Palavras Cruzadas - Daniel Lima

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PALAVRAS CRUZADAS

21.09.2018 23.12.2018

Coordenação, Concepção, Edição e Projeto Gráfico Daniel Lima

Produção Invisíveis Produções Curadoria Élida Lima e Felipe Teixeira Direção de Produção Felipe Brait Assistente de Produção

Gisele Frederico Direção de Arte e Video Mapping Geandre Tomazzoni Diretor de Fotografia Zeca Caldeira Cenografia Mariana Cavalcante Sistema Interativo Rodrigo Barbosa, Carlos Pedreañez, Julian Jaramillo, Maria Paolina Arango, Gabriel dos Santos Sonorização e Mixagem Pedro Noizyman e Daniel Sasso Som direto Simon Simantob Assistente de Set Carolina Dias Berger Intérprete de Libras Naiane Olah Tradução Andrea Tomie Pré Produção Raquel Borges

A linguagem imersiva utilizada em “Palavras Cruzadas” é possível por meio da parceria com o LabArteMidia (Laboratório de Arte, Mídia e Tecnologias Digitais), um grupo de pesquisa em inovações poéticas, técnicas e estéticas em conteúdos audiovisuais, do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão e do Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais, da Escola de Comunicações e Artes da USP, criado em 2016 em vinculação à pesquisa do Prof. Dr. Almir Almas.

CTR _ ECA USP

Coordenação Douglas Giudice Secretária Ivone Vantini Iluminação

Marcos José da Silva Pinto Logger Marcelo Henrique Leite Som

Guido Antonio Arturo Agovino Câmera Francisco Medina Coca

Cenografia Gabriel Silveira Barreto

LABARTEMIDIA - Laboratório de Arte, Mídia e Tecnologias Digitais

Coordenação Prof. Almir Almas Vice Coordenação Prof. Luis

existir

DAVID KARAI

EXERCÍCIOS DE ALTERIDADE

SHAMBUYI WETU

Sou artista congoles e vivo em Sao Paulo ha 4 anos. Estudei arte na Academie de Beaux art em Kinshasa na Republica Democratica do Congo. Desenvolvo esculturas e pinturas abordando diversos assuntos atraves de minhas performances e narrativas sobre as experiências da diáspora e a situação do negro no mundo.

TC SILVA

Sou filho de Geralda Santos Silva e Alfredo Januário. Atuo como músico arranjador autodidata. Fui articulador do Movimento Negro Unificado, desde 1974, e fundador do Grupo de Teatro Evolução com Benedito Luiz Amauro (Lumumba) no período 1972/1979. Em 1989, junto com Antonia Frutuosa Felisbino, em Campinas, fundei a Casa de Cultura Tainã, onde foi gestado a Rede Mocambos que reúne quilombos do Brasil e das América. Ganhei Prêmio Ordem do Mérito Cultura da Presidência da República em 2006.

Fernando Angerami Edição de Texto João

Knijnik Making of Lyara Oliveira

AGRADECIMENTOS

Ailton Krenak, Ana Flavia Santana, Baby Amorim, Cibele Toledo, Djamila Ribeiro, Elaine Bortolanza, Eugênio Lima, Jéssica Martins, Majoí Gongora, Marcio Black, Marina Novaes, Paulinho Fluxus, Raphael Escobar, Renata Felinto, Suelaine Carneiro e Viny Rodrigues.

CARMEN SILVA

DANIEL LIMA

Sou bacharel em Artes Plásticas pela Escola de Comunicação e Artes da USP; Mestre em Psicologia Clínica pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade da PUC/SP; e doutorando em Meios e Processos Audiovisuais, pela Escola de Comunicação e Artes da USP. Desde 2001, crio intervenções e interferências no espaco urbano. Próximo de trabalhos coletivos, desenvolvo pesquisas relacionadas a mídia, questões raciais e processos educacionais. Sou membro-fundador dos coletivos A Revolução Não Será Televisionada, Política do Impossível e Frente 3 de Fevereiro. Dirigo a produtora e editora Invisíveis Produções. www.danielcflima.com

Nasci em 1960, sou uma das fundadoras e a principal liderança do Movimento Sem Teto do Centro (MSTC) que, atualmente, lidera 10 dos 21 prédios ocupados na cidade de São Paulo com cerca de 5 mil pessoas lutando por uma moradia digna e definitiva. Natural de Santo Estevão, na Bahia, passei parte da minha juventude no subúrbio de Salvador, onde me casei e tive oito filhos. No início da década de 90, após sofrer forte violência doméstica, mudei para a capital paulista, buscando melhores condições de vida mim e meus filhos. Após um período de tempo morando com familiares e depois na rua, fui para um albergue, onde conheci pessoas engajadas na luta por moradia. Sou protagonista no filme “Era o Hotel Cambridge”. Hoje, me dedico a diversas frentes ligadas à expansão e consolidação dos direitos de cidadãs e cidadãos de áreas urbanas.

DÉBORA SILVA

DEXTER

Atuo no Hip hop nacional desde os anos 90, quando fundei o grupo 509-E, enquando estava na Casa de Detenção de São Paulo. Nosso álbum teve muito sucesso nas rádios de todo Brasil com as músicas “Saudades mil” e “Oitavo anjo”. Nestes 27 anos de carreira, marco uma referência no Hip Hop nacional e considero a música uma ferramenta de disseminação de cultura, conhecimento e valores. Há 6 anos, estou em liberdade e, graças a música, tenho visto minha vida mudar.

Faz parte do jogo democrático criar as condições para que cidadãos e estratos sociais tenham igual proteção e representatividade. A despeito da legislação existente, diversas minorias convivem com situações de preconceito, exclusão e abandono, assoladas por dinâmicas de opressão. No Brasil, em variados contextos, é possível identificar relações sociais não igualitárias nas quais predominam o ocultamento das diferenças. Nessa perspectiva, é oportuno perguntar: A quem é dado o direito de falar? Quem pode falar por quem? Quais vozes são consideradas na organização política, econômica e cultural da sociedade? E quais são ignoradas? Por que há dificuldade de escuta e de respeito a opiniões, crenças e saberes divergentes? É nesse cenário, constituído por uma série de discursos significativos, acerca de realidades plurais, que se insere a exposição Palavras Cruzadas: lugares de fala contemporâneos. Trata-se de um projeto multimídia que reúne a potência de doze vozes inseridas em movimentos e/ou grupos sociais que, a partir de seus lugares, repertórios e vivências, problematizam questões relacionadas à luta por equidade e justiça social. Nesse sentido, as ações desenvolvidas pelo Sesc reafirmam seu compromisso com a pluralidade de ideias e visões de mundo, mantendo amplo diálogo com os distintos atores sociais, estimulando a escuta e a convivência. Dessa forma, no âmbito da diversidade cultural e da cidadania, perceber e respeitar o outro em sua singularidade e dignidade é ser atuante para enriquecer os processos do desenvolvimento humano, vislumbrando uma sociedade mais justa e compassiva.

SESC SÃO PAULO

LOURDES BARRETO

Sou natural da Paraíba, moro em Belém há mais de 50 anos. Fui fundadora, ao lado de Gabriela Leite, do movimento político de prostitutas, criando a Rede Brasileira de Prostitutas (RBP), que teve como marco o Encontro Nacional “Fala, Mulher da Vida” (RJ -1987). Tenho 76 anos de vida, mais de 50 anos na prostituição e 31 anos de movimento. Puta e ativista, sou reconhecida na luta pelos direitos das mulheres, das prostitutas e na luta contra à Aids, no Brasil e no mundo.

PALAVRAS CRUZADAS LUGARES DE FALA CONTEMPORÂNEOS

MARCELA JESUS

Tenho 19 anos e participo do movimento secundarista desde 2015. Em 2016, ocupei coletivamente a escola que estudava, a Escola Estadual João Kopke, e também, o Centro Paula Souza. Atualmente atuo em um grupo de teatro, estreando a peça “Quando quebra queima”, que conta vivências e histórias dessas ocupações.

criminalização

puta

feminismo

Sou coordenadora do Movimento Mães de Maio, rede de mães, familiares e amigos de vítimas da violência do Estado brasileiro, principalmente da Polícia Militar, formado após os Crimes de Maio de 2006. Sou pesquisadora do Centro de Arqueologia e Antropologia Forense (CAAF) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e educadora popular em parceria com a Anistia Internacional no Brasil. Nossa luta é pelo direito à verdade, à memória, à justiça e à reparação plena de todas as vítimas da violência sistemática contra a população pobre, negra e indígena. Transformamos a dor e o luto pela perda de nossos filhos, familiares e amigos juntas.

AMARA MOIRA

exílio ocupar LUGARES DE FALA CONTEMPORÂNEOS

EDINHO SANTOS

Sou surdo, pedagogo, ator e poeta. Em 2017, participei do Slam SP - Campeonato Estadual de Poesia Falada e me classifiquei entre os cinco melhores poetas de São Paulo para o Slam BR. Minha participação nos campeonatos de poesia (slams) estão reunidas na página Edinho Poesia no Facebook. Atualmente, sou educador do Itaú Cultural.

JULIANA BORGES

território racismogênero terrorismo de Estado educação acesso

Sou escritora e socióloga. Fui Secretária Adjunta da Secretaria de Políticas para as Mulheres e assessora da Secretaria do Governo Municipal da Prefeitura de São Paulo. Sou autora do livro “O que é encarceramento em massa?” da coleção Feminismos Plurais, coordenada pela filósofa Djamila Ribeiro.

Sou travesti, feminista, doutora em teoria e crítica literária, pela Unicamp, com tese sobre “Ulysses” de James Joyce e autora do livro autobiográfico “E se eu fosse puta”, 2016. Além disso, sou colunista da Mídia Ninja e professora de literatura do cursinho pré-vestibular Descomplica.

Palavras Cruzadas surge da necessidade artística de promover uma exposição acerca do tema lugar de fala e de fomentar um diálogo entre lutas anticoloniais por meio de uma alternativa tecnológica. Promover um cruzamento dos lugares de fala é um recurso que surgiu como contraponto à força de silenciamento de vozes sociais por grupos privilegiados, numa proposta de promover a ressonância sobre interseccionalidade na sociedade contemporânea. Palavras cruzadas, cruzamento de lutas. Não se trata de dar conta da expressão das vozes das minorias, infinitamente plurais, mas de ser capaz de estabelecer um diagrama inicial das potências de vozes que se encontram, ora silenciadas, ora apartadas, afirmando-as em seus protagonismos singulares. Os doze lugares de fala deste diagrama inicial são: o Movimento Indígena, com David Karai; o Movimento Quilombola, com TC Silva; o Movimento Sem Teto, com Carmen Silva; as Mães de Maio, com Débora Silva; as pessoas em situação prisional, com Dexter; o Movimento das Prostitutas, com Lourdes Barreto; o Movimento Trans, com Amara Moira; a Cultura Surda, com Edinho Santos; o Movimento Secundarista, com Marcela Jesus; o Feminismo Negro, com Juliana Borges; o Movimento LGBTs, com Jéssica Tauane; e os Imigrantes, com Shambuyi Wetu. Falar aqui é substantivo. Aqui, o círculo é irregular formado pelas forças humanas que afirmam perspectivas de emergência. Mais do que um mapeamento de lutas, ou mesmo de um apanhado das lutas contemporâneas que atravessam nossa vida na sociedade brasileira tão marcada por desigualdades, o círculo forma-se de um campo de subjetividades atravessadas e afetadas por vozes dissonantes do coro hegemônico. Um círculo de dentro para fora. Proteção e desafio. 12 entidades de um tempo presente que mira pra um outro futuro de nós mesmos como nação. Família inventada de mestres da diferença. Mais do que lugar de fala, aqui, se instaura o lugar de escuta, de recepção ao outro. De olhar 1:1 com o outro, como virtualidade atemporal e ao mesmo tempo histórica. Linhas que se espalham daqui para outras coletividades, para outros modos de vida e para outros pertencimentos. Terreiro espírito do nosso tempo. Que toda voz silencie, que a escuta possa ser substância.

DANIEL LIMA, ÉLIDA LIMA E FELIPE TEIXEIRA PARTICIPAÇÃO LABARTEMIDIA

JÉSSICA TAUANE

sexualidade ser UMA VIDEOINSTALAÇÃO DE DANIEL LIMA

Sou fundadora do Canal das Bee - canal pioneiro em questões LGBT no YouTube. Atualmente me dedico ao divertido “Gorda de Boa”, canal sobre empoderamento feminino, autoestima, diversidade, cotidiano, humor e lifestyle. Dirijo o projeto social Bee

Ajuda, que acolhe jovens LGBTs em situação de vulnerabilidade.

poder resistir
Sou Karai Popygua, 30 anos, do povo Guarani Mbya, líder na Terra Indígena do Jaraguá e trabalho como professor desde 2008 na aldeia do Jaraguá Tekoa Ytu, São Paulo Capital. Tam bém sou Presidente do Conselho Estadual dos Povos Indíge nas de São Paulo (Cepisp), onde luto para fortalecimento e criação de políticas públicas estaduais para comunidades in dígenas de São Paulo. Minha atuação no movimento indígena começou aos 16 anos quando percebi que tinha uma vocação reconhecida pelos mais velhos, nossos xamãs, que através de minha fala os não indígenas iriam aprender a respeitar mais e nos ouvir. O ponto focal de nossa luta é pelo reconhecimento de nosso território. O Estado brasileiro insiste em nos privar do direito de viver na nossa terra para manter nossa cultura. Tenho pela graça de Nhanderu presenciado vitórias impor tantes de nosso povo. Com muita fé e coragem continuaremos seguindo nossa bela caminhada.
Em homenagem a Maurinete Lima e Vó Geralda. Realização Apoio

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