UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES ISABELLA MARTINS BALTAZAR ABBOUD
CENTRO DE ACOLHIMENTO E SAÚDE PARA CÃES E GATOS
MOGI DAS CRUZES – SP 2021
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES ISABELLA MARTINS BALTAZAR ABBOUD 11171502753
CENTRO DE ACOLHIMENTO E SAÚDE PARA CÃES E GATOS
Trabalho de conclusão de curso I apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Mogi das Cruzes, como parte dos requisitos para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.
Profª. Orientadora: Silvia Beatriz Zamai
MOGI DAS CRUZES – SP 2021
ISABELLA MARTINS BALTAZAR ABBOUD CENTRO DE ACOLHIMENTO E SAÚDE PARA CÃES E GATOS
Trabalho de conclusão de curso I apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Mogi das Cruzes, como parte dos requisitos para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.
Aprovado em _______________
BANCA EXAMINADORA
_____________________ Professora orientadora arquiteta Silvia Beatriz Zamai Universidade de Mogi das Cruzes-UMC
_____________________ Professor (a) arquiteto (a) convidado (a) Universidade de Mogi das Cruzes-UMC
_____________________ Arquiteto (a) convidado(a)
RESUMO O presente trabalho de conclusão de curso tem como finalidade o conhecimento teórico necessário para a elaboração de um projeto de abrigo destinado aos animais em situação de rua e um hospital público veterinário visando atender tutores de cães e gatos enquadrados em baixa renda no Município de Mogi das Cruzes. Dado que o abandono animal é uma temática complexa vinculada a diversas atitudes negligentes por parte dos tutores resulta além do sofrimento e maus-tratos animal, um problema de saúde pública, onde proporciona a propagação das zoonoses, a reprodução descontrolada e possíveis acidentes urbanos. Desse modo se torna necessário um estudo profundo do assunto, com isso, foi realizado o levantamento histórico do tema, da tipologia e do município até os dias atuais; apresentado as legislações necessárias fornecidas por livros, artigos e sites; estudos de projetos análogos ao que será proposto como forma de repertório, bem como a avaliação do perfil do usuário e análises do local, concedendo informações pertinentes sobre o terreno e seu entorno. Dessa maneira foi alcançada a compreensão da temática além de obter técnicas, preceitos e conceitos para o êxito do projeto do Centro de Acolhimento e Saúde para Cães e Gatos.
Palavras-chave: Relação homem animal. Hospital público veterinário. Abrigo. Bemestar animal. Saúde pública.
LISTA DE FIGURAS Figura 1- Pintura rupestre retratando a cena de caça do homem com seus dois cães na coleira, representado pelas linhas a caça de um leão ............................................ 22 Figura 2- Semelhança entre os cães da arte rupestre (pré-história) ao cão Canaã da atualidade. ................................................................................................................... 23 Figura 3- Linha do tempo do processo de domesticação do cão ............................... 24 Figura 4- Diferenciação física do gato doméstico em relação ao gato selvagem africano ....................................................................................................................... 25 Figura 5- Deusa Bastet e sua personificação de gato. ............................................... 26 Figura 6- Linha do tempo do processo de domesticação do gato. ............................. 27 Figura 7- Quantidade de cães, bem como as de crianças. ........................................ 29 Figura 8- Cinco liberdades animal .............................................................................. 30 Figura 9 - Terapia Assistida por Animais oferecida a uma criança hospitalizada (TAA) ........................................................................................................................... 32 Figura 10- Canil ilegal em Grajaú com criação irregular de animais, submetidos a maus-tratos ................................................................................................................ .34 Figura 11- Esquema de procriação canina a partir de um casal................................ .36 Figura 12- Escola de Veterinária de Olinda ................................................................ 45 Figura 13- Clínica Veterinária de Olinda. .................................................................... 45 Figura 14- Linha do tempo da criação do curso de medicina veterinária no Brasil..... 46 Figura 15- Documento da Assembleia Geral em 1895 ............................................... 48 Figura 16- Entrada da UIPA no Ibirapuera na década de 50 ...................................... 49 Figura 17- Estudantes visitando a UIPA na antiga sede no Ibirapuera, datadas de Maio de 1955.............................................................................................................. .49 Figura 18- Linha do tempo da criação do abrigo animal no Brasil .............................. 50 Figura 19- Hospital da UIPA. ...................................................................................... 52 Figura 20- Animal Refuge Center .............................................................................. 54 Figura 21- Acessos Animal Refuge Center................................................................. 55 Figura 22- Planta térrea Animal Refuge Center.......................................................... 56 Figura 23- Canil esquerdo .......................................................................................... 57 Figura 24- Canil direito .............................................................................................. 57 Figura 25- Lazer/Solário animal.................................................................................. 58
Figura 26- Lazer/Solário animal atualmente ............................................................... 58 Figura 27- Lavanderia ................................................................................................ 59 Figura 28- Planta 1° pavimento Animal Refuge Center .............................................. 59 Figura 29- Gatil .......................................................................................................... 60 Figura 30- Abrigo dos coelhos .................................................................................... 60 Figura 31- Circulação térreo Animal Refuge Center ................................................... 60 Figura 32- Circulação primeiro pavimento Animal Refuge Center .............................. 61 Figura 33- Axonometria Animal Refuge Center .......................................................... 61 Figura 34- Corte esquemático Animal Refuge Center ............................................... 62 Figura 35- Cachorro Pan, sexo masculino, 5 anos de idade. ..................................... 63 Figura 36- Gata Aiden, sexo feminino, 3 anos de idade ............................................. 63 Figura 37- Irmãs coelhas, Chick e Wynx, adultas....................................................... 63 Figura 38- Revestimento externo. .............................................................................. 64 Figura 39- Lateral do Centro animal. ......................................................................... 64 Figura 40- Análise FOFA Animal Refuge Center ........................................................ 65 Figura 41- Fachada do Centro de Cuidados Animais Palm Springs ........................... 65 Figura 42- Implantação Palm Springs ........................................................................ 66 Figura 43- Circulação setorização .............................................................................. 67 Figura 44- Planta térrea Palm Springs ....................................................................... 68 Figura 45- Jardim de adoção canino central .............................................................. 68 Figura 46- Projeção do telhado nas entradas principais ............................................. 69 Figura 47- Recepção Palm Springs e materialidade .................................................. 70 Figura 48- Fachada Principal voltada para a rua Vella Road ..................................... 70 Tabela 49- Análise FOFA Palm Springs ..................................................................... 71 Figura 50- Fachada Clínica Veterinária Sentidos ....................................................... 71 Figura 51- Planta Clínica Veterinária Sentidos ........................................................... 72 Figura 52- Axonometria Clínica Sentidos ................................................................... 73 Figura 53- Corte longitudinal Clínica Sentidos............................................................ 73 Figura 54- Vista do consultório para o jardim de inverno ........................................... 74 Figura 55- Brises na Fachada .................................................................................... 74 Figura 56- Acesso do corredor com os blocos de concreto aparente ......................... 75 Figura 57- Análise Fofa Clínica Veterinária Sentidos ................................................. 75 Figura 58- Fachada Hospital Veterinário Santa Catarina ........................................... 76 Figura 59- Acessos Hospital Veterinário Santa Catarina ............................................ 77
Figura 60- Planta primeiro pavimento Hospital Veterinário Santa Catarina ................ 77 Figura 61- Planta segundo pavimento Hospital Veterinário Santa Catarina .............. 78 Figura 62- Circulação térreo Hospital Veterinário Santa Catarina .............................. 79 Figura 63- Circulação primeiro pavimento Hospital Veterinário Santa Catarina ......... 79 Figura 64- Recepção principal Hospital Veterinário Santa Catarina .......................... 80 Figura 65- Circulação infectologia .............................................................................. 80 Figura 66- Internação e corredor em tons de verde ................................................... 81 Figura 67- Fachada principal Hospital Veterinário ...................................................... 81 Figura 68- Análise FOFA Hospital Veterinário ............................................................ 82 Figura 69- Cães e gatos errantes na Rua Santa Virgínia- Brás Cubas. ..................... 87 Figura 70- Cães errantes na Av. José Antônio de Mello- Jundiapeba ........................ 88 Figura 71- Vista e dimensões do terreno .................................................................... 90 Figura 72- Estrada de terra......................................................................................... 92 Figura 73- Ciclovia e trem........................................................................................... 92 Figura 74- Ótima......................................................................................................... 96 Figura 75-Boa ............................................................................................................. 96 Figura 76- Regular...................................................................................................... 96 Figura 77- Ruim .......................................................................................................... 96 Figura 78- Péssima .................................................................................................... 96 Figura 79- Organograma CASCG ............................................................................. 140 Figura 80-Fluxograma Geral CASCG ........................................................................ 141 Figura 81-Fluxograma ala atendimento geral e específico Hospital Veterinário ........ 142 Figura 82-Fluxograma ala de internação, cirúrgico e sustentação do Hospital Veterinário .................................................................................................................. 143 Figura 83-Fluxograma setor Abrigo Animal ............................................................... 143 Figura 84-Fluxograma setor Pet-Shop ...................................................................... 144 Figura 85-Fluxograma setor do Café ......................................................................... 144 Figura 86-Fluxograma setor Educacional .................................................................. 144 Figura 87-Fluxograma setor Administrativo ............................................................... 145 Figura 88-Fluxograma setor de Serviço .................................................................... 145 Figura 89- Analogia do infinito com a relação homem animal ................................... 146 Figura 90- Hospital público como partido .................................................................. 147 Figura 91- Pet Park canino ........................................................................................ 147 Figura 92- Pet Park felino .......................................................................................... 148
Figura 93- Tipologia do edifício proveniente do símbolo do infinito propiciando jardins internos ........................................................................................................... 148 Figura 94- Pátios internos como abafamento do som dos latidos ............................. 149 Figura 95- Infra-estrutura urbana do entorno............................................................. 149 Figura 96- Revitalização das estradas de terra ......................................................... 150 Figura 97- Passarela ................................................................................................. 150 Figura 98- Croqui implantação .................................................................................. 151
LISTA DE MAPAS Mapa 1- Quantidade de animais nas ONG’s e seu porte ........................................... 41 Mapa 2- Localização de São Paulo e Mogi das Cruzes .............................................. 84 Mapa 3- Distritos do Munícipio de Mogi das Cruzes ................................................... 85 Mapa 4- Padrão de Renda da cidade de Mogi das Cruzes ......................................... 87 Mapa 5- Equipamentos veterinários no Município e distância de deslocamento ........ 89 Mapa 6- Terreno ......................................................................................................... 90 Mapa 7- Análise micro ambiental ................................................................................ 91 Mapa 8- Uso e Ocupação do Solo .............................................................................. 94 Mapa 9- Gabarito de Altura ......................................................................................... 95 Mapa 10- Qualidade das Edificações .......................................................................... 97 Mapa 11- Sistema Viário ............................................................................................. 99 Mapa 12- Transporte Público Coletivo ....................................................................... 100 Mapa 13- Zoneamento e contorno do terreno ............................................................ 101
LISTA DE TABELAS Tabela 1- População de cães e gatos no Brasil .......................................................... 28 Tabela 2- Índices e motivos pelos quais as pessoas abandonam cães e gatos ......... 36 Tabela 3- Zoneamento ZOC-2 ................................................................................... 102 Tabela 4- Índices Urbanísticos Aplicados ao Terreno ................................................ 102 Tabela 5- Espaço mínimo canil .................................................................................. 108 Tabela 6- Espaço mínimo gatil................................................................................... 110 Tabela 7- Edificações de divisão H-1 com área superior a 750m² ou altura superior a 12,00m ....................................................................................................................... 112 Tabela 8- Agenciamento CASCG .............................................................................. 124 Tabela 9- Programa de Necessidades Setor Abrigo Animal ...................................... 126 Tabela 10- Programa de Necessidades Setor Hospital Veterinário ........................... 128 Tabela 11- Programa de Necessidades Setor Pet Shop ........................................... 133 Tabela 12- Programa de Necessidades Setor Educacional ....................................... 134 Tabela 13- Programa de Necessidades Setor Café................................................... 134 Tabela 14- Programa de Necessidades Setor Lazer ................................................. 135 Tabela 15- Programa de Necessidades Setor Administrativo .................................... 136 Tabela 16- Programa de Necessidades Setor de Serviço ......................................... 137 Tabela 17- Programa de Necessidades Setor de Técnico ......................................... 138 Tabela 18- Somatória da área de todos setores ........................................................ 139
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
PL
Projeto de Lei
IBAMA
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
DNA
Áido Desoxirribonucléico
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ABINPET
Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação
IBOPE
Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística
USP
Universidade de São Paulo
FAWC
Farm Animal Welfare Counil
TAA
Terapia Assistida por Animais
ONG
Organização não Governamental
UNESCO
Organização das Nações Unidades para a Educação, a Ciência e a Cultura
OMS
Organização Mundial da Saúde
EUA
Estados Unidos da América
CFMV
Conselho Federal de Medicina Veterinária
COVID-19
Corona Vírus Disease
RJ
Rio de Janeiro
PE
Pernambuco
SP
São Paulo
ASPCA
Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade contra os Animais
UIPA
União Internacional Protetora dos Animais
CRMVs
Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo
CASCG
Centro de Acolhimento e Saúde para Cães e Gatos
LEED
Leadership in Energy and Environmental Design
FURB
Universidade Regional de Blumenau
LOUOS
Lei de Ordenamento e Uso e Ocupação do Solo
ZOC- 2
Zona de Ocupação Condicionada 2
TO
Taxa de Ocupação
CAb
Coeficiente de Aproveitamento Básico
CAm
Coeficiente de Aproveitamento Máximo
TP
Taxa de Permeabilidade
FUNASA
Fundação Nacional de Saúde
ANVISA
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas
NBR
Norma Técnica brasileira
DML
Depósito de Material de Limpeza
FOFA
Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................16 TEMA E SUA IMPORTÂNCIA ................................................................................... 16 JUSTIFICATIVA.......................................................................................................... 16 PROBLEMATIZAÇÃO ................................................................................................ 17 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 17 OBJETIVO ESPECÍFICO............................................................................................ 18 METODOLOGIA ......................................................................................................... 18
CAPÍTULO 1 – REVISÃO HISTÓRICA SOBRE O TEMA ......................20 1.1 DEFINIÇÕES DE ANIMAL DOMÉSTICO ............................................................. 21 1.2 HISTÓRICO DO PROCESSO DE DOMESTICAÇÃO .......................................... 21 1.2.1 Cão..................................................................................................................... 21 1.2.2 Gato ................................................................................................................... 24 1.3 RELAÇÃO HOMEM X ANIMAL ............................................................................ 27 1.3.1 Bem-Estar Animal............................................................................................. 29 1.3.2 Terapia Assistida por Animais ........................................................................ 30 1.4 MAUS-TRATOS .................................................................................................... 32 1.4.1 Legislação ......................................................................................................... 32 1.4.2 Comercialização de animais e criadouros ..................................................... 33 1.4.3 Abandono ......................................................................................................... 35 1.4.3.1 O Abandono no Brasil ..................................................................................... 37 1.4.3.2 O Abandono e a COVID-19 ............................................................................. 38 1.4.3.3 ONG Animal .................................................................................................... 40
CAPÍTULO 2 – REVISÃO HISTÓRICA DA TIPOLOGIA ........................42 2.1 HISTÓRICO DA MEDICINA VETERINÁRIA ........................................................ 43 2.1.1 Histórico da Medicina Veterinária no Mundo ................................................. 43 2.1.2 Histórico da Medicina Veterinária no Brasil ................................................... 44 2.2 DEFINIÇÃO DE ABRIGO ANIMAL ...................................................................... 46
2.2.1 Histórico do Abrigo Animal no Mundo ........................................................... 47 2.2.2 Histórico do Abrigo Animal no Brasil ............................................................. 48 2.2.2.1 UIPA ................................................................................................................ 48 2.3 DEFINIÇÕES DOS SETORES VETERINÁRIOS .................................................. 50 2.3.1 Hospital Veterinário.......................................................................................... 50 2.3.2 Clínica Veterinária ............................................................................................ 51 2.3.3 Consultório Médico Veterinário ...................................................................... 51 2.3.4 Ambulatório Médico Veterinário ..................................................................... 51 2.4 HISTÓRICO DO HOSPITAL VETERINÁRIO PÚBLICO NO BRASIL .................. 52
CAPÍTULO 3- ESTUDOS DE CASO .......................................................53 3.1 ESTUDOS DE CASO INTERNACIONAIS ........................................................... 54 3.1.1 Animal Refuge Center ..................................................................................... 54 3.1.1.1 Ficha Técnica .................................................................................................. 54 3.1.1.2 Descrição do Projeto ....................................................................................... 54 3.1.1.3 Estrutura e Materialidade ................................................................................ 63 3.1.1.4 Análise Fofa .................................................................................................... 64 3.1.2 Centro de Cuidados Animais Palm Springs ................................................... 65 3.1.2.1 Ficha Técnica .................................................................................................. 66 3.1.2.2 Descrição Do Projeto....................................................................................... 66 3.1.2.3 Estrutura e Materialidade ............................................................................... 69 3.1.2.4 Análise FOFA ................................................................................................. 71 3.2 ESTUDOS DE CASO NACIONAIS ....................................................................... 71 3.2.1 Clínica Veterinária Sentidos ........................................................................... 71 3.2.1.1 Ficha Técnica ................................................................................................. 71 3.2.1.2 Descrição do Projeto ...................................................................................... 72 3.2.1.3 Estrutura e Materialidade ................................................................................ 75 3.2.1.4 Análise FOFA ................................................................................................. 75 3.2.2 Hospital Veterinário Santa Catarina ............................................................... 76 3.2.2.1 Ficha Técnica ................................................................................................. 76 3.2.2.2 Descrição do Projeto ...................................................................................... 76 3.2.2.3 Estrutura e Materialidade ................................................................................ 81 3.2.2.4 Análise FOFA .................................................................................................. 82
CAPÍTULO 4- LOCAL DE INTERVENÇÃO ............................................83 4.1 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO E BAIRRO .............................................................. 84 4.1.1 Município de Mogi das Cruzes ....................................................................... 84 4.1.1.1 Histórico de Mogi das Cruzes ......................................................................... 85 4.1.2 Distrito de Brás Cubas .................................................................................... 86 4.2 A ESCOLHA DO LOCAL ...................................................................................... 86 4.3 TERRENO ............................................................................................................. 89 4.4 LEVANTAMENTO MORFOLÓGICO .................................................................... 93 4.4.1 Uso e Ocupação do Solo ................................................................................ 93 4.4.2 Gabarito de Altura ........................................................................................... 94 4.4.3 Qualidade das Edificações .............................................................................. 95 4.4.4 Sistema Viário ................................................................................................... 98 4.4.5 Transporte Público Coletivo ............................................................................ 99 4.5 ÍNDICES DE ZONEAMENTO .............................................................................. 100
CAPÍTULO 5- DIRETRIZES E PREMISSAS ..........................................103 5.1 ÁREA EXTERNA ................................................................................................. 105 5.2 CIRCULAÇÃO ..................................................................................................... 106 5.3 ABRIGO ANIMAL ................................................................................................ 106 5.4 HOSPITAL VETERINÁRIO .................................................................................. 112 5.5 PET-SHOP ........................................................................................................... 115 5.6 SERVIÇO E ADMINISTRAÇÃO GERAL ............................................................ 116 5.7 SAÍDAS DE EMERGÊNCIA ................................................................................ 118
CAPÍTULO 6- METODOLOGIA PROJETUAL ......................................119 6.1 PERFIL DO USUÁRIO ......................................................................................... 120 6.1.1 Público Alvo ..................................................................................................... 120 6.1.1.1 Abrigo Animal ................................................................................................. 120 6.1.1.2 Hospital Público Veterinário ........................................................................... 121 6.1.1.3 Pet Shop......................................................................................................... 121 6.1.1.4 Educacional .................................................................................................... 121 6.1.1.5 Café .............................................................................................................. 122 6.1.2 FUNCIONÁRIOS E COLABORADORES ......................................................... 122
6.1.2.1 Abrigo Animal ................................................................................................. 122 6.1.2.2 Hospital Público Veterinário ........................................................................... 122 6.1.2.3 Pet Shop......................................................................................................... 123 6.1.2.4 Educacional .................................................................................................... 123 6.1.2.5 Café .............................................................................................................. 123 6.1.2.6 Administrativo ................................................................................................ 123 6.1.2.7 Serviço ........................................................................................................... 124 6.2 AGENCIAMENTO ................................................................................................ 124 6.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES ..................................................................... 126 6.4 ORGANOGRAMA ................................................................................................ 140 6.5 FLUXOGRAMA ................................................................................................... 140 6.6 CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO ....................................................... 146 6.7 CONCEITO E PARTIDO URBANÍSTICO ............................................................ 149 6.8 CROQUI IMPLANTAÇÃO .................................................................................... 151
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................152 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 153
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INTRODUÇÃO TEMA E SUA IMPORTÂNCIA
A relação homem animal é extremamente antiga, no entanto, a partir da préhistória a imagem dos lobos que era tida como ameaça, perigo e servindo apenas como alimento se converte a auxiliar o homem, relatado em atividades de caça, segurança das cavernas, bem como em sua utilização como vestuário. (CAETANO, 2010) Segundo Araguaia (2015) acredita-se que o cachorro é uma subespécie do lobo e esse foi o primeiro a ser domesticado. Tal evento foi simultâneo em várias partes do mundo e com a urbanização proporcionou nova forma de interação do homem ao animal, esses que protegiam as cavernas passaram a proteger as residências. (GUILLOUX, 2011) No decorrer dos anos o cão passa de objeto para o amigo do homem, completando a vida e os lares dos seres humanos (JUNIOR, 2018). Entretanto, segundo o médico veterinário Marcio Waldman, essa interação sucede a uma situação desfavorável, acarretando na dependência do animal aos seres humanos e com isso a chance de abandono, e maus-tratos animal. Diante o exposto, fortifica a necessidade de estratégias e projetos em âmbito animal como forma de amparo a esses. Com isso, o tema escolhido para o trabalho de conclusão de curso aborda o abandono animal, saúde pública e meios de como a arquitetura pode contribuir através de projetos voltados a melhoria da condição de vida e bem estar animal, desse modo consiste na elaboração de um Centro de Acolhimento e Saúde para Cães e Gatos (CASCG) no Município de Mogi das Cruzes para aqueles em situação de abandono, maus-tratos e tutores enquadrados de baixa renda.
JUSTIFICATIVA Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil existem mais de 30 milhões de animais abandonados, aproximadamente 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães. O Município de Mogi das Cruzes conta com alta demanda de
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animais em situação de abandono, as ONG’S estão enfrentando intensas dificuldades que se intensificaram ainda mais com a pandemia da COVID-19 e não conseguem abrigar mais animais e o próprio custeio dos mesmos está em ameaça. Para mais, o município não possui um amparo animal de qualidade, a criação do Centro de Bem Estar Animal localizado em Cézar de Souza não proporciona a infraestrutura necessária para algumas especialidades e seu funcionamento é somente em horário comercial.
PROBLEMATIZAÇÃO
As famílias brasileiras em sua maior parte possuem ao menos um animal doméstico, esses apenas alguns são castrados, muitos têm livre acesso a rua fomentando a reprodução animal; em consonância, a principal causa de abandono são as ninhadas indesejadas (PET CARE, 2015). Portando, condição causada pela negligência do tutor. Fortificando a questão apresentada, o alto índice de animais resulta na problemática do abandono, estima-se que de 10 animais abandonados, 8 já tiveram um lar. (SCHULTZ, 2009). A questão do abandono não se restringe somente ao sofrimento animal, visto que quando mal cuidados são suscetíveis a transmissões de doenças para a própria espécie e aos humanos, chamadas de zoonoses. Ademais, acarreta em sua superpopulação nas ruas, gerando possíveis colisões de trânsito e hábitos agressivos. Segundo o diretor da ONG Cão sem Dono, Vicente Define Neto, declara que diante do cenário sanitário atual do país, o abandono de animais foi nomeado como ‘‘a epidemia do abandono’’, devido ao aumento de 40% na procura por ONG’s pelos tutores dos animais, a fim de sua entrega com a justificativa de perca de emprego ou remanejamento de moradia, desdenhando-o.
OBJETIVO GERAL
O trabalho de conclusão de curso desenvolvido tem como objetivo elaborar um Centro de Acolhimento e Saúde para Cães e Gatos (CASCG) como forma de contribuir com a temática abordada, promover qualidade de vida digna aos animais
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domésticos e não colocar em ameaça a vida humana. Ademais, visa proporcionar o cuidado médico veterinário a todos.
OBJETIVO ESPECÍFICO
Estudar as necessidades específicas dos cães e gatos
e seu
comportamento, contribuindo de forma arquitetônica.
Disponibilizar aos animais abandonados e vítimas de maus-tratos um ambiente acolhedor e que promova o incentivo à adoção responsável.
Promover palestras sobre a temática, como forma de conscientização populacional.
Proporcionar
ambientes
de
qualidade
atendendo
a
consultas,
diagnósticos, tratamentos e cirurgias a cães e gatos.
Se tornar referência para outros Municípios na questão animal, demonstrando sua importância e necessidade.
METODOLOGIA
Assim sendo, o desenvolvimento deste trabalho se sucedeu a partir dos estudos bibliográficos referentes ao tema diante de suas definições, revisão histórica, importância, características e problemáticas; como também a análise de sua tipologia, contendo o histórico em âmbito internacional quanto nacional, suas transformações e definições. Com o intuito de adquiri referências arquitetônicas para a elaboração do Centro de Acolhimento e Saúde para Cães e Gatos, é de extrema importância às visitas técnicas, no entanto não foi possível sua realização diante da pandemia da COVID-19, assim sendo, somente os estudos de caso foram analisados, internacionais e nacionais, sendo eles: Animal Refuge Center (Holanda) Centro de Cuidados Animais Palm Springs (Estados Unidos), Clínica Veterinária Sentidos (Rio Grande do Sul) e o Hospital Veterinário Santa Catarina (Santa Catarina). Posto isso, foram apresentados sua ficha técnica, descrição do projeto, programa de necessidades, materialidade e complementado pela tabela FOFA, representando as forças, oportunidades, fraquezas e ameaças de cada projeto estudado.
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A fim de compreender com maior profundidade o entorno do terreno onde o projeto será inserido, foram levantados dados do Município e distrito, bem como apresentado mapas onde é possível a visualização de informações pertinentes à elaboração do projeto. Para mais, são especificadas as diretrizes e premissas, onde são apontados eixos norteadores obrigatórios em relação aos ambientes, a fim de garantir segurança, conforto e acessibilidade a seus usuários. Em continuação, é elaborado o perfil do usuário que irá direcionar os perfis que o centro atenderá e desenvolvido a tabela de necessidades, sendo de suma importância para todo o projeto, apresentando os setores e suas respectivas áreas. Seguidamente, é elaborado o organograma e fluxograma, como forma de organizar os fluxos. Por fim, é apresentado o conceito e partido, promovendo a ideia principal que norteará todo o desenvolvimento do projeto e por meio de croquis esquemáticos a implantação.
CAPÍTULO 1 – REVISÃO HISTÓRICA SOBRE O TEMA
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1.1 DEFINIÇÃO DE ANIMAL DOMÉSTICO
Segundo o Projeto de Lei (PL) 6.590/2019, os animais domésticos são aqueles seres de senciência e sensibilidade, que devem ser protegidos contra maustratos, com plena condição de bem-estar. Em consonância, a portaria do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos recursos naturais renováveis (IBAMA) nº 93/1998, de 07 de julho 1998, atua de forma a garantir a preservação do ecossistema no Brasil, enquadra esses animais como resultado de processos tradicionais e sistematizados de manejo ou melhoramento zootécnico, assim tornando-os domésticos. Esses seres possuem características biológicas e comportamentais em estreita dependência do homem, podendo apresentar fenótipo variável, diferente da espécie silvestre que os originou, assim enquadrando os cães e gatos na fauna doméstica.
1.2 HISTÓRICO DO PROCESSO DE DOMESTICAÇÃO 1.2.1 Cão
O processo de evolução do cão é antiga e obscura, existem teorias diferentes de sua ancestralidade exata, o princípio de sua domesticação e suas origens. Assim sendo, acredita-se que o cachorro é uma subespécie do lobo cinzento (Canis lupus), embora exista uma grande variedade de cachorros, todos eles pertencem à mesma espécie, sendo as raças diferentes resultantes de diversos fatores, como: as condições sociais, geográficas, climáticas, além da seleção artificial (ARAGUAIA, 2010). Tal informação só foi possível no ano de 1950 a partir de estudos de comportamento, vocalização e morfologia dos cães. Antigamente acreditava-se que cada raça de cão tinha sido criada separadamente, alguns descendentes de chacal, lobo e também do cruzamento de outros canídeos silvestres (SILVA, 2011). Apesar de haver muitas especulações em relação à domesticação dos animais, posteriormente as inúmeras pesquisas foi obtido o fato de que os cães foram os primeiros animais a serem domesticados (VIEIRA, 2013). Sua domesticação partiu da convivência dos lobos que consumiam restos de comida
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deixados
pelos
humanos
nas
cavernas,
favorecendo
a
aproximação
(MAGNABOSCO, 2006). Segundo Sheldrake (2000), essa domesticação ocorreu entre 10 e 20 mil anos atrás, porém, alguns estudos de DNA afirmam que a descendência dos cães se deu há mais de 100 mil anos. De acordo com Waldman (2013) o processo de domesticação teve início na pré-história, como demonstrada nas pinturas de caverna. O Instituto Max Planck, o qual estuda a ciência da história humana, encontrou imagens de cães, com suas respectivas coleiras caçando com humanos, no deserto da Arábia Saudita (figura 1). Acredita-se que essas pinturas têm no mínimo 8.000 a 9.000 mil anos de existência. Figura 1- Pintura rupestre retratando a cena de caça do homem com seus dois cães na coleira, representado pelas linhas a caça de um leão.
Fonte: https://www.mpg.de/11802436/oldest-ever-images-of-dogs-on-leashes
Pinturas demonstrando coleiras só tinham sido encontradas na arte egípcia antiga, época muito mais recente. Guagnin (2017) pesquisadora e arqueóloga do Max Planck aponta três hipóteses sobre a existência das coleiras, sugere de primeiro modo o cuidado dos caçadores aos cães, evitando que os mais valiosos e com maior habilidade a captar cheiros e presas se machucassem durante a caçada; por outro lado, existe a teoria de manter esses animais perto pela sua própria proteção; e de outra perspectiva revela que eles mantivessem coleiras em cães mais jovens como forma de treinamento de caça. O cão pintado nas cavernas se assemelha intensamente ao cão Canaã, presente em muitas residências no século XXI. Magnabosco (2006) ressalta as
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características similares de ambos, como: as orelhas pontudas, cauda enrolada e até a pelagem com algumas manchas como demonstrado na figura 2. Figura 2- Semelhança entre os cães da arte rupestre (pré-história) ao cão Canaã da atualidade.
Fonte: Maria Guagnin, 2017.
A globalização do cão seguiu a dos humanos do Oriente Médio, disseminando para o Sul da África, Ásia Subcontinental e no interior do Sudoeste Asiático, (BRISBIN,1997). Magnabosco (2006) complementa que a domesticação também foi um evento simultâneo em várias partes do mundo. Com a urbanização proporcionou uma nova forma de integração do cão ao homem, esses foram trazidos para a cidade junto com ele com a função de proteger as residências, todavia, permanecia a maior parte do tempo na rua e era alimentado com restos de alimento (GUILLOUX, 2011).
Durante sua evolução o homem percebeu que os animais poderiam ser fonte de ameaça e perigo, ou servir como auxílio e suporte em suas necessidades cotidianas, relatado nas atividades de caça, na proteção e segurança das cavernas, e depois de suas habitações, bem como aproveitar suas potencialidades na utilização de vestuário e ainda no transporte dos seres humanos (CATEANO, 2010, p. 14).
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Dada a descoberta em 1970 sobre a epidemiologia da raiva pelo cientista Louis Pasteur e sua fácil transmissão, sendo pela saliva de cães contaminados a outros cães e até mesmo ao homem, houve pressão a restrição de movimentação livre do cão. Com isso, proporcionou maior proximidade dos animais aos seres humanos, levando-os para dentro de suas residências (GUILLOUX, 2011). Com o passar dos anos e a cerca das circunstâncias a imagem transparecida anteriormente por Caetano sofre modificações, e o cão ao invés de ser considerado apenas um objeto para o bem do homem, o servindo e protegendo suas propriedades, sucede a ser visto como amigo, contemplando a vida e os lares dos seres humanos (JÚNIOR, 2018). Diante do conteúdo adquirido em relação ao decorrer do processo de domesticação do cão, na figura 3 é apresentado uma linha do tempo de forma objetiva desse processo como modo de melhor entendimento. Figura 3- Linha do tempo do processo de domesticação do cão
Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
1.2.2 Gato
De acordo com Gandra (2016) para a revista Mundo dos Animais, aponta que o gato doméstico ocorreu a partir da evolução do chamado gato selvagem africano, onde foi domesticado pelos egípcios há 4 mil anos atrás. Em relação ao físico, os dois tipos de gatos diferem em relação à altura e comprimento, como visto na figura
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4, o gato selvagem apresentava características marcantes em relação aos seus pelos, por serem curtos e tigrados, de cor cinza ou bege. Figura 4- Diferenciação física do gato doméstico em relação ao gato selvagem africano
Fonte: https://gatinhobranco.com/o-pai-de-todos-os-gatos-domesticos-o-gato-selvagem-africano/
Porém, Jean Denis Vigne, do Museu Nacional de História Natural de Paris, contesta a data de domesticação dos gatos, justificado por meio de um túmulo sepultado de um homem e um gato de aproximadamente oito meses de idade, datados há cerca de 9.500 mil anos, sendo mais antigo que a descoberta do ano de 1983. A forma como estavam posicionados os restos mortais, lado a lado, pressupõe a afeição e carinho já obtidos com os gatos. Novamente, foi redefinida a data de sua domesticação, através de análises genéticas, essas apontaram ter se iniciado há 12.000 mil anos, coincidindo com a expansão agrícola e justificando sua domesticação, visto que as plantações provocavam o aparecimento de ratos, que estragavam suas produções e os gatos começaram a se aproximar para atrair essas presas, Gandra (2016). Diante disso o ser humano passou a admirar os gatos e trata-los como divindade, além de querêlos por perto. Passou-se a acreditar que os gatos eram a reencarnação da deusa Bastet, a qual representava a fertilidade e felicidade e era caracterizada pelo corpo de uma mulher e cabeça de gato (figura 5).
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Figura 5- Deusa Bastet e sua personificação de gato.
Fonte: https://misturinhadeabobrinha.wordpress.com/2019/04/15/mitologia-egipcia-deusa-bastet/
De acordo com Magnabosco (2006), os gatos se transformaram em seres tão importantes na cultura egípcia, a ponto de encontrar diversas estatuetas e múmias de gatos nas câmaras mortuárias, guardadas pelos seus donos como forma de luto a morte do animal. Mais tarde, os gatos foram levados a Europa com a invasão romana no Egito, o qual havia leis que os protegiam, entretanto, na Europa Cristã durante a Idade Média os gatos passaram por um contratempo, sendo associados à bruxaria e perseguidos pela igreja, resultando em morte maciça dos felinos. Devido a essa matança contribuiu com a disseminação da peste negra que era transportada pelos ratos, os quais perderam seu maior predador, os gatos. Diante desse caos, a peste negra matou um terço da população da época, cerca de 75 milhões de pessoas (GANDRA, 2016). A intolerância ao gato durou por milênios e só teve fim no reinado do Rei da França, Luís XIV (1643-1715), onde novamente os gatos passaram a ser admirados pelas suas habilidades, proporcionando utilidades aos humanos ajudando a manter a alimentação dos marinheiros a salvo pela caça aos roedores, onde foram intitulados como: ‘‘gatos de navio’’. Posteriormente, concederam uma boa reputação a seus donos por serem considerados animais finos, devido a algumas qualidades, como: a agilidade, beleza
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e hábitos de higiene, Gandra (2016). Com isso, desencadeou novamente uma amizade entre eles que se perpetua por anos até os dias de hoje (XXI). Na figura 6 é possível visualizar a linha do tempo de forma esquemática do processo de domesticação do gato e suas oscilações, como apresentadas anteriormente. Figura 6- Linha do tempo do processo de domesticação do gato
Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
1.3 RELAÇÃO HOMEM X ANIMAL
Como abordado em itens anteriores, o animal sempre participou do desenvolvimento do homem, em constante ascensão chegou até ser considerado como um Deus. No século XXI é nítido o papel de amigo e companheiro que os animais domésticos ocupam, sendo eles cães e gatos, habitualmente. Diante deste fato o número de animais se mantém elevado a cada ano, evidenciando a superpopulação dos mesmos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2013 o mundo contava com 1,5 bilhões de animais de estimação, dentre eles somente os cães e gatos registraram um número de 632,7 milhões. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (ABINPET) o Brasil registra a segunda maior população de cães e gatos no mundo,
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reunindo 52,2 milhões de cães e 22,1 milhões de gatos, mantém-se atrás somente dos Estados Unidos que conta com 75 milhões de gatos e 73 milhões de cães. A partir de dados mais recentes sobre a população animal no Brasil, o Instituto Pet Brasil divulgou números que comprovam o aumento desse público, contabilizando no ano de 2018 54,2 milhões de cães e 23,9 milhões de gatos, determinando em cinco anos um aumento de aproximadamente 3,5 milhões, como demonstrado na tabela 1 abaixo. A região de maior concentração é a Sudeste, totalizando quase 50% deste número, somando 21,6% dos felinos e 24,5% dos caninos, (IPB, 2018). Tabela 1- População de cães e gatos no Brasil
Fonte: Dados obtidos pelo Instituto Pet Brasil e adaptado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
Em pesquisas coletadas em 2013 pelo IBGE, apontaram que o número de animais de estimação ultrapassou o de crianças, indicando que 44,3% dos domicílios do País tinham ao menos um animal, cerca de 29 milhões de lares, enquanto de crianças com até 12 anos de idade não ultrapassava 36%. Como demonstrado no início do estudo, em 2013 os caninos representavam 52,2 milhões, enquanto as crianças de até doze anos, 45 milhões. No ano de 2017 vê-se a diminuição no nascimento de crianças, enquanto dos caninos esse número só vem aumentando, a última pesquisa realizada em 2020 salientou essa questão como demonstrado na figura 7 da página seguinte, representando os milhões de caninos na cor azul, e milhões de crianças em rosa (INSTITUTO PET BRASIL, 2018).
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Figura 7- Quantidade de cães, bem como as de crianças.
Fonte: Elaborado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
Segundo a pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência e encomendada pelo Instituto Whaltham da Inglaterra e endossada pelo médico veterinário da Universidade de São Paulo (USP), Professor Doutor Ricardo Dias, investigou o perfil dos proprietários de cães e gatos e identificou suas diferenças. Segundo a pesquisa, os caninos têm como maioria os proprietários casados, com média de 41 anos de idade e 82% sendo da classe AB. Já com os felinos a taxa maior de seus proprietários é de 61%, sendo mulheres com média de 40 anos de idade, predominantemente solteiras e moradoras de residências.
1.3.1 Bem-Estar Animal
O bem-estar animal é um conceito científico onde descreve uma qualidade potencialmente mensurável de um animal vivo em um determinado momento. Esse conceito de bem-estar é uma qualidade inerente aos animais e dado pelo homem. Ou seja, o homem busca dar condições para que o animal possa se adaptar da melhor maneira possível ao ambiente o qual está inserido (BROOM, 2011). O Comitê Brambell em 1965 composto por pesquisadores e profissionais da agricultura e pecuária do Reino Unido apresentou o conceito de cinco liberdades (figura 8), aperfeiçoados pelo Farm Animal Welfare Counil (FAWC) que tem como premissa o propósito de criar melhores padrões de bem-estar para os animais e até os dias de hoje é referência no mundo. As cinco liberdades são elementos que determinam a identificação do bem estar dos animais, abrangendo os de fazenda, selvagens e os domesticados (AUTRAN, ALENCAR, VIANA, 2017).
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As cinco liberdades são compostas por: 1- Livre de fome e sede, o animal precisa ter livre acesso à comida e água de qualidade, em quantidade e frequência necessária. 2- Livre de dor e doença, relacionado às questões da saúde física do animal, dores, ferimentos e doenças em si. 3- Livre de desconforto, associado ao ambiente em que o animal vive, se possui as condições mínimas, como o abrigo, temperatura favorável, conforto e acesso ao descanso. 4- Livre de Medo e estresse, evitar o sofrimento mental do animal. 5- Livre para expressar seu comportamento natural, assim sendo, possuir um espaço apropriado ao animal, que possibilite expressar seus comportamentos naturais. Figura 8- Cinco liberdades animal.
Fonte: Elaborado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
1.3.2 Terapia Assistida por Animais
De acordo com Fernanda de Toledo Vieira (2019) médica veterinária, a Terapia Assistida por Animais (TAA) é um meio de assistência no tratamento de
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doenças visto como suporte a pessoas acamadas e hospitalizadas, indivíduos com doenças psiquiátricas, idosos e crianças com deficiências físicas e mentais. A TAA tem como objetivo promover o bem-estar físico, emocional, cognitivo e social, transmitindo a partir do contato com os animais de forma estratégica e eficiente na recuperação das pessoas necessitadas e tornando o animal como principal agente terapêutico. Os ganhos com essa interação através das sessões de TAA são imensos, relata-se em idosos hipertensos o controle dos níveis de pressão, juntamente com os momentos de alegria e relaxamento por meio do toque aos animais e caminhadas acompanhadas. Do mesmo modo com crianças de síndrome de Down, pois existem indicadores de ganhos motores, sensibilidade e melhora da interação social (VIEIRA, 2019). Em São Paulo, por exemplo, no Hospital Israelita Albert Einstein a gerente de atendimento ao cliente, Rita Grotto, afirma que sempre existiu o pedido da entrada de animais domésticos por parte de pacientes, após estudos foi permitido e percebido que essa interação encurtava a permanência dos pacientes no hospital e em 2009 esse contato foi liberado vigente a autorização do médico responsável. As Organizações não Governamentais (ONG’s) também são responsáveis pelo TAA, transportando os animais até escolas, hospitais e centros de recuperação (MORENO, 2017). Segundo Vieira (2019), os animais que exercem essas interações, denominados coterapeutas, precisam de atenção e cuidados especiais, no dia da sessão tomam banho, necessitam de treinamentos no sentido de manifestar comportamento adequado para as atividades e dispõe de acompanhamento veterinário. Todavia, os cuidados com os animais coterapeutas não se restringem apenas à saúde, o bem-estar é fundamental e eles devem sentir prazer ao executar as atividades propostas durante a terapia. Na figura 9 é possível observar uma sessão de TAA em um hospital.
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Figura 9 - Terapia Assistida por Animais oferecida a uma criança hospitalizada (TAA)
Fonte: https://www.morenopetblog.com.br/2017/03/15/terapia-assistida-por-animais/
1.4 MAUS-TRATOS
Segundo a resolução de 26 de Outubro de 2018 n°1.236 no artigo 5°, são listadas vinte e nove problemáticas consideradas maus-tratos aos animais, dentre elas estão: executar procedimentos invasivos ou cirúrgicos sem os devidos cuidados ou com pessoas não qualificadas; agredir fisicamente ou atos causadores de dor e sofrimento ao animal; abandonar animais; negligenciar assistência médica veterinária quando preciso; manter o animal sem acesso à água, alimentação, desprovido de ventilação e luminosidade adequada; restringir abrigo contra intempéries; manter o animal desprovido de condições mínimas de higiene; estimular, manter, criar e incentivar animais em lutas; dentre outras jurisdições seguindo essa mesma diretriz.
1.4.1 Legislação
A luta até se chegar aos direitos animais foi bastante longa e árdua, a normatização mais antiga surgiu em 1822 na Grã-Bretanha, antes houve tentativas de propostas de leis, sendo em 1800 e 1821 para impedir os maus-tratos, entretanto, nenhuma sancionou (FAGUNDES, 2014).
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Segundo Aprobato Filho (2006) os animais eram tratados de forma cruel e não havia punição perpetuando durante séculos, porém no ano de 1941 demonstrava a importância dos animais diante do Poder Legislativo criando normas jurídicas que colocavam os animais em pauta quando o assunto abordava maustratos, no entanto não era considerado crime, era uma contravenção penal, mas com o passar dos anos foi percebido que não era o suficiente para assegurar o respeito aos animais. No ano de 1978 numa tentativa de igualar a condição de existência dos animais com a dos seres humano, a Organização das Nações Unidades para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) cria a Declaração Universal dos Direitos dos Animais. E na década de 80 diversos ataques de movimentos de defesa ao direito animal foram observados (ABREU, 2015). Em 1990 a Organização Mundial da Saúde (OMS) publica o primeiro guia de orientação de manejo canino, incluindo o registro de cães e gatos, educação e interação com a comunidade. Porém somente em 12 de Fevereiro de 1998 o legislativo criou a Lei n°9.605 que trás em seu artigo 32 a especificação dos maus tratos de animais silvestres, domésticos, nativos ou exóticos. “Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos’’, regulamentando pena de detenção variando de três meses a um ano e multa. Este artigo passou por reformulações e foi sancionada em 29.09.2020, prevendo a reclusão de dois a cinco anos, além de multa e a proibição de guarda juntamente a punição de estabelecimentos comerciais e rurais que facilitarem o crime contra animais.
1.4.2 Comercialização de animais e criadouros
A criação de animais domésticos para comercialização é uma prática antiga onde os animais de raça adultos são reproduzidos em finalidade de gerar lucro com a venda de seus filhotes e permitir a perpetuação das raças sem miscigenação. Esses filhotes são comercializados pela internet ou pet shops e por ser uma atividade econômica proporciona ensejo ao aparecimento de canis clandestinos que não seguem as normas vigentes e não proporcionam bons níveis de bem-estar aos animais, mantendo os canis lotados, sujos e para mais, forçam os cães e gatos a se
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reproduzirem no limite de suas forças, em condições prejudiciais à saúde, retirando até mesmo os dentes da cadela para que não morda o cão durante o acasalamento. Figura 10- Canil ilegal em Grajaú com criação irregular de animais, submetidos a maus-tratos.
Fonte: http://www.reynaldovelloso.com.br/blog-post/vigilancia-sanitaria-interdita-e-multa-canil-quemantinha-animais-sob-maus-tratos/
O termo ‘‘fábrica de filhotes’’ foi criado pela Sociedade Humana dos Estados Unidos (The Humane Society of the United States- HSUS) para as comercializações dos animais em ambientes onde não cumprem as necessidades básicas, sejam elas físicas, comportamentais ou psicológicas. (GALDIOLI, 2020) O Brasil não possui uma lei nacional especifica para a comercialização dos animais, se não for comprovada a prática de maus-tratos torna-se autorizada. Segundo Nabarrete (2020) apenas alguns estados e municípios legislaram sobre o tema e proibiram as vendas, individualizando de que maneira será permitido, por quem e quando. O município de Santos-SP, através da Lei Complementar 1.051/2019 proibiu a comercialização de animais domésticos na cidade e estipulou um prazo de 180 dias para os locais se adaptarem a nova legislação. A decisão gerou opiniões divergentes, pessoas contestaram o direito de escolha na hora de adquirir o animal; outras apoiaram a decisão justificando que os mesmos não são objetos.
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1.4.3 Abandono
O abandono de animal doméstico é uma problemática em todo mundo, nas grandes e pequenas cidades os cães e gatos são os principais lesados. O abandono acarreta diversas consequências, por se tornarem animais errantes, presentes em locais públicos, sem supervisão e cuidados, transformam-se em uma ameaça de saúde pública pela transmissão de zoonoses que são doenças transmitidas entre animais e pessoas; social, devido ao desconforto em relação ao comportamento animal; ecológico, se referindo ao impacto ambiental, e ademais, no ponto de vista econômico, pelos custos com as estratégias de controle populacional (ALVES, 2013). Segundo a OMS, existe por volta de 500 milhões de cães abandonados em todo o mundo, um dos aspectos determinantes para esse excesso de abandono é a falta de contingência por parte dos proprietários que possuem animal doméstico. Pressupõe que os cães e gatos em situação de abandono tiveram donos que não os mantinham dentro de suas residências ou foram abandonados. A reprodução fortifica a prática do abandono, sendo dos filhotes ou da própria fêmea, por outro lado, o ato de doar os filhotes a qualquer família sem ter a preocupação de que o próprio será mantido em boas condições desencadeia muitas vezes sua morte precoce, ou o repasse do filhote para outras famílias e inclusive simplesmente seu descarte nas ruas (IPB, 2018). A partir dos dados obtidos pelo American Humane Association, é possível fazer um levantamento esquematizado de um casal de cães e da superpopulação formada, já que as gestações desses animais duram em média apenas 60 dias e tem numerosas ninhadas. Ademais, visto que aos seis meses de idade esses filhotes atingem maturidade sexual e podem se reproduzir, formam novamente esse ciclo de reprodução. Na figura 11 é possível visualizar este fato, simulando um casal canino ao longo de 10 anos gerando 80.399.780 animais, situação que poderia ser evitada através da castração.
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Figura 11- Esquema de procriação canina a partir de um casal. 1° ano: 12 animais 2° ano: 66 animais 3° ano: 382 animais 4° ano: 2.201 animais 5° ano: 12.680 animais 6° ano: 73.041 animais 7° ano: 420.715 animais 8° ano: 2.423.316 animais 9° ano: 13.968.290 animais 10° ano: 80.399.780 animais Fonte: Dados obtidos do American Humane Association e adaptado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
A revista Journal of Applied Animal Welfare Science realizou nos Estados Unidos da América (EUA) uma pesquisa em 12 abrigos, envolvendo 1984 cães e 1286 gatos, onde citam alguns dos motivos do abandono animal, esses representados na tabela 2, sendo possível concluir que a maioria dessas causas já são previstas ao adquirir um companheiro. As somas passam de 100% pois um dono pode ter alegado mais de um motivo da causa do abandono.
Tabela 2- Índices e motivos pelos quais as pessoas abandonam cães e gatos. CACHORROS
GATOS
20,0%
Destrutivo dentro de casa
37,7%
Suja a casa
18,5%
Sujam a casa
16,9%
Agressivo com as pessoas
12,6%
Destrutivo fora de casa
14,6%
Destrutivo dentro de casa
12,1%
Agressivo com as pessoas
11,4%
Destrutivo fora de casa
11,6%
Fujão
9,0%
Morde
37
11,4%
Muito ativo
8,0%
Não se adapta com outro pet
10,9%
Requer muito tempo
6,9%
Requer muita atenção
10,7%
Late ou uiva muito
6,9%
Não amistoso
9,7%
Morde
4,6%
Ativo demais
4,6%
Eutanásia por motivos de
9,0%
Desobediente
comportamento
Fonte: Dados obtidos pela revista Journal of Applied Animal Welfare Science e adaptado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
1.4.3.1 O Abandono no Brasil
Em relação aos dados do Brasil, a OMS realizou uma pesquisa no ano de 2014 que afirma a existência de cerca de 30 milhões de animais abandonados, sendo 20 milhões de cães e 10 milhões de gatos. Número que se assemelha a uma população de um continente inteiro, visto que existe cerca de 30 milhões de habitantes na Oceania. Nas cidades grandes, para cada cinco habitantes há um cachorro e destes, cerca de 10% estão nas ruas, em comparação as cidades do interior esse número é ainda pior, a população animal abandonada chega a ¼ da população total (IPB, 2018). O abandono não é estendido apenas aos animais que foram despejados por quem não os queria mais, o conceito de abandono abrange todos os que estão na rua, independente de sua origem. Segundo Osório (2013), o acesso às ruas é visto como um risco, dado que os animais podem ser atropelados, envenenados, cruzar gerando filhotes que nascem abandonados, contrair doenças, sofrer maus-tratos diversos e facilmente fugirem. O abandono é uma problemática da sociedade inteira aglutinada ao poder público, visto que ambos possuem deveres e deve-se ter consciência ao se adquirir um animal, pois a melhor ação é a prevenção. No país, as ONGs de causa animal lidam diariamente com situações de abandono, recebendo e acolhendo animais que são deixados nas ruas das cidades, praças, parques e grande parte em estradas e rodovias. De acordo com um levantamento realizado pela Veja São Paulo (2017) as principais instituições atuantes nessa causa na capital paulista, mesmo em situações
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de lotação, resgatam cerca de 500 animais nas ruas por mês. Intensificado no final do ano por conta das festas, onde os tutores vão viajar e não têm com quem deixar o animal, gerando um montante a cerca de 6.000 mil animais recolhidos. Porém, trata-se apenas de uma amostragem, de acordo com especialistas certamente esse número é muito maior (GIOVANELLI, 2017). Com o intenso abandono dos cães e gatos surgiu um novo grupo social: os acumuladores de animais. Este é o proprietário que vai os acumulando sem ter um espaço propício, na maioria das vezes contribuindo negativamente em seu bemestar. Isto ocorre no desespero de socorrer o animal vítima de abandono, sem discernimento se irá ter condição física e financeira para cuida-lo. De acordo com a média veterinária Kellen Oliveira, presidente da Comissão Nacional de Bem Estar Animal do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) e professora na Universidade Federal de Goiás afirma que os animais domésticos são seres sencientes e o abandono ou a mudança de vida pode gerar traumas, e o desenvolvimento de compulsões como a agressividade e ansiedade (VEIGA, 2020).
1.4.3.2 O Abandono e a COVID-19
O abandono de animais domésticos, como abordado no capítulo anterior sempre esteve presente na sociedade, antes mesmo do contexto contemporâneo da pandemia de Corona Vírus Disease (COVID-19) era comum de se encontrar cães e gatos em situações vulneráveis, presentes nas ruas de toda cidade. Com o surgimento do COVID-19, vírus infeccioso capaz de colapsar todo o sistema de saúde, o impacto em todo planeta foi e continua sendo descomunal, atingindo toda a população e obrigando novos hábitos que tem como consequência o aumento do preço dos alimentos e o desemprego, acarretando assim o acréscimo da pobreza. Não obstante desses impactos causados pela pandemia, em consonância intensifica o abandono de animais domésticos, de acordo com entrevistas jornalísticas e dados trazidos de ONG’S afirmam estar vivendo ‘‘A Epidemia do Abandono de animais na crise do Coronavírus’’ (VEIGA, 2020).
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Se a pandemia de Coronavírus mudou a paisagem urbana das grandes cidades, deixando ruas de todo o país vazias, por outro aumentou o número de animais domésticos abandonados (VEIGA, Edson. BBC News Brasil, 2020).
De acordo com o diretor da ONG Cão Sem Dono, Vicente Define Neto, menciona que desde o agravamento da pandemia, recebe cerca de 200 e-mails por dia, em regra, de proprietários procurando novos donos para seus animais, um aumento de 40% da procura anterior ao período. E como as ONG’S encontram-se sobrecarregadas, não podem aceitar, diante disso certamente serão animais que acabarão sendo abandonados nas ruas. Neto relata que os motivos nesses e-mails corriqueiramente estão associados ao vírus ou a crise decorrente da pandemia, os fatores são: a perca de emprego, gerando diminuição de renda, pessoas indo morar de favor com parentes e sem a possibilidade de levar o animal, bem como a morte do proprietário responsável e a recusa do animal por parte remanente da família (VEIGA, 2020). Veiga (2020), acrescenta mais duas circunstâncias amiúdas, sendo o medo da transmissão do vírus pelos caninos ou felinos, assim como o rompimento de casamentos ocasionados pelo distanciamento social. Descartar um animal em um abrigo não é menos grave do que abandoná-lo. Segundo Neto, no abrigo o animal doméstico disputará espaço com outros cães e com a lotação máxima isso piora, complementa que será uma vida difícil. Comprovando este relato, a fundadora da ONG Cão Sem Fome, Glaucia Lombardi, confirma que não há diferença entre abandonar o animal em um abrigo, continua sendo abandono e muito cruel. A mudança de estilo de vida para os caninos ou felinos resulta em: depressão, falta de apetite, doenças causadas pelo convívio coletivo, brigas por vezes fatais, ou até mesmo o falecimento por não conseguirem se adaptar a nova vida. Lombardi acrescenta que mesmo sobrecarregados se veem na obrigação de acolher o animal, caso contrário, o mesmo será descartado para morrer em qualquer lugar, jogado no rio, amarrado no meio do mato para morrer de fome e sede, colocado no lixo ainda vivo, situações que a fundadora relata como corriqueiras (VEIGA, 2020). Em Mogi das Cruzes a situação não é diferente. De acordo com Fernanda Moreno, vereadora da cidade que também é ativista e mantenedora da ONG Grupo Fera, em entrevista a Yasmin Castro (2021), afirma que além do abandono por conta
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dos próprios proprietários, muitos advêm da morte dos mesmos. Um caso recente relatado foi de 30 animais que ficaram sozinhos após a morte de seus donos em decorrência da COVID-19. A vizinha começou a alimentá-los como podia e conseguiu doar 20, 10 foram encaminhados a ONG onde cinco foram doados e o restante encontra-se esperando por um lar, contudo, são animais mais velhos e com problemas de saúde, sendo difícil a adoção. Moreno menciona que além do número de animais abandonados têm que lidar com o aumento dos produtos, as rações que á um ano R$: 98,00 representava 10 quilos, atualmente, o mesmo pacote está por até R$: 134,00, um aumento equivalente a 30%. Este acréscimo abrange diversas mercadorias e serviços, como idas ao veterinário, itens hospitalares e de higiene. Enfatiza que os produtos aumentam, todavia, as doações e o salário não. O Grupo Fera gasta em média mensalmente R$:8 mil e depende de ajuda de empresas e pessoas, sem esse auxílio, a capacidade de animais atendidos cai.
1.4.3.3 ONG Animal
Como abordado anteriormente o papel das ONG’s animais é de suma importância, realizando o resgate dos mesmos em situações de vulnerabilidade, em seguida oferecem os cuidados médicos necessários e mediam o processo de adoção responsável, ou seja, proprietários que irão proporcionar uma vida digna ao animal,
assegurando
segurança
e
proteção;
ademais,
trabalham
com
a
conscientização social do tema. A rentabilidade das ONG’S é obtida através de eventos beneficentes em prol dos animais ou dinheiro de doações. A partir do levantamento realizado pelo Instituto Pet Brasil foi constatado que existem mais de 172 mil animais abandonados nas ONG’S e esperando por um lar. Num total de 370 instituições e grupos que atuam na causa animal, 169 localizam-se no Sudeste, tutelando mais de 78 mil animais, representado pela população canina em sua maioria com 96% e a felina com 4%. Segundo Velasco (2019) com os dados das pesquisas foi possível obter informações do porte dos abrigos dessas ONG’S, sendo classificados de médio porte os que conseguem acomodar de 101 a 500 animais, estando em evidência por tutelar mais de 89 mil bichos, representando 48% da totalidade das entidades
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mapeadas e 52% dos animais disponíveis para a adoção. A minoria das instituições tem estrutura para abrigar mais de 500 animais, equivalendo a 19% e 33% são classificados de porte pequeno, acolhendo entre 1 e 100 cães e gatos, como representado no mapa 1 abaixo. Mapa 1- Quantidade de animais nas ONG’s e seu porte.
Fonte: Dados obtidos pelo Instituto Pet Brasil e adaptado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
CAPÍTULO 2 – REVISÃO HISTÓRICA DA TIPOLOGIA
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2.1 HISTÓRICO DA MEDICINA VETERINÁRIA 2.1.1 Histórico da Medicina Veterinária no Mundo
Segundo o famoso e renomado, Calvin W. Schwabe, conhecido como pai da epidemiologia veterinária, descreve a medicina veterinária, sendo a ciência que tem como objetivo principal a promoção e a preservação da saúde dos animais, assegurar a produtividade dos rebanhos e o risco de doenças transmitidas de animal aos seres humanos. Assim como, proporcionar alimento de melhor qualidade, promovendo e preservando a saúde humana. Antes mesmo da criação das primeiras escolas de Medicina Veterinária, já se praticava a medicina inconscientemente, esses trabalhadores eram denominados ‘‘Maréchal-Ferrand’’, referindo-se aquele encarregado dos cuidados aos cavalos do príncipe.
Na Grécia em algumas cidades existiam cargos públicos a esses que
praticavam a cura dos animais, intitulados como ‘‘Hippiatra’’. Entretanto, o termo de medicina veterinária se originou entre os romanos, pela expressão ‘‘Medicus Veterinárius’’ (KOSHIYAMA,2000). O surto da peste bovina fomentou a criação da primeira escola veterinária do mundo, em 04 de Agosto de 1761, em Lyon na França, fundada por um advogado. Com o início das atividades dessa nova escola impulsionou a criação de outra em 1765 no castelo de Alfort, aos arredores de Paris (GERMINIANI,2011). Alicerçado ao discernimento crescente da nova profissão em relação à relevância social, econômica e política, foram criadas outras escolas em diversos países, assim, atingindo no final do século XVIII, 19 escolas, das quais 17 ainda estão em funcionamento. Na metade do século XIX em algumas capitais europeias (especialmente Londres e Paris) surgem às primeiras clínicas veterinárias para animais de pequeno porte. Neste mesmo período inicia-se a Era Industrial e melhora da sociedade burguesa emergente, suscitando o aumento da criação doméstica dos caninos e felinos. Por conseguinte, muitas instituições de ensino médico-veterinários introduziram em suas grades disciplinares, a matéria de Clínica Médica e Cirúrgica de Cães e Gatos, conjuntamente ambulatórios e hospitais de atendimento a este setor (KOSHIYAMA,2000).
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2.1.2 Histórico da Medicina Veterinária no Brasil
Quando o Brasil foi colonizado por Portugal, segundo Germiniani (1998) o interesse era somente em obter as riquezas da nova terra e negligenciaram a criação de universidades, nas quais na Europa já se instituíam há séculos. Ao final do século XVIII, houve o interesse da criação de universidade nos planos para o desenvolvimento brasileiro por parte dos inconfidentes, considerados as pessoas de elite, entre eles havia ex-estudantes das universidades inglesas de Coimbra e da França os quais foram impulsionadores da hipótese de se criar uma Escola de Veterinária assentado no êxito das Escolas de Lyon (1762) e de Alfort (1765). Todavia, com a vinda da corte portuguesa ao Brasil, nos primeiros dias de 1808 o país passou por modificações, a julgar pela assinatura da criação da Faculdade de Medicina da Bahia, em 18 de Fevereiro de 1808. Germiniani (1998) ressalta que subsequentemente a criação da Faculdade de Medicina, fomentou o interesse a medicina veterinária e em 1810 o Conde de Linhares, Ministro de Estado dos Negócios Estrangeiros da Guerra, apoiado ao decreto do Rei D. João VI, criou o cargo de veterinário, com o dever de apoiar e orientar tecnicamente os trabalhos de Hipologia e Hipiatria da Cavalaria do Exército. No ano de 1818 D. João VI estabeleceu um curso de alveitaria cuja coordenação ficou a cargo do Artista Veterinário português João Batista Moncuet. Alguns autores retratam que um documento fundamental para a criação do ensino de veterinária no Brasil foi a carta de D. Pedro II, datada de 25 de março de 1876 dirigida a Princesa Isabel dispondo de alguns conselhos, em relação ao ensino citava a criação de escolas de veterinária e de farmácia. Outros acreditam que o marco principal para a criação da escola aconteceu pela viagem de D. Pedro II a Escola Nacional de Veterinária de Alfort e presenciado as aulas de Colin, professor de fisiologia, resultando no fascínio e impulso para o surgimento no Brasil (GERMINIANI,1998). Existe muita inconsistência se tratando da fundação de ensino formal superior de veterinária, todavia acredita-se que estabeleceu em Pelotas, ainda no Império, em 1883, denominando Imperial Escola de Medicina e Agricultura Prática. Elias, Rombaldi e Meneghello (2003) acrescentam que em 1909 a escola encerrou o ensino dos médicos-veterinários, e enfatiza que no percurso de 1883 a 1909 não
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houve formação de médicos veterinários. No entanto, o curso de agronomia não sofreu nenhuma interrupção, continua em funcionamento. Sintetizando as primeiras escolas de veterinária no Brasil obtendo a formação dos alunos foram-se na metade do século XX e bem próximas em suas datas, sendo elas: Escola de Veterinária do Exército-RJ, 1914; Escola de Veterinária de OlindaPE, 1914; a Veterinária na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 1916 e o Instituto de Veterinária subordinado a Secretária de Agricultura- SP, 1920. O acervo de imagens dessa época é escasso, portanto o único registro encontrado foi o da Escola de Veterinária de Olinda. Nas figuras 12 e 13 abaixo é possível identificar a Escola e a Clínica Veterinária. Figura 12- Escola de Veterinária de Olinda
Fonte: Melo, Magalhães, Almeida e Câmara, 2010
Figura 13- Clínica Veterinária de Olinda.
Fonte: Melo, Magalhães, Almeida e Câmara, 2010.
Com base nas informações citadas em relação à criação do curso de medicina veterinária, que é juntamente atrelado à criação da primeira clínica
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veterinária no Brasil, foi elaborada uma linha do tempo retratando esses processos demonstrados na figura 14. Figura 14 – Linha do tempo da criação do curso de medicina veterinária no Brasil
Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
2.2 DEFINIÇÃO DE ABRIGO ANIMAL
Segundo o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, o abrigo de cães e gatos é um local que cuida e reúnem esses animais, grande parte recolhidos das ruas abandonados pelos antigos proprietários, outros, ocasionados do cruzamento dos animais errantes e resultando no nascimento destes na rua, sem possuir um lar antecedentemente. O intuito principal dos abrigos é ser um refúgio seguro para esses animais, um local de passagem que busca a recolocação para lares definitivos, através da adoção responsável e procura ser um núcleo de referência nos programas de cuidados, controle e bem-estar animal, atuando como multiplicador desses conceitos. A maioria dos animais acolhidos no abrigo sofreram no passado o abandono e os maus-tratos, com isso, muitos animais desenvolvem transtornos psicológicos, a ansiedade, insegurança, vulnerabilidade emocional e até mesmo a agressividade e para sua recolocação em lares necessita de reabilitação física e comportamental, obtida através dos abrigos antes de encontrarem seus novos lares.
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2.2.1 Histórico do Abrigo Animal no Mundo
Os abrigos animais provieram dos represamentos, isto é, locais onde nas cidades e vilas coloniais utilizavam para conter o gado errante, esses gados eram capturados e abrigados no represamento temporariamente, os que fugiam das fazendas aguardavam os proprietários nesse espaço e era liberado mediante o pagamento de taxa (ZAWISTOWSKI, MORRIS, 2004). Segundo Zawistowski e Morris (2004), com a evolução das comunidades gerou a segmentação das fazendas e da cidade, transmutando o foco dos represamentos, prescindindo de abrigo para animais de produção para abrigo de cães e em menor extensão para gatos. Os animais de produção que não fossem reclamados pelos donos eram abatidos e vendidos, ao contrário dos caninos e felinos que não podiam ser abatidos para consumo, eram apenas eliminados. Em 1866 foi fundada a ASPCA (Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade contra os Animais) e com o passar do tempo desencadeou novas organizações parecidas com o mesmo objetivo. Carolina White criou a filiar da ASPCA na Pensilvânia, denominada Mulheres, se tornando referência no desenvolvimento de abrigo animal, sendo a primeira localidade dedicada ao tratamento humanitário dos animais, associando tratamento médico, a adoção e em caso de sacrifício, rápido e indolor (ZAWISTOWSKI, MORRIS, 2004). No século XX, a responsabilidade do controle animal transpôs ao governo local, fornecendo os apanhadores de cães e um depósito onde abrigavam os animais errantes e quaisquer animais abandonados pelos seus proprietários, ocasionando a morte abundante devido aos custos do governo. Na década de sessenta houve a conscientização acerca dos animais destruídos, fomentando o movimento de resgate que evoluiu para agências de bem estar animal. Os depósitos de animais administrados pelos governos foram renomeados como abrigos e tendo como objetivo além do resgate a realocação a novas famílias e a posse responsável, virando uma nova gestão privada com o objetivo de transportar os animais de canis que seriam destinados à morte para áreas com maior possibilidade de adoção (SANTOS, 2010).
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2.2.2 Histórico do Abrigo Animal no Brasil 2.2.2.1 UIPA
O histórico dos abrigos animais no Brasil derivou-se dos maus-tratos que os animais sofriam, o princípio da transformação proveio da denúncia feita em 1893 por um suíço o qual estava na cidade de São Paulo a trabalho. Henri Ruegger denunciou os maus-tratos com um cavalo e descobriu e indignou-se com a falta de entidades dedicadas à proteção animal no Brasil. Sua repulsa foi publicada em artigos renomados fomentando a sociedade paulistana a se unir na defesa dos direitos animais (NASCIMENTO, 2015). Diante da mobilização, em 1895 finalmente foi constituída A União Internacional Protetora dos Animais (UIPA), fundada por figuras da elite paulistana tendo como um de seus precursores Ignácio Wallace da Gama Cochrane (18361912), engenheiro e deputado paulista engajado em vários projetos (OSTOS, 2017). Figura 15- Documento da Assembleia Geral em 1895
Fonte: https://saopauloantiga.com.br/uipa/
Ao final do século 19 a UIPA conseguiu uma vitória histórica a defesa animal junto à prefeitura criando os depósitos para animais apreendidos, assim como o encaminhamento dos cães e gatos errantes para esses depósitos administrados pela entidade ao invés de serem mortos envenenados. A UIPA teve sede própria na Vila Mariana, local em que hoje abriga o Parque Ibirapuera, não existia quase nada por ali, sendo um dos pioneiros da região. Segundo Ostos (2017), em Maio de 1919 foi
lançada
a
revista
Zoophilo
Paulista
e
mensalmente
distribuída
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predominantemente no estado de São Paulo, como forma de contribuir com a saúde financeira da entidade, tendo sua última publicação no ano de 1932. Com a expansão das ações, em 1920 contava com um cemitério para animais e em 1929 um hospital dedicado a socorrer os bichos da cidade, promovendo atendimento gratuito aos animais cujos donos não possuíssem condições financeiras para arcar com os custos veterinários, no ano de 1930 a UIPA reunia cerca de 2.500 sócios. Figura 16- Entrada da UIPA no Ibirapuera na década de 50.
Fonte: https://saopauloantiga.com.br/hospital-e-cemiterio-de-animais/
Figura 17- Estudantes visitando a UIPA na antiga sede no Ibirapuera, datadas de Maio de 1955.
Fonte: https://saopauloantiga.com.br/uipa/
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Após a inauguração do Parque Ibirapuera (1955) a entidade partilhava do mesmo local, porém na década de 70 a gestão do prefeito Figueiredo Ferraz determinou a remoção da UIPA e seu remanejamento a uma região distante. A organização não aceitou e o prefeito acertou a mudança para um local mais próximo, no bairro Pari, onde se localiza a UIPA na atualidade. Após 1970 novas instituições surgiram no país, entretanto a instituição percursora brasileira na defesa animal sobrevive até os tempos atuais, ainda que enfrentando muitas dificuldades, dado o custeio das instalações e dos funcionários (NASCIMENTO, 2015). Em relação ao processo de criação do abrigo animal no Brasil, a linha do tempo abaixo (figura 18) exemplifica o que foi dito nos parágrafos acima. Figura 18- Linha do tempo da criação do abrigo animal no Brasil
Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
2.3 DEFINIÇÕES DOS SETORES VETERINÁRIOS Existem diversos tipos de atendimento veterinário, diante disso tem-se uma breve apresentação de cada um para melhor entendimento do assunto.
2.3.1 Hospital Veterinário
De acordo com a resolução nº 1015, de 9 de Novembro de 2012 da CFMV do artigo 2°, configura-se: ‘‘Hospitais Veterinários são estabelecimentos capazes de
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assegurar assistência médico-veterinária curativa e preventiva aos animais, com atendimento ao público em período integral (24 horas), com a presença permanente e sob a responsabilidade técnica de médico veterinário’’ De acordo com a resolução acima o hospital veterinário necessita possuir no mínimo cinco setores para sua configuração, sendo eles: setor de atendimento; diagnóstico; cirúrgico; internação e o setor de sustentação.
2.3.2 Clínica Veterinária
No caso da clínica veterinária, difere em alguns aspectos do hospital, de acordo com a resolução nº 1015, de 9 de Novembro de 2012 da CFMV do artigo 4°, configura-se:
‘‘Clínicas
Veterinárias
são
estabelecimentos
destinados
ao
atendimento de animais para consultas e tratamentos clínico-cirúrgicos, podendo ou não ter cirurgia e internações, sob a responsabilidade técnica e presença de médico veterinário.’’ Os setores obrigatórios da clínica são apenas dois, sendo o de atendimento e de sustentação, ficando a cargo da instituição a opção de locar os demais, porém se optar por constituir o setor de internação, obrigatoriamente o funcionamento deverá ser 24 horas, mesmo sem haver o atendimento ao público após o horário comercial.
2.3.3 Consultório Médico Veterinário
No contexto de consultório médico, a mesma resolução, no artigo 6°, dispõe: ‘‘Consultórios Veterinários são estabelecimentos de propriedade de Médico Veterinário destinados ao ato básico de consulta clínica, curativos, aplicação de medicamentos e vacinações de animais, sendo vedada a realização de procedimentos
anestésicos
e/ou
cirúrgicos
e
a
internação.’’
Dispondo
obrigatoriamente somente do setor de atendimento.
2.3.4 Ambulatório Médico Veterinário
As regras para a implementação do ambulatório médico são análogas as do consultório médico, exigindo apenas o setor de atendimento. No entanto diferencia-
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se em seu uso, sendo: ‘‘Art. 8º Ambulatórios Veterinários são as dependências de estabelecimentos comerciais, industriais, de recreação ou de ensino onde são atendidos os animais pertencentes exclusivamente ao respectivo estabelecimento, para exame clínico e curativos, com acesso independente, vedada a realização de procedimentos anestésicos e/ou cirúrgicos e a internação.’’ (Manual de Legislação do Sistema CFMV/CRMVs, 2012).
2.4 HISTÓRICO DO HOSPITAL VETERINÁRIO PÚBLICO NO BRASIL
Como abordado nos itens anteriores, o primeiro hospital veterinário público inaugurou-se em 1929. De acordo com Nascimento (2015), a unidade chamada de Pavilhão Dr. Marcello Thiollier complementava as demais instalações da UIPA, compreendendo-se em área administrativa, isolamento, asilo (como antes eram chamados os abrigos) e o cemitério, totalizando 13.200m². Para a viabilidade do hospital eram feitos bailes de gala e campanhas arrecadatórias, visando à estimulação da doação e associação a instituição, assim como o arrecadamento por parte da revista Zoophilo Paulista. Figura 19- Hospital da UIPA.
Fonte: https://saopauloantiga.com.br/hospital-e-cemiterio-de-animais/, cedido pela presidente Vanice Teixeira Orlandi ao São Paulo Antiga.
CAPÍTULO 3- ESTUDOS DE CASO
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Neste capítulo serão abordadas quatro edificações semelhantes com o tema proposto do trabalho. Para cada estudo foi elaborado uma análise própria, com o intuito de nortear as decisões arquitetônicas e urbanísticas que serão empregadas no projeto CASCG (Centro de Acolhimento e Saúde para Cães e Gatos) no Município de Mogi das Cruzes. As informações contidas em cada estudo foram proporcionadas pelos escritórios e sites de arquitetura.
3.1 ESTUDOS DE CASO INTERNACIONAIS 3.1.1 Animal Refuge Center Figura 20- Animal Refuge Center
Fonte: https://www.archdaily.com/2156/animal-refuge-centre-arons-en-gelauff-architecten
3.1.1.1 Ficha Técnica Localização: Amsterdã, Holanda Área: 5800m² Ano: 2007 Arquitetos: Arons en Gelauff Architects Engenharia: Van Rossum
3.1.1.2 Descrição do Projeto O edifício do Animal Refuge Center foi desenvolvido após a união de dois abrigos existentes na cidade, havendo assim a necessidade de um novo local para os animais, sendo o maior abrigo existente para animais do país. O empreendimento está localizado em uma região afastada do centro da cidade e faz divisa com um
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córrego, foi projetado voltado para o interior formando uma proteção e abafamento dos ruídos internos que poderiam ser transmitidos ao meio externo e causar incômodo à vizinhança (ARCHDAILY, 2008). Com um investimento de aproximadamente 4,1 milhões de euros, o empreendimento tem capacidade máxima de abrigar 180 cães e 480 gatos ou coelhos, atualmente 30 pessoas compõe seu quadro de funcionários e cerca de 2.000 animais passam pelo abrigo durante o ano. Seus acessos são separados em acesso a quarentena e acesso geral como mostra a figura 21 abaixo e possui um estacionamento ao lado direito assim que se adentra com o carro. Figura 21- Acessos Animal Refuge Center Acesso ao terreno
Estacionamento
Acesso público
Acesso à quarentena
Fonte: https://www.archdaily.com/2156/animal-refuge-centre-arons-en-gelauff-architecten . E adaptado pela autora: Isabella Abboud.
O programa de necessidades do centro conta com uma variedade de serviços, primeiramente o animal resgatado passa por atendimento médico e se necessário é encaminhado à área de quarentena para diagnóstico e proteção dos demais animais ao redor, depois é conduzido aos canis, gatis ou gaiolas dos coelhos à espera de um lar. Além do abrigo animal, o Animal Refuge Center conta com escritórios, espaço comercial, veterinário, hotel destinado aos cães, gatos e coelhos, enquanto seus proprietários estão viajando, atendimento hidro terapêutico e fisioterapêutico, além
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dos setores de serviço e apoio aos funcionários, obtendo até mesmo um apartamento de zeladores, responsáveis por parte dos cuidados aos animais, o abrigo também conta com um veterinário disponível 7 dias por semana. Em relação a sua setorização, possui em seu lado direito dois pavimentos, e todos eles são dispostos do modelo ‘‘pente’’ onde existe um longo corredor variando entre salas perpendiculares e os abrigos dos animais. Este tipo de modelo utiliza grades, se assemelhando a uma prisão (ARCHDAILY, 2008). No térreo é possível localizar o setor de quarentena em seu lado esquerdo, isolando-se do restante das áreas, os canis estão contornando o edifício e possuem apoio próximo, a clínica veterinária, o setor de administração, comércio e a recepção encontram-se no centro de forma a facilitar o acesso aos setores adjacentes.
Figura 22- Planta térrea Animal Refuge Center Quarentena
Apoio/serviço
Recepção/comércio
Canis
Clínica Veterinária
Solário/Lazer
Setor ADM
Circulação Vertical
Fonte: https://www.archdaily.com/2156/animal-refuge-centre-arons-en-gelauff-architecten. E modificado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
O canil do lado esquerdo (figura 23) tem uma configuração diferente em relação ao do lado direito, tem pintura na cor amarelo é mais fechado e possui vidro e porta, remete-se a uma cabine. Já o canil ao lado direito (figura 24) possui traços mais grosseiros e assemelha-se a uma jaula e prisão, porém ambos contêm abertura para alimentação e soltura ao solário dos caninos.
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Figura 23- Canil esquerdo
Abertura
Fonte: Kirsten Lofers Adema, 2018 (Google Earth).
Figura 24- Canil direito
Abertura
Fonte: Kirsten Lofers Adema, 2018 (Google Earth).
A variação de acomodação se explica devido a uma doação generosa e visita em outro abrigo no Reino Unido servindo como inspiração a esses novos espaços, 90 dos 180 canis foram contemplados até o momento (DOA, 2021). Umas das peculiaridades desse projeto são seus dois centros livres opostos, destinados à área de lazer e solário dos animais, este possui uma articulação com grades divisórias a fim de diminuir o conflito dos bichos e quando viável a junção deles para integração, (figura 25).
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Figura 25- Lazer/Solário animal
Fonte: https://www.archdaily.com/2156/animal-refuge-centre-arons-en-gelauff-architecten
Porém, as últimas atualizações desse espaço o mostram bem diferente de antigamente, está dominado por vegetação e é bem difícil a visualização das grades, (figura 26). Figura 26- Lazer/Solário animal atualmente
Fonte: Kirsten Lofers Adema, 2018 (Google Earth).
Uma das áreas de apoio do Centro que se localiza no térreo é a lavanderia, como constatado na figura 27 percebe-se a grande quantidade de vestes e adereços dos animais e como o ambiente é pequeno para a demanda que o próprio atende.
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Figura 27- Lavanderia
Fonte: Kirsten Lofers Adema, 2018 (Google Earth).
Já no primeiro pavimento possui um corredor onde é destinado em seu lado esquerdo o hotel e na direita área de apoio e serviço, nas extremidades está o apartamento de zeladores e setor de administração. A fita de corredor a direita abriga os coelhos e os gatis, ficando em cima dos canis do térreo, (figura 28).
Figura 28- Planta 1° pavimento Animal Refuge Center Hotel
Setor ADM
Apartamento Zeladores Apoio/serviço
Gatis e abrigo de coelhos
Circulação Vertical
Fonte: https://www.archdaily.com/2156/animal-refuge-centre-arons-en-gelauff-architecten. E modificado pela autora: Isabella Abboud,2021.
O gatil é composto por gaiolas sendo que na maior parte do tempo essas ficam abertas possibilitando o passeio dos gatos, o espaço é composto por diversos brinquedos como os arranhadores, (figura 29). No mesmo pavimento encontra-se o abrigo dos coelhos, onde são separados por grupos e cercados, (figura 30).
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Figura 29- Gatil
Figura 30- Abrigo dos coelhos
Fonte: Kirsten Lofers Adema, 2018 (Google Earth).
No pavimento térreo é possível observar quatro tipos de circulação, sendo o da quarentena ao lado esquerdo; o público ao centro contemplando as áreas da recepção e comércio; o semi-público, onde visitantes podem adentrar o centro, porém acompanhados do guia, essa visita acontece no primeiro sábado e terça-feira de todo mês e dura cerca de 1 hora (DOA, 2021), porém no cenário atual essas visitas estão suspensas e sem prazo de retorno. E a ultima circulação é o setor mais restrito, o operacional, sendo a parte administrativa e de apoio do Centro, (figura 31). Figura 31- Circulação térreo Animal Refuge Center Circulação operacional
Circulação pública
Circulação semi-pública
Circulação quarentena
Fonte: https://www.archdaily.com/2156/animal-refuge-centre-arons-en-gelauff-architecten. E modificado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
No primeiro pavimento a circulação é mais reservada a operacional atendendo ao hotel na ala a esquerda e área de apoio e administração na ala a
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direita. A circulação semi-pública é destinada ao acesso aos gatis e abrigo dos coelhos, como demonstrado na figura 32. Figura 32- Circulação primeiro pavimento Animal Refuge Center Circulação operacional Circulação semi-pública
Fonte: https://www.archdaily.com/2156/animal-refuge-centre-arons-en-gelauff-architecten. E modificado pela autora: Isabella Abboud.
A partir da axonometria abaixo (figura 33) é possível o entendimento melhor do projeto e suas alternativas escolhidas, como a forma orgânica que seguiu o contorno do terreno, os pátios como função acústica e a disposição dos canis, gatis, quarentena e recepção. Figura 33- Axonometria Animal Refuge Center
Função acústica
Gatil
Entrada/ Recepção Canil
Pátio de lazer e solário
Forma que seguiu o contorno do terreno Canil Quarentena
Fonte: https://www.archdaily.com/2156/animal-refuge-centre-arons-en-gelauff-architecten. E modificado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
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No corte esquemático (figura 34) é possível visualizar a ala canina e a ala felina acima como forma de abafamento dos latidos, assim como a verificação da abertura dos canis voltados ao corredor de acesso que se dirige ao solário. Figura 34- Corte esquemático Animal Refuge Center Gatis e abrigo de coelhos
Circulação/ corredor de acesso
Canis
Solário/ Lazer
Abertura dos canis
Fonte: https://www.archdaily.com/2156/animal-refuge-centre-arons-en-gelauff-architecten. E modificado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
Uma tática para evitar a falência do Centro é uma taxa paga ao adotar um animal, sendo possível a sua abolição quando dão oportunidade a aqueles com alguma doença crônica ou os que não têm expectativa de vida longa. Outra atitude visando o estímulo a adoção é o desconto a esses animais em consultas e serviços de higiene prestados pelo Centro (DOA, 2021). Na página do Animal Refuge Center existem diversas imagens de animais disponíveis para adoção, contendo os cães (figura 35), gatos (figura 36) e coelhos (figura 37) com suas respectivas características. Surgindo o interesse é possível entrar em contato com o Centro e agendar uma entrevista, para assim alinhar as características do animal ao proprietário, realizando um casamento com a menor possibilidade de conflitos e futuros abandonos.
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Figura 35- Cachorro Pan, sexo
Figura 36- Gata Aiden, sexo
masculino, 5 anos de idade.
feminino, 3 anos de idade.
, 5 anos de idade.
Fonte: https://www.doamsterdam.nl/dog/im-looking-for-a-dog/dog/?id=47075/
Figura 37- Irmãs coelhas, Chick e Wynx, adultas.
Fonte: https://www.doamsterdam.nl/rabbit/i-m-looking-for-a-rabbit/rabbit/?id=43116
No próprio site também possui uma categoria para os animais perdidos que foram deixados no abrigo, aparecendo onde foram encontrados e quando, os quais ficam nessa categoria por aproximadamente um mês, desse modo facilitando o encontro com seus responsáveis novamente.
3.1.1.3 Estrutura e Materialidade O edifício tem como principal material construtivo em sua estrutura o concreto, seu revestimento externo causa bastante impacto, são painéis de aço zincado de 1,5mm de espessura atingindo até 5,40m de largura, sua pintura foi feita em pó, variando em 12 tonalidades de verde (figura 38).
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Figura 38- Revestimento externo. Painéis de aço zincado
Fonte:https://www.archdaily.com/2156/animal-refuge-centre-arons-en-gelauff-architecten. E modificado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
O intuito dessas tonalidades faz parte do partido arquitetônico empregado no projeto, visto que o conceito estipulado foi à continuidade do verde existente na paisagem ao redor, esses presentes em suas vegetações. Sendo assim, os painéis em verde refletem no leito do rio ao redor do edifício causando a sensação de pertencimento da obra ao local sem causar um impacto na paisagem urbana. Figura 39- Lateral do Centro animal.
Vegetação Reflexo dos painéis
o
Fonte:https://www.archdaily.com/2156/animal-refuge-centre-arons-en-gelauff-architecten. E modificado pela autora: Isabella Abboud
3.1.1.4 Análise Fofa
Diante da apresentação e entendimento do projeto, foi possível obter embasamento para a análise fofa representada na figura 40, onde estão listadas as forças e oportunidades em seu lado esquerdo em fundo rosa e as fraquezas e
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ameaças no lado direito em fundo da cor azul do projeto acima, com a finalidade de agregar referências para a elaboração do CASCG, onde são expostos tanto aspectos positivos, quanto negativos.
Figura 40- Análise FOFA Animal Refuge Center.
Fonte: Elaborado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
3.1.2 Centro de Cuidados Animais Palm Springs Figura 41- Fachada do Centro de Cuidados Animais Palm Springs
Fonte: https://www.archdaily.com/944745/sentidos-veterinary-clinic-ocrearquitetura/5f21dd0fb357653d3a000928-sentidos-veterinary-clinic-ocre-arquitetura-photo
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3.1.2.1 Ficha Técnica Cidade: Palm Springs, Califórnia EUA Área: 3.000m³ de terreno Ano: 2012 Arquitetos: Swatt | Miers Engenharia: Moldador/Fundacorp 3.1.2.2 Descrição Do Projeto O abrigo de animais Palm Springs deu-se a partir da parceria pública e privada entre a cidade e amigos do abrigo. O local propõe o controle de animais domésticos, realizando o tratamento dos animais abandonados e posteriormente suas respectivas doações. O edifício é disposto por 5 acessos, pertencendo 2 de uso público geral, 1 de entrega direcionado a sala de aula, 1 de entrega animal e 1 de serviço, setorizando bem seus fluxos e evitando o cruzamento desses, como demonstrado na implantação abaixo (figura 42). Figura 42- Implantação Palm Springs
Público escolar Público Geral Acesso Entrega Animal Acesso Serviço
N
Fonte: https://www.archdaily.com/237233/palm-springs-animal-care-facility-swatt-miersarchitects/500125cf28ba0d2c9f000bbc-palm-springs-animal-care-facility-swatt-miers-architects-siteplan?next_project=no. Modificado pela autora, Isabella Abboud.
Em relação à circulação dos 4 setores principais (operacional, entrega animal, público geral e o público escolar) é possível concluir que o setor norte é menos restritivo que o sul e o leste, como demonstrado na figura 43 da página seguinte.
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Figura 43- Circulação setorização
Circulação Educacional Circulação Pública p/ adoção Circulação Entrega Animal Circulação Operacional
N
Fonte: https://www.archdaily.com/237233/palm-springs-animal-care-facility-swatt-miers-architects. E modificada pela autora: Isabella Abboud, 2021.
O Palm Springs conta com um programa de necessidades amplo e também bem categorizado como suas entradas, separando a ala de gatos e animais pequenos com a dos cachorros, desse modo evitando o estresse causado com o encontro destes animais e facilitando o atendimento e cuidados dos médicos veterinários, ficando responsáveis por determinadas alas de atendimento. Demonstrado na figura da planta térrea do abrigo, (figura 44) a instalação engloba canis, gatis, espaço destinado à quarentena dos animais, sala de treinamento com uso educacional voltado à parte de conscientização e cuidado animal, área administrativa contemplando o lobby, espaço de adoção contendo um pátio com jardim convidativo com vista para os canis, diversas salas de apoio em tom de cinza e uma clínica veterinária destinada à realização de procedimentos médicos internos. (ARCHDAILY, 2012)
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Figura 44- Planta térrea Palm Springs Canil de quarentena Canil Canil de adoção Gatil Quarentena Gatil Gatil adoção Entrega animal Socialização/ Treinamento Sala de aula ADM. Sanitários Clínica veterinária
N
Adoção pública e recuperação
Fonte: https://www.archdaily.com/237233/palm-springs-animal-care-facility-swatt-miersarchitects/500125cc28ba0d2c9f000bbb-palm-springs-animal-care-facility-swatt-miers-architects-floorplan. E modificada pela autora: Isabella Abboud, 2021.
Na face nordeste do abrigo existe um projeto de expansão futuro, porém até os tempos atuais (2021) não foi construída. O conceito desse complexo é a integração de design do estilo desértico com sistemas de apoio modernos e de última geração para os cuidados com os animais. No partido como demonstrado na planta térrea à organização é em torno de um jardim de adoção canino central, este sombreado por saliências de tecido e resfriado por nebulizadores como demostrado na figura 45 abaixo. Figura 45- Jardim de adoção canino central
Fonte: https://www.archdaily.com/237233/palm-springs-animal-care-facility-swatt-miers-architects
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Na parte externa existe uma projeção ampla do telhado voltada para a Cordilheira San Jacinto, com a função de sombrear as entradas públicas principais (figura 46). Figura 46- Projeção do telhado nas entradas principais
Fonte: https://www.archdaily.com/237233/palm-springs-animal-care-facility-swatt-miers-architects
O projeto tem diversos conceitos sustentáveis, dentre eles o fornecimento de água reciclada da estação de tratamento de esgoto para a parte de limpeza e irrigação do complexo, visto que os espaços contendo animais necessitam de limpeza no mínimo duas vezes por dia, diante disso o projeto foi premiado com o LEED ‘‘prata’‘, ademais possui um sistema de gás oxigênio canalizado em sua área médica (ARCHDAILY, 2012).
3.1.2.3 Estrutura e Materialidade
Segundo o Archdaily (2012) em relação à materialidade do abrigo, foi optado pelo sistema de shear wall (paredes resistentes a cargas verticais e horizontais como fortes ventos), as áreas internas públicas como o canil e adoção são de bloco de concreto manchado e outras áreas internas são de drywall pintado com isolamento, o teto foi apostado em lamtec preto exposto, com função isolante, já as paredes externas são predominantemente de gesso de cimento com acabamento vertical inclinado, possui também poste de aço e vigas de metal, (figura 47).
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Figura 47- Recepção Palm Springs e materialidade
Teto em lambec preto exposto Poste de aço
Placas de drywall pintadas
Fonte: https://www.archdaily.com/237233/palm-springs-animal-care-facility-swatt-miers-architects
As áreas dos animais devido à extensa limpeza das instalações e cães que gostam de mastigar foram selecionados materiais pela sua durabilidade alta e não tóxicos, nos quais foram escolhidos pisos e paredes de resina epóxi, tetos acústicos não absorventes e estruturas de aço inoxidável. A fachada principal, voltada ao Oeste, recebe sol a maior parte do dia promovendo desconforto ambiental, diante disso foi implantado brises horizontais para barrar a incidência direta. Assim como possui um elemento que avança um pouco revestido de pele de vidro.
Figura 48- Fachada Principal voltada para a rua Vella Road
Brises Horizontais
Pele de Vidro
Fonte: https://www.archdaily.com/237233/palm-springs-animal-care-facility-swatt-miers-architects
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3.1.2.4 Análise FOFA Figura 49- Análise FOFA Palm Springs
Fonte: Elaborada pela autora: Isabella Abboud, 2021.
3.2 ESTUDOS DE CASO NACIONAIS 3.2.1 Clínica Veterinária Sentidos Figura 50- Fachada Clínica Veterinária Sentidos
Fonte: https://www.archdaily.com/944745/sentidos-veterinary-clinic-ocrearquitetura/5f21dd0fb357653d3a000928-sentidos-veterinary-clinic-ocre-arquitetura-photo
3.2.1.1 Ficha Técnica
Cidade: Bento Gonçalves-Rio Grande do Sul Área: 190m² Ano: 2019
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Arquitetos: Ocre Arquitetura Engenharia: Moldador/Fundacorp
3.2.1.2 Descrição do Projeto
O terreno da Clínica Veterinária Sentidos abrigava no passado uma residência antiga e nos dias atuais é um empreendimento contemporâneo e rico em arquitetura, sua entrada é realizada por um corredor lateral onde se têm o acesso à recepção, encontra-se uma entrada secundária ao final do corredor, destinado aos funcionários do local, tendo ligação direta a áreas restritas, como a sala. A clínica contempla 3 consultórios, 1 sala
de fisioterapia, laboratório, área cirúrgica, de
tratamento e recuperação, também possui uma pequena área destinada ao canil e solário. Como representado na figura 51. Figura 51- Planta Clínica Veterinária Sentidos
Recepção Consultórios Fisioterapia Sanitários Copa Laboratório Sala Cirúrgica Sala de Tratamento Sala de Recuperação Apoio Serviço Canil/Solário Paramentação
Jardim de inverno Acesso
Circulação vertical
Fonte https://www.archdaily.com/944745/sentidos-veterinary-clinic-ocre-arquitetura
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Em relação à circulação vertical não há nenhuma planta superior, diante deste indeterminado espaço entrou-se em contato com a OCRE Arquitetura onde foi esclarecido que este local é somente um terraço onde os funcionários da clínica estendem os lençóis lavados para secar, visto que a demanda é grande e é o espaço com maior insolação. Assim como, esse acesso dirige a caixa d’água e os condensadores de ar condicionado. Figura 52- Axonometria Clínica Sentidos
Terraço
Fonte: https://www.archdaily.com/944745/sentidos-veterinary-clinic-ocre-arquitetura . E modificado pela autora: Isabella Abboud,2021.
Assim como no corte longitudinal abaixo (figura 53) é possível identificar o final da escada e o terraço, simultaneamente com a sala de fisioterapia, cirúrgica, consultório, paramentação e o jardim de inverno ao centro. Figura 53- Corte longitudinal Clínica Sentidos
Fisioterapia Jardim de Inverno Consultório Paramentação Sala cirúrgica Terraço Fonte: https://www.archdaily.com/944745/sentidos-veterinary-clinic-ocre-arquitetura . E modificado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
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O projeto tem como conceito o melhor proveito do espaço e como partido ocupou o local até as bordas laterais, não havendo recuo. Para solucionar a problemática da iluminação e ventilação natural originada por essa estratégia, os arquitetos apostaram em jardins internos contando com vegetação, que além de ajudar no conforto térmico proporciona uma belíssima paisagem as salas circundantes (ARCHDAILY, 2020). Figura 54- Vista do consultório para o jardim de inverno
Fonte: https://www.archdaily.com/944745/sentidos-veterinary-clinic-ocre-arquitetura
Os ambientes voltados à parte frontal do prédio, onde se tem acesso a rua, contam com um brise vertical de madeira que proporciona segurança e privacidade, além de ser um elemento arquitetônico, como demonstrado na figura abaixo. Figura 55- Brises na Fachada
Fonte: https://www.archdaily.com/944745/sentidos-veterinary-clinic-ocre-arquitetura
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3.2.1.3 Estrutura e Materialidade
A estrutura da clínica é pré-fabricada, composta por vigas, colunas e painéis de fechamento com o intuito de executar uma obra rápida. Foi optado por deixar os blocos de concreto aparente, tanto no corredor de acesso quanto na própria estrutura. Figura 56- Acesso do corredor com os blocos de concreto aparente
Fonte: https://www.archdaily.com/944745/sentidos-veterinary-clinic-ocre-arquitetura
3.2.1.4 Análise FOFA Figura 57- Análise Fofa Clínica Veterinária Sentidos
Fonte: Elaborado pela autora: Isabella Abboud,2021.
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3.2.2 Hospital Veterinário Santa Catarina Figura 58- Fachada Hospital Veterinário Santa Catarina
Fonte: https://fantinsiqueiraarq.com.br/hospital-veterinario/
3.2.2.1 Ficha Técnica
Cidade: Blumenau, Santa Catarina Área do terreno: 2.500m² Área construída: 1.200m² Ano: 2013 Arquitetos: Fantin e Siqueira Arquitetura Engenharia: Prosil e Bucco engenharia
3.2.2.2 Descrição do Projeto
O Hospital Veterinário Santa Catarina se localiza em uma região de fácil acesso, em frente ao Campus 3 da FURB, dispõe de estacionamento próprio e conta com pronto atendimento 24 horas. Seus acessos são claramente setorizados, sendo do lado oeste o acesso do público geral e um pouco adiante ao norte o acesso para doenças infecciosas, assim evitando coincidir os fluxos e disseminar a doença. O acesso de serviço é realizado pela parte posterior do edifício, a frente do estacionamento voltado aos funcionários, como ilustra a figura 59.
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Figura 59- Acessos Hospital Veterinário Santa Catarina
Acesso público geral Acesso doenças infecciosas Acesso serviço Entrada automóveis Saída automóveis
Fonte: https://fantinsiqueiraarq.com.br/hospital-veterinario/. Modificado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
O hospital possui dois pavimentos, o primeiro (figura 60) contempla sala de emergência, consultórios clínicos, sendo um separado para doenças infecciosas, duas recepções, uma também voltada apenas para ao atendimento das doenças, área de fisioterapia, internação de caninos e felinos separados, centro cirúrgico com duas salas, UTI, laboratório, área de diagnóstico por imagem e farmácia. Figura 60- Planta primeiro pavimento Hospital Veterinário Santa Catarina Esterilização
Recepção 01
Sala cirúrgica
Recepção 02
Centro cirúrgico
Sanitários
Raio-X
Emergência
Sala de laudo Paramentação animal Paramentação médico Farmácia
Consultórios Consultório p/ doença infecciosa
Internação
Jardim de inverno
Internação doenças infecciosas Internação felinos
Laboratório
U.T.I
Ultrassom
Circulação vertical
Fisioterapia
Apoio
U.T.I plantão
Fonte: https://fantinsiqueiraarq.com.br/hospital-veterinario/. Modificado pela autora: Isabella Abboud.
Já no segundo pavimento (figura 61) é voltada a área administrativa e de serviço, contendo vestiários, almoxarifado, lavanderia, cozinha, dormitório com
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sanitário dirigido aos médicos veterinários plantonistas e sala de reunião. Ademais, o hospital possui um auditório voltado à realização de cursos e palestras na área da medicina veterinária, com o propósito de prevenção á saúde e a qualidade de vida animal, contempla inclusive uma área de lounge e bar em frente ao auditório.
Figura 61- Planta segundo pavimento Hospital Veterinário Santa Catarina Circulação vertical
Almoxarifado
Sala de reunião
Área técnica
Lavanderia
Administração
Vestiário
Sanitário
Auditório
Dormitório
Lounge/Bar
Cozinha
Fonte: https://fantinsiqueiraarq.com.br/hospital-veterinario/. Modificado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
Ao se projetar um hospital um dos principais pontos a ser estudado é a questão da circulação e fluxos, diante disso o Hospital Veterinário Santa Catarina setorizaram bem os fluxos distintos, concentrando a área de acesso público ao lado direito e o operacional na parte dos fundos do edifício, tornando-o mais restrito. Para acessar o segundo pavimento os funcionários utilizam da escada ao fundo e os pacientes que forem utilizar o auditório têm a opção de acessá-lo quanto pela escada projetada ao lado da recepção, quanto pelo elevador ao centro. A questão da circulação do animal com doença infecciosa fica restritamente limitada ao centro inferior do hospital, tendo acesso apenas a recepção, consultório e internação destinada a eles, dispondo apenas de um corredor restrito como ligação dessas
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área. O hospital é equipado para receber emergências e por isso foi locada logo atrás da reccepção, sendo um acesso rápido, (figura 62). Figura 62- Circulação térreo Hospital Veterinário Santa Catarina Circulação operacional
Circulação pública
Circulação infectologia
Circulação emergencial
Fonte: https://fantinsiqueiraarq.com.br/hospital-veterinario/. Modificado pela autora, Isabella Abboud.
Já no segundo pavimento, o acesso operacional é feito somente pela escada posterior, porém existe uma área técnica em frente ao auditório onde conflige as circulações, (figura 63). Figura 63- Circulação primeiro pavimento Hospital Veterinário Santa Catarina Circulação operacional
Circulação pública
Fonte: https://fantinsiqueiraarq.com.br/hospital-veterinario/. Modificado pela autora: Isabella Abboud.
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Abaixo tem-se a figura 64 representando a recepção principal onde é possível observar sua amplitude para assim proporcionar maior bem estar aos usuários, tanto aos donos quantos os animais, e a circulação vertical que leva ao auditório no pavimento acima. Figura 64- Recepção principal Hospital Veterinário Santa Catarina
Fonte: http://www.hovetsc.com.br/galeria
Com a análise das plantas foi possível entender o funcionamento da área de infectologia do hospital e a menção de sua segregação, optando pela circulação somente por um corredor, este rodeado dos dois lados por vegetação e vidro, permitindo a entrada da luz natural (Figura 65). Figura 65- Circulação infectologia
Fonte: https://www.galeriadaarquitetura.com.br/slideshow/newslideshow.aspx?idproject=755&index=0
Segundo Rosa (2018), um dos conceitos empregados no projeto é a humanização dos ambientes, tendo como partido a utilização da cor verde, remetendo a natureza. Sendo possível sua visualização na figura 66 contendo o
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ambiente de internação e o corredor principal de circulação operacional no térreo, e o jardim de inverno presente entre o corredor de infectologia demonstrado na figura acima. Figura 66- Internação e corredor em tons de verde
Fonte: http://www.hovetsc.com.br/galeria
3.2.2.3 Estrutura e Materialidade
De acordo com Rosa (2018) o edifício possui estrutura mista, sendo as paredes externas em alvenaria com estrutura em concreto armado e as divisórias internas são em gesso acartonado. A forma do edifício é de um prisma retangular com algumas saliências em vidro metálico, sendo elas a da escada pública ao lado da recepção e o jardim de inverno ao lado do corredor de infectologia, sendo possível observar na figura 62. A entrada principal é marcada por uma marquise de aço e pelo logotipo em verde, a parede principal da fachada é revestida de placas de ACM na cor cinza. Figura 67- Fachada principal Hospital Veterinário
Vidro metálico
Logotipo em verde Marquise em aço Placas de ACM cinza
Fonte: http://www.hovetsc.com.br/galeria. E modificado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
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3.2.2.4 Análise FOFA
Figura 68- Análise FOFA Hospital Veterinário
Fonte: Elaborado pela autora: Isabella Abboud,2021.
CAPÍTULO 4- LOCAL DE INTERVENÇÃO
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4.1 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO E BAIRRO 4.1.1 Município de Mogi das Cruzes
Para o desenvolvimento do Centro de Acolhimento e Saúde para Cães e Gatos foi optado por implanta-lo no Município de Mogi das Cruzes, cidade natal da autora. O mesmo está localizado na região metropolitana de São Paulo, a cerca de 50km da capital, possui clima subtropical e uma área de aproximadamente 712,541km². O Município é cortado pelo Rio Tietê, pela serra do Mar e a Serra do Itapety, dispõe de uma altitude média de 780 metros, atingindo seu ponto mais alto no pico do Urubu com 1.160m acima do nível do mar, este localizado na Serra do Itapety (IBGE, 2020). No mapa abaixo tem a localização do estado de São Paulo em relação ao País e Mogi das Cruzes em relação a São Paulo, ambos demarcados na tonalidade de rosa. Mapa 2- Localização de São Paulo e Mogi das Cruzes
Fonte: Elaborado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
De acordo com o IBGE (2020) sua população estimada é de 450,785 habitantes, esses dispõem de 85.5% de domicílios com esgotamento sanitário adequado, 62,2% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização e 28,7% de domicílios urbanos em vias públicas urbanização adequada (contendo bueiro, calçada, pavimentação e meio fio). Segundo Figueiredo (2014) o município foi eleito como o 7° melhor a se viver no Brasil no ano de 2014, perante mais de 5.500 municípios brasileiros. Um dos
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fatores que aumentaram a pontuação de Mogi foram às questões relacionadas à saúde, com o alto número de unidades básicas de saúde e investimento hospitalar.
4.1.1.1 Histórico de Mogi das Cruzes
Mogi das Cruzes é considerada uma das cidades históricas do Brasil, no ano de 1560 era uma terra utilizada para descanso do bandeirante Braz Cubas em suas caminhadas em meio à mata e passou a ser utilizada por outros bandeirantes. Gaspar Vaz abriu o primeiro caminho de acesso de São Paulo a Mogi, dando início ao povoado, elevado à Vila em 1° de Setembro de 1611 onde recebeu o nome de ‘‘Vila de Sant’Ana de Mogi Mirim’’ (NIGRE, ALVES, TOMIO, 2021). Na língua indígena Mirim significa pequeno, referente ao riacho Mogi Mirim, e Mogi sendo uma alteração de Boigy que vem de M’Boigy que por sua vez significa Rio das Cobras, denominação dada pelos índios a um trecho do Rio Tietê que cortava a cidade. Porém com a linguagem popular o Mirim foi substituído por Cruzes em seu nome oficial devido ao costume dos povoadores de sinalizar com cruzes os marcos de limite da Vila (COMPHAP, 2020). Atualmente, o município de Mogi das Cruzes dispõe de 11 distritos (mapa 3) em sua extensão e Brás Cubas, demarcado em rosa foi o escolhido para a implantação do projeto. Mapa 3- Distritos do Munícipio de Mogi das Cruzes 1- Taboão 2- Alto Parateí 3- Centro 4- Cezar de Souza 5- Sabaúna 6- Jundiapeba 7- Brás Cubas 8- Cocuera 9- Quatinga 10- Taiaçupeba 11- Biritiba Ussú
Fonte: Elaborado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
86
4.1.2 Distrito de Brás Cubas
O bairro onde o terreno está inserido, Vila Paulista da Estação, se localiza no distrito de Brás Cubas na cidade de Mogi das Cruzes, sendo o segundo maior distrito da cidade, inferior apenas ao centro. Brás Cubas surgiu como bairro por volta de 1940 e virou distrito em 1953 por uma lei estadual, de acordo com dados da Prefeitura. O impulso para o crescimento do distrito foram às fábricas, antes delas era uma terra pouco desejada por investidores e desde então, é uma área em constante avanço. Atualmente (Século XXI), este distrito é uma potencialidade da cidade de Mogi das Cruzes e conta com aproximadamente 120 mil habitantes (última atualização foi em 2017) e inúmeros bairros e loteamentos, segundo o jornalista Natan Lira. O distrito possui vias muito importantes, como: a Avenida Francisco Ferreira Lopes (SP-66); Rodovia Mogi Bertioga (SP-98); Avenida Japão, ligando o trecho sul do distrito até o centro da cidade; Via Perimetral e Avenida das Orquídeas, via de acesso ao terreno do projeto, essa também denominada como Corredor Leste-Oeste agindo como descongestionante do centro, foi concluída recentemente e víncula a cidade de Suzano a Mogi.
4.2 A ESCOLHA DO LOCAL
A escolha do local para a criação do abrigo animal e hospital público veterinário fundamentou-se pela carência e necessidade da área, ao entrar em contato com uma ONG muito importante da cidade intitulada como Grupo Fera, o qual abriga aproximadamente 150 animais e resgata-os diariamente em situação de rua e vulnerabilidade, informou que no munícipio de Mogi das Cruzes a região com o maior índice de animais em situação de abandono localiza-se no distrito de Jundiapeba. Tal informação reforça o tema e a localização escolhida, em razão do distrito de Jundiapeba e ao norte de Brás Cubas possuir uma das menores taxas de renda da cidade (mapa 4), fomentando a necessidade de um hospital público veterinário de
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fácil acesso principalmente a esses moradores, evitando maiores deslocamentos e diminuição de gastos. Mapa 4- Padrão de Renda da cidade de Mogi das Cruzes.
Fonte: Google Maps e modificado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
Ao percorrer o distrito de Brás Cubas e Jundiapeba verificou a presença abundante de animais nas ruas (figura 69 e 70), em situações de vulnerabilidade, suscetíveis a quaisquer intempéries e ruindade, além do mais, culminando na reprodução animal e intensificando vertiginosamente a superpopulação. Figura 69- Cães e gatos errantes na Rua Santa Virgínia- Brás Cubas.
Fonte: Google Maps,
88
Figura 70- Cães errantes na Av. José Antônio de Mello- Jundiapeba.
Fonte: Google Maps
Mogi conta com o Centro de Bem Estar Animal no extremo leste do município, disponibilizando
canil
para
abrigar
20
cachorros
e
6
gatos,
sendo
de
responsabilidade do Centro de Zoonoses, este, que se localiza próximo. Ademais, a unidade presta atendimento veterinário gratuito a animais de residentes da cidade enquadrados em baixa renda. Alguns procedimentos são pagos e a unidade funciona somente em horário comercial, outro ponto negativo é sua localização, situando-se em um local bem isolado, de difícil acesso, sem acessibilidade, com transporte público extremamente escasso e próximo a áreas menos necessitadas. Em vista desses estudos fortifica o local escolhido, bairro Vila Paulista da Estação, localizada no distrito de Brás Cubas, vizinho do distrito de Jundiapeba, situando-se em uma das quadras da Avenida das Orquídeas, como abordado anteriormente, via nova e pouco adensada, pois uma das exigências do manual de zoonoses (2008) é de que o espaço escolhido para o abrigo não deve ter adensamento populacional próximo devido à alta quantidade de ruídos. Perante o exposto o distrito de Jundiapeba não se enquadra, visto que é superpopuloso e com alta densidade, sendo assim precisava-se de um terreno próximo para ser de fácil acesso a toda população e enquadrado no manual. No mapa 5 é possível identificar a distância do distrito de Jundiapeba até o Centro de Bem Estar Animal em linha pontilhada azul, e a distância de Jundiapeba até o terreno do projeto do Centro de Acolhimento e Saúde para Cães e Gatos (CASCG) em linha pontilhada rosa, enfatizando o longo deslocamento desses moradores a unidade de César de Souza e a proximidade com o CASCG. Outrossim, vê se a necessidade da implementação do Hospital Público Veterinário visto que a cidade dispõe de apenas dois estabelecimentos que atendem 24horas e
89
se localizam no centro e na região norte, desatendendo a região oeste que compreende Jundiapeba e Brás Cubas. Mapa 5- Equipamentos veterinários no Município e distância de deslocamento.
Fonte: Elaborado pela autora: Isabella Abboud, 2021
4.3 TERRENO
O terreno escolhido possui cerca de 59.840,90m², sua topografia é extremamente branda, possuindo apenas uma curva de nível de 1 metro, por sua grande dimensão se torna praticamente imperceptível e aparenta ser plano. Atualmente não abriga nenhuma construção e possui uma massa arbórea densa em seu centro, seu formato é de um quadrilátero irregular (mapa 6). O terreno faz divisa com a linha de trem em seu fundo e o Córrego dos Canudos ao lado direito, sendo o seu ponto mais baixo acarretando o sentido de escoamento das águas, voltado para o próprio córrego.
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Mapa 6- Terreno
Fonte: Google Maps e adaptado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
Por se tratar de um projeto voltado aos animais uma das premissas na escolha do terreno era sua dimensão, foi buscada uma vasta área livre, para assim permitir amplos espaços para os animais se exercitarem e ao lazer. Com aproximadamente 360 metros de comprimento e 166 de largura (figura 71) possibilita trabalhar grandes pátios como no estudo de caso abordado em capítulos anteriores, Animal Refuge Center. Ademais sua localização proporciona uma vista privilegiada a serra do Itapeti em sua via de acesso principal, Avenida das Orquídeas. Figura 71- Vista e dimensões do terreno.
Serra do Itapeti 360m
Fonte: Tirada e adaptada pela autora: Isabella Abboud, 2021.
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No mapa 7 é possível identificar a Avenida das Orquídeas, via coletora que possui sentido duplo com 3 faixas cada, dentre elas uma destinada somente ao trânsito de ônibus. A ciclovia que percorre toda a avenida e passa em frente ao terreno, assim como localiza-se dois pontos de ônibus intermunicipais facilitando a locomoção dos usuários; a linha de passagem do trem em seus fundos gerando um maior índice de ruído nessa face, visto que a estação de Bráz Cubas situa a apenas 415m de distância do terreno. Ademais apresenta um caminho demarcado em laranja ligando a quadra ao lado até o passeio da Avenida. Em relação aos aspectos ambientais, seu posicionamento obtém a maior parte de insolação visto que em seus arredores não possui nenhuma barragem e seus ventos predominantes são na direção leste-oeste. Mapa 7- Análise micro ambiental
Fonte: Google Maps e adaptada pela autora: Isabella Abboud, 2021.
No mapa acima esta representada as estradas de terra, tanto ao lado esquerdo, quanto ao direito, onde na figura 72 da página seguinte observa-se a falta
92
de infraestrutura e acessibilidade dessas e o momento de transição da via asfaltada para a estrada de terra. Figura 72- Estrada de terra
Fonte: Tirada pela autora: Isabella Abboud, 2021.
Para minimizar as questões relacionadas aos ruídos sonoros produzidos por um abrigo foi de suma importância à presença de uma massa arbórea em seu entorno. Como barreira estabelecendo a separação do terreno a zonas residenciais mais próximas, precisamente ao setor leste e sul, dispõem do córrego e a linha do trem, respectivamente. Na figura 73 é possível visualizar o fim do terreno com uma massa de vegetação ao redor do córrego, o trem atravessando a fachada sul e a ciclovia à frente. Figura 73- Ciclovia e trem
Fonte: Tirada pela autora: Isabella Abboud, 2021.
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4.4 LEVANTAMENTO MORFOLÓGICO
Para o êxito do projeto foram desenvolvidos alguns levantamentos morfológicos ao entorno do terreno abrangendo um raio a cerca de 450 metros nas áreas edificadas, com o intuito de maior conhecimento da região onde o projeto será inserido. Os mapas serão de: uso e ocupação do solo, gabarito de altura, qualidade das edificações, sistema viário e transporte público coletivo.
4.4.1 Uso e Ocupação do Solo
A análise de uso e ocupação do solo concerne no fracionamento das funções e atividades atribuidas a cada edificação demarcada no mapa. As distinções realizadas neste caso foram em: uso residencial, comercial, serviço, institucional, misto 1 compreendendo num mesmo lote usos diferentes, sendo nesta conjuntura especifica o uso residencial e comercial, misto 2 contemplando residencial e serviço e misto 3 contendo comercial e serviço, ademais os terrenos vazios também estão demarcados. Avaliando o mapa 8 da página seguinte é possível mensurar algumas características da área, havendo a predominancia de uso residencial com 79,75% das edificações, este representado na cor mais clara em rosa e dispersado em todas as direções. Os lotes comerciais (2,5%.) e de prestação de serviço (12%) se concentram em torno da Avenida Franscico Ferreira Lopes justificando sua alta movimentação, o setor institucional representado por igrejas é um dos menores índices, somente com 1,3%, contendo aproximadamente duas em cada direção do mapa. O misto 1 representa 2,5%, mesma porcentagem das áreas comerciais, reforçando ser uma economia de gastos por se utilizar de um mesmo terreno e possuindo alto índice na região noroeste, área mais carente deste raio. O misto 2 (0.9%) e 3 (1,05%) se condensam no percorrer da Av. Franscico Ferreira Lopes e em alguns pontos ao sul em volta da Julio Simões,
uma das avenidas mais
importantes do município, desempenhando a ligação de diversos bairros.
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Mapa 8- Uso e Ocupação do Solo
Av. Anchieta
Av. das Orquídeas
R. Júlio Aragão
R. Santa Virgínia
Av. Francisco Ferreira Lopes
Av. Júlio Simões
Fonte: Elaborado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
4.4.2 Gabarito de Altura
No diagnostico de gabarito de altura, notifica-se o número de pavimentos das edificações, no mapa 9 é constatado a predominância de construções de apenas 1 pavimento, responsável por 74,20%, 2 pavimentos também possuem alto índice, compondo 22,66% dissipado por todas regiões. Para mais, edificações com 3 pavimentos se concentram a maior parte a leste equivalendo a 2,60%. Neste raio não é apontado grandes barreiras visuais, visto que possui uma homogeneidade em construções de altura baixa, dado que acima de 3 pavimentos são atípicas, reunindo apenas 0,44%, essas afastadas do local do terreno e sendo a maior parte residênciais multifamiliares ou empresas.
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Mapa 9- Gabarito de Altura
Av. Anchieta
Av. das Orquídeas
R. Júlio Aragão R. Santa Virgínia
Av. Francisco Ferreira Lopes
Av. Júlio Simões
Fonte: Elaborado pela autora: Isabella Abboud, 2021.
4.4.3 Qualidade das Edificações
Para o estudo da qualidade das construções foi analisado condições como o conforto, segurança, cobertura, ventilação e acabamento, para assim poder diagnosticar sua classificação, essas variando em edificações ótimas, boas, regulares, ruins e péssimas. Nas figuras abaixo é possível exibir um exemplo para cada fase classificatória obtidas através do percurso do google maps no próprio entorno do projeto.
96
Figura 74- Ótima
Figura 75-Boa
Fonte: Google Maps Figura 76- Regular
Figura 77- Ruim
Fonte: Google Maps
Figura 78- Péssima
Fonte: Google Maps
De acordo com o protótipo acima, as edificações dessa região são predominantemente regulares, resultando em 39,13% das analisadas, as mesmas
97
encontram-se espalhadas em todas as áreas. As construções enquadradas em condições boas aparecem em segundo lugar com 18,44%, principalmente localizadas ao sul do mapa. As classificadas como ruins (29%) e péssimas (4,74%) se concentram ao nordeste do mapa, isto ocorre devido à tipologia da área, sendo essa esquecida pela prefeitura e estando em situação insalubre, bem próxima ao córrego e Avenida das Orquídeas, não respeitando os recuos; além disso, possui muitas estradas de terra, e não é contemplada pela plataforma de Street View. Para mais, as edificações enquadradas como ótimas (8,69%) aparecem esporadicamente e em pontos isolados ao sul. Mapa 10- Qualidade das Edificações
Av. Anchieta
Av. das Orquídeas
R. Júlio Aragão
R. Santa Virgínia
Av. Francisco Ferreira Lopes
Av. Júlio Simões
Fonte: Elaborada pela autora: Isabella Abboud, 2021.
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4.4.4 Sistema Viário
O
sistema
viário
recebe
algumas
classificações
devido
as
suas
características, possui a via de trânsito rápido, onde não há interseções em nível e nem travessia de pedestres; as vias arteriais onde existem interseções em nível e possibilita o trânsito entre as regiões da cidade; as coletoras que são subordinadas as arteriais e de trânsito rápido com a responsabilidade de coletar e distribuir o fluxo destas; as locais que são destinadas ao acesso as construções e são mais restritas e por fim, as estradas que são vias não pavimentadas. No raio do entorno do mapa 11 da página seguinte, é possível encontrar o sistema viário do entorno, sendo observado que a única das vias descritas acima que não o envolve é a de trânsito rápido. Os quatro lados do terreno é cercado de vias, sendo a do lado direito, esquerdo e posterior estradas, essas demarcadas em linha azul no mapa, a frente do terreno atravessa uma das vias coletoras, a Avenida das Orquídeas traçada em cor avermelhada tornando-se de muita relevância para o projeto visto que a mesma faz ligação a diversos distritos, como por exemplo, o de Jundiapeba. Nas vias adjacentes encontra-se a presença predominante de vias locais delineadas em cor de rosa e apenas uma via arterial, essa sendo a Avenida Francisco Ferreira Lopes indicada pela cor amarela que corresponde a uma das vias de maior movimentação do município de Mogi das Cruzes, integrando distritos e responsável por abrigar diversos comércios e prestadores de serviço, se tornando um pólo gerador de tráfego.
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Mapa 11- Sistema Viário
Fonte: Elaborada pela autora, Isabella Abboud, 2021.
4.4.5 Transporte Público Coletivo
Na análise sobre a temática de transporte público coletivo na região foi constatado numerosas linhas municipais apresentando seus pontos de parada com pins e seu trajeto, ambos em cor azulada, também foi detectado linhas intermunicipais com seus respectivos pontos e trajeto, em cor de rosa representados no mapa 12. De acordo com as informações citadas é possível notar uma alta densidade de tranporte público pela Av. Francisco Ferreira Lopes, possuindo tráfego municipal quanto intermunicipal, a falta de pontos de parada na Av. Anchieta, visto que essa
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possui um grande comprimento e facilitaria a mobilidade em pontos circundantes a ela e a falta de uma linha municipal na Av. das Orquídeas, via principal de acesso ao terreno do projeto, promovendo um acesso irregular das quadras vizinhas a leste pela linha de trêm como forma de se vincular ao sul do mapa, área disposta com múltiplas linhas. Para mais, a estação de Braz Cubas situa-se a apenas 415m da fachada leste do terreno. Mapa 12- Transporte Público Coletivo
Fonte: Elaborada pela autora: Isabella Abboud, 2021.
4.5 ÍNDICES DE ZONEAMENTO
A Lei de Ordenamento e Uso e Ocupação do Solo (LOUOS) atual do Município de Mogi das Cruzes oferece parâmetros condicionais e restritivos que devem ser seguidos integralmente para a implantação de quaisquer projetos, com a
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finalidade de evitar prejuízos aos usuários, entorno e meio ambiente. Esses parâmetros devem ser seguidos integralmente. Exemplificando, esses parâmetros são considerados como Índices Urbanísticos, Critérios de Implantação e Taxa de Permeabilidade. O terreno analisado encontra-se na Zona de Ocupação Condicionada 2 (ZOC2) como indicado na no mapa 13 em que ele esta contornado e colorido de vermelho. A ZOC- 2 segundo a Lei n° 7200 de 31 de Agosto de 2016 de Mogi das Cruzes descreve ser uma zona com baixa intensidade de ocupação e oferta de infraestrutura,
tendo
como
predomínio
o
uso
residencial,
reafirmado
nos
levantamentos morfológicos realizados pela autora apresentado anteriormente. Mapa 13- Zoneamento e contorno do terreno.
Fonte: https://www.mogidascruzes.sp.gov.br/public/site/doc/201701091437505873a03e91461.pdf
Em relação aos termos legislativos de uso, a zona ZOC-2 corresponde a ZOP-2, tendo como diferença a capacidade ou implantação de infraestrutura urbana, onde nas áreas de ZOP são permitidos os usos não residenciais diversificados como o comércio, indústria, espaços de lazer, entre outros, todos seguindo os critérios de incomodidade. Com base na classificação da zona ZOC-2 é possível analisar os parâmetros técnicos e permissões de usos necessários para a implantação do projeto, oferecido no Anexo 6 da Lei n° 7.426/2018 do site da prefeitura. O local onde o terreno esta inserido é em frente a uma via coletora, Avenida das Orquídeas e por ser uma quadra inteira usa-se os parâmetros de terrenos de esquina que são os mais restritivos.
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Tabela 3- Zoneamento ZOC-2
Legenda: L – Vias Locais
C – Vias Coletoras
A – Vias Arteriais
Fonte:https://www.mogidascruzes.sp.gov.br/public/site/doc/201901171411235c40a92b01e4d.pdf
Com base na tabela de zoneamento acima, a taxa máxima de ocupação (TO) é de 50%, sendo uma diretriz de definição máxima da área de projeção horizontal da edificação, seguida pelo Coeficiente de Aproveitamento Básico (CAb), que se refere a área total a ser construída no lote considerando todos os seus pavimentos, neste caso igual a 1 e pelo Coeficiente de Aproveitamento Máximo (CAm), que é o valor multiplicado pela área total do lote dando resultado a área máxima a ser construída considerando todos os pavimentos, sendo 1,5. Ademais, é preciso seguir a Taxa de Permeabilidade (TP) referindo-se a relação entre a parte permeável e área do lote, equivalendo a 20%. Na tabela 4 abaixo é possível verificar os índices urbanísticos aplicados ao terreno. Tabela 4- Índices Urbanísticos Aplicados ao Terreno
ÍNDICES URBANÍSTICOS APLICADOS AO TERRENO Área do Terreno
59.840,90m²
Taxa de Ocupação- (TO- 50%)
29.920,45m²
Coeficiente de Aproveitamento Básico (CAb- 1)
59.840,90m²
Coeficiente de Aproveitamento Máximo (CAm1,5) Taxa de Permeabilidade (TP- 20%)
89.761,35m² 11.968,18m²
Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
Igualmente, há os critérios de implantação de lotes de esquina, definindo seus recuos mínimos, correspondendo aos recuos laterais, sendo 1,5 metros, recuo dos fundos 2,0 metros e recuo frontal 5 metros.
CAPÍTULO 5- DIRETRIZES E PREMISSAS
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A fim de coletar dados sobre dimensionamento, expecificações técnicas, e funcionamento de um hospital veterinário e abrigo, foi realizada uma pesquisa para subsidiar o melhor projeto possível. Para isso, foi selecionado os principais códigos e regulamentos, utilizando-se sempre da medida mais restritiva entre eles. Em relação ao abrigo, por não existir regulamentação específica para ele, foi utilizado da FUNASA (Fundação Nacional de Saúde), 2003, onde fornece diretrizes para projetos físicos de unidades de controle de zoonoses e fatores biológicos de risco; e o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo, resolução CFMV, n°2455 de 28.07.2015 que dispõe de normas para manutenção de cães e gatos sob condições de bem estar em criadouros comerciais. Para a implantação do hospital público veterinário foi orientado as condições para o funcionamento pela resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) Decreto Nº 40.400, de 24 de outubro de 1995 dispondo de ambientes necessários na unidade e suas especificações, também pelo decreto nº 56.819 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo de 10/03/2011, onde forneceu regulamentações de segurança contra incêndio da edificação. Por fim, foi utilizada a Portaria da Secretaria Municipal da Saúde-SMS n°641 de 8 de Abril de 2016 do Município de São Paulo, visto que Mogi das Cruzes não possui sua própria legislação específica a estabelecimentos veterinários, servindo como apoio a regulamentação de condições higiênico-sanitárias e as boas práticas para estabelecimentos e serviços veterinários, determinando as exigências mínimas de instalações. Ademais, em âmbito nacional foram estudadas as leis ABNT NBR 9050 EMENDA 1 de 03.08.2020, no qual possui as normas de acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, a NBR 9077 de Dezembro de 2001 fornecendo a regulamentação para as saídas de emergência em edifícios e a Legislação de Proteção Radiológica dispondo de diretrizes de segurança para salas com radiação. Em contexto estadual e municipal foi compreendida o Código Sanitário do Estado de São Paulo, lei n°12.343 de 27 de Setembro de 1978 e o Código de Obras e Edificações de Mogi das Cruzes lei complementar n°143 de 15 de Janeiro de 2019.
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5.1 ÁREA EXTERNA
Acesso de veículos aos lotes: De acordo com a NBR 9050 na subseção 6.12.4, estipula que o acesso de veículos aos lotes, bem como os espaços de circulação e estacionamento não podem interferir na circulação de pedestres e não deve criar degraus e desníveis.
Estacionamento: Segundo o Código de Obras de Mogi das Cruzes (2019) as vagas de estacionamento devem atender a medida mínima de 2,50x4,80 metros para automóveis e 1,20m+2,50x5,00 metros para vagas reservadas para pessoas com deficiência. E de acordo com o ANEXO 5 do Código, o Centro de Acolhimento e Saúde de Cães e Gatos deverá possuir no mínimo uma vaga para cada 80m² de área construída, sendo no mínimo 3 vagas. A NBR 9050, complementa que o percurso entre o estacionamento até a edificação deverá ter uma rota acessível e as vagas para deficientes e idosos devem possuir distância máxima de 50 metros até um acesso acessível a edificação. Desembarque ambulância: Segundo a ANVISA (2002) a área externa destinada ao desembarque de ambulâncias deverá ter no mínimo 21m de área coberta.
Abrigo para resíduos sólidos: Segundo o Código de Obras de Mogi das Cruzes, no artigo 241 dispõe que toda edificação deverá ter em seu interior abrigo para resíduos sólidos para acomodar o volume gerado por 48 horas e de fácil acesso à coleta. Já o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV/1995) dispõe que deverá ser dimensionado para conter o equivalente a três dias de geração e suas paredes
e
pisos
deverão
ser
de
material
resistente
a
desinfetantes
e
impermeabilizados, tendo como área mínima 1 m². Ademais, complementa que esse ambiente deve ser provido de dispositivos que impeçam a entrada e proliferação de roedores e artrópodes nocivos, bem como exalação de odores e sua localização deverá ser fora do corpo do prédio principal e
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o armazenamento de resíduos infectantes deverá ser feito em separado dos resíduos comuns.
5.2 CIRCULAÇÃO Corredores: Segundo o Código de Obras de Mogi das Cruzes (1978), corredores de uso coletivo, os que se destinam ao uso público ou coletivo, devem ter a largura mínima de 1,20m. Entretanto, toda a área de circulação de animais deverá apresentar largura igual ou superior a 1,80m. (FUNASA, 2003) Escadas: Para escadas de uso coletivo devem possuir a largura mínima de 1,20m. Ademais deverá dispor no mínimo de largura do patamar 1,20m quando não houver mudança de direção, se houver, essa deverá ser equivalente à largura da escada (COE, 2019).
Rampas: Segundo o Código Sanitário de São Paulo, as rampas não poderão apresentar
inclinação
superior
a
12%
e
serão
revestidas
com
material
antiderrapante, sempre acima de 6%; a largura das rampas será a mesma exigida para escadas (1,20m). Porém de acordo com o Código de Obras de Mogi das Cruzes (2019) em seu art. 306, dispõe que as rampas terão inclinação máxima de 8,33% quando forem meio de escoamento vertical da edificação. Sempre que a inclinação exceder a 5% o piso deverá ser revestido com material antiderrapante.
5.3 ABRIGO ANIMAL
Local: De acordo com a FUNASA (2003) o abrigo deve ser abastecido com energia elétrica, água, telefonia, rede de esgoto e possuir área do terreno suficiente para o acesso e manobra de caminhão de médio porte. Complementa que deverá possuir
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fácil acesso a comunidade estando em vias públicas e distântes de áreas densamente povoadas de forma a evitar incômodos. De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV/ n°2455) todo canil e gatil comercial deve obrigatoriamente ter um responsável-técnico médico veterinário, ademais, havendo a presença de áreas que possam ser usadas para recreação, como quintais e gramados, a metragem das mesmas pode ser adicionada àquelas designadas ao solário para perfazer o total exigido. As mães e suas ninhadas devem ser alojadas separadamente de outros animais em canis e gatis maternidade.
Canis e Gatis: Segundo a FUNASA (2003) deve-se prever portas com 2.10m de altura que abram para fora dos canis, facilitando assim o manejo dos animais, boa ventilação e iluminação natural para todos os canis, consideerando o odor e a umidade local. Além do mais, determina canaletas com grelhas para escoamento dos dejetos e sobras de ração, evitando o sistema fechado de esgoto e considerar caimento no piso em direção às grelhas de escoamento. Ademais, prever bebedouros e comedouros em todos os canis. De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV/2015) os canis e gatis devem ter área coberta protegidos de intempéries, com revestimento de parede de material lavável e passível de higienização e desinfecção. O piso deve ser de material antiderrapante, que proporcione segurança e conforto ao animal, de fácil higienização e resistente aos processos de limpeza e desinfecção, complementa que deve ser garantido o acesso diário dos animais às áreas de solário.
Canis Coletivos: Dimensionar cada módulo considerando área mínima de 0,50m² por animal, porém o módulo não poderá ter área inferior a 4,00m², sendo no máximo 30 cães em cada canil coletivo. A parte superior dos canis deverá ser fechada com alambrado, na altura de 2.10m (FUNASA,2003). Ainda assim, a FUNASA, prevê algumas especificações, sendo: perfil de 3/8 sobre mureta de alvenaria (h=1.00m); piso: monolítico de alta resistência ou cimentado queimado e teto de cobertura aparente.
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O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV/ n°2455) prevê a altura e espaço mínimo por animal de acordo com seu peso como demonstrado na tabela 5 abaixo. Tabela 5- Espaço mínimo canil
Fonte:https://www.crmvsp.gov.br/arquivo_legislacao/2455.pdf
Canis Individuais: O módulo dos canis individuais devem respeitar uma área mínima de 1,20m² e altura mínima de 1,20m. Os módulos não devem ser superpostos e a observação feita pela parte frontal e pela parte superior (FUNASA,2003). De acordo com o CFMV decreto Nº 40.400, de 24 de outubro de 1995 Art. 6° o canil deve ser construído em alvenaria e com área mínima de 1m², as paredes devem ser lisas, impermeabilizadas e de altura nunca inferior a 1,5 metros. O escoamento das águas não poderá comunicar-se diretamente com outro canil, acrescenta que em estabelecimentos destinados ao tratamento de saúde pode ser adotado o canil de metal inoxidável ou com pintura antiferruginosa, com piso removível. Já em estabelecimentos modelo pensão poderá ser adotado o canil tipo
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solário, com área mínima de 2m² e o solário cercado por tela de arame, inclusive por cima.
Canis de Quarentena: Segundo a FUNASA (2003) o
acesso deve ser restrito somente aos
funcionários e com área mínima de 1,20m², com iluminação e ventilação natural e portas de 60x1,20m abrindo para fora. Os canis devem ter canaletas com grelhas para escoamento dos dejetos na maior dimensão, com caimento do piso em direção a elas e ponto de água. Fechar a parte superior com alambrado na altura de 1,20m. Ainda assim, a FUNASA, prevê algumas especificações, sendo: grades em perfil de 3/8; piso: monolítico de alta resistência ou cimentado queimado; parede: barra lisa; teto: cobertura aparente. Canis de Adoção: A única diferenciação feita pela FUNASA (2003) em relação aos canis de adoção é avaliar os acessos, propiciando fácil acesso ao público de modo a não interferir nas atividades internas. Solário: O solário é uma área externa anexa aos canis, sem cobertura ou parcialmente coberta. A área do solário deve ser de no mínimo 2,5 m² por cão. O piso ideal deve ser de fácil higienização e, se cimentado, de preferência pintar com tinta resistente à água (Epóxi); o piso deve ainda apresentar declive de 4 a 5% em direção ao ralo, que deve ser individual e do tipo escamoteado. No caso de material não impermeável, é desejável que o piso seja de pedras ao invés de grama ou terra. As paredes devem ser de alvenaria até, no mínimo, os primeiros 40 cm de altura e o restante de telas de malha quadriculada ¾. Os canis podem estar integrados através de um corredor central, o que facilita o manejo diário e a construção, bem como otimiza o espaço. (CRMV-PP,2016)
Lazer: É indispensável à construção de um ou dois piquetes com grama e árvores para que os cães possam realizar comportamentos naturais e se exercitarem diariamente, ainda que em sistema de rodízio. Os animais devem permanecer
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nesta área ao menos uma hora por dia. Além de proporcionar estímulos físicos e mentais para os animais, o uso de piquetes/cercados estimula a interação positiva entre pessoas e cães, muito importante para socializar e reabilitar os mesmos, facilitando a adoção. A área de lazer é um espaço telado de no mínimo 4 m² por cão. O programa de controle de ectoparasitas e endoparasitas deve ser executado para evitar a disseminação de parasitas, lembrando que somente animais saudáveis podem ser introduzidos nesta área (CRMV-PP,2016).
Gatis Coletivos: Deve-se prever prateleiras para a colocação de gaiolas individuais e prever ponto de água. Ademais, a porta precisa ter uma altura de no mínimo 2,10 abrindo para fora do ambiente (FUNASA, 2003).O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV/ n°2455) complementa que os gatis devem ter ambientes verticalizados, com o uso de prateleiras em alturas variáveis, e as caixas/bandejas higiênicas devem ser mantidas afastadas, pelo menos um metro do comedouro e bebedouro. A FUNASA prevê algumas especificações, sendo: piso monolítico de alta resistência ou cimentado queimado e teto de cobertura aparente. O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV/ n°2455) prevê a altura e espaço mínimo dos gatis por animal de acordo com seu peso como demonstrado na tabela 6 abaixo. Tabela 6- Espaço mínimo gatil
Fonte:https://www.crmvsp.gov.br/arquivo_legislacao/2455.pdf
Fonte:https://www.crmvsp.gov.br/arquivo_legislacao/2455.pdf
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Para mais, segundo o CFMV decreto Nº 40.400, de 24 de outubro de 1995 Art. 6° as instalações destinadas ao abrigo de gatos e animais de pequeno porte devem ser construídas em metal inoxidável ou com pintura antiferruginosa, também não pode ser superposta a outra gaiola, nem o escoamento das águas comunicar-se com outra. Depósito de Ração: Destinado ao armazenamento de rações a serem usadas nos canis e gatis deve possuir ventilação natural, sem umidade. Prevê estrados de madeira, prateleiras e bancada de apoio (FUNASA, 2003). Ainda assim, a FUNASA dita algumas especificações, sendo: piso: monolítico de alta resistência ou cimentado queimado; parede: rebocada e pintada e teto com laje ou forro.
DML: Prevê um depósito de material de limpeza próximo destinado a guarda de material usado na limpeza da unidade (FUNASA, 2003).
Área de Serviço: Segundo a Funasa (2003) a área de serviço deve conter tanque e armário para material de limpeza em uso.
Sanitário/Vestiário Feminino e Masculino: Destinados a atender aos funcionários do bloco canil/gatil. Seu número de peças será calculado em função do número de funcionários (FUNASA,2003).
Setor de Sustentação: Composto por lavanderia, almoxarifado, setor de descarte de resíduos, cozinha, sanitários e sala de descanso para funcionários.
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5.4 HOSPITAL VETERINÁRIO Tabela 7- Edificações de divisão H-1 com área superior a 750m² ou altura superior a 12,00m
Fonte:http://www.corpodebombeiros.sp.gov.br/dsci_publicacoes2/_lib/file/doc/dec_est_56819_10M AR2011.pdf
Conforme consta na tabela 7 acima, o decreto nº 56.819 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo de 10/03/2011, diz que edificações com até 6 metros de altura e com área maior que 750m², essas classificadas como do setor de serviço de saúde e institucional do tipo H-1 (hospitais veterinários, entre outros) devem possuir algumas especificações, sendo elas: acesso de viatura, segurança estrutural contra incêndio, controle de materiais de acabamento, saídas de emergência, brigada de incêndio, iluminação de emergência e alarmes de incêndio com acionadores manuais obrigatórios nos corredores. Além disso, devem contar também com sinalização de emergência, extintores, hidrantes e mangotinhos.
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Em relação ao hospital veterinário, o artigo 271 do Código Sanitário diz que serão permitidos dentro do perímetro urbano, em local autorizado pela autoridade municipal, e desde que satisfeitas às exigências deste Regulamento e de suas Normas Técnicas Especiais. Já o artigo 272 diz que os canis dos hospitais e clínicas deverão ser individuais, localizados em recinto fechado, providos de dispositivos destinados a evitar a exalação de odores e a propagação de ruídos incômodos, construídos de alvenaria com revestimento impermeável, podendo as gaiolas serem de ferro pintado ou material inoxidável, com piso removível.
Sala de Recepção e Espera: De acordo com o CFMV decreto Nº 40.400, de 24 de outubro de 1995 Art. 6° a sala de espera destina-se a permanência dos animais que aguardam atendimento. Essa, deve ter acesso diretamente ao exterior e área mínima de 10m², com menor dimensão do plano horizontal de 2,5 metros. O piso deverá ser liso, impermeável e resistente a pisoteio e desinfetantes, as paredes devem ser impermeabilizadas e com altura mínima de 2 metros.
Sala de Consultas: Destinadas aos exames clínicos dos animais, as salas deverão ter acesso direto da sala de espera e com área mínima de 6m², sendo a menor dimensão do plano horizontal de 2 metros. O piso deverá ser liso, impermeável e resistente a pisoteio e desinfetantes, as paredes devem ser impermeabilizadas e com altura mínima de 2 metros (CFMV/1995).
Sala de Curativos: Sala designada a prática de curativos, aplicações e outros procedimentos ambulatoriais, segundo o CFMV n°40.400 Art. 6°, essas obedecem as mesmas especificações da sala de consultas.
Sala Cirúrgica: A sala cirúrgica tem como finalidade a prática de cirurgias em animais, sua área deve ser compátivel com o tamanho da espécie a que se destina, porém nunca inferior a 10m², tendo como menor medida no plano horizontal 2 metros. Seu piso
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deve ser liso, impermeável e resistente a pisoteio e desinfetantes; suas paredes devem ser impermeabilizadas, não deve haver cantos retos nos limites parede-piso e parede-parede e deve possuir altura mínima de 2 metros. O forro deve ser de material que permita constantes assepsias e as janelas devem ser providas de telas que impeçam a passagem de insetos. O acesso à sala cirúrgica é realizado através da antecâmara (CFMV/1995).
Antecâmara: Como abordado anteriormente a antecâmara é um ambiente de passagem até a sala cirúrgica, possui uma área mínima de 4 m² e com menor dimensão no plano horizontal de 2 metros, conterá pia para lavagem e desinfecção das mãos e braços dos cirurgiões. Poderá conter armários e seu piso deverá ser liso e impermeável; suas paredes devem ser impermeabilizadas com altura mínima de 2 metros (CFMV/1995). A SMS n°641 de 8 de Abril de 2016, complementa que o acesso da antecâmara a sala cirúrgica deverá ser feita com porta sem maçaneta, acionada sem o comando das mãos, essa deverá ter largura mínima de 90cm. Sala de Esterilização: De acordo com o CFMV decreto Nº 40.400, de 24 de outubro de 1995 Art. 6° é destinada a esterilização dos materiais utilizados nas cirurgias, nos ambulatórios e nos laboratórios, tendo como área mínima 6m², sendo menor dimensão do plano horizontal 2 metros e deverá ser provida de equipamento para esterilização seca e úmida. Seu piso deve ser liso, impermeável e resistente a desinfetantes e as paredes devem ser impermeabilizadas até o teto. Sala de Coleta: Designa a coleta de material para análise laboratorial médico veterinário, possuindo área mínima de 4m², sendo a menor dimensão no plano horizontal 2 metros, seu piso e paredes devem ser impermeabilizados. Sala de Processamento: Destinada à triagem, armazenamento e processamento de material e amostras biológicas (SMS,2016).
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Sala de Internação: São alojamentos temporários para animais internados, seu acesso deverá ser afastado das dependências destinadas à cirurgia e laboratórios e ser provida de instalações necessárias ao conforto e segurança dos animais. Ademais, propiciar aos funcionários condições adequadas de higiene e segurança. Suas dimensões devem ser compatíveis com o tamanho da espécie e o ambiente provido de dispositivos que evitem a propagação de ruídos incômodos e exalação de odores, assim como de água corrente suficiente para a higienização ambiental. O escoamento das águas deve ser ligado à rede de esgoto, ou, na inexistência desta, ser ligado à fossa séptica com poço absorvente; as portas e as janelas devem ser providas de tela para evitar a entrada de insetos (CFMV/1995).
Sala de Radiografia: De acordo com o CFMV decreto Nº 40.400, de 24 de outubro de 1995, sua dimensão é de acordo com o tamanho da espécie e as especificações de proteção ambiental e individual devem obedecer a legislação vigente para radiações. Diante disso, a Legislação de Proteção Radiológica de 1975, determina 25m² como área mínima a sala, dispondo de paredes baritadas ou com revestimento de chumbo, com portas blindadas com chumbo, com avisos de funcionamento e luz vermelha para aviso de disparo de Raios-X.
5.5 PET-SHOP
Sala de Tosa: Destinada ao corte de pelos dos animais, sua área mínima prevista pelo CFMV (1995) é de 2m², o piso deve ser impermeável, liso e resistente a desinfetantes; as paredes devem ser impermeabilizadas e com altura mínima de 2 metros.
Sala para Banhos: Sua área mínima deverá ser de 2m², possuir piso impermeável e resistente a desinfetantes; paredes impermeabilizadas com altura mínima de 2 metros,
a
banheira deve ter paredes lisas e impermeáveis e o escoamento das águas deverá
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ser ligado diretamente à rede de esgoto, sendo o da banheira provido de caixa de sedimentação (CFMV 1995).
Sala para Secagem e Penteado: Sem área mínima, de acordo com o CFMV (1995) deve dispor de piso liso, impermeável e resistente a desinfetantes, as paredes impermeabilizadas com altura mínima de 2 metros.
5.6 SERVIÇO E ADMINISTRAÇÃO GERAL
Vestiário: Segundo o Art. 36 do Código Sanitário do Estado de São Paulo, os vestiários devem possuir uma área mínima de 6m², sendo 0,35m² por empregado que neles deva ter armário e devem ter comunicação com o chuveiro. E de acordo com a ABNT NBR 9050 (2015) as portas devem ter um vão de no mínimo 0,80m e possuir do lado oposto ao da abertura da porta um puxador horizontal à altura da maçaneta.
Sanitário: Deve prever uma quantidade mínima de 5% de peças sanitárias acessíveis, sendo uma para cada sexo (NBR,2015). Sala de escritório: A área mínima para salas de escritório, comércio ou serviço é de 10m² (CÓDIGO SANITÁRIO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 1978).
Sala de aula: Capacitação dos funcionários relativa ao manejo de animais e demais procedimentos realizados no estabelecimento e palestras de conscientização animal voltado para toda a população. Segundo a Sanitária do Estado de São Paulo (1978) no artigo 103 exemplifica que salas grandes devem possuir área de no mínimo 0,80m² por pessoa e ventilação natural ou renovação mecânica de 50 m³ de ar por pessoa, no mínimo, no período de 1 hora.
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Refeitório: Segundo a Sanitária do Estado de São Paulo, os estabelecimentos em que trabalhem mais de 30 empregados é obrigatório a existência de refeitório ou local adequado a refeições. Deve possuir piso revestido com material resistente, liso e impermeável, forro de material adequado, podendo ser dispensado em casos de cobertura que ofereça proteção suficiente, paredes revestidas com material liso, lavável, resistente e impermeável, até a altura de 2,00 m. Lavanderia: De acordo com o Código de Obras, a lavanderia deve ter pé direito mínimo de 2,4m. Área mínima de 2m², e dimensão mínima de 1,10m. Área de insolação deve possuir no mínimo 0,60m² (1/8) e área de ventilação 0,30m² (1/16). Área de Serviço: Como dito no Código de Obras, a área de serviço deve ter pé direito mínimo de 2,4m, área mínima de 2m², e sua área mínima de insolação deve ter 0,60m² (1/8) e área mínima de ventilação 0,30m² (1/16).
Sala de manutenção: Salas destinadas à manutenção do edifício devem possuir vãos de iluminação e ventilação naturais, com área mínima de 1/6 da superfície do piso, permitindo a aplicação de iluminação zenital.
Almoxarifado: Salas referentes ao almoxarifado devem possuir área mínima de 8m², pé direito mínimo de 2,70m, vãos de iluminação mínimos de 1/10 da área total, e ventilação naturais de 1/20 da superfície do piso.
Depósito: No que diz respeito aos depósitos, pela Lei Sanitária Art. 38, é destinado pé direito mínimo de 3m. O Código de Obras define uma área mínima de 4m², sendo sua dimensão mínima 1,60m. A área mínima de insolação deve ser de 0,60m² (1/8), e a área mínima de ventilação deve ser 0,30m² (1/16).
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5.7 SAÍDAS DE EMERGÊNCIA Quanto às saídas de emergência, a NBR 9077 especifica que as distâncias máximas a serem percorridas para atingir um local seguro (espaço livre exterior, área de refúgio, escada protegida ou à prova de fumaça) devem ser de 30m sem chuveiros automáticos e 40 metros havendo o chuveiro, no caso de existir apenas uma entrada. Se possuir mais de uma deverá estar a 45m e 55m se possuir chuveiro automático.
CAPÍTULO 6- METODOLOGIA PROJETUAL
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6.1 PERFIL DO USUÁRIO O perfil do usuário é destinado principalmente para explicar os usuários que irão usufruir do projeto, como também os funcionários que irão trabalhar. Foi subdividido em público alvo do setor de abrigo, hospital veterinário, pet shop, setor educacional e o café, e funcionários e colaboradores dos mesmos acrescendo do setor administrativo e de serviço.
6.1.1 Público Alvo 6.1.1.1 Abrigo Animal O abrigo animal tem como premissa atender cães e gatos errantes do município de Mogi das Cruzes, castra-los e trabalhar com sua reinserção social. Esses, encaminhados pela própria população ao encontra-los, ou a partir do contato por telefone ao abrigo para o seu recolhimento. Sua estrutura baseou-se na população atendida pela ONG Grupo Fera, este abordado anteriormente no trabalho, que declara atender 150 animais e atualmente, encontra-se superlotado e sem condições de mais resgate. À vista disso foi possível perceber que deveria ser uma estrutura que comporte acima de 150 animais, assim sendo, para o abrigo projetado foi optado e estruturado para receber até 317 animais, segmentado por 232 cachorros e 85 gatos. Os cães e gatos atendidos são de todos os portes, pequeno, médio e grande e após passar por avaliação médica e quarentena, passam a conviver com outros animais até o momento de adoção. Como incentivo à adoção prevê-se a criação de um site para divulgação desses animais, contendo suas características físicas e psicológicas como forma de melhor adequação a família interessada, bem como o fornecimento de tratamento estético gratuito fornecido pelo pet shop do CASCG uma vez por mês e atendimento médico gratuito para cada animal adotado, independentemente da classe econômica do proprietário do animal. O interessado pela adoção passa previamente por uma entrevista com a psicóloga do CASCG como forma de maior segurança ao animal e menor taxa de insucesso na adoção, compreendendo o espaço que o futuro proprietário possui,
121
seu tempo disponível, entre outras características importantes num processo de adoção animal para ter seu êxito.
6.1.1.2 Hospital Público Veterinário
O Hospital Público Veterinário é um equipamento proposto voltado a famílias carentes do Munícipio de Mogi das Cruzes, onde seu uso será 100% gratuito a famílias com renda mensal por pessoa de até meio salário mínimo (R$:550) e renda mensal do grupo familiar de até três salários mínimos (R$:3.300). Grupo familiar composto por três salários mínimos a cinco salários mínimos terão que arcar com 50% do custo, e acima disso pagará 70%. Contudo, proprietários de regiões vizinhas também poderão fazer uso dos serviços e do atendimento 24horas, todavia, assumindo todo o gasto e fomentando assim a reaplicação do modelo CASCG em outras regiões, beneficiando um número maior de usuários. O hospital será voltado aos cães e gatos, irá atender a consultas agendadas das 08:00 às 20:00, estendendo em 3 horas a mais em relação ao horário comercial que se limita as 17:00 horas, como forma de propiciar maior comodidade e interação dos proprietários. Funcionará com sistema de urgência e emergência 24 horas, dispondo a todo o momento de pelo menos um médico veterinário plantonista das 20:00 às 08:00 horas, e terá ala cirúrgica e de internação.
6.1.1.3 Pet Shop
O pet shop irá atender a toda população que possua animais domésticos, disponibilizando venda de mercadorias diversas, serviços de banho e tosa e estéticos ao animal, além de possuir uma área específica para o adestramento.
6.1.1.4 Educacional
O setor educacional é destinado a duas funções, sendo a primeira a qualificação de profissionais, voluntários e estagiários do Centro. E a segunda a
122
palestras
de
conscientização
animal,
cuidados,
e
promoção
da
adoção,
proporcionados a toda população interessada e de todas as faixas etárias.
6.1.1.5 Café
O café será ofertado a usuários e funcionários do empreendimento com a venda de salgados e alimentos rápidos como forma de maior comodidade e sem necessitar a locomoção para o exterior do Centro. Assim como, para toda a população do entorno, porém, com foco principal aos usuários.
6.1.2 Funcionários e Colaboradores 6.1.2.1 Abrigo Animal
O abrigo contará com funcionários fixos e voluntários, dependendo da demanda que estará atendendo no momento, de faixa etária variando de 18 até 60 anos de idade, de classe baixa a média. Ademais, um funcionário com CNH destinado ao recolhimento do animal de rua quando solicitado pela população, quando não houver, ajudará na manutenção do abrigo. Os funcionários serão de bairros vizinhos e passarão por treinamento na própria instituição, como forma de contribuir na melhora do desemprego regional.
6.1.2.2 Hospital Público Veterinário
O Hospital Público Veterinário terá médicos veterinários, recepcionistas e segurança, em sua maior parte de classe média a alta e com faixa etária de 22 a 60 anos de idade, visto que na recepção não é necessário curso superior, apenas curso técnico, todavia sempre havendo preferência a profissional da região. Como forma de diminuição de gastos, disseminação de conhecimento técnico e maior mão de obra, visa a contratação de estagiários do curso de medicina veterinária de diversas regiões, pela localização privilegiada do terreno ao lado da estação de trem Brás Cubas propicia a concretização deste planejamento de contratação mediante a facilidade do percurso.
123
6.1.2.3 Pet Shop
O pet shop contará com uma equipe de banho e tosa com aproximadamente 3 funcionários, uma recepcionista que marcará os clientes e horários e fará o pagamento das mercadorias expostas e um adestrador que será chamado mediante a procura dos proprietários dos animais e usufruirá do espaço destinado ao adestramento em uma área externa do Pet Shop. Os funcionários em sua maioria são de classe baixa a média e possuem faixa etária de 20 a 50 anos de idade.
6.1.2.4 Educacional
O setor educacional não contará com um funcionário fixo, apenas com alguns colaboradores no ramo de medicina veterinária para a realização de palestras e qualificação profissional.
6.1.2.5 Café
Por não haver um fluxo tão grande de movimentação do café, este contará com apenas um funcionário onde atenderá o cliente e realizará também o seu pagamento. O funcionário não necessita cozinhar, apenas colocar ao forno alguns salgados. A contratação será preferencialmente de moradores de regiões vizinhas e classificados como de baixa renda e sendo maiores de idade.
6.1.2.6 Administrativo
Os funcionários do setor administrativo do CASCG possuem uma faixa etária de aproximadamente 25 a 65 anos de idade, visto que os cargos disponíveis necessitam de uma formação superior. Essas pessoas são de classe média, sendo homens e mulheres, contendo recepcionista, secretário, diretor, gerente, tesoureiro, administradores e até mesmo uma psicóloga que atende duas vezes por semana, essa realizando a entrevista prévia a adoção.
124
6.1.2.7 Serviço
Os funcionários desse grupo estão voltados aos serviços técnicos da edificação, onde são pessoas que não possuem ensino superior e geralmente são de classe média e classe baixa, residentes da proximidade e que se locomovem até o local usualmente a pé ou de transporte público. A faixa etária é variante, sendo dos 18 anos até os 65.
6.2 AGENCIAMENTO
O agenciamento é uma exposição em forma de tabela dos ambientes contidos em cada setor do empreendimento como forma de melhor compreensão do programa. Na tabela 8 abaixo se encontra o agenciamento do Centro de Acolhimento e Saúde para Cães e Gatos. Tabela 8- Agenciamento CASCG Canil de quarentena, solário quarentena, canil individual peq. porte, solário canil individual peq. porte, canil individual grande porte, solário canil
SETOR ABRIGO ANIMAL
individual grande porte, canil maternidade, canil coletivo lazer, gatis quarentena, gatis coletivos, solário gatis coletivos, lazer, depósito de ração e dml. Recepção, arquivo médico, sala de espera cães, sala
de
espera
gatos,
sanitário
feminino,
sanitário masculino, sala de triagem, consultório, sala de curativo, sala de coleta, sala de processamento, sala de fisioterapia cães e gatos,
SETOR HOSPITAL VETERINÁRIO
sala
de
ultrassonografia,
sala
de
eletrocardiograma, sala de radiologia, laboratório de análises clínicas, posto veterinário, internação cães,
internação
gatos,
isolamento
cães,
isolamento gatos, U.T.I. (unidade de terapia intensiva) animal, sala de banho e tricotomia, antecâmara, paramentação, sala cirúrgica, sala de preparo e recuperação de pacientes, depósito de material cirúrgico, sala médico veterinário
125
plantonista,
sanitário
funcionários,
farmácia,
cozinha animal, CME (central de materiais esterilizados), necrotério e DML. Recepção,
sanitário
feminino
sanitário
masculino, espaço pré e pós banho, exposição
PET SHOP
dos produtos, sala de banho e tosa, sala de tratamento, área de adestramento, depósito mercadorias e DML.
SETOR EDUCACIONAL
Sala multi-uso, sanitário feminino, sanitário masculino e almoxarifado.
Sala multi-uso,
SETOR CAFÉ
sanitário
feminino,
sanitário
masculino, almoxarifado, caixa, salão, sanitário feminino,
sanitário
masculino,
cozinha,
recebimento e higienização e dml. Recepção, sala diretoria, sala gerente, sala de reunião, sala de cadastro, sala tesouraria, sala
SETOR ADMINISTRATIVO
administrativa, sala de vigilância, almoxarifado, sanitário feminino e sanitário masculino.
Lavanderia,
rouparia,
almoxarifado
geral,
escritório, almoxarifado geral hospitalar, sala de
SETOR DE SERVIÇO
conferência, sala manutenção, cozinha, refeitório para funcionários, estar funcionários, vestiário e sanitário feminino e masculino, DML central, guarita e sanitário guarita.
SETOR TÉCNICO
Reservatório d’água, gerador e abrigo de resíduos sólidos.
Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
126
6.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES
O programa de necessidades tem como finalidade proporcionar de maneira adequada e direcionada o bem estar dos usuários, compreendendo os animais, proprietários, funcionários e visitantes. Para isso foi elaborado o programa de necessidades contemplando todos os setores do CASCG com seus respectivos ambientes determinando suas funções, mobiliário, quantidade e áreas. Para a fundamentação de tais informações foi se utilizado das diretrizes e premissas abordadas no trabalho, bem como o conhecimento agregado advindo dos estudos de caso apresentados. Tabela 9- Programa de Necessidades Setor Abrigo Animal
ABRIGO ANIMAL SETOR
AMBIENTE
FUNÇÃO
MOBILIÁRIO
ÁREA
ÁREA
MÍNIMA
TOTAL
10
1.5m²
15m²
10
6m²
60m²
20
2m²
40m²
20
4m²
80m²
50
4m²
200m²
50
8m²
400m²
QUANT.
Abrigar cães isoladamente por no mínimo 10 dias Canil de quarentena
para verificação da condição de saúde animal, evitando
Bebedouro e comedouro.
doenças
SETOR ANIMAL
infecciosas aos demais. Solário Quarentena Canil Individual peq. porte Solário Canil Individual peq. porte Canil Individual Grande porte Solário Canil
Propiciar a luz do sol ao animal, de
-
forma isolada. Abrigo a cães até
Bebedouro e
sua adoção
comedouro
Propiciar a luz do sol ao animal
-
Abrigo a cães até
Bebedouro e
sua adoção
comedouro
Propiciar a luz do
-
127
Individual
sol ao animal
Grande Porte Canil
Abrigo a cadelas e
Bebedouro e
Maternidade
filhotes até 2 meses
comedouro
2
4m²
8m² Consider ando
Canil
Abrigo a cães até
Bebedouro e
Coletivo
sua adoção
comedouro
15
0,50m²
1m² para
por cão,
cada em
sendo no
baias de
máximo
10
30
animais cada. 150m²
Dimensio
Lazer
Para os cães
Árvores e
realizarem os
brinquedos e
comportamentos
grades de
naturais e se
separação de
exercitarem
turmas
diariamente.
caninas.
nado para 222 animais (desconsi
4 m²
888m²
1m²
5m²
derando os da quarente na)
Abrigar gatos isoladamente por no mínimo 14 dias Gatis Quarentena
para verificação da condição de saúde animal, evitando
Bebedouro e comedouro
5
doenças infecciosas aos demais. Consider
Bebedouro,
ando
comedouro, cama, Gatis
Abrigar gatos até
prateleiras,
Coletivos
sua adoção.
caixas para se acomodarem e bandejas higiênicas.
0,50² por 8
gato, abrigando 20.
1m² para cada em baias de 10 animais cada 80m²
128
Consider ando
Solário Gatis
Propiciar a luz do sol ao animal
Coletivos
-
8
2m² por
2m² para
gato
cada em
abrigando
baias de
20
10 animais 160m²
SETOR ANIMAL
Para os gatos realizarem os
2m² por
comportamentos
gato ,
naturais e se
Lazer
-
1
dimensio
exercitarem
nado
diariamente, em
para 43.
86m²
SUSTENTAÇÃO
sistema de rodízio.
Depósito de
Armazenar
Prateleiras e
Ração
alimentos animal
armários
DML
Guarda de materiais de limpeza do abrigo
Prateleiras e tanque
1
20m²
20m²
1
4m²
4m²
ÁREA TOTAL CONSTRUÍDA (2.196m²)+30%(658,8m²)DE CIRCULAÇÃO= 2.854,8m² Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
Tabela 10- Programa de Necessidades Setor Hospital Veterinário
HOSPITAL VETERINÁRIO ÁREA SETOR
AMBIENTE
FUNÇÃO
MOBILIÁRIO
QUANT.
MÍNIM
Preenchimento
GERAL
ATENDIMENTO
ALA
A
Recepção
de formulário e direcionamento
Arquivo médico
Registros dos animais no
ÁREA TOTAL
Balcão, cadeiras, computadores
1
10m²
10m²
1
10m²
10m²
e armário Armários
129
hospital Permanência
Sofá,
até serem
bebedouro,
atendidos.
televisão.
Permanência
Sofá,
até serem
bebedouro,
atendidos.
televisão
Sanitário
Higiene
Vaso
Feminino
Pessoal
sanitário, pia.
Sanitário
Higiene
Vaso
Masculino
Pessoal
sanitário, pia.
Sala de Espera Cães
Sala de Espera Gatos
1,20 1
por pesso
12m²
a. 1,20 1
por pesso
12m²
a. 2
2,5m²
5m²
2
2,5m²
5m²
1
6m²
10m²
Bancada e
Sala de triagem
Avaliação do
mesa de
grau de
atendimento
urgência
inox, mesa de
animal
atendimento e cadeira. Bancada e
ALA ATENDIMENTO ESPECÍFICO
Consultório
mesa de
Utilizado
Avaliação e
atendimento
o valor de
atendimento
inox, mesa de
animal
atendimento e
sala,
estufa de
60m²
6
6m²
10m² por
medicação
Sala de Curativo
Prática de
Bancada e
curativos e
mesa de
outros
atendimento
procedimentos
lavatório e
ambulatoriais
saboneteria
1
6m²
6m²
2
4m²
8m²
Mesa de atendimento Coleta de Sala de coleta
material para análise laboratorial
Impermeável, pia de higienização, armários e recipientes para descarte dos resíduos.
130
Triagem, armazenament Sala de processamento
oe
Mesa, cadeira
processamento
e
de material e
computador.
1
6m²
6m²
2
15m²
30m²
1
6m²
6m²
1.
6m²
6m²
1
25m²
25m²
1
6m²
6m²
2
6m²
12m²
4m²
80m²
amostras biológicas Sala de
Destinado a
fisioterapia cães e
exercício de
gatos
fisioterapia Exame de imagem
Sala de
diagnóstico
ultrassonografia
para visualizar em tempo real órgãos.
Aparelhos específicos.
Mesa de atendimento, cadeira e aparelhos específicos.
Obter informações para o diagnóstico e Sala de
controle de
eletrocardiograma
doenças cardíacas, sistêmicas e
Mesa de atendimento, cadeira e aparelhos específicos.
avaliação précirúrgica. Sala de Radiologia
Laboratório de
ALA INTERNAÇÃO
Análises Clínicas
Posto veterinário
Realização de
Maca e
exames de
aparelhos
raio-X
específicos
Análise de
Mesa, cadeira
Exames
e
Laboratoriais
computador.
Apoio a e
Bancada,
atendimento
cadeira,
aos animais
computador e
internados
armário
Alojamentos Internação cães
temporários para animais em cuidado
Canil em aço
20 unidades
131
constante Alojamentos temporários Internação gatos
para animais em cuidado
Gaiola em
20
aço
unidades
1m²
20m²
4m²
20m²
1m²
5m²
25m²
50m²
1
6m²
6m²
1
4m²
4m²
1
6m²
10m²
constante Alojamentos temporários Internação
para animais
Isolamento cães
em cuidado
Canil em aço
5 unidades
constante e em isolamento Alojamentos temporários Internação
para animais
Gaiola em
5
Isolamento gatos
em cuidado
aço
unidades
constante e em isolamento Berço Destinado ao cuidado animal U.T.I. (Unidade
em estado
de Terapia
grave e pós
Intensiva) Animal
cirúrgico de cirurgias invasivas.
cirúrgico, ventiladores mecânicos, monitores multiparamétri cos e
2 (1 canino, 1 felino)
medicações de emergência.
ALA CIRÚRGICA
Raspagem dos pelos dos cães
Mesa para
Sala de banho e
e gatos antes
tosa, máquina
tricotomia
do
de tosa e
procedimento
banheira.
cirúrgico
Antecâmara
Paramentação
Ambiente de
Armários para
passagem até
colocação do
a sala
pijama
cirúrgica.
cirúrgico.
Ambiente de
Pia e
esterilização
dispositivo
132
das mãos e
dispensador
braços
de detergente, sem acionamento manual. Mesa cirúrgica
Sala cirúrgica .
Prática de
impermeável,
cirurgias
aspirador
diversas.
cirúrgico,mes
2
10m²
20m²
2
6m²
12m²
1
10m²
1
10m²
10m²
2
5m²
10m²
1
6m²
6m²
1
4m²
10m²
1
20m²
20m²
a auxiliar, entre outros. Preparo do Sala de preparo e
animal pré-
recuperação de
cirurgia e
pacientes
observação após.
Berço cirúrgico, mesa e armário.
Armazenament Depósito de material cirúrgico
o de materiais e
Armário
10m²
equipamentos cirúrgicos.
Sala médico veterinário
Descanso
SUSTENTAÇÃO
plantonista Sanitário funcionários
Farmácia
Higienização.
Abrigo de medicações.
Cama, sofá, TV e armário. Pia e vaso sanitário. Prateleiras, armários e geladeira.
Preparo de Cozinha Animal
refeições aos
Geladeira, pia
animais
e bancada.
internados Destinado ao
Pia de
CME (Central de
expurgo,
despejo,
Materiais
esterilização e
bancada com
Esterilizados)
distribuição
cuba de inox
dos materiais
e prateleiras.
133
hospitalares. Abrigo temporário de
Necrotério
Mesa de inox. geladeira e
animais
1
10m²
10m²
1
4m²
4m²
armários.
falecidos DML (Depósito de
Guarda de
Material de
materiais de
Limpeza)
limpeza
Prateleiras e tanque
ÁREA TOTAL CONSTRUÍDA (541m²)+30%(162,3m²) DE CIRCULAÇÃO= 703,3² Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
Tabela 11- Programa de Necessidades Setor Pet Shop
PET SHOP SETOR
AMBIENTE
ATENDIMENTO GERAL
Recepção
FUNÇÃO
Atender os clientes
mesa e
Vaso
Feminino
Pessoal
sanitário, pia.
Sanitário
Higiene
Vaso
Masculino
Pessoal
sanitário, pia.
Espaço pré e
Espera dos
Bebedouro e
pós banho.
animais
brinquedos.
mercadorias
TOTAL
1
10m²
10m²
2
2,5m²
5m²
2
2,5m²
5m²
1
30m²
30m²
Prateleiras
1
30m²
30m²
1
20m²
25m²
1
20m²
25m²
1
Externo
100m²
para venda.
Sala de
animais e
banho e tosa
cortar seus pelos. Cuidados
tratamento
MÍNIMA
Expor as
Lavar os
Sala de
ÁREA
armário
Higiene
Exposição
ÁREA
QUANT.
Cadeiras,
Sanitário
dos produtos
ATENDIMENTO ESPECÍFICO
MOBILIÁRIO
estéticos como secagem e penteado
Banheiras, pia e armários,
Mesas em inox, bancada, pia e armários.
Área de
Ensinamento
Á critério do
adestramento
aos animais.
adestrados.
SUSTENTAÇÃO
134
Guarda de
Depósito
Armário e
mercadorias
mercadorias
prateleiras.
do pet shop Guarda de
DML
Prateleiras e
materiais de
tanque
limpeza
1
-
30m²
1
4m²
4m²
ÁREA TOTAL CONSTRUÍDA (264m²)+30%(79,2m²) DE CIRCULAÇÃO= 343,2m² Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021. Tabela 12- Programa de Necessidades Setor Educacional
EDUCACIONAL AMBIENTE
FUNÇÃO
MOBILIÁRIO
QUANT.
ÁREA
ÁREA
MÍNIMA
TOTAL
TO GERAL
Capacitação Sala Multiuso
dos
Mesa,
0,80 a
empregados e
cadeiras,
palestras a
lousa e pias.
1
1m² por
40m²
pessoa.
populaçao.
SUSTENTAÇÃO
ATENDIMEN
SETOR
Sanitário
Higiene
Vaso
Feminino
Pessoal
sanitário, pia.
Sanitário
Higiene
Vaso
Masculino
Pessoal
sanitário, pia.
Guarda de Almoxarifado
material de escritório.
Armários e prateleiras.
2
2,5m²
5m²
2
2,5m²
5m²
1
12m²
12m²
ÁREA TOTAL CONSTRUÍDA (62m²)+30%(18,6m²) DE CIRCULAÇÃO= 80,6m² Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021. Tabela 13- Programa de Necessidades Setor Café CAFÉ
AMBIENTE
FUNÇÃO
ÁREA
MÍNIM
TOTA
A
L
1
10m²
10m²
1
20m²
40m²
QUANT
O
.
Mesa, Caixa
GERAL
ATENDIMENTO
SETOR
ÁREA
MOBILIÁRI
Pagamento
cadeira e computador
Salão
Refeições rápidas
Mesa, cadeira e balcão de
135
atendimento
Sanitário Feminino
Sanitário Masculino
SUSTENTAÇÃO
Cozinha
Vaso
Higiene
sanitário,
Pessoal
1
2,5m²
2,5m²
1
2,5m²
2,5m²
1
4m²
8m²
1
10m²
10m²
1
4m²
4m²
pia. Vaso
Higiene
sanitário,
Pessoal
pia.
Preparo e
Pia,
aqueciment
geladeira,
o de
fogão e
alimentos
micro-ondas.
Higienizaçã oe
Mesa,
Recebimento e
recebimento
cadeira,
Higienização
de
prateleira e
mercadorias
armários
. Guarda de DML
materiais de limpeza
Prateleiras e tanque
ÁREA TOTAL CONSTRUÍDA (77m²)+30%(23,1m²) DE CIRCULAÇÃO= 100,1m² Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
Tabela 14- Programa de Necessidades Setor Lazer
LAZER SETOR
AMBIENTE
Pet Park
FUNÇÃO
MOBILIÁRIO
Playground para
Brinquedos
LAZER
Cachorro e gato.
pets diversos
QUAN
ÁREA
ÁREA
T.
MÍNIMA
TOTAL Á
2
-
depender
Propiciar interação com a natureza e Jardins
promover maior
Bancos e
sensação de bem
bebedouros.
Á 2
estar aos humanos e animais. Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021
-
depender
136
Tabela 15- Programa de Necessidades Setor Administrativo
ADMINISTRAÇÃO SETOR
AMBIENTE
FUNÇÃO
MOBILIÁRIO
ÁREA
ÁREA
MÍNIMA
TOTAL
1
10m²
15m²
1
10m²
15m²
1
10m²
15m²
1
20m²
20m²
1
10m²
10m²
1
10m²
15m²
1
10m²
30m²
1
6m²
6m²
QUANT.
Atendimento ao público e Recepção
recebimento dos animais
Mesa, poltronas e computadores.
errantes. Responsável Sala diretoria
por importantes
ATENDIMENTO GERAL
decisões
Mesa, cadeiras e armários e computador.
Gerenciar o Centro de Sala gerente
Acolhimento e Saúde de Cães e Gatos
Mesa, cadeiras, armários e computador.
(CASCG) Promover Sala de
reuniões em
Mesa e
reunião
prol da
cadeiras.
unidade. Entrevista com os futuros Sala de
donos do
Mesa, cadeiras
cadastro
animal
e armários
adotado e seu cadastro Responsável Sala
RESTRITO
tesouraria
pelas entradas
Mesa, cadeiras,
e saídas de
armários e
recursos
computador.
financeiros Sala
Serviços
Mesa, cadeiras
administrativos
e armários
Sala de
Monitorar o
Mesa, cadeira e
Vigilância
edifício
computador.
administrativ a
137
Guarda de Almoxarifado
material de escritório.
Armários e prateleiras.
Sanitário
Higiene
Vaso sanitário,
Feminino
Pessoal
pia.
Sanitário
Higiene
Vaso sanitário,
Masculino
Pessoal
pia.
1
12m²
12m²
2
2,5m²
5m²
2
2,5m²
5m²
ÁREA TOTAL CONSTRUÍDA (148m²)+30%(44,4m²) DE CIRCULAÇÃO= 192,4m² Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
Tabela 16- Programa de Necessidades Setor de Serviço
SERVIÇO SETOR
AMBIENTE
FUNÇÃO Lavagem de
Lavanderia
camas de animais, lençóis, etc.
MOBILIÁRIO
ÁREA
ÁREA
MÍNIMA
TOTAL
1
2m²
20m²
1
10m²
10m²
1
12m²
30m²
1
12m²
30m²
1
12m²
24m²
1
12m²
12m²
1
4²
8m²
QUANT.
Maquina de Lavar e secar
Armazenamento Rouparia
de roupas de cama e outros,
Armário
limpas.
RESTRITO
Recebimento e Almoxarifado
distribuição de
Armários e
geral
material de
prateleiras.
escritório. Recebimento e Almoxarifado
distribuição de
Armários e
geral
material de
prateleiras.
hospitalar Conferência de Sala de
produtos
conferência
entregue ao CASCG
Sala de manutenção Cozinha
Mesa, cadeira e computador.
Consertar
Mesa,
equipamentos do
cadeira e
Centro
armário
Preparo de
Pia,
138
refeições
geladeira e armário.
Refeitório para
Mesa e
Refeições
cadeiras
funcionários Estar funcionários
Descanso
Sofá e TV.
1
4m²
20m²
1
10m²
10m²
30m²
60m²
1
4m²
10m²
1
12m²
12m²
1
2,5m²
2,5m²
Pia, vaso Troca de roupa,
sanitário,
2 (1
Vestiário e
higiene pessoal e
cabine de
masculino,
sanitário
guarda de
chuveiro,
1
pertences.
banco e
feminino)
armário. Guarda de DML Central
materiais de
Prateleiras e
limpeza do
tanque
CASCG Responsável Guarita
Mesa,
pelo controle de
cadeira e
entrada e saída
computador
do Centro Sanitário
Higienização
Pia e vaso
Guarita
pessoal
sanitário
ÁREA TOTAL CONSTRUÍDA (248,5m²)+30%(74,55m²) DE CIRCULAÇÃO= 323,05m² Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
Tabela 17- Programa de Necessidades Setor de Técnico
TÉCNICO
TÉCNICO
SETOR
AMBIENTE
Reservatório d’água
Gerador
FUNÇÃO
MOBILIÁRIO
-
edifício
Produzir energia
ÁREA
ÁREA
MÍNIMA
TOTAL Torre
250
Fornecer água ao
QUANT.
litros/dia por leito(NBR
tubular -
Área de
5626,1998)
-
1
30.000L
37m² -
4m²
139
mediante a urgências. 4
Guarda
Abrigo de
temporária
resíduos
de resíduos
sólidos
sólidos
(Infectante, Contêineres
químico,
2m²
8m²
reciclável e comum)
ÁREA TOTAL CONSTRUÍDA= 12m² Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
Após a elaboração do programa de necessidade de todos os setores existentes no CASCG foi realizado a somatória da totalidade de seus setores para obter a estimativa de sua área total, sendo assim também a quantidade mínima de vagas de estacionamento que o mesmo deverá possuir.
Tabela 18- Somatória da área de todos setores
CENTRO DE ACOLHIMENTO E SAÚDE DE CÃES E GATOS Setor
M²
Abrigo Animal
2.854,8m²
Hospital Veterinário
703,3m²
Pet Shop
343,2m²
Educacional
80,6m²
Café
100,1m²
Lazer
-
Administração
192,4m²
Serviço
323,05m²
Técnico
49m²
ÁREA TOTAL CONSTRUÍDA: 4.646,45m² Estacionamento: 4.646,45/80= 59 vagas de estacionamento Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
140
6.4 ORGANOGRAMA
O organograma consiste numa hierarquia organizacional, de acordo com o programa do projeto, em relação ao CASCG proposto o abrigo animal e o hospital veterinário mantem-se nos setores de maior relevância e importância e em ordem descensional os demais setores, (figura 79).
Figura 79- Organograma CASCG
ABRIGO ANIMAL
EDUCACIONAL
HOSPITAL VETERINÁRIO
CAFÉ
PET SHOP
LAZER
ADM.
SERVIÇO
TÉCNICO
Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
6.5 FLUXOGRAMA
O fluxograma tem a finalidade de subsidiar o entendimento dos fluxos, dos acessos distintos, das circulações que não podem se misturar, a diferenciação do público atendido pelo local, os ambientes que possuem ligação direta entre si, com o propósito de facilitar a elaboração da planta do projeto. No caso do Centro de Acolhimento e Saúde para Cães e Gatos foi necessária a elaboração de nove fluxogramas em razão dos diversos setores e complexidade do projeto. À vista disso, inicialmente foi elaborado o fluxograma geral, contendo
141
todos os setores existentes no projeto e suas ligações, por conseguinte desenvolvido separadamente cada setor com suas ramificações. Em relação às circulações, foi separada em quatro tipos, concernindo na circulação pública em linha rosa, tratando-se do livre fluxo sem nenhuma restrição. A circulação semi-pública, simbolizada pela linha laranja, que consiste no uso público, porém com restrições, sendo necessário o acompanhamento ou encaminhamento precedentemente de um ambiente público. A circulação destinada apenas ao infectológico em linha amarela, com o objetivo de impedir a proliferação de quaisquer doenças infectocontagiosas dos animais. E por fim a circulação restrita, representada pela linha verde, destinada ao uso operacional, delimitando apenas aos funcionários e prestadores de serviço do centro.
Figura 80-Fluxograma Geral CASCG
Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
142
O hospital foi subdividido em quatro alas com o intuito de agrupar os pacientes com necessidades similares, sendo assim o fluxograma foi dividido em dois. Na figura 81 contêm as alas de atendimento geral e específico e na figura 82 as alas de internação, cirúrgica e sustentação do Hospital Veterinário.
Figura 81-Fluxograma ala atendimento geral e específico Hospital Veterinário
Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
143
Figura 82-Fluxograma ala de internação, cirúrgico e sustentação do Hospital Veterinário
Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021. Figura 83-Fluxograma setor Abrigo Animal
Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
144
Figura 84-Fluxograma setor Pet-Shop
Fonte: Elaborado pela Autora, Isabella Abboud, 2021.
Figura 85-Fluxograma setor do Café
Fonte: Elaborado pela Autora, Isabella Abboud, 2021.
Figura 86-Fluxograma setor Educacional
Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
145
Figura 87-Fluxograma setor Administrativo
Fonte: Elaborado pela Autora, Isabella Abboud, 2021.
Figura 88-Fluxograma setor de Serviço
Fonte: Elaborado pela Autora, Isabella Abboud, 2021.
146
6.6 CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO
O conceito é um passo de suma importância, posto que a partir dele resulte na ideia que reflete a intenção da elaboração do projeto, o qual ao decorrer do trabalho dificilmente se modifica. Para a concretização do conceito existe a elaboração do partido onde tem a finalidade de demonstrar como ele será aplicado, podendo ser por meio de: elementos arquitetônicos, materiais, cores, tipologias de espaços, ambientes, entre outras vertentes utilizáveis e assim ter maestria no projeto. Ponderando o fato, o conceito arquitetônico adotado para o projeto foi de: infinito, palavra pela qual exprimi o sentimento de não ter fim, ser para sempre, condizendo com a ação de possuir um animal doméstico, visto que é uma responsabilidade para sempre. Para mais, sendo obrigatório ao tutor proporcionar as cinco liberdades animal, consistindo em: livre de fome e sede, desconforto, medo e estresse, dor e doença e livre para expressar seu comportamento natural, mencionada no capítulo 1 deste trabalho. Além disso, ao se ter um animal doméstico, esse proporciona ao tutor o sentimento de amor, amizade e proteção, criando um laço eterno e um amor imensurável, condizendo com o símbolo de infinito (figura 89). Figura 89- Analogia do infinito com a relação homem animal.
Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
O partido arquitetônico para a realização do conceito baseou-se em três vertentes, considerando uma das cinco liberdades animal ‘‘livre de dor e doença’’ juntamente com a obrigação de proporcionar este item infinitamente ao animal, diante disso a elaboração do hospital público veterinário contribui para quem mais precisa e não tem como arcar, (figura 90).
147
Figura 90- Hospital público como partido.
Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
Analisando outros dois conceitos das cinco liberdades ‘‘livre para expressar seu comportamento natural’’ e ‘‘livre de desconforto’’, em consonância com o fato de muitos animais residirem em apartamentos que não possuem um setor pet, ou em residências que sua circulação fica restringida a um pequeno espaço, o Centro contribuirá de forma a promover pet parks fechados ao decorrer de uma ampla praça em sua entrada, setorizados em área canina (figura 91) e área felina (figura 92) possibilitando ao animal se divertir, correr e no caso dos gatos, escalar, assim expressando seu comportamento natural. Figura 91- Pet Park canino
Fonte: Pinterest, 2021.
148
Figura 92- Pet Park felino
Fonte: Pinterest, 2021.
A última vertente utilizada no partido arquitetônico é a utilização de alguns traços da configuração do símbolo do infinito como na tipologia da forma do edifício, propiciando em seu centro a inserção de jardins principalmente no setor hospilar, auxiliando na questão de iluminação e ventilação natural, como exemplificado na figura 93.
Figura 93- Tipologia do edifício proveniente do símbolo do infinito propiciando jardins internos .
Fonte: https://www.spoon-tamago.com/2011/07/07/hiroshi-senju-museum-in-karuizawa-byryue-nishizawa/ e modificado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
Para mais, a tipologia baseada no símbolo do infinito será empregada também no setor do abrigo (figura 94), visto que em um dos estudos de caso apresentado no decorrer do trabalho, Animal Refuge Center,
utilizou como
estratégia um grande pátio interno e os canis ao redor, formando uma proteção e abafamento dos ruídos.
149
Figura 94- Pátios internos como abafamento do som dos latidos.
Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
6.7 CONCEITO E PARTIDO URBANÍSTICO O entorno do terreno do projeto é carênte de infra-estrutura urbana, apenas a Avenida das Orquídeas, via nova, é passivel de circulação segura, sua via lateral e posterior é apenas um caminho de terra, sem nenhuma sinalização, iluminação e passeio. Assim como, em sua face leste possui um caminho atravessando a linha do trêm e vinculando com a via seguinte, colocando em risco os usuários, ambos representados na figura 95.
Figura 95- Infra-estrutura urbana do entorno.
Fonte: Google Maps e modificado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
Diante da problemática abordada o conceito urbanístico é a segurança e bemestar, em virtude da população carecer realizar esse percurso, como forma de
150
otimização de tempo, acaba se sujeitando a travessias perigosas e percursos sem conforto nenhum. Para isso, o partido urbanístico adotado é a revitalização das estradas de terra ao redor, como exemplo na figura 96, implantando duas mãos de direção demarcadas devidamente, via asfaltada, ciclofaixa, passeio largo, iluminação pública e introduzindo canteiros. Figura 96- Revitalização das estradas de terra.
Fonte: https://www.mobilize.org.br/noticias/11525/curitiba-quer-construir-mais-200-km-de-cicloviasate-2025.html
Em relação a travessia da linha do trêm, o partido será a implementação de uma passarela unindo a rua de terra até a outra via, de forma segura, com iluminação pública, guarda-corpo, mobiliario urbano proporcionando a contemplação da paisagem ao redor e pontos de vegetação. Como demonstrado na (figura 97) da Passarela Paleisbrug, em Hertogenbosch, na Holanda.
Figura 97- Passarela
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/774957/passarela-paleisbrug-benthem-crouwel-architects
151
6.8 CROQUI IMPLANTAÇÃO
Com base no conhecimento adquirido no decorrer do trabalho, foi elaborado um croqui inicial de sua implantação, onde foi optado por setorizar o abrigo animal a oeste do terreno diante do forte odor que ele transmite e pela direção dos ventos dessa região serem de leste-oeste. Dessa forma não irá incomodar as edificações ao redor. Ademais, foi inserido o setor de serviço próximo ao estacionamento de funcionários, onde ocorrerão também as cargas e descargas, evitando o cruzamento de fluxos (figura 98).
Figura 98- Croqui Implantação
Abrigo Animal
ADM/Educacional
Serviço
Hospital Veterinário
Av. das Orquídeas Estacionamento de Serviço
Rua projetada
Rua projetada Pet Shop
Pet Park
Estacionamento Social
Rua Santa Virgínia
Café
Fonte: Elaborado pela autora, Isabella Abboud, 2021.
152
CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer do trabalho é abordada a temática animal e suas ramificações, comprovando que o seu cuidado é questão de saúde pública, em virtude da transmissão de doenças para toda a população e desenvolvimento de problemas relacionados com o meio urbano. No entanto, grande parte da população não possui condições de arcar com serviços veterinários particulares e se depara com esse impasse. Ademais, os espaços urbanos possuem grande fluxo de animais errantes, sendo a maior parte sem castração, fomentando sua reprodução e a problemática do abandono. Perante o exposto, foi possível compreender a relevância do tema e por esse motivo a elaboração do projeto de um Centro animal contendo um abrigo para animais abandonados e em siituação de maus-tratos, bem como um hospital público veterinário, destinado a famílias carêntes no Município de Mogi das Cruzes. Para isso, foi desenvolvido estudos de caso como forma de referências projetuais e auxilio na elaboração do programa de necessidades, juntamente com as legislações pertinentes, mas que são muito sucintas e não abrangem todo o programa,
sendo
necessário
a
utilização
de
legislações
pertinentes
ao
funcionamento de serviços de saúde humano. Também, a análise do entorno do terreno do projeto contendo suas características e classificação. Em síntese, diante do estudo levantado e absorvido, se faz viável a construção do projeto
153
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Imagens
utilizadas
nas
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páginas
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capítulos
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