da segunda usina que é para
Dr. Mucinni, Bret e D. Neyde quando recebiam título de Cidadão de Paulo Afonso
Também presente a sobrinha Sandra Lúcia Cunha Pinheiro Muccini, graduada em turismo pela FASETE e residente em Paulo Afonso. Em sua casa foram gravadas cenas do vídeo em que Dr. Bret conta as suas vivências na Chesf. Sandra realizou entrevistas escritas com ele e com o Dr. Muccini (ex-sogro). Sobre Dr. Bret Cerqueira foi publicado artigo do Professor Sérgio Malta (Prof. da Fasete, UNEB, CESVASF, doutorando/UFPE), na Revista Científica RIOS, da FASETE - ano 1 - agosto/2007, que é um extrato de sua monografia, sob o título: Período Pioneiro da HE de Paulo Afonso,
As cinzas de Bret Cerqueira e D. Neyde jogadas...
estas cinzas ao se transformarem em energia hidráulica, em energia mecânica e também em energia elétrica, seja este o meu último trabalho na Chesf e pelo Nordeste". Dr. Bret, como era conhecido, foi admitido na Chesf em 24 de março de 1949, residindo em Paulo Afonso até 30 de janeiro de 1966. Faleceu em Salvador, no dia 10 de setembro de 2013, aos 94 anos. Mas o seu desejo, gravado em vídeo e deixado em documento, fui cumprido com todas as honras que fez por merecer. No dia 24 de Julho de 2015, no dia do seu aniversário de 96 anos, seus familiares foram recebidos pelos chesfianos de Paulo Afonso, especialmente da Gerência Regional de Operação, cujo gestor Engenheiro Flávio Motta e todos de sua equipe organizaram uma solenidade tocante, muito emotiva, para atender o desejo do sempre chesfiano Bret Cerqueira Lima. A iniciativa da GRP foi aprovada pela diretoria da Chesf e ali estava presente o seu atual diretor de Operação, engenheiro José Ailton Lima e também o seu antecessor,
engenheiro Mozart Bandeira que agora assume a Presidência da Fachesf e assessores. Em frente à Praça dos Pioneiros, no hall de entrada da Usina Paulo Afonso I, onde a GRP montou um Memorial Técnico, foram exibidos vídeos e documentários, executada a Marcha do Operário e ouviram-se muitas mensagens exaltando a importância de Bret Cerqueira Lima na histórica construção da Chesf. O próprio Flávio Motta, visivelmente emocionado, como muitos dos presentes, conduziu esta solenidade onde também estiveram presentes o Administrador Regional da Chesf, Augusto César, gerentes, funcionários da GRP, sobrinhos do Dr. Bret Cerqueira, todos pauloafonsinos filhos do Dr. Muccini, médico pioneiro e fundador do Hospital Nair Alves de Souza, cunhado de Bret, e suas famílias. Haroldo, João Gustavo, José Augusto e Paulo Henrique, todos de sobrenome Muccini representando toda a família, inclusive o irmão Antônio Geraldo que não pode vir, mostraram-se muito emocionados em todos os momentos das homenagens ao seu tio Bret.
... nas águas das Usina PAI e PAII, em Paulo Afonso
Foto: Júnior Barros.
Um dos chesfianos pioneiros que teve sua presença muito marcante em vários momentos dos primeiros tempos da Chesf em Paulo Afonso, onde colocou a sua técnica de engenheiro e o seu talento, foi Bret Cerqueira Lima. Ele fotografou e filmou os eventos mais importantes dos primeiros anos da história da Chesf em Paulo Afonso. Foi radioamador, fundou o primeiro jornal de Paulo Afonso chamado O Mandacaru. Compôs a Canção “Marcha do Operário da Chesf”, foi exímio professor de Matemática do Ginásio Paulo Afonso onde desafiou o representante do MEC para, ao invés de aplicar um teste com ele, professor, que fizesse isso com qualquer um dos seus alunos, todos mestres na sua disciplina. Foi um grande lutador para conseguir recursos para a construção do Ginásio Paulo Afonso, criou, mais recentemente, o relógio do sol, em Xingó. De tudo que fez muito se orgulhava, mas ressaltava sempre o seu grande prazer de ter ajudado a construir as Usinas Paulo Afonso I e Paulo Afonso II. Por toda essa atividade desenvolvida em Paulo Afonso, a Câmara Municipal, por iniciativa do vereador Antônio Alexandre dos Santos, concedeu a Bret Cerqueira Lima, por unanimidade, o título de Cidadão de Paulo Afonso, que lhe foi entregue em solenidade realizada no dia 16 de abril de 2002.
uma contribuição à historiografia de base local e regional. De Salvador, o ex-diretor da Chesf, Luiz Fernando Motta Nascimento, enviou comovente mensagem por telefone, transmitida para todos os presentes, como também fez Nancy Coelho que em várias oportunidades, quando na Assessoria da Administração Regional de Paulo Afonso e na gerência do Hospital Nair Alves de Souza, esteve com o Dr. Bret quando ele, em várias oportunidades, gravava vídeos, através do Professor Antônio Galdino e de outros profissionais de Paulo Afonso, onde contou muitas histórias de sua passagem pela Chesf nesta região. Depois, em um momento ainda mais tocante, todos seguiram para o alto da barragem das Usinas Paulo Afonso I e Paulo Afonso II e ali, nos túneis adutores destas usinas suas cinzas foram jogadas nas águas para, como era o desejo de Bret, se transformarem em “energia hidráulica, em energia mecânica e também em energia elétrica” como seu “último trabalho na Chesf e pelo Nordeste”.
Da esq: Engºs Mozart Bandeira, Flávio Motta e Carlos Roberto
Em frente à Usina Paulo Afonso I (inspirada em foto histórica)
Paulo Afonso - BA • Julho de 2015 • Ano XII • Número 137
Junto com as cinzas de Dr. Bret nos adutores da 1ª e 2ª Usinas de PA, em 24/07/2015, também foram lançadas em conjunto as de sua esposa D. Neyde Cerqueira Lima. Ela faleceu em 19/03/2010 e logo após a "partida" dela, tomado de imensa emoção, Dr. Bret chegou a afirmar que não queria mais o que declarou no evento comemorativo do 50 anos de inauguração da Usina I em 2005, e sim "ficar ao lado dela". Como a família Cerqueira Lima Muccini, através de João Gustavo, tomou a decisão de cremá-la, pois a perda repentina de Kátia, sua filha única, anos antes, foi muito traumática, então também guardou suas cinzas para que com as dele fossem "jogadas" em PA.
Famíliares de Bret Cerqueira e D. Rosa Cunha e Flávio Motta na placa/homenagem, na GRP
A família de Bret Cerqueira, através dos sobrinhos, com vozes entrecortadas, deixou a sua “gratidão
à Chesf, pela acolhida que tivemos e pelo carinho com que cuidaram de atender ao desejo do nosso querido tio
de quem muito nos orgulhamos.”, mensagem apresentada no ato do lançamento das cinzas de Dr. Bret e
Sobrinhos de Bret Cerqueira (à direita), José Aliton dir. Operação da Chesf e Mozart Bandeira, ex-diretor.
D. Rosa entrega cópia de documentário feito por ela para a famíia do Dr. Bret
D. Neyde nos adutores das Usina PA I e PA II e em nota enviada ao engenheiro Flávio Motta, gerente da GRP (veja box). O diretor de Operação da Chesf, José Ailton, também falou “da importância que foi o trabalho do Dr. Bret Cerqueira para a construção das primeiras usinas da nossa Chesf. A emoção que toma cada um de nós nessa hora mostra quanto ele foi e continua sendo amado por todos nós, chesfianos e familiares. Hoje o que vemos é apenas cimento, concreto, mas nunca iremos esquecer que por aqui, para que o sonho da energia elétrica para o Nordeste acontecesse, muitas almas passaram por aqui. E podemos estender esta homenagem ao Dr. Mucinni, aqui representado pelos seus filhos e familiares,
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porque o trabalho de Bret foi também uma construção coletiva, envolveu muitos pioneiros e Muccini, que aqui chegou a convite do próprio Bret, foi mais um deles.” Além de cumprir o que pediu Bret, a Gerência de Operação de Paulo Afonso, pela sensibilidade de Flávio Motta, decidiu dar os nomes dos pioneiros às ruas e prédios desta Gerência de Operação. Assim: “a denominação do logradouro que interliga a Usina Paulo Afonso II, a Usina Paulo Afonso I e a Usina Paulo Afonso III, recebeu o nome do Engenheiro Bret Cerqueira Lima. Uma justa homenagem a uma pessoa que sempre procurou unir todos pela grandeza da Chesf e do Nordeste”. (frase do engo. Luiz Fernando Motta em email datado de 23/07/15).
Flávio Motta conduz cerimônia de homenagem a Bret Cerqueira, na Usina PA I
Bret Cerqueira com Eng. Flávio
Bret Cerqueira com Antônio Galdino
Nota de agradecimento à CHESF e amigos Chesfianos "Quando eu fizer a minha última viagem de ida, sem volta, eu não quero ser enterrado, ..., eu quero ser cremado! E que minhas cinzas sejam jogadas nos túneis adutores da primeira usina e da segunda usina que é para estas cinzas ao se transformarem em energia hidráulica, em energia mecânica e também em energia elétrica, seja este o meu último trabalho na Chesf e pelo Nordeste" Com estas palavras, gravadas em vídeo em 2005, e sempre renovadas em nossas conversas na convivência di-
ária nos últimos anos, seria impossível não atendermos ao desejo do velho pioneiro! Mas seria possível viabilizar a sua vontade? A CHESF permitiria? Após contatos iniciados com o José Paulo, que nos encaminhou para o Gerente Regional Ubirany Souza e em sequência, Flávio Motta, com quem mantivemos todos os contatos, Carlos Roberto, Nancy, Rosa..., e muitos outros admiradores, obtivemos um apoio muito maior do que imaginávamos. A boa vontade e o carinho de todos os envolvidos
na recepção da nossa família e na condução da homenagem muito nos sensibilizou, pois foi uma demonstração clara do reconhecimento do trabalho de Tio Bret, que
com sua competência como engenheiro e carisma ímpar, conquistou uma legião de verdadeiros amigos que o acompanharam até a sua tão desejada "última viagem".
Uma linda homenagem, carregada de emoções e demonstrações de grande afeto e respeito por uma pessoa respirou a CHESF enquanto viveu. Difícil descrever com palavras o nosso sentimento pelo que foi feito. Sabemos agora que o casal de pioneiros, Bret e Neyde, transformados em energia, continuarão iluminando os horizontes, passando toda a transparência e integridade das suas vidas não somente para os amigos, mas para todo o Nordeste, e por que não, todo o Brasil. Nossos profundos agradecimentos a presença de todos que
contribuíram para abrilhantar o evento, e um especial muito obrigado à CHESF, representada pelo seu Diretor de Operações José Ailton de Lima, pelo ex-Diretor de Operações Mozart Bandeira e pelo Administrador Regional Augusto César, empresa da qual o velho pioneiro tinha orgulho em fazer parte, por ter proporcionado todo o apoio logístico para a concretização de tão bela e justa homenagem na data em que ele completaria 96 anos. Família Cerqueira Lima Muccini João Gustavo Muccini
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Paulo Afonso - BA • Julho de 2015 • Ano XII • Número 137
Porque o nome Paulo Afonso Paulo Afonso que é o nome da Cachoeira, das Usinas Hidrelétricas da Chesf na Região, do Distrito criado em 1953 e do município criado em 1958 nos faz voltar na história e chegar aos tempos das capitanias hereditárias. Uma destas capitanias era a de Pernambuco, governada por Duarte Coelho que achou por bem ceder uma sesmaria, em terras pernambucanas onde havia uma grande cachoeira, no rio São Francisco, que era conhecida até então como Sumidouro, Cachoeira Grande e Forquilha.
Era o ano de 1725 e o ganhador destas terras foi o cida-
dão português que se chamava Paulo Viveiros Afonso. A par-
tir daí as gigantescas quedas d`água passaram a se chamar Cachoeira de Paulo Afonso. Uma pesquisa mais apurada feita pelo historiador João de Sousa Lima encontrou referências ao nome Paulo Afonso nos anos de 1703 e 1705 e documentos portugueses mas, toda a associação e referência ao nome Paulo Afonso faz menção ao nome deste português que só tomou posse destas terras em 1725. O Brasão do município de Paulo Afonso, criado pela Lei Municipal Nº 100/65, de 7 de Dezembro de 1965, de autoria
do vereador Carlos Alberto Alves, que era piloto da Chesf, traz, no chamado “listel de goles (em vermelho), os dizeres: 1725 – PAULO AFONSO – 1958, anos que representam o início do povoamento e elevação à dignidade de cidade”. Foi por esse tempo que Paulo Viveiros Afonso também apossou-se de terras do lago baiano do rio São Francisco e fundou o arraial Tapera de Paulo Afonso, onde hoje existe o Bairro Centenário. Assim como era em Glória, trinta quilômetros acima, a Tapera de Paulo Afonso era também “pouso de boiadas”
que eram levadas para serem comercializadas em Feira de Santana-BA. Paulo Afonso foi durante muitos anos, nos idos de 1925, o nome do município de Mata Grande/Alagoas. Quando Halfeld percorreu o rio São Francisco desde Pirapora até a foz, registrou várias ilhas na região de Paulo Afonso, a maior delas chamada Forquilha. Quando a Chesf chegou à região, em 1948 era esse o nome pelo qual era conhecida essas terras, inclusive o pequeno povoado que existia onde hoje é a Ilha de Paulo Afonso.
De Forquilha a Paulo Afonso – uma longa caminhada
Há pouco mais de meio século eram algumas poucas casas espalhadas no meio da caatinga. Chamava-se Forquilha e toda a região por muitas centenas de quilômetros, desde Jeremoabo até se perder de vista rio acima, tudo era parte do município de Santo Antônio da Glória – BA. Na sua frente era o rio São Francisco, imponente, despencando da Cachoeira de Paulo Afonso e serpenteando pelo cânion e depois pelos baixios até atracar-se com o mar. Em 1948, chegou a Chesf. Cercou a área do Acampamento e a entrada para as grandes obras e o povão sertanejo foi chegando, às centenas, milha-
res para trabalhar “nas obras da Chesf”. O povoado inexpressivo foi crescendo. Para se abrigar os sertanejos construíam casas toscas de pau-a-pique, de taipa, e para reforçar as paredes e a cobertura passaram a se utilizar dos sacos vazios do cimento Poti, utilizado às toneladas nas obras. Forquilha passou a ser conhecida como Vila Poti. Chegou o comércio e por esses tempos, idos de 1950, chegou por aqui um baixinho invocado, pernambucano de Pesqueira, chamado Abel Barbosa, ainda jovem mas já calejado das campanhas políticas de Apolônio
Sales, Agamenon Magalhães, Barbosa Lima Sobrinho, pelas terras do agreste pernambucano. E Abel viu que o povo já andava meio arretado com as dificuldades de acesso à Chesf naquele tempo. E o pior é que o essencial para a vida dos moradores da Vila Poti ficava dentro da Chesf: o hospital, a feira livre, o único banco, as escolas, os clubes sociais e cinemas, o campo de futebol, até a linda igrejinha de São Francisco... quer dizer: o povo tinha dificuldade de cuidar da saúde, de comer, de ir à escola, de se divertir nos clubes, cinemas e ver os times jogando e até de fazer suas orações ao santo padroeiro... Não era assim, proibido mesmo, mas era difícil para os que não eram da Chesf... Por esse tempo, o baixinho Abel Barbosa consolidou amizades e começaram a estudar um jeito de acabar com essa separação que dividia a população. Para uns, era natural que a Chesf protegesse seu patrimônio, suas casas, seus depósitos de materiais, seu canteiro de obras, como qualquer pessoa ou empresa que adquire um terreno e logo o cerca. Para outros era um abuso, um
Paulo Afonso e a Chesf
Para atender de forma satisfatória aos seus empregados, em especial aos técnicos, pessoal administrativo e mão de obra especializada que se deslocou do Rio de Janeiro, onde era a sede da empresa e de outras capitais e grandes cidades do país e até muitos que vieram de outros países, a Chesf construiu um moderno Acampamento com toda a infraestrutura de saneamento básico, água encanada, luz elétrica, esgoto, ruas calçadas, parques, jardins. Nessa área administrada pela hidrelétrica, foram criados clubes sociais com cinema e piscina, campo de futebol, escolas, mercado público, feira livre, hospital e posto de puericultura... Separando a chamada de “cidade da Chesf ” e a Vila Poti foi feita uma cerca de arame farpado de cerca de um quilô-
metro de extensão. Esta cerca, anos depois, foi substituída por um muro de pedras encimada por arame farpado e o acesso a esta área só era possível através de três sistemas de guaritas, todas controladas por guardas da Chesf: a guarita principal, onde hoje é a Praça das Mangueiras, que dava acesso ao Acampamento e ao canteiro de obras; a guarita da Rua D; e a guarita da Escola Murilo Braga (onde hoje funciona o Colégio Carlina). Por esse tempo a imprensa nacional, representada pelas revistas O Cruzeiro e Manchete, cujos jornalistas e fotógrafos estavam sempre acompanhando o andamento das obras da Chesf, fizeram muitas reportagens mostrando a separação entre os que moravam na “cidade da Chesf ” e os que moravam na “Vila Poti”.
Na Revista O Cruzeiro de 19/11/1949 o jornalista escreveu: “Paulo Afonso é um ponto perdido na ‘caatinga’ sertaneja”. Na Revista Manchete de 07/03/1953, em um texto chamado “Miséria e riqueza de Paulo Afonso, o texto assinado por Darwin Brandão, depois de falar sobre a importância das obras da Chesf para o Nordeste, escreve o seguinte sobre o contraste entre a cidade da Chesf e a Vila Poti: “Na cidade oficial, com telefone, piscina, luz e conforto moram 3.000 pessoas. Do outro lado do ‘arame’ se amontoam 13 mil párias em barracos, sem luz, água, sem roupa e comida. Paus de arara, desemprego, jogo e prostituição” A Revista Manchete Nº 233, de Outubro de 1956, o jornalista escreveu: “Não convém que Vila Poti exista no mapa”.
exagero de alguns chefes da Chesf que queriam mostrar serviço e extrapolavam nesse controle de acesso, trazendo constrangimento para muitos. E o caminho que o experiente Abel viu era através da política, criando condições para que houvesse a emancipação política desta Vila Poti. Em dezembro de 1953, a Vila Poti passou a ser Distrito de Paulo Afonso, ligado ao município de Glória, cuja sede municipal, Câmara de Vereadores, comércio, escolas, ficava a 30 quilômetros, na margem esquerda do rio São Francisco por onde passavam todos os que vinham de outros Estados do Nordeste e do Norte do Brasil com destino a São Paulo e muitos ficavam para trabalhar em Paulo Afonso. Criado o Distrito de Paulo Afonso, os moradores do lugar se animaram. Tanto que nas eleições para a Câmara de Glória, realizada em Outubro de 1954, quatro dos onze vereadores eram do Distrito de Paulo Afonso: Abel Barbosa e Silva, Hélio Cordeiro de Morais (Hélio Garagista), Moisés Pereira de Souza e Otaviano Leandro de Morais. Empossados em 7 de Abril de 1955
os 11 vereadores da Cãmara Municipal de Glória estavam com a forte bancada pauloafonsina e viram que a luta pela emancipação política de Paulo Afonso ganhou fôlego. Somente em 10 de Outubro de 1956, um ano e meio depois da posse, é que a habilidade de Abel Barbosa junto a outros vereadores como Manoel Moura, que anos depois também conseguiu a emancipação de Rodelas, da qual foi o primeiro prefeito, fez com que, numa sessão de entrou pela madrugada fosse aprovado o projeto de emancipação política de Paulo Afonso, de autoria do vereador Abel Barbosa e Silva. Mas, este ato foi apenas a vitória de uma batalha. Havia outras pela frente e até a emancipação foi mais um ano e 10 meses de contatos, muitas conversas junto aos deputados da Assembleia Legislativa da Bahia. No ano de 1957, a documentação enviada pela Câmara de Glória para a criação do Município de Paulo Afonso foi transformada no Projeto de Lei Nº 910/57, de autoria do deputado Clemens Sampaio, que foi líder (de 1956 a 1958) do PTB baiano, o mesmo partido de Abel Barbosa.
Nesse tempo, a documentação para a emancipação política de Paulo Afonso sumiu misteriosamente da Assembleia Legislativa Bahia, gerando a maior correria para o reenvio de novos documentos, em um tempo em que as estradas de terra eram um tormento e a comunicação deixava muito a desejar. Mas, o esforço valeu a pena e de novo com os documentos necessários, os deputados baianos, toda a bancada do PTB e outros, de outros partidos, inclusive de um jovem deputado da época, Antônio Carlos Magalhães, que era da UDN mas já tinha amizade com Abel Barbosa, votaram pela emancipação política de Paulo Afonso, aprovando o Projeto de Lei 910/57 que passou a ser a Lei Estadual Nº 1.012/58, sancionada pelo governador Antônio Balbino de Carvalho em 28 de Julho de 1958 e publicada no Diário Oficial do Estado da Bahia no dia 02 de Agosto de 1958. Os moradores dos poucos casebres da Forquilha do ano de 1948, quando por aqui chegou a Chesf, dez anos depois, quando nascia o município de Paulo Afonso já somava mais de 25 mil habitantes.
Em outras edições, tanto a Manchete como O Cruzeiro, que eram as grandes revistas de circulação nacional na época, hoje substituídas por Veja, ISTOÉ, ÉPOCA e outras. Aos poucos essa separação foi deixando de existir. Abel Barbosa, vereador combatente dessa separação chegou a ser proibido de entrar no Acampamento da Chesf e teve até a sua foto pregada no mural da Guarita Principal até que um dia recebeu em sua casa, a visita do Dr. Múcio Lacerda, Administrador Geral da Chesf, convidando-o para, não só ter acesso normalmente ao Acampamento da Chesf mas também para participar do palanque do desfile cívico do Sete de Setembro, antes organizado pela Chesf e realizado na Rua do Gangorra. No início da gestão do primeiro prefeito de Paulo Afonso, Otaviano Leandro de Morais, a feira livre, que funcionava dentro da Chesf, no entorno do
Mercado Público, foi transferida para a chamada Rua da Frente, hoje Avenida Getúlio Vargas. Uma das bandeiras da campanha política de Abel Barbosa era a derrubada do muro da Chesf, o que fez, simbolicamente ao autorizar a construção de uma rua em toda a extensão do muro, das proximidades da Praça das Mangueiras até junto ao muro do quartel da 1ª Cia. de Infantaria. Em todo esse trecho onde estão jardins em toda a Avenida Getúlio Vargas, antiga Rua da Frente, passava a estrada que vinha de Glória e ia até Salvador, capital do Estado da Bahia.
Em Março de 2001, na gestão do Prefeito Paulo Barbosa de Deus, pelo Of. PMPA012/2001 foi proposta a Integração do Acampamento da Chesf à cidade de Paulo Afonso e foi celebrado, entre a Chesf e a Prefeitura de Paulo Afonso, o Convênio CDV201.2001- 6510, “cujo objeto é o acordo de cooperação mútua visando transferir serviços públicos do Acampamento de Paulo Afonso , de propriedade da Chesf ao município.” O chamado Acampamento da Chesf passou a ser mais um bairro da cidade de Paulo Afonso.
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Paulo Afonso hoje, aos 57 anos
O município de Paulo Afonso, tem 57 anos de emancipação política, está entre os 15 maiores dos 417 municípios do Estado da Bahia. A sua população, em 2012, é estimada em mais 120 mil habitantes, com uma taxa média de crescimento populacional de 1,2% ao ano, contra 0,8% a.a. no Estado. Paulo Afonso ocupa a 13ª posição no ranking do IDH (índice de desenvolvimento humano) no Estado da Bahia, entre os seus 417 municípios. Ao contrário de muitos municípios baianos que tiveram queda no número de habitan-
tes conforme o censo do IBGE de 2010, Paulo Afonso, mesmo com o encerramento das obras das grandes barragens da Chesf, tem sua população crescendo a cada ano, como mostram os últimos índices do IBGE. Em 1991 - 86.619 habitantes; Em 1996 – 92.995; Em 2000 – 96.499; Em 2007 -101.952; Em 2010 – 109.310; Em 2012– 110.900 Em 2014 – 118.323 (estimada); Em 2015 – Mais de 120 mil habitantes A população de Paulo Afonso é, na sua maioria, jovem,
sendo que 59% dos moradores têm idade até 29 anos. Cerca de 30% da população está entre a faixa etária de 30 a 60 anos e aproximadamente 10% são da terceira idade, a partir dos 60 anos. Os seus limites, definidos quando de sua criação, em 1958 alcançam territórios baianos (Santa Brígida, Rodelas, Glória, Jeremoabo), alagoanos (Delmiro Gouveia) e sergipanos (Canindé de São Francisco) e fica a poucos quilômetros do território pernambucano (município de Jatobá). A cidade se destaca pelo parque hidrelétrico, criado pela Chesf que se instalou na região em 1948 e que se estende por todo o seu território onde estão quatro grandes usinas – PA-I, PA-II, PA-III e PA-IV que tem capacidade de produzir cerca de 4 mil de Megawatts de energia elétrica do total dos mais de mil Megawatts produzidos por toda a Chesf. O Complexo Paulo Afonso, que inclui também as usinas Luiz Gonzaga, em Pernambuco e Xingó, em Sergipe, soma
mais de 8 mil de Megawatts, cerca de 83% de toda a capacidade de produção da hidrelétrica do São Francisco. Outro fator do crescimento do município é o desenvolvimento da piscicultura, atraindo indústrias de produção de tilápia e fabricação de rações como as empresas instaladas no Polo Industrial de Paulo Afonso. O município também está se destacando como polo educacional com faculdades e universidades como a UNEB (cursos de Engenharia de Pesca, Direito, Pedagogia, Biologia, Matemática, Licenciatura Intercultural Indígena e mestrados), a FASETE (Cursos de Letras, Administração, Turismo, Direito, Enfermagem, Educação Física, Bio-Medicina e Psicologia) o IFBA (Engenharia Elétrica) e UNIVASF (Curso de Medicina). A economia do município concentra-se na prestação de serviços, sendo os maiores empregadores a Prefeitura, a Chesf e o comércio. Um dos vetores da economia local é o turismo, ainda não explorado de forma
sustentável mas já com bons investimentos no setor, especialmente nas áreas de hotéis, restaurantes e entretenimento. Paulo Afonso oferece cerca de 2.000 leitos em uma rede hoteleira que vem crescendo, assim com cresce o número de restaurantes com uma variada gastronomia. A partir de 2009, o município passou a sediar a Zona Turística Lagos e Cânions do São Francisco que reúne os municípios de Paulo Afonso, Glória, Santa Brígida, Rodelas e Abaré. Em 2010, Paulo Afonso foi considerado pelo Ministério do Turismo como um dos 115 municípios turísticos do Brasil. Transformada em ilha, com a construção do Canal da Usina PA-4, no final dos anos 70, Paulo Afonso é uma das mais belas cidades do Nordeste, rodeada por grandes lagos como o da Usina PA-4 e o Lago de Moxotó, este com 1 bilhão de metros cúbicos e o cânion do rio São Francisco que começa no município de Paulo Afonso e nele permanece por 17 quilômetros com paredões de até 100 metros de altura onde são
realizados passeios de catamarã e continua até a Barragem de Xingó, num total de 65 quilômetros. Suas ruas, asfaltadas, saneadas, grandes praças com as da Avenida Getúlio Vargas, das Mangueiras e o Belvedere são outros atrativos, elogiados pelos moradores e pelos turistas. O comércio de Paulo Afonso já possui milhares de lojas e grandes empresas nacionais e franquias têm chegado à praça. Um shopping center com cerca de 160 lojas já teve o seu contrato de construção assinado na área anexa ao CREIA – Clube Recreativo Independência, na estrada do Aeroporto de Paulo Afonso. O aeroporto voltou a receber voos, de três a cinco voos semanais, da empresa Azul com destino a Salvador. O censo do IBGE do ano de 2010 dá conta que o município de Paulo Afonso, naquele ano, já possuía 34.121 veículos, dos quais mais de 30% (11.354) eram motos. Esse total, em 2015, já ultrapassa os 40 mil veículos, uma das maiores frotas do Estado da Bahia.
Prefeitos de Paulo Afonso - de Câmara já teve Otaviano a Anilton (1959 a 2016) 200 vereadores. Só 9 mulheres.
Otaviano Leandro de Morais – 07/04/1959 –07/04/1963 Adauto Pereira de Souza – 07/04/1963 – 14/09/1966 – Renunciou antes de concluir o mandato para candidatar-se a Deputado Estadual (não se elegeu). Manoel Pereira Neto – 14/09/1966 – 31/12/1966 – Como não havia o cargo de vice-prefeito, na ausência do prefeito quem assumia a Prefeitura era o presidente da Câmara, caso de Manoel Pereira Neto. De 01 a 31 de Janeiro de 1967, Paulo Afonso foi administrado por um Interventor, o Tenente João Soares. Edison Teixeira Barbosa - 01/02/1967 – 14/05/1974 – Renunciou para candidatar-se a Deputado Estadual(não se elegeu). Abel Barbosa e Silva 14/05/1974-16/10/1975 – Era o presidente da Câmara.
José Rodrigues de Figueiredo Barbosa - 16/10/1975 – 19/03/1979 – Nomeado pelo Governo Militar por indicação do Governador da Bahia, Roberto Santos. Renunciou antes de concluir o mandato. Metódio Nunes Magalhães – 19/03/1979 – 04/04/1979. Era o presidente da Câmara em fim de mandato. Foi prefeito por 17 dias.
Frederico Fausto Agostinho de Mello - 04/04/1979 04/08/1979 – Era o presidente da Câmara que substituiu Metódio Magalhães. Abel Barbosa e Silva 04/08/1979 -31/12/1985 - Nomeado pelo Governo Militar por indicação do Governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães. No seu mandato se encerrou o governo militar.
José Ivaldo de Brito Ferreira – 01/01/1986 – 31/12/1988 – Primeiro prefeito eleito após o governo militar. Teve o mandato de 3 anos para ajuste do calendário eleitoral. Luiz Barbosa de Deus – 01/01/1989 – 31/12/1992 Anilton Bastos Pereira – 01/01/1993 – 31/12/1996 Paulo Barbosa de Deus – 01/01/1997 - 31/12/2000 e 01/01/2001 - 31/03/2004. No segundo mandato, renunciou para se candidatar a prefeito de Canindé do São Francisco/SE (não se elegeu). Wilson Pereira de Souza – 01/04/2004-31/12/2004 – Era o vice-prefeito de Paulo de Deus. Raimundo Caires Rocha – 01/01/2005 – 31/12/2008. Anilton Bastos Pereira – 01/01/2009 – 31/12/2012 e 01/01/2013 – 31/12/2016. Cumpre o terceiro mandato até 31/12/2016.
A primeira legislatura da Câmara Municipal de Paulo Afonso começou no dia 07 de Abril de 1959. Eram apenas oito vereadores, dentre os quais duas mulheres (ainda vivas): Dinalva Simões Tourinho (mora em Salvador) e Lisette Alves dos Santos (mora em Paulo Afonso). Dinalva foi eleita Presidente da Câmara. Hoje, a Câmara está na 15ª legislatura e tem 15 vereadores, dos quais uma mulher,
Leda Chaves. Em toda a sua história, a Câmara Municipal de Paulo Afonso teve 200 vereadores nestes 57 anos e apenas nove mulheres foram eleitas, que foram: Dinalva Simões Tourinho, Lisette Alves dos Santos, Maria José Barros Lins, Francisca Barros S. Siebert, Nélia Correia da Silva, Ivanete Avelino Bento, Risalva Maria de Toledo e Vanessa Rodrigues Barbosa de Deus.
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Paulo Afonso – 57 anos Desfile da emancipação “Água: quem tem um pingo de consciência faz a diferença” O prefeito Anilton Bastos agradeceu sensibilizado e aproveitou para destacar o importante trabalho feito pela comissão organizadora da programação, supervisionada pela professora Selma Carvalho: “Agradeço, pelas suas palavras e isso nos motiva a continuar trabalhando para esta comunidade. Quero também parabenizar a secretária Selma e a toda a sua equipe pela organização de toda a programação e em particular esse lindo desfile”.
No aniversário de 57 anos de Paulo Afonso, a Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Educação, em parceria com outras secretarias e intituições do município e com escolas da rede particular e estadual desenvolveu intensa programação religiosa, esportiva e cívica. Iniciada com a cerimônia de hasteamento das bandeiras no pátio da Prefeitura, no dia 24 de Julho, a programação se estendeu até o dia 28 de Julho, dia do aniversário da emancipação. No dia 26, passeio ciclístico pelas principais ruas e avenidas da cidade, reuniu mais de 300 participantes. Ainda nesse dia foi realizado um Culto em Ação de Graças na Igreja Missão Evangélica Nova Sião. No dia 28 de Julho aconteceram o Desfile Cívico, na Avenida Apolônio Sales e a Missa em Ação de Graças na Catedral N.S. de Fátima.
O tema do desfile foi a água e os alunos, sob a coordenação técnica do coreógrafo Júnior deram uma aula inesquecível, nas roupas e alegorias, nas músicas bem apropriadas e nas muitas coreografias sobre a importância deste líquido precioso, essencial para a vida. AGUA: QUEM TEM UM PINGO DE CONSCIÊNCIA FAZ A DIFERENÇA. Muito aplaudido pelo público calculado em 10 mil pessoas na Avenida Apolônio Sales, o desfile mereceu também elogios e trouxe emoção aos que estavam no palanque. Patrícia Rossi, gestora ambiental do Recife que estava no palanque, fez questão de elogiar publicamente o prefeito Anilton e a secretária de Educação, Selma Carvalho pela beleza do desfile e pelo tema: “sou gestora ambiental
e senti-me tocada do desejo de parabenizar publicamente ao Senhor, Prefeito e a sua secretária de Educação, pela beleza deste espetáculo e pelo tema, uma verdadeira aula de cidadania e de respeito ao meio ambiente”. E, dirigindo-se ao público: “vocês tiveram hoje aqui, de fato, uma valiosíssima aula. Coloquem em pratica tudo o que viram aqui hoje. Parabéns a todos!”
A professora Selma, também agradeceu o empenho de sua grande equipe e disse que o tema foi mesmo escolhido com o objetivo de conscientizar a população, que vive rodeada de muitas águas dos lagos de Paulo Afonso e, por isso mesmo, talvez não esteja preocupada com a falta de água que vem trazendo muitos problemas em todo o país. “É preciso que todos tenham consciência do problema da falta de água em muitos lugares e que a água é essencial para a manutenção da vida. Com esse tema, enquanto educadores, esperamos ter despertado em muitos essa consciência, pois
acreditamos mesmo que no que se refere a água, como diz o nosso tema: ‘quem tem um pingo de consciência faz a diferença’. Esse tema, trazido ao desfile de forma brilhante em alegorias, coreografias, roupas especiais, pelos nossos alunos, num trabalho muito bom do coreógrafo Júnior, está também sendo trabalhado em todas as nossas escolas dar Rede Municipal e assim, sendo multiplicado nas milhares de famílias do nosso município. Esse é o nosso papel de educadores! Agradeço a cada um dos nossos professores, diretores, coordenadores, alunos e pais. Esse belo trabalho é, de fato, um trabalho coletivo. Estamos muito felizes com esse resultado. E empenhados em oferecer o melhor na educação das nossas comunidades”. No desfile do dia 28 de Julho participaram: 1ª Cia. de Infantaria, 20º Batalhão da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Guarda Municipal, Agentes de Trânsito, SAMU.
Banda Marcial Luiz Barbosa de Deus e Escolas da Rede Municipal – João Bosco, Vinícius de Morais, CEMPA, Atletas das Escolas, Guiomar Pereira, São Vicente de Paulo, Casa da Criança 2, Casa da Criança 5, Lions Clube, Dernival Oliveira, Grupos de Convivência (Idosos de programas da Secretaria de Desenvolvimento Social-SEDES), APAE. Colégios particulares: Escola Pingo de Gente, Banda e Colégio Montessori, Banda e Colégio Roda Pião, Banda e Colégio Sete de Setembro, Banda e alunos da FUNDAME, Banda e Colégio Monteiro Lobato, SESC LER, CEMIG (Centro de Educação Musical Igor Gnomo). Colégios da Rede Estadual: Banda e Colégio Polivalente, Banda e Colégio Carlina Barbosa de Deus, Banda e Colégio Modelo Luiz Eduardo Magalhães, Banda e alunos do CETEPI 1 e ainda: Grupo de Capoeira, Associação dos Cangaceiros e Motos Clubes.
Vejam a beleza do desfile da emancipação política de Paulo Afonso:
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Colégio Sete, uma história que acompanha a de Paulo Afonso
O Colégio Sete de Setembro é fruto do sonho do pioneiro e corajoso Sr. Gilberto Gomes de Oliveira (in memorian) que, em parceria com o amigo, Pastor João Cartonilho, realizou um trabalho de responsabilidade social, permitindo que a classe menos desfa-
vorecida de Paulo Afonso, então distrito de Glória/BA, pudesse estudar. Tudo começou lá na década de 50, com criação da Escola Evangélica Antonio Balbino, primeira escola fora do acampamento CHESF; embrião do Centro Evangélico de Recuperação Social
de Paulo Afonso – CERSPA, fundado em 13/04/1958, entidade filantrópica e mantenedora do Colégio Sete de Setembro, criado em 1964, como Ginásio Secundário, sendo elevado à categoria de Colégio em 1970, com a implantação dos cursos de formação
técnica profissionalizante. Esses foram alguns dos momentos marcantes de uma história de muito sucesso. História essa que se confunde com a fundação de Paulo Afonso como município. Logo após a implantação do CERSPA, Paulo Afonso conquistava a sua liberdade política, datada em 28/07/1958, e deixava de pertencer a Glória. É impossível falar da ‘vida’ do Grupo Sete sem mensurar Paulo Afonso e vice-versa. Seus caminhos se entrelaçam! O trabalho social e educativo desenvolvido pelo Sr. Gilberto e seus parceiros, contribuíram, e muito, para o progresso do município. Ao longo desses 51 anos, o Colégio Sete tem se solidificado, sendo referência na educação desde o ensino infantil até o ensino médio. Foram vários os desafios
enfrentados, contudo, o Colégio Sete sempre zelou pela qualidade da proposta pedagógica alinhada com o seu tempo, investindo em recursos tecnológicos e mantendo, durante estas cinco décadas de existência, projetos sociais, operacionalizados pelo Espaço Social Sete de Setembro. No que se refere a infraestrutura, não há, em Paulo Afonso e região, um Colégio com esse porte. São mais de 20 mil m² a favor do conhecimento, divididos em espaços administrativos, educacionais, esportivos e de convivência; adequadamente monitorados, proporcionando bem-estar e segurança aos alunos e colaboradores. Toda essa bagagem pedagógica resultou na concretização de outro sonho do saudoso Sr. Gilberto, a
Faculdade Sete de Setembro (FASETE), instituição privada de nível superior inaugurada no ano de 2002. Com o sentimento de orgulho e gratidão, o Grupo Sete de Setembro comemorou, no último dia 02 de julho, 51 anos de existência, felicitando a todos os alunos e colaboradores que fizeram e fazem essa história. Nessa oportunidade, o Grupo também parabeniza Paulo Afonso pelos seus 57 anos e reitera que continuará prestando um serviço de educação com qualidade e princípios, ajudando a formar os cidadãos pauloafonsinos. Natália Cleuber /ASCOM Colégio Sete de Setembro Fazendo a Educação que você precisa Paulo Afonso - Bahia colegiosete.com.br | fb.com/ colegioseteonline |@SeteOnline | (75) 3501.3501
Secretaria Municipal de Saúde realizou Projeto Ilha Saúde Com a finalidade de mostrar à população pauloafonsina o leque de serviços relacionados à saúde, prestado pela Prefeitura de Paulo Afonso, a Secretaria Municipal de Saúde realizou nos dias 22, 23 e 24 de julho, na área externa do Centro de Cultura Lindinalva Cabral, o Projeto Ilha Saúde. Nos estandes foram realizados testes rápidos de HIV,
sífilis e hepatites virais, com resultados obtidos em 15 minutos, além de vacinação e distribuição de preservativos masculinos e femininos e panfletos educativos sobre DST/ AIDS e doenças transmitidas pelo mosquito aedes aegypti. Os frequentadores do evento também conheceram os novos veículos adquiridos recentemente pela Prefeitura,
com recursos próprios. As oito ambulâncias e o veículo Pálio Essence já estão sendo usados para transporte de pacientes entre as unidades de saúde da área rural e sede do município, viagens de emergência e Tratamento Fora do Domicílio (TFD). Os órgãos e instituições participantes foram: Atenção Básica, Regulação, TFD, Serviço Social, SEDERPAS, CTA/SAE, Zoono-
ses, Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária, Centro de Atendimento à Mulher, CAPS AD, CAPS II, SAMU, Projeto Superação (20º Batalhão), Madeixa Feliz e SESC LER. Na abertura, o Projeto Ilha Saúde recebeu a visita do Prefeito Anilton Bastos e durante os três dias foi supervisionado pelo o secretário Municipal de Saúde, Alexei Vinícius.
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Entrevista: José Ailton de Lima, Diretor de Operação da Chesf
O rio São Francisco e a energia para o Nordeste e Sergipe, depois de banhar ainda os Estados da Bahia e Pernambuco. Além do abastecimento humano e animal, suas águas são utilizadas para a irrigação, navegação, turismo, pesca e produção de energia elétrica.
Fotos: Divulgação
O rio São Francisco passa por intenso período de poucas águas o que tem preocupado os que delas se utilizam ao longo dos quase 3 mil quilômetros de sua bacia, desde a nascente, em Minas Gerais até a sua foz entre Alagoas
Falando para a imprensa de Paulo Afonso (no Memorial Chesf, dia 24 de Julho) o diretor de Operação da Chesf, engenheiro José Ailton de Lima confirmou que a situação é realmente delicada porque “o reservatório de Sobradinho (que tem capacidade para acumular 34 bilhões de metros cúbicos de água) está recebendo apenas 600 metros cúbicos de água por segundo e estamos liberando 900 metros. E até Novembro não há perspectivas de chuva nesta região. Isso significa que em Novembro, Sobradinho vai estar com apenas 5% da sua capacidade”. E acrescentou do diretor da Chesf: “Em resumo, a nossa situação é: nós poupamos a água até onde foi possível, primeiro, com os 1.300(metros cúbicos por segundo). Se a gente estivesse gastando os 1.300, os nossos reservatórios já estariam zerados. Como a gente baixou para 900 é que vai esticar até novembro. Porque hoje o desafio nosso não é administrar a água para gerar energia, o desafio nosso é administrar a água que tem nos nossos reservatórios pra gente chegar em Novembro ainda com água que dê para recuperar até o próximo ciclo úmido, quando chove de novo. Imprensa PA - E se não chover em Novembro? José Ailton respondeu: “Nós não vamos trabalhar com
essa hipótese catastrófica. No período úmido sempre chove alguma coisa. Historicamente não existe nenhuma condição em que nunca tenha chovido. Pode chover pouco mas sempre chove então, a gente acredita que quando chegar em Novembro, a gente pode até atravessar outro ano de dificuldade mas, isso não é possível prever hoje, e aí a gente vai administrar do jeito que der...” e completou: Esse é o quadro atual. A Chesf vem fazendo este esforço para a redução da vazão, o que foi, evidentemente realizado com a aprovação dos órgãos de controle como IBAMA, ANA, ANEEL. Todo mundo teve consciência que é preciso poupar água”. Imprensa PA - E a produção de energia elétrica será impactada? E como fica o abastecimento de energia para o Nordeste? José Ailton – Claro! Se eu tivesse água bastante eu estaria gerando mais. Eu tenho a capacidade de geração de 1.100 MW em Sobradinho e estou gerando 280, no máximo 300 (megawatts). Mas eu tenho dito que a energia não o problema nesse momento, porque eu tenho eólica, que está gerando mais que a energia que está vindo do Norte. Eu tenho térmica e tenho a própria geração hídrica, que está reduzida, mas existe.
Um destes preocupados é a Chesf que tem 95% de suas usinas hidrelétricas instaladas nesse rio com a capacidade de gerar 10 mil megawatts de energia de fonte hidráulica. Em Paulo Afonso, onde a vazão do rio já ultrapassou
os 15 mil metros cúbicos por segundo, hoje passam apenas 900 metros cúbicos por segundo e das cinco usinas instaladas e alimentadas pelo reservatório de Moxotó - Paulo Afonso, I, II, III e IV e Apolônio Sales - apenas
Imprensa PA - Qual a importância da energia hidroelétrica da Chesf e do próprio rio São Francisco para o Nordeste hoje? José Ailton - A hipótese da gente não ter água de jeito nenhum, a gente não trabalha com ela. Agora, como já podemos ver no Nordeste, o rio São Francisco vai perder importância como geração de energia elétrica. O Nordeste continuará contando com energia elétrica mas a base principal não vai ser o rio São Francisco, porque a tendência deste rio é suprir outros usos de suas águas, como abastecimento humano, irrigação, a pesca, turismo... Esses outros usos vão tomando cada vez mais importância e é natural que a geração de energia hidroelétrica vá perdendo a importância. E aí, não só a Chesf como o Governo tem se preocupado em buscar outras fontes alternativas de energia para o Nordeste.
quando também vão ser leiloados 12 mil megawatts de energia eólica só na Bahia. O primeiro estado do Nordeste em potência ofertada é a Bahia e este é um detalhe interessante porque a gente olha mais a região litorânea, do Rio Grande do Norte e do Ceará mas, os melhores parques eólicos estão no interior da Bahia. Imprensa PA - Por falar na Bahia, a imprensa nacional divulgou que o Parque Eólico da Chesf em Sento Sé, na Bahia, está concluído há mais de um ano e não funciona porque não há linhas de transmissão nem subestações. Como se explica isso? Foi falta de investimentos do governo federal? José Ailton - Vamos esclarecer esta questão aí. A gente tem algumas questões localizadas em que o parque eólico está pronto e a subestação e a linha de transmissão, em geral a linha de transmissão, não está pronta. Há situações em que o parque eólico não é da Chesf e a subestação e as linhas são da Chesf. E isso tem acontecido não por falta de recursos, mas por dificuldades de licenciamento ambiental, fundiário, coisas que atrasam o projeto. Até o final do ano a gente deve sanar esses percalços e estes parques devem entrar em operação sem problemas. Só posso fazer a obra se eu tiver licença ambiental. Imprensa PA - Estas novas formas vão substituir a energia de fonte hidráulica?
"Em novembro, Sobradinho vai estar com apenas 5% da sua capacidade." Imprensa PA - Que outras fontes de energia abastecem o Nordeste hoje? Jose Ailton - Hoje temos instalados quase 5 mil megawatts de energia eólica, ou seja, já temos metade de uma Chesf só de energia eólica. No final de 2016, vamos chegar a 7 mil e no final de 2018 vamos chegar a 10 mil megawatts, ou seja, outra Chesf. A Chesf já faz investimentos em energia eólica e solar. 1.000 megawatts de energia eólica estão em instalação hoje. Alguns já instalados até o final de Julho e até meados de 2016, todos esses megawatts devem estar no sistema Chesf. E há inscritos 6 a 7 mil megawatts de energia solar para o próximo leilão nacional
duas máquinas da Usina PA-IV estão funcionando. O Diretor de Operação da Chesf, engenheiro José Ailton de Lima esteve em Paulo Afonso no dia 24 de Julho e reuniu a imprensa local para falar sobre a situação do rio São Francisco
José Ailton - Não! Absolutamente. No Brasil, a energia hidráulica tem muita perspectiva. Estou falando da perspectiva do rio São Francisco. Imprensa PA - Voltando ao problema da água. O rio São Francisco está numa tendência de redução da vasão. Isso é irreversível. A Chesf, ela saindo da produção dessa energia hidráulica, ela tem um plano para aproveitar o rio para outros fins? José Ailton – Veja bem, o que eu disse foi, a tendência, a médio e longo prazo é a energia hidroelétrica perder participação, não disse que vai sair. Por exemplo: a Usina de Xingó gera 3.000, vai continuar gerando 3000. Se cair a vasão? Veja bem, isso é um problema que acontecerá sempre, mas eu não disse que a vasão ia cair. A gente pode estar fazendo uma leitura catastrófica, vendo o momento atual. No momento atual a gente está com uma das secas mais críticas dos últimos 90 anos de história das medições da vasão do rio São Francisco. É um crise hídrica, estou com falta d´água, o que
hoje e o abastecimento de energia no Nordeste. Estavam presentes o jornal Folha Sertaneja (Antônio Galdino), o jornal Paulo Afonso Notícias (Jose Renaldo), a Rádio Betel FM (Thiago) e a TV São Francisco (Niedja e José Carlos). não quer dizer quem em novembro também vai estar. Imprensa PA - Há trechos do rio São Francisco em Alagoas e Sergipe que dá pra se passar a pé. A gente não tem essa ideia aqui em Paulo Afonso porque aqui são grandes lagos, barragens, não seria o caso de se estudar a possibilidade da transposição do rio Tocantins para revitalizar o são Francisco, como se falava antes? Há uma possibilidade disso vir acontecer? José Ailton – Há. Não é um projeto para curtíssimo prazo mas é um projeto que eu acho que o Brasil vai perseguir ao longo do tempo, fazer a interligação da bacia do Tucuruí com a bacia do São Francisco. E não é impossível, A engenharia já tem tecnologia e com a obra de transposição do rio São Francisco a gente ganhou mais experiência. A interligação destas bacias é uma obra para alguns anos mas não é impossível e deve ser perseguida. Porque só trazer energia do norte pra cá já não está resolvendo. Nós precisamos realmente fortalecer a bacia do São Francisco. Imprensa PA - O Senhor vê algum risco de falta de energia prolongada no Nordeste? José Ailton - Do ponto de vista do atendimento à sociedade hoje não tem nenhum risco de desabastecimento. O Nordeste hoje não depende só da energia hidroelétrica da Chesf. Além dos 10 mil megawatts da energia da Chesf há 5 mil megawatts de energia eólica e 6 mil de energia térmica e ainda a energia que recebemos no Norte. Ou seja, o Nordeste de hoje não é o de 20 anos atrás. (Redação e fotos: Antônio Galdino)
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Paulo Afonso - BA • Julho de 2015 • Ano XII • Número 137
Histórias Sertanejas Escritor
João de Sousa Lima
Historiador, Escritor e colecionador de peças sobre o cangaço
Cariri Cangaço de Piranhas: Um evento para não ser esquecido
Abertura do Cariri Cangaço Piranhas 2015
Sou suspeito quando me refiro à cidade de Piranhas, pois sou incondicionalmente apaixonado por essa Veneza São Franciscana e, pra completar, ela sempre foi um dos meus palcos de pesquisas sobre o cangaço. Acostumado andar Brasil afora participando de congressos, encontros, seminários e eventos voltados para o tema cangaço, estive no 1° Encontro de Escritores do Cangaço acontecido em Brasília e depois disso em todas as edições do Cariri cangaço e produzimos aqui em Paulo Afonso três seminários sobre o Centenário de Maria Bonita, A Rainha do Cangaço. Todos os eventos servem para reencontrarmos amigos,
Patrícia Brasil, Sec. de Cultura e Turismo de Piranhas
escritores e pesquisadores. Ao longo do tempo surgiu uma grande irmandade entre todos (ou quase todos, pois algumas rusgas existiram e existem sempre, mesmo sendo apaziguados os mais exaltados quando os nervos afloram em discussões) O Cariri cangaço Piranhas 2015, confesso, me surpreendeu. Nunca a cidade havia se movimentado tanto diante de um objetivo; Os responsáveis pelo projeto suaram a camisa e mobilizaram um evento de porte grandioso. Começando pela forma de trabalho, divulgando e visitando pontos históricos que registraram fatos ligados ao cangaço. Todos puderam aprender “IN LOCO”
sobre as ações acontecidas na região, desde a fazenda Picos onde Inacinha foi baleada e presa, passando pela Cachoeirinha onde o cangaceiro Gato fez várias mortes e seguiu para invadir Piranhas na tentativa frustrada de resgatar sua companheira. Chegando ao palco da chacina maior, na fazenda Patos, onde Corisco assassinou a família do inocente Domingos Ventura, em vingança a morte de Lampião. Em homenagem as mortes, plantamos várias árvores caatigueiras, contribuindo com a preservação da natureza. Na abertura da Semana do Cangaço de Piranhas, com o auditório Miguel Arcanjo lotado, todas as tribos estavam lá. A filarmônica Mestre Elísio recepcionou o grande público entoando várias canções do cenário nordestino, em destaque as obras do Rei do Baião, Luiz Gonzaga. De Paulo Afonso seguimos em caravana: Eu, Josué Santana, Nely Conceição, Aninha Lúcia, Alan, Ivan Caetano, Luiz Ruben, Antônio Martins, Macário, Gilmar Teixeira, Joventino e Antonio Lira.
Cariri Cangaço Piranhas 2015
Manoel Severo
Dentre tantas personalidades revi pessoas que gosto muito: Jorge Remígio, Narciso Dias e Catarina, Sousa Neto, Leila, Jair Tavares, Patrícia, Paulo Brito e Anne, Severo e Ingrid, Aderbal Nogueira, Afrânio, Osvaldo, Archimedes, Ivanildo Silveira, Kiko Monteiro, Railda, Rostand, Zé Cícero, Inácio Loiola, Cacau, Jairo e Angecila, Juliana Pereira, Lamartine Lima, Edvaldo Feitosa, Leandro Duran, Oleone, João Bezerra, professor Pereira, Tomaz e seu escudeiro Afrânio, Berg Taylor, Primo de São Bento do Uma, Wescley, Urbano Silva, Marcos Carmelita e Silvana, padre Agostinho Justino, Elane, Cristiano, Manuel, Lívio Ferraz, Louro Telles. O clã dos “Rodrigues” representados pelos amigos Celso, Jaqueline, Celsinho, Patrícia Brasil e os irmãos Reginaldo e Petrúcio. Os Rodrigues estiveram diretamente ligados na organização e no bom andamento da Semana do cangaço de Piranhas. Um dos fatos mais marcantes foi a Homenagem ao escritor e amigo Alcino Alves Costa, com a inauguração do seu Memorial, em Poço Redondo, onde fotos e objetos espalhados em salas relembraram aquela figura excepcional.
Na mesma cidade visitamos Maranduba, lugar de um dos maiores combates entre cangaceiros e policiais. Dos acirrados debates podemos conhecer os pesquisadores que estudam com seriedade o tema e os que tentam a todo custo colocar fatos tirados da invencionice e da incapacidade de ser sério no que faz, porém esses maus pesquisadores são rebatidos por diálogos exasperados e o tempo mesmo cuidará de afastá-los dos bons. De algumas palestras tiramos proveito, aprendemos, socializamos. Dos lugares visitados vemos o palco das lutas sangrentas daquele tempo e temos a dimensão do que foi o fenômeno cangaço no nordeste brasileiro. Na travessia do milenar Rio São Francisco visualizamos as belezas daquela paisagem exuberante. Ganhamos muito em participar de eventos dessa grande. Na magnitude das expressões apresentadas ganhamos conhecimento. Em cada página
Cariri Cangaço Piranhas 2015 - Missa na Grota de Angicos - Poço Redondo/SE
debatida ou visualizada extraímos alguma coisa de bom. As trilhas, as palestras, as subidas, o tempo sempre curto, a sede, a fome, o sono... Tudo isso é superado nas rodas de conversas dos amigos. Mais nada, nada mesmo, supera os abraços, os risos, as resenhas engraçadas, as várias fotografias que eternamente farão parte da história de nossas vidas... ... Nada supera essa irmandade. Finda-se um evento e recompomo-nos, então a saudade surge, olhamos as imagens e tudo vem à tona... ...Nada paga aqueles sorrisos... ...Na lembrança dos trajetos trilhados a história se perpetua e as imagens dos amigos grudam na alma feito tatuagem que teima em ser eterna.... Paulo Afonso, 30 de julho de 2015 João de Sousa Lima Membro da ALPA - Academia de Letras de Paulo Afonso – Cadeira 06 Escritor e Historiador
Alcino Alves Costa
Foto: Álbum da família
Manoel Gomes de Sá, um pauloafonsino de 95 anos!
O município de Paulo Afonso completa neste mês de Julho, 57 anos de emancipação política e a Chesf, que chegou por estas terras em 1948, completa 67 anos. Como então dizer que há por aqui pauloafonsinos com 95 anos de idade? É que, quando aqui chegou a Chesf e quando a Forquilha, virou Vila Poti, Distrito de
Paulo Afonso e cidade emancipada, na década de 1950, já existia um lugar, às margens do rio São Francisco, criado por Paulo Viveiros Afonso, nos idos de 1725, chamado Tapera de Paulo Afonso, hoje chamado de Bairro Centenário. E nesse lugar já morava Manoel Gomes de Sá, desde Junho de 1920... Foi nesse lugar, que pertencia ao município de Santo Antônio da Glória, como todo o território até os limites de Jeremoabo, que nasceu em 20 de Junho de 1920, Manoel Gomes de Sá, filho de Joaquim Gomes da Cruz e Joaquina Jonas de Sá. Nasceu e se criou ali, ao lado de mais oito irmãos. Sua infância foi marcada pela privação e pelas modestas condições em que viviam. Os seus pais eram simples trabalhadores rurais, que viviam da diversidade de plantações
e de criações de pequenos rebanhos em uma roça no povoado Siriema, basicamente para a subsistência da família. Sua pouca idade não o impediu de iniciar uma vida árdua de trabalho. Com apenas oito anos, deu início a sua longa trajetória de batalhas, ajudando os seus pais nos plantios, nas colheitas e no pastoreio dos animais. Não teve a oportunidade de frequentar uma escola, mas nunca desanimou na vontade de ascender. Sempre foi determinado e corajoso. Aprendeu a ler na sua adolescência, com a ajuda e a boa vontade de uma prima. Aos 24 anos deu início a um novo ciclo de aprendizagem. Desdobrou-se entre o trabalho na roça e a pluralidade de atividades que conduzia quando trabalhava na estrada, fazendo aterros, valetas, no trabalho duro com a disposição de bom sertanejo.
No dia 14 de agosto de 1950, aos 30 anos, foi um dos primeiros a ingressar na Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF). Um pioneiro, por assim dizer. Ocupou, a princípio, o cargo de carpinteiro e se tornou, tempos depois, encarregado da equipe de carpintaria, posição na qual veio a se aposentar nos idos de 1977, aos 57 anos de idade. Na CHESF, realizou um trabalho irrepreensível e deu a sua contribuição na construção das Usinas I, II e III, e também na construção da Barragem Oeste. Aos 34 anos casou-se com Maria Pereira de Sá, 17 anos, na Barra Velha e começou a sua história como patriarca de uma família. Junto a sua esposa, construiu um lar de treze filhos, dentre os quais onze estão vivos. Reside com a esposa e três filhos no mesmo local onde tudo começou no bairro Centenário. A sua rotina é
simples, assim como foi toda a sua vida. O trabalho ainda faz parte do seu dia-a-dia, mas as tarefas de carpintaria foram substituídas pelas atividades domésticas. A diversão fica por conta dos jogos de dominó – encontro sagrado de todas as manhãs – e da música. Como um grande admirador de Luiz Gonzaga, não é difícil vê-lo assobiando ou cantarolando uma das famosas canções do Rei do Baião. Porém, nada lhe dá mais prazer na vida do que ver toda a sua família reunida. Seja para conversar, contar histórias engraçadas, relembrar o passado ou simplesmente para ficar junto, abraçando a sensação de estar próximo daqueles que o admiram e respeitam. Hoje, aos 95 anos, divide o seu tempo como esposo, pai, avô e bisavô. Os cabelos brancos, as rugas e o olhar profundo transmitem a todos a experiência e a memória
das histórias vividas. Os seus passos lentos indicam os caminhos de dor e glória que já percorreu. As suas mãos, apesar de não terem mais tanta firmeza, revelam a bravura e a garra de um homem que nasceu para vencer. E venceu! Suas vitórias são verdadeiros exemplos para os seus familiares e amigos. Embora a saúde reflita a longa estrada já percorrida, a vitalidade e a força de vontade não se intimidaram com o tempo. Portanto, ainda há histórias a serem escritas e conquistas a serem alcançadas. Que venham, então. E que sejam muitas! Nessa data, de quase um século de vida, Manoel Gomes de Sá, recebe esta homenagem da filha Lucineide (Neide) que o abraça em nome de todos os outros filhos, netos, bisnetos e demais familiares que, somados, são muitas dezenas.
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Foto: Site Mais Festa
Psicóloga Julliana Nicácio lança livro infantil sobre Autismo
Psicóloga Julliana Nicácio
A psicóloga e professora da Universidade do Estado da Bahia Campus VIII Paulo-Afonso (UNEB) Juliana Nicácio lançou, dia 23/07, o livro infantil O Astronautista, durante o Workshop Internacional sobre Autismo que foi realizado pela UNEB entre 23 e 25 de julho, discutindo, entre outros temas, a educação inclusiva, tema de qual trata o livro. Em O Astronautista, o menino Tom tenta fazer amizade com Nando, um menino autista, e nessa busca aprende com as diferenças entre os mundos dos dois. O intuito é falar de inclusão, descrevendo alguns compor-
tamentos autistas e a dificuldade de interação social. Para Juliana, o livro traz para as crianças, de forma simples e singela, a necessidade de compartilhar os seus mundos, independente de se ter ou não autismo. Ela destaca que a educação inclusiva é um tema que vem sendo bastante abordado. “Depois de trabalhar com crianças, adolescentes e familiares de autistas, algumas características são marcantes no desenvolvimento das pessoas com autismo, entretanto prefiro fugir dos nomes transtorno, doença, síndrome, por entender que para além de tudo isso que denomina e des-
crimina o Autismo há um ser cheio de sonhos, possibilidades e habilidades pronto a ser visto. Assim, a nós cabe olha-los de forma diferente como um ser na sua intensa e diferente forma de ser HUMANO”, afirma Juliana Nicácio. O Autismo, de acordo com a Associação dos Amigos Autistas (AMA), é um transtorno que afeta três áreas do desenvolvimento: déficits na comunicação e na interação social, comportamentos repetitivos e áreas restritas de interesse. Vem ganhando destaque por sua singularidade de características e pelas diferenças individuais encontradas em cada autista.
Pauloafonsina, filha de Eliseu Nicácio e de Angelina de Omena Nicacio, Juliana Nicácio é psicóloga formada pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) com pós-graduação em Gestão Escolar e Pedagogia Empresarial. Integra o Núcleo de Educação Especial e Inclusiva da Universidade do Estado da Bahia e do Núcleo de Atendimento Pedagógico Especializado do município de Santa Brígida. O livro O Astronautista estará disponível para venda na Livraria Infantil Crescer, situada em Paulo Afonso, ou entrando em contato com a autora através do e-mail: psicju@hotmail.com.
Professor Jaques Fernandes da Fasete Paulo Afonso - tem 4 artigos aprovados em eventos internacionais Foto: Divulgação
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No início de Julho, dia 13, o Prof. Ms. Jacques Fernandes Santos, Coordenador do Curso de Administração, recebeu o comunicado através de Carta Aceite da aprovação de quatro trabalhos científicos, desenvolvidos em parceria com Docentes e acadêmicos do curso, aprovados para eventos internacionais, conforme abaixo: - Simpósio Internacional de Gestão da Comunicação, Cultura e Turismo (24 e 25 de julho) Trabalho aprovado: 1 - Marketing, Gestão Pública e Educação Ambiental para o desenvolvimento do Turismo: um caso em Piranhas/AL Autores: Fernando Galvão, Jacques Fernandes e Vinícius Santos;
- IX Colóquio Internacional de Educação & Contemporaneidade (17 a 19 de setembro) Trabalhos aprovados: 1 - Infância, Mídia e Consumo no limiar Contemporâneo - Autores: Jacques Fernandes Santos e Vinícius Silva Santos; 2 - Enigma da Infância e do Lúdico na Educação Infantil na Cena Contemporânea - Autores: Jacques Fernandes Santos e Vinícius Silva Santos; 3 - Histórias de Vida e narrativas docentes: memórias, sentidos e dilemas da profissionalização - Autores: Jacques Fernandes Santos e Vinícius Silva Santos. As produções são frutos de parcerias institucionais estabelecidas para produção científica entre a FASETE através do NPA – Núcleo de Pesquisas em Administração e CEPEX – Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão com a Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus XVIII através do NUPE – Núcleo de Pesquisa e Extensão. A comunidade acadêmica da FASETE deseja ao Docente êxito na participação de ambos os eventos, com votos de produtividade e avanço em sua jornada científica! (Coordenação de Administração da Fasete)
Fotos: João Tavares
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Fotos: Antônio Galdino
Prefeitura de Paulo Afonso realiza trabalho de revitalização dos lagos Psicóloga Julliana Nicácio
Os lagos de Paulo Afonso começaram a ser revitalizados no mês de Abril de 2015 em um trabalho conjunto das secretarias municipais de Infraestrutura e Meio Ambiente e de Serviços Públicos da Prefeitura de Paulo Afonso. Em alguns deles o serviço ainda vai demorar um bom tempo em vista da grande quantidade de matéria orgânica que foi acumulando ao longo dos anos e permitiu o surgimento de intensa vegetação cobrindo totalmente os espelhos d`água de quase todos eles. Três meses depois de iniciado esse trabalho, há resultados bem animadores com é o caso do Lago Balneário totalmente limpo e novamente cheio o que permitirá inclusive a sua utilização para o lazer, beneficiando o turismo local. Estudos feitos pelo Departamento Municipal de Turismo ainda no primeiro ano da gestão do Prefeito Anilton Bastos iniciada em 2009, já apontavam para os benefícios desta
revitalização e a utilização deste lago Balneário e também o Lago do Touro e da Sucuri, dentre outros, para o lazer. Por estes estudos, feitos ainda na gestão do professor Antônio Galdino no DEMTUR, poderiam ser colocados pedalinhos, à semelhança do que acontece com o Lago Negro, em Gramado e em outros lagos pelo Brasil e pelo mundo e este seria mais um atrativo para o turismo, utilizado tanto por moradores locais como por visitantes. E este lago, inicialmente, vai ter esta finalidade segundo assegura o Secretário de Serviços Públicos, Paulo Mergulhão que acompanhou a Folha Sertaneja em visita a este lago restaurado. “O objetivo é mesmo este: além de revitalizar permitir o seu uso como lazer, com pedalinhos e estamos criando no entorno no lago, pistas de caminhadas, melhorando as quadras e os acessos” Acrescentou ainda o secretário que “a Prefeitura, atra-
vés desse trabalho conjunto destas duas secretarias e apoio de outras, tem como projeto revitalizar todos os lagos de Paulo Afonso e estamos começando por estes que vem do Bairro Centenário até o Balneário. Além de fazermos todo o trabalho de limpeza de suas áreas, desmatamento, estamos tirando de suas margens tudo o que também contraria as leis Nº 9.605/1998, que é a Lei de Crimes Ambientais e a Lei Federal Nº 12.651/2012, que proíbem loteamentos, edificações e quaisquer invasões nas bordas de lagos que são Áreas de Proteção Permanentes – APP e a Lei prevê punições sérias para isso e responsabiliza a gestão municipal pela fiscalização” Disse ainda o secretário, que “foi cumprindo essa legislação que a Prefeitura negociou com o proprietário de um ferro velho que se instalara na borda do lago do hospital, cedeu para ele um terreno na área industrial do município, nas proximidades do Ciretran e o ajudou a transportar todas as carcaças de veículos que ali estavam e já fez toda a limpeza do lago”. O trecho inicial da revitalização dos lagos que vem sendo trabalhado inicialmente pela Prefeitura compreende os lagos do Centenário (ou cemitério), Senhor do Bonfim, de grande extensão, Lago da Vila Militar, também extenso, Lago da Boa Ideia, Lago do Hospital, Lago do condomínio Aurora e o Balneário.
Nesta rota, o Balneário já está cheio. Os do Aurora, Hospital e da Vila Militar já tiveram uma primeira limpeza e deles foram retiradas muitas toneladas de entulhos e matéria orgânica mas as recentes chuvas já fizeram nascer uma vegetação que, mesmo pequena, deve merecer mais uma limpeza, segundo o secretário Mergulhão, antes de receberam águas em definitivo. O Lago da Boa Idéia ainda está intocado e todo o espelho d`água está coberto pela vegetação. Os lagos Senhor do Bonfim e do Centenário, tiveram a sua limpeza começada e o trabalho para sua conclusão deve ser retomado logo, segundo o secretário de Serviços Públicos. A situação destes últimos é bem complicada tendo em vista a invasão de suas margens há muitos anos por grande número de casas, diminuindo inclusive a sua área e deixando em um trecho apenas um canal por onde chegam as águas vindas do Lago Centenário. Além desta rota existem mais duas, inteiramente localizadas no Bairro Chesf. Uma delas possui o Lago do Belvedere, Lago da Cal, Lago dos Bombeiros, Canal das Lavadeiras até a Barragem da Usina Piloto. No Lago da Cal havia uma bifurcação: parte da água ia para o Canal das Lavadeiras e outra seguia em frente de onde hoje está a Escola 2001 e formava a cascata da Usina Piloto.
A outra rota dos lagos da Chesf começa na Piscicultura da Chesf (ao lado do antigo cemitério), chega ao Lago do Clube dos Velhinhos (antes conhecida como Lagoa dos Patos), passa pelo Centro de Treinamento da Chesf (onde também havia um lago) e chega ao Lago do Touro e da Sucuri, que se interliga com o Balneário. Todos esses lagos foram criados, no chamado Acampamento da Chesf, na gestão do Engenheiro Amaury Alves de Menezes que, na sua época, nos anos de 1960, já possuía essa visão ambiental e a sua criação teve como objetivo principal a melhor aclimatação da área do Acampamento construído na aridez da caatinga. Pioneiros chesfianos contam que também foi uma iniciativa do engenheiro Amaury arborizar todo o Acampamento Chesf, com o mesmo objetivo e asseguram esses pioneiros que, só para cuidar dos jardins e áreas verdes a Chesf trabalhavam 600 empregados. Todo esse rico patrimônio criado pela Chesf foi transferido para ser administrado pelo município na gestão do Prefeito Paulo de Deus, quando todo o Acampamento da Chesf passou a ser mais um bairro da cidade. Lagos como o Touro e a Sucuri se transformaram em cartões postais da cidade e sua imagem correu o mundo, ainda mais intensamente com o advento da internet e dos celulares com potentes câmeras.
Todo esse imenso trabalho de hoje talvez não precisasse ser feito se os gestores tivessem aplicado um pouco da receita dos royalties para tal fim. Essa receita, entre as gestões do prefeito Luiz de Deus e atual gestão do prefeito Anilton Bastos ultrapassou os 200 milhões de reais. Essa revitalização que se faz hoje também não precisará ser repetida a cada ano se forem observados critérios técnicos recomendados por especialistas nesta área como o Patrocínio, que administrou a piscicultura da Chesf por dezenas de anos concluiu Mestrado e especializações em Aquicultura pela UNEB. Mestre Patrocínio assegura que “se fizer uma dragagem nos lagos e aprofundar os seus leitos para 3,5 metros, pelo menos, não há condição de se criarem plantas aquática no fundo dos lagos e eles permanecerão limpos”. A revitalização destes lagos não só devolve aos moradores e turistas esse patrimônio ambiental como já se faz necessário esse trabalho para preservar o aspecto urbanístico e evitar a proliferação de doenças transmitidas por mosquitos e roedores. Em outras gestões municipais esse mesmo trabalho foi iniciado e paralisado antes de sua conclusão. O desafio da atual gestão é concluí-lo, assim como é a expectativa dos moradores de Paulo Afonso voltar a ver cada um deles, limpos, com peixes, serem transformados em áreas de lazer e de contemplação do belo.
Lago do Centenário
Canal na saída do lago do Centenário
Lago Senhor do Bonfim
Lago da Vila Militar
Lago da Vila Militar visto do Caminho dos Lagos
Lago do Hospital
Lago do Aurora
Lago do Balneário
Paulo Afonso é a melhor cidade do interior do Nordeste do Brasil e isso é o resultado da luta e do trabalho de todos que fazem esta cidade: filhos naturais e adotivos. Tenho muito orgulho de ser vereador eleito pelo povo de Paulo Afonso, fruto do reconhecimento de um trabalho realizado pela saúde coletiva da nossa gente. Contem comigo na luta pelos direitos da cidadania para todos. Grande abraço. Luiz Aureliano - Vereador
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Mozart Bandeira é o novo presidente da Fachesf
No dia 31 de Julho, o engenheiro Mozart Bandeira, que desde 2003 era o diretor de Operação da Chesf é empossado pelo presidente da Chesf, José Carlos de Miranda Farias, na presidência da Fachesf. Ao participar em Paulo Afonso das homenagens ao engenheiro Bret Cerqueira Lima e em visita às instalações à Agência da Fachesf nesta cidade, onde foi recepcionado pelo agente local, Leônidas Marinho e funcionários da entidade, Mozart Bandeira concedeu entrevista ao diretor do jornal Folha
Sertaneja, professor Antônio Galdino. Folha Sertaneja – Quais são as suas expectativas ao assumir a presidência da Fachesf? Mozart Bandeira – A expectativa é muito positiva. Eu conheço bem a Fachesf de onde fui diretor por quase 9 anos, terminando a minha passagem por essa diretoria em 2002 e em 2003 assumi a diretoria de Operação da Chesf. Agradeço a confiança da direção da empresa (Chesf) e do governo federal de me confiar essa missão e eu quero
buscar na gestão da Fachesf uma aproximação com o participante, uma transparência, diálogo. A Fachesf hoje é bem diferente da época em que eu estava. É possível ter melhoria, mas a Fachesf hoje já tem uma relação com seu participante muito transparente e eu quero cada vez mais ampliar isso. Quero diálogo com os sindicatos, com as associações de aposentados e quero estar à frente da Fachesf no sentido em que ela, que já existe desde 1972, já tem uma certa maturidade, tem um número de aposentados grande, que ela possa aproximar ainda mais estes aposentados e honrar os seus compromissos que são muito grandes. Folha Sertaneja – O que os participantes podem esperar como melhoria do atendimento da Fachesf em seus vários serviços? Mozart Bandeira – Nós primamos pelo atendimento ao participante de modo cortês e da melhor forma que busque atender a expectativa dele. Nós temos inclusive pesquisas de satisfação dos participantes. Nós temos agências em muitos lugares no Nordeste e também em São Paulo que nos dá um apoio muito forte no atendimento à saúde, assim como no
Rio de Janeiro. Através dos funcionários dessas Agências procuramos manter o contato com estes participantes. Eu, particularmente não vejo com bons olhos esse contato por telefone, tipo 0800, muito mecânico. Eu acho que o contato pessoal é muito importante, o olhar, olho no olho, a transparência. Por exemplo, já pensou em não termos a Agência da Fachesf em Paulo Afonso? Sei que é preciso otimizar os custos mas eu, particularmente defendo esse contato humano que é feito através do agente e dos funcionários das Agências da Fachesf. A Agência da Fachesf em Paulo Afonso tem como gestor o Leônidas Marinho, um velho conhecido nosso há bastante tempo sei da sua dedicação à previdência complementar e em especial à Fachesf e temos recebido a informação do seu excelente trabalho nesta região. Eu estive na Agência agora há pouco (dia 24/07), fui visitar as instalações, conversei com o pessoal de atendimento e chegou um participante nessa hora, um engenheiro. Eu o conhecia, estivemos
juntos em uma ocorrência forte que tivermos em Periperi, no carnaval em 2004 e eu perguntei: “como é que o senhor está sendo atendido pela Fachesf?” Ele me respondeu: “De forma excelente. As meninas aqui resolvem tudo”. E eu insisti: “E Leônidas?” Ele respondeu: “Eu vou pouco a ele porque as meninas já resolvem mas quando vou também sou muito bem atendido”. Isso pra mim é motivo de satisfação e acho que a Fachesf deve continuar com essa proximidade com o seu participante. E esse é o meu papel, inclusive dialogando com as entidades, a Aposchesf, os sindicatos que representam os participantes.
O que é a FACHESF? A Fachesf – Fundação Chesf de Assistência e Seguridade Social – foi criada em 10 de abril de 1972 pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), sua patrocinadora. Ela é uma Entidade Fechada de Previdência Complementar, sem fins lucrativos, também denominada Fundo de Pensão. Administra planos de previdência para os empregados e aposentados da Chesf e da Fachesf, além de oferecer diversos outros serviços, tais como plano de saúde, seguro de vida e empréstimos. Dentro do seu segmento, ocupa hoje a liderança em patrimônio nas regiões Norte e Nordeste e está entre as vinte maiores fundações do País, num universo de mais de 369 entidades. Está entre as 20 maiores fundações do país, em um universo de mais de 300 entidades. Atualmente, mais de 50 mil pessoas, entre Assistidos (aqueles que já recebem da Fundação a complementação da aposentadoria), Pensionistas, Participantes Ativos (empregados da Chesf e Fachesf ainda em atividade) e seus dependentes são beneficiados diretamente pela Fachesf.