Cássio Neto Liberato Luciana Marquezini
VIAGEM EXPLORATÓRIA OURO PRETO - 2018
DIÁRIO DE
VIAGEM ANOTAÇÕES, REFLEXÕES E OLHARES
Serra – ES 2018
Copyribht © 2018 by EEEFM “Clóvis Borges Miguel” Este material didático ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita da EEEFM ”Clóvis Borges Miguel” Secretaria Estadual de Educação do Espírito Santo EEEEFM “Clóvis Borges Miguel” Diretora escolar: Elaíse Soneghetti Pedagogos: Salete Hespanha Geuvanina de Oliveira Cristina Dabaghian Coordenação de Turno: Wesley Ribeiro Karina de Alencar Julio Cesar Sousa Almeida Genilza Lemos Soares Stefhanini Elaboração deste material: Cássio Liberato Luciana Marquesini Professores monitores durante a viagem,: Cássio Liberato Irislane Figueredo Maria Beatriz Gonçalves do Carmo Vinícius Carneiro Diagramação: Cássio Neto Liberato Edição e Impressão: MX gráfica e editora
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A verdadeira arte de viajar... A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa, Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo. Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali... Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando! Mario Quintana
PARA INÍCIO DE CONVERSA A Viagem Exploratória Ouro Preto é uma ação singular na vida estudantil da EEEFM “Clóvis Borges Miguel”. Tanto por seu importante caráter de constituir como uma experiência significativa formação de nossos estudantes, como por fazer desta um território de encontros, trocas de experiências, espantos provocados pelo conhecimento do novo, e em especial, por afetar a todos aqueles que permitem a experiência de compartilhar a alegria, as emoções e os conhecimentos surgidos de um contato assustadoramente humano. Serão 5 dias de viagem, teceremos uma rede de vivencias que buscam, através do contato com a arte, a arquitetura, a literatura, e a cidade, permitir que nos reconheçamos neste amálgama que é a história do Brasil, para que possamos ampliar nossa capacidade de pensar e celebrar a diversidade cultural e da existência humana. É importante perceber que uma experiência como esta, não sobrevive apenas com a memória do que foi visto e ouvido. Há que se manter um olhar atento, crítico e curioso em cada passo dado nesta cidade tão magnífica. Para tanto, a atividade que propomos aqui, consiste na construção de um diário de memórias que deve ser desenvolvido ao longo de toda a nossa Viagem Exploratória às cidades de Ouro Preto e Mariana em Minas Gerais. Vale tudo: fotos, desenhos, colagens, textos, reflexões! O lance é se utilizar das imagens e do texto, as quais muitas vezes se misturam, para expressar seus sentimentos e pensamentos. Cada página é uma nova experiência, e esta pode ser 9
colorida ou em preto e branco, arrumada ou bagunçada. O nascimento do seu diário é algo que parte de você e de como você está se sentindo. Aqui está seu diário, você só tem uma coisa a fazer: criar. Mas criar sem nenhum filtro. Estamos falando de um diário de memórias, portanto o conteúdo que você colocará ali dentro vem do que você sente, pensa, gosta e desgosta. Deixe os sentimentos te levarem: inunde as páginas com emoções, impressões vivenciadas e reflexões, a partir de indagações e desafios apresentados. Essas páginas são todas suas. O diário de viagem, é um meio de expressão que você mesmo cria. Na verdade, a única coisa que você tem já pré-definido é a formatação deste diário e algumas provocações. Mas o resto é totalmente com você! O que você faz só é da sua conta, de mais ninguém. Não importa se outras pessoas vão achar feio ou bonito, organizado ou bagunçado. O diário é a sua forma de exprimir seus sentimentos. Desejamos a todos uma excelente jornada, na expectativa que seremos melhores ao final deste ciclo, por entendermos um pouco mais sobre nós, nosso passado e nosso tempo, festejando o ser humano em seu espaço geográfico, histórico, social e artístico.
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UM LUGAR DE ENCHER OS OLHOS. Ouro Preto é uma cidade incrível! Cheia de história, tradição, mistérios e passeios emocionantes. A cidade é formidável para quem ama museus, igrejas, monumentos mas também para quem curte uma “social”. É uma mistura fascinante de novo e antigo, de curiosidade e segredos. A antiga capital de Minas Gerais nasceu em 1701, fruto do trabalho dos bandeirantes que deixaram São Paulo para trás, exterminaram diversos povos indígenas que viviam no interior do país e, depois de muita procura, encontraram o que Portugal tanto queria – ouro. Ouro que a Espanha já havia encontrado em sua parte da América. Durante quase um século, o ouro foi a principal atividade econômica portuguesa no Brasil. E nenhuma cidade das Minas Gerais foi mais importante que Ouro Preto, na época chamada de Vila Rica. Quando o ouro foi encontrado no Brasil, começou uma intensa migração de portugueses para a colônia, todos em busca das riquezas prometidas. Em um século, a população brasileira saltou de 300 mil pessoas para 3 milhões, como conta a Wikipédia. Foram os novos moradores, na maioria portugueses, que ajudaram 11
com que a capital brasileira deixasse de ser Salvador – o Rio ficava mais perto das minas. Foi também a mineração que alterou o eixo político da colônia para o sudeste, tornou o português o idioma mais falado por aqui, em substituição ao tupi, e criou uma classe média em solo nacional. E, segundo alguns historiadores, foi o ouro nacional que financiou a Revolução Industrial Inglesa, já que a Inglaterra tinha acordos econômicos com Portugal. Acordos desvantajosos para Portugal, para deixar claro. Quando o ouro acabou, o Império caiu e a República nasceu, Ouro Preto pareceu ultrapassada para os políticos mineiros, que então planejaram e fundaram Belo Horizonte. O resultado foi uma mudança em massa para a nova capital, fato que deixou Ouro Preto relativamente bem conservada, sem sofrer muito com os ataques típicos da modernidade. Ainda bem. Dito isso, fica o óbvio: Ouro Preto tem muita história para contar. Por estes e outros motivos que escolhemos esta cidade para visitar. Agora, vamos te mostrar algumas das atrações da cidade, para que você possa saber um pouco do que vamos visitar em Ouro Preto. Vamos começar pelo Centro Histórico de Ouro Preto que é enorme e, não vamos mentir para você, cheio de sobe e desce, portanto, prepare as pernas e o fôlego. Você vai se esforçar para subir e descer cada uma das ruelas da cidade, vai suar para encontrar aquela igreja, vai ter que se sentar para recuperar o fôlego. Mas vai valer a pena. Sinceramente, caminhar pelas ruas de Ouro Preto, observar os casarões e pensar nas histórias guardadas em cada construção são as melhores coisas que você pode fazer na cidade. Comecemos pela caminhada pela Praça Tiradentes, a principal da cidade. Foi ali que ficou exposta a cabeça de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, morto pela participação na Inconfidência Mineira. Quando isso aconteceu, em 1792, a praça tinha outro nome. E passou todo o período imperial, a partir de 1822, se chamando Praça da Independência. Foi só com a República que um monumento foi colocado no centro da praça, que ganhou seu novo nome, em homenagem ao conspirador/insurgente que foi convertido em primeiro herói do Brasil. Dois prédios se destacam ali. O mais bonitão é Museu da Inconfidência, que antigamente era a Casa da Câmara e também uma cadeia. O outro, que está em posição oposta, é o Museu de Ciência e Técnica, o antigo Palácio dos 12
Governadores. Quando estiver lá, repare que a estátua do Tiradentes, no centro da praça, não olha para o prédio do governador, mas para o Museu. Atrás do Museu da Inconfidência, fica a Igreja do Carmo, também à direta do Tiradentes. As obras começaram em 1756 e o projeto foi encomendado por Manuel Francisco Lisboa, um arquiteto que assinou diversas construções por ali e que era pai de outro bem mais famoso, o Aleijadinho. O estilo da construção é o Rococó, nome que você pode até não saber explicar o que é, mas que é bonito mesmo assim. Da escadaria da Igreja você terá uma vista ótima, com direito a um belo pôr do sol. Ao lado da Igreja do Carmo fica o Museu do Oratório, que guarda 162 oratórios e mais de 300 imagens religiosas, é lindo!. Ali pertinho, na Rua Brigadeiro Musqueira, fica uma construção de fachada simples. É o Teatro Municipal, o mais antigo do tipo do Brasil que ainda está em funcionamento. Se a fachada não chama tanta atenção assim, o interior do prédio garante que a visita é merecida. Agora vamos no sentido contrário. À esquerda da estátua do Tiradentes, na Rua Cláudio Manoel, descendo a ladeira por uns 5 minutinhos e você vai dar de cara com a Igreja de São Francisco de Assis. A Igreja São Francisco de Assis é a mais famosa de Ouro Preto devido às características peculiares do barroco mineiro, pelas diversas obras de arte de Aleijadinho e pela pintura do forro da igreja, obra de Manoel da Costa Athayde. Suba a ladeiras. Depois de recuperar o fôlego e dar um oi para a Praça Tiradentes, desça para o outro lado, na Rua Direita (também chamada Rua Conde de Bobadela). Passe pelos restaurantes e bares e continue descendo a ladeira, que vai mudar de nome. Pare quando você estiver chegando perto da Matriz de Nossa Senhora do Pilar, outra Igreja que vale a entrada. Nenhum templo da cidade tem o interior tão repleto de ouro quanto este. Na realidade, no Brasil, apenas a Igreja de São Francisco, em Salvador, tem riqueza mais abundante. O Museu de Arte Sacra, que também fica ali. Quando recuperar o fôlego, é hora de procurar pela Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Essa igreja tem a fachada mais bonita da cidade. O interior não é tão imponente assim (essa era a igreja dos escravos, por isso a simplicidade). 13
Ok, nós sabemos, você se cansou de Igrejas Outra atração interessante é a Casa dos Contos. Esse museu fica num casarão do século 18 que foi sede da contabilidade governamental, prisão e até esconderijo para os mentores da Inconfidência Mineira. No subsolo, visite uma impressionante (e incômoda) senzala, com objetos de tortura usados na época colonial contra os escravos. Outro passeio imperdível envolve visitar Mariana, cidade histórica que fica a 22 quilômetros de Ouro Preto. Mariana foi a primeira capital de Minas e está repleta de lugares charmosos, como mostram as fotos abaixo. E sim, lá tem mais igrejas. Até uma ao lado da outra. Nós vamos até lá no trem turístico que liga Ouro Preto e Mariana, que é controlado pela Vale. Chegando em Mariana visitaremos as construções em torno da praça Minas Gerais: as igreja de São Francisco de Assis e Nossa Senhora do Carmo e a Casa de Câmera e Cadeia. Esta tríade, juntamente com o pelourinho, contam um pouco da história da cidade e seu passado colonial, e é uma das mais lindas paisagens arquitetônicas que visitaremos. Bom, mas não é só de visitas a museus e igrejas que vive o aluno explorador. Durante os dias que estaremos em Ouro Preto e em Mariana, estará acontecendo o Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana - Fórum das Artes, que se configura como um dos mais importantes do calendário cultural brasileiro Este ano, o Festival vai relembrar o Tropicalismo, movimento de ruptura que sacudiu o ambiente da música popular e da cultura brasileira entre 1967 e 1968. Os tropicalistas deram um histórico passo à frente no meio musical do país. A música brasileira pós-bossa nova e a definição da “qualidade musical” no país estavam cada vez mais dominadas pelas posições tradicionais ou nacionalistas. Contra essas tendências, o grupo baiano e seus colaboradores procuraram universalizar a linguagem da MPB, incorporando elementos da cultura jovem mundial, como o rock, a psicodelia e a guitarra elétrica. Ufa! Temos muito a viver nestes dias, que serão inesquecíveis.
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TIRE FOTOGRAFIAS, DESENHE... Fotografias podem capturar momentos únicos, um momento instantâneo que não pode ser descrito em palavras. Ao produzir um registro gráfico do que está vendo em determinado momento, tornará mais rigoroso seu olhar, capturando inúmeros pormenores, formas e sinais que até então não havia reparado. Para facilitar seu trabalho, apresentamos aqui, uma regra básica, para que quem está vendo a foto ou desnho consiga entender o que a gente quer passar com aquela imagem. O que eu quero dizer? Qual mensagem quero transmitir? Depois que a gente aprende as regras podemos escolher quebrá-las, mas é importante fazer isso conscientemente. É preciso ter bons motivos para quebrar regras.
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Regra dos terços Não é necessária muita explicação para entender essa regra: pegue a sua imagem e desenhe mentalmente um “jogo da velha” nela. Os pontos importantes da sua foto devem ficar em alguma das 4 convergências dessas linhas recém-desenhadas. Se existirem linhas na imagem, dê preferência em posicioná-las junto às linhas do jogo da velha. Abaixo, nos pontos , você vê aonde enquadrar os itens preferenciais da sua imagem:
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Usando as convergências O segredo é que cada imagem, tem suas características próprias e nem sempre é fácil definir o que vai nas bolinhas. O importante é que antes de produzir a imagem você defina o que deve estar em evidência, e faça a composição de acordo com este item. Vamos para alguns exemplos? Nesta primeira foto o museu é o ponto de destaque. Por isso ele se encontra na convergência inferior direita: o restante da cena só complementa e dá contexto.
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Em retratos o uso båsico da regra Ê sempre manter os olhos no terço superior.
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Na foto abaixo existem dois pontos de interesse mas eles se equilibram. O Monumento a Tiradentes tem seu início no canto superior esquerdo e o Museu da Inconfidência ocupa a maior parte do canto inferior direito.
Às vezes, como em uma foto de paisagem, você vai se concentrar nas próprias linhas do terço – ao invés das bolinhas. É mais simples do que você imagina: não centralize o horizonte. Não centralize a árvore. Não centralize o monumento. Não centralize as linhas.
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Se o céu está mais interessante, deixe ele em evidência deixando o horizonte abaixo da linha inferior, como na foto acima. Se o céu não tem nada demais e você quer dar destaque para o que está abaixo dele, coloque a linha do horizonte posicionada no terço superior.
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ORGANIZE-SE: Sempre coloque a data em cada registro do diário! Junte alguns pequenos itens: canhotos de bilhetes, cartões de restaurantes, coisas que tenham apelo visual e que serão bons itens de recordação. Coloque-os no envelope aberto na contracapa do diário até que possa incorporar esses materiais ao seu diário Cole esses pequenos itens enquanto prossegue em sua viagem ou deixe algum espaço para adicioná-los em seu diário depois. Separe um tempo para fazer suas anotações. Depois você pode adicionar outros detalhes e colar em seu diário alguns itens, quando tiver algum tempo de sobra ao longo do dia ou quando retornar de sua viagem. Tenha em mente que os detalhes desaparecem rapidamente, portanto, não espere para escrever sobre eventos importantes, conversas, paisagens, informações de contato das pessoas que conheceu e anotações gerais sobre outras coisas que ainda deseja fazer ou se lembrar. Sim, fazer isso demanda algum tempo fora das visitas de nossa Viagem Exploratória, mas isso tornará sua experiência ainda mais significativa.
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O QUÊ NOS AGUARDA? Uma grande experiência está por vir. Falta pouco. Você não vê a hora dela chegar, de ficar longe da escola e da rotina, de relaxar e aproveitar. Muitos planos foram feitos, nada pode dar errado, afinal de contas tudo está muito bem planejado. Nossa Viagem Exploratória está se iniciando, você vai descobrir novas perspectivas, novas pessoas, muitos outros costumes e enriquecer seu conhecimento cultural e pessoal. O que você espera desta viagem? Quais são suas expectativas?
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OURO NEGRO Prepare-se! Você está prestes a ouvir a “voz irreprimível dos fantasmas” que estão presentes em cada pedra, em cada muro, em cada igreja, em cada monumento, em cada rua, em cada ladeira, em cada casarão, em cada ponte da cidade de Ouro Preto. Portanto, aconselho manter-se, em cada lugar por onde passar, em silêncio por um minuto, somente por um minuto, para ouvi-los... É só isso que desejam. Se assim fizer, você poderá continuar andando livremente pela cidade. Caso contrário, você poderá sofrer graves consequências... Você poderá ficar preso a uma história que não é a sua, que não constitui, de fato, o seu processo de produção identitária... E nada mais aterrorizante do que ser privado de liberdade! Cecília Meireles não só parou e ouviu a “voz irreprimível dos fantasmas” quando esteve em Ouro Preto, na década de 1940, para documentar os eventos e festejos da Semana Santa, como escreveu o livro de poemas intitulado Romanceiro da Inconfidência. Na obra, reescreveu de forma poética os episódios marcantes da Inconfidência Mineira. Nesse exercício de recomposição dos eventos principais da Inconfidência, destacando o martírio de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, personagem principal da obra, a autora reconstrói e legitima no aspecto discursivo e histórico a multiplicidade da cultura negra, ressignificando o negro como parte constitutiva de nossa história, história na qual foram submetidos a um violento processo de silenciamento e apagamento. Se a Inconfidência Mineira não tinha como intenção a libertação dos negros - uma vez que se caracterizou como um movimento da elite mineira, principalmente das cidades de Vila Rica, atual Ouro Preto, e da Comarca Rio das Mortes, hoje São João del-Rei, que se mobilizou para combater a intensificação do controle fiscal exercido pela Coroa Portuguesa e implantar a república no Brasil -, Cecília Meireles, ao retomar o passado histórico, dedica, em sua obra, poemas-romances aos negros, a Chico Rei, a Santa Ifigênia do Alto da Cruz de Ouro Preto, a Santa Negra, a Chica da Silva, dentre outras 25
alteridades que transitaram pelas ruas, ladeira, vielas e esquinas da cidade de Ouro Preto e que, muitas vezes, não circulam nas narrativas hegemônicas. Dessa forma, Cecília Meireles, ao transgredir as fronteiras do “pensamento colonial” para ressignificar o sujeito negro pela linguagem poética, permite compreender os fios ideológicos em torno das personagens Santa Ifigênia, Chico Rei e Chica da Silva que passa pelas relações raciais que se deram e de dão na sociedade brasileira.
Renina Katz - ilustração para o Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles, 1956 nanquim s/ papel 42,8 x 26,1 cm Col. José Mindlin, São Paulo
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Nessa perspectiva, merece registro o “Romance VII ou do negro nas catas”, que aborda as condições degradantes de trabalho nas minas e que integra o referido Romanceiro da Inconfidência. Já se ouve cantar o negro, mas inda vem longe o dia. Será pela estrela d'alva, com seus raios de alegria? Será por algum diamante a arder, na aurora tão fria? Já se ouve cantar o negro, pela agreste imensidão. Seus donos estão dormindo: quem sabe o que sonharão! Mas os feitores espiam, de olhos pregados no chão. Já se ouve cantar o negro. Que saudade, pela serra! Os corpos, naquelas águas, - as almas, por longe terra. Em cada vida de escravo, que surda, perdida guerra! Já se ouve cantar o negro. Por onde se encontrarão essas estrelas sem jaça que livram da escravidão, pedras que, melhor que os homens, trazem luz no coração? Já se ouve cantar o negro. Chora neblina, a alvorada. Pedra miúda não vale: liberdade é pedra grada... (A terra toda mexida, a água toda revirada... Deus do céu, como é possível penar tanto e não ter nada!) 27
Com base na análise dos ideais da Inconfidência Mineira, do contexto histórico marcado pela escravização de negros, bem como a partir das observações feitas por você pela cidade mineira, dos saberes e conhecimentos transmitidos pelas vozes que você ouviu e do fragmento do Romanceiro da Inconfidência aqui apresentado, reflita sobre a representação dos sujeitos negros que se consolidaram ao longo da história do país e que ainda estão presentes na sociedade contemporânea reforçando e reproduzindo relações raciais desiguais. ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________
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Reflita por meio de um mapa mental sobre os movimentos de resistência negra que se dão atualmente – os movimentos de resistência negra se fez presente em toda a história do país, passando pelo período colonial, pós-colonial e pelo contexto contemporâneo -, que se articulam em expressões estéticas urbanas, tais como rap, funk, literatura periférica, slam, grafite, pichação, break, passinho, samba, etc.
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Se existe magia em lutar além dos seus limites de resistência, esta é a mágica de arriscar tudo por um sonho que ninguém enxerga só você. Menina de ouro
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ERA REI EU SOU ESCRAVO Milton Nascimento Era rei e sou escravo Era livre e sou mandado! Onde a minha terra firme, áfrica dos meus amores. Onde a minha casa branca, minha mulher e meus filhos. Me trouxeram para longe, amarrado na madeira, me bateram com chicote, me xingaram, me feriram. Era rei e sou escravo, era livre e sou mandado. Mas por mais que me naveguem, me levando pelos mares, mas por mais que me maltratem, carne aberta pela faca, A memória vem e salva, a memória vem e guarda, Guarda o cheiro da minha terra, a música do meu povo, a certeza de hoje e sempre que ningúem vais nos tirar. a onde estiver o porto, Por mais que eu sofra e grite, Sou mandado serei livre, sou escravo serei rei
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do minério de ouro, proximidades da montanha de Itacolomi”, Johann Moritz Rugendas, 32“Lavagem aquarela sobre papel, 30 x 26 cm, 1835.
Na senzala da Casa dos Contos, estão expostos objetos e documentos históricos dos Séculos XVIII e XIX, pertencentes à coleção do antiquarista José Lucas Toledo, incluindo objetos de tortura de escravos, testemunhos materiais de um período que não se deve esquecer. Registre suas impressões, emoções e reflexões a respeito deste lugar com textos e desenhos.
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Escolher o seu tempo ĂŠ ganhar tempo. Francis Bacon
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Querer ser livre é também quere livre os outros. Simone de Beauvoir
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Todo busĂŁo lotado tem um pouco de navio negreiro. Desconhecido
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CARPE DIEM Viva o presente ao máximo A cidade de Ouro Preto também foi palco do Arcadismo, estética literária que surge na Europa no século XVIII. Nesse período, estudantes brasileiros, filhos de famílias que enriqueceram com a mineração, voltavam de seus estudos na metrópole tomados pelas ideias iluministas e pela poesia árcade. Em um contexto colonial marcado pela febre do ouro, por relações escravistas e pelo desenvolvimento urbano, os poetas árcades voltaram a cultivar, em sua literatura, uma vida simples, o retorno ao campo e o desprezo ao desnecessário da cidade. Essa postura está relacionada às ideias Iluministas – movimento calcado nas ciências, na razão e no progresso – e pela crítica dos burgueses aos abusos praticados pela nobreza e o clero. Esse movimento literário se opôs aos exageros cultistas e conceptistas do Barroco. Estudar os poetas líricos árcades do nosso país significa entrar em contato com o início, ainda que tímido, de uma expressão literária nacional. Também significa entrar em contato com algumas pessoas que ajudaram a pensar e a organizar a Inconfidência Mineira. Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Inácio José de Alvarenga Peixoto compuseram o grupo intelectual ligado aos ideais do Arcadismo no Brasil que participaram da Inconfidência Mineira. Claudio Manoel da Costa, inclusive, foi preso junto com outros inconfidentes por participação no movimento e morreu na prisão. Sua morte foi dada oficialmente como suicídio. Segundo o povo da época, os sinos das igrejas da cidade de Ouro 37
Preto não badalaram para anunciar a morte do poeta, uma vez que, para a igreja católica, o suicídio é considerado pecado. Em Ouro Preto há o Chafariz do Lardo de Marília. Uma fonte pública de água potável que além de abastecer a cidade no período colonial – lugar onde os negros escravizados iam buscar água para seus senhores - também serviu de cenário para o sofrimento amoroso de Marília, musa árcade cantada no poema Marília de Dirceu, do poeta inconfidente Tomás Antônio Gonzaga. Essa é uma obra poética árcade em que o poeta relata seu amor por Maria Joaquina Doroteia de Seixas Brandão, a mulher por quem estava apaixonado e com quem pretendia se casar. Mas os planos de casar-se com a mulher amada foram bruscamente interrompidos em 1789 quando Gonzaga foi preso, acusado de fazer parte da Inconfidência Mineira. Posteriormente foi exilado na condição de degradado para Moçambique, na África. Sem poder voltar para Ouro Preto e casar-se com Maria Joaquina, Gonzaga acaba trabalhando e casando-se com outra mulher no continente africano. Ele morre em Moçambique, no ano de 1810. Nessa fonte, se você olhar fixadamente para uma das carrancas (duas femininas e duas masculinas) e chamar por “Marília” três vezes, é possível ouvir a voz do poeta Tomás Antônio Gonzaga, que anda pela rua, pela igreja e pela ponte declamando versos para a sua amada:
Graças, Marília bela, Graças à minha estrela!
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Agora, convoco você a unir estas duas pontas: o projeto literário do Arcadismo brasileiro e a sociedade contemporânea, marcada pelo consumo. Para isso, apresento-lhe o projeto All I Onw, da fotógrafa sueca Sannah Kvist. Ela propôs a jovens nascidos nos anos 1980 que reunissem seus pertencem e compusessem com eles “esculturas” para serem registradas com suas câmeras. As imagens tinham como proposta nos fazer refletir sobre o que é realmente para vivermos. Você pode encontrar mais informações sobre esse trabalho da fotógrafa no site: http://misturaurbana.com/2012/08/all-i-own-por-sanna-kvist/ Você também deve ler a obra de Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, que também pode ser encontrada na internet. Sugiro a leitura de Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, que você encontra no site: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000036.pdf, e dos sonetos de Cláudio Manoel da Costa, que você encontra no site: http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo /ClaudioManoeldaCosta/Poemas.htm
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O que é essencial na vida? Do que realmente você precisa para levar uma vida satisfatória?
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Inspirados pelo sussurro dos versos árcades que ecoam em cada esquina da cidade, pelo trabalho da fotógrafa sueca Sannah Kvist (2012) e por suas reflexões sobre a sociedade de consumo contemporânea, proponho o seguinte desafio: fazer um registro fotográfico sobre o seguinte tema:
Tudo de que eu não preciso. Separe, entre seus pertences que trouxe para a viagem, aqueles que você considera supérfluo, não essenciais ao seu cotidiano. Faça com esses objetos uma composição em algum espaço também significativo para você e fotografe-se. Faça um parágrafo explicando suas escolhas e reflexões suscitadas pela imagem.
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Ăˆ melhor conquistar a si mesmo do que vencer mil batalhas. Buda
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ONDE VAI ESTE TREM? I O Rio? É doce. A Vale? Amarga. Ai, antes fosse Mais leve a carga. II Entre estatais E multinacionais, Quantos ais! III A dívida interna. A dívida externa A dívida... Lira Itabirana Carlos Drummond de Andrade, 1984
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Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Fernando Pessoa
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ACIDENTE EM MARIANA: ENTENDA OS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO DESASTRE
5 de novembro de 2015
MARIANA - MG
BARRAGEM FUNDÃO MINERADORA SAMARCO BARRAGEM FUNDÃO - MINERADORA SAMARCO No dia 5 de novembro de 2015 o rompimento da barragem Fundão, liberou uma enxurrada de lama, devastando o distrito de Mariana e causando 19 mo rtes, entre m o ra do res e func io nário s da mineradora, e deixando um número enorme de vítimas. Dois anos depois as famílias ainda tentam se recuperar deste triste incidente e ainda não se sabe exatamente a gravidade e o tamanho e meio depodas
CAUSAS
Profissionais da área envolvidos na investigação apontaram a causa como uma sucessão de eventos. Um estudo internacional solicitado pela Vale, BHP Billiton e Samarco, confirmou que havia lama no ponto de ruptura, indicando q ue a o mbreira esquerda estava construída em uma área de mistura de areia e lama, o que confirmou o inquérito detalhado da Polícia Civil e da Polícia Federal. C o m prova ram -se prob l ema s de drena gem , liquefação, acúmulo de lama onde deveria ter areia, além de três pequenos abalos sísmicos, registrados poucas horas antes do rompimento.
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ALGUNS NÚMEROS DO IMPACTO 643 km
1469 hec
600
de rios e córregos cobertos de lama
de vegetação destruida
famílias desabrigadas
207/251 edificações destruídas em Bento Rodrigues
PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS
REJEITOS DE MINÉRIO
Foram 62 milhões de m3 de uma lama formada por uma mistura de óxido de ferro, água e muita lama, o equivalente a 25 mil piscinas olímpicas. A mistura não era tóxica, porém devastadora.
INFERTILIDADE DO SOLO
A lama que encobriu toda a região secou e criou uma cama grossa sobre o solo. Por não conter matéria orgânica esse solo é infértil. Além disso, nada poderá ser construído nessa área, pois o processo de secagem completa pode demorar anos.
MORTE DE MILHARES DE PEIXES
A lama atingiu o rio Gualaxo, afluente do rio Carmo , o q ual des água no ri o Doc e, que desemboca no oceano Atlântico. Além da morte de m il hares de pe ixe s, o utra ce nte na de organismos morreu. O curso dos rios foi alterado, na s c e n t e s fo ra m s o t e rr a da s e c a de i as alime ntare s, completame nte destruídas em determinadasáreas.
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MORTE DA VEGETAÇÃO
A vegetação também foi atingida pela lama, que engoliu tudo que viu pela frente. Boa parte da mata ciliar morreu e o minério modificouo pH do solo, causando uma destruiç ão quím ica e impossibilitando que uma nova vegetação nasça por ali.
IMPACTOS NOS ECOSSISTEMAS MARINHOS
Além dos rios, a lama percorreu com força o rio Doce em direção ao oceano Atlântico, chegando ao Espírito Santo, ameaçando ainda afetar o município de Abrolhos, na Bahia. Isso causou um verdadeiro de seq ui líbrio nos ecossistem as marinhos. Os rejeitos de minério, juntamente com lama, atingiram diretamente corais, microorganismose a reprodução dos mesmos. POPULAÇÃO AFETADA
A população ficou sem o abastecimento de água por conta da contaminação dos rios locais. Muitas pessoas ficaram desabrigadas. Eem algumas das regiões mais afetadas tornou-se impossível ser habitável novamente. Além disso, a população perdeu o seu principal sustento: a pesca e o plantio. Dezenove pessoas morreram entre moradores e funcionários da mineradora.
2 ANOS DEPOIS 2032 É a previsão de recuperação dos estragos ambientais
22 indiciados. Mas o processo está paralisado por ordem judicial
2019
23,5%
foi o prazo para recenseamento da vila. Mas obras nem começaram
índice de desemprego na região por conta da inatividade da mineradora
E várias perguntas ainda seguem sem resposta Fonte: http:// brasilescola.uol.com/biologia/impactosambientais-ambiente-mariana-mg.htm ht t p:/ /bra si l.es ta da o.com .br /not icia s/ ger al , desastre-de-mariana-2-anos-em-busca-da-propriahistoria-e-de-reparação,70002072236
h t t p : / / e s p e c i a i s . g 1 . g l ob o . c o m / m i n a s g erais/2015 /desast re-ambiental-em-mariana/1mes-em-numeros/ http://mundoeducação.bol.uol.com.br/biologia/aci dente-mariana-mg-seus-impactos-ambientais.htm 47
Cacimba de Mágoa Gabriel O Pensador O sertão vai virar mar É o mar virando lama Gosto amargo do Rio Doce De Regência a Mariana Mariana, Marina, Maria, Márcia, Mercedes, Marília Quantas famílias com sede, quantas panelas vazias? Quantos pescadores sem redes e sem canoas? Quantas pessoas sofrendo, quantas pessoas? Quantas pessoas sem rumo como canoas sem remos Como pescadores sem linha e sem anzóis? Quantas pessoas sem sorte, quantas pessoas com fome? Quantas pessoas sem nome, quantas pessoas sem voz? Adriano, Diego, Pedro, Marcelo, José Aquele corpo é de quem, aquele corpo quem é? É do Tião, é do Léo, é do João, é de quem? É mais um joão-ninguém, é mais um morto qualquer Morreu debaixo da lama, morreu debaixo do trem? Ele era filho de alguém, e tinha filho e mulher? 48
Isso ninguém quer saber, com isso ninguém se importa Parece que essas pessoas já nascem mortas E pra quem olha de longe passando sempre por cima Parece que essas pessoas não têm valor São tão pequenas e fracas, deitando em camas e macas Sobrevivendo, sentindo tristeza e dor Quem nunca viu a sorte pensa que ela não vem E enche a cacimba de mágoa Hoje me abraça forte, corta esse mal, planta o bem Transforma lágrima em água O sertão vai virar mar É o mar virando lama Gosto amargo do Rio Doce De Regência a Mariana O sertão vai virar mar É o mar virando lama Gosto amargo do Rio Doce De Regência a Mariana Quem olha acima, do alto, ou na TV em segundos Às vezes vê todo mundo, mas não enxerga ninguém E não enxerga a nobreza de quem tem pouco, mas ama
De quem defende o que ama e valoriza o que tem
Com o amor que corre dentro do sangue, nas nossas veias
Antônio, Kátia, Rodrigo, Maurício, Flávia e Taís Trabalham feito formigas, têm uma vida feliz Sabem o valor da amizade e da pureza Da natureza e da água, fonte da vida
Quem nunca viu a sorte pensa que ela não vem E enche a cacimba de mágoa Hoje me abraça forte, corta esse mal, planta o bem Transforma lágrima em água
Conhecem os bichos e plantas e como o galo que canta Levantam todos os dias com energia e com a cabeça erguida Mas vêm a lama e o descaso, sem cerimônia Envenenando o futuro e o presente Como se faz desde sempre na Amazônia Nas nossas praias e rios impunemente Mas o veneno e o atraso, disfarçado de progresso Que apodrece a nossa fonte e a nossa foz Não nos faz tirar os olhos do horizonte Nem polui a esperança que nasce dentro de nós É quando a lágrima no rosto a gente enxuga e segue em frente Persistente como as tartarugas e as baleias E nessa lama nasce a flor que a gente rega
O sertão vai virar mar É o mar virando lama Gosto amargo do Rio Doce De Regência a Mariana O sertão vai virar mar É o mar virando lama Gosto amargo do Rio Doce De Regência a Mariana O sertão vai virar mar (o sertão virando mar) É o mar virando lama (o mar virando lama) Gosto amargo do Rio Doce (da lama nasce a flor) De Regência a Mariana (muita força, muita sorte) O sertão vai virar mar (mais justiça, mais amor) É o mar virando lama Gosto amargo do Rio Doce De Regência a Mariana O sertão vai virar mar É o mar virando lama
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Para refletir...
“O desastre em Mariana se soma a uma tragédia de três séculos”
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Produção de vídeo-entrevista Em grupo de 04 alunos, utilize a câmera de um celular para gravar uma curta entrevista com 01 pessoa moradora da cidade Mariana-MG, onde o entrevistado (a) deve responder a seguinte questão: “Como é a vida em Mariana após o desastre com as barragens da mineradora Samarco em 2015?”
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Figura central da grande composição de Ataíde no teto da nave, mostrando uma Nossa Senhora da Porciúncula com traços mulatos. 52
ENTRE ANJOS E SANTOS Religiões e religiosidades e suas dinâmicas, advindas de outros continentes, quando tocadas por sons, cores, odores, sabores e ritos brasileiros e afro-brasileiros (aqui também incluímos as pajelanças), passam a ressignificar e até mesmo a rearranjar suas práticas religiosas. Há uma interpenetração de sentidos que fazem surgir novas vivências nos espaços sagrados. O Patrimônio Arquitetônico representa uma produção simbólica e material, carregada de diferentes valores e capaz de expressar as experiências sociais de uma sociedade. Por que a antiga Vila Rica tem tantas igrejas. Devido à grande religiosidade dos mineiros? Para indicar o orgulho dos habitantes da região mais próspera do Brasil colonial? As duas respostas estão certas, mas há um terceiro fator muito importante: a igreja era um espaço de autonomia e de mobilidade social numa comunidade oprimida. As autoridades lusitanas proibiram a presença de ordens religiosas na região das minas, mas não puderam impedir que a população se organizasse em irmandades leigas, separadas para brancos, negros e mulatos. Para projetar e decorar seus templos, essas associações contratavam artífices como Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. . 53
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Como você percebe a relação entre patrimônio arquitetônico e a preservação da memória coletiva?
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NĂŁo existe um caminho para a felicidade. A felicidade ĂŠ o caminho. Thich Nhat Hanh
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Os espaços que visitamos propõem uma visão positiva do ciclo do ouro, mas deixa de lado muitos atores sociais que estiveram presentes nesse processo. No Brasil há uma tendência a não patrimonializar o legado africano e indígena.
Quais reflexões surgem a partir desta afirmação?
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Pedras no caminho? Eu guardo todas. Um dia vou construir um castelo. Nemo Nox
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REGISTRANDO TUDO! Tenha em mente que os detalhes desaparecem rapidamente, portanto, não espere para escrever sobre o que vivenciou, conversas, paisagens, informações de contato das pessoas que conheceu e anotações gerais sobre outras coisas que ainda deseja fazer ou se lembrar. Sim, fazer isso demanda algum tempo fora de nossas visitas, mas isso tornará sua experiência ainda mais significativa.
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Viver ĂŠ a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe. Oscar Wilde
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Registre aqui um FRONTISPÍCIO
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De hoje em diante todo dia vai ser o mais importante! LegiĂŁo Urbana
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Registre aqui um MUXARABI
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A alegria nรฃo estรก nas coisas, estรก em nรณs. Johann Goethe
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Registre aqui uma JANELA
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Viver ĂŠ melhor que sonhar! Belchior
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Registre aqui um ÓCULO
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Ser feliz sem motivo ĂŠ a mais autĂŞntica forma de felicidade. Carlos Drummond de Andrade
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Registre aqui um EXEMPLO DE CANTARIA
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Você vai rir sem perceber. Felicidade é só questão de ser. Marcelo Jeneci
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Registre aqui uma BEIRA
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Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar em vão, para trazer a linha de volta. É aceitar doer inteiro até florir de novo. Caio Fernando Abreu
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Registre aqui uma SENSAÇÃO AGRADÁVEL
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Quando tudo parece dar errado, acontecem coisas boas que nĂŁo teriam acontecido se tudo tivesse dado certo! Renato Russo
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Registre aqui uma IGREJA
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Tente mover o mundo - o primeiro passo serĂĄ mover a si mesmo. PlatĂŁo
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Registre aqui uma PAISAGEM
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A persistência é o caminho do êxito. Charles Chaplin
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Registre aqui um MOMENTO
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SĂł ĂŠ lutador quem sabe lutar consigo mesmo. Carlos Drummond de Andrade
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Registre aqui um FRONTISPÍCIO
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Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar. Dalai Lama
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Registre aqui um FRONTISPÍCIO
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A amizade duplica as alegrias e divide as tristezas. Francis Bacon
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Registre aqui um FRONTISPÍCIO
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Nรฃo hรก nada como regressar a um lugar que estรก igual para descobrir o quanto a gente mudou. Nelson Mandela
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