Salgado com o Mar, intenso igual Cerrado
Isadora Tavares
Luiz Salgado canta suas raízes Ninguém vive sem música, esse é um fato unânime. Mas qual a função da música? O que ela deve nos passar? Para o querido Luiz Salgado, tema de uma de nossas reportagens especiais, a música é o que deixa a vida mais feliz, e seu intuito é levar emoção ás pessoas, mexer com seus sentimentos mais íntimos. Luiz Carlos Salgado é um cantador e violeiro mineiro de 41 anos, natural de Patos de Minas. Desde pequeno se encantava com a música, em especial a regional recheada de histórias da roça e do viver sertanejo. Aos 5 anos já cantava e se apresentava em programas de Televisão, chegou a ganhar o 1 lugar em um quadro chamado Só Para Crianças em 1983, e por coincidência ou não, 30 anos após ganhar este prêmio, Luiz Salgado subia no Palco do mesmo Programa se apresentando para todos, “foi um momento emocionante” segundo ele. Sempre apoiado pela mãe e ora ou outra pelo Pai, Luiz Salgado continuou sua sina, e aos 18 anos, com a ajuda do Professor de matemática e um dos sócios da escola Leonardo Da Vinci, Henrique Goulart, gravou em um estúdio de Uberlândia sua música Amor Perpétuo. A partir daí sua carreira começou a decolar cada vez mais. O mundo da música é um palco incerto, o sucesso vem a poucos. Mas o que de especial tinha Luiz Salgado para já tão novo, alavancar ao mundo da música? De acordo com Lucas André de Paula, amigo e atual parceiro de trabalho com o projeto “ O terrível encontro”, o sucesso de Salgado se deve a poesia popular que há em suas composições, a maneira como ele traduz “o cotidiano de uma forma bonita”. No início de sua trajetória, Luiz Salgado gostava de cantar a sua terra, o cerrado, todo o ambiente em que ele vivia, já que por um tempo Salgado morou em um sítio próximo a Patos de minas com a família. Logo, sua vontade era mostrar para o mundo a música popular de viola que andava esquecida pelas pessoas. “O Luiz passa uma coisa de aproximação com a natureza, com os costumes, tradições, ele traz uma reminiscência que faz as pessoas se emocionarem” – Ciro Nunes, músico e também parceiro de Luiz em O Terrível Encontro. Se a música colore a vida, quem dá o tom são os músicos. Através das diversas violas tocadas por Salgado, com suas canções e melodias escritas, o mundo “Se colorirá”, como na Aquarela de toquinho. Um grito de Guerra pede a natureza dentro das canções de Salgado. Reafirmando seus anseios principais, as músicas de Luiz agregam novos elementos a música de cultura popular, seja no pontilhado da viola caipira, no Congado ou com as belas Folias de Reis. “Salgado como Mar, calmo como um rio em dia de cheia, forte como um carcará “, podemos definir Luiz Salgado assim como sua própria música coloca. Em concordância com a opinião de Xande Tannus, grande amigo e baixista de Luiz Salgado, diríamos que salgado é um artista que segura aquela velha bandeira de não deixar cair no esquecimento as coisas simples e bonitas da vida. Como o próprio artista diz, “a música deve fazer chorar, rir, refletir e até ficar com raiva ás vezes, tem que fazer você relembrar ou mesmo imaginar algum momento de sua vida” o que estamos de acordo é que a música tem que passar algo, e diga-se de passagem, as composições de Luiz Salgado fazem muito bem esse papel.
Festival da Diversidade
Isadora Tavares
A cultura e o público se misturam em meio a variedade do Festival Marreco
Foto: Guilherme Faria
O Festival Marreco de Cultura Independente é um evento artístico realizado na cidade de Patos de Minas. Ele valoriza o respeito à diversidade, à pluralidade e às identidades culturais; estimulando a criatividade, a inovação e renovação de ideias, principalmente ligadas a conscientização. O público que forma o festival é variado, e por ser tão diverso, merece um foco especial. No ano de 2007 foi realizado o primeiro Festival Marreco, com a duração de um só dia. Foi uma novidade para os jovens que clamavam por cultura em Patos de Minas, assim, o seu público ficou restrito a adolescentes e juvenis somente. Com o passar do tempo, o próprio Festival e seu público cresceram, evoluiu em termos de organização, identidade e qualidade musical. “A produção do Festival, a variedade de possibilidades musicais, educacionais e sociais do festival, incentivou ao aumento do público” diz Lucas André de Paula, membro do Coletivo Peleja, organizador do festival. Segundo ele, ao longo dos anos houve a formação de um público específico para o evento, tornando-o assim uma festividade tradicional em Patos de Minas. Agora, o que há por trás da organização de um Festival com tanta heterogeneidade de público? O Marreco é coordenado pelo Coletivo Peleja, uma organização sem fins lucrativos. Assim, como a organização não é mantida financeiramente, seus participantes são voluntários, trabalham todo ano para que se tenha o evento. Para conseguir capital para realização de um festival do porte do Marreco, seria a partir do abate dos impostos de renda de grandes empresas privadas, porém, o valor investido para patrocinar projetos desse modo deve corresponder a somente 4% da arrecadação total dessas empresas, a dificuldade de conseguir esse tipo de patrocinadores é grande, pois em Patos de Minas há poucas empresas com um ganho tão superior . Porém, outra fonte de renda para a realização é o apoio do Município a partir de verbas destinadas ao festival, “ a prefeitura de Patos de Minas é uma grande apoiadora do Festival Marreco, tanto na parte de recursos quanto repasses financeiros destinados ao
festival” afirma o Secretário de Cultura Fabio Amaro. Além de contar também com a participação de diversas empresas patrocinadoras de iniciativa privada Patenses. Com uma gestão eficiente, o resultado não foi outro, o público cresceu bastante, desde crianças até a velha guarda vão prestigiar o Festival Marreco. A estrutura é bem elaborada na “Arena Cultural” do Parque do Mocambo, o que atrai muito as pessoas que procuram um meio de diversão e cultura. “Um dos enfoques do Festival sempre foi a formação cidadã e a formação de público para a Cultura” – Lucas André de Paula. Deixamos aqui, alguns depoimentos do público: Eu achei incrível, pude escutar um som bacana conhecer as várias culturas e isso me gerou uma experiência ótima – Eduarda Sousa, 17 anos, Estudante. O Festival Marreco pra mim é o melhor evento que acontece em Patos de Minas, ele procura atingir toda a população Patense de todas as idades, com atrações desde shows musicais de vários estilos mais alternativos, a histórias para crianças, feira artesanal etc. – Ana Paula, 22 anos, Publicitária. Cada ano é uma experiência nova, muito bacana, não é aquela coisa repetitiva – Thomaz –, 26 anos, Músico e Estudante. È um festival interessante, traz bandas independentes, com músicas autorais que deveriam ser mais valorizadas. E elas vêm de todos os lugares do Brasil, ano passado teve a banda Franciso El Hombre, uma banda que tem característica própria na produção das musicas. Julliane Souza – 19 anos, estudante de Jornalismo. Agosto é mês de Movimentação, é mês de Festival Marreco. O evento todo ano movimenta a economia e o comércio da cidade. Muitas pessoas de fora vêm a Patos por causa do festival, as bandas que se apresentam ficam hospedadas em hotéis, movimentando assim a rede de hotelarias, além da rede de produtores locais, seja na área de alimentação, bebidas ou mesmo empresas contratadas para montagem. Não tem segredos para o resultado de diversidade de público, o detalhe é que cada pessoa que participa do Festival, está lá por um pedacinho do evento, pode ser música ou poesia, arte, pinturas, artesanato ou mesmo só para ter um lugar bacana para conversar e curtir com os amigos. A variedade cultural é muito grande, e quem participa pelo menos uma vez na vida sai de lá de alma limpa e leve, essa é a magia do festival, reunir pessoas tão diferentes com um só propósito, a busca por cultura.
Um Momento para um Poema VICENTE SANTOS E SEUS POEMAS EDIFICANTES
Isadora Tavares
Momentos são inspiradores. É sob esta égide que alicerçaremos esta matéria especial sobre um Poeta Patense de 55 anos. Vicente Santos, uma pessoa que só espera coisas boas da nova geração de poetas, começou a se interessar por poesia já na infância desde quando se alfabetizara, sendo que suas primeiras leituras foram livros de poesia. Um indivíduo que se iniciou no mundo da literatura tão cedo, tem diversas inspirações para os seus escritos, dentre eles estão Fernando Pessoa, Jorge Amado, Olavo Bilac, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminski e principalmente Pablo Neruda.
Vicente Santos nasceu no ano de 1961, em um vilarejo chamado Brejão, perto de Patos de Minas-MG. Filho
Vicente Santos conta que começou a escrever na adolescência, “apenas colocava no papel uma série de sentimentos, que depois passei a desenvolver para uma proposta de rima, métrica”. Sempre recebeu apoio de tudo que escrevia, pois as pessoas se identificavam no que liam, e os elogios o faziam continuar a escrever.
de Ana Francisca Cândida e Vicente Benedito Sobrinho, o poeta ainda morou em
Os momentos são responsáveis por coisas incríveis! Os poemas de Vicente são criados assim, em instantes, num impulso. Utilizando as palavras do mesmo, “Poemas são intrusos, eles brotam”. Às vezes são feitos dez poemas de uma vez, depende do seu momento de criação.
cidades próximas como
A inspiração vem dos momentos de tristeza, alegria ou mesmo qualquer outro sentimento humano, que quando canalizados produzem verdadeiras obras de arte. Desse modo são feitos os poemas de Vicente, com um alto teor de qualidade e sentimentos, despertam a sensibilidade de quem os lê. Quanto à métrica, “os poemas em sua maioria, não se dividem em estrofes, são compostos de versos livres e também brancos, alguns possuem rimas internas ou em finais de versos ” explica Alétis Lete, Professora de português, corretora, e poeta esporadicamente”.
dezena de outras cidades.
É certo que os poemas varam o tempo, mas não duram para sempre, por isso, além dos rascunhos, Vicente guarda seus escritos na Nuvem, um artefato da tecnologia de bom grado aos artistas e demais pessoas incitadas a guardar coisas.
Um detalhe: quando Vicente
Quanto a respostas das pessoas em relação a seus poemas, são muitas. Vicente tem seus poemas expostos em diversos lugares, como no Varal de poesias do Festival Marreco, o evento Trem das Ruas, em escolas, espalhados pelos bairros de São Paulo, em painéis na praça da cidade, além de sempre serem expostos no Greenpeace, Ong da qual Vicente faz parte. Como grande apreciadora de Poesia e do trabalho de Vicente, posso dizer que seus poemas são magníficos, que passam verdade, humanidade, e um sentimento tão forte as pessoas que até quem não é poeta deseja ser, assim como em um de seus poemas preferidos “A pedra Filosofal”.
Uberlândia, Vazante, Patrocínio e mais uma
Tem dois filhos, Miguel de 23 anos e Gisele de 12. Trabalhou por mais de 40 anos em indústrias, mas sempre se dedicou a poesia.
não está escrevendo poemas, seu melhor passatempo é a música.
Por fim, é bom esclarecer que a leitura de um poema nem sempre é fácil, depende muito do notório saber de seu interlocutor, mas isto não é brecha para que se abandone a poesia. Todos os modelos poéticos são válidos, o importante é ter sentimento. “Quando você coloca um sentimento, uma dor no papel e o outro se condói com ele, já não é só mais sua dor, ela é dividida, então ela é meia dor e quantos mais puderem se enxergar nela, mais a sua dor ficará fragmentada e doerá menos “ - Vicente Santos.