Revista Arquitetura e Paisagem

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Arquitetura e Paisagem



Arquitetura e Paisagem


Editorial A Revista Arquitetura e Paisagem foi desenvolvida para a disciplina Teoria da Arquitetura, conduzida pelos docentes: Profª. Dra. Ana Paula Farah e Prof. Dr. Wilson Roberto Mariana da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Campinas e tem como objetivo analisar e discutir a relação da arquitetura com a paisagem. Em cada seção é discutido um assunto separado com seus subtemas e quando analisadas como um todo interligam-se entre si. Primeiramente procura-se discutir a transformação de grandes áreas verdes de preservação em arquiteturas de espaços coletivos. Logo após são apresentados exemplos diferenciados da arquitetura dos edifícios em si relacionados às paisagens. E, por último, é feito um ensaio sobre o estudo da arquitetura e sua relação com a paisagem.

Gabrielle Marconi 15048614 Isabela Martins 15072515 Júlia Gurgel 15013345


Sumário

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Inhotim

e a transformação de áreas verdes em áreas coletivas

As faces da arquitetura da

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Galeria Adriana Varejão

Como a interação entre a arte e um paisagismo exemplar qualificaram um espaço originalmente inutilizável pela comunidade.

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Álvaro Siza

eo enquadramento da paisagem

Um projeto que harmoniza e relaciona a arquitetura com a paisagem do local em que obra se encontra.

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Ensaio sobre o estudo da

arquitetura e sua relação com a

paisagem A visão do aluno sobre os aprendizados relacionados ao paisagismo e ao projeto.

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Relação

Vegetação e Arquitetura

A necessidade de integração entre o meio ambiente e a construção e como o uso da paisagem qualifica um projeto.

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Biblioteca

da Universidade Positivo

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Concurso para a

Futura Unidade IMPA


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Inhotim e a transformação

de áreas verdes em áreas

coletivas

Pode-se considerar que as operações sobre a paisagem (conservação ou transformação) são também de domínio arquitetônico-urbanístico, em que ela passa de plano de fundo a palco das relações entre os indivíduos e objetos. No caso de Inhotim, a paisagem é a extensão das obras de arte e do meio edificado, das galerias

Ana Isabel Oliveira Ferreira; Márcia Metran de Mello.


Mundialmente reconhecido, Inhotim é um museu a céu aberto que permite que quem o visite tenha experiências únicas e imagens individuais da paisagem. Esta paisagem é formada por galerias, esculturas e um jardim botânico os quais, juntos, tem a finalidade de criar uma estreita relação entre arte e natureza. Bernardo Paz, fundador do museu, teve a intenção de alterar sua fazenda para um museu único, que pudesse transformar positivamente seus visitantes. Houve a ideia de se fazer um museu contemporâneo inserido em um grande parque, onde, espalhados por ele, foram projetados diversos pavilhões e galerias, os quais possuem uma identidade diretamente relacionada a cada artista e às obras que abrigam. O grande desafio ao projetar o Instituto Inhotim foi interferir na mata ao passo que pudessem ser feitas diversas intervenções que transformassem e qualificassem a área como um museu a céu aberto. Com isso, decidiu-se manter a mata original em grande parte da gleba de quase 300 hectares. Aproximadamente metade dessa área foi utilizada para o projeto do museu, o qual preserva

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parte da mata além de inserir novas espécies e criar um jardim botânico. Atualmente a área de visitação conta com 140 hectares, porém, fora isso, mais 145 hectares dão área à Reserva Particular do Patrimônio Natural Inhotim (RPPN). É possível perceber que o diferencial do Instituto Inhotim não está apenas em como galerias, pavilhões e esculturas se dispõem em um grande parque, mas também na forma como tudo é integrado com o paisagismo de Burle Marx, além de cada galeria ter características próprias e possuírem uma relação única e específica com a vegetação que a rodeia. Assim, este museu à céu aberto proporciona à todos uma experiência artística, paisagística e arquitetônica. Outro ponto notável e passível de análise é que o museu se encontra em uma área com alto índice de pobreza e possui entrada paga. Porém isso não impediu que pessoas com baixa renda ficassem impossibilitadas de apreciar a arte, a paisagem e a arquitetura. Isso porque foram criados diversos programas para a comunidade, não só para a visitação, mas também cursos artísticos, etc.


“” A construção da paisagem é considerada uma

ação arquitetônica, que leva em consideração não só questões físicas do meio, mas também

valores culturais e hábitos

dos indivíduos. Funciona como espaço de

encontro, discussões e experiências corporais (...) A arquitetura reflete, materializa,

e torna eternas as ideias e

imagens da vida ideal. Ana Isabel Oliveira Ferreira; Márcia Metran de Mello

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Galeria Adriana Varejão A equipe Tacoa Arquitetos foi contratada por Bernardo Paz para a execução do projeto da Galeria Adriana Varejão. Voltada para a implantação de obras da artista, o arquiteto Rodrigo Cerviño Lopez procurou utilizar de diferentes aspectos arquitetônicos voltados para a valorização da paisagem, constituida por uma vegetação original e uma topografia marcada. Trazendo leveza à intervenção, a maioria das galerias de Inhotim procuravam construir volumes transparentes, a fim de obstruir o mínimo possível a paisagem. Com semelhante pensamento, o arquiteto responsável decide utilizar o vidro e a água em pontos específicos da obra ao mesmo tempo em que um volume intenso e expansivo se destaca, aproveitado para recompor, artificialmente, o terreno original.


Planta Térreo

Planta Pav. Superior

Corte AA

Corte BB

Planta Terraço

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Uma das propostas para a galeria, seria a mesma possuir um caráter de passagem, já que ligaria dois platôs em diferentes níveis. Na cota mais baixa, o projeto traz a sensação de uma caixa de concreto que flutua sobre o grande espelho d’água, o qual envolve o percurso que se extende da área externa até o escuro ingresso. Conforme se adentra no edifício, nota-se como o volume parece estar encravado no talude. Tal sensação se confirma quando, ao chegar no terraço, é possível o acesso à outra cota do parque.

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O espelho d’água, em conjunto com o vidro que veda o térreo, refletem a mata nativa para dentro do edifício. Dessa forma, o dentro e fora se misturam e a vegetação acaba recebendo destaque mesmo quando o observador dá as costas para a mesma. Outro aspecto arquitetônico que valoriza a paisagem é o enquadramento desta. A experiência de quem está dentro da galeria olhando para fora é marcante, já que a entrada é afunilada e vai se alargando conforme se aproxima do vidro de vedação.


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Ă lvaro Siza eo

enquadramento

da

paisagem


A relação entre a natureza e a construção é decisiva na arquitetura. Essa relação, recurso permanente de qualquer projeto, é para mim uma espécie de obsessão; sempre foi determinante no curso da história e, apesar disso, tende hoje a uma

extinção progressiva. Álvaro Siza Vieira

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O importante arquiteto português Álvaro Siza Vieira possui como uma de suas principais características a preocupação com o local onde seu projeto está inserido. Muito importante para ele, antes mesmo de pensar no desenho da obra, é estudar e entender o entorno da área do projeto, em busca de harmonizar a arquitetura e a paisagem. Ao estudar o local, surgem os primeiros caminhos para então iniciar seu projeto, buscando em primeiro plano valorizar a paisagem. O Pavilhão de Portugal, situado na cidade de Lisboa e construído para a Exposição Mundial de Lisboa de 1998 – Expo 98 –, é um grande exemplo de uma obra do arquiteto que busca enquadrar a paisagem. O tema da exposição “Os Oceanos: Uma Herança para o Futuro”, exigiu de Siza que mantivesse uma sensí-

Planta Térreo

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vel relação da obra com o porto do Rio Tejo. Atendendo a esta solicitação, o arquiteto projeta um edifício subdividido em duas partes: o pavilhão de exposições em si e uma praça abrigada por uma fina cobertura de concreto que emoldura, colocando em destaque, as águas do rio. O volume do pavilhão conta com um subsolo e dois pavimentos que se estruturam ao redor de um pátio interno, em que uma árvore está implantada, marcando o ponto central deste corpo, por onde se iniciou seu projeto e pode-se reconhecer todo o conjunto. Ao longo do nível inferior deste, foi implantado um banco que, além de resolver uma questão física de diferenças de nível, também cria um ambiente de permanência e convivência num espaço público.

Planta Pav. Superior


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Para o espaço da praça, Siza pensou num grande vão sem apoios intermediários. Para isso, projetou dois grandes pórticos que sustentam uma fina cobertura curvada, que por sua forma interessante, valoriza a paisagem, levando o olhar das pessoas para o imensidão das águas. Assim na Galeria Adriana Varejão, a água traz leveza ao edifício e parece compor a obra, para que a arquitetura

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tivesse ainda mais significado. A cobertura, que aparenta responder a ação da gravidade, foi construída com cabos de aço enrijecidos com concreto que, no espaço de transição entre os dois elementos, são revelados, deixando a luz do sol ser filtrada, criando uma imagem interessante. Os pórticos robustos contam com pilares dispostos de forma assimétrica, porém harmônica, causando diferentes sensações e efeitos de luz e sombra.


Além de criar este vínculo da arquitetura com a paisagem local, este pavilhão, entre outros que também foram concebidos para a Exposição de 1998, deu significado ao lugar, visto que, antes deste acontecimento, a área portuária se encontrava abandonada, impregnada de lixo industrial, reservatórios e materiais obsoletos, e desde então passou a abrigar espaços culturais, comerciais e ferroviários, criando um novo parque para a população.

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Relação Vegetação e Arquitetura


A vegetação bem relacionada à uma arquitetura se torna um elemento essencialmente notável e passível de admiração quando trabalhada a favor de evidenciá-la. Atualmente, a onda da sustentabilidade e a crescente ânsia pelo natural fazem com que arquitetos procurem trabalhar com a vegetação ao máximo; por esses motivos, é possível analisar diversas obras e entender seus graus de complexibilidade não só observando a arquitetura, mas também a paisagem trabalhada em conjunto a ela. Desse

modo, os arquitetos contemporâneos buscam, cada vez mais, atenuar a excessiva urbanização e o consequente desligamento do meio-ambiente por meio da integração entre cidade e natureza. É possível observar duas maneiras diferentes de como a arquitetura se relaciona à natureza analisando a Biblioteca Central da Universidade Positivo (Curitiba - PR), projetada por Manoel Coelho e o Concurso para Futura Unidade do IMPA (Rio de Janeiro - RJ), projetada por Angelo Bucci e equipe. Junho 2017

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Biblioteca da Universidade Positivo

O campus da Universidade Positivo foi projetado com imensa cautela, a fim de preservar e integrar os recursos ambientais pré-existentes: os bosques e os lagos. Buscou-se organizar o projeto em quatro setores básicos: Didático, Esportivo, Cívico e eventos, que seriam dispostos e integrados harmonicamente com a paisagem natural. A biblioteca se encontra no setor didático da Universidade e como edifício em si também se relaciona aos recursos naturais. O arquiteto Manoel Coelho buscou trabalhar uma linguagem contemporânea ao projetar o edifício, explorando a relação entre edifício, linguagem e paisagem externa. Há dois básicos setores que definem o espaço: o acervo que apresenta menos iluminação e mais seriedade, marcada por espessos pilares de concreto, e as áreas de leitura que apresentam leveza através da sua distribuição em mezaninos e diversas aberturas em direção às vistas para o lago.


“ ” O projeto traz em sua concepção, um

convite ao devaneio,

contemplação e ao deleite através das belas visuais para o lago em frente as áreas de com estímulo à

leitura e de convivência que

não se contrapõe ou comprometem a necessária introspecção para o estudo e leitura.”

.

Archdaily

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Futura Unidade do IMPA

A área de implantação da Futura Unidade do IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) se localiza no pé de um morro, a uma inclinação notável, característica bastante comum no Rio de Janeiro. O plano inclinado em conjunto com a vegetação nativa de uma área impactada, por se encontrar na transição entre áreas urbanizadas. Isso pode se apresentar como uma dificuldade ou obstáculo, porém tornou-se uma solução. Por esses motivos, os arquitetos se dispõe a interferir menos possível na área. Há uma meta de construir o edifício com baixo nível de consumo energético a fim de aproveitar ao máximo a iluminação natural, a coleta de água da chuva e seu reuso.

O conjunto se desenvolve a partir de um eixo de edifício traçado iniciando do oeste do terreno em direção ao centro. Os programas que o complementam estão dispostos como alas a leste e oeste e ao longo do desenvolvimento vertical deste eixo dado através da criação de platôs e utilização dos já existentes. O eixo tem uma posição favorável, pois perpendicular à topografia não se opõe ao caminho natural das águas. Os espelhos d’água criados têm uma boa razão para existir: há um fio d’água quase perene que desce pela cratera da antiga pedreira. Esta água repõe a perda por evaporação e faz, por vezes, os espelhos d’água com água corrente.


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25 Ensaio sobre o estudo da

arquitetura

e sua relação com a

paisagem

Croqui do Pavilhão de Portugal


Como estudantes é nosso dever compreender a educação que nos é fornecida e questioná-la com a finalidade de melhorar nosso próprio ensino e o ensino futuro. Visto isso, esse artigo dispõe-se a analisar e discutir como a paisagem é retratada em nossas disciplinas. É possível perceber que a influência da paisagem nos projetos acadêmicos vai muito além das disciplinas de paisagismo apresentadas pela universidade. Os alunos aprendem desde as matérias iniciais, como em projeto e em história, a importância das aberturas para a paisagem, a fim da contemplação, porém de uma maneira mais sutil. Especificamente nas matérias de paisagismo há o objetivo de ensinar os alunos a reconhecer as especificidades do projeto dos espaços livres (não edificados); Desenvolver a capacidade de usar a vegetação como elemento estruturador de espaços; Identificar e avaliar as características paisagens e ambientes em escala local; E, por último, desenvolver projeto de paisagismo tendo como

parâmetros a valorização da paisagem e do ambiente, as demandas sociais e a exequibilidade técnico-construtiva. Aprende-se que as formas espaciais são fluidas, livres e instáveis, e que depende de nós escolher como lidar com elas. Podemos encarar a paisagem e a vegetação como problemas ou usá-las ao nosso favor na hora de projetar. Se a encaramos como algo útil, cada espaço aproveitado passa a ter um novo significado, transmitir diferentes contrastes e percepções. Descobre-se, então, que é muito importante a análise do entorno da área de projeto, para que assim seja possível atender às necessidades locais com o seu desenvolvimento. Além disso, é essencial o estudo do território em questão, desde a sua análise topográfica até da vegetação já existente para que se aproveite então suas melhores qualidades, buscando preservar ao máximo essa vegetação e paisagem naturais ao mesmo tempo que se qualifica o espaço, buscando uma harmonia.

Etapas da concepção de um parque relacionado aos edifícios do entorno na disciplina de Paisagismo A

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Bibliografia FERREIRA, Ana Isabel Oliveira; MELLO, Márcia Metran de. A TRÍADE DE INHOTIM, A PAISAGEM COMO IMAGEM DO LUGAR. Anais do Seminário Internacional de Arquitetura, Tecnologia e Projeto. WISNIK, Guilherme. Rodrigo Cerviño Lopez: Galeria de arte, Brumadinho, MG. Disnponível em: <https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/rodrigo-cervino-lopez-galeria-de-arte-brumadinho-01-06-2008>. Acesso em: 13 jun. 2017. Site oficial do Instituto Inhotim. Disponível em: <http://www.inhotim.org.br/>. Acesso em: 11 jun. 2017. VICTORIANO, Gabrielle. Estética aprimorada. Disponível em: <http://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/tacoa-arquitetos-associados_/galeria-adriana-varejao/1618>. Acesso em: 15 jun. 2017. ROSETTO, Nara. Galeria Adriana Varejão, Inhotim, Brumadinho. Arquiteto Rodrigo Cerviño Lopez. Disponível em: <http://www. vitruvius.com.br/jornal/charges/2612?page=3>. Acesso em: 16 jun. 2017. LANGDON, David. Clássicos da Arquitetura: Pavilhão de Portugal na Expo 98 / Álvaro Siza Vieira. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/783137/classicos-da-arquitetura-pavilhao-portugues-na-expo-98-alvaro-siza-vieira>. Acesso em: 15 jun. 2017.

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Equipe Editorial do site ArchDaily. Em foco: Álvaro Siza. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/623037/feliz-aniversario-alvaro-siza>. Acesso em: 15 jun. 2017. Site oficial da Revista AU. Uma tenda às margens do Tejo. Disponível em: <http://www. au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/81/ artigo23979-1.aspx>. Acesso em: 16 jun. 2017. Equipe Editorial do site ArchDaily. Biblioteca Central Universidade Positivo / Manoel Coelho Arquitetura e Design. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/872440/ biblioteca-central-universidade-positivo-manoel-coelho-arquitetura-e-design>. Acesso em: 15 jun. 2017. Equipe da Manoel Coelho Arquitetura & Design. Universidade Positivo - Biblioteca Central. Disponível em: <http://www.mcacoelho. com.br/?portfolio=universidade-positivo>. Acesso em: 15 jun. 2017. Equipe SPBR Arquitetos. Futura Unidade do IMPA (concurso). Disponível em: <http:// www.spbr.arq.br/portfolio-items/futura-unidade-do-impa/>. Acesso em: 15 jun. 2017. ABBUD, Benedito. Criando Paisagens: Guia de trabalho em arquitetura paisagística. 4ª edição. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010.

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