Volume 8 Número 2 Jun de 2015 - São Paulo

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Editorial Na manhã de 12 de abril de 1961, às 9 horas e sete minutos (local), o cosmonauta soviético Yuri Gagarin, na época com 27 anos (falecido em 1968), era lançado como protagonista do primeiro voo espacial tripulado por um ser humano. A nave espacial Vostok partiu da região de Tyuratam, no Cazaquistão, hoje conhecida como o Cosmódromo de Baikonur. "Poyekhali", vale dizer "lá vamos nós", exclamou Gagarin no lançamento. Credita-se a este jovem Gagarin a frase que se imortalizou: A Terra é azul. Há alguma controvérsia a respeito, porém não vem aqui ao caso. O fato é que nosso planetinha é mesmo azul, seja visto do longínquo espaço, pela escotilha de uma nave, seja agora imaginado e representado por nosso vínculo afetivo a ele. Pois nosso lindo planetinha azul continua a sofrer toda série de agressões e ofensas por parte de quem deveria ser seu mais nobre ocupante e seu mais defensor parceiro, ou seja, nós, seres humanos, os únicos com capacidade racional para entender: 1) que ele, o planetinha, é bem mais frágil do que supúnhamos em sua capa ecossistêmica, 2) que nós, os humanos, somos bem mais potentes e letais do que supúnhamos em nossa capacidade destrutiva. Esse é um retrato do presente, em que nos quatro cantos da Terra, nos quatro hemisférios (ocidente, oriente, norte, sul) repetem-se diariamente os casos e relatos de danos ambientais seja por ocupação e uso indevidos de áreas, com a devastação consequente, seja por contaminação química, seja por gigantescas obras insuficientemente préavaliadas nos seus impactos ambientais, sujeitas que sempre estão ao majoritário interesse econômico, este um discurso sempre tão monótono, imediatista e, por isso, parvo e entorpecido. Todavia, tal retrato, apesar de sua prevalência, não necessariamente sinaliza para um desfecho apocalíptico, capaz de fazer acabar a história antes por falta de tempo do que pela lógica hegeliana de atingimento da consumação totalitária do absoluto... É que a resistência permanece, e mais do que encistada, evidencia-se claramente em esforços de rua e de academia e de setores empresariais. Há, de fato, um nítido esforço, e que bem já utiliza as redes sociais, de disseminação dos _______________________________________________________________________________________________________ Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 8-173, jun. 2015


Editorial

fatos graves e conclamação a uma atitude ética e moral de respeito à natureza, tanto quanto à diversidade, às minorias e às nacionalidades. No quadro dessa disposição, algo da ordem sinalizadora de que, finalmente, um novo século, o XXI, está surgindo, a Intertox e a Ecoadvisor, conscientes de sua missão social e cidadã, antes até da empresarial, apoiam, honradas, o surgimento de mais um número da Revinter - Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade. A revista, com sua plena liberdade editorial, caracterizando-se por buscar atender ao vasto recorte do risco químico, toxicológico e ambiental no todo da vida das sociedades, posiciona-se como um porta voz de autores e de todos aqueles, da academia e das empresas que exercem sua liberdade de pensar e pensam em consonância com uma ética humana e ambiental, conhecendo, perfeitamente, que o mundo de amanhã será exatamente aquele que ao amanhã legarmos. O número 2 do volume 8 da Revinter, relativo a junho de 2015, é bastante icônico nesse aspecto, trazendo sete artigos que vão da segurança alimentar aos fatores interferentes no aleitamento materno; das técnicas analíticas para controle da segurança terapêutica à biossegurança em laboratórios; da permanente e premente questão das drogas e do sexo ao conhecimento da dinâmica ecológica em áreas protegidas e à segurança ocupacional em atividades específicas. Por esse roteiro assistimos igualmente desfilarem várias das diversas áreas da Toxicologia, como a Farmacotoxicologia, a de Alimentos, a Ecotoxicologia, a Toxicologia Social, a Analítica. Isso nos atesta, mais e mais uma vez, o vínculo profundo entre as Ciências Toxicológicas e a busca de um padrão de vida suficientemente qualificado para a natureza e sua humanidade... Desejamos a todos uma boa leitura e convidamos a publicar e debater conosco encaminhando contribuições para m.flynn@intertox.com.br

Fausto Antonio de Azevedo Conselho Editorial Científico _______________________________________________________________________________________________________ Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 8-173, jun. 2015


ISSN 1984-3577

S達o Paulo, v. 8, n. 2, jun. 2015


 2015 Intertox Periódico científico de acesso aberto, quadrimestral e arbitrado meses: (2) fevereiro, (6) junho e (10) outubro. Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida desde que citada a fonte. As opiniões e informações veiculadas nos artigos são de inteira e exclusiva responsabilidade dos respectivos autores, não representando posturas oficiais da empresa Intertox Ltda. Seções Artigo Original; Artigo de Atualização; Comunicação Breve; Ensaio; Nota de Atualização e Revisão; Notas Idiomas de Publicação Português e Inglês Contribuições devem ser enviadas para <m.flynn@intertox.com.br>. Disponível em: <http://revinter.intertox.com.br>. Normalização e Produção Web site Henry Douglas Capa Henry Douglas Projeto Gráfico Henry Douglas RevInter – Revista de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade / Intertox – v. 8, n. 2, (jun. 2015).- São Paulo: Intertox 2015. Quadrimestral ISSN: 1984-3577 1. Ciências Toxicológicas. 2. Risco Químico. 3. Sustentabilidade Socioambiental. I. InterTox uma empresa do conhecimento. Biblioteca InterTox II. Título.

Rua Turiassú, 390 - cj. 95 - Perdizes - 05005-000 - São Paulo - SP – Brasil Tel.: 55 11 3872-8970

http://www.intertox.com.br / intertox@intertox.com.br

1. Ciências Toxicológicas. 2. Risco Químico. 3. Sustentabilidade Socioambiental. I. InterTox uma empresa do conhecimento. Biblioteca InterTox II. Título.

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Expediente Editor(a) Maurea Nicoletti Flynn Doutora em Oceanografia (USP) Com Especialização Ecologia Comitê Científico (2011-2013) Irene Videira Lima Doutora em Toxicologia (USP), Perita Criminal Toxicologista do IML-SP por 22 anos. Marcus E. M. da Matta Doutor em Ciência pela Faculdade de Medicina USP. Especialista em Gestão Ambiental (USP). Engenheiro Ambiental e Turismólogo. Moysés Chasin Farmacêutico-bioquímico pela UNESP-SP especializado em Laboratório de Análises Clínicas e Toxicológicas e de Saúde Pública. Ex-Perito Criminal Toxicologista de classe especial e Diretor no Serviço Técnico de Toxicologia Forense do Instituto Médico Legal da SSP/São Paulo. Diretor executivo da InterTox desde 1999. Ricardo Baroud Farmacêutico-Bioquímico Toxicólogo, Editor Científico da PLURAIS Revista Multidisciplinar da UNEB e da TECBAHIA Revista Baiana de Tecnologia.

Conselho Editorial Científico (2011-2013) Alice A. da Matta Chasin Doutora em Toxicologia (USP) Eduardo Athayde Coordenador no Brasil do WWI - World Watch Institute Eustáquio Linhares Borges Mestre em Toxicologia (USP), ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia, exProfessor Adjunto de Toxicologia da UFBA. Fausto Antonio de Azevedo Mestre em Toxicologia USP, ex-Diretor Geral do Centro de Recursos Ambientais do CRA-BA, ex-Presidente do CEPED-BA, ex-Subsecretário do Planejamento, Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia. Isarita Martins Doutora e Mestre em Toxicologia e Análises Toxicológicas (USP), Pós-doutorado em Química Analítica (UNICAMP), FarmacêuticaBioquímica Universidade Federal de Alfenas MG. João S. Furtado Doutor em Ciências (USP), Pós-doutorado (Universidade da Carolina do Norte, Chapel Hill, NC, EUA). José Armando-Jr Doutor em Ciências (Biologia Vegetal) (USP), Mestre (UNICAMP), Biólogo (USF). Sylvio de Queiroz Mattoso Doutor em Engenharia (USP), ex-Presidente do CEPED-BA.

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Sumário TOXICOLOGIA Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e cromatografia líquida de alta eficiência Avaliação da sanitização de hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza – Ceará

8 26

ECOTOXICOLOGIA Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete 38 SOCIEDADE Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade

94 117

RISCO OCUPACIONAL Investigação da exposição ocupacional de manicure: um estudo transversal

131

Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura

145

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Artigo original Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e cromatografia líquida de alta eficiência Lívia Apolônio de Freitas Guimarães Farmacêutica graduada pelo Curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará; E-mail: liviaafg@hotmail.com

Janete Eliza de Sá Soares Professora doutora da Disciplina de Toxicologia de Alimentos, Departamento de Farmácia da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do Ceará; E-mail: janete@ufc.br

Teresa Maria de Jesus Ponte Carvalho Professora doutora da Disciplina de Análises Toxicológicas, Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. E-mail: tmponte@gmail.com Correspondência: Teresa Maria de Jesus Ponte Carvalho (tmponte@gmail.com), Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas do Curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará, Rua Capitão Francisco Pedro, 1210 – Porangabussu, CEP 60.430-372, FortalezaCeará, Fones: 085- 3366-8227/ 085- 9940-7083; Fax: 085- 3366-8292.

GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO, Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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Artigo original RESUMO Os analgésicos representam agentes importantes como provocadores de intoxicações. Dentre estes está o paracetamol (acetaminofem), que é de uso frequente e de venda livre. A intoxicação aguda provocada por este agente leva à formação de um metabólito tóxico que pode provocar insuficência hepática, além de danos ao sistema de coagulação e nefrotoxicidade. Logo, a determinação quantitativa de paracetamol, agregada aos sintomas clínicos essenciais irão contribuir para a condução do caso, confirmando o diagnóstico

de

intoxicação,

mas

também

avaliando

o

risco

de

hepatotoxicidade. O presente trabalho teve como objetivo a padronização e validação de métodos analíticos para a quantificação sérica de paracetamol por Espectrofotometria e Cromatografia Líquida de Alta Eficiência - CLAE estabelecendo-se os parâmetros de linearidade, limite de quantificação, curva de calibração, precisão e exatidão. O estudo realizado é do tipo analítico, quantitativo. Foi realizado no Laboratório de Toxicologia da Universidade Federal do Ceará. O princípio do método espectrofotométrico consiste, inicialmente, na desproteinização do plasma com o ácido tricloroacético e em seguida, o desproteinizado, é tratado com nitrito de sódio com formação do 2,4-nitro-4-acetaminofenol, que assume coloração amarela em meio alcalino, o qual é lido em 430 nm. O método por CLAE se baseia na separação por fase reversa, em modo isocrático utilizando-se uma mistura de Tampão fosfato/Metanol/Acetonitrila e detector UV, em 240 nm. O método espectrofotométrico se mostrou linear nas concentrações plasmáticas de 20 a 300 µg/mL, com limite de quantificação de 20 µg/mL, enquanto o método por CLAE foi linear de 5 a 200 µg/mL com limite de quantificação de 5 µg/mL, mostrando-se preciso e exato e apresentando boa recuperação para os dois métodos. Conclui-se que os métodos desenvolvidos demonstraram possuir todos os parâmetros necessários para ser utilizado na quantificação de paracetamol em amostras de plasma ou soro humano para análise de emergência. GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO, Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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Artigo original Palavras-chave: Paracetamol, toxicologia analítica, validação, hepatotoxicidade. ABSTRACT Analgesics represent important agents as intoxication provocateurs. Among them, there is paracetamol (acetominophen), which is normally used and it is an over-the-counter (OTC) medication. The acute intoxication provoked by this agent, caused by the formation of a toxic metabolite, can lead to liver insufficiency, besides the damages on the coagulation system and kidney toxicity. Therefore, the quantitative determination of paracetamol, added to the essential clinic symptoms, will contribute to the conduction of the case, confirming the diagnosis of intoxication, but also evaluating the risk of liver toxicity. Given the above, the present work had the object of standardization and validation of analytic methods for the serum quantification of paracetamol

by

Spectrophotometry

and

High

Performance

Liquid

Chromatography (HPLC), stablishing the parameters of linearity, limit of quantification, calibration curve, accuracy, and precision. The present study is analytical, quantitative and it was made in the Toxicology Laboratory at the

Federal

University

of

Ceará.

The

principle

of

the

method

spectrophotometric consists, initially, in the deproteinization of the plasma with trichloroacetic acid. After, the deproteinized is treated with sodium nitrite, forming 2,4-nitro-4-acetaminophenol, which presents a yellow colour in a alkaline medium, that is read in 430 nm. The HPLC method is based on separation using reverse phase in isocratic mode using a mixture of phosphate buffer/methanol/acetonitrile and UV detector a 240 nm. The spectrophotometric method is linear of 20 to 300 µg/mL with a limit of quantification of 20 µg/mL, and the HPLC method of 5 to 200 µg/mL with a limit of quantification of 5 µg/mL proving itself to be precise and exact and presenting good recovery. It is concluded that the methods developed has all

GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO, Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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Artigo original the parameters required for it to be used in the quantification of paracetamol in plasma or human serum samples to emergency analysis.

Key-words: paracetamol, analytical toxicology, validation, hepatotoxicity. INTRODUÇÃO O paracetamol (acetaminofem) apresenta ação antipirética alta, analgésica média e anti-inflamatória baixa (TAGLIATI, 2008; SEBBEN et

al., 2010). É um dos analgésicos mais populares e seguro quando administrado em condições terapêuticas recomendadas. No entanto, tem sido a principal causa de intoxicação por fármacos entre crianças e adultos, uma vez que pode ser vendido livremente em farmácias, sem a necessidade de apresentação de um receituário médico e também, porque pode ser encontrado em combinação com outros fármacos, geralmente para alívio da congestão nasal, tosse, expectoração e resfriado comum (MUNNE, et al., 2003; LIBERAL, 2008). Nos Estados Unidos, de todos os casos de insuficiência hepática aguda, 42 % foram atribuídas à overdose de paracetamol, uma vez que mais de 4 g / dia são prescritos a cerca de 6 % dos adultos. Logo, 30.000 pacientes são hospitalizados devido a toxicidade do paracetamol, existindo, portanto, uma recomendação do Food and Drug Administration (FDA) de que os médicos evitem prescrever este fármaco com doses maiores que 325 mg por medicamento (BLIEDEN et al., 2014). No Brasil, entre os anos de 2005 a 2009, foram registrados pelo Sistema Nacional

de

Informações

Tóxico-Farmacológicas

(SINITOX),

149.384 casos de intoxicações por medicamentos contribuindo com 28% do total de casos de intoxicações. Um estudo epidemiológico das intoxicações por paracetamol em Santa Catarina, entre os anos de 2003 e 2010, verificouse que houve um aumento de 228 % nos casos de intoxicações

GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO, Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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Artigo original medicamentosas e uma elevação de 47 % no número de casos relacionados à intoxicação por paracetamol (NESSI, 2012). No Centro de Intoxicação do Rio Grande do Sul (CIT/RS) foram notificados 2.572 casos de exposição ao paracetamol, contabilizando 63 % de todos os casos registrados de intoxicação por analgésico/antipirético. Nesse período, foram registrados no CIT/RS, cinco óbitos por intoxicação medicamentosa e, destes, dois relacionados à intoxicação por paracetamol (CORUJA, 2012). Em um estudo sobre o perfil das exposições a medicamentos de 777 mulheres em idade reprodutiva atendidas por um Centro de Informações Toxicológicas, foi observado que 33,7 % destas utilizaram de dois a três medicamentos. Dentre estes estão, os medicamentos com atuação no Sistema Nervoso Central (antiepilépticos, antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos); os analgésicos e antipiréticos e os anti-inflamatórios nãoesteroidais.

Dentre

exposições/intoxicações

os

princípios

estão:

ativos

clonazepan,

mais

envolvidos

amitriptilina,

nas

fluoxetina,

carbamazepina, diazepam, paracetamol, fenobarbital, dipirona e haloperidol (TAKAHAMA et al., 2014). O paracetamol atinge picos plasmáticos em 40-60 minutos após a administração, sendo bem absorvido através do trato digestivo. Mais de 90 % da quantidade absorvida sofre biotransformação hepática, por três mecanismos distintos: a conjugação com o ácido glicurônico por meio da ação da glicuroniltransferase (40-60 %); sulfatação, reação mediada pela ação da sulfotransferase (20-46 %) e a via oxidativa, que ocorre em menor grau, normalmente de 5-15%, por ação das enzimas do citocromo P450 (CYP2E1). A conjugação e a sulfatação normalmente produzem metabólitos não-tóxicos que são eliminados pela urina. Já a oxidação é capaz de gerar um metabólito tóxico

(N-acetil-benzo-quinonaimina

-

NAPQI),

que

em

condições

terapêuticas, se conjugam com a glutationa e formam conjugados não GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO, Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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Artigo original tóxicos. Entretanto, em situações de depleção da glutationa tais como, na sobredosagem de paracetamol, ingestão crônica de álcool e malnutrição, ocorrerá um acúmulo de NAPQI, que irá se ligar covalentemente a moléculas do hepatócito e gerar lesão (MUNNE, et al., 2003; LANCASTER et al., 2015). Numa ingestão aguda por paracetamol (primeiras 24 horas), o paciente se encontrará assintomático ou com sintomas leves, como náuseas, vômitos, mal-estar e epigastria e os exames laboratoriais de função hepática estarão dentro dos níveis de normalidade. No segundo estágio (24 e 72 horas), observa-se que o tempo de protrombina e as provas de função hepática apresentam alterações com aumento das enzimas hepáticas, aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT) (MUNNE, et al., 2003). No terceiro estágio o paciente pode apresentar hepatomegalia, icterícia, confusão mental, encefalopatia hepática, acidose metabólica, síndrome hepato-renal, sendo possível detectar nos exames laboratoriais a bilirrubinemia, hipoglicemia, valores de AST e ALT, 400 vezes acima do valor normal, elevação da fosfatase alcalina e prolongamento no tempo de protrombina (MUNNE, et al., 2003; ROLDÁN; LÓPEZ, 2012). As concentrações plasmáticas terapêuticas de paracetamol são de 10 a 20 µg/mL em 4 horas. É considerado dano hepático mínimo ou ausente quando se encontra 120 µg/mL em 4 horas ou 30 µg/mL em 12 horas. 300 µg/mL em 4 horas ou 45 µg/mL em 15 horas são concentrações tóxicas/letais (TURINI, et al., 2005). Logo, a análise sérica de paracetamol irá confirmar o diagnóstico de intoxicação e avaliar o risco de hepatotoxicidade por meio da utilização

do

Nomograma

de

Rumack-Mathew,

que

relaciona

as

concentrações plasmáticas de paracetamol, o tempo transcorrido desde a ingestão desse fármaco e a probabilidade de dano hepático. Quando se conhece o tempo transcorrido após a ingestão, os níveis plasmáticos de paracetamol devem ser determinados quatro horas após o ocorrido. Quando GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO, Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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Artigo original não se conhece a hora da ingestão do fármaco, deve-se realizar uma determinação plasmática no momento de chegada à unidade de saúde e outra, quatro horas depois (AGENCIA VALENCIANA DE SALUT, 2009). A análise toxicológica realizada antes de 4 horas após a ingestão, só apresenta valor diagnóstico, visto que não houve ainda a absorção completa e após 24 horas de ingestão, o fármaco já começa a ser metabolizado, podendo não ser mais detectado por meios analíticos, comprometendo o resultado do método (MUNNE, et al., 2003). A N-acetilcisteína (NAC) é o antídoto específico nas intoxicações por paracetamol e é recomendada quando os níveis de paracetamol estão acima da linha de toxicidade no nomograma de Rumack-Matthew ou quando as concentrações séricas desse fármaco não forem disponíveis. A NAC é composta por uma molécula de aminoácido L-cisteína, que é necessária para a produção de glutationa. Logo, ela é precursora da glutationa (GSH), aumentando a síntese de GSH hepática. Outros dois mecanismos pelos quais a NAC exerce sua função é como doadora de grupos sulfidrila (que substitui a glutationa hepática), neutralizando o metabólito tóxico NAPQI e aumentando a via metabólica de conjugação com sulfato, para produzir metabólitos não tóxicos (MUNNE, et al., 2003; ARIPIN; CHOONARA, 2012). Para a determinação quantitativa de paracetamol em plasma, são utilizados

métodos

espectrofotométricos,

os

quais

utilizam

diversos

reagentes, como o fenol, o nitroprussiato de sódio e ferricianeto de potássio, periodato de sódio e xilenol, o ácido bicinconínico e o sulfato cúprico, para a formação de cromóforos (NOVOTNY; ELSER,1984; AFSHARI; LIU, 2001; CHIOU et al., 2008; ZHAN et al., 2011). E, os métodos cromatográficos, por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) acoplada a um detector UV-visível (GOTELLI et al., 1977; CAMPANERO et al., 1999; ALTUN, 2002; JENSEN et al., 2004; DEVI et al., 2013; HELMY; EL-BEDAIWY, GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO, Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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Artigo original 2014) e por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a espectrômetro de massas (CELMA et al., 2000; ZHANG et al., 2008; LI et

al., 2010). O trabalho teve por objetivo padronizar e validar métodos analíticos para a quantificação sérica de paracetamol por espectrofotometria e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE).

MATERIAIS E MÉTODOS A realização da análise quantitativa de paracetamol em plasma foi realizada por espectrofotometria (SEBBEN et al.,2010) e por CLAE. As análises foram realizadas no Laboratório de Toxicologia do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Universidade Federal do Ceará. O método espectrofotométrico se baseia na reação do paracetamol da amostra com nitrito de sódio, formando o 2,4-nitro-4-acetaminofenol, assumindo coloração amarela em meio alcalino (após adição de NaOH), que pode ser quantificada em espectrofotômetro no comprimento de onda de 430 nm. O método cromatográfico por CLAE se baseia na separação utilizando-se fase reversa, em modo isocrático utilizando-se uma mistura de Tampão fosfato/Metanol/Acetonitrila e detector UV, em comprimento de onda de 240 nm. Reagentes e soluções Para o método espectrofotométrico: hidróxido de sódio e ácido tricloroacético P.A. (VETEC), nitrito de sódio P.A. (DINÂMICA). Soluções: NaOH 8M, Nitrito de Sódio 0,07M e ácido tricloroacético 3%. Para o método cromatográfico: éter metil tert-butílico (VETEC®); Carbonato de Potássio e Fosfato de Potássio Monobásico (KH2PO4) (VETEC®); Metanol e Acetonitrila grau HPLC (TEDIA®). A fase móvel utilizada para CLAE foi: KH2PO4 (pH 4,9)/Metanol/Acetonitrila (88/09/03). GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO, Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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Artigo original Equipamentos Foram utilizados: balança analítica de precisão RK®-200, banho ultrassom QUIMIS® modelo Q335D, Sistema MilliQ - ELGA®(resistividade 18,2

MΩ.cm),

bomba

a

vácuo

GAST®,

banho-maria

Edulab®,

espectrofotômetro Thermo scientific® modelo Genesys 10S UV-Vis e Cromatografia Liquida de Alta Eficiência (CLAE) com sistema de bombeamento, detector com arranjo de diodos (PDA) (Accela Thermo

Scientific®) e sistema de aquisição de dados ChromQuest 5.0, coluna analítica ODS HYPERSIL C18 (150 x 2,1 mm – 5 µm) da Thermo Scientific®.

Curva de Calibração Para a construção das curvas de calibração, foi preparada uma soluçãoestoque de paracetamol 10 mg/mL e a partir desta as soluções de trabalho. Para o método espectrofotométrico foram feitas as soluções de trabalho nas concentrações de 0,2; 0,5; 1; 1,5; 2 e 3 mg/mL em metanol e em seguida, foi retirado 50 µL destas soluções de trabalho e adicionadas a 500 µL de plasma, obtendo-se concentrações de 20; 50; 100; 150; 200; 300 µg/mL de plasma. Para o método cromatográfico foram feitas as soluções de trabalho nas concentrações de 0,05; 0,2; 0,5; 1; 1,5 e 2 mg/mL em metanol e em seguida, foi retirado 20 µL destas soluções de trabalho e adicionadas a 200 µL de plasma, obtendo-se concentrações de 5; 20; 50; 100; 150; 200 µg/mL de plasma. As curvas foram feitas em triplicata para os dois métodos. Procedimento de Análise Para o método espectrofotométrico a 500 µL de plasma foi adicionado 5 mL de TCA 3 %, que após centrifugação (10 minutos), foram retirados 2 mL do sobrenadante, adicionando-se, 5 mL de nitrito de sódio 0,07 M. Deixou-se em banho-maria por 10 minutos a 37° C e adicionou-se 100 µL de hidróxido

GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO, Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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Artigo original de Sódio 8 M. Após a temperatura ambiente ser atingida, as amostras foram lidas em espectrofotômetro no comprimento de onda de 430 nm. Para o método cromatográfico a 200 µL de plasma foi adicionado 100 µL de K2CO3 (0,1 %) e 3 mL de éter metil tert butílico, agitado por 10 minutos e centrifugado por 10 minutos. Foram retirados 2 mL do sobrenadante e evaporado em concentrador rotacional a 50º C por 40 minutos. O resíduo foi ressuspenso em 100 µL de metanol e 10 µL injetado no CLAE, fase móvel utilizada foi: KH2PO4 (pH 4,9)/Metanol/Acetonitrila (88/09/03), coluna analítica ODS HYPERSIL C18, em fluxo de 1 mL/min e comprimento de onda de 240 nm. Quantificação do paracetamol A média das absorbâncias para o método espectrofotométrico e as áreas para o método por CLAE foi utilizada para o cálculo da concentração de paracetamol nas amostras, com base na equação da reta gerada após a construção das curvas de calibração para cada método utilizando o software Microsoft Office Excel 2010®. Validação Para garantir que os métodos utilizados sejam apropriados para a finalidade pretendida fornecendo dados confiáveis, eles passaram por processos de validação conduzida com base na RDC n° 27 de 17 de maio de 2012, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2012). Para isso, os seguintes parâmetros foram avaliados: linearidade, precisão, exatidão, limite quantificação e curva de calibração. Para a determinação da linearidade para o método espectrofotométrico foram preparadas soluções padrão em seis concentrações distintas: 20, 50, 100, 150, 200 e 300 µg/mL de plasma e para o método por CLAE foram preparadas soluções de 5; 20; 50; 100; 150; 200 µg/mL de plasma. O Limite de quantificação avaliou a menor concentração do analito que pôde ser quantificada com precisão e exatidão aceitáveis. Para a GUIMARÃES, Lívia Apolônio de Freitas; SOARES, Janete Eliza de Sá; CARVALHO, Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação sérica de paracetamol por espectrofotometria e cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 08-25, jun. 2015.

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Artigo original determinação da Precisão e Exatidão, foram realizados testes em um mesmo ensaio analítico (intra-ensaio) e em três em ensaios distintos (inter-ensaio). Cada ensaio foi feito em cinco replicatas, contendo as concentrações baixa, média e alta. Para o método espectrofotométrico, foram utilizadas as concentrações de 50, 150 e 250 µg/mL e para o método por CLAE as concentrações de 10, 80 e 150 µg/mL como as concentrações baixa, média e alta, respectivamente. Calculando-se o Coeficiente de Variação (CV %) para o cálculo da precisão e o erro padrão relativo (EPR) para o cálculo da exatidão, não sendo admitidos valores de coeficiente de variação inferiores a 15% (BRASIL, 2012). RESULTADOS E DISCUSSÃO O presente estudo padronizou e validou duas metodologias, uma espectrofotométrica tomando como base um trabalho desenvolvido por Sebben et al. (2010), com um tempo total de análise de 30 minutos e um método cromatográfico por CLAE com um tempo total de análise foi em torno de 60 minutos, cujo tempo de retenção para o paracetamol foi 0,9 minutos (Figura 1), sem nenhuma interferência de picos de substâncias endógenas do plasma, sugerindo seletividade excelente.

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Artigo original

Figura 1. Cromatograma do Paracetamol por CLAE. Fase Móvel: KH2PO4 (pH 4,9)/Metanol/Acetonitrila (88/09/03), coluna C18, fluxo1 mL/min e 240 nm

Curva de Calibração Pelo método espectrofotométrico, a média das curvas de calibração, utilizando as concentrações de 20, 50, 100, 150, 200 e 300 µg/mL de plasma, apresentou coeficiente de correlação (R2) igual a 0,9965, coeficiente linear igual a 0,0103 e coeficiente angular igual a 0,0007. Para o método por CLAE, a média das curvas de calibração, utilizando as concentrações de 5, 10, 20, 50, 100, 150 e 200 µg/mL de plasma, apresentou coeficiente de correlação (R2) igual a 0,9918, coeficiente linear igual a 471960 e coeficiente angular igual a 112716, cuja recuperação foi em média de 95 %, realizada comparando-se a área do extraído com a área do adicionado. Os resultados obtidos demonstraram que há linearidade nos dois casos.

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Artigo original Validação

Limite de quantificação Para o método espectrofotométrico, ficou estabelecido 20 µg/mL como o valor de Limite de Quantificação para o paracetamol, com valores de precisão e exatidão de 2,96 e 19,8 %, respectivamente. Por CLAE, o Limite de Quantificação foi de 5 µg/mL com valores de precisão e exatidão de 2,95 e 10,98 %, respectivamente. Os métodos mostraram que o paracetamol pode ser quantificado adequadamente, de forma exata e precisa, uma vez que a ANVISA preconiza os valores de precisão e exatidão para o limite deve ser de até 20 %.

Exatidão e Precisão Os resultados de precisão e exatidão nos dois métodos estão apresentados na Tabela 1 e foram realizados de acordo com a metodologia pré-determinadas e com base na RDC n° 27 de 17 de maio de 2012 da ANVISA. Os métodos analisados para a determinação quantitativa de paracetamol apresentaram precisão e exatidão comprovadas e os resultados obtidos se encontraram dentro do intervalo de referência (± 15 %) e os coeficientes de correlação obtidos nos dois métodos foram bem próximos da unidade, logo, as absorbâncias e áreas geradas foram diretamente proporcionais à concentração de paracetamol na matriz.

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Artigo original Tabela 1- Análise de precisão e exatidão intra-ensaio e inter-ensaio do método quantitativo de paracetamol por espectrofotometria e por CLAE.

Concentração ug/mL

Intra-ensaio (n=5)

Inter-ensaio (n=15)

Precisão (CV%)

Precisão (CV%)

Exatidão (EPR%)

Exatidão (EPR%)

Método Espectrofotométrico 50

9,72

14,60

10,90

14,85

150

1,64

-4,10

6,24

-2,24

250

1,55

-3,56

4,80

1,96

Método Cromatográfico (CLAE) 10

6,10

-10,88

7,96

-9,46

80

7,84

8,20

7,36

10,66

150

2,89

0,13

4,72

-2,43

Deve-se ressaltar também que os níveis terapêuticos desse fármaco se encontram na faixa de 10 – 30 µg/mL, e os níveis tóxicos acima de 200 µg/mL e os valores de concentrações plasmáticas de paracetamol vão de 5 a 200

µg/mL

para

a

avaliação

de

hepatotoxicidade,

utilizando-se

o

Nomograma de Rumack-Mathew, o qual leva em conta o tempo transcorrido em vinte quatros horas desde a ingestão do fármaco, logo o método por CLAE apresentou uma sensibilidade mais adequada para a avaliação do dano hepático, através do Nomograma de Rumack-Matthew, extremamente importante no direcionamento do tratamento do paciente, apesar de levar a um maior tempo de análise, principalmente no que diz respeito ao tratamento da amostra. CONCLUSÃO O exame fundamental para confirmar o diagnóstico e avaliar o risco de hepatotoxicidade é a análise sérica de paracetamol. Logo, a padronização e a

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Artigo original validação das metodologias analíticas demonstraram-se apropriadas para as finalidades pretendidas. A espectrofotometria é uma metodologia simples, que envolve poucas etapas de preparação de amostras e reagentes, minimizando os problemas com interferentes e possíveis perdas do analito em estudo, pouco dispendiosa e de rápida execução, no entanto, possui sensibilidade limitada quando comparado ao método por CLAE, o qual é mais adequado, principalmente quando se quer avaliar o dano hepático, através do Nomograma, visto que é de extrema importância no direcionamento do tratamento do paciente. Agradecimentos

a

FUNCAP

Fundação

Cearense

de

Apoio

ao

Desenvolvimento Científico e Tecnológico. REFERÊNCIAS

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Artigo original Avaliação da sanitização de hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará Francisco Nataniel Macedo Uchoa Docente da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza. Mestrando em Ciências do desporto pela Universidade Trás dos Montes e Alto Douro – UTAD, Portugal. Email: nataniel4@hotmail.com Endereço para correspondência: Rua Luís Vieira, Casa 596. Vila Peri, Fortaleza/CE. CEP: 60730-230

Ariane Teixeira dos Santos Acadêmica do Curso de Nutrição. Campus Via Corpus, Centro Universitário Estácio FIC. E- mail: ariane_teixeira@ymail.com

Marta da Rocha Moreira Docente do Centro Universitário Estácio FIC. Graduada em Nutrição e mestre em Ciências Fisiológicas E-mail: martarocha9@yahoo.com.br

Thiago Medeiros da Costa Daniele Graduado em Educação Física, mestre em Ciências Médicas e doutorando em Ciências Médicas da Universidade Federal do Ceará. E-mail: danielethiago@fgf.edu.br

Danielle Abreu Foschetti Doutora em Farmacologia. Departamento de Biomedicina. Campus Porangabuçu, Universidade Federal do Ceará. E-mail: danifoschetti@yahoo.com.br UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA, Maria Tatiana de Lima; SANTOS, Gilberto Cerqueira dos. Avaliação da sanitização de hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 2637, jun. 2015.

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Artigo original Maria Tatiana de Lima Rocha Docente da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza. Mestranda em Ciências do Esporte pela Universidade Trás dos Montes e Alto Douro – UTAD, Portugal. E-mail: tatiana@fgf.edu.br

Gilberto Santos Cerqueira Docente Adjunto. Departamento de Nutrição. Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, Universidade Federal do Piauí. E-mail: giufarmacia@hotmail.com

RESUMO O manuseio e preparo correto de frutas e verduras são crucias para a redução da carga microbiana, saúde do consumidor e diminuir a incidência de doenças transmitidas por alimentos. Para isso, deve-se realizar corretamente a higienização e sanitização dos frutos e hortaliças e dos equipamentos e utensílios, seguindo o modo de uso indicado pelo fabricante do produto sanitizante. Dessa forma, este trabalho deve como objetivo verificar o tempo de exposição das hortaliças em uma solução sanitizante assim como a concentração da determinada concentração. Para isso foi analisado durante 10 dias o tempo de imesão das hortaliças (alface e repolho) no qual foi cronometrado o seu tempo de imersão e por meio de fita com graduação de 10 ppm a 200 ppm foi verificado a concentração ultilizada na unidade de alimentação. Os resultados com relação ao tempo de imersão não foram obdecidos conforme o produto informa e junto a ABERC (Associação Brasileira das empresas de refeições coletivas), já com relação à concentração de sanitizante os resultados não foram satisfatorios, onde os valores encontradados foram de 100 ppm e superiores a 200 ppm. Portanto, é possível concluir que os resultados encontrados no presente estudo referentes ao tempo de sanitização não estão de acordo com a recomendação UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA, Maria Tatiana de Lima; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Avaliação da sanitização de hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 2637, jun. 2015.

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Artigo original do fabricante e da ABERC e a solução de hipoclorito de sódio utilizada para a sanitização estava com valores acima do permitido, podendo ocorrer alteração sensorial no produto. Tomando como base os indicadores do fabricante, o tempo de exposição das hortaliças ao produto foi superior ao permitido, com isso podendo haver alguma alteração sensorial, mais não foi aplicado nenhum questionário para verificação da qualidade sensorial do alimento. A solução de hipoclorito de sódio utilizada para a sanitização estava com valores acima do permitido pelo fabricante, podendo ocorrer algum alteração sensorial no produto. Palavras-chave: Unidade de alimentação, Sanitizantes, Hortaliças.

RESÚMEN La correcta manipulación y preparación de frutas y verduras es fundamental para reducir la carga microbiana, la salud de los consumidores y reducir la incidencia de enfermedades transmitidas por alimentos. Para eso, debe realizar correctamente la limpieza y desinfección de frutas y verduras y los equipos y utensilios, siguiendo las instrucciones de uso especificada por el fabricante del producto desinfectante. Por lo tanto, este trabajo tiene como objetivo comprobar el tiempo de exposición de verduras en una solución desinfectante y la concentración de cierta concentración. Para esto, fue analizado durante 10 días el tempo de inmersión de verduras (lechuga y repollo), en la cual su tiempo fue cronometrado y a través de la cinta con graduación de 10 ppm a 200 ppm se encontró la concentración utilizada en la unidad de alimentación. Los resultados del tiempo de inmersión no fueron de acordó con la recomendación del producto y por la Aberc (Asociación Brasileña de las empresas de catering), ya en la concentración de desinfectante los resultados no fueron satisfactorios, donde UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA, Maria Tatiana de Lima; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Avaliação da sanitização de hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 2637, jun. 2015.

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Artigo original los valores encontrados fueron de 100 y mayor que 200 ppm. Sobre la base de los indicadores del fabricante, el tiempo de exposición de verduras al producto era mayor de lo permitido, por lo tanto, puede haber algún cambio sensorial. La solución de hipoclorito de sodio utilizado para el saneamiento era con valores por encima de los permitidos por el fabricante y puede haber algún cambio sensorial en el producto.

Palabras clave: Unidad de alimentación, desinfectantes, verduras. INTRODUÇÃO Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) são locais voltados para preparação e fornecimento de refeições equilibradas em nutrientes, seguindo o perfil da clientela1. As UAN são unidades do setor de alimentação coletiva2, que desempenha atividades relacionadas à alimentação e à nutrição equilibrada com bom padrão higiênico-sanitário3, recuperando e mantendo a saúde dos comensais e auxiliando no desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis1, 4. Estão situadas em empresas, escolas, universidades, hospitais, asilos, orfanatos, dentre outras instituições1. Nas UAN, pode acontecer transferência de microrganismos aos comensais, via alimentação, vindo de várias fontes, além do próprio alimento, especialmente por aqueles que não passaram por tratamento térmico ou não o receberam corretamente. Os trabalhadores destas Unidades podem transferir microrganismos ao comensal, pelo fato de estarem infectados e contaminar o alimento pelo uso de técnicas de processamento inadequadas, causando assim, uma toxinfecção alimentar5. As frutas e hortaliças podem estar associadas à toxinfecções alimentares e a doenças transmitidas por alimentos (DTA), pois são potenciais veiculadores de microrganismos. Várias são as causas para UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA, Maria Tatiana de Lima; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Avaliação da sanitização de hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 2637, jun. 2015.

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Artigo original presença de elevada carga microbiana nesse tipo de produto, dentre elas estão às técnicas de cultivo como o uso de adubo orgânico e a utilização de águas contaminadas para irrigação, armazenamento, transporte feito em engradados aberto, as condições de higiene no manuseio, preparo das refeições, principalmente quando tais alimentos são consumidos crus e a distribuição para consumo6. A manipulação e o preparo correto de frutas e hortaliças são cruciais para o consumo humano, para diminuir a carga microbiana nestes tipos de produtos além de reduzir a incidência de doenças transmitidas pelos alimentos. Para isso, deve-se utilizar água de boa qualidade, realizar corretamente a higienização e sanitização dos frutos e hortaliças e dos equipamentos e utensílios, com intuito de prevenir contaminação cruzada e aumentar a segurança microbiológica dos alimentos 7,8. O processo de sanitização de um alimento visa reduzir a carga microbiana a valores bem reduzidos e compatíveis com a aquisição de produtos em condições higiênico-sanitárias adequadas, sem alterar a qualidade ou segurança do produto para o consumidor9. Os sanitizantes são agentes, geralmente químicos, que retiram formas vegetais, mas não obrigatoriamente as formas esporuladas de microrganismos patogênicos10. Vários são os sanitizantes usados na indústria de alimentos, como: compostos à base de cloro, iodo, peróxido de hidrogênio, ácido peracético e quaternário de amônio, e devem ser aprovados através de testes laboratoriais, nas condições recomendadas pelos fabricantes11. A tecnologia de lavagem convencional tem o objetivo de retirar os produtos como grãos de terra, pedras e insetos procedentes do solo encontrado

em

microrganismos12.

hortaliças

depois

da

colheita

e

não

de

eliminar

Os métodos de sanitização comumente envolvem a

aplicação de água, para retirar os produtos químicos, tratamento mecânico UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA, Maria Tatiana de Lima; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Avaliação da sanitização de hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 2637, jun. 2015.

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Artigo original com utilização de escovas ou pulverizadores, seguido de enxague, sendo que nesta etapa pode ser incluído um tratamento sanitizante9. É importante que a água usada seja limpa para não ser veículo de contaminação do alimento9, 13,

além do mais, a eficiência do método utilizado é normalmente do tipo de

tratamento, tipo e fisiologia do microrganismo, característica da superfície do alimento como rachaduras, fendas e textura, tempo de exposição e concentração do sanitizante, também como pH e temperatura. Cuidado com a concentração de sanitizante, pois pode ter impacto sensorial inaceitável no alimento9. A utilização de desinfetantes nos alimentos pode não retirar de forma completa microrganismos patogênicos14, assim nessa fase é importante à escolha do sanitizante, porque além de eficaz não pode ser tóxico. Na atualidade, um sanitizante aceito pela legislação é o cloro e em outros países usam em maior frequência agentes como vinagre, ácido peracético, que conquistaram aceitação no mercado mundial, por razão de serem eficazes quanto o cloro15. Os agentes clorados ainda são mais utilizados, por ser de baixo custo e fácil uso. Germicidas de grande ação, os compostos clorados reagem com as proteínas das células microbianas favorecendo perda de componentes celulares8. É de grande importância a escolha do sanitizante e o controle do pH da solução é essencial na operação. As recomendações de sanitização de frutas e hortaliças quanto à concentração, pH e tempo de exposição ao cloro são entre 50-200mg/L, pH 5 a 7, 3 a 20 minutos respectivamente, de exposição do produto ao sanitizante16. Concentrações maiores podem ser a causa de descoloração em alguns produtos, além disso, pode ocorrer a corrosão de equipamentos8. Valores de pH entre 6 e 7,5 são usados para evitar a corrosão de equipamentos e devido à aceitabilidade sensorial do alimento9.

UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA, Maria Tatiana de Lima; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Avaliação da sanitização de hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 2637, jun. 2015.

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Artigo original Visando um melhor controle da sanitização. O presente estudo tem como objetivo avaliar e analisar o processo de sanitização em hortaliças (alface e repolho) e verificar o tempo de sanitização e a quantidade de sanitizante administrado em uma Unidade de Alimentação e Nutrição em Fortaleza-CE.

MATERIAIS E MÉTODOS Foi realizado durante, 10 dias do mês de outubro, uma avaliação sobre a quantidade e tempo da solução utilizada para a sanitização de alface (Lactuca Sativa) e repolho (Brassica Oleracea), tendo como padrão a solução de hipoclorito de sódio (NaOCl). As amostras foram adquiridas diretamente da “CEASA” (Centro Estadual de Abastecimento S/A), o qual foi escolhido em condições aparentemente adequadas. As amostras avaliadas foram as mesmas utilizadas para a alimentação. Na sequência, as folhas foram imersas em solução de hipoclorito de sódio, na qual o fabricante indicava uma quantidade de 100 ppm por 10 a 15 minutos. Por meio de um cronometro foi cronometrado o tempo de utilização da solução logo após a imersão do alimenta na solução e como termino logo após o alimento ser retirado da solução. A marca da solução utilizada apresentava registro na ANVISA e estava no prazo de validade. Para o teste da solução, foi utilizado uma fita com graduação de 10 ppm a 200 ppm, o qual 100 ppm seria concentração adequada. A análise foi feita pré– imersão e pós- imersão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos com relação ao tempo de exposição estão nas Figuras 1 e 2 e o resultado da concentração de sanitizante utilizado nas hortaliças está na Tabela 1. UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA, Maria Tatiana de Lima; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Avaliação da sanitização de hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 2637, jun. 2015.

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Artigo original

Figura 1. Tempo de imersão em minutos de cinco amostras de hortaliças na solução sanificante em uma unidade de alimentação coletiva.

Figura 2. Tempo de imersão em minutos de cinco amostras de hortaliças na solução sanificante em uma unidade de alimentação coletiva.

As Figuras 1 e 2 apresentam o tempo de imersão da hortaliça na solução hipoclorada, onde é possível ver que as todas as amostram não obedeceram a recomendação que, segundo a ABERC (Associação Brasileira

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Artigo original das empresas de Refeições Coletivas), o tempo de contato da solução com alimentos deve ser de no mínimo 15 minutos17. Em outro estudo citado por Oliveira apud Nascimento et al., (2002) a solução de hipoclorito teve o melhor resultado como sanitizante, em um tempo de 10 minutos na redução de coliformes totais 19. Tabela 1. Concentração de hipoclorito em ppm das 10 (dez) amostras de analisadas.

Data

Concentração Pre-sanitização (ppm)

Concentração Pós-sanitização (ppm)

Amostra 1

100

100

Amostra 2

200 +

200 +

Amostra 3

200 +

200 +

Amostra 4

200 +

200 +

Amostra 5

200 +

200 +

Amostra 6

200 +

200 +

Amostra 7

200 +

200 +

Amostra 8

200 +

200 +

Amostra 9

200 +

200 +

Amostra 10

200 +

200 +

UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; SANTOS, Ariane Teixeira dos; MOREIRA, Marta da Rocha; DANIELE, Thiago Medeiros da Costa; FOSCHETTI, Danielle Abreu; ROCHA, Maria Tatiana de Lima; CERQUEIRA, Gilberto Santos. Avaliação da sanitização de hortaliças em uma unidade de alimentação e nutrição em Fortaleza - Ceará. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 2637, jun. 2015.

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Artigo original A Tabela 1 mostra os valores de concentração encontrados nas hortaliças, onde os valores mínimos encontrados foram de 100 ppm e acima de 200 ppm. Em um estudo feito por Santo (2012) o uso de da solução clorada a 200 ppm foi capaz de reduzir ate dois ciclos logarítmicos nas amostras imersas, e que o tempo de 45 minutos foi ineficaz quando comparado a 15 minutos18. Os dados informam que a utilização de altas concentrações não acarreta em uma maior redução de microrganismo assim como grandes períodos de exposição ao produto.

CONCLUSÃO De acordo com os resultados encontrados no presente estudo podemos concluir que os que o tempo de sanitização das hortaliças não está de acordo com o tempo mínimo ideal recomendado pelo fabricante e pela ABERC. Tomando como base os indicadores do fabricante, o tempo de exposição das hortaliças ao produto foi superior ao permitido, com isso podendo haver alguma alteração sensorial, mais não foi aplicado nenhum questionário para verificação da qualidade sensorial do alimento. A solução de hipoclorito de sódio utilizada para a sanitização estava com valores acima do permitido pelo fabricante, podendo ocorrer alguma alteração sensorial no produto. É importante atentar aos cuidados, desde a seleção do fornecedor, produção até a mesa do consumidor e que sejam realizados com qualidade e segurança.

Os

Procedimentos

operacionais

padronizados

com

uma

higienização adequada junto à sanitização certificam uma boa qualidade do produto e redução do custo de produção da UAN, assim oferecendo o melhor para o consumidor.

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Artigo original Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete Maurea Nicoletti Flynn Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas – FT UNICAMP.

Monica Ponz Louro Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Mariana Saran Pimentel Mendes Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Rodrigo Castellari Gonzalez Universidade Presbiteriana Mackenzie.

FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original RESUMO O presente trabalho busca fazer um diagnóstico da flora, e da fauna, incluído peixes, das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete, desde Barra Bonita até São Paulo, através do levantamento de dados secundários para o estabelecimento das relações ecológicas entre os componentes da biota. O levantamento de dados foi realizado por consulta bibliográfica que privilegiou o levantamento de informações em coleções zoológicas institucionais do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo e Instituto Butantan, literatura acadêmica em instituições científicas, bem como literatura técnica especializada depositada na CETESB. As pesquisas bibliográficas cobrem especificamente a Área de Preservação Permanente (APP) do rio Tietê nos municípios que compõem as Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHIs) 06 e 10, respectivamente Alto Tietê e Médio Tietê. As UGRHIs consideradas, todas classificadas como industriais, mostraram um preocupante estado de degradação dos ecossistemas aquáticos e terrestres circundantes. A ação do homem nas regiões consideradas, induziu a alterações nas formações vegetais levando à fragmentação de trechos que se encontram em diversos estágios de desenvolvimento. No grupo de vertebrados terrestres, os anfíbios podem ser utilizados para o biomonitoramento por serem abundantes, de fácil coleta, por apresentarem grande número de espécies e apresentarem respostas diversas a substâncias e alterações ambientais. Alguns grupos encontrados como as famílias Hilydae e Bufonidae são compostos por espécies resistentes que sobrevivem em ambientes modificados e espécies extremamente sensíveis, em que o oposto ocorre. A diversidade ambiental de aves nas UGRHIs consideradas é alta. Com relação ao grau de sensibilidade das espécies às mudanças ambientais, poucas espécies apresentam alta suscetibilidade enquanto a maior parte apresenta baixa sensibilidade às modificações. A diversidade de mamíferos é baixa e com elevada ocorrência de espécies em risco, que representam 40% do total de registros. FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original Considerando os invertebrados terrestres, o grupo Araneae, encontrado nas três UGRHIs avaliadas, compreendendo basicamente as aranhas, é muito utilizado em programas de conservação. Com relação às ictiofauna oito espécies/gêneros de peixes tipicamente endêmicos / nativos da ictiofauna neotropical de água doce, foram registrados ao longo de todas as áreas estudadas.

Palavras chave: Fragmentos florestais, Fauna, APA Rio Tiete.

ABSTRACT This paper seeks to make a diagnosis of flora and fauna, including fish, in areas of permanent preservation (APP) of the middle and upper Tiete River, from Barra Bonita to São Paulo, through secondary data collection for the establishment of ecological relationship among the components of the biota. Data collection was conducted by bibliographic query that privileged information found in zoological collections of the Museum of Zoology of São Paulo University and Instituto Butantan, acadamic literature in scientific institutions, as well as specialized literature deposited on CETESB. The bibliographical research covering specifically the Permanent Preservation Area (APP) of the Tietê River in the municipalities that make up the water resources management Units (UGRHIs) 06 and 10, respectively Alto Tietê and Medio Tietê. The UGRHIs considered, all classified as industrial, showed a worrying state of degradation of aquatic ecosystems and surrounding land. The action of man in the region considered induced changes in plant formations leading to fragmentation in various stages of development. Among the terrestrial vertebrates, amphibians can be utilized for the biomonitoring for being abundant, easy to collect, for presenting a large number of species and submit responses several substances and environmental changes. Some groups found as Hilydae and Bufonidae FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original families are composed in one hand by resistent species that survive in modified environments and, in other, by extremely sensitive species, in which the opposite occurs. The environmental diversity of birds in UGRHIs considered is high. With respect to the degree of sensitivity of the species to environmental changes, few species have high susceptibility while most presents low sensitivity to changes. The diversity of mammals is low, with high occurrence of species at risk, representing 40% of the total number of records. Whereas the terrestrial invertebrates Araneae, found in three UGRHIs evaluated, including the spiders, is widely used in conservation programs. With respect to fishes, eight species/genera of Ichthyofauna typically native Neotropical freshwater were recorded throughout the studied areas.

Keywords: Forest fragments, Fauna, APA Rio Tiete.

INTRODUÇÃO As interferências nas florestas nativas, geradoras dos fragmentos antrópicos, são causados por impactos tais como: caça, exploração, agropecuária, queimadas, extração vegetal, lazer, urbanização, implantação de infraestruturas de transporte, energia e saneamento. Os diferentes estágios de fragmentação são decorrentes dos diversos padrões de desenvolvimento social e econômico (FISZON et al. 2005), e acontecem de forma abrupta, sendo o efeito de borda, uma das consequências desta fragmentação. O efeito de borda trata da influência que os fragmentos vegetacionais sofrem por parte de habitats alterados que foram criados ao seu redor, e sinalizam alterações abióticas, com mudanças microclimáticas, assim como bióticas direta com mudanças na distribuição e abundância das espécies ou FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original bióticas indireta, com alterações nas interações entre os organismos (CERQUEIRA et al 2005). Quanto maior for o contraste entre a estrutura dos fragmentos e a da matriz circundante, maior será a intensidade dos efeitos de borda e da matriz, tanto sobre a flora como sobre a fauna (COLLI et al. 2005). A fragmentação de habitat tem conseqüências na estrutura e nos processos das comunidades. Além da perda de área original do habitat, também há extinções locais e alterações na composição e abundância de espécies, levando à alteração ou até perda de processos naturais. Dentre esses, podemos citar modificações na polinização, na dispersão de sementes por animais, nas relações de herbivoria e predação, que podem colocar em risco a manutenção de espécies vegetais nos fragmentos (SCARIOT et al. 2005). O presente trabalho busca fazer um diagnóstico da flora, e da fauna terrestre, das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete, desde Barra Bonita até São Paulo, através do levantamento de dados secundários, tendo como objetivos: a descrição da cobertura vegetal, com identificação das fitofisionomias nos diferentes extratos vegetais; a descrição da fauna de vertebrados terrestres incluindo considerações acerca do estado de conservação da comunidade; as relações entre flora e fauna; e a indicação de espécies em risco.

METODOLOGIA O levantamento de dados foi realizado por consulta bibliográfica que privilegiou

o

levantamento

de

informações

em

coleções

zoológicas

institucionais do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo e Instituto Butantan, literatura acadêmica em instituições científicas, bem como literatura técnica especializada depositada na CETESB. As pesquisas FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original bibliográficas cobrem especificamente a Área de Preservação Permanente (APP) do rio Tietê nos municípios que compõem as Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHIs) 06 e 10, respectivamente Alto Tietê e Médio Tietê. O levantamento bibliográfico cobriu publicações realizadas no período entre 1997 e 2009, relativas aos temas: cobertura vegetal e vertebrados terrestres. Para a determinação do grau de vulnerabilidadae das espécies levantadas, utilizaram-se listas em âmbito federal, que foram para a fauna a Portaria IBAMA nº 1.522, 1989 e Anexos I e II da Instrução Normativa nº 5, de 21 de maio de 2004 do Ministério do Meio Ambiente. E para a flora foi a Instrução Normativa nº 6, de 23 de setembro de 2008. Com base nas publicações consultadas, foram elaboradas planilhas completas de dados. As informações obtidas foram interpretadas em termos de

composição

faunística,

biodiversidade,

inter-relações

entre

os

compartimentos bióticos, permitindo a caracterização de elos frágeis e espécies em risco. Os dados relacionados à Biota terrestre estão agrupados por UGRHIs contemplando respectivamente os municípios da Região Metropolitana de São Paulo (UGRHI 06) e Anhembi, Barra Bonita, Bofete, Botucatu, Conchas, Dois Córregos, Igaraçu do Tietê, Laranjal Paulista, Mineiros do Tietê, Pereiras, Piracicaba, Porangaba, Saltinho, São Manuel, Tietê, Torre de Pedra, Boituva, Cerquilho, Jumirim, Porto Feliz, Rio das Pedras, Sorocaba, Tietê, Araçariguama, Cabreúva, Cajamar, Elias Fausto, Indaiatuba, Itapevi, Itu, Jundiaí, Mairinque, Pirapora do Bom Jesus, Salto, Santana de Parnaíba e São Roque (UGRHI 10).

FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original RESULTADOS 1. Cobertura vegetal A região apresenta áreas urbanizadas densamente ocupadas, cobertura vegetal fortemente alterada por ações antrópicas, encontrando-se reduzidas e descaracterizadas em suas composições florísticas originais. As áreas ocupadas por cobertura vegetal antrópica predominam de forma significativa sobre as naturais. As coberturas vegetais levantadas são descritas a seguir: 1.1 Floresta Ombrófila Densa Este

tipo

de

vegetação,

fisionomia

constituinte

do

Domínio

Vegetacional da Mata Atlântica, como é mais conhecida, está presente tanto na região litorânea quanto nos planaltos e serras do interior, ao longo de toda a costa brasileira, sendo que sua largura varia entre pequenas faixas e grandes extensões. Esta fitofisionomia é caracterizada por apresentar camadas de vegetação claramente definidas e formações diferenciadas em relação à altitude em: Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana, Floresta Ombrófila Densa Montana, Floresta Ombrófila Densa Submontana e Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas. O tronco das árvores, normalmente liso, só se ramifica bem no alto para formar a copa. As copas das árvores mais altas tocam-se umas nas outras, formando uma massa de folhas e galhos que restringe a passagem do sol, denominada dossel, e chegam a atingir de 30 m, 35 m e até 60 metros de altura. No extrato mais inferior, nascem e crescem arbustos e pequenas árvores, que são os bambus, as samambaias gigantes, líquens que toleram menos luz, formando os chamados sub-bosques. Tanto nas árvores mais altas como nas mais baixas encontram-se várias outras espécies escandentes ou epífitas, como diversos tipo de cipós, bromélias e orquídeas. O solo é coberto e protegido pelas forrações provenientes das folhas e outros vegetais que caem das árvores ao longo do ano, servindo de alimento para muitos insetos, entre outros FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original animais e principalmente aos fungos, que são os principais responsáveis pelo processo de decomposição e reciclagem, sobretudo da matéria orgânica, da floresta. A característica ombrotérmica desta floresta está presa a fatores climáticos tropicais de elevadas temperaturas (médias de 25 °C) e de alta precipitação, bem distribuídas durante o ano (de 0 a 60 dias secos), o que determina uma situação de ausência de período seco pronunciado. A Floresta Ombrófila Densa é predominante na sub-bacia do Médio Tietê Superior e Alto Tietê (Figura 1), estendendo-se da Serra do Japi, Serra de São Roque, Serra de São Francisco até a Serra de Paranapiacaba (SOS MATA ATLÂNTICA 2004).

Figura 1. Mapa da cobertura vegetal de Floresta Ombrófila Densa Primária do Estado de São Paulo. Fonte: SINBIOTA/FAPESP, 2009. Biota - Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana Biota - Floresta Ombrófila Densa Montana Biota - Floresta Ombrófila Densa Submontana Biota - Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas

As áreas com vegetação secundária caracterizam-se por diversidade de espécies baixa e homogeneidade fisionômica em cada estágio sucessional (Figura 2). É comum encontrarem-se espécies dominantes em cada sere, que lhe confere o aspecto homogêneo. FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original

Figura 2. Mapa da cobertura vegetal de Floresta Ombrófila Densa Secundária do Estado de São Paulo. Fonte: SINBIOTA/FAPESP, 2009. Biota - Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana Biota - Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa Montana Biota - Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa Submontana Biota - Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas

As

Florestas

Ombrófila

Densas

ocorrem

nas

duas

UGRHIs

consideradas, apresentando conformações estruturais como descritas a seguir. Na UGRHI 06 (Franco et al. 2007; Souza et al. 2009) a composição florística é um forte indicador do grau de degradação dos fragmentos. Predominam florestas secundárias, as quais podem ser facilmente confundidas com florestas maduras, sobretudo em decorrência de sua fisionomia, caracterizada pelo dossel fechado e pela presença de árvores de grande porte. Porém, a análise da composição florística do estrato superior, nesses trechos, revela a ocupação do dossel por espécies pioneiras, tais como

Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr., Croton floribundus Spreng., Tibouchina pulchra (Cham.) Cogn.,

Miconia cabussu Hoehne e Alchornea sidifolia Müll. Arg. Também FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original predominaram no dossel espécies anemocóricas (sementes dispersas pelo vento) ou autocóricas (sementes sem adaptação clara quanto à forma de dispersão), mas no subosque foram observadas espécies zoocóricas (sementes dispersas por animais) e, timidamente, a regeneração natural de indivíduos jovens de espécies finais de sucessão. Trechos

remanescentes

de

floresta

primária

são

escassos

e

usualmente presentes no formato de “ilhas” em uma matriz de floresta secundária. Há grande heterogeneidade espacial dos fragmentos existentes, restando poucos em situação primitiva, sem cortes rasos. Os trechos menos perturbados dos fragmentos apresentaram maior número de espécies finais de sucessão, além daquelas espécies iniciais comuns em clareiras e áreas de borda. Algumas espécies são freqüentes e podem ser consideradas como indicadoras de trechos preservados: Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze,

Hymenaea courbaril L., Aspidosperma camporum Müll. Arg., Aspidosperma olivaceum Müll. Arg., Sloanea guianensis (Aubl.) Benth., Cryptocaria aschersoniana Mez., Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer, Cedrella fissilis Vell., Platymiscium floribundum Vogel e as espécies do gênero Campomanesia. Na UGRHI 10, a fitofisionomia é composta por mais de 80 famílias e 300 espécies, sendo as famílias Myrtaceae, Lauraceae, Fabaceae, Rutaceae, Melastomaceae e Euphorbiaceae com maior diversidade florística. Quinze gêneros apresentam numero elevado de espécies: Ocotea, Eugenia, Myrcia,

Miconia, Ilex, Campomanesia, Cyathea, Gomidesia, Maytenus, Meliosma, Nectandra, Psychotria, Rapanea, Solanum e Symplocos, com quatro espécies cada. Estes quinze representam mais de 38 % das espécies levantadas. As espécies mais abundantes são Rudgea jasminoides, Myrcia multiflora,

Guapira opposita, Ocotea dispersa, Eugenia pluriflora, Matayba elagnoides, Euterpe edulis, Symplocos variabilis, Alsophila setosa e Ilex paraguariensis. CATHARINO e colaboradores catalogou apenas 16 espécies como típicas pioneiras, 100 como secundárias iniciais, 93 como secundárias tardias, 39 como umbrófilas, e o restante, “sem classificação”.

Apenas uma espécie

FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original exótica foi reportada: Eryobotrya japonica (Rosaceae), a nespereira, típica zoocórica. A alteração antrópica, em áreas maduras, parece aumentar a riqueza de espécies, proporcionando a entrada de espécies secundárias iniciais, notadamente anemocóricas. Já em áreas com menores intervenções antrópicas, há menor ocorrência das espécies iniciais, resultando em uma diversidade pouco menor (CATHARINO et al. 2006). A baixa diversidade encontrada em florestas da região metropolitana de São Paulo parece estar correlacionada ao fato das florestas serem predominantemente secundárias, devido à perturbação antrópica, e não apresentarem um amplo gradiente sucessional (CATHARINO et al. 2006). A Tabela 1 mostra o quadro de espécis ameaçadas para o Estado de São Paulo.

Tabela 1. Quadro de espécies ameaçadas no Estado de São Paulo. Fonte: Moura et al, 2007.

1.2 Floresta Estacional Semidecidual No Estado de São Paulo, a Floresta Atlântica que ocupa as escarpas de maciços cristalinos e se estende até o planalto, dá lugar, a partir deste, a FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original uma formação florestal mais seca, denominada Floresta Estacional Semidecidual. O conceito ecológico desse tipo de vegetação está condicionado pela dupla estacionalidade climática, sendo uma tropical, com época de intensas chuvas de verão seguida por estiagens acentuadas, e outra subtropical sem período seco, mas com seca fisiológica provocada pelo intenso frio do inverno, com temperaturas inferiores a 15°C. Essa estacionalidade age como fator limitante, diminuindo a presença de lianas, epífitas e fetos arborescentes, característicos da Floresta Atlântica. Essa formação é composta por fanerófitas (plantas lenhosas), com gemas foliares protegidas da seca por escamas, tendo folhas adultas esclerófitas ou membranáceas deciduais. Nesse tipo de vegetação, a porcentagem das árvores caducifólias, que perdem as folhas durante o período seco, situa-se entre 20 e 50%. Essa fisionomia apresenta grande diversidade e disponibilidade de habitats, oferecendo ambiente para a fauna silvestre e para a conservação de espécies vegetais nativas (SÃO PAULO 2002). O grau de restrição para o uso dessas áreas naturais é máximo, sendo consideradas de preservação, devido à oferta de recursos ecológicos aos grupos de fauna e à sua biodiversidade. A região da UGRHI 10 (Figura 3) possui diversos fragmentos, relativamente pequenos, de floresta Estacional Semidecidual distribuídos de maneira dispersa e predominantes no Médio Tietê Inferior, sendo que a maioria dos remanescentes se encontra nos municípios de Botucatu e Bofete, e estão inseridos na APA Corumbataí – perímetro Botucatu (KRONKA et al. 1998 e 2004).

FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original

Figura 3. Mapa da cobertura vegetal de Floresta Semidecidual Primária do Estado de São Paulo. Fonte: SINBIOTA/FAPESP, 2009.

As áreas com vegetação secundária caracterizam-se por diversidade de espécies baixa e homogeneidade fisionômica em cada estágio sucessional (Figura 4). É comum encontrar-se espécies dominantes em cada sere, que lhe confere o aspecto homogêneo. A fitofisionomia é exclusiva da UGRHI 10 e composta por cerca de 40 famílias e 100 espécies, sendo as famílias Leguminosae, Myrtaceae e Rutaceae, com maior diversidade florística.

FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original Figura 4. Mapa da cobertura vegetal de Floresta Semidecidual Secundária do Estado de São Paulo. Fonte: SINBIOTA/FAPESP, 2009.

1.3 Formações Savânicas (Cerrado e Cerradão) A vegetação das formações savânicas está adaptada a regiões normalmente planas, com solos pobres e ácidos e de clima estacional (um a quatro meses sem chuva), ocupando 25% do território nacional, concentrada notadamente na região central do Brasil. No caso de São Paulo, as formações

savânicas

não

são

contínuas,

ocorrendo

como

encraves,

principalmente na região centro-norte, em meio à floresta mesófila (Mata Atlântica), que é a fitofisionomia predominante no Estado. Devido à extensa área ocupada e ao contato com outros biomas, essa formação apresenta alta biodiversidade de espécies, estimada em 30% da fauna e flora brasileira e 5% da biota mundial. Trata-se

de

uma

formação

vegetal

de

fisionomia

peculiar,

caracterizada por apresentar indivíduos de porte atrofiado, de troncos retorcidos (tortuosos), cobertos por casca espessa e fendilhada, de esgalhamento baixo e copas assimétricas, folhas na maioria grandes e grossas, algumas coriáceas, de caules e ramos encortiçados, com ausência de acúleos e espinhos, bem como de epífitas e lianas (KRONKA et al. 1998). O termo cerrado significa mata densa ou fechada e o termo savana foi atribuído devido à semelhança da fisionomia – árvores e arbustos em meio a gramíneas – do Cerrado brasileiro com as Savanas existentes na África. As áreas cobertas por esse tipo de vegetação apresentam um alto grau de alteração nas composições florísticas originais, ocasionadas por atividades antrópicas e vestígios de intensas queimadas. A vegetação savânica apresenta um grande potencial econômico, especialmente nas áreas de: alimentação, já que se conhecem cerca de 80 espécies vegetais que fornecem frutos, sementes ou palmitos que servem de alimentos para o homem; produção de fibras; produção de cortiça, sendo que existem cerca de 20 espécies que já são utilizadas para esse fim; produção de tanino; produção de FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original gomas, resinas, bálsamos e látex; produção de óleos e gorduras; uso medicinal, com mais de 100 espécies vegetais usadas para a cura e prevenção de doenças; plantas ornamentais; artesanato; e plantas apícolas. Conforme o diagnóstico da conservação e do uso sustentável das áreas de cerrado do Estado de São Paulo, realizado pelo PROBIO/SP (SMA 1997), a redução desta formação vegetal vem ocorrendo desde o início do século, principalmente devido ao seu grande potencial como fornecedora de lenha, carvão vegetal, mourões de cerca, uso como pasto natural na pecuária, bem como à ocupação por áreas de reflorestamento. Mais recentemente, as áreas de

cerrado

estão

sendo

ocupadas

por

atividades

agropecuárias,

principalmente cana-de-açúcar, citricultura e gado bovino. Segundo o Inventário Florestal do Estado de São Paulo, realizado pelo Instituto Florestal, na Bacia do Médio Tietê estão presentes fragmentos remanescentes das formações de Savana Florestada e Savana Típica, detalhadas a seguir (Figura 5). Savana Florestada (Cerradão) - esta formação vegetal é constituída por três estratos (andares) distintos: o primeiro apresenta espécies umbrófilas (plantas adaptadas ao crescimento em ambiente sombreado) rasteiras ou de pequeno porte; o segundo é composto por arbustos e arvoretas, constituindo o sub-bosque, que não ultrapassa a altura de 5 a 6 metros; e o terceiro, com árvores de troncos menos tortuosos, não ramificados desde a base e que podem atingir até 15 metros de altura (KRONKA et al. 1998). A área ocupada pelo cerradão está representada por pequenos fragmentos, geralmente dispersos, e com predomínio de áreas menores que 100 hectares, inseridos na Sub-bacia do Médio Tietê Inferior e Alto Tietê. Tendo em vista a raridade atual de áreas de Cerradão no Estado de São Paulo e sua importância ecológica, consideram-se esses fragmentos como sendo áreas prioritárias para a conservação, segundo os seguintes critérios selecionados pelo PROBIO/SP durante o “Workshop: Bases para FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original conservação e uso sustentável das áreas de Cerrado do Estado de São Paulo”, realizado em 1997: são arquipélagos de remanescentes, isto é, áreas com potencial de conectividade entre fragmentos; presença de uma grande extensão, maior que 100 hectares; os fragmentos estão localizados em áreas de recarga do aqüífero de Botucatu, de mananciais para captação de água, de alta suscetibilidade à erosão e com fragilidade geológica; e, presença de espécies endêmicas de peixes e anfíbios, além de espécies raras e ameaçadas de extinção, como o mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides). Savana Típica (Cerrado) - de um modo geral o Cerrado apresenta-se com três estratos: estrato superior, constituído por árvores esparsas de pequeno porte (até 7 metros de altura); estrato intermediário, formado por arbustos de 1 a 3 metros de altura; e, estrato inferior, constituído por gramíneas e subarbustos, em geral de até 50 cm de altura, pouco denso, deixando espaços onde o solo pode se apresentar pouco ou desprovido de revestimento (KRONKA et al. 1998). Os fragmentos remanescentes de Cerrado estão distribuídos em pequenas manchas de vegetação dispersas, predominantemente, no Médio Tietê Inferior e Alto Tietê. Juntamente com os fragmentos de cerradão presentes na Bacia do Sorocaba - Médio Tietê e em Guarulhos - Alto Tietê, essas áreas de remanescentes de cerrado são prioridade para a conservação desse bioma, seguindo os mesmos critérios que foram selecionados para as manchas remanescentes de cerradão.

FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original

Figura 5. Mapa da cobertura vegetal de Savana do Estado de São Paulo. Fonte: SINBIOTA/FAPESP, 2009, 2009.

Na UGRHI 06, a fitofisionomia é composta por 85 famílias e 391 espécies, sendo as famílias Myrtaceae, Laureaceae, Fabaceae, Rutaceae, Melastomaceae e Euphorbiaceae com maior diversidade florística. E na UGRHI 10, a fitofisionomia é composta por 85 famílias e 391 espécies, sendo as famílias Myrtaceae, Laureaceae, Fabaceae, Rutaceae, Melastomaceae e Euphorbiaceae com maior diversidade florística. 1.4 Várzeas São áreas sujeitas as inundações pelo transbordamento lateral dos rios e lagos (calha principal do rio e remansos de reservatórios), o que promove grande interação entre os ecossistemas aquáticos e terrestres, conferindo a essa formação vegetal uma riqueza de biodiversidade, de diversidade de uso de recursos naturais e de produtividade. Os solos das várzeas são férteis em virtude da renovação periódica dos nutrientes, decorrente dos pulsos de inundações, por meio dos quais as partículas orgânicas e os minerais transportados pelos rios são depositados nos solos dessa região. Esse tipo de vegetação apresenta um caráter hidrófilo (adaptada a viver em ambiente de elevado grau de umidade), constituindo FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original comunidades aluviais (vegetação com influência flúvio-pluvial). As condições hidrológicas e as relações entre os rios e suas áreas alagadas determinam as bases ecológicas para o funcionamento dos sistemas alagados, enquanto as ocorrências de pulsos, provenientes dos ciclos hidrológicos (precipitação e nível da água) são consideradas básicas para a manutenção de seus mecanismos de funcionamento. Com relação à vegetação que ocupa essas áreas, o termo Mata Ripária é utilizado para caracterizar a estreita faixa de vegetação arbórea que acompanha os cursos d’água, perenes ou não. Quando este tipo de vegetação está inserido em ambiente florestal, usa-se o termo Mata Ciliar, e quando está inserida em ambiente não florestal, usa-se os termos campo e cerrado, denomina-se Mata de Galeria. O equilíbrio dos ecossistemas aquáticos depende diretamente da proteção da vegetação ocorrente ao longo dos cursos, já que ela age como reguladora das características químicas e físicas da água dos rios. Contribui para a sobrevivência e manutenção do fluxo gênico entre populações de espécies animais e vegetais, que habitam as faixas ciliares ou mesmo fragmentos florestais maiores, por elas conectados. Devido à reconhecida importância ecológica, as matas ripárias foram incluídas na categoria de Áreas de Preservação Permanente desde 1965, conforme o Código Florestal (Lei n° 4.777/65). Assim, toda vegetação natural (arbórea ou não) presente ao longo das margens dos rios e ao redor de nascentes e de reservatórios deve ser preservada. Próximas a alguns cursos existentes na Bacia do Sorocaba – Médio Tietê encontram-se ainda manchas remanescentes de formações florestais (Figura 6). No entanto, estas vêm sendo fortemente pressionadas pelo avanço de pastagens e áreas agrícolas, apesar das exigências legais quanto à largura das faixas de Área de Preservação Permanente. O padrão de distribuição da Mata Ripária na área considerada é representado por fragmentos reduzidíssimos dessa formação, em contraponto com o grande predomínio de culturas, pastagens ou área urbana (SÃO PAULO, 2002).

FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original

Figura 6. Mapa da cobertura vegetal de Várzea do Estado de São Paulo. Fonte: SINBIOTA/FAPESP, 2009.

2. Herpetofauna

A fauna Brasileira de anfíbios conta com 849 espécies descritas, sendo que destas 821 são Anura, 27 Gymnophiona e 1 Caudata (BÉRNILS, 2009). No Estado de São Paulo, são conhecidas 250 espécies de Anuros (ROSSAFERES et al. 2008), o que corresponde a aproximadamente 30% das espécies de anfíbios brasileiras. Não se pode, hoje em dia, falar em anfíbios, sem mencionar a crise em que se encontram. Sabe-se que eles estão em declínio populacional em diversas partes do mundo (BOYER e GRUE 1994; SILVANO e SEGALLA 2005; IUCN 2009). Algumas espécies correm risco de extinção caso os impactos sobre elas não cessem (IUCN 2009). A iminência da extinção dos anfíbios está intimamente atrelada ao grau de exigência da grande maioria das espécies quanto à estabilidade do ambiente em que vivem (HANOWSKI et al. 2006). Na maioria das espécies, a vida é extremamente dependente da água e, para todas elas, a umidade é fundamental. A ausência de umidade não só causa dessecação no delicado tegumento, causando a morte dos FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original indivíduos

por

desidratação,

como

também

prejudica

os

processos

respiratórios. Além disso, a reprodução e os estágios larvais dos anfíbios são dependentes de água (BOYER e GRUE 1994). Portanto, alterações na quantidade e/ou qualidade da água podem influenciar diretamente tanto na fisiologia, quanto na reprodução dos anfíbios. A IUCN listou as maiores causas de extinção de anfíbios no mundo, concluindo que a perda do habitat e a poluição ambiental ocupam as primeiras posições (IUCN 2009). Silvano e Segalla (2005) apontam ainda a infecção causada por fungos, poluição das águas, a contaminação por pesticidas, as mudanças climáticas, as espécies invasoras, a radiação ultravioleta e o comércio ilegal de animais silvestres. Convém ressaltar que os anfíbios são predadores vorazes quando adultos (principalmente de artrópodes), mas têm diversas formas de alimentação quando em estágio larval (herbívoros, carnívoros e raspadores) (BOYER e GRUE 1994). No caso dos artrópodes, os anfíbios são importantes mantenedores das populações, inclusive daqueles que são considerados pragas ao homem. No grupo de vertebrados terrestres, os anfíbios podem ser utilizados para o biomonitoramento. São abundantes, de fácil coleta, apresentam grande número de espécies e tem respostas diversas a substâncias e alterações ambientais (BOYER e GRUE 1994; HANOWSKI et al. 2006). Alguns grupos como as famílias Hilydae e Bufonidae podem ser consideradas como bioindicadores (BOYER e GRUE 1994; HANOWSKI et al. 2006), pois incluem espécies resistentes que sobrevivem em ambientes modificados e espécies extremamente sensíveis, em que o oposto ocorre (BOYER

e

GRUE

1994;

HANOWSKI

et

al.

2006;

IUCN

2009).

Adicionalmente, podem ser indicadores de acúmulo de substâncias por ingerir presas contaminadas (BOYER e GRUE 1994).

FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original No caso dos répteis, segundo o levantamento feito por Rossa-Feres (2008), o Estado de São Paulo conta com 200 espécies: dois crocodilianos, sete quelônios, 11 anfisbenídeos, 46 lagartos e 141 serpentes. Isso equivale, aproximadamente, a 30% da riqueza de espécies de répteis do país, que somam 708 espécies (BÉRNILS 2009). As populações de répteis, de uma maneira geral, são afetadas pela perda e degradação do habitat (GIBBONS et al. 2000; IUCN 2009), redução do número de presas, poluição ambiental, doenças, espécies invasoras, mudanças climáticas e comércio ilegal de animais silvestres (GIBBONS et al. 2000; O’ SHEA e HALLIDAY 2002). Um exemplo disso são as serpentes, pois a grande maioria delas não é generalista quanto ao hábito alimentar (O’ SHEA e HALLIDAY 2002), uma vez que se alimentam de apenas um ou dois grupos de animais. Portanto, a redução da quantidade de presas (por razões diversas), por exemplo, pode determinar um impacto sobre a população de serpentes. Poucas espécies de répteis são herbívoras, algumas são onívoras e a maioria é carnívora (O’ SHEA e HALLIDAY 2002).

Serpentes e

crocodilianos são exclusivamente carnívoros, enquanto que em lagartos e quelônios a dieta pode ser mais variada. Os carnívoros, portanto, contribuem

mais

para

a

manutenção

das

populações

de

presas,

principalmente de roedores (MARQUES et al. 2001). Os resultados da pesquisa sobre a bibliografia pertinente aos grupos de Anura (UGRHI 06 e 10) e Lacertilia foram escassos e considerados insuficientes, devido ao baixo número de espécies listadas, comparado com a diversidade registrada para o Estado, cujo número é muito superior: 250 espécies de Anuros e 46 de lagartos (ROSSA-FERES et al. 2008). Para os grupos de Amphisbaena, Chelonia e Gymnophiona não foram encontrados registros. FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original Os répteis podem ser utilizados como bioindicadores de contaminação ambiental, principalmente as serpentes, pois algumas espécies têm vida longa, exibem diferentes níveis tróficos e, em muitos casos, estão no topo de cadeias alimentares (BURGER et al., 2007). Na UGRHI 06 os anfíbios registrados pertencem às seguintes famílias: Bufonidae (2 espécies); Hylidae (9 espécies); Eleutherodactylidae (3 espécies); Leptodactylidae (2 espécies) e Leiuperidae (2 espécie). Para o grupo dos répteis, listaram-se as seguintes famílias: serpentes: Boidae (1 espécie); Colubridae (9 espécies); Dipsadidae (27 espécies); Viperidae (4 espécies) e Elapidae (1 espécie) e, por fim, para os Lacertilia: Anguidae (2 espécies); Gekkonidae (1 espécie); Polychrotidae (4 espécies); Teiidae (1 espécie) e Tropiduridae (1 espécie). Na UGRHI 10, para o grupo dos anfíbios, registraram-se as famílias: Bufonidae (2 espécies); Leiuperidae (3 espécies); Eleutherodactylidae (4 espécies); Hylidae (4 espécies) e Leptodactylidae (7 espécies). Para os répteis: serpentes: Anomalepididae (1 espécie); Boidae (2 espécies); Elapidae (3 espécies); Viperidae (3 espécies); Colubridae (9 espécies) e Dipsadidae (34 espécies) e, para os lagartos: Polychrotidae (1 espécie); Anguiidae (1 espécie); Polychrotidae (2 espécie) e Gekkonidae (1 espécie). Para a grande maioria das espécies de anuros registradas, não há informações quanto à espécies em risco de extinção. Para outras, registramse populações estáveis (IUCN, 2009). Há informações seguras para apenas uma espécie: Cycloramphus semipalmatus, que se encontra na categoria NT (Near Threatened = quase ameaçada) (IUCN, 2009). Contudo, os répteis encontrados na região não constam da lista de animais ameaçados (IUCN, 2009). As informações a respeito de espécies invasoras de répteis e anfíbios encontradas nas UGRHI 06 e 10 são escassas. FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original Para o biomonitoramento dos anfíbios, sugerem-se os grupos Hylidae e Bufonidae e dos répteis, principalmente daqueles que possuem hábitos aquáticos (quelônios e jacarés), semi-aquáticos (serpentes da família Dipsadidae), comedores de peixes e os terrestres comedores de anfíbios (serpentes Dipsadidae). As indicações para o monitoramento são as serpentes semi-aquáticas: Liophis milliaris, Sordellina punctata, e as serpentes do gênero Helicops (predam peixes e anfíbios, tanto adultos, quanto larvas). Além das comedoras de anfíbios: Imantodes c. cenchoa,

Leptodeira annulata, Mastigodryas bifossatus, Simophis rhinostoma e os grupos: Xenodon, Thamnodynastes, Echinanthera, Liophis, Bothrops,

Chironius e Philodryas.

3. Avifauna Segundo Silva (1998), as aves são tradicionalmente um dos grupos mais estudados de vertebrados, em função principalmente de seus hábitos diurnos e conspícuos, comunicação sonora e ocupação de hábitos variados. A diversidade ambiental do Estado de São Paulo, com relevo e tipologias de vegetação distintas, é a responsável por cerca de 750 espécies de aves registradas, que representam aproximadamente 45% das espécies da avifauna brasileira. A região da UGRHI 06, foi analisada quanto às aves registradas, também considerando o tipo de vegetação ou habitat, subdividindo-se em subáreas as aves encontradas em mata, em savana, habitats aquáticos, áreas urbanas e regiões de contato (bordas de transição de diferentes tipos de habitat).

Para essas áreas, outras informações sobre a biologia e

conservação de cada espécie de aves foram resgatadas, baseando-se em Almeida e Vasconcellos (2007). Essas informações tratam de: hábitos

FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original migratórios, sensibilidade às modificações ambientais e hábitos alimentares preferenciais de cada espécie. Assim, na UGRHI 06, as regiões de mata apresentam cerca de 100 espécies diferentes de aves, segundo os registros da Prefeitura (DIÁRIO OFICIAL, 2006) e do levantamento da Biodiversidade na APA de CapivariMonos (OKADA e MAFRA, 2006). As 100 espécies pertencem a 30 diferentes famílias. As mais abundantes, em número de espécies, são a Família Tyrannidae (20% das espécies), seguida de Thraupidae (16%) e Furnariidae com 10% das espécies. Os Tyrannidae fazem parte da maior e mais diversificada família de pássaros da América do Sul, enquanto que os Thraupidae são representados por sanhaços, tiés e afins e os Furnariidae por aves como o João-de-barro e o João-teneném, exclusivos da região neotropical (SICK, 1997). Com relação à sensibilidade às modificações ambientais, 34% das aves mostram baixa sensibilidade, 58% média e 8% alta. As regiões de savana da UGRHI 06 são áreas com grande biodiversidade de aves apresentando 151 espécies, pertencentes a 40 famílias (DIÁRIO OFICIAL, 2006; SCHUNCK, 2003). Assim como na região de mata, acima avaliada, no habitat de savana, os Tyrannidae e os Thraupidae foram os mais importantes em termos de número de espécies com respectivamente 30 espécies (19,9%) e 11 (7,3%). Porém, a terceira Família mais abundante registrada foi Trochilidae com 10 espécies (6,6%), sendo representada por beija-flores exclusivamente americanos. Do total de 151 espécies, quase 75% apresentam baixa sensibilidade às modificações do ambiente enquanto que 25% apresentam média sensibilidade. Ainda na UGRHI 06, aves relacionadas diretamente com habitats aquáticos representam um número menor de espécies, somando 26 registros de espécies e 13 famílias (DIÁRIO OFICIAL, 2006). Devido a isso, as diferenças de importância relativa das famílias, são menores: Ardeidae FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original (garças e socós) e Alcedinidae (Martins-pescadores) com 5 espécies cada uma, Anatidae (marrecos e patos) com 4 Rallidae (saracuras, carquejas, frangos-d’água) com 3. Com relação ao grau de sensibilidade das espécies em relação às mudanças ambientais, apenas uma única (Rynchops niger) apresenta alta suscetibilidade enquanto a maior parte apresentar baixa sensibilidade às modificações (19 registros). Nas subáreas urbanas da UGRHI 06, muitas aves, pertencentes a um grande número de famílias, são também registradas. São aproximadamente 95 espécies e 34 famílias muito diversificadas. Tyrannidae somam 16 espécies e, diferentemente das demais subáreas analisadas (mata, savana e habitats aquáticos), duas novas famílias são também abundantes – Falconidae (falcões, gaviões, carcarás) e Emberizidae (canários, tico-ticos), ambas com 6 espécies cada. Entre as 95 espécies encontradas nessas áreas urbanas, apenas 11 delas apresentam média sensibilidade às mudanças ambientais, sendo que o restante (88%) é de baixa sensibilidade. Em áreas da UGRHI 06 denominadas de contato (áreas transitórias), foram registradas também muitas espécies, do mesmo modo que em áreas de savana e urbanas. Constatou-se 87 registros de espécies de aves inseridas em 21 famílias. Tyrannidae, Thraupidae e Trochilidae, já mencionadas anteriormente como relevantes para ambientes de mata e savana, foram as mais importantes em abundância de espécies, representando 25,3%, 11,5% e 11,5% respectivamente. Relativo aos dados sobre alimentação preferencial das aves presentes na UGRHI 06, nas áreas de mata foram registradas, com freqüência, aves insetívoras, onívoras ou frugívoras, mostrando que nesse ambiente, as espécies

são

capazes

de

encontrar

grande

variedade

de

recursos

alimentares, que podem ser compartilhados entre si. Nos ambientes de savana, que apresentou o maior número de espécies, a maioria são insetívoras seguidas por onívoras, o que sugere que nesses locais FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original relativamente abertos, as aves conseguem encontrar insetos/invertebrados, entre outros recursos, suficientes para manter alta biodiversidade de animais insetívoros e/ou onívoros. Nas subáreas urbanas, assim como a diversidade de famílias foi grande, a variedade de hábitos alimentares entre as aves registradas foi também extensa. Encontram-se desde as insetívoras e onívoras, como nos ambientes de mata e savana, como grande quantidade de granívoras, carnívoras, nectarívoras e frugívoras, o que mostra uma diversidade ampla de recursos disponíveis nas áreas relacionadas às ações humanas e disponíveis para os animais mais oportunistas. Apenas nas áreas com maior número de aves aquáticas, os hábitos alimentares são relacionados à água. Nesses locais são encontradas aves filtradoras, piscívoras, comedoras de moluscos, relacionadas diretamente ao ambiente aquático e, portanto, são as mais suscetíveis às mudanças na qualidade da água. Com relação aos hábitos migratórios, em todas as subáreas, considerando-se

algumas

variações,

são

encontradas

espécies

tanto

migradoras como não-migradoras, evidenciando que todos os ambientes estariam sendo utilizados em todas as épocas do ano por grande número de aves. Mesmo assim, como mencionado acima, poucas seriam aquelas que mostram

alta

suscetibilidade

ou

sensibilidade

às

modificações

dos

ambientes. Na região da UGRHI 10, nas áreas de vegetação de Floresta Ombrófila densa, os únicos registros de aves levantados até o momento são os do SINBIOTA/FAPESP (2009), que assinalou apenas 6 espécies de aves, pertencentes

às

Famílias

Accipitridae

(1

espécie),

Ciconiidae

(1),

Columbidae (1) e Cotingidae (3 espécies). Essa baixa quantidade de espécies indica a necessidade de desenvolver mais estudos na região. Ainda no domínio da UGRHI 10, os registros de aves nas áreas de floresta estacional semidecidual são mais numerosos em relação à Floresta densa tanto em FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original relação ao número de espécies quanto ao número de famílias. Nessas áreas foram encontrados registros de 25 espécies, pertencentes a 15 famílias, sendo as mais ricas em espécies: Accipitridae, Ciconiidae e Cotingidae, cada uma com 3 espécies SINBIOTA/FAPESP (2009). O fato que chama atenção nestas áreas é o registro de três espécies ameaçadas de extinção, que atualmente se encontram em redutos pontuais: o psitacídeo sabiá-cica

Triclaria malachitacea, o macuco Tinamus solitarius, e o tropeiro-da-serra Lipaugus lanioides. 4. Mastofauna A fauna de mamíferos do Estado de São Paulo contém frações de diversas outras mastofaunas distinta do Brasil. Na região considerada, ocorre o predomínio de componentes faunísticos próprios do Brasil central (VIVO, 1998). As análises a seguir mostram a fauna de mamíferos em relação às UGRHIs consideradas como de influência e os diferentes tipos de vegetação. A nomenclatura utilizada para famílias e espécies seguiu a definição encontrada nos levantamentos dos diferentes autores. Aspectos sobre a biologia das espécies foram retirados de bibliografias específicas e quando não especificadas no texto, foram resgatadas de Achaval et al. (2007), de Almeida e Vasconcellos (2007), e de Oliveira e Cassaro (2006), no que se refere aos felinos. Para a região da UGRHI 06, apesar de registros sobre ocorrência de espécies, as informações sobre a distribuição não consideram o tipo de vegetação correlacionada. Como nessa região há grande variedade de ambientes, todas as espécies de mamíferos foram agrupadas em uma única tabela. As informações complementares sobre a biologia de cada espécie foram baseadas em Almeida e Vasconcellos (2007).

FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original Os registros da mastofauna encontrada na região da UGRHI 06 somam um total de 28 espécies, pertencentes a 18 Famílias. Foram registrados gambás e cuícas (Didelphis aurita, Marmosops paulensis,

Monodelphis

americana

e

Monodelphis

sorex),

pequenos

animais

marsupiais, solitários, de hábitos noturnos e arborícolas, comumente encontrados em regiões de mata (ACHAVAL et al. 2007). Ocorrem diversos tipos de roedores, de pelo menos 5 famílias diferentes (Echimyidae, Muridae, Sciuridae, Caviidae e Hydrochaeridae). Alguns são relacionados à mata (roedores arborícolas do tipo de esquilos

Sciurus aestuans e Sciurus ingrami) e outros às regiões alagadas, como é o caso da capivara Hydrochoeris hydrochaeris. Entre os edentados são encontrados tatus de solo e onívoros (Dasypus

novemcinctus) e preguiças arborícolas, animais de mata e herbívoros (Bradypus variegatus). Duas famílias de Chiroptera estão representadas na região da UGRHI 06, sendo elas Molossidae e Vespertilionidae cujas espécies são: Molossus

molossus (morcego insetívoro), Molossops temminckii e Myotis nigricans (espécies de ampla distribuição em savanas e insetívoras) Insetívoros

de

mata com

tendências

a onivoria da Família

Procyonidae como o coati (Nasua nasua) e o mão-pelada (Procyon

cancrivorus) são encontrados nessa região. Dois pequenos primatas da Família Callitrichidae e outro Cebidae, arborícolas de regiões de mata e com a mesma tendência a onivoria também foram registrados Callithrix jacchus,

Callithrix penicilatta, Alouatta guariba clamitans. Herbívoros terrestres de médio porte encontrados em mata foram representados pelo Cervidae Mazama gouazoupira e pela anta Tapirus

terrestris (Família Tapiridae). Entre os predadores, três famílias foram representadas com 05 espécies/subespécies: Canidae (o cachorro-do-mato FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original Cerdocyon thous), Mustelidae (Galictis cuja e a lontra de regiões aquáticas Lontra longicaudis) e Felidae (a suçuarana Puma concolor e a subespécie Puma concolor capricornensis, que se encontra em risco de extinção). Com relação aos mamíferos encontrados nas áreas de floresta ombrófila densa da UGRHI 10, segundo levantamento SINBIOTA/FAPESP, foram registrados: artiodáctilos, felinos, primatas, edentados e morcegos. O porco-do-mato-de-colar, Pecari tajacu, é uma espécie onívora que se alimenta de vegetais, frutos caídos, raízes e animais de pequeno porte. Apresenta-se em grupos pequenos liderados por machos (ACHAVAL et al. 2007). Entre os predadores são encontrados animais pequenos como a jaguatirica (ou, gato-maracajá, maracajá-verdadeiro) Leopardus pardalis que se alimenta de pequenos roedores a cutias, tatus e macacos. Foi registrada a onça-parda (ou suçuarana, puma), Puma concolor, de médio porte, caracterizada por ser solitária, com hábitos tanto noturnos quanto diurnos e predadores de uma gama grande de vertebrados da floresta, desde roedores a animais de pecuária – bezerros de gado doméstico. Entre os felinos há também o Leopardus tigrinus (gato-do-mato), menores, de hábitos noturnos, quando caçam pequenos roedores, lagartos e aves (OLIVEIRA e CASSARO 2006). Três diferentes espécies de macacos foram também registradas:

Alouatta fusca, Alouatta caraya e Callicebus personatus, caracterizados como animais de pequeno porte, arborícolas, de hábitos diurnos e comedores de folhas, frutos, insetos de modo geral. Além destes, uma espécie de morcego brasileiro foi registrada (Chiroderma doriae – morcego-de-olhogrande) e o tamanduá Tamandua tetradactyla, animais solitários, que se refugiam em árvores contra os predadores, mas são terrícolas, de atividade tanto diurna quanto crepusculares e noturnas, se alimentando de insetos coloniais e suas larvas (ACHAVAL et al., 2007). No caso destes registros, FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original além de mostrar baixa biodiversidade, há a presença de três espécies (33,3% do total) relacionadas como em risco de extinção (Alouatta fusca, Leopardus

tigrinus, e Callicebus personatus). Ainda na UGRHI 10, mas nas florestas semidecíduas estacionais, foram registrados mais grupos de mamíferos: lobos, felinos, macacos, lontras, porcos e tamanduás, conforme relacionados. O canídeo conhecido como lobo-guará Chrysocyon brachyurus, é um animal muito ágil, de médio e grande porte, de hábito solitário e ativo nos períodos noturno e crepuscular. É uma espécie onívora, predando insetos, anuros, lagartos, ofídeos e seus ovos, roedores e se aproveitando de raízes de frutos dessas áreas (ACHAVAL et al., 2007). Com relação aos felinos, além da onça-parda e da jaguatirica já descritas para as florestas ombrófilas, nas semideciduais há ainda o Herpailurus yaguarondi, ou gato-mourisco e gato-

vermelho, de pequeno e médio porte, de hábito solitário e terrestre, predominantemente diurno (OLIVEIRA e CASSARO, 2006). Além do lobo e dos felinos, a Ordem Carnivora conta com mais dois representantes nessas áreas: a lontra

Lontra longicaudis e o procionídeo mão-pelada Procyon

cancrivorus. A lontra, semi-aquática, é encontrada em margens de rios, de banhados e de lagoas onde faz tocas em barrancos, apresentando atividade diurna e noturna, quando se alimenta de peixes, anfíbios, moluscos, aves aquáticas e roedores. A espécie mão-pelada, arborícola de hábito onívoro, forma seus abrigos em ramos de árvores, tem hábitos noturnos e crepusculares para se alimentar de pequenos roedores, aves, ofídeos, anfíbios, peixes, insetos, moluscos, frutas e grãos (ACHAVAL et al., 2007). Entre os demais onívoros são encontrados novamente o porco-do-mato

Pecari tajacu, dois grupos de tamanduás (Myrmecophaga tridactyla e Tamandua tetradactyla) e um maior número de primatas: Callithrix aurita, Callithrix penicillata, Alouatta fusca, Alouatta caraya, Brachyteles arachnoides e Callicebus personatus. FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original Nestas florestas estacionais semideciduais, apesar de ocorrer um maior número de espécies (15, segundo levantamento do programa Biota SP), e um maior número de Famílias e Ordens em relação à floresta ombrófila densa, maior também é a ocorrência de espécies em risco, que representam 40% do total de registros. Em região de vegetação de várzea da UGRHI 10, ao contrário das demais vegetações já analisadas, apenas uma espécie foi registrada: a capivara Hydrochoeris hydrochaeris da Família Hydrochaeridae. Estes animais vivem em grupos, em regiões alagadas, onde nadam muito bem e são herbívoros, consumindo plantas aquáticas e gramíneas (ACHAVAL et al. 2007). Complementando a região da UGRHI 10, um levantamento específico de mamíferos voadores (morcegos Chiroptera) foi realizado por Uieda e Chaves (2005), nas proximidades dos locais estudados no presente relatório. Esse levantamento cobriu tanto regiões rurais quanto urbanas. Foram registradas de 36 espécies, pertencentes a 4 famílias: Phyllostomidae (a mais abundante, com 18 espécies), Noctilionidae, Vespertilionidae e Molossidae. Esses morcegos apresentam uma grande variedade de hábitos alimentares sendo insetívoros, frugívoros e uma espécie de hematófago, considerada rara na região. DISCUSSÃO: A RELAÇÕES ECOLÓGICAS ENTRE FAUNA E FLORA A cobertura vegetal é responsável pela produção de matéria orgânica no solo, também conhecida como serrapilheira. Fornece, de forma constante, os nutrientes utilizados no processo de fotossíntese e promove a agregação das partículas constituintes do solo (LORANDI e CANÇADO, 2002). Na área estudada, a superfície do solo apresenta baixo estoque de serrapilheira, em função da rápida velocidade de decomposição. Há rápido aproveitamento de nutrientes por parte da vegetação, favorecendo a ciclagem e o equilíbrio do ecossistema (VITAL et al, 2003). FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original O uso e a ocupação do solo da área foco de estudo, geraram um processo de fragmentação, no qual habitats vegetais contínuos são divididos em manchas (fragmentos) mais ou menos isolados. Essa situação provocou diferentes tipos de impactos negativos à flora e à fauna associada, que apresenta estreita relação com as condições derivadas, como distância entre os fragmentos, grau de isolamento, tamanho da mancha, formato, tipo de matriz circundante e efeito de borda (CERQUEIRA et al, 2005). Como principais conseqüências, detecta-se redução no tamanho efetivo de populações, perda de habitat, alterações nas interações ecológicas e nos processos reprodutivos. Tudo isso resulta em mudanças nos padrões de diversidade e na dinâmica das comunidades florestais (LERF, 2006). A fragmentação pode acontecer por processos naturais ou pela ação humana. Os fragmentos naturais podem ser resultado de condições isoladas ou combinadas (que é mais comum) de flutuações climáticas: devido à retração ou expansão da vegetação, heterogeneidade de solos (vegetações restritas a tipos específicos de solo), processos de sedimentação e hidrodinâmica

em

rios,

processos

hidrogeológicos

(com

áreas

temporariamente alagadas) e topografia (formação de ilhas com vegetação específica). Esse processo acontece de forma dinâmica, mas ocorre em intervalos de tempo bem superiores ao da fragmentação antrópica. No caso da fragmentação de origem natural, a escala de tempo é geológica e acontece com isolamento populacional, gerando diferenciação genética e especiação, promovendo a diversidade biológica. Esses fragmentos constituem áreas prioritárias para a conservação por conterem espécies endêmicas e populações diferenciadas e não devem ser conectados porque a sua interligação poderia destruir a estrutura populacional e causar extinções locais (CONSTANTINO et al, 2005). A fauna ocupa papel de destaque nos processos de funcionamento da floresta. A maior parte das espécies arbóreas da região tropical é polinizada FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original por insetos, pássaros e morcegos e muitas das sementes da mata são dispersas por animais terrestres, peixes e pela própria água dos rios e riachos. Estima-se que ocorrem cerca de cem vezes mais espécies animais do que de plantas nas florestas tropicais, o que, de certa maneira, garante o melhor desempenho da floresta heterogênea (BARBOSA, 2000), que oferece grande diversidade de habitat e de fontes alimentares. Além da perda de biodiversidade, a fragmentação favorece a criação de condições para que invasões biológicas ocorram, seja por espécies nativas ou por exóticas, contribuindo para a reduçãõ da integridade biológica. Conforme a fragmentação avança, as manchas restantes sofrem um processo degenerativo, com situações hiper-perturbadas. Essa situação propicia à instalação de espécies invasoras, contribuindo assim para o declínio de espécies típicas de áreas intactas ou menos impactadas, similares aos habitats contínuos (SCARIOT et al, 2005). Para mamíferos, o isolamento de pequenas populações afeta de maneira negativa sua persistência (VIEIRA et al, 2005). Outro problema é o aumento da probabilidade de invasão de espécies exóticas, que podem agravar ainda mais os efeitos da fragmentação devido à competição, predação e introdução de doenças nas espécies nativas. Para os mamíferos de médio e grande porte, a caça é o fator de maior relevância podendo ser preponderante sobre os efeitos diretos da fragmentação (VIEIRA et al, 2005). Mesmo as aves, em ambientes fragmentados, apresentam menor biodiversidade comparativamente ao encontrado na área antes do processo de fragmentação. O tipo de uso da matriz, no entorno dos fragmentos, tem influência sobre a capacidade de manutenção dos organismos que existiam no ambiente original. Quanto maior for a diferença da matriz em relação ao ambiente original, e quanto maior for o grau de isolamento, menores serão as chances dos organismos se manterem nos fragmentos (LAPS et al, 2005). FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original As espécies de aves que não conseguem transpor a matriz para ir de um fragmento a outro, são as mais propensas à extinção local. Várias espécies que vivem em florestas não conseguem transpor ambientes alterados mesmo voando, por não possuírem autonomia de vôo. As alterações microclimáticas, especialmente o aumento da luminosidade e a diminuição da umidade, após o processo de desmatamento e fragmentação, expulsam espécies mais sensíveis de sub-bosque. Outras espécies que naturalmente necessitam de grandes áreas de vegetação original para sobreviver, também deixam de obter recursos básicos (como alimentos em quantidade suficiente e local para construírem ninhos), e tendem a desaparecer (LAPS et al, 2005). Os anfíbios e os répteis respondem rapidamente à destruição de paisagens naturais, com redução das populações e isolamento nos fragmentos remanescentes, devido à baixa mobilidade, requerimentos fisiológicos

e

especificidade

de

habitat.

Os

anfíbios

apresentam

características fisiológicas e ecológicas que os tornam muito dependentes da água, principalmente na fase larval. Devido a essa dependência, também são muito sensíveis às modificações físico-químicas da água e da estrutura da vegetação ciliar. A alteração, especialmente em termos de umidade, acarreta alteração no habitat de muitas espécies animais ocasionando o desaparecimento de espécies especialistas em favor de generalistas (SILVANO et al, 2005). Para minimizar os problemas advindos do isolamento dos fragmentos vegetais, uma solução é aumentar a conectividade através de corredores ecológicos. A conectividade entre unidades de conservação e até mesmo entre fragmentos conservados pode, em parte, permitir a manutenção destes em longo prazo e mesmo promover a recuperação funcional de determinadas unidades ecológicas atualmente ilhadas (ZAÚ, 1998). Assim, aumentando ou mantendo a conectividade da paisagem, pode-se reduzir a extinção de

FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original espécies e prevenir uma eventual depressão da reprodução em fragmentos isolados (SILVANO et al, 2005). A mata ciliar impede o assoreamento causado por erosão laminar e pelas águas de escoamento. Funciona como um regulador do fluxo de água e de sedimento das áreas mais altas até o sistema aquático da microbacia. Outra característica da vegetação ripária é a capacidade de realizar a filtragem superficial de sedimentos e também a absorção pelas raízes, facilitando

a

retenção

e

absorção

de

parte

dos

nutrientes

(ou

contaminantes), carreados até o corpo hídrico (LIMA e ZAKIA, 2000). Além disso, promove a produção de matéria orgânica quando sofre degradação (LORANDI e CANÇADO, 2002), e favorece também a fauna aquática por gerar grande diversidade de habitats e fontes alimentares.

CONCLUSÃO As UGRHIs consideradas, todas classificadas como industriais, mostraram um preocupante estado de degradação dos ecossistemas aquáticos e terrestres circundantes. A ação do homem nas regiões consideradas, induziu a alterações nas formações vegetais levando à fragmentação de trechos que se encontram em diversos estágios de desenvolvimento. As florestas podem ser divididas de acordo com a atividade antrópica sofrida. As florestas primárias são aquelas que não sofreram com a ação do homem, conservando as suas características de alta diversidade e capacidade de auto-regeneração. As florestas perturbadas são aquelas que sofreram a intervenção humana, mas ainda têm condições de retornar a um estado próximo àquele anterior ao processo de perturbação. Florestas degradadas são as que foram tão intensamente modificadas que perderam a sua capacidade de auto-regeneração, e necessitam, portanto, de um trabalho de replantio e/ou enriquecimento para auxiliar na sua recuperação. FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original Em cenários de fragmentação de habitats, populações (independente do grupo taxonômico), anteriormente contínuas, são subdivididas em conjuntos de populações locais menores que podem estar isoladas, em maior ou menor grau, dependendo da distribuição espacial dos fragmentos e do poder de dispersão inerente às espécies. As alterações no tamanho, forma e distribuição de um habitat natural provocadas pela fragmentação, afetam a taxa de extinção e o tamanho das populações locais, assim como o padrão de dispersão de indivíduos entre essas populações (SCHNEIDER et al, 2005). O tamanho reduzido das populações favorece acasalamentos entre indivíduos aparentados, ou endocruzamento, que é um processo que contribui para o aumento da similaridade genética entre os indivíduos de uma mesma população e, como conseqüência, a proporção de loci em homozigose. Esta homozigose elevada favorece a expressão de alelos recessivos deletérios e diminui o valor adaptativo de loci codominantes, o que pode causar a diminuição da capacidade de adaptação dos indivíduos às flutuações

ambientais

provocadas

por

fatores

bióticos

e

abióticos

(SCHNEIDER et al, 2005). A conservação das fitofisionomias é necessária para garantir a conservação dos recursos genéticos da flora e fauna. O biomonitoramento pode ser feito avaliando a evolução dos diversos fragmentos e a fauna associada. No grupo de vertebrados terrestres, os anfíbios podem ser utilizados para o biomonitoramento por serem abundantes, de fácil coleta, por apresentarem grande número de espécies e apresentarem respostas diversas a substâncias e alterações ambientais (BOYER e GRUE, 1994; HANOWSKI et al. 2006). Alguns grupos como as famílias Hilydae e Bufonidae podem ser consideradas como bioindicadores (BOYER e GRUE, 1994; HANOWSKI et al., 2006), pois há espécies resistentes que sobrevivem em ambientes modificados e espécies extremamente sensíveis, em que o oposto ocorre FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original (BOYER e GRUE, 1994; HANOWSKI et al., 2006; IUCN, 2009). Adicionalmente, podem ser indicadores de acúmulo de substâncias por ingerir presas contaminadas (BOYER e GRUE, 1994). Os répteis podem ser utilizados como bioindicadores de contaminação ambiental, principalmente as serpentes, pois algumas espécies têm vida longa, exibem diferentes níveis tróficos e, em muitos casos, estão no topo de cadeias alimentares (BURGER et al., 2007). As aves são tradicionalmente um dos grupos mais estudados de vertebrados, em função principalmente de seus hábitos diurnos e conspícuos, comunicação sonora e ocupação de hábitos variados. A diversidade ambiental nas UGRHIs consideradas é alta. Com relação ao grau de sensibilidade das espécies às mudanças ambientais, poucas espécies apresentam alta suscetibilidade enquanto a maior parte apresenta baixa sensibilidade às modificações. Nos fragmentos florestais considerados, a diversidade de mamíferos é baixa e com elevada ocorrência de espécies em risco, que representam 40% do total de registros. Portanto, é fundamental realizar o monitoramento deste componente da biota. Considerando

os

invertebrados

terrestres,

o

grupo

Araneae,

encontrado nas três UGRHIs avaliadas, compreendendo basicamente as aranhas, é muito utilizado em programas de conservação, por ser comum na maioria dos ecossistemas, poder ser separado em diferentes guildas, o que permite avaliar várias características ambientais. A ordem Lepidóptera, também é importante no monitoramento por ser o grupo com maior número de espécies ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo, em função da destruição de habitats e do desmatamento. Com relação às ictiofauna, as espécies denominadas exóticas são espécies resistentes às condições críticas. Além das espécies exóticas FLYNN, Maurea Nicoletti; LOURO, Monica Ponz; MENDES, Mariana Saran Pimentel; GONZALEZ, Rodrigo Castellari. Relações Ecológicas entre fauna e flora das áreas de preservação permanente (APP) do Médio e Alto Tiete. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 38-93, jun. 2015.

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Artigo original resistentes mencionadas acima, mais oito espécies/gêneros de peixes tipicamente endêmicos / nativos da ictiofauna neotropical de água doce, foram registrados ao longo de todas as áreas estudadas: o lambari-de-rabovermelho Astyanax fasciatus, o saguirú Cyphocharax modestus, o acará

Geophagus brasiliensis, o ituí ou tuvira Gymnotus carapo, a traíra Hoplias malabaricus, os cascudos Hypostomus sp., o bagre-sapo Rhamdia quelen, e o dourado ou tubarana Salminus hilarii. Por serem encontradas em todas as regiões, caracterizadas por condições ambientais tão diferentes entre si, são espécies nativas que mostram grande resistência às variações do meio. De modo geral, na sua maioria, são peixes de pequeno a médio porte, adaptados às condições tropicais e subtropicais, com modos de vida bento-pelágicos e que se alimentam de detritos do sedimento, insetos, pequenos invertebrados bentônicos e fragmentos vegetais.

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Revisão Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo Edênia Raquel Barros Bezerra de Moura Nutricionista graduada pela Universidade Federal do Piauí – Campus de Picos. E-mail: edeniaraquel@hotmail.com.

Edinara Conrado Lopes Florentino Nutricionista graduada pela Universidade Federal do Piauí - Campus de Picos. E-mail: nara_in_ha@hotmail.com.

Maria Edilene Barros Bezerra Assistente Social graduada pelo Instituto de Educação Superior Raimundo Sá. E-mail: edilene.bebel@hotmail.com.

Ana Larissa Gomes Machado (orientadora)

MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes; BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun. 2015.

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Revisão RESUMO A amamentação constitui uma prática muito importante para estabelecer uma boa condição de saúde para a criança. A Organização Mundial de Saúde preconiza que todas as crianças devem receber somente leite materno até o sexto mês de vida, porém a realidade foge à regra. Nesse sentido, o presente trabalho procurou investigar os fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. A revisão bibliográfica foi a estratégia utilizada para este estudo. A amostra foi composta de livros e artigos publicados em revistas científicas nas bases de dados eletrônicos da Biblioteca Virtual em Saúde, no período de 2000 a 2012, bem como dados governamentais e algumas publicações clássicas acerca da temática. A revisão apontou que a interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo é um dos mais importantes problemas de saúde pública, apontando a necessidade de um constante processo de monitoramento dos indicadores, intervenções e novas pesquisas. Dentre os diversos fatores que interferem nessa prática, os mais apontados são: nível de escolaridade da mãe, trabalho materno, renda familiar, presença do pai, condições de nascimento e período pós-parto, como também, idade da mãe, influências culturais dos familiares e condições habituais de vida. Portanto, o aleitamento materno deve ser visto sob a ótica da mulher, compreendendo suas necessidades, concepções e dificuldades,

adaptando

a

assistência

através

de

uma

equipe

interdisciplinar, fornecendo apoio adequado e esclarecendo crenças e tabus.

Palavras chave: Aleitamento materno. Fatores sociais. Desmame precoce. Amamentação exclusiva. Leite materno.

MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes; BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun. 2015.

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Revisão ABSTRACT Breastfeeding is a very important practice to establish a good health condition to the child. The World Health Organization recommends that all children should receive only breast milk until the sixth month of life, but the reality flees to the rule. In this sense, the present study sought to investigate the social factors that interfere in the duration of exclusive breastfeeding. The literature review was the strategy used for this study. The sample was composed of books and articles published in scientific journals in electronic databases of Virtual Health Library, in the period from 2000 to 2012, as well as government data and some classic publications on the subject. The review pointed out that the early interruption of exclusive breastfeeding is one of the most important public health problems, pointing out the need for a constant monitoring of the process indicators, interventions and further research. Among the various factors that interfere in this practice, the most targeted are level of education of the mother, maternal employment, family income, father's presence, birth and postpartum period, as well as the mother's age, cultural influences of family and normal conditions of life. Therefore, breastfeeding should be seen from the perspective of women, understanding their needs, ideas and difficulties, adapting the assistance through an interdisciplinary team, providing adequate support and clarifying beliefs and taboos.

Key words: Breastfeeding. Social factors. Early weaning. Exclusive breastfeeding. Breast milk. INTRODUÇÃO A amamentação constitui uma prática essencialmente importante para estabelecer uma boa condição de saúde para a criança. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS) preconizam que MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes; BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun. 2015.

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Revisão todas as crianças recebam somente leite materno até o sexto mês de vida e, até os dois anos de idade, associado a verduras, cereais, carnes, legumes, frutas e grãos. Essa introdução de alimentos deve ser gradativa, pois é com seis meses que o bebê adquire maturidade fisiológica e neurológica para receber outros alimentos (BRASIL 2009). É consenso que durante os seis primeiros meses de vida a criança necessita apenas do leite materno, visto que este constitui alimento adequado para suprir suas necessidades e manter um bom ritmo de crescimento e desenvolvimento. Além de proteger a saúde do lactente, a amamentação favorece o vínculo entre a mãe e o filho, além de não representar ônus para orçamento familiar (RAMOS, ALMEIDA 2003). No Brasil, a partir da década de 80 foram indicadas várias ações que objetivavam o aumento da prevalência de aleitamento materno, pois, com o reconhecimento da importância dessa prática de alimentação, chegou-se à conclusão que a amamentação exclusiva é incontestavelmente a forma de nutrição mais recomendada para as crianças menores de seis meses de vida (REA 2003) por possuir alto valor biológico e proporcionar inúmeras vantagens de ordem nutricional, imunológica, econômica, psicológica, ecológica e afetiva para o recém nascido e nutriz. A amamentação materna promove um ganho de peso adequado, além de ser um alimento livre de contaminação, adequado a fisiologia do lactente, proporciona proteção e prevenção contra agentes infecciosos e outras características peculiares que não são encontrados em outras formulações infantis, e que torna este alimento essencial para um apropriado desenvolvimento da criança (REGO 2006; NEJAR et al. 2004). O leite materno agrega, além de benefício calórico e proteico, a proteção imunitária necessária, em especial, no primeiro ano de vida da criança. A literatura documenta diminuição do risco de morte por diarreia e doenças respiratórias em recém-nascidos alimentados exclusivamente ao seio, bem como benefícios nas áreas cognitivas, motora e, ainda, aumento MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes; BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun. 2015.

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Revisão dos indicadores gerais de saúde do lactente (DEWEY et al. 2001). Portanto, práticas que prejudiquem a amamentação exclusiva até o sexto mês devem ser evitadas (ALMEIDA, NOVAK 2004). Desde 1990, o Ministério da Saúde intensifica o incentivo à amamentação e o aumento de investimentos nessa área, tais como projetos, legislações, campanhas e órgãos que promovam o aleitamento materno. Um exemplo bem conhecido é o Banco de Leite, o qual é responsável pela promoção do aleitamento e execução das atividades de coleta (BRASIL 2007). Outro exemplo é a criação do Hospital Amigo da Criança a fim de promover, proteger e apoiar o aleitamento materno, mediante a adoção dos “Dez Passos para o Incentivo do Aleitamento Materno” (BRASIL 2003). O quarto passo orienta que a mãe deve ser ajudada a amamentar na primeira meia hora após o parto (REA 2003), pois o tempo que se passa entre o nascimento da criança e a primeira mamada tem contribuído para o inicio da amamentação (SALIBA et al. 2008). Constatando que a prática da amamentação é maior entre crianças amamentadas nas primeiras 24 horas após o nascimento (RAMOS et al. 2008). Apesar de todo o incentivo e vantagens oferecidas pelo aleitamento materno, um grande número de mulheres não conseguem atingir essa meta, levando ao abandono e, assim, favorecendo o desmame precoce (RIBEIRO et al. 2011). Partindo desse enfoque, acrescenta-se que o aleitamento materno depende de fatores que podem influir positiva ou negativamente no seu sucesso. Alguns desses fatores estão diretamente relacionados à mãe, ao passo que outros se referem à criança e ao ambiente, como por exemplo, o nível de escolaridade da mãe, trabalho materno, renda familiar, presença do pai, as suas condições de nascimento e o período pós-parto, idade da mãe, influências culturais dos familiares e as condições habituais de vida (FALLEIROS et al. 2006). MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes; BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun. 2015.

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Revisão Conforme dados do fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), somente cerca da metade dos bebês recebe aleitamento exclusivo nos primeiros 4 meses de vida. Existem evidências de que a introdução precoce de outros líquidos ou alimentos para bebês com menos de 6 meses não é somente desnecessária, mas, também, potencialmente perigosa, aumentando os riscos de infecção (BRASIL 2003). Neste sentido, o presente trabalho propõe realizar uma revisão da literatura a fim de investigar os fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo.

METODOLOGIA Trata-se de um estudo bibliográfico realizado a partir de material já elaborado, constituído de artigos de periódicos nas línguas inglesa e portuguesa e atualmente com material disponibilizado na Internet. Foram utilizados como fonte as bases de dados eletrônicas da Biblioteca Virtual em Saúde, tais como: SciElo, LILACS, IBECS, MEDLINE,

Biblioteca

Cochrane,

PUBMED,

bem

como

dados

governamentais e outras literaturas não eletrônicas, por serem as principais bases de dados utilizadas para publicação científica na área da saúde e ainda serem de livre acesso pelos usuários, sendo incluídos os estudos publicados no período compreendido entre 2000 a 2012. As pesquisas selecionadas trazem informações sobre a importância do aleitamento materno exclusivo e os principais fatores sociais que influenciam na decisão das mães em desmamarem precocemente. Os descritores utilizados no decorrer da pesquisa foram: aleitamento materno, fatores sociais, desmame precoce, amamentação exclusiva, leite materno. Foram incluídos para análise textos que continham dados históricos e sociais relacionados ao aleitamento materno, independente da origem ou da

MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes; BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun. 2015.

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Revisão profissão dos autores, cujo interesse foi relatar como as mães lidam com a questão da amamentação. Quanto a interpretação dos dados, esta foi realizada à luz da literatura pertinente, devendo-se reafirmar que os resultados encontrados atenderam aos objetivos propostos neste estudo. DISCUSSÃO Importância do Aleitamento Materno O leite materno é um alimento completo com mais 150 substâncias em sua composição que são de extrema importância para o crescimento e desenvolvimento saudável da criança, isso significa que, até o sexto mês de vida, o bebê não precisa de nenhum outro alimento (SIMON 2009). O leite humano possui em sua composição diversos nutrientes benéficos à saúde da criança, dentre eles: a água; proteínas em quantidade adequada

ao

crescimento

do

lactente,

carboidratos,

lipídeos,

imunoglobulinas, hormônios, vitaminas e oligoelementos, que junto com os demais elementos atuam na prevenção de doenças infecciosas e que não são encontrados em outras formulações infantis (REGO 2006) O sistema imunológico do recém-nascido é imaturo e não pode defender-se da ação de agentes nocivos a saúde da criança, felizmente, toda criança amamentada exclusivamente recebe quantidades adequadas de substâncias imunológicas e fatores de crescimento, que atuam no organismo com efeito protetor. Todos os tipos de imunoglobulinas (IgA, IgM, IgG) estão presentes no leite humano (NOVAES et al. 2009). Segundo Inácio et al. (2007) dentre os componentes do leite materno encontra-se o hormônio leptina que possui a propriedade de inibir o apetite e as vias anabólicas e estimular as vias catabólicas. A composição do leite humano poderia está associado ao processo

“imprinting metabólico”, alterando o número e/ou tamanho dos adipócitos ou MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes; BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun. 2015.

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Revisão induzido o fenômeno de diferenciação metabólica. Podendo influenciar no crescimento e desenvolvimento dos tecidos (NOVAES et al. 2009). Além de todos os benefícios proporcionados pela alimentação materna, de acordo com Aciolly (2003), podem ser apontadas, ainda, outras vantagens que o leite materno proporciona a vida da dupla mãe/bebê, dentre estas se podem citar: redução da mortalidade infantil, uma melhor qualidade de vida das famílias e possibilitar o desenvolvimento de crianças mais saudáveis. O leite materno é dotado de todos os nutrientes fundamentais ao crescimento e desenvolvimento ideal da criança e possui melhor digestão em relação a outros tipos de leite, portanto, representa a única fonte alimentar que a criança necessita no primeiro semestre de vida. A amamentação também constitui uma importante forma de comunicação entre o bebê e a mãe, fortalecendo os laços afetivos entre eles (BRASIL 2009). Outro benefício do leite materno é por ser um alimento prático, pois, está disponível a qualquer momento, na temperatura certa para o bebê e é limpo evitando, portanto, diarreias e alergias (BRASIL 2007). Vários estudos têm demonstrado a ação protetora do leite materno no combate a mortalidade e morbidade infantil. Conforme Antunes et al. (2008), a amamentação corresponde a uma vacina para o lactente. Além de fornecer todos os nutrientes ideais para o crescimento e desenvolvimento da estrutura óssea, psicológica e neurológica do bebê. Alguns estudos ressaltam a importância do aleitamento materno infantil não só em curto prazo, mas têm-se observado efeitos benéficos também em longo prazo na saúde da criança, tais como redução na incidência de obesidade, hipertensão arterial, dislipidemias, diabetes e câncer (NOVAES et al. 2009). Estudos têm demonstrado que a amamentação traz diversos benefícios também para a mulher, pois ao amamentar o útero volta mais depressa ao seu tamanho normal, além de reduzir o risco de câncer de mama MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes; BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun. 2015.

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Revisão e ovários (BRASIL 2007). Além disso, estudos realizados no Brasil estabelecendo a associação entre duração da amamentação e a diminuição do peso pós-parto indica que a cada mês a mais que a mulher amamenta houve uma média de redução de 0,44 kg no seu peso (KAC et al. 2004). Problemas Decorrentes da Interrupção Precoce do Aleitamento Materno A ausência de amamentação ou sua interrupção precoce e a introdução de outros alimentos à criança antes do 6º mês são frequentes, com consequências importantes para a saúde do bebê, como exposição a agentes infecciosos, contato com proteínas estranhas, prejuízo da digestão e assimilação de elementos nutritivos, entre outras (BECHE et al., 2009). Segundo Balaban et al. (2004) o aleitamento materno representa um efeito protetor contra a obesidade na idade pré-escolar. Uma amamentação inconveniente associada a uma condição socioeconômica insuficiente pode favorecer o surgimento de um ambiente apropriado ao aparecimento da obesidade infantil, portanto a amamentação representa uma importante ação para prevenção da obesidade infantil (ARAÚJO et al. 2006). Alguns estudos têm demonstrado que a interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo favorece o desenvolvimento de doença atópicas, incluindo asma, e que o efeito protetor do aleitamento exclusivo persiste, principalmente, até o final da primeira década de vida (VAN ODJIK et al. 2003). Embora a proteção do leite materno contra doenças crônicas ainda não esteja bem estabelecida, existem relatos na literatura que apontam que o desmame precoce aumenta o risco de doença celíaca, doença de Crohn, colite ulcerativa, linfoma, doença de Hodkin e leucemia (DAVIS 2001). O efeito protetor do leite materno pode diminuir quando a criança recebe qualquer outro alimento devido à redução da oferta de fatores de MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes; BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun. 2015.

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Revisão proteção, maior risco de contaminação e interferência na absorção de nutrientes do leite materno (GIULIANI, VICTORA 2000). Fatores Sociais que Interferem na Prática da Amamentação Exclusiva Como já é bem conhecido o efeito protetor que a amamentação exclusiva exerce na saúde da criança e mãe, hoje os pesquisadores tentam descobrir e relacionar quais os motivos que ocasionam o aumento do desmame precoce e buscam desenvolver estratégias que possam diminuir os fatores que levam às nutrizes a não amamentarem (ESCOBAR et al. 2002). Apesar das evidências científicas e da tendência ascendente, observada no Brasil, a interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo segue sendo, nesse país, um dos mais importantes problemas de saúde pública, apontando a necessidade de um constante processo de monitoramento dos indicadores, busca de determinantes modificáveis, delineamento de intervenções e novas pesquisas (PARIZOTO et al. 2009). Segundo o Ministério da Saúde (2009) o desmame não é um fenômeno aleatório, mas sim um processo que faz parte da evolução da mulher como mãe e do desenvolvimento da criança. Portanto, seguindo esse raciocínio, o desmame deveria acontecer de forma natural, conforme a criança adquira capacidade para tal. Relação entre a escolaridade e amamentação Estudo realizado em Campinas mostrou que o grau de escolaridade materna tem relação com o desmame precoce, pois quanto maior for o tempo de escolaridade da mãe, maior será a duração do aleitamento natural (MOURA, VOLPINI 2005). Segundo Escobar et al. (2002), mulheres com menor grau de escolaridade tendem a desmamar precocemente seus filhos quando comparadas àquelas com maior nível de escolaridade. Em MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes; BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun. 2015.

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Revisão concordância a estes achados, um estudo de desenho transversal realizado em um município do Rio de Janeiro demonstrou que mães com pouca escolaridade introduzem mais precocemente alimentos na dieta dos seus filhos (PEREIRA et al. 2010). O grau de instrução materno mais elevado parece ser um bom preditivo de sucesso da prática da amamentação exclusiva. Pesquisas relatam ocorrência mais precoce de desmame em grupo de mães com apenas primeiro e segundo graus. Mães com apenas ensino fundamental ou médio apresentam maior chance de interrupção dessa prática antes dos quatro primeiros meses de vida da criança (FRANÇA et al. 2007). Em muitos países desenvolvidos, mães com maior grau de instrução tendem a amamentar por mais tempo, talvez pela possibilidade de um maior acesso a informações sobre as vantagens do aleitamento materno. Já em países em desenvolvimento, as mães de classes menos favorecidas, também menos instruídas, frequentemente não casadas, começam o pré-natal mais tarde e, consequentemente, se preocupam em decidir sobre a forma do aleitamento também mais tarde (ESCOBAR et al. 2002). Tal situação, segundo França et al. (2007), parece evidenciar que as mães com formação acadêmica apresentam maior possibilidade de receber informações acerca dos benefícios da amamentação, sofrendo menor influência externa e rejeitando práticas que, de modo cientificamente comprovado, prejudicam a ocorrência da amamentação. Influência do trabalho materno sobre a amamentação A pressão social, resultante das transformações econômicas e da crescente inserção da mulher o mercado de trabalho, compõe um cenário favorável ao desmame precoce (VIEIRA et al. 2004). O tempo decorrido entre o parto e o retorno ao trabalho é o mais importante preditor da MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes; BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun. 2015.

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Revisão duração dessa prática, pois quanto mais cedo à volta ao emprego, mais precoce é a introdução de outros alimentos (CALNEN 2007). Estudos têm indicado que esta variável exerce influência negativa na prática da amamentação, pois, mães que relataram trabalhar fora apresentaram 23% mais chances de desmamarem precocemente (BECHE et al. 2009; AUDI et al. 2003). A partir da saída da mulher do espaço privadodomicílio para o espaço público, isto é, ocupando lugares no mercado de trabalho, a prática do aleitamento materno reduziu significativamente, substituindo o leite humano por outras formulações infantis, que na maioria das vezes não se compara aos nutrientes encontrados e aos benefícios ofertados pelo leite da mãe (CAMINHA et al. 2010). A grande dificuldade de conciliar as múltiplas atribuições impedia a prática da amamentação exclusiva, transformando esse momento em sentimentos de angústia e preocupação, impedindo negativamente a fisiologia da lactação (ALMEIDA, NOVAK 2004). Porém, Faleiros et al (2006) demonstraram que o trabalho materno não é empecilho ao aleitamento, se houver situações favoráveis a tal prática, como, por exemplo, respeito à licença gestante, creche ou condições para o aleitamento no local e horário de trabalho. Influência da renda familiar no aleitamento materno Com o transcorrer dos anos, a amamentação passou por fases que se modificavam conforme os padrões de desenvolvimento da sociedade. O nível socioeconômico está diretamente relacionado com a amamentação, pois as mães em melhor situação econômica tendem a amamentar por períodos mais prolongados do que as mais carentes (RIBEIRO et al. 2011). Estudo realizado com crianças de nove a dezoito meses de idade matriculadas em creches de São Paulo mostrou que o começo do processo de desmame está associado com famílias que têm renda inferior ou igual a três MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes; BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun. 2015.

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Revisão salários mínimos (BARBOSA et al. 2009). De acordo com Vitor et al. (2010), em seu estudo realizado na região sul do Brasil mostrou que um número considerável de mães que recebiam uma renda mensal inferior a 3 salários mínimos (70,4%) amamentou de forma exclusiva por um período menor que seis meses em relação àquelas de classes de maior renda. Sendo assim, é válido orientar as mulheres desde o pré-natal que o aleitamento materno exclusivo é a forma mais econômica e saudável de nutrição das crianças nos primeiros meses de vida, devendo ser esta uma prática natural em todas as famílias (JOCA et al. 2005). O papel do pai perante o ato de amamentar O dia a dia do cuidado à saúde da mulher vem mostrando que a relação com o parceiro influencia no bem-estar da mulher na gestação e após o nascimento dos filhos. Quando sua participação é efetiva, os laços tornamse mais igualitários (FREITAS et al. 2007). Segundo Lamounier e Silveira (2006) o risco de suspensão do aleitamento materno exclusivo em crianças que não residem com o pai é de 1,47 vez em relação aquelas que residem com o pai. Segundo este mesmo estudo, crianças cujo pai possui escolaridade superior ao primeiro grau completo apresentam 1,62 vez mais chances de permanecerem em amamentação exclusiva quando comparadas aquelas em que o pai possui escolaridade inferior ao primeiro grau completo. A literatura mostra que a mãe residir com o companheiro aumenta a prevalência de amamentação exclusiva em 72% (Pereira et al. 2010); além disso, o fato do pai não colaborar de forma ativa na alimentação do filho, podem ocasionar conflitos deixando a mulher desencorajada quanto ao seguimento da lactação (BRASILEIRO et al. 2010). Uchimura et al. (2001) estudaram os fatores de risco para o desmame precoce e concluíram que as mulheres mais propensas a desmamar precocemente são as que se apresentam em situação conjugal não definida. Ser mãe solteira é uma MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes; BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun. 2015.

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Revisão condição que pode dificultar que a mulher amamente seu filho de forma exclusiva, visto o acúmulo de tarefas domésticas e de cuidados à criança e também, a falta de apoio psicológico e social para o desempenho do papel de nutriz (JOCA et al. 2005). Durante todo o tempo da amamentação, o pai poderá ajudar nos afazeres da casa e nos cuidados com os filhos. É preciso estimular o pai a participar desde o pré-natal e não permitir que ele perca esse momento, com isso descobrirá intensas alegrias e acompanhar passo a passo o desenvolvimento da criança (LANA 2001). O papel influenciador do acompanhamento no pré-natal e puerpério no aleitamento materno Após o parto, quando a mulher retorna ao seu contexto social, ela sofre interferências na sua forma de pensar e agir com relação ao aleitamento materno, levando, assim, a introdução precoce de outros alimentos, que se inicia geralmente no período que se segue à alta hospitalar (MACHADO et al. 2004). A dupla mãe/ bebê não deve sair do hospital sem que os profissionais de saúde tenham observado a primeira mamada, além de fornecer orientações sobre sua importância, a pega correta e esclarecer a forma de aleitamento como livre demanda (REGO 2006). Segundo Rosa et al. (2009) a Organização Mundial de Saúde prega que promover e apoiar o aleitamento materno é uma das prioridades da saúde pública. Portanto, a análise crítica sobre o quadro do aleitamento materno exclusivo é crucial na avaliação da atuação dos profissionais de saúde durante o pré-natal e o puerpério e, por conseguinte, ajuda a identificar falhas na promoção da amamentação, proporcionando o estabelecimento de novas políticas locais. MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes; BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun. 2015.

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Revisão A não realização de puericultura, ou falhas durante estas consultas, como: não falar sobre amamentação, ou não orientar a mãe sobre a maneira correta de amamentar, no primeiro dia em que ela veio à unidade básica, como também, má qualidade do acompanhamento do recém-nascido, implicam em menor período de aleitamento materno exclusivo (PEREIRA et al. 2010). Estudo realizado em Salvador-BA, verificou-se que as mães não orientadas no puerpério sobre a importância da amamentação apresentaram maiores chances de desmamarem precocemente (DINIZ et al. 2007); além disso, o período mais suscetível para o desmame são as primeiras quatro semanas de puerpério (UCHIMURA et al. 2001). A assistência pré-natal é de suma importância para a saúde da mulher e seu filho. Não se trata da simples consulta tradicional, na qual são avaliados apenas as condições da vitalidade do feto e o estado físico da mãe. É fundamental que o incentivo ao aleitamento materno seja um tema abordado em todas as consultas a partir do sexto mês gestacional, sendo englobado o preparo das mamas, as possíveis intercorrências mamárias, as formas de solucionar os pequenos problemas e o que deve ser evitado pelas nutrizes e seus bebês (JOCA et al. 2005). Contudo,

para

realizar

tal

assistência,

fazem-se

necessários

profissionais capacitados para introdução de ações educativas e práticas adequadas no sentido de estimular o ato de amamentar (RIBEIRO et al. 2011). A idade materna e suas consequências para a amamentação Diversos estudos apontam a idade materna como fator importante no desmame precoce. Bueno et al (2003) sugeriram que mães com idade inferior a 25 anos tendem a introduzir alimentos mais cedo na vida do bebê. Contradizendo este achado, Barbosa et al (2009) demonstraram que mães MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes; BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun. 2015.

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Revisão com idade acima de 25 anos tendem a abandonar o ato de amamentar mais precocemente. França et al. (2007) relataram frequência de desmame maior entre mães adolescentes, quando comparadas a mães adultas. Mães adolescentes estavam menos dispostas a amamentar que as adultas, porém, são mais receptivas ao aleitamento materno, mas, no entanto, necessitam de um acompanhamento mais cuidadoso e de aconselhamento Entretanto, Bezerra et al. (2012) indicaram que a idade da mãe não é fator de risco para o desmame precoce, não havendo diferença significativa entre mães com menos de 20 anos e as demais, logo, a variável em questão depende de outras como: quantidade de gestações anteriores, alojamento conjunto ou orientações sobre amamentação (FROTA, MARCOPITO 2004). Relação entre desmame precoce e zona de moradia Em relação à zona de moradia os estudos apresentam controvérsias, pois alguns relatam que crianças residentes em zona rural apresentam maiores chances de receberem o aleitamento materno exclusivo (BECHE, HALPERN, STEIN 2009). Enquanto outros afirmam que as crianças que habitam em zona urbana são amamentadas exclusivamente por um período maior, sendo assim, são necessários mais estudos a fim de esclarecer melhor a influência que esta variável exerce sobre o desmame precoce (AUDI, CORRÊA, LATORRE 2003). Crenças e valores que interferem no aleitamento materno exclusivo Segundo Ribeiro et al. (2011), após o parto, quando a mulher retorna ao seu contexto social, a mesma sofre interferências na sua forma de pensar e agir com relação ao aleitamento materno. As experiências familiares e de MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes; BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun. 2015.

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Revisão pessoas de seu convívio, pode transmitir tabus e crenças, atuando, assim, como elementos estimuladores ou não para o aleitamento materno. Destacamos que é na família que são aprendidos os hábitos, os tabus, o estilo de vida, sendo este um grupo social que tem grande influência nos seus membros. Assim, a nutriz sofre maiores influências para amamentar ou não a sua criança, sendo esta uma prática culturalmente construída (JOCA et al. 2005). Essa cultura, já citada, interfere de forma crucial a prática do aleitamento determinando diferentes significados para a mulher, levando a amamentar ou não o seu bebê. Nutrizes que fizeram uso de lactogogos mantinha

a

culturalmente

crença

fundamentada

através

do

nas

relacionamento

informações

transmitidas

avó/mãe/filha

(ICHISATO,

SHIMO 2001). O leite fraco é uma das alegações mais usadas como explicação para o desmame precoce. Essas indagações ocorrem devido à desinformação e à interpretação da aparência fina do leite materno, quando comparado às fórmulas lácteas engrossadas (OSÓRIO, QUEIROZ 2007). De acordo com Vieira et al (2004), os fatores culturais que favorecem a introdução de chás, água e outros alimentos a alimentação de crianças em aleitamento materno provavelmente têm maior impacto no primeiro parto. Mulheres pertencentes a esse grupo apresentam maior susceptibilidade ao desmame precoce, necessitando de ações específicas de apoio e proteção ao aleitamento materno a fim de capacitá-las para que resistam às pressões sociais para o desmame. Não é preciso que haja ruptura entre os saberes feitos de experiências e aqueles construídos por procedimentos metódicos, mas uma superação, afinal a “curiosidade ingênua” está associada ao saber de senso comum, que quando relacionado ao conhecimento científico muda de qualidade, mas nunca de essência (RIBEIRO et al. 2011). MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes; BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun. 2015.

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Revisão Impacto da internação hospitalar sobre o aleitamento materno exclusivo Em relação à morbidade da criança, tem se observado que aquelas que apresentaram uma ou mais internações hospitalares tiveram maiores chances de serem desmamadas precocemente quando comparadas às que nunca foram internadas (BECHE et al. 2009). Sales e Seixas (2008) ao estudarem as causas do desmame precoce no Brasil, chegaram a conclusão que a hospitalização pode ocasionar a interrupção da amamentação de até 60% dos lactentes que estavam sendo amamentados no inicio da internação. Esses achados apontam para a necessidade de se adotar medidas a fim de melhorar a assistência pré-natal, sensibilizando as mães e os outros familiares sobre a importância da amamentação. A maternidade deve dar continuidade a esse trabalho, que deve ser estendido a todas as unidades que prestam assistência a lactentes. É essencial que existam unidades de apoio dirigidas para as mães que se encontram em fase de lactação. Há real urgência de ser criada a iniciativa amiga da criança em hospitais e ambulatórios gerais que assistem lactentes, com a criação de normas claras e bem fundamentadas sobre o apoio ao aleitamento materno, assegurandose, também, a avaliação regular dessas atividades (SOUZA et al. 2008). CONCLUSÃO Acredita-se que o aleitamento materno deve ser visto sob a óptica da mulher no sentido de compreender suas reais necessidades, concepções e dificuldades, enquanto profissionais de saúde, realizar uma escuta ativa, adaptar a assistência através de uma equipe interdisciplinar, fornecendo apoio adequado e esclarecendo crenças e tabus. Entretanto, o sistema de saúde não possui todas as soluções para o desmame precoce, faz-se necessário o suporte da sociedade, apoio para a MOURA, Edênia Raquel Barros Bezerra de; FLORENTINO, Edinara Conrado Lopes; BEZERRA, Maria Edilene Barros; MACHADO, Ana Larissa Gomes. Investigação dos fatores sociais que interferem na duração do aleitamento materno exclusivo. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 94-116, jun. 2015.

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Revisão mulher que amamenta e trabalha fora de casa, creches nos locais de trabalho, garantia de emprego, licença suficiente, entre outros. Neste sentido, o ato de amamentar deve ser alimentado culturalmente, pelo seio familiar, comunidade, mídia e participação efetiva dos profissionais da saúde treinados e capacitados para fornecer atenção de forma efetiva. REFERÊNCIAS

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Artigo original Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de experiência Jayne Ramos Araujo Moura Acadêmica do 9º período de enfermagem UFPI/CSHNB. Membro do Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva (GPeSC). Picos, Piauí, Brasil.

Iolanda Gonçalves de Alencar Figueiredo Enfermeira. Professora Assistente do Curso de Enfermagem da UFPI/CSHNB, Membro do GPeSC/Área Saúde do Adolescente. Rua Benedito Portela, 46 Bairro canto da Várzea. Picos-PI CEP 64600-182. E-mail: iolandalencar2009@hotmail.com

Tuanhy Nardine Carvalho Santos Enfermeira. Membro do grupo de pesquisa em saúde coletivaGPeSC/Área Saúde do Adolescente.

Elaine Costa de Sousa Acadêmica do 8° período de licenciatura plena em pedagogia da UFPI CSHNB, membro do grupo de pesquisa em saúde coletiva-GPeSC/Área Saúde do Adolescente.

Thais Fragoso Vieira Acadêmica do 9º período de Enfermagem da UFPI - CSHNB. Membro do grupo de pesquisa em saúde coletiva-GPeSC/Área Saúde do Adolescente.

Sanya Elaine Araújo Lima Enfermeira da Estratégia Saúde da família. Coordenadora Municipal das Ações de Saúde da Criança e do Adolescente Membro do GPeSC/Área Saúde do Adolescente. MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS, Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya Elaine Araújo. Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de experiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 117-130, jun. 2015.

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Artigo original RESUMO O objetivo do estudo foi descrever e analisar uma experiência vivenciada por acadêmicas dos cursos de Enfermagem e Pedagogia durante uma intervenção de promoção em saúde com adolescentes em uma escola municipal do interior do Piauí. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, resultante das atividades desenvolvidas a partir do Projeto de extensão “Promoção da Saúde de Adolescentes Através de Grupos”,

com

a

finalidade

elaborar

um

levantamento

das

informações/conhecimentos dos alunos que cursavam do sétimo ao nono ano do Ensino Fundamental da escola, a respeito de duas temáticas principais: sexualidade e uso de drogas, por meio da confecção dos desenhos pelos alunos. A partir da observação e análise da atividade desenvolvida por meio dos desenhos, foi possível perceber que os adolescentes possuíam maiores conhecimentos no que se refere à temática “drogas”, com predominância da maconha e do álcool, ainda foi perceptível a presença marcante da violência, embora a mesma não tenha sido mencionada durante as orientações. Porém, identificada através dos desenhos por eles realizados. A atividade representou o primeiro passo para a construção de uma visão mais crítica a respeito do processo de adolescer, permitindo, por meio da análise da experiência, a construção de concepções concretas e ideológicas em relação ao indivíduo em transição para a fase adulta.

Palavras chave: Promoção da saúde. Educação em saúde. Saúde do Adolescente.

MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS, Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya Elaine Araújo. Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de experiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 117-130, jun. 2015.

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Artigo original ABSTRACT The objective of the study was to describe and analyze an experience lived by students from the Nursing and teaching courses for a health promotion intervention with adolescents in a municipal school in the interior of Piauí. This is a descriptive study of an experience resulting from the activities developed from the Extension Project "Health Promotion Teens Groups Through". In order to draw up an inventory of information / knowledge of students attending at the seventh to the ninth year of school elementary school, about two main themes: sexuality and drug use, through the preparation of drawings by students. From the observation and analysis of the activity developed by the drawings, it was revealed that adolescents had higher knowledge in relation to the theme "drug", with predominance of marijuana and alcohol, increased presence was still noticeable the violence, although it was not mentioned during the guidelines. However, identified through drawings performed by them. The activity was the first step to building a more critical view about the adolescent process, allowing, for analyzing the experience, building concrete and ideological conceptions of the individual in transition to adulthood.

Keywords: Health Promotion. Health education. Adolescent Health. INTRODUÇÃO A adolescência é um período próprio do desenvolvimento físico e psicológico humano, no qual advêm mudanças significativas no corpo, seguidas pelo surgimento da afetividade, do interesse sexual e de grandes conflitos comportamentais, como a ansiedade, a timidez, a angústia, a insegurança, a instabilidade, possibilitando, por exemplo, o desenvolvimento da personalidade.

MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS, Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya Elaine Araújo. Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de experiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 117-130, jun. 2015.

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Artigo original As transformações inerentes à passagem da vida infantil para a vida adulta, comportam-se em si uma complexidade que merece ser exploradas. Neste sentido, a construção de uma nova identidade é uma das tarefas psíquicas da adolescência em que a sociedade oferece, de acordo com a sua cultura, rituais tradicionais de passagem à idade adulta, que funcionam como mediações simbólicas entre o adolescente e o meio, que lhe conferirá o ‘status’ de adulto (AYUB et al. 2008). Porém, essas mudanças podem ser vivenciadas como invasoras envolvendo processos nos quais, muitas vezes, exige do adolescente uma reformulação de seus mundos: interno e externo, em que as restrições familiares e sociais, com o objetivo de “controlar” seus impulsos, chegam a tornar seu desenvolvimento ameaçado. E, é nesse período, tempo de clarificação de valores e de tomada de decisões, que ocorrem processos fundamentais na aquisição e consolidação de estilos de vida, saudáveis ou não saudáveis, que irão depender das escolhas efetuadas pelos adolescentes (FERREIRA et al. 2011). Desta forma, o adolescente encontra-se mais vulnerável à gravidez não planejada, às doenças sexualmente transmissíveis (DST’s), à experimentação de drogas, exposição aos acidentes em decorrência do comportamento desafiador, além de diferentes formas de violência (BSERRA et al. 2008). Em consequência disso, os índices de violência, uso e abuso de drogas e vivência da sexualidade precoce, protagonizados pelos adolescentes vêm crescendo a níveis globais e têm tomado proporções preocupantes. Para a OMS (2000) o que fica evidenciado pela mudança, nas últimas décadas, no perfil epidemiológico de morbimortalidade dos adolescentes, em que poucos sucumbem de causas naturais, e a grande maioria por causas preveníveis, resultantes do estilo de vida é que muitos se envolvem numa variedade de comportamentos que os colocam em risco para a obtenção de doenças agudas ou crônicas, ou mesmo a morte. Mas, os comportamentos de risco na adolescência podem comprometer não só o MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS, Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya Elaine Araújo. Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de experiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 117-130, jun. 2015.

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Artigo original desenvolvimento e a saúde atual e futura do indivíduo, como também hipotecar todo o curso da sua vida, como, por exemplo, a maternidade ou paternidade, que possuem consequências irreversíveis. Nesse sentido, o adolescente necessita de orientações e apoio, não só em seu ambiente familiar, mas também nas esferas da educação e saúde. Atualmente, buscam-se alternativas para tentar modificar tal realidade, e, em meio a esse processo, práticas de promoção da saúde ganham ênfase, principalmente, quando estão aliadas à abordagem grupal. Atrelado a isso, professores e profissionais da saúde desenvolvem projetos, conjuntamente, com a finalidade de proporcionar aos adolescentes, uma transição saudável da infância à idade adulta, em que, a escola, por ser um ambiente de socialização e aprendizagem, se configura em um espaço ideal para o desenvolvimento de atividades que estimulem os alunos a optarem por viver de forma saudável. O grupo para o adolescente é um espaço possível e privilegiado de rede de apoio, pois permite descobrir potencialidades e trabalhar a vulnerabilidade facilitando a prevenção de agravos à saúde. O trabalho em grupos possibilita a ampliação do vínculo entre educadores e os adolescentes. Assim, tendo em vista a importância da abordagem grupal para as práticas de educação em saúde direcionadas ao adolescente, entende-se como crucial a implantação de grupos em espaços escolares. Para tanto, é necessário buscar técnicas de abordagem adequadas, que estimulem o interesse dos adolescentes. A prática pedagógica de oficinas – forma eficiente de educação, construção do conhecimento e pensamento crítico para mudanças de comportamento – proporciona exposição de ideias, conceitos e experiências, para ambos, sem medo de qualquer julgamento. Esse fato possibilita transformar e aprimorar conceitos preconcebidos, através da reflexão sobre o tema, socialização de experiências e troca de saberes (FEITAS, DIAS 2010). MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS, Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya Elaine Araújo. Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de experiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 117-130, jun. 2015.

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Artigo original Assim, objetiva-se nesse estudo descrever e analisar uma experiência vivenciada por acadêmicas dos cursos de Enfermagem e Pedagogia durante uma intervenção de promoção em saúde com adolescentes em uma escola municipal do interior do Piauí. METODOLOGIA Estudo descritivo, do tipo relato de experiência. O presente artigo relata a vivência de um grupo de acadêmicas dos cursos de Bacharelado em Enfermagem e Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Campus Senador Helvídio Nunes de Barros (CSHNB), no dia dois de setembro de dois mil e treze em uma escola municipal do interior de PicosPI. A atividade fez parte de uma das intervenções do Projeto de Extensão “Promoção da Saúde de Adolescentes Através de Grupos”, que teve como finalidade elaborar um levantamento das informações/conhecimentos dos alunos que cursavam do sétimo ao nono ano do Ensino Fundamental da escola, a respeito de duas temáticas principais: sexualidade e uso de drogas por adolescentes. Outro ponto importante do encontro foi a possibilidade de visualização das reações e/ou expressões demonstradas pelos adolescentes durante a abordagem das temáticas. O critério de seleção das turmas foi feito a partir da classificação por idade. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069, de 1990, no Brasil, define a adolescência como a faixa etária de doze a dezoito anos de idade (artigo 2º). As turmas nas quais estivessem com alunos em consonância com essa faixa etária foram inclusas na execução das atividades, o que totalizou cinquenta e nove alunos, vinte e sete do sexo feminino e trinta e dois do sexo masculino (BRASIL 2002). O método grupal foi escolhido para o trabalho com adolescentes partindo da premissa de que grupo é um conjunto de pessoas, com MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS, Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya Elaine Araújo. Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de experiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 117-130, jun. 2015.

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Artigo original características distintas, porém com necessidades semelhantes e objetivo comum, que interagem, onde cada integrante disponibiliza de espaço para expressar suas opiniões ou seu silêncio, de forma que as particularidades de cada um devam focadas e respeitadas. Para abordagem das temáticas, a metodologia escolhida foi a Oficina que, nesse encontro, desenvolvida por meio de dinâmicas lúdicopedagógicas, que proporcionaram ao grupo a possibilidade de autoanálise e auto interpretação, permitindo um processo contínuo de motivação ao indivíduo e ao grupo (LOPES et al. 2001). O pátio da escola foi utilizado para a realização do encontro. O local foi organizado para os adolescentes e para promover a fácil visualização e entendimento das atividades. Carteiras foram distribuídas por todo o ambiente, de forma que as facilitadoras (acadêmicas) pudessem estar sempre próximas dos alunos. As turmas foram unidas e distribuídas no pátio. Empregou-se a dinâmica “dos desenhos”. Inicialmente, os alunos foram divididos em oito grupos de sete a dez participantes, de forma aleatória e, posteriormente, foram lançadas duas perguntas, a primeira, “Qual a primeira coisa que vem à sua cabeça quando se fala em drogas? ”, a segunda, “O que você entende sobre sexualidade? ”. Para responder a esses questionamentos, os adolescentes teriam que representar seus pensamentos em forma de desenhos, a todos os grupos foi distribuído material para a confecção dos desenhos – cartolina, papel A4, canetas, lápis de cor, pilotos, tintas, pincéis. Durante a confecção do material, uma música instrumental tocava, com a finalidade de deixar o ambiente mais acolhedor, calmo e relaxante. Para concluir a dinâmica, cada grupo deveria explicar seus desenhos e relatar o porquê de tê-los ilustrados. O principal material analisado nesse estudo foram os desenhos confeccionados durante a intervenção e as experiências das acadêmicas durante a execução das atividades descritas. O projeto foi aprovado pela Pró MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS, Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya Elaine Araújo. Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de experiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 117-130, jun. 2015.

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Artigo original Reitoria de Ensino e Extensão – PREX/UFPI e submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da UFPI e autorizado a execução das atividades nas escolas da rede estadual e municipal através do termo de parceria entre 9º Gerência Regional de Educação (9ª GRE) de Picos-PI e Secretaria Municipal de Educação (SEME) de Picos-PI. RESULTADOS Durante demostravam-se

o

desenrolar

dispersos,

das

inquietos

atividades, e,

os

adolescentes

inicialmente,

evidenciaram

desinteresse pelo tema abordado. Aparentemente, não tinham intensão de participarem do encontro, pois não queriam dar continuidade às atividades propostas. No entanto, as acadêmicas, com o auxílio da professora coordenadora do projeto de extensão, direcionaram a oficina, de forma que cada adolescente pudesse expressar-se de forma individual. Para isso, uma linguagem de fácil compreensão, expressões de carinho, afeto e acolhimento foram empregadas, o que também, estimulou a vontade de participação das atividades pela maioria dos alunos. Essas atitudes podem ser explicadas pela própria fase do desenvolvimento humano, no qual, estão inseridos esses alunos – a adolescência, onde muitos possuem certo grau de dificuldade em expressar seus sentimentos e opiniões verbalmente, se fazendo necessária a observação

de

suas

atitudes

e

expressões

corporais,

de

forma

a

disponibilizar um ambiente propício para a organização de um discurso verbal coerente com seus pensamentos. A partir da observação e análise da atividade desenvolvida por meio dos desenhos, foi possível perceber que os adolescentes possuíam, predominantemente, maiores conhecimentos no que se refere à temática “drogas”, sendo que, dentre as citadas, houve maior ponderância da maconha e do álcool. A Secretaria Nacional de Política sobre Drogas conceitua drogas como substâncias que produzem mudanças nas sensações, no grau de MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS, Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya Elaine Araújo. Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de experiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 117-130, jun. 2015.

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Artigo original consciência e no estado emocional das pessoas, sendo que estas alterações variam de acordo com a droga e a quantidade utilizada (BRASIL 2010). Esse conceito se aplica tanto às drogas lícitas quanto às ilícitas, incluindo a maconha e o álcool, ambas mais citadas pelos adolescentes, sujeitos da intervenção, durante a atividade desenvolvida. As bebidas alcoólicas são consideradas drogas legais e de fácil comercialização nacional. De venda proibida para menores de dezoito anos, embora a realidade seja expressa de uma forma bem diferente. É importante destacar que o consumo de bebida alcoólica está intimamente ligado a interações sociais. Em muitos momentos, o uso indiscriminado cresce devido à grande facilidade de acesso, em outros, este processo ocorre devido ao ambiente favorecer maiores condições de consumo, onde o adolescente depara-se facilmente com a bebida. Esta possui importante significado na inserção dos grupos ali presentes (SILVA, PADILHA 2011). Cabe ressaltar ainda que, consumo de álcool pelos adolescentes pode se dar na companhia dos pais, o que torna muito mais difícil qualquer intervenção ou informação posterior, trabalhada na escola. A escola, juntamente com a família, é um dos veículos formativos mais importantes para a vida e o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Ambos os meios devem promover um ambiente propício para o estabelecimento de valores morais e padrões de conduta. Estes aspectos, quando bem internalizados são considerados fatores de proteção contra o uso de drogas. Por meio da análise dos desenhos, foi possível identificar a presença marcante da violência, tanto no que se refere às drogas quanto à sexualidade, o que tornou o estudo ainda mais interessante, partindo do pressuposto que não se mencionou, durante as orientações para a confecção dos desenhos, a questão da violência. É preciso pensar com cuidado a relação entre drogas e violência, pois é um tema carregado de representações sociais. Usuário de drogas, não, necessariamente, será violento ou a pessoa MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS, Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya Elaine Araújo. Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de experiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 117-130, jun. 2015.

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Artigo original violenta, nem sempre, é usuária de drogas. Quando há um evento violento e há o uso concomitante de drogas, o mais prudente é analisar a situação, ou seja, esclarecer os motivos e intenções, conhecer as sequencias e interações que redundaram em violência. Porém, o que mais chama atenção nos desenhos representativos de violência é o fato de que, a maioria, não está ligada diretamente ao uso de drogas, de forma que as representações mais presentes nos desenhos são as de homens armados, morte e também a violência física entre familiares. Muitos desenhos expressam usuários de droga portando armas que desempenham algum tipo de agressão física. Já em outros, foi possível perceber a violência ligada à desestruturação familiar, que individual ou conjuntamente são causa e consequência do uso de drogas, o que pode ser justificado por fatores econômicos e sociais que permeiam os sujeitos da pesquisa. Desta forma, os profissionais da saúde e educação devem conhecer a realidade na qual estão inseridos estes adolescentes, reconhecendo na violência os fatores que a desencadearam, tais como a desagregação familiar, uso de substâncias psicoativas, a ociosidade, a banalização dos valores morais, influência de amizades e marginalização social. Após a análise dos desenhos referentes à temática “sexualidade", percebeu-se a associação direta do tema ao ato sexual e à gravidez precoce. Silva e Padilha (2011) auxiliam no processo de entendimento dessa associação ao afirmarem que, os adolescentes, ao definirem a sexualidade, salientam a função reprodutora e de perpetuação da espécie. Para eles a sexualidade aparece como sinônimo de fazer sexo e sua definição é pautada na biologia dos corpos. A banalização do sexo e a falta de conhecimento sobre métodos contraceptivos são um dos principais fatores que contribuem para o acarretamento de uma gravidez indesejada precocemente, tal questão foi detectada através de várias imagens, principalmente, de autoria feminina, MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS, Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya Elaine Araújo. Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de experiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 117-130, jun. 2015.

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Artigo original em que levantavam também, outra questão bem polêmica – o aborto. Tal prática

é

observada,

atualmente,

ocasionada

pelas

mudanças

no

comportamento sexual dos adolescentes, como a redução da idade em que iniciam as relações sexuais. Nas

últimas

décadas,

mundialmente,

a

incidência

da

parentalidade na adolescência tem aumentado em níveis alarmantes, porém, esta é mais evidenciada nos países emergentes, pois a falta de informação, baixa escolaridade e a instabilidade econômica, especialmente nos adolescentes de nível socioeconômico mais baixo, são mais presentes na vida dessas pessoas (CARVALHO et al. 2010). Em vista da complexidade da problemática do consumo de drogas, sexualidade e violência e da forma como as informações chegam aos adolescentes e como estes as processam, na ilusória realidade de serem detentores do conhecimento, é preciso criar estratégias educacionais que visem permitir a reflexão e conscientização dos mesmos, com o objetivo de reduzir a incidência do uso dessas substâncias, da violência, em suas mais variadas

facetas,

da

gravidez

precoce

e

de

doenças

sexualmente

transmissíveis e possibilitar à adesão de práticas de vida saudável. Considerando o modelo de prevenção através de conscientização, neste caso de escolares adolescentes, essas estratégias devem estar apoiadas numa perspectiva de respeito à identidade, fazendo do adolescente protagonista de sua própria história, de forma que venha transformar ele mesmo em sua realidade, através do entendimento e apreensão das informações recebidas e produzidas por eles mesmos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Buscou-se,

nessa

experiência,

conhecer

as

percepções

dos

adolescentes sobre o possível uso de drogas e do desenvolvimento da sua sexualidade, além de observar seus comportamentos frente a uma discussão MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS, Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya Elaine Araújo. Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de experiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 117-130, jun. 2015.

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Artigo original a respeito dessas temáticas. Diante dessa abordagem, fica clara a contribuição para o crescimento do saber individual – no que tange à experiência das integrantes do projeto de extensão, como também dos saberes coletivos – os adolescentes, resultantes da educação em saúde voltada para esses sujeitos. Essa atividade possibilitou o desenvolvimento de um ambiente em que os adolescentes pudessem expressar suas opiniões, anseios, dúvidas e suas experiências a cerca dos assuntos abordados, o que possibilitou às acadêmicas o conhecimento da realidade na qual eles estão inseridos, como também o grau de entendimento de cada um. Aos adolescentes, propiciou uma exteriorização de seus pensamentos e uma expansão de seus saberes. A utilização de oficinas como abordagem pedagógica conferiu um ponto positivo no processo de educação em saúde, pois despertou a curiosidade, estimulou a reflexão relativa aos itens abordados em uma grande parte dos participantes da oficina, além da possibilidade de se tornarem agentes no processo de promoção de saúde a eles trazido nesse momento. No que se refere ao entendimento das acadêmicas, a atividade representou o primeiro passo para a construção de uma visão mais crítica a respeito do processo de adolescer, permitindo, por meio da análise da experiência, a construção de concepções concretas e ideológicas em relação ao indivíduo em transição para a fase adulta. Acredita-se que este estudo possibilitou às acadêmicas uma reflexão a partir da realidade vivenciada por esses adolescentes que foi expressa por meio dos desenhos, o que proporcionou uma visão mais ampla sobre as temáticas abordadas e, a partir de então, observou-se um engrandecimento

do

conhecimento

adquirido,

pela

possibilidade

de

experimentação, por alguns momentos, a realidade, de alguns adolescentes, frente à sexualidade e aos questionamentos sobre drogas, que por meio da troca de conhecimentos e também das diferentes perspectivas ressaltadas no MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS, Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya Elaine Araújo. Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de experiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 117-130, jun. 2015.

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Artigo original momento das dinâmicas, contribuiu para melhorar a prática da educação em saúde acerca das questões que permeiam os adolescentes. REFERÊNCIAS

AYUB, R. C. P; GIARETTA, D.G.; MACEDO, M. M. K. O olhar dos que escutam a adolescência: singularidades da clínica atual. III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, Porto Alegre, Ago. 2008.

BESERRA, E.P; PINHEIRO, P. N. C; ALVES, M. D. S; BARROSO, M. G. T. Adolescência e vulnerabilidade às doenças sexualmente transmissíveis: uma pesquisa documental. DST- J Bras Doenças Sex Transm, Niterói, v. 20, n. 1, p. 32-35, 2008.

BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente: Lei federal nº 8069, de 13 de julho de 1990. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 2002.

______. Presidência da República. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Drogas: cartilha sobre maconha, cocaína e inalantes. 2ª edição. Brasília, DF: Presidência da República, 2010. 47 p.

CARVALHO, G.M.; MERIGHI, M. A. B.; JESUS, M. C. P. Recorrência da parentalidade na adolescência na perspectiva dos sujeitos envolvidos. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, n. 18, v. 1, p. 17-24, Jan/Mar., 2009.

FERREIRA, M. M. S. R. S; TORGAL, M. C. L. F. P. R. Estilos de vida na adolescência: comportamento sexual dos adolescentes portugueses. Rev Esc Enferm USP, São Paulo, v.45, n. 3, p. 589-595, Jun., 2011.

MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS, Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya Elaine Araújo. Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de experiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 117-130, jun. 2015.

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Artigo original FREITAS, K. R.; DIAS, S. M. Z. Percepções de adolescentes sobre sua sexualidade. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, v. 19, n. 2, p. 351-357, Abr/Jun., 2010.

LOPES, E. B. et al. Metodologias participativas. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Associação Brasileira de Enfermagem. Adolescer, compreender, acolher. Brasília, 2001.

SILVA, S. E. D.; PADILHA, M. I. Atitudes e comportamentos de adolescentes em relação à ingestão de bebidas alcoólicas. Rev Esc Enferm USP, v. 45, n. 5, p. 1063-1069, 2011.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO); UNITED NATIONS CHILDREN’S FUND (UNICEF). Programming for Adolescent Health and Development. “What should we measure and how?” Risk and protective factors affecting adolescent health and development. Geneva, 2000.

MOURA, Jayne Ramos Araujo; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves de Alencar; SANTOS, Tuanhy Nardine Carvalho; SOUSA, Elaine Costa de; VIEIRA, Thais Fragoso; LIMA, Sanya Elaine Araújo. Conversas de adolescentes sobre drogas e sexualidade: um relato de experiência. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 117-130, jun. 2015.

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Artigo original Investigação da exposição ocupacional de manicure: um estudo transversal Maria Núbia Mendes de Oliveira Enfermeira, Pós-Graduada em Enfermagem do Trabalho, Faculdade Vale do Jaguaribe, Fortaleza, Ce, Brasil. E-mail: biamendes_oliver@hotmail.com.

Maria Solange Nogueira Dos Santos Enfermeira, Pós-Graduada em Enfermagem do Trabalho, Faculdade Vale do Jaguaribe, Fortaleza, Ce, Brasil. E-mail: biamendes_oliver@hotmail.com.

Iolanda Gonçalves De Alencar Figueiredo Enfermeira, Mestre em UTI, Professora do Curso de Bacharelado Em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí, CSHNB, Picos-Pi, Brasil.

Jalles Dantas de Lucena Enfermeiro, Programa de Pós-graduação em Ciências Morfofuncionais da Univerisidade Federal do Ceará.

Alceu Machado de Sousa Programa de Pós-graduação Universidade Federal do Ceará.

em

Ciências

Morfofuncionais

da

Francisco Nataniel Macedo Uchoa Professor da Faculdade da Grande Fortaleza, FGF.

OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de; FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.

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Artigo original Thompon Lopes de Oliviera Professor Adjunto do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal da Paraíba.

Ana Paula Fragoso de Freitas Enfermeira, Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal do Ceará Email: paulinhaff2@hotmail.com.

RESUMO O objetivo deste estudo foi investigar a exposição ocupacional das manicures e pedicures que estão expostas a agentes biológicos como vírus, bactérias, fungos em salões de embelezamento e residência na cidade de Fortaleza-CE. Foi utilizada uma abordagem quantitativa, descritiva e exploratória. A pesquisa de campo foi realizada entre outubro e novembro de 2013. Quarenta profissionais foram entrevistados em suas residências e salões de embelezamento. Foi aplicado um questionário semiestruturado. Constatouse que na pesquisa realizada a idade dos entrevistados varia de 20 anos a 52 anos. Apenas 32,5% concluíram o ensino médio, assim não sendo possível a realização de cursos profissionalizantes (70%). Dos entrevistados, 37,5% tem o ensino fundamental. O ganho mensal é de um salário mínimo para 72,5% dos entrevistados. A maioria não higieniza as mãos (57,5%) e não tem a percepção do risco da exposição ocupacional. O conhecimento da imunização é desconhecido por 52,5%. Observou-se que 40% das manicures tem conhecimento dos riscos da sua profissão e 57,5% já teve contato com sangue sem o uso de luvas. Porém, 2,5% tem conhecimento do risco da profissão, mas não utiliza EPIs. Verificou-se que os profissionais não têm conhecimento sobre os procedimentos de biossegurança, e que as OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de; FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.

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Artigo original regulamentações desses serviços são falhas. O que se concluiu é que é muito deficiente

a

supervisão

e

regulamentação

dos

estabelecimentos

de

embelezamento, o cumprimento das normas de biossegurança, a capacitação dos profissionais e falta conhecimento das condições de esterilização dos instrumentos utilizados.

Palavras-chave: Hepatite B. Manicure. Salão de beleza. Biossegurança. ABSTRACT The aim of this study was to investigate the occupational exposure of manicures and pedicures exposed to biological agents such as viruses, bacteria, fungi at beauty salons and residence halls in the city of Fortaleza. A quantitative, descriptive and exploratory approach was used. The fieldwork was carried out between October and November 2013. Forty professionals were interviewed in their homes and salons. A semi-structured questionnaire was administered. It was found that the survey age ranges from 20 years to 52 years. Only 32.5% of the interviewer completed high school, so it was not possible to conduct training courses (70%) and 37.5% have primary education with a monthly income of a minimum wage (72.5%). The majority do not wash hands (57,5%) and have no knowledge of the occupational exposure risk. The knowledge of immunization is unknown for (52.5%). 40% of manicures were aware of the profession risks, and 57.5% had had contact with blood without wearing gloves. Although 2.5% is aware of profession risks, they do not use PPE. It was found that professionals have no knowledge on biosafety procedures, and regulations of these type of services is weak. The supervision and regulation of beauty establishments, compliance with biosafety regulations, training of these professionals and conditions for sterilization of instruments used are very poor. keywords: Hepatitis B; Manicure, Beauty salons, Biosafety OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de; FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.

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Artigo original INTRODUÇÃO No Brasil a exposição ocupacional de manicure é um problema de saúde pública, pois há uma diversidade de profissionais expostos a sangue e outros fluidos corporais durante a ocupação laboral. A informalidade desses trabalhadores ainda é predominante, sendo assim de difícil fiscalização sanitária dos estabelecimentos, seja salão de beleza ou serviços prestados na própria

residências.

Assim

os

mesmos

desempenham

atribuições

diretamente com a população onde o contato direto com a pele aumenta em potencial o risco ocupacional de acidente ou incidente com agentes biológicos se as recomendações da norma regulamentadora não são seguidas (MELO; ISOLANI, 2011). Dentre as principais doenças as quais esses trabalhadores estão expostos estão o HIV e a hepatite B, C e D. A transmissão pode acontecer, por meio dos instrumentais, de profissional para cliente, entre clientes e de cliente para profissional (DINIZ; MATTE, 2013). Na visão dos autores Benedito et al (2013), a hepatite B é a doença infectocontagiosa que mais causa morbidade e mortalidade no mundo, atingindo as classes de trabalhadores tanto na área de saúde como em estética e cosméticos. Sendo assim ocorre uma grande incidência de contaminação por meio desses profissionais se as orientações das condutas pertinentes à legislação não são seguidas. Se as condutas não forem adequadas, danos à saúde da população são acarretados, causando a transmissibilidade do vírus da hepatite B e C, AIDS, onicomicoses e outros (GHISI e SANTI, 2012). Corteli (2012) relata que o uso de equipamento de proteção individual é necessário para a proteção do trabalhador e do cliente, evitando a transmissão de microrganismo entre ambos, bactérias, vírus, fungos e outros.

OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de; FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.

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Artigo original Garbaccio e Oliveira (2013) citam que esses profissionais em sua maioria têm deficiência no conhecimento acerca da utilização dos equipamentos de biossegurança, a desinfecção e esterilização do instrumental. A quantidade necessária para utilização, acondicionamento, limpeza, embalagens, muitas vezes são precárias ou não existem. Oliveira et al (2013) descreve que a hepatite é um inimigo dos salões de beleza, sendo necessário a higienização as mãos e utilização de luvas descartáveis. Pela facilidade, cada vez mais os jovens, crianças, idosos, sejam do sexo masculino ou feminino, tendem a fazer suas unhas em casa, por ser um meio mais prático, cômodo e barato. Os produtos que são utilizados como acetona, esmalte, lixa, removedor de cutícula, produtos de madeira, plástico ou metal, alicates devem ter o armazenamento adequado. Dessa forma em vista da precariedade do serviço ofertado, da falta de capacitação associada ao despreparo profissional para a desinfecção e esterilização do instrumental perfuro-cortantes, objetivou-se com esse trabalho investigar a exposição ocupacional das manicures e pedicures da cidade de Fortaleza-CE. METODOLOGIA Foi realizado um estudo exploratório, transversal, observacional com abordagem quantitativa em salões de beleza do município de Fortaleza, Ceará. Segundo Marconi e Lakatos (2009), os estudos exploratórios permitem ao investigador aumentar sua experiência em torno de um determinado problema e descrever o determinado fenômeno. A população do estudo constituiu-se em manicures e pedicures na cidade supracitada.

A amostra desse estudo foi composta por 40

profissionais selecionados de forma randomizada. Para a coleta de dados entre os colaboradores selecionados para a pesquisa, aplicou-se um OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de; FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.

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Artigo original questionário semiestruturado baseado no modelo de Freitas et al. (2007) com pequenas modificações. A análise dos dados foi do tipo descritivo, a fim de investigar o risco ocupacional da amostra estudada, comportamento e consequências do acidente ocupacional com material biológico. O teste estatístico do Quiquadrado foi aplicado para verificar a associação entre as variáveis estudadas, ao nível de significância de 5%. Foi utilizado para organização do banco de dados o programa de computador “Excel” versão 2013 e como instrumento de análise estatística o aplicativo Graphpad Prisma versão 5.0. Esse estudo segue as normas preconizadas pela resolução n° Resolução CNS Nº466, de 12 de dezembro de 2012, do conselho nacional de saúde, relativo às pesquisas que envolvem seres humanos. Observando os princípios éticos da pesquisa, a entrevista foi realizada após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, sendo estas informadas sobre o objetivo da pesquisa e da sua livre decisão de participar ou não.

RESULTADOS Verificou-se que as trabalhadoras tinham idade média de 31,9 ±6,9 (Tabela 1), eram casadas (45%), com ensino fundamental completo (37,5%), com renda média de um salário mínimo (72,5%). A participação feminina no mercado de trabalho brasileiro tem crescido significativamente ao longo das últimas décadas em um contexto de expansão da economia e um acelerado processo de industrialização, urbanização e novas mudanças na estrutura familiar, sendo muitas vezes essas mulheres responsáveis financeiramente pela família.

OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de; FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.

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Artigo original

Observou-se durante a coleta que as manicures e pedicures entrevistadas eram predominantemente do sexo feminino. Trata-se de mulheres muitas vezes em idade fértil, que por muitas vezes são chefes de famílias (OLIVEIRA et al.2013). Garbaccio e Oliveira (2013) relatam que manicures e pedicures no Brasil desempenham atividades diretamente relacionadas ao contato com a pele, aumentando o risco de exposição à agentes biológicos potencialmente causadores de doenças de impacto socioeconômico como hepatites B, C e o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), que podem estar relacionadas à contaminação de instrumentais utilizados, principalmente se não forem adequadamente limpos e esterilizados. Essa condição reflete em maior proporção as profissionais que vivem na informalidade, desprotegidas de qualquer regulamentação que lhes garanta importantes direitos sociais, como carteira de trabalho assinada, o direito a férias, ao décimo terceiro, licença maternidade. Dos dados coletados apenas 32,5% das entrevistadas concluiu o ensino médio, assim não sendo possível para o trabalhador cursar cursos profissionalizantes, devido ao baixo nível de escolaridade. A maioria dos profissionais de embelezamento entrevistados são adultos jovens, possuem o ensino fundamental, seguido do ensino médio completo, contudo estas características não garantem o cumprimento das boas práticas (OLIVEIRA, 2013).

OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de; FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.

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Artigo original Observou que 40% das manicures tem conhecimento dos riscos da sua profissão, e 57,5% não tem a percepção do risco de acidente biológico. Porém 2,5% tem conhecimento do risco da profissão, mas não utiliza EPI conforme a norma regulamentadora N-06. Dessa forma não foi observada diferença significativa entre o conhecimento sobre o uso de equipamento de proteção individual e em relação ao conhecimento do risco da profissão. Acreditamos que a baixa escolaridade associada ao desconhecimento sobre a importância o uso de EPI são os grande fatores responsáveis para a transmissão de doença entre cliente e profissionais manicures e pedicures, já que as práticas de esterilização e biossegurança não são executadas de maneira adequada (Tabela 2).

Segundo Martins e Oliveira (2012), a adesão às normas de biossegurança é um fator protetor contra a Hepatite B, C, AIDS e outros microrganismos.

Todos

os

profissionais

devem

utilizar

seus

EPI

adequadamente, principalmente quando há contato com a pele, pois assim o profissional e o cliente são protegidos. Oliveira (2009) cita que a adesão das manicures e pedicures à utilização de proteção é baixa, e quando estas aderem, as condutas são inadequadas aumentando o risco de disseminação do vírus da Hepatite B, C e outros microrganismos.

OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de; FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.

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Artigo original A única maneira de se evitar a transmissão da Hepatite B e C por materiais de manicures/pedicures é por meio da prevenção, capacitação, atualização, sensibilização dos funcionários dos salões de beleza e em dos que atendem em residências aos riscos que estão expostos (MELO e ISOLANI, 2013). Verificou-se que das manicures e pedicures abordados 57,5% não higienizam as mãos, pois não têm a percepção do risco. Já para o conhecimento da vacinação, 52,5% nunca nem ouviram falar da vacina da hepatite B, aumentando mais ainda a fonte de contaminação nesse público. Como consequência do desconhecimento da existência da vacina, 52,5% nunca se vacinou, sendo que desses colaboradores, 57,5% já teve contato com sangue, seja por palito de aço, madeira, algodão, toalha e alicates. Para a higiene dos instrumentos de trabalho o que predominou foi a utilização da panela de pressão por 52,5% (Tabela 3). As

mãos

constituem

a

principal

via

de

transmissão

de

microrganismos durante a assistência prestada aos pacientes, pois a pele é um possível reservatório de diversos microrganismos, que podem se transferir de uma superfície para outra, por meio de contato direto (pele com pele), ou indireto, através do contato com objetos e superfícies contaminados (ANVISA, 2007). Garcia, Bento e Costa (2012) ressaltam a importância da higienização das mãos e o uso de luvas como EPI para prevenção contra a Hepatite B, porém, de acordo com literatura publicada, a adesão ainda é baixa.

OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de; FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.

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Artigo original

A falta de conhecimento dos profissionais em relação a atividade executada representa um risco para a saúde pública, e como consequência causa agravos a saúde dos clientes e dos próprios profissionais. Oliveira e Focáccia (2010) em pesquisa com manicures e pedicures na cidade de São Paulo, também indicam a necessidade de uma melhor regulamentação desses serviços pelas autoridades sanitárias competentes. A infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) é um dos problemas mais sérios de saúde pública, em virtude do número elevado de pessoas infectadas por este agente etiológico. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta a existência de aproximadamente 350 milhões de pessoas, cronicamente portadoras deste vírus em diversas regiões do mundo, sendo que destas, aproximadamente dois milhões, se concentram no Brasil. Após a pesquisa realizada foi constatado que salões de embelezamento e residências onde se exerce atividade afim não são inspecionados pela Vigilância Sanitária, apresentavam maior deficiência no processo

de

esterilização

dos

instrumentais

se

comparados

a

estabelecimentos inspecionados. No trabalho verificou-se que 52,5% das manicures/pedicures faziam esterilização em panela de pressão, 5% utilizam a autoclave. As outras 25% utilizavam estufa, mas a maioria não sabia o tempo e a temperatura correta para a esterilização dos materiais. Ainda assim OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de; FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.

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Artigo original observou-se que 17,5% utilizavam métodos que não é adequado para esterilização ou não souberam informar (Tabela 4).

Em

estudo

realizada

na

cidade

de

Jacareí,

São

Paulo,

os

pesquisadores verificaram que as temperaturas usadas para a realização da esterilização variavam entre 90ºC e 300ºC e o tempo gasto oscilava de 20 minutos até 12h, ou ainda "o dia inteiro", "de um dia para o outro". Ademais, 27% dos entrevistados não sabiam qual temperatura seu equipamento atingia e apenas 10% dos equipamentos possuíam termômetro e termostato. De modo geral, os profissionais mostram o desconhecimento das boas práticas de esterilização (DINIZ; MATTE, 2013). Considerando que os serviços de manicure envolvem a manipulação de secreção e alteram a integridade da pele, estes devem ser entendidos como serviços de saúde, devendo, pois, adotar a biossegurança como centro de suas ações. Assim, configura-se o dever da vigilância sanitária em promover a difusão deste conhecimento como meio de regulação (BRASIL, 2009).

CONSIDERAÇÕES FINAIS Constatamos que as condições sanitárias e de biossegurança em salões de beleza pesquisados são precárias, expondo assim a saúde do trabalhador e do cliente.

OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de; FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.

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Artigo original Os trabalhadores não estão capacitados adequadamente, pois por apresentarem um nível de escolaridade baixo, muitas vezes não conseguem cursar cursos profissionalizante e posteriormente, cursos de atualizações. A maioria dos profissionais abordados não tem a percepção do risco ao qual se expõem ao não cumprir as normas adequadas. Concluiu-se que é muito deficiente a supervisão e regulamentação dos estabelecimentos de embelezamento, o cumprimento das normas de biossegurança, a capacitação desses profissionais e o conhecimento das condições de esterilização dos instrumentos utilizados. Assim campanhas de educação em saúde associadas às políticas públicas de saúde direcionadas para esse setor poderiam melhorar a qualidade da assistência e diminuir o risco de transmissão de doenças infecciosa para trabalhadores e clientes. REFERÊNCIAS

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Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Referência técnica para o funcionamento dos serviços de estética e embelezamento sem responsabilidade médica. Brasília, DF;2009.(Acesso em 27 de novembro de 2013) Disponível em http://portal.anvisa.gov.br/

OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de; FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.

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DINIZ, Andréia Ferreira; MATTE, Glavur Rogério. Procedimentos de biossegurança adotados por profissionais de serviços de embelezamento. Saude soc., São Paulo , v. 22, n. 3, set. 2013 .

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OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de; FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.

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HUBER, Aline da Rocha; PISETTI, Rubens de Oliveira. Armazenamento e transporte de utensílios de manicure e pedicure. Anais do Seminário de Produção Acadêmica da Anhanguera, n. 3, 2013.

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OLIVEIRA, Maria Núbia Mendes de; SANTOS, Maria Solange Nogueira Dos; FIGUEIREDO, Iolanda Gonçalves De Alencar; LUCENA, Jalles Dantas de; SOUSA, Alceu Machado de; UCHOA, Francisco Nataniel Macedo; OLIVEIRA, Thompon Lopes de; FREITAS, Ana Paula Fragoso de. Investigação da exposição ocupacional de manicure: um estudo transversal. Revista Intertox-EcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 131-144, jun. 2015.

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Revisão Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura Maria Daiane de Sousa Silva Licenciada em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Piauí Campus Senador Helvídio Nunes de Barros. E-mail: mdaiane19@hotmail.com.

Paulo Henrique da Silva Licenciado em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Piauí Campus Senador Helvídio Nunes de Barros.

Ykaro Richard Oliveira Licenciado em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Piauí Campus Senador Helvídio Nunes de Barros.

Maria Carolina de Abreu Doutora em Botânica, Professora Adjunto II, Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Piauí- Campus Senador Helvídio Nunes de Barros.

Paulo Victor de Oliveira Doutor em Geociências, Professor Assistente-A, Nível 1, Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Piauí- Campus Senador Helvídio Nunes de Barros.

Ana Carolina Landim Pacheco Doutora em Biotecnologia, Professora Adjunto II, Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros. SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão RESUMO Este estudo trata-se de uma revisão de literatura que pretende discutir o tema biossegurança, assim como sobre o uso e as medidas de proteção dos laboratórios de pesquisa. O estudo tem sua relevância fundamentada na importância de se conhecer os procedimentos de uso de laboratórios de biossegurança, que pode ser visto como um campo de conhecimento e também como um conjunto de práticas e ações técnicas, com preocupações sociais e ambientais que são destinados a conhecer e controlar os riscos que o trabalho pode oferecer ao ambiente e à vida. Ao longo do desenvolvimento deste, descreveu-se desde os principais conceitos de biossegurança, da ocorrência de possíveis acidentes biológicos, até informações rápidas e úteis sobre a biossegurança quanto às boas práticas laboratoriais. Utilizou-se dados de bancos como o LILACS, SciELO, MEDLINE, assim como livros e documentos de referência para a área. O método utilizado foi um levantamento bibliográfico por meio de uma abordagem crítica, objetiva e abrangente, considerando a relevância do tema. Ao final do trabalho percebeu-se como se dá a manipulação de agentes biológicos e os riscos que estão associados a esses agentes, além de saber quais são as medidas de contenção e os equipamentos de proteção para realizar boas práticas laboratoriais. A partir desse levantamento espera-se ter contribuído para o conhecimento geral da população, principalmente para quem faz uso de laboratórios quer em suas atividades diárias quer esporadicamente, possibilitando desta maneira conhecer e/ou rever as medidas e precauções que são sugeridas na literatura quanto à biossegurança laboratorial, pois além do conhecimento, o uso e aplicação da prudência e do bom senso de cada indivíduo se fazem necessários para a segurança nestes ambientes.

Palavras chaves: Riscos biológicos. Boas práticas laboratoriais. Proteção.

SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão ABSTRACT This study deals with a literature review that aimed to raise information about the biosafety theme, as well on the use and protection measures of research laboratories. The study is relevant based on the importance of know the procedures used in biosafety laboratories, which can be seen as a field of knowledge or how a set of practices and technical actions with social and environmental concerns that are designed to meet and control the risks that the work can provide for the environment and life. Throughout the development of this work, was described from the main concepts of biosecurity, the occurrence of possible biological accidents, until quick and useful information on biosafety and good laboratory practices. The Databases used were the LILACS, SciELO, MEDLINE, as well books and reference documents for the area. The method used was a literature review through a critical, objective and comprehensive approach, considering the importance of the theme. At the end of the work, it was perceived how is the handling of biological agents, the risks associated with these agents, the containment measures and the personal protective equipment to the realization of good laboratory practices. This article can contribute to the general knowledge of the population, especially for those who make use of laboratories or in their daily activities or sporadically, enabling this way know and/or review the measures and precautions that are suggested in the literature for the laboratory biosecurity, because beyond the knowledge, the use and application of prudence and common sense of each individual are necessary for security in these environments.

Keywords: Biological risks. Good laboratory practice. Protection.

SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão INTRODUÇÃO A biossegurança é uma área de conhecimento relativamente nova, que impõe desafios não somente à equipe de saúde, mas também a empresas que investem em pesquisa; também se designa a um campo de conhecimentos e a um conjunto de práticas e ações técnicas, com preocupações sociais e ambientais, que são destinados a conhecer e controlar os riscos que o trabalho pode oferecer ao ambiente e à vida (ALMEIDA; ALBUQUERQUE, 2000). Atualmente vêm sendo considerada como ciência que é adotada em inúmeros países, sendo criada e aplicada através de legislações e diretrizes próprias governamentais. O Brasil só começou a desenvolver suas normas de biossegurança por volta do ano de 1995, devido ao aumento na incidência de casos de danos ocupacionais que resultavam em doenças envolvendo profissionais que prestavam serviço na área da saúde e que utilizavam estruturas e microrganismos vivos (BRASIL, 2004). A biossegurança regulamenta as características de construção e planejamento dos laboratórios de pesquisa, devendo atender as necessidades de proteção aos seus usuários conforme as atividades desenvolvidas nestes ambientes, por meio de métodos e equipamentos destinados a estes usuários, permitindo a realização de suas atividades com toda a segurança (HIRATA; MANCINI FILHO, 2002). Quando se refere à biossegurança, é fundamental também a conscientização e a educação permanente dos profissionais, proporcionandolhes condições para um trabalho seguro, bem como a oportunidade para reflexões, discussões críticas, atualização e adoção de medidas preventivas corretas (GIR et al., 2004; FARIAS, ZEITOUNE, 2005). Assim, sempre é importante colocar a biossegurança em um cenário que permita aos demais profissionais, que atuam com prevenção e controle SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão de riscos ocupacionais, entenderem seus propósitos, suas contradições, e, principalmente, sua importância como instrumento de proteção da vida, em qualquer que seja o ambiente de trabalho (ANDRADE; SANNA, 2007). Para tanto, este estudo trata-se de uma revisão de literatura que pretende de maneira crítica, objetiva e abrangente analisar referências de pesquisas em relação ao tema biossegurança, assim como sobre o uso e as medidas de proteção dos laboratórios de pesquisa. E este tem sua relevância fundamentada na importância de se conhecer os procedimentos de uso de laboratórios quanto à biossegurança. Além do que, o conhecimento acerca deste tema pode ser direcionado a uma discussão numa abordagem dinâmica e interdisciplinar, útil para colaborar na formação de futuros usuários desses espaços, especialmente no caso de profissionais de áreas biomédicas (Biologia, Nutrição, Enfermagem, Biomedicina, Farmácia, Odontologia, Medicina, Fisioterapia, e demais cursos

da

área

da

saúde),

promovendo

desta

forma

uma

maior

conscientização dos usuários e tendo assim um conhecimento mais profundo no que diz respeito ao temário em foco.

METODOLOGIA O estudo foi realizado através de um levantamento bibliográfico por meio de uma revisão de literatura, considerando a relevância do tema. Este levantamento foi realizado no período de abril a julho de 2014, com os seguintes bancos de dados: LILACS, SciELO, MEDLINE, além de livros e de documentos de referência na área, selecionando-se trabalhos tanto em português quanto em inglês para o desenvolvimento do tema abordado. Para a pesquisa virtual, fez-se uso e combinação dos seguintes descritores: biossegurança, biossegurança em laboratórios, CTNBio, CIBio, agentes biológicos, riscos biológicos, níveis de biossegurança, atividades em laboratório, equipamentos de proteção, boas práticas laboratoriais (BPLs). SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão REVISÃO DE LITERATURA Biossegurança O conceito de biossegurança começou a ser mais fortemente construído no início da década de 1970, após o surgimento da engenharia genética que se iniciou com a transferência e expressão do gene da insulina para a bactéria Escherichia coli. Na década de 1980 a Organização Mundial de Saúde conceituou a biossegurança como práticas de prevenção para o trabalho em laboratório com agentes patogênicos, e, além disto, classificou os riscos como biológicos, químicos, físicos, radioativos e ergonômicos. Na década seguinte, observou-se a inclusão de temas como ética em pesquisa, meio ambiente, animais e processos envolvendo tecnologia de DNA recombinante em programas de biossegurança (COSTA; COSTA, 2002). Teixeira e Valle (1998) definem como biossegurança o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação dos riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, onde estes riscos podem comprometer a saúde do homem e de animais, o meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Para Costa (1996) está relacionada à prevenção de acidentes em ambientes ocupacionais, incluindo o conjunto de medidas técnicas, administrativas, educacionais, médicas e psicológicas. O tema segundo Albuquerque (2001) abrange ainda a segurança no uso de técnicas de engenharia genética e as possibilidades de controle capazes de definir segurança e risco para o ambiente e para a saúde humana, associados à liberação no ambiente dos organismos geneticamente modificados (OGMs). No Brasil, desde a instituição das escolas médicas e da ciência experimental, no século XIX, vêm sendo elaboradas noções sobre os benefícios e riscos inerentes à realização do trabalho científico, em especial nos ambientes laboratoriais (ALMEIDA; ALBUQUERQUE, 2000).

A

biossegurança no país só se estruturou, como área específica, nas décadas de 1970 e 1980, em decorrência do grande número de relatos de graves SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão infecções ocorridas em laboratórios, e também de uma maior preocupação em relação às consequências que a manipulação experimental de animais, plantas e microrganismos poderia trazer ao homem e ao meio ambiente (SHATZMAYR, 2001). Várias normas em biossegurança preconizam a diminuição da exposição de trabalhadores a riscos e a prevenção de contaminação ambiental

(HAMBLETON

et

al.,

1992).

As

novas

tecnologias

de

biossegurança e guias associados têm melhorado significativamente a segurança em ambientes laboratoriais, principalmente no que diz respeito ao manuseio de materiais microbiológicos (PENNA et al., 2010).

Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio A primeira legislação classificada como de biossegurança, no Brasil, data de 1988, e a Resolução nº 1 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) de 13 de junho de 1988, publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 14/06/1988, visava normatizar as pesquisas em saúde. Apesar de sua importância e pioneirismo, apresentou algumas falhas por ser muito abrangente e extensa. A principal falha foi a falta de divulgação para as áreas que fariam uso da mesma. Depois desta, outras leis foram normatizadas, mas somente com a lei 11.105, da Presidência da República, de 24 de março de 2005, a biossegurança efetivamente surgiu com a forca necessária. A partir desta lei criou-se a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, com o objetivo de propor e estabelecer toda a política Nacional de Biossegurança, publicando Normas e Instruções Normativas que devem ser cumpridas em todos os níveis (BRASIL, 1988; SOUSA 1998). A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) foi criada para estabelecer normas às atividades que envolvam construção, cultivo, manipulação, uso, transporte, armazenamento, comercialização, consumo, SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão liberação e descarte relacionados a OGMs em todo o território brasileiro (SCHOLZE, 1999). Tais normas, além de tratarem da minimização dos riscos em relação aos OGMs (BRASIL, 1995), envolvem os OGMs e suas relações com a promoção de saúde no ambiente de trabalho, no meio ambiente

e

na

comunidade

(GARCIA;

ZANETTI-RAMOS,

2004).

Operacionalmente vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, a CTNBio é composta por membros titulares e suplentes, das áreas humana, animal, vegetal e ambiental (SCHOLZE, 1999). Segundo a lei 11.105/05, poderá a CTNBio elaborar normas, desde que estas se moldem à Constituição Federal, bem como à legislação relativa a saúde, a agricultura, ao meio ambiente, e as normas legais referentes a Ciência e a Tecnologia. A forma de elaboração de tais normas constitui-se mediante Resoluções, conforme indica o inciso XVI, do artigo 14. Obviamente, esses regramentos deverão ser relativos às matérias de sua competência. À CTNBio também coube elaborar seu regimento Interno (PALMA, 2014). Em 19 de fevereiro de 2002 foi criada a Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS) no âmbito do Ministério da Saúde. A CBS trabalha com o objetivo de definir estratégias de atuação, avaliação e acompanhamento das ações de biossegurança, procurando sempre o melhor entendimento entre o Ministério da Saúde e as instituições que lidam com o tema (BRASIL, 2006b). De acordo com a Instrução Normativa nº1 da CTNBio, toda entidade que utilizar técnicas e métodos de engenharia genética deverá criar uma Comissão Interna de Biossegurança (CIBio), com as atribuições de promoção de programas de educação, criação de programas de prevenção e inspeções, registro e notificação de projetos, investigação de acidentes e tudo o que se diz respeito ao cumprimento da regulamentação de biossegurança. As

Comissões

Internas

de

Biossegurança

(CIBios)

devem

ser

instauradas por toda instituição que se dedique ao ensino, à pesquisa SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial que utilize técnicas e métodos de engenharia genética com OGMs e seus derivados ou que pretenda importar tais organismos para uso em atividades de pesquisa. Elas foram regulamentadas pela Lei 11.105/05, pelo Decreto 5.591/05 e pela Resolução Normativa (RN) 01/06, expedida pela CTNBio (PALMA, 2014). Enfatize-se que toda Comissão deverá ter um técnico principal, responsável para cada projeto específico que, dentre outras funções, deverá: a) assegurar o cumprimento das normas de biossegurança em conformidade com as recomendações da CTNBio e da CIBio; b) garantir que a equipe receba treinamento em biossegurança e que estejam cientes dos riscos da atividade; c) fornecer à CIBio informações adicionais, quando solicitadas, bem como atender a possíveis auditorias da CIBio; d) garantir que o laboratório esteja munido de equipamentos de biossegurança e a manutenção desta infraestrutura; e) solicitar autorização da CIBio para transferência de OGMs e derivados dentro do território nacional e quando forem importados, deverá a CIBio submeter à solicitação aprovada, primeiramente por esta, à CTNBio; f) submeter à CIBio proposta de atividades, assegurando que estas somente serão iniciadas após decisão técnica favorável da CTNBio e, quando for o caso, autorizada pelo órgão de registro e fiscalização competente; g) informar à CIBio quanto a acidentes decorrentes das atividades com OGMs e derivados, e toda vez que houver mudanças na equipe técnica (FERNANDES, 2007). Manipulações de agentes biológicos Os laboratórios de ensino e pesquisa se diferenciam de outros, devido principalmente a grande rotatividade de professores, pesquisadores, estagiários, alunos de graduação e pós-graduação, além da variabilidade de atividades no local de aula ou de pesquisa. A manipulação de produtos químicos (solventes orgânicos, tóxicos, abrasivos, irritantes, inflamáveis, voláteis, cáusticos, entre outros), microrganismos e parasitas com risco de SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão infectividade e morbidade é bastante variada, sobretudo nos laboratórios de ensino na área da saúde. Portanto, os cuidados a serem tomados pelos usuários e o gerenciamento pelos administradores devem ser muito maiores (HIRATA; MANCINI FILHO, 2002). Ainda de acordo com Hirata e Mancini Filho (2002), a biossegurança deve ter uma abordagem mais ampla da segurança geral tanto para os alunos como para os professores e funcionários técnicos ou administrativos, por estarem todos envolvidos no trabalho universitário de ensino e pesquisa, além da prestação de serviços. As infecções mais comumente adquiridas pelos profissionais em laboratório são provenientes de agentes bacterianos, no entanto, agentes patogênicos pertencentes a todas as categorias de microrganismos também podem causar infecções (COICO; LUNN, 2005). Para minimizar os riscos inerentes à manipulação dos agentes microbiológicos é importante conhecer as suas características peculiares, dentre as quais se destacam o grau de patogenicidade, o poder de invasão, a resistência a processos de esterilização, a virulência e a capacidade mutagênica (TEIXEIRA; VALLE, 1998). Para os fins didáticos, Hirata e Mancini Filho (2002) abordam os riscos nos laboratórios de ensino, pesquisa e de biotecnologia, sob vários aspectos, em: físicos, biológicos, químicos, ergonômicos e de acidentes.

Riscos Físicos Refere-se aos riscos provocados por algum tipo de energia. Os riscos físicos podem ser enumerados dependendo dos equipamentos de manuseio do operador ou do ambiente em que se encontra no laboratório. Podemos citar alguns casos como calor, frio, vibrações, radiações não ionizantes e ionizantes e pressões anormais (HIRATA; MANCINI FILHO, 2002). SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão Riscos Biológicos Os materiais biológicos abrangem amostras provenientes de seres vivos como plantas, animais, bactérias, leveduras, fungos, parasitas (protozoários e metazoários), amostras biológicas provenientes de animais e de seres humanos (sangue, urina, secreções, derrames cavitários, peças cirúrgicas, biópsias, entre outras). Incluem-se também os OGMs em que os cuidados são

mais relevantes

por estarem

albergando

genes

com

características diferenciadas (HIRATA; MANCINI FILHO, 2002). Os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas foram classificados pelo Ministério da Saúde por meio da Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS). Os critérios de classificação tiveram como base diversos aspectos, tais como: virulência, modo de transmissão, estabilidade do agente, concentração e volume, origem do material potencialmente infeccioso, disponibilidade de medidas profiláticas eficazes, disponibilidade de tratamento eficaz, dose infectante, tipo de ensaio e fatores referentes ao trabalhador. Os agentes biológicos foram assim classificados em classes de 1 a 4, incluindo também a classe de risco especial (BRASIL, 2006a). Classe de Risco 1: inclui os agentes Biológicos que apresentam baixo risco para o indivíduo e para a coletividade, com baixa probabilidade de causar doença ao ser humano; Classe de Risco 2: nessa classe estão inseridos os agentes biológicos que apresentam risco individual moderado para o indivíduo e com baixa probabilidade de disseminação para a coletividade. Podem causar doenças ao ser humano, entretanto, existem meios eficazes de profilaxia e/ou tratamento; Classe de Risco 3: são os agentes biológicos que apresentam risco elevado para o indivíduo e com probabilidade moderada de disseminação para a coletividade. Podem causar doenças e infecções graves ao ser humano, entretanto nem sempre existem meios eficazes de profilaxia SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão e/ou tratamento; Classe de Risco 4: nesta estão incluídos os agentes biológicos que apresentam risco elevado para o indivíduo e com probabilidade elevada de disseminação para a coletividade. Apresenta grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro. Podem causar doenças graves ao ser humano e ainda não existem meios eficazes para a sua profilaxia ou seu tratamento (BRASIL, 2006a). Há também as classes de riscos biológicos especiais que são agentes biológicos que oferecem alto risco de causar doença animal grave e de disseminação no meio ambiente de doença animal não existente no país e que, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de importância para o homem, podem gerar graves perdas econômicas e/ou na produção de alimentos. Alguns exemplos: Vírus da cólera suína, Vírus da doença de Borna, Vírus da doença de New Castle (amostras asiáticas), Vírus da doença de Teschen, Vírus da doença de Wesselbron, Vírus da influenza A aviária (amostras de epizootias), Vírus da peste aviária, Vírus da peste bovina (BRASIL, 2006a).

Riscos químicos A classificação das substâncias químicas, gases, líquidos ou sólidos, também deve ser conhecida pelos seus manipuladores. Nesse aspecto, têmse solventes combustíveis, explosivos, irritantes, voláteis, cáusticos, corrosivos e tóxicos (CARVALHO, 1999). Eles devem ser manipulados de forma adequada em locais que permitam ao operador a segurança pessoal e do meio ambiente. Nesse caso, cuidados também devem ser tomados no descarte dessas substâncias. Esse grupo é muito importante, pois os acidentes de laboratórios com substâncias químicas são os mais comuns e bastante perigosos (HIRATA; MANCINI FILHO, 2002).

SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão Riscos ergonômicos O termo criado para esse tipo de risco foi LER, ou seja, lesões causadas por esforço repetitivo, que atualmente se denomina DORT (doença osteomusculares relacionadas com o trabalho) (CARDELHA, 1999). Em geral, devem-se preocupar com distâncias em relação à altura dos balcões, cadeiras, prateleiras, gaveteiros, capelas, circulação e obstrução de áreas de trabalho (HIRATA; MANCINI FILHO, 2002).

Riscos de acidentes Considerado como sendo as situações de perigo que possam afetar a integridade, o bem estar físico e moral dos indivíduos presentes nos laboratórios. Nos laboratórios de ensino, compreendem: infraestrutura física com problemas (pisos lisos, escorregadios e instalações elétricas com fios expostos e/ou com sobrecarga elétrica); armazenamento ou descartes impróprios de substâncias químicas; entre outras, como: quando se trabalha com equipamentos de vidro sempre observar a resistência mecânica (espessura do vidro), a resistência química e ao calor; para os equipamentos e instrumentos pérfuro-cortantes proteger as mãos com luvas adequadas sempre tomando cuidado na manipulação, nunca voltado o instrumento contra o próprio corpo (HIRATA; MANCINI FILHO, 2002).

Medidas de contenção em laboratórios Silva (1998) destaca que é necessário que todo laboratório forneça barreiras de contenção e um programa de segurança cujo objetivo seja a proteção dos profissionais de laboratório e outros que atuem na área, bem como a proteção do meio ambiente, eficiência das operações laboratoriais e garantia do controle de qualidade do trabalho executado. SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão A prevenção ou redução do risco de desenvolver doenças profissionais por exposição a diversos agentes, presentes no ambiente de laboratórios, podem ser alcançados pelo o uso de práticas seguras nas atividades laboratoriais e de outras medidas que visam preservar a saúde e o meio ambiente.

Alguns aspectos importantes acerca da biossegurança nas

atividades laboratoriais podem ser ressaltados, como, a saber: organização das atividades laboratoriais, práticas seguras e medidas de controle, organização estrutural e operacional, avaliação dos riscos ambientais, dentre outros (HIRATA, 2000).

Organização das atividades no laboratório É um aspecto fundamental para a segurança do pesquisador ou analista e para garantia de resultados precisos de qualidade; a falta de organização no ambiente de trabalho pode gerar situações de risco para o analista e para outros indivíduos presentes no local e ainda promover danos às instalações prediais (CARVALHO, 1999). As situações de riscos predispõem à ocorrência de acidentes que podem ser irreversíveis, levando ao afastamento temporário ou definitivo do analista ou pesquisador, portanto,

é

fundamental

que

qualquer

atividade

laboratorial

seja

previamente planejada e executada em ambiente seguro (HIRATA, 2000). No ambiente de laboratório é preciso considerar as condições de trabalho e todos os fatores que oferecem risco ao analista, como as instalações, os locais de armazenamento, a manipulação de produtos químicos, as condições operacionais dos equipamentos, as bancadas, equipamentos de proteção, entre outros (CIbio/FCFUSP, 2000).

Um

experimento

um

ou

qualquer

outra

atividade

laboratorial

exige

planejamento prévio e um roteiro para a execução adequada e segura do trabalho e orientação para descarte dos resíduos gerados (CARVALHO, 1999). O planejamento das atividades e a organização do ambiente de SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão trabalho são essenciais para detectar qualquer dificuldade que possa prejudicar a realização dessas atividades, ou ainda, expor o analista a riscos ocupacionais (HIRATA, 2000).

Práticas seguras no laboratório Refere-se a um conjunto de procedimentos que visam reduzir a exposição dos analistas a riscos no ambiente de trabalho, essas práticas compreendem a ordem e a limpeza dos materiais, a separação e a limpeza das áreas de trabalho, o manuseio adequado de equipamentos elétricos, substâncias químicas, materiais biológicos e radioativos, o uso adequado de equipamentos de proteção e segurança, entre outras (MENÉNDEZ-BOTET, 1993). No laboratório, a delimitação de áreas e a identificação de equipamentos de segurança e de condutos de líquidos e gases devem ser feitas pelo emprego de diferentes cores, as quais permitem a sinalização de segurança no ambiente de trabalho (HIRATA, 2000). para

a

delimitação

das

áreas

no

laboratório,

As cores adotadas segundo

a

Norma

Regulamentadora n° 26 (NR26) do Ministério do Trabalho e Emprego são: cor vermelha que indica os equipamentos e aparelhos de proteção e combate a incêndio além das rotas de fuga e da saída de emergência; amarela indica “atenção” ou “cuidado”; branca que delimita áreas, isoladamente ou combinada com a cor preta; preto indica coletores de esgoto ou lixo; alaranjada identifica partes móveis de máquinas e equipamentos; verde identifica dispositivos de segurança, como chuveiros de emergência, lava olhos, caixas de primeiros socorros e caixas com materiais para situações de emergência (máscaras contra gases); púrpura indica os perigos provenientes das radiações eletromagnéticas penetrantes e de partículas nucleares e a cor azul indica equipamentos fora de uso. SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão O ambiente de laboratório em que se manipula materiais biológicos precisa ser adequadamente construído e organizado, além de ter mecanismo de contenção específicos de acordo com a classe de risco biológico. Nos laboratórios em que são manuseados agentes infecciosos, devem ser previstos requisitos de segurança específicos e, outra forma de classificação são os denominados níveis de contenção física que são classificados de acordo com o grau de risco biológico, conforme Grist (1995) e Simas (1998): Nível 1 - se aplica aos laboratórios de ensino básico com a manipulação de microrganismos do tipo 1, onde são exigidos bom planejamento espacial e funcional e adoção de práticas seguras de laboratório; Nível 2 - ao trabalho com agentes do grupo de risco 2, sendo necessária maior proteção da equipe de laboratório, devido à exposição ocasional e inesperada de microrganismo pertencentes a grupos de risco mais elevados; Nível 3 - aplica-se agentes do grupo 3, e o laboratório requer desenho e construção especializada, com o controle restrito nas fases de construção, inspeção, operação e manutenção. A equipe do laboratório deve receber treinamento especifico quanto aos procedimentos de segurança na manipulação desses agentes e o acesso a essa área tem de ser restrita ao pessoal autorizado; Nível 4 - é o mais alto nível de contenção, cujo laboratório de nível 4 precisa ser instalado em área isolada e ter funcionalidade independente de outras áreas, necessitando de barreiras de contenção e equipamentos de segurança biológica especiais, área de suporte laboratorial e um sistema de ventilação especifico (GRIST,1995; SIMAS, 1998).

Organização estrutural e operacional do laboratório O ambiente de trabalho deve ser adequadamente projetado e dimensionado de modo a oferecer condições confortáveis e seguras de trabalho. As áreas de trabalho de maior risco (manuseio de produtos químicos e biológicos) têm que ser separadas das de menor risco (área SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão administrativa) e o ambiente de laboratório também deve oferecer boas condições de iluminação, ventilação, temperatura, umidade, circulação e outras que permitam a realização do trabalho de forma confortável e produtiva (HIRATA, 2000). A organização estrutural e funcional do laboratório deve ser ainda prever o mobiliário, as comunicações, o tratamento acústico, as linhas de serviços (gás, água, vácuo, ar comprimido, vapor, eletricidade, esgotamento sanitário), as barreiras de controle e de contenção, os equipamentos de combate a incêndio, entre outras instalações (MENÉNDEZ-BOTET, 1993; SIMAS, 1998).

Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e de Proteção Coletiva (EPC) Anormalidades podem comprometer seriamente o ambiente de trabalho, principalmente de quem manipula produtos químicos voláteis, tóxicos, entre outros, levando sérios riscos a estes trabalhadores se não utilizarem os equipamentos de proteção de forma adequada, daí a importância de usar os equipamentos de proteção coletiva e de proteção individual (ALMEIDA-MURADIAN, 2000). Os EPIs devem proporcionar o mínimo de desconforto sem tirar a liberdade de movimento do analista (ISOLAB, 1998). A classificação dos EPIs pode ser feita segundo a parte do corpo que se protege: proteção para cabeça, proteção para corpo, dos membros superiores e dos membros inferiores (CIPA, 2001). Entre os EPIs usados para proteger a cabeça, podemos destacar: capacetes de segurança, protetores ou máscaras faciais, óculos de segurança, proteção respiratória e proteção auricular; para membros inferiores: calçado de proteção impermeável, solado liso e antiderrapante; para o tronco: vestimentas de proteção contra danos

SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão provocados especialmente por riscos de origem biológica, química, física, tais como: jalecos, aventais e macacões (ALMEIDA-MURADIAN, 2000). Os equipamentos de proteção coletiva (EPCs) são utilizados com a finalidade de minimizar a exposição dos trabalhadores aos riscos e, em casos de acidentes, reduzir suas consequências (TEIXEIRA; VALLE, 1998). Estes equipamentos quando bem especificados, para finalidades a que se destinam, permitem executar operações em ótimas condições de salubridade para o operador e demais no laboratório. As capelas são os melhores exemplos desses equipamentos, podendo ser de uso geral, capelas tipo “Walk in”, capelas com sistemas de lavagem de gases e capelas de fluxo laminar, elas têm por finalidade retirar do ambiente do laboratório gases tóxicos e/ou corrosivos (ALMEIDA-MURADIAN, 2000). Os Equipamentos de Proteção Coletiva, também devem seguir as especificações indicadas conforme a legislação vigente e as instruções que constam nos manuais disponíveis sobre a sinalização de segurança nos laboratórios e servem para indicar onde há presença dos riscos (BRASIL, 1978). Como aponta Brasil (2006b), são essenciais para a proteção coletiva em laboratórios: 1. Símbolo de risco biológico: afixado na porta de entrada nos locais de manipulação e armazenamento de agentes biológicos (a partir do NB-2); 2. Símbolos de líquidos: inflamáveis, explosivos, produto tóxico, veneno, etc., para indicar presença de risco químico; 3. Os símbolos de elementos radioativos, apontando para risco físico: mapa de risco, sinais para as saídas de emergência, escadas, extintores de incêndio, faixas de demarcação, etc; 4. Extintor de incêndio: o número, o tipo e a distribuição desses extintores devem estar adequados; sua manutenção e/ ou reposição devem SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão ser periódicas, bem como o pessoal do laboratório deve ser treinado para o seu uso; 5. Capela química: cabine construída de forma aerodinâmica, de maneira que o fluxo de ar ambiental não ocasione turbulências e correntes, reduzindo o perigo de inalação e a contaminação do operador e do ambiente; 6. Borrifador de teto: sistema de segurança acionado pela elevação de temperatura, lançando fortes jatos de água no ambiente; 7. Luz ultravioleta (UV): lâmpadas germicidas, com comprimento de onda ativo de 240nm. Devem estar presentes nas cabines de segurança biológica, tem ação efetiva por 15 minutos e o tempo médio de uso é aproximadamente de 3.000 horas; 8. Pipetadores e pipetas mecânicos e automáticos: dispositivos de sucção para pipetas e ponteiras, como: pera de borracha, pipetador automático, pipetas mono e multicanais, etc; 9. Contenção para equipamentos, como: homogeneizador, agitador, ultrassom, etc. Equipamentos produtores de aerossóis devem ser cobertos com anteparo autoclavável e, preferencialmente, abertos dentro das cabines de segurança biológica; 10. Containers para desprezar os materiais contaminados e perfurocortantes:

precisam

estar

disponibilizados

recipientes

resistentes

e

autoclaváveis para desprezar os materiais que irão para o descarte; 11. Conjunto (kit) de primeiros socorros: compostos por material comumente preconizado para socorro imediato e antídotos especiais para produtos tóxicos usados nos laboratórios; 12. Chuveiro e lava-olhos: devem estar presentes em todos os laboratórios em perfeito estado de funcionamento e higienizado. A água para os lava-olhos deve ser preferencialmente filtrada. SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão Boas Práticas Laboratoriais (BPLs) O maior problema relacionado aos riscos em laboratório não está nas tecnologias disponíveis para eliminar ou minimizar tais riscos e sim no comportamento dos profissionais. É indispensável relacionar o risco de acidentes às boas práticas cotidianas dentro de um laboratório. Não basta haver sistemas modernos de esterilização do ar ou câmaras de desinfecção das roupas de segurança, por exemplo, se o profissional não lavar suas mãos com a frequência adequada ou o lixo for descartado de maneira errada (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2005). De acordo com Mastroeni (2005) e Araújo et al. (2009), as BPLs padrões constituem um conjunto de normas, procedimentos e atitudes de segurança, as quais visam minimizar os acidentes que envolvem as atividades desempenhadas produtividade,

pelos

laboratoristas,

asseguram

a

melhoria

bem da

como

incrementam

qualidade

dos

a

serviços

desenvolvidos nos laboratórios de ensino e, ainda, auxiliam a manter seguro o ambiente. Consoante Sangroni et al. (2013), a utilização das BPLs requer a aplicação do bom senso e prudência dos profissionais e acadêmicos ao desenvolver cada atividade. Cabe aos coordenadores e professores dos laboratórios de ensino o incentivo e a fiscalização da aplicação das normas e dos

procedimentos

padrões

e

específicos,

permitindo,

com

isso,

a

manutenção de um ambiente seguro e confiável a toda equipe do laboratório, as BPLs padrões nos laboratórios de ensino devem ser conhecidas, aplicadas por todos os usuários e são compreendidas, conforme os autores, como, a saber:

SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão 1. Restringir o acesso de indivíduos ao laboratório: somente as pessoas autorizadas pelos coordenadores e professores podem adentrar nos ambientes laboratoriais; 2. Manter as mãos limpas e unhas aparadas; sempre lavar as mãos antes e após variados procedimentos (manuseio de materiais biológicos viáveis; uso das luvas; antes de sair do laboratório; antes e após a ingestão dos alimentos e bebidas, etc.).

Caso não existam pias no local, deve-se

dispor de líquidos antissépticos para limpeza e higienização das mãos; 3. Proibir a ingestão e/ou o preparo de alimentos e bebidas, fumar, mascar chicletes, manipular lentes de contato, o uso de cosméticos e perfumes, o armazenamento de alimentos para consumo nos ambientes de manipulação de agentes biológicos e químicos. Em todos os laboratórios deve ter uma área designada como refeitório. 4. Pipetar com a boca é expressamente proibido e nunca se deve colocar na boca objetos de uso no laboratório como canetas, lápis, borrachas, pipetas, dentre outros 5.Utilizar calçados de proteção: fechados, confortáveis, com soldado liso e antiderrapante; 6. Utilizar as luvas de procedimentos somente nas atividades laboratoriais e evitar tocar em objetos de uso comum; 7. Trajar roupas de proteção durante as atividades laboratoriais, como: jalecos, aventais, macacões, entre outros; essas vestimentas não devem ser usadas em outros ambientes fora do laboratório, como escritório, biblioteca, salas de estar e refeitórios; 8. Evitar o uso de qualquer tipo de acessórios/adornos durante as atividades laboratoriais;

SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão 9. Manter os artigos de uso pessoal fora das áreas destinadas às atividades laboratoriais; 10. Organizar os procedimentos operacionais padrões (POP) para o manuseio dos equipamentos e técnicas empregados nos laboratórios; 11. Garantir que a limpeza dos laboratórios (bancadas, pisos, equipamentos, instrumentos e demais superfícies) seja feita regularmente antes e imediatamente após o término das atividades laboratoriais; 12. Em caso de derramamentos, dependendo do tipo e quantidade de material biológico disseminado, pode-se empregar, para a descontaminação do local, álcool a 70% ou solução de hipoclorito de sódio, preferencialmente, a 10%, deixando agir por 30 minutos e após este período retirar com papel absorvente; 13. Assegurar que os resíduos biológicos sejam descontaminados antes de ser descartados; 14. Manusear, transportar e armazenar materiais (biológicos, químicos e vidrarias) de forma segura para evitar qualquer tipo de acidente. O manejo de produtos químicos voláteis, metais, ácidos e bases fortes, entre outros, necessita ser feito em capela de segurança química. As substâncias inflamáveis precisam ser manipuladas com extremo cuidado, evitando-se proximidade de equipamentos e fontes geradoras de calor; 15. Usar os EPIs adequados durante o manuseio de produtos químicos; 16. Identificar adequadamente todos os produtos químicos e frascos com soluções e reagentes, os quais devem conter a indicação do produto, condições de armazenamento, prazo de validade, toxidade do produto e outros;

SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão 17. Acondicionar os resíduos biológicos e químicos em recipientes adequados, em condições seguras e encaminhá-los ao serviço de descartes de resíduos dos laboratórios para receberem o seu destino final; 18. Afixar a sinalização adequada nos laboratórios, entre elas, incluir o símbolo internacional de “Risco Biológico” na entrada dos laboratórios a partir do NB-2; 19. Instituir um programa de controle de roedores e vetores nos laboratórios; 20. Evitar trabalhar sozinho no laboratório e jornadas de trabalho prolongadas; 21. Providenciar

treinamento e supervisão aos

iniciantes

nos

laboratórios; 22. Disponibilizar kits de primeiros socorros e promover a capacitação dos usuários em segurança e emergência nos laboratórios; E, como mostra os estudos de Hirata e Mancini (2002), quando se trabalha de maneira planejada e organizada, a exposição aos agentes considerados de risco a saúde é minimizada e, sem dúvidas, evita-se assim acidentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Atualmente, o estudo da biossegurança se faz presente não só na área acadêmica, mas, em todos os setores da atividade humana que demandam riscos e necessitam de conhecer os meios de utilização de laboratórios e formas de proteção de acidentes em ambientes de trabalho. Portanto, essa revisão de literatura buscou contemplar os conceitos de biossegurança, assim como, conhecer os meios legais que regem as SILVA, Maria Daiane de Sousa; SILVA, Paulo Henrique da; OLIVEIRA, Ykaro Richard; ABREU, Maria Carolina de; OLIVEIRA, Paulo Victor de; PACHECO, Ana Carolina Landim. Biossegurança em laboratórios: uma revisão de literatura. Revista IntertoxEcoAdvisor de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 8, n. 2, p. 145-173, jun. 2015.

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Revisão atividades em laboratório, leis estabelecidas pela OMS, Ministérios da Saúde e os fundamentos específicos da CNTBio. Outra preocupação importante para o estudo do assunto foi conhecer como se dá a manipulação de agentes biológicos e os riscos que estão associados a esses agentes, além de buscar saber quais são as medidas de contenção e os equipamentos de proteção para realizar boas práticas laboratoriais. Deste modo, a partir deste levantamento espera-se ter contribuído para o conhecimento geral da população, principalmente para quem faz uso de laboratórios quer em suas atividades diárias ou quer esporadicamente, possibilitando desta maneira conhecer e/ou rever as medidas e precauções que são sugeridas na literatura quanto à biossegurança laboratorial, oportunizando reflexões da praxe bem como atualização acerca do tema, pois além do conhecimento, o uso e aplicação da prudência e do bom senso de cada indivíduo se fazem necessários para as boas práticas laboratoriais e assim para a segurança nestes ambientes, evitando-se deste modo efeitos contraproducentes, seja para a saúde, seja para a qualidade de vida.

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