Livro Águas do Futuro

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Ă guas do Futuro



IPOEMA – Instituto de Permacultura: Organização, Ecovilas e Meio Ambiente www.ipoema.org.br ipoema@ipoema.org.br

Textos Dario Noleto Mauro Siqueira Edição e revisão Claudio Jacintho, Luiza Padoa, Daniel Lavenere, Fernanda Rachid e Camila Maia Capa e projeto gráfico Wagner Soares Fotos Fototeca Ipoema, Claudio Jacintho, Centro de Permacultura Asa Branca, Gabriel Romeo, Rafael Lavenere, Chico Furtado, Alan Schvarsberg, Bruno Lemos, Fernanda Rachid, Marina Palhares, Luiza Padoa, Júlia Costa, Daniel Lavenere e Wagner Soares

FICHA CATALOGRÁFICA Águas do futuro: projeto Águas do Cerrado. Ipoema, Brasília, 2016. 64 p. il, fotos, color 1.Meio ambiente. 2. Desenvolvimento sustentável. 3. Água- Preservação. I. Projeto Águas do Cerrado. II Instituto de Permacultura: Organização, Ecovilas e Meio Ambiente. III. Noleto, Dario. IV. Siqueira, Mauro. V.Título.

http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/ O conteúdo dessa publicação é de inteira responsabilidade do Ipoema. É permitida sua cópia, reprodução e distribuição, desde que seja citada a fonte.


Cuidar das águas com comprometimento, amor e gratidão, cultivando a sustentabilidade e o envolvimento pessoal e comunitário.

Águas do

Futuro Brasília, Janeiro de 2016



Por serviço a Gaia, fortalecimento comunitário, crescimento pessoal e por todas as nossas relações, dedicamos esta obra e, principalmente, o objeto da história que ela conta, aos netos dos netos de Yan, Mariah, Helena, Maya, Ruá, Lila, David, Cora, Maíra e de outras crianças que ainda vão nascer. Está sendo feito, e é uma coisa boa ! Cláudio Jacintho, CJ – Idealizador e fundador do Ipoema



O Ipoema agradece Cláudio Jacintho – idealizador e fundador do Ipoema Primeiramente, à Força da Vida, à generosidade de Gaia, nossa mãe natureza, nossa casa e nosso chão, ao calor intenso e à luz do sol que insiste em brilhar desfazendo a escuridão. A toda força das Águas, seu poder curador e transformador e seu exemplo de ser ao mesmo tempo impiedosa e tolerante. Aos povos originários de todo o planeta em especial aos nossos ancestrais, habitantes desta terra Brasilis e seus atuais remanescentes. Aos grandes mestres e ícones que nos inspiram e nos levam a galgar melhores condutas sendo arquétipos ou exemplos do que podemos, um dia, vir a ser: Francisco de Assis, Mahatma Ghandi, Sidartha Galtama, Jesus de Nazaré, Paramahansa Yogananda, Che Guevara. Aos rebeldes e revolucionários, os que passaram e os que ainda estão por aqui, lutando, trabalhando e fazendo um mundo melhor. Aos movimentos sociais e aos precursores do socioambientalismo em especial aos que tombaram na luta. Aos mestres terrenos que abriram nossos caminhos na jornada pela sustentabilidade: Bill Mollison, David Holmgren, Ernst Götsch, André Soares, Paulo Freire, Leonardo Boff, John Croft, Marshall Rosenberg, Vandana Shiva entre outros.

Aos colegas e mestres de nossos mestres: Masanobu Fukuoka, Eugene Odum, James Lovelock, Fritjof Capra, E. F. Schumacher e todos os pensadores do novo paradigma. À família Santos-Jacintho em nome de Cláudio SantosJacintho, o pai, e Margarida Santos-Jacintho, a mãe. Pelas portas abertas da Asa Branca, onde nasceu o Ipoema e sem a qual nada disso teria acontecido e, talvez, nem mesmo existisse o próprio Ipoema. A Eduardo Lyra Rocha, um dos fundadores do Ipoema, por jamais ter deixado o sonho morrer, e pela contribuição na autoria do projeto Águas do Cerrado. Dentre os fundadores, aos primeiros sonhadores e fazedores do Instituto, Thiago e Leandro Jacintho, Roberta Martins, Iberê Mesquita, Rafael Poubel e Juã Furiati. A outras pessoas importantes nesta jornada, como Mônica Passarinho e Sérgio Pamplona. A todos os que passaram pela história do Ipoema, por toda e cada contribuição deixada. E pelos que seguem nessa empreitada sem esmorecer, em especial a Luiza Padoa, atual diretora geral, por ajudar a manter a chama acesa. Ao Silbene de Almeida, in memorian, sua irmã Maria Lourdes e Nina Magalhães, pela chácara Santa Rita, de onde o Ipoema alçará novos voos. À Renato Alves Coelho e Marcus Vinícius Martins, nossos “doutores do direito”.

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Um agradecimento todo especial e profundamente verdadeiro, a toda equipe do projeto Águas do Cerrado que, com tanto afinco cuidou e seguirá cuidando do futuro das Águas e da Vida. A cada um de seus membros, homens e mulheres que tanto fizeram em prol do bem comum e de uma sociedade mais justa e ambientalmente equilibrada. Agradecemos por cada sorriso, cada choro, cada gota de suor e cada reclamação, pois somos todos feitos de luz e sombras e nestas, nos reconhecemos enquanto entes em contínuo aprimoramento. Nada seria como foi se não fosse por cada um de vocês, cada um de nós. Às famílias dos membros da equipe, pois são nelas que nos apoiamos e nos reerguemos dos eventuais tropeços. Sem elas não seríamos nada. A outras pessoas que contribuíram direta ou indiretamente na realização do projeto, os mediadores, os instrutores, o pessoal de campo, os fornecedores. Às escolas que nos acolheram, com toda sua comunidade envolvida. Uma saudação calorosa a todos os profissionais destas que, junto conosco, fizeram o projeto acontecer. Às comunidades rurais que nos receberam e cederam

suas terras para compor uma pequena parte do reflorestamento do planeta. A todas as crianças e jovens que participaram, trocaram, aprenderam, ensinaram e se divertiram. Um agradecimento mais que especial aos nossos querido Jovens Empreendedores À Matres Socioambiental em nome de suas representantes Renata Navega e Andrea Zimmemann, pela parceria na execução do projeto e pela amizade e afinidade de propósitos. Aos companheiros da Idade da Pedra, Coletivo 105, Comova, às meninas do Cirandas e Cultura Fm, pelo apoio na prática. Ao amigo Joe Valle, pelo prefácio do Livro e por sempre ter acreditado no Ipoema A todas as instituições envolvidas no projeto, as apoiadoras, as parceiras e a patrocinadora. Em especial nas pessoas de: Marcus Vinícius de Almeida, da Petrobras; Fernando Starling e Cristine Cavalcanti, da Caesb; Jeanitto Gentili, João Amorim e Lucas Francisco, do Jardim Botánico de Brasília; Cesar Victor, Fernando Lima e Miguel Marinho, da Funatura; Daniel Vieira, da Embrapa Cenargem; Lêda Bhadra, Renata Potolski e Marcia Diniz, da Escola da Natureza.

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Prefácio ​Joe Valle Promover ações que fazem a diferença na vida das pessoas­ é o que tem buscado o Ipoema. Essa instituição formada por competentes profissionais, sonhadores, idealistas, que trazem junto sonhos e concretização de projetos que há décadas me inquietam a mente e o coração. São projetos que mais parecem um movimento em rede, com a vivência de novos valores, novas atitudes, de um novo olhar e agir sobre o planeta. ​O tempo não é longo demais para esse grupo. Não se trata apenas de terra, planta, animais, mas do Planeta e da relação com tudo que existe nele, dos diferentes tipos de vegetação, de clima, de valores, de políticas econômicas, educacionais, de buscas para solucionar problemas comuns e tão complexos, ao mesmo tempo e obviamente, o ser humano não está excluído. ​Tratam de políticas ambientais para um novo mundo, que adotam medidas de convivência harmônica com a natureza, no tratamento inteligente dos resíduos, na arquitetura integrada e eficiente da bioconstrução, na semeadura, irrigação e colheita em conjunto com verdadeiras obras de arte agroecológicas, na relação consigo mesmo e baseada no respeito e na reciprocidade. ​Afirmando para mim mesmo, conforme Fernando Pessoa, que “sou do tamanho do que vejo”, a partir desta convivência com estes jovens semeadores de sonhos, tenho

educado meu olhar em direção a uma consciência planetária, com base nas práticas de uma sociedade sustentável de uma cidade saudável. ​Em vários momentos me emocionei com esta obra e com os resultados do projeto Águas do Cerrado e de tudo que significou para as escolas e os jovens que tiveram a oportunidade de vivenciar essas experiências. ​A recuperação de áreas degradadas, o desenvolvimento e reaplicações de tecnologias sociais, a formação de professores e de jovens empreendedores, os instrumentos de monitoramento das ações, a possibilidade de difusão do conhecimento e a busca por políticas públicas que favoreçam futuras ações, tudo me remete ao possível e inesperado, porém, infinitamente tecido por um fio invisível aos olhos, mas imprescindível ao coração. ​Que os leitores possam desfrutar de uma enriquecedora reflexão e de pequenas felicidades proporcionadas pela delicadeza e profundidade com que esta turma trata a humanidade. E que, como eu, possam vislumbrar se tornarem pessoas melhores para um planeta melhor.

Produtor rural orgânico, deputado distrital licenciado e Secretário do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos do Distrito Federal.

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Apresentação O projeto Águas do Cerrado foi concebido como uma iniciativa de promoção do uso racional da água, difusão de tecnologias sociais, recuperação do cerrado, uso sustentável do solo e construção de uma nova mentalidade, mais ecológica, na sociedade do Distrito Federal, por meio de um amplo processo de educação para a sustentabilidade. Atuou nas bacias do Lago Paranoá e do Rio São Bartolomeu, duas das principais reservas de água da região e gravemente ameaçadas por um acelerado processo de degradação dos córregos que alimentam seus reservatórios e ocupação desordenada de seus territórios. Ao longo dos dois anos do projeto, entre 2014 e 2016, foram realizadas mais de uma centena de ações revegetando beira de rios, realizando cursos e instalando tecnologias sociais em escolas públicas e comunidades rurais e difundindo o conhecimento da permacultura e suas práticas e ainda estimulando o protagonismo de jovens e gerando oportunidades de trabalho e renda com serviços socioambientais. O executor da iniciativa foi o Ipoema, associação sem fins lucrativos que atua há mais de 10 anos na missão de consolidar­ a consciência ambiental e promover a construção de uma sociedade mais justa e ambientalmente equilibrada, por meio da Permacultura, uma metodologia para a ocupação sustentável dos ambientes O projeto foi patrocinado pela Petrobras por meio do programa Petrobras Socioambiental e contou com as parcerias da Embrapa, Jardim Botânico de Brasília, Escola da Natureza, Funatura e CAESB além de outros apoios pontuais.

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Agradecimentos, 7 Prefácio, 11 Apresentação, 13 Princípio, 17 O futuro em nossas mãos, 21 Recuperação de áreas degradadas, 25 Educação para a sustentabilidade e implementação de tecnologias sociais, 31 Construção de governança social e fomento de políticas públicas, 41 Empreendedorismo socioambiental, 47 Difusão do conhecimento, 53 De volta ao princípio, 57 Créditos, 62



Princípio A história do projeto Águas do Cerrado começa há muito tempo atrás. Em 2005, germinava uma semente de inspiração em Brasília. O sonho de envolver e ampliar a participação da sociedade civil na construção do modelo de sustentabilidade proposto pela permacultura motivou o nascimento do Ipoema – Instituto de Permacultura. Permacultura. O termo foi sugerido pelo naturalista Bill Mollison em 1978, a partir de um trabalho desenvolvido em parceria com David Holmgren, durante um curso pioneiro de Design Ecológico na Tasmânia, Austrália. A palavra é derivada da contração dos substantivos (em inglês) permanent e agriculture, agricultura permanente, numa tradução livre. Para aqueles visionários, sem uma base agrícola permanente, não seria possível haver uma sociedade permanente (hoje diríamos sustentável). A permacultura envolve o planejamento de ambientes sustentáveis, bioconstruções, uso racional da água, energias renováveis, sistemas agroflorestais, produção alimentar ecológica e organização social participativa. Ideal e prática foram assimilados e difundidos pelo Ipoema.

Manejo da Terra e da Natureza

Posse da Terra e Comunidade

Espaço construído

Ferramentas e Tecnologia Éticas e Princípios do Design

Economia e Finanças

Cultura e Educação Saúde e bem-estar espiritual

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Acolhidos pela generosidade da Chácara Asa Branca, que já há seis anos antes praticava os preceitos desta ciência da sustentabilidade, os projetos do Instituto puderam se materializar em habitações onde o abastecimento e tratamento das águas, a produção de alimentos e atividades produtivas eram exemplos presentes de aplicação da permacultura. Aos poucos, as experiências que frutificaram naquele santuário a 23 km do centro da capital do país foram ganhando mais terreno e visibilidade até que, em 2011, o projeto Água Sustentável: Gestão Doméstica de Recursos Hídricos foi certificado e premiado pela Fundação Banco do Brasil como uma das três finalistas na categoria “Gestão de Recursos Hídricos no Prêmio de Tecnologias Sociais” desta renomada Fundação. Aquele prêmio reafirmava a confiança de que as propostas e ideais do Ipoema poderiam, de alguma forma, contribuir para a utopia de uma sociedade melhor, com mais justiça social e equilíbrio ambiental, em prol das gerações futuras. Era também um indicativo de que o Instituto ganhava maturidade para tentar passos maiores.

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Ao pensar em permacultura, Bill Mollison e David Holmgren idealizavam um modo de produzir que fosse harmônico com os ecossistemas. Sonhavam com a possibilidade de garantir a produção de alimentos, fibras, materiais de construção e combustíveis sem destruir ou impactar a natureza. Quase 40 anos depois, o conceito de permacultura continua evoluindo. Hoje “Cultura Permanente”, sua visão compreende o sentido da necessidade da profunda mudança cultural e civilizatória que o ser humano deve internalizar para retribuir a acolhida de Gaia, o planeta vivo, que nos alimenta, nos aquece e nos abriga e do qual fazemos parte. Para germinar em 2014, o Águas do Cerrado bebeu dessas fontes, apontando para a construção de um novo mundo, uma nova cultura.

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O futuro em nossas mãos Duas das principais bacias hidrográficas do Distrito Federal são a do Paranoá e a do São Bartolomeu. O Lago Paranoá foi projetado para dar conforto à ocupação humana em Brasília. Resultado do represamento do rio Paranoá, o lago tem 40 quilômetros quadrados de extensão, profundidade de até 48 metros e cerca de 80 quilômetros de perímetro. A bacia do rio São Bartolomeu é a maior dentro do Distrito Federal, com uma área aproximada de 4,5 mil km2. Nela estão localizadas as regiões administrativas de Planaltina, Sobradinho, Paranoá e São Sebastião, além dos municípios goianos de Cristalina, Cidade Ocidental e Luziânia. Graças ao acelerado processo de urbanização da região, à atividade agropecuária e à ocupação irregular de áreas públicas, os córregos que alimentam os reservatórios dessas enormes fontes d’água estão sendo degradados. Recuperar essas áreas, promovendo a cultura do uso sustentável da água, é a alma do projeto Águas do Cerrado. A receita do projeto tem um quê de simplicidade e revolução, e um outro de utopia e trabalho. Tudo começa com as ações de revegetação de áreas associadas a cursos d`água que se encontram degradadas, transitando pela promoção do uso racional dos recursos hídricos em escolas públicas e em comunidades rurais, e partindo para a implementação, a replicação e a difusão de tecnologias sociais de permacultura.

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Mas é o movimento seguinte que consolida o processo de transformação. A ideia é revigorar a consciência ambiental, estimulando o protagonismo de jovens e gerando oportunidades de trabalho e renda com serviços socioambientais. Com isso, formam-se redes de relacionamento e de trabalho que promovem um modelo de governança social e de preservação dos recursos hídricos do Cerrado. Ao mesmo tempo, amplia-se a capacidade de debate sobre as políticas públicas ligadas às tecnologias sociais de melhorias na gestão social do uso da água na região. E aí está! Um modelo replicável de intervenção socioambiental, integrado pelos três setores da economia, e

que se vale da escola como espaço de formação, democratização e disseminação do aprendizado, bem como da pequena propriedade rural enquanto polo prestador de serviços ambientais. É mais fácil entender a experiência quando se pensa no projeto a partir de cinco eixos temáticos: 1. Recuperação de áreas degradadas; 2. Educação para a sustentabilidade e implementação de tecnologias sociais; 3. Empreendedorismo socioambiental; 4. Construção de governança social e fomento de políticas públicas; 5. Difusão de conhecimento.

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Recuperação de áreas degradadas Ou… Água se planta? Nas palavras de Cláudio Jacintho, o CJ, idealizador do IPOEMA e coordenador geral do projeto, uma das ações mais importantes para a recuperação ambiental do planeta é plantar árvores. “As florestas são as grandes responsáveis pela manutenção do ciclo hidrológico nos continentes, produtoras e conservadoras de solo, fonte de oxigênio e abrigo da biodiversidade, além de serem as grandes reservas de carbono que deve ser retirado da atmosfera para se evitar o aquecimento global. No que tange a água, uma árvore é composta, em cerca de 80 % de sua massa, por água. Na permacultura dizemos que florestas são verdadeiros lagos. Assim, podemos dizer que plantar árvores é plantar água!” Quando um permacultor ou permacultora olha uma terra degradada, leva para dentro de si uma série de perguntas que precisam ser respondidas nas suas complexidades. Essa é uma delas. Água se planta?

Antes luz, energia, água, um pássaro e sua árvore, aranhas, anta, brejo... MATA. Agora não há nada. Mesmo assim, seu olhar não se desvia da terra sem vida, degradada pela monocultura, pela pecuária extensiva, pela agricultura mecanizada e de baixa produtividade, pelos venenos agrícolas e produtos químicos. É necessário olhar novamente e imaginar um solo fértil reconstruído através de novos modelos sustentáveis de desenvolvimento e consumo da água, garantindo e protegendo seu acesso.

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Estamos perdendo água pois não temos mais, nas áreas degradadas, o complexo sistêmico que conserva, produz e recupera os recursos hídricos, levando às nuvens a água do solo e amparando as gotas de chuva para que possam lentamente

voltar ao interior da terra, antes de encontrar e formar uma nascente. Um cenário caótico a ser iluminado por soluções inovadoras, daquelas que vêm com aquela sensação de enxergar num quarto escuro: devagarinho o olhar acostuma.

A intervenção humana é positiva quando é para reverter o quadro de degradação.

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Para recuperar as áreas degradadas que afetam os cursos d’água das bacias do Lago Paranoá e do Rio São Bartolomeu, no Distrito Federal, o projeto Águas do Cerrado promoveu uma série de intervenções positivas. Foi nesse contexto que foram realizadas uma série de vistorias no médio e alto São Bartolomeu. As visitas tinham, entre outros objetivos, monitorar as áreas de plantios e dar manutenção às mudas plantadas pelo Ipoema desde 2011. Num período de 2 anos, compreendido entre 2014 e 2016, foram monitoradas mais de 130 mil mudas de reflorestamento, distribuídas numa área superior a 75 hectares ao longo do Rio São Bartolomeu.

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O Águas do Cerrado também proporcionou a elaboração de um projeto de revegetação em área de Preservação de Manancial, associada à Estação de Tratamaneto de Água na Estação Ecológica do Jardim Botânico de Brasília. Com isso, cerca de 38 mil mudas foram plantadas numa área estimada em 5 hectares. Há mais no que reparar que na frieza dos números: é o processo que revoluciona a cultura. Vale ver como faz Patrícia Kratka, coordenadora técnica-operacional do projeto, ao desembaraçar os nós das inúmeras possibilidades de ação, minhocando a mente, separando a terra com as mãos e ajudando uma criança a colocar a muda no berço adubado.

Suas mãos carregaram a semente antes de ser muda. Suas mãos e sua visão de mundo fizeram proteger aquela semente no viveiro do Ipoema por quatro meses, antes que aquela mudinha ficasse forte para o mundo e enfrentasse a missão de ser uma dentre as outras milhares de futuras árvores do Águas do Cerrado. Patrícia não está sozinha, ela faz parte da equipe militante do Ipoema que se junta ao movimento da comunidade. E ali, olhando a terra sendo replantada, Patrícia, tem certeza que seu esforço não é em vão. A mata, o brejo, a anta, o pássaro e sua árvore, luz, energia e a água podem de novo gerar vida.

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Educação para a sustentabilidade e implementação de tecnologias sociais Ou… O simples é bonito Para CJ, a mensagem da permacultura é direta, pragmática e focada na realidade presente. Sua indagação não deixa dúvidas: “quais são as demandas reais?”, pergunta a si mesmo. Sabe que a resposta virá em forma de soluções novas para um problema velho que agora assombra a humanidade: escassez de água limpa e esgoto a céu aberto. E quem pensa que estamos em um beco sem saída, enganase. A permacultura responde com duas simples ideias: captar a água da chuva e construir fossas ecológicas. No Centro de Permacultura Asa Branca, CJ aplicou esses princípios e, junto aos seus pares, deu o nome de tecnologia social Água Sustentável. A iniciativa que virou prêmio é, agora, realidade para algumas escolas públicas do Distrito Federal. A comunidade escolar é parceira para resolver as demandas que virão e para as quais devemos nos preparar.

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A partir dos cursos do projeto Águas do Cerrado oferecidos nas escolas, os alunos viraram professores nas suas casas, nas suas comunidades. É bom para quem aprende e para quem ensina. Relações mais fortes e ricas nasceram dessa ética ecológica que a permacultura introduz. O aluno João Pedro vê a permacultura como um jeito de cuidar de si mesmo, ajudando o outro. Ele fez os cursos e aplicou o que aprendeu na sua escola e na sua casa, obtendo resultados suficientes para refletir aquele brilho nos olhos de quem sabe que está fazendo o bem. Seu pai, sua mãe e seu tio aderiram à sua causa e contribuíram para captar e reutilizar a água.

CJ dá o veredito: “um dos grandes baratos da Permacultura é sair do problema e ir direto para a solução.” A solução encontrada pelo projeto para implementar tecnologias sociais começava por identificar escolas públicas a serem beneficiadas e definir estratégias para mantê-las mobilizadas ao longo de 2 anos. O processo se iniciou com visitas de sensibilização na Estação Permacultural Asa Branca, passou pela eleição das escolas participantes do programa completo e teve a capacitação teórico-prática dos alunos e comunidade escolar enquanto se implementavam as instalações das tecnologias sociais nos espaços das respectivas escolas.

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Cerca de 6.400 alunos realizaram visitas de sensibilização na Estação Escola Asa Branca, em 200 visitas de 34 escolas públicas do DF e região, tendo aulas ao ar livre no cerrado, conhecendo soluções sustentáveis e novos modos de interação mais harmônicos com a natureza. Cinco escolas públicas de diferentes regiões administrativas do DF foram selecionadas para receber o Programa Completo de Educação para Sustentabilidade: CED 310 em Santa Maria, CEF Dra. Zilda Arns no Itapoã II, CEF Nova Betânia em São Sebastião, CEAN na Asa Norte e CED Lan, no Lago Norte, além da Escola da Natureza, parceira do projeto.

Tal programa consiste em mobilizações na comunidade escolar, eventos locais, capacitações destinadas a alunos, professores, funcionários e comunidade, instalação de tecnologias sociais nas escolas, acompanhamento das atividades e ações de formação e ainda do programa Jovem Empreendedor. Neste sentido, foram realizados, 5 cursos de Jardins Agroflorestais, 5 cursos de Manejo Sustentável da Água e 5 cursos de Introdução à Permacultura. Durante as capacitações, os cursistas tiveram a oportunidade de aprender fazendo e com isto colocaram as mãos na massa e na terra para a implementação das tecnologias sociais nas suas escolas.

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Cada escola foi beneficiada com Instalações para captação e armazenamento de água da chuva, sistema de tratamento ecológico de esgoto, viveiro para produção de mudas nativas e frutíferas, utilizadas para a implantação do paisagismo produtivo e em ações de reflorestamento comunitário, jardim agroflorestal e minhocário educativo para aproveitamento dos resíduos. A escola da natureza, também parceira do projeto, além destas benfeitorias citadas, recebeu ainda um sanitário ecológico, também conhecido como banheiro seco. E de que serve isso tudo? Para aprender (e mudar) é necessário observar. Lembram do aluno João Pedro? Aquele que aprendeu a ensinar sobre permacultura. Ele nos mostra um pequeno espaço de terra onde plantou diversas espécies diferentes e nos afirma que, em alguns anos, estará comendo o fruto do cajueiro. A produção de um alimento não é só colocar qualquer coisa na mesa. Ela vem de algum lugar. Um alimento transmite energia que fortalece o corpo, mas que também é o resultado de uma ação de quem trabalhou em uma terra com muitas árvores, sombra e água fresca, com pessoas agradáveis, e onde o ar é mais gostoso de se respirar. Viram como é bom recuperar essa noção de pertencimento? Esse é um exemplo do que a mobilização social, as vivências educacionais e as tecnologias sociais instaladas nas escolas são capazes de oferecer às pessoas ao seu redor.

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Uma educação de transição precisa de pontes. E Fernanda Rachid, coordenadora pedagógica, está atenta em conectar horizontes. Educação e política definem bem o seu trabalho no projeto. Quando organiza e prepara os cursos junto aos instrutores, ressalta a importância de ouvir o outro. Quais os

contextos sociais? O que pensam da cidade em que vivem? O que fazem no trabalho? É um abrir-se para as várias visões de mundo que irão desafiar os objetivos do projeto, para as quais ela e a equipe foram cuidadosos ao longo dos 2 anos de execução do Águas do Cerrado.

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No curso Águas do Cerrado, realizado especialmente para os profissionais de carreira da educação, houve forte participação de professores, funcionários da biblioteca, merendeiras, vigilantes e a comunidade de cerca de oito regiões administrativas do DF, revelando que a dessemelhança enriquece o diálogo, do mesmo modo que a di-

versidade vegetal mantém fértil o solo nas agroflorestas. Assim vai-se enredando, como Fernanda gosta de dizer. Educação é também alegria, esperança e utopia, como queria Paulo Freire. Trazer realmente a escola para a permacultura e a permacultura para a escola é um imenso desafio político e educacional.

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O legado do projeto para esta nova educação não parou por aí. No movimento de consolidar a Chácara Santa Rita, Sede do Ipoema, como seu novo espaço educacional, foi implementado o Centro de Referência Águas do Cerrado, no qual foram bioconstruídas a Cozinha do Cerrado, o Espaço Cultural e o parque Divirta-se com capacidade para 100 pessoas cada. Utilizando estrutura de eucalipto e paredes em pau a pique, a terra crua e a madeira deram forma a estas

construções ecológicas, aliando sustentabilidade, conforto e beleza. O estudo prévio da localização e o projeto arquitetônico permitiram a menor movimentação do terreno possível e proporcionaram uma vista panorâmica magnífica para o vale, com o nascente e poente. As tecnologias de água garantem o tratamento ecológico do esgoto, com o banheiro seco, a bacia de evapotranspiração e o círculo de bananeiras, fazendo do espaço uma escola de boas práticas.

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Construção de governança social e fomento de políticas públicas Ou… Educação é política A educação para a sustentabilidade cria as condições necessárias para a mudança de paradigmas. Isso não acontece de uma hora para outra e nem com políticas e ações educacionais isoladas. Uma nova educação deve levar em conta a qualidade do ensino, aproximação das relações entre pais, alunos, escola, funcionários e professores, transversalizando o conhecimento, valorizando o meio ambiente e integrando a cultura e as comunidades locais. Leva tempo, e muita dedicação de todos os envolvidos. Construir uma prática que consolide no dia a dia os novos conceitos

ambientais é, no fundo, observar os princípios da própria natureza, compreendendo e interiorizando seus ciclos e fluxos. O Águas do Cerrado desenvolveu um componente de educação para a sustentabilidade que pulsa numa prática de diálogos constantes entre alunos, locais de ensino e educadores. Esse contato prazeroso resulta numa aprendizagem mais coletiva, responsável, promotora de ações e projetos pedagógicos que integram o saber ao meio ambiente e promovem reflexões sobre um modo de vida de fato mais sustentável.

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Política é participação Mas não bastava atuar na escola, antes era necessário praticar o que se propõe. Desta forma, a governança do projeto foi compartilhada com os parceiros institucionais. Um representante de cada uma das instituições envolvidas e eram cinco, com diferentes naturezas jurídicas, Embrapa, Caesb, Jardim Botânico de Brasília, Funatura e Escola da Natureza, se reuniam uma vez por mês no que chamou-se GOP, Grupo Operacional do Projeto, com a missão de realizar balanços das atividades desenvolvidas no período, validação de decisões estruturais e contribuição com olhares externos. Além disso, também era preciso identificar e mobilizar gestores públicos do poder legislativo e do executivo e apresentar a esses atores o projeto Águas do Cerrado. A intenção era definir uma agenda de trabalho propositiva e identificar novas oportunidades para replicação do projeto.

Essa aproximação resultou na proposição de uma minuta­ de ante-projeto de lei para tornar replicável atividades realizadas com a experiência do Águas do Cerrado, garantindo a continuidade das ações, e na realização de um seminário para 500 pessoas, com duração de dois dias, visando também mobilizar atores socioambientais para a proposição de políticas públicas inspiradas nas atividades do projeto. Por trás de tudo, há a intenção declarada de conferir poder aos parceiros, às pessoas que regularmente interagem entre si, compartilhando um objetivo em comum. Eis que se apresenta o método de governança conhecido como sociocracia, um locus onde as decisões são feitas a partir de consultas e consentimentos mútuos, nos quais se consideram com equivalência e transparência as percepções de cada pessoa envolvida no projeto, mas se privilegia a eficiência no alcance do objetivo comum.

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A sociocracia é a opção de governança do Ipoema. Em uma organização sociocrática (empresa, associação ou comunidade), cada pessoa tem o poder e a responsabilidade de participar das decisões que governam a própria organização. Os resultados são expressos em comprometimento, criatividade, liderança distribuída, harmonia e produtividade. Nesse fazer, os atores do projeto – militantes do Ipoema, parceiros, comunidade, professores, alunos, atores socioambientais – vão realizando, juntando as duas margens, podando os galhos secos, fazendo o papel de vento, para se chegar a um fluxo que aponte soluções e quebre as resistências de se implantar novos modelos de convivência social e ecológica. Assim como a água segue seu fluxo contornando as pedras do meio do caminho.

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Empreendedorismo socioambiental Ou… Saber realizar para a comunidade Experimentar os fundamentos da permacultura é realizar um sonho bom para todos. E o projeto Águas do Cerrado é só um começo. O curso de jovens empreendedores, um dos pilares do projeto, selecionou 31 jovens como agentes para a transformação socioambiental. Foi a oportunidade para que os multiplicadores criassem suas próprias soluções para os problemas sociais e ambientais de suas comunidades. Para caminhar nesse rumo, de cada escola participante do programa completo, elegeu-se um grupo de alunos do ensino médio que teriam a oportunidade de participar do curso. As comunidades escolares foram convidadas a legitimar a escolha. Constituída a turma, composta por 31 alunos, houve uma formação visando à orientação para atuação a profissional no projeto e o desenvolvimento de habilidades para o empreendedorismo. Formados, os alunos contaram com a supervisão e assessoria para o seu trabalho na comunidade.

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Camila Maia, instrutora do curso e supervisora pedagógica do projeto, está ali pertinho, integrando e integrada, cooperando com o processo intensamente, crítica, com a paixão de quem não se esconde: “as soluções tradicionais são as que perpetuam o sistema ineficiente vigente”. Um dos grupos de trabalho formado pelos alunos que participam do Águas do Cerrado, durante o curso de Jovens empreendedores, elaborou o Ecoagrobus, projeto pensado para ser o canal de difusão dos produtos agroecológicos, circulando pelas comunidades e distribuindo a produção. E a ideia empreendedora vai além, prestando serviço para os próprios produtores, com formação e transferência de tecnologia. Uma ideia simples apoiada no pensamento “inovar é preciso”. O trabalho da Camila é acompanhar e promover esses projetos criadores de novas soluções, que vão nascendo nas escolas a partir da fonte, o Águas do Cerrado.

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Aliás, participar do projeto é sonhar junto. Um sonhar de olhos abertos, típico de quem ama a natureza, mas que tem consciência dos desafios ambientais que precisam ser superados; de quem busca um caminho espiritual de conexão com toda a vida, mas que crê na cooperação e na responsabilidade da transformação pacífica. Um sonhar esperançoso e pragmático, que tem em si a força que faz crescer cada indivíduo que dele participa. Uma visão ampla e integrada de todas as ações pedagógicas que acontecem no projeto é o saber de Camila. E garantir que essas ações estejam amparadas pelos fun-

damentos e principalmente pela ética da permacultura é o desafio diário de quem vive o tempo experimentando novas formas de agir que melhorem a vida das pessoas e transformem o mundo num lugar melhor. A receita para a inovação, com temperos de geração de trabalho e renda, é investir na formação de jovens empreendedores. Ao final da capacitação, 10 jovens foram contratados como estagiários do projeto para cuidar das tecnologias sociais nas suas escolas, atuando como parte da equipe do projeto.

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Difusão do conhecimento Ou… Conhecer para mudar A difusão de conhecimento do projeto Águas abrangeu diversas peças de comunicação, materiais didáticos e uma série de atividades entre grandes e pequenos eventos. Não se limitou à tarefa de tornar públicas as suas ações ou ao aspecto de promoção da visibilidade das instituições envolvidas. Como pontua Daniel Lavenère, coordenador de comunicação do projeto, as ações de comunicação se envolveram com afinco no desafio de produzir materiais capazes de difundir e de compartilhar o conhecimento acumulado ao longo do tempo. “Mais importante que os materiais promocionais, produzimos uma série de materiais educativos, como cartilhas e manuais sobre permacultura, jardins agroflorestais e manejo sustentável da água”, afirma Daniel. Para ele, difundir o conhecimento é a melhor forma de promover mudanças na sociedade.

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CURSO DE CAPACITAÇÃO

Jardins

Introdução à Permacultura Seja responsável por sua própria existência.

Princípios, Implantação e Manejo GUIA PRÁTICO

Manejo Sustentável da Água Repensar hábitos de consumo e praticar uma nova proposta de gestão da água com autonomia e criatividade para resolução de problemas locais.

Realização Realização

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Brasília – DF | 2014

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CURSO DE CAPACITAÇÃO

CURSO DE CAPACITAÇÃO

Se não for divertido não é sustentável. Este foi o lema do Espaço Águas do Cerrado, o maior evento promovido pelo projeto. Foram dois dias de uma grande força de trabalho da equipe do projeto, dos colaboradores e voluntários, que com amor e carinho se empenharam na tarefa produzir um evento de grande porte, belo e divertido. O público de 4 mil pessoas acompanhou de perto as atrações culturais, com música, artes cênicas, atividades lúdicas e cooperativas e se mostrou engajado nas questões socioambientais participando com afinco das oficinas, debates e palestras. De uma maneira muito sedutora, o espaço Águas do Cerrado mostrou que uma sociedade mais sustentável é possível na prática. De fato, para além das atividades de comunicação em diversas mídias e expressões culturais – Internet, eventos, seminários – o projeto fez do seu núcleo de comunicação um espaço estratégico de apoio à tarefa de educar. Mas e o projeto? Todo ele foi documentado. Há um curta-metragem que conta sua história. Há também uma página no Facebook e um site com todos o materiais produzidos. E também uma websérie na Internet. Na websérie “No Correr das Águas” são abordadas as temáticas que motivaram a realização do projeto, apresentados os problemas e soluções, exemplos de práticas realizadas pelo projeto e por toda a sociedade na intenção de transformar a realidade local e global. Também se fala sobre Educação para a Sustentabilidade e sobre Políticas Públicas, por exemplo. Todos esses materiais estão disponíveis em PDF para download com permissão para compartilhamento e adaptação para favorecer a disseminação. Gratuitamente. “Nosso interesse não é apenas aparecer na TV, no rádio e em jornais e revistas. Nosso interesse é fazer a diferença”. É o que nos revela Daniel.

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Brasília – DF | 2014

Brasília – DF | 2015


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De volta ao princípio Luiza Padoa, diretora do Ipoema, tem na ponta da língua a forma como tudo se desenrolou ao longo de dois anos do Águas do Cerrado. “Para que este sonho se tornasse realidade, foi fundamental que toda a equipe e parceiros acreditassem no poder transformador do projeto, a grande empreitada que é, que foi e continuará sendo a

de construir um mundo melhor, mudando as relações humanas e socioambientais”. E para construir o novo, Luiza e Claudio entenderam que era necessário começar dentro do projeto a viver o novo. Para isso, eles recorreram a diversas metodologias e ferramentas inovadoras e criativas para criar um espaço de trabalho amoroso e produtivo.

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O Águas do Cerrado fecha um ciclo de transformações. “Transformação a partir da Permacultura, para cuidar da terra, das pessoas e distribuir com justiça os recursos”, afirma Luiza. “Transformação por meio do Dragon Dreaming para sonhar, planejar, realizar e celebrar todas as etapas do projeto, para a maximização da inteligência coletiva, a criação e fortalecimento de comunidades e o crescimento pessoal. Transformação por meio da Sociocracia para estabelecer um novo modelo de governança e hierarquia, tomar decisões por consentimento e permitir-se errar para que se possa tentar. Transformação por meio da Comunicação Não-Violenta, para cuidar das relações interpessoais, entender seus sentimentos e necessidades, e lidar com o outro de coração aberto. Transformação por meio do design de informações para expressar conteúdos complexos de formas simples e encantadoras”. O mundo ao redor transformado por um laço, que envolve tanto a equipe do projeto quanto parceiros, agricultores e comunidade escolar. E, assim no correr do tempo e das águas, a todos que gestaram e cuidaram do projeto, promovendo essas tantas transformações, contribuindo com novos e múltiplos olhares para os problemas, e aos que compartilharam, nosso agradecimento. E, às Águas do Cerrado e do futuro, um desejo de nascimento e renascimento das muitas sementes que agora estão plantadas.

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Direção do IPOEMA – Instituto de Permacultura: Luiza Padoa e Eduardo Lyra Rocha Coordenação Geral do projeto Águas do Cerrado: Claudio Jacintho Equipe do projeto Águas do Cerrado Alan Schvarsberg Bruno Lemos Camila Maia Chico Furtado Daniel Garcia

Gustavo da Mata Guilherme Mamede Jade Tissiani José Ifran Araújo Julia Tolentino

Maicon Braúna Marina de Almeida Neodir Luiz Talini Patricia Kratka Rothier Benther

Tatiane Yumi Fukae Victor Muller Wagner Soares

Lucas Santana Luis Carlos Ramos Lorena de Souza Marcela Manara Marcos Pinheiro

Masanori Ohashy Mauro Silva Mauro Siqueira Paola Antony

Patricia Marreiros Rafael Lavenère Renata Navega Renato Perotto

Kallel Kopp Lucas Miranda Nayara Moreira Otávio Torrão

Eduardo Lyra Rocha Fabiana Penereiro Helena Maltez Henrique Veloso

Miguel Marinho Mônica Carapeços Mônica Passarinho Raisa Moura

Renato Cunha Sérgio Pamplona

Diego Motta Eldinê Pereira dos Santos Elias de Sousa Pereira Fabio de Sousa

Galdino de Aquino Neves João Victor Xavier Jose dos Santos Bento Alves Josimar Ferreira Leite

Manoel Martins Soares Maria Auxiliadora de Aquino Mauro Sergio de Aquino Filho Miguel Rosa do Nascimento

Nilson Oliveira de Araújo Pedro Rosa Nascimento Silvano Amanajas Viana Valdir Ribeiro Gonçalves

Daniel Lavenère Dayanne Feitosa Edilene Nascimento Érica Gabriela Braúna Fernanda Rachid

Colaboraram com a equipe Andrea Zimmerman Ana Paula Rabelo Artur Souza Bernardo Bernardes Dario Noleto

Davi Carvalho de Mello Gabriel Romeo Isabela Tibães João Gabriel Luana Sena

Educadores envolvidos Bruna Souza, Cristiane Brandão, Fernanda Fagundes Marcelo de Oliveira

Equipe de campo Anderson Alves Neves André Vitor Talini Cristina Alves Pereira Daniel Leite Fermon

elo com A PETROBRaS Marcos Vinícius de Almeida


Grupo operacional do Projeto (parceiros) Cristine Cavalcanti Daniel Vieira Fernando Lima

João Amorim Lêda Bhadra Bevilaqua Lucas Francisco da Silva

Marcia Diniz Miguel Marinho, Renata Potolski

Jovens Empreendedores CEAN Gabriel Victor Medeiros Vieira Gleiciane Gomes Pedroza João Miguel De Brito Laísa Figueiredo dos Santos Laura Dorneles do Amaral Leon Martins C. A. Quartim Luana Roberta M. Oliveira Victória Braga Dorneles Yasmeen Carvalho Pinheiro

CEDLAN Fernanda da Fonseca L. Dias Francisco Sérgio S.B. Junior Gustavo de Souza Candido João Marcos Millena de Jesus Dias Rafael Sousa Morais Sarah Oliveira Santos

ZILDA Douglas Lopes de Souza Edison Inácio Da Rocha Izaelly Messias O. Frazão Katiane Vitoria S. dos Santos Mauricio Paes Landim de Jesus Moisés Rodrigues Monteiro Moisés Rodrigues Monteiro

Voluntários do Espaço Águas Afonso Soares Carneiro Amélia C. N. Baracho Martins Ana Paula Julio Ferreira Estéfani Jesus dos Santos Fernando Silva Borgneth

Izabelle Nunes Sardinha Juliana Ferreira Leite Lorena Lucas Sasaki Marcela Silva Abad Mikhael Pontes Gonçalves

Pedro Gabriel B. C. Tristão Thábata Lohane P. M. Bezerra Tiago Schwingel Goulart

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CED310 Brenda Lopes M. Teixeira Brendo Lopes Teixeira Gabrielle Carvalho dos Santos Maria Andrena Almeida Freitas

NOVA BETANIA Ana Luisa Alves Sombra Camila Maria Rodrigues de Souza Guilherme A. da Silva Martins Sara Luiza R. da Conceicao Vinicius da Silva Soares



Em 2005, germinava uma semente de inspiração pação da sociedade civil na construção do modelo de

Acolhidos pela generosidade da Chácara Asa Branca, em habitações onde o abastecimento e tratamento

permacultura. santuário do país foram ganhando mais terreno e visibilidade até que, em 2014, foi iniciado o projeto Águas do Cerrado duas principais fontes de água do Distrito Federal, as bacias do Lago Paranoá e do Rio São Bartolomeu, gravemente ameaçadas por um acelerado processo de degradação dos córregos que alimentam seus reservatórios. Recuperar essas áreas, promovendo a cultura do uso sustentável da água, é a alma do projeto Águas do Cerrado. A receita do projeto tem um quê de simplicidade e revolução, e um outro de utopia e trabalho.

www.ipoema.org.br/aguas/

aguascerrado IPOEMA www.ipoema.org.br ipoema@ipoema.org.br 61 9977 7906

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