Congo

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Cássio Neto Liberato texto e ilustraçã o



Cássio Neto Liberato texto e ilustraçã o



O povo daquelas terras já nascia ao som do tambor!


Em porõ es de navio, sem lar Esta a sua prisã o Levados para alé m mar Trabalhar sua obrigaçã o


Escravizados pela cor, muitos aqui chegaram Trabalho, suor e tambor suas raıźes nã o abandonaram.



Um desses navios Mar aberto naufragou Valei-me Sã o Benedito! Pelo in inito ecoou. Agarrados ao mastro sem navio sem chã o à praia chegaram Louvar Bino Santo sua missã o


Na terra de Maracaiá -Guaçu uma mistura ocorreu com tambores, caixas, casacas... o Congo nasceu! A casaca é de Tagibubuia, Onde o ın ́ dio curava o mal Hoje ela é do congo O instrumento principal


Diante do tambor é que se dança Ritual ancestral O mestre é quem comanda O som magistral


Histó ria assim passada Por Antenor meu avô Que pelo povo contada Escravizados de sinhá e sinhô Do capixaba essa é a lenda Que está na memó ria Nã o há quem nã o entenda: O congo é nossa histó ria


O Congo aqui é diferente Em outras partes até pode soar Mas aqui a toada é outra Tem tambor, caixa e casaca a tocar


No dia da Conceiçã o um mastro é escolhido é hora de comemoraçã o O som negro é o preferido Até a porta da igreja Com festa é levado Para lembrar do milagre seja o mastro abençoado


Muitos na vida eu vi A festa de Sã o Benedito se dedicar Preparar mastro e navio E bandeira a costurar


A bandeira todo ano é pintada, a um milagre por retribuiçã o pintura abençoada de um lado Sã o Benedito, do outro Sã o Sebastiã o A bandeira é hora de visitar para na igreja ser benzida em um cortejo conduzida para no dia da festa, no alto triunfar



A puxada do navio marca a entrada no mar da embarcaçã o que para o Brasil trazia escravos em multidã o Neste dia o navio é conduzido com calma em procissã o o mastro preparado é escondido por ié is em oraçã o.




E dia de festa! O coraçã o bate mais forte E o congo da gente modesta Louvar Bino Santo é o norte! A bandeira segue à frente Com pompa em procissã o Os ié is na corda em corrente E puxadores no cambã o


Para a praça da igreja Esta é a direçã o Fincar o mastro, rodar bandeira O povo em comemoraçã o

Viva Sã o Benedito! Viva Sã o Sebastiã o! Viva Nossa Senhora! Mais um ano de proteçã o!




Na pá scoa é a derrubada do mastro e da bandeira Mais um ciclo se concretiza Da fé da gente trabalhadeira No ato da descida, quem irá pegar? A bandeira é a promessa do povo a pagar.




CONGO é uma produçã o Original da Associaçã o de Bandas de Congo de Fundã o -ES ©ABC Fundã o-ES Escrito e ilustrado por ©Cássio Liberato Ediçã o 2022 e-book ©ABC Fundão-ES Diretoria da ©ABC Fundão-ES Grupo que aprovou todo o conteú do

Lívia M. M. Zocateli Fez a correçã o do texto

Cássio Neto Liberato Cuidou de todas as etapas de produçã o do E-book

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Liberato, Cá ssio Neto Congo [livro eletrô nico] / Cá ssio Neto Liberato. – 1. ed. -- Fundã o, ES : Cassio Neto Liberato, 2022. HTML. ISBN 978-65-00-45134-4 1. 2. 22-111164

Congo - Manifestaçã o cultural - Fundã o (ES Cultura - Literatura infantojuvenil I. Tıt́ulo. CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático: 1.Literatura infantil 028.5 2.Literatura infantojuvenil 028.5 Aline Graziele Benitez - Bibliotecá ria - CRB-1/3129

Todos os direitos sã o resevados e protegidos. Ficaremos muito felizes em compartilhar este ebook, mas nenhuma parte desse ser reproduzida, total ou parcialmente, sem a expressa autorizaçã o da ABC – Fundã o-ES. Entre em contato com a gente antes de publicar algo.



Como o povo “daquelas terras”, que já nascia ao som do tambor, desde minha infâ ncia convivi com o universo do congo em Timbuı,́ Fundã o – ES. Os sons, as cores e a mıśtica envolvida no ciclo festivo de Sã o Benedito e Sã o Sebastiã o fez com que nã o desgrudasse da minha avó Maria e do meu avô Antenor, ambos festeiros de longa data. Recordo-me ainda das iguras simples e humildes de dona “Perô nia”, Mestra Benedita e do mestre Antô nio Freitas, detentores do patrimô nio cultural do congo de Timbuı,́ que com suas bandeiras, apitos, casacas e tambores comandavam as festas em louvor a Sã o Benedito da minha infâ ncia, mã os que estavam sempre estendidas ao auxilio material e espiritual de sua gente. Assim, da convivê ncia familiar e comunitá ria, aos poucos fui me envolvendo com as tradiçõ es e festejos, e apó s ter ingressado no curso de Artes Plá sticas na Universidade Federal do Espıŕito Santo, assumi a funçã o de pintar todo ano a bandeira dos santos, esta, encomendada pelos devotos como forma promessas à s graças alcançadas. Lá se vã o mais de 20 anos pintando bandeiras, tanto de Timbuı́ quanto dos mais variados locais do estado do Espıŕito Santo. Em 2019 surgiu a ideia de colocar no papel as histó rias que ao longo desses anos de convivê ncia com o congo fui ouvindo e vivenciando. Aqui está ! Este material foi feito com muito carinho, está imerso na potê ncia e na vivê ncia de um bem cultural nosso, capixaba, mas també m no entrecruzamento das vidas de inú meras pessoas que da fé e da ancestralidade tiram forças para manter vivo o CONGO. Cá ssio Neto Liberato

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