Idea

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projeto para um INSTITUTO DE DESIGN E ARQUITETURA [IDEA]

Trabalho de Graduação Integrado - TGI - 2010 SIMONE BORGES URZEDO


projeto para um INSTITUTO DE DESIGN E ARQUITETURA [IDEA] UNIVERSIDADE DE Sテグ PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE Sテグ CARLOS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Trabalho de Graduaテァテ」o Integrado - TGI - 2010 SIMONE BORGES URZEDO


[ÍNDICE] 01 . [APRESENTAÇÃO] . 02 03 . [PROCESSO] . 52 53 . [CONSIDERAÇÕES FINAIS] . 54


[APRESENTAÇÃO] Mediante o conhecimento adquirido ao longo do percurso acadêmico, a acumulação paulatina de referências bem como de métodos especulativos acerca de projetos e estudos desenvolvidos por arquitetos relevantes para a discussão de Arquitetura, sobretudo no último século, o Trabalho de Graduação Integrado – TGI – aqui apresentado motiva-se pela concepção da EDIFICAÇÃO, ou seja, pela possibilidade de desenvolver o objeto de estudo em uma escala cujos elementos construtivos possam ser manipulados buscando-se atingir o desenho do detalhe. Assim, os esforços em conceber os espaços pormenorizados têm como intuito contribuir para a percepção da obra arquitetônica através de uma plasticidade mais palpável e legível. Como intenção permanente ao longo do período de desenvolvimento do projeto se encontra a ambição de extrair da forma arquitetônica sua QUALIDADE ESTÉTICA a partir da qual seja atribuída à edificação uma FUNÇÃO DE COMUNICAÇÃO para além daquela relacionada a um programa arquitetônico; sua LINGUAGEM ARQUITETÔNICA capaz de proporcionar identificação e consequente apropriação por seus usuários. Para tanto, características tradicionais às construções – escadas, aberturas, luz, sombra, vedação – são repensadas de maneira a participarem do edifício como elementos enriquecedores de sua FORMA.

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Definido um universo de afinidades do qual fazem parte métodos e projetos desenvolvidos por arquitetos como Louis I. Kahn e Tadao Ando, ou pelo menos delimitado dentro de expectativas, e mediante a ambição de projetar a edificação numa escala mais próxima ao do objeto concebido pelo Desenho Industrial, a escolha pelo PROGRAMA DE UMA FACULDADE DE DESIGN, a princípio - e ainda apresentando-se como uma possibilidade - veio a organizar a intenção de a obra quando construída ser instrumento pedagógico de referência para seus usuários - os estudantes, ou seja, acredita-se que aqueles que são atendidos e experienciam o lugar sejam providos de conhecimento específico e métodos de discussão capazes de tecer uma interpretação sobre seus espaços.

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Fazendo uso de uma afirmativa do arquiteto Kenzo Kuma divulgada em seu site profissional (www.kkaa.co.jp) a respeito do projeto desenvolvido pelo escritório para a Kyoto University of Art and Design (Kyoto, Japão. 2008), a intenção ao projetar a Instituição de Ensino relacionada à Arte é a de exaltar o espírito dos estudantes por intermédio da Arquitetura. Ainda que, para o caso aqui apresentado, comparar Arte e Design levante outra discussão, pois Design não é Arte, mas se utiliza dos métodos artísticos e da criatividade comuns ao ambiente artístico para se expressar, procurou-se desenvolver o projeto apresentando respostas originais à organização espacial e plástica da edificação, gerando situações de reconhecimento e inspiração para seus usuários.


[PROCESSO] De forma a responder aos questionamentos gerados através das atividades em laboratório experimentadas pela Disciplina, foi fundamental a busca por referências concretas no campo da Arquitetura que fornecessem materiais e intenções no âmbito da escolha do objeto a ser projetado. As análises sobre produções arquitetônicas julgadas interessantes tanto pelo método de projeto ou pelos resultados espaciais obtidos ou ainda - e mais forte neste trabalho - pela junção entre FUNCIONALIDADE E MATERIALIDADE constituíram o ponto inicial do trabalho. Interessou estudar algumas obras dos arquitetos a pouco citados tanto do ponto de vista da utilização do CONCRETO transmitindo o que eu chamaria de “peso plástico” quanto pelo uso característico da LUZ NATURAL que se apropria da edificação, ou é apropriada por esta, delimitando e construindo espaços. A textura apresentada pelo material, seja proveniente de processos industriais, ou seja, pela rusticidade “brutal” do concreto moldado in loco são objetos de especulação que se intenta explorar na edificação a ser proposta.

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O outro elemento interessante para se pensar Arquitetura - a utilização da iluminação natural em prol da constituição do espaço - foi especulado a partir da perspectiva da capacidade que tem de desenhar o ambiente quando adentra a uma abertura. Kahn afirmou ao longo de seus trabalhos a necessidade de a obra arquitetônica necessitar da luz para existir. Natural light gives mood to space by the nuances of light in the time of the day and the seasons of the year, as it enters and modifies the space. (Urs Büttiker (1993), Louis I. Kahn: Light and Space. p.16) No percurso de escolha pelo programa a ser atribuído à edificação, delimitou-se que a iluminação natural como elemento plástico, um artifício para compreender e experienciar/experimentar a obra, deveria ser trabalhada. Reveladora da forma, esse elemento imaterial pode adquirir corpo e dar movimento à organização espacial.

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Como parte do processo, decidiu-se incorporar o curso de ARQUITETURA E URBANISMO ao programa da faculdade devido a, a princípio, acreditar-se que ambos os cursos deveriam constituir apenas um, uma vez que possuem campos de discussão muito próximos, mas ainda observando a necessidade de o Design agregar-se à Arquitetura e não o caminho contrário como pretendeu, em termos, o Movimento Moderno ao aproximar a Arquitetura dos métodos do Desenho Industrial – a estética da máquina – produzindo uma construção industrializada. Assim, esses alunos formados academicamente nesse espaço estariam aptos a atuar profissionalmente nas áreas de Arquitetura, Urbanismo, Planejamento, Paisagem, Desenho do Objeto e Design de Produtos e Gráfico. A aproximação entre aqueles se dá, também, pela similaridade das atividades pedagógicas, a experiência dos laboratórios e da coletividade. Nesse sentido, o corpo docente requisitado, bem como a infra-estrutura necessária, são comuns tanto ao ensino de DESIGN quanto ao de ARQUITETURA E URBANISMO.

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Paralelamente à discussão em torno da produção do ambiente de ensino em si, sua funcionalidade e espacialidades, aconteciam questionamentos sobre o sítio ideal para a implantação da edificação. Em um movimento cíclico e complementar, as possibilidades de a cidade de São Carlos-SP ser escolhida para abrigar a faculdade levantavam as necessidade e coerência de se propor um projeto para um INSTITUTO DE DESIGN E ARQUITETURA - para além da faculdade - ampliando suas atividades tanto didáticas quanto de extensão mediante a constituição de um centro referência em ensino na região nas áreas do conhecimento já mencionadas. Assim, escolheu-se para a implantação do Instituto a cidade de São Carlos, especificamente o CAMPUS 2 da Universidade de São Paulo-USP.

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A notoriedade adquirida pela cidade com relação ao ensino universitário e às atividades de pesquisa, fruto da instalação de 2 relevantes universidades públicas, e a crescente expansão mediante a inserção de novos cursos em ambas, torna coerente a implantação de um centro que aporte estudos a cerca do Design, curso inexistente na região até a conclusão do presente trabalho, e do campo de Arquitetura e Urbanismo em uma perspectiva ampliada, uma vez que o curso já atuante na Universidade de São Paulo, instalado no Campus 1, opera com baixo número de discentes, graduandos ou pós-graduandos, e com espaços físicos insuficientes para as atividades letivas. O ambiente de expansão tanto física quanto pedagógica que está em curso no Campus 2 com a instalação de novos departamentos se concretiza como território de especial interesse para a implantação da edificação.


LOCALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS CENTROS UNIVERSITÁRIOS E DE PESQUISA EM SÃO CARLOS Universidade de São Paulo - USP [Campus 1] Universidade de São Paulo - USP [Campus 2] Universidade Federal de São Carlos - UFSCar outras Instituições de Ensino Superior/Técnico e Centros de Pesquisa

VIAS URBANAS Avenida São Carlos Rua Miguel Petroni Avenida João Dagnone

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Outros fatores observados também foram cruciais para justificar a escolha de um CAMPUS UNIVERSITÁRIO para a implementação do Instituto - e aqui se lê, sobretudo, o curso de Arquitetura e Urbanismo - e não o TECIDO URBANO.

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A princípio, o CAMPUS se torna um lugar propício para a implantação do Instituto uma vez que já há uma INFRAESTRUTURA de suporte montada. Mesmo que vivencie um processo de crescimento recente o Campus 2 foi inalgurado oficialmente em 2005, o campus já se tornou uma unidade consolidada na cidade e ajuda a articular o crescimento urbano a Noroeste - diretriz esta contida no Plano Diretor do Município de São Carlos (PDF contendo o Plano Diretor, 2002). Vale ressaltar, também, que, devido à proximidade que estabelece com esse vetor de expansão, a possibilidade de atuação do Instituto como AGENTE PRODUTOR E MODIFICADOR DA CIDADE, ainda que não determinante, pode ser ampliada tendo como suporte a consultoria/assessoria fornecidas pelo corpo docente, prestando serviços especializado à sociedade, e a promoção de atividades de campo programadas com a participação dos alunos, como um canteiro experimental real. Mediante o contraponto existente entre ambos, pensou-se ainda que o primeiro garantiria a possibilidade do USO DE UM FLUXO DE PESSOAS presente no próprio campus como veículo articulador da edificação, propondo pontos de encontro e convivência entremeados a esta onde o INTERCÂMBIO DE EXPERIÊNCIA E CONHECIMENTO acontecesse, também, com estudantes de outros campos do conhecimento, sobretudo Exatas. O fato de propor um Instituto que comporta cursos da Área de Humanas - os únicos na USP nos campi da cidade de São Carlos - e que possuem uma pedagogia própria e estranha àqueles alunos, por si só, já seriam capazes de atrair os olhares mais curiosos dos pedestres/estudantes que passassem pelos arredores da edificação e vissem sua movimentação peculiar.

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Por meio da discussão apresentada, passo a delinear condicionantes presentes no Campus 2 da Universidade de São Paulo-USP, em São Carlos, meio de localizar o leitor diante circunstâncias físicas e burocráticas ali presentes e que auxiliaram, também, na descoberta do espaço apto a receber o Instituto de Design e Arquitetura em meio a uma área extensa e “pouco povoada” de edificações. Vale ressaltar que, as amarras existentes diante a implementação de um edifício naquele foi considerada em partes, de forma a não engessar o desenvolvimento do projeto, assim explorando o caráter experimental que a proposta do Trabalho de Graduação nos oferece. Atualmente, o Campus 2 é dirigido por um Plano Diretor que determina diretrizes de ocupação do solo por meio de um ZONEAMENTO TEMÁTICO constituído por 10 zonas cujo objetivo é agrupar cursos de abordagens didáticas semelhantes e direcionar a implantação dos Departamentos. Nesse sentido, a Zona 6 – Estudos Territoriais Urbanos – seria aquela mais coerente com o ensino de Arquitetura e Urbanismo e, portanto, para a instalação do Instituto proposto.

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ZONA TEMÁTICA 06

ESTUDOS TERRITORIAIS URBANOS

MAPA DAS ÁREAS TEMÁTICAS DO CAMPUS 2 via de pedestre prevista em projeto, pelo Plano Diretos do Campus 2 via de carros com fácil acesso

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A ausência de construções na Zona 6 gerou a busca por LINHAS DE FORÇA que justificassem a escolha da área específica e auxiliassem no desenvolvimento da nova edificação em suas características, sobretudo, formais. Uma FUTURA VIA DE PEDESTRES a ser construída como linha de separação entre as Zonas 5 e 6, ligando a Biblioteca Central ao alojamento dos estudantes; o posicionamento frente a uma Área de Preservação Permanente – APP - garantindo que, mesmo após a ocupação das áreas livres circundantes, o olhar sobre a cidade e para parte da universidade à frente, bem como a percepção da edificação pelos usuários estarão garantidos - consequência de o fundo de vale se encontrar muito abaixo da cota média; a VIA DE CARROS já construída; e AS COORDENADAS GEOGRÁFICA foram as características fundamentais para a escolha, ainda numa fase de trabalho sobre a prancheta. A partir dessas demarcações, a observação gerada pela visita técnica à área revela um TERRENO EM DECLIVE parcialmente terraplanado, uma orientação geográfica favorável ao trabalho com a luz natural como parte integrante do edifício e a presença forte de ventos, Nordeste no caso de São Carlos.

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REGIÃO ESCOLHIDA PARA A IMPLANTAÇÃO DO INSTITUTO, DENTRO DA ZONA 6

bloco de salas da EESC bloco de salas a ser construído Restaurante Universitário

Biblioteca Central da EESC

MAQUETE FÍSICA DO CAMPUS 2

FONTE [fotografia de maquete física encontrada no Setor Administrativo do Campus 2]

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LEVANTAMENTO DE CAMPO olhar voltado para a cidade

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aproximação com o fundo de vale

panorâmica a partir da via de carros


Após o levantamento no local, descobrindo características e pontos determinantes, as especulações projetuais se desdobraram sobre estudos da FORMA, da ORGANIZAÇÃO INTERESPACIAL e da relação com o ENTORNO, resgatando as linhas de força já mencionadas e que se tornaram extremamente importantes ao longo do desenvolvimento do trabalho constituindo-se no principal instrumento utilizado na ordenação de uma porção de terra com poucos limites físicos concretos.

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Com o aporte de uma gama de referências projetuais relacionadas a escolas e universidades de Design e/ou Arquitetura tais com Crown Hall (Mies van der Rohe), Bauhaus (Walter Gropius), FAU (João Vilanova Artigas), Taliesin (Frank Lloyd Wright), Escola de Arte da Universidade de Iowa (Steven Holl), Cranbrook Academy of Art (projetos de Steven Holl e Rafael Moneo), os croquis de estudos foram evoluindo e adquiriram forma e conceito. Em especial, o projeto do arquiteto Álvaro Siza para a Faculdade de Arquitetura do Porto (1986-1995. Porto, Portugal) auxiliou no entendimento de uma pretensão inicial de implantação da edificação: o objetivo de inserir espaços qualificados de convivência para estudantes tanto do próprio Instituto como para os demais, espaços onde pudessem ocorrer encontros, exposições, festividades. Em seu trabalho, a ausência de espaços públicos de sociabilidade na periferia da cidade, onde a edificação foi implantada, serve como influência para pensar a faculdade por meio da reinvenção do coletivo, ou seja, “uma transcrição radical da forma do pátio” (TESTA, Peter. Álvaro Siza. Martins Fontes, 1998).

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Faculdade de Arquitetura do Porto (Álvaro Siza, 1986-1995. Porto, Portugal)

FONTE [imagens extraídas do documentário em vídeo The Siza School]

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Dessa forma, a proposição de um PÁTIO ou PRAÇA veio a resgatar as intenções projetuais anteriormente mencionadas tornando-se, ao longo do processo de projeto, o elemento desvelador daquela almejada CENTRALIDADE CONVERGENTE DE PESSOAS E AÇÕES e o espaço organizador das funções presentes no Instituto - ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO.

ENSINO

PESQUISA

EXTENSÃO

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O programa arquitetônico para o IDEA propõe, então, atender a um número aproximado de 610 alunos por ano, dentre os quais estão 450 alunos da GRADUAÇÃO - 5 turmas para cada curso - e 160 da PÓS-GRADUAÇÃO, disponibilizando 50 vagas por anos para Mestrado e 30 para Doutorado (esses números foram estimados tomando por base programas de outras Instituições de Ensino). Por meio da determinação desses dados e do entendimento sobre aquelas 3 dimensões da formação do profissional - geradoras e articuladoras de espaços - lançou-se mão de um ORGANOGRAMA PROJETUAL, meio encontrado para auxiliar no processo de articulação/ordenação das funções.

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SETOR ADMINISTRATIVO

[ÍNDICE]

-

secretarias (graduação e pós) administração secretaria (cultura e extensão) diretoria

CEDOC (Centro de Documentação) - triagem - recuperação de material

- arquivo de documentos (livros raros, TGIs, documentos em papel)

ESPAÇO DE EXPOSIÇÃO:

- espaço livre para exposições (maquetes, teses, objetos) - cubo branco (mostra dos alunos)

AUDITÓRIO

BIBLIOTECA -

espaços de estudos estantes (móveis e fixas) livros e periódicos consulta (computadores)

GRUPOS DE PESQUISA

PROFESSORES

GRADUAÇÃO - ateliers

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- salas para aulas expositivas - laboratórios (fotografia, plástica, ergonomia, práticas digitais, conforto ambiental)

PÓS-GRADUAÇÃO

OFICINA DE MODELOS (marcenaria, mecânica, construção civil)

ORGANOGRAMA DE PROJETO CANTEIRO EXPERIMENTAL

(construção civil, baias para estocagem de materiais)

relação direta [proximidade física] relação indireta


Relativo ao ENSINO, o ATELIER de projeto é entendido como o núcleo formativo dos alunos de Graduação - o espaço de intercâmbio entre repertórios - aquele onde se ensina e é ensinado (ausente de qualquer hierarquia) e, portanto, ainda pertinente. Para tanto, pensou-se na possibilidade de expansão física do lugar com a integração a cada 2 unidades, constituindo as ESTAÇÕES DE TRABALHO nas quais é possível usar a prancheta, gerar o 3D de um objeto, imprimir dados, etc., num mesmo local. Os diversos LABORATÓRIOS propostos fornecem suporte para as atividades didáticas, lembrando a real necessidade existente, no que tange os curso de Design e Arquitetura e Urbanismo, de experimentar “materializadamente” aquilo que é idealizado. Considerando que cada abordagem pedagógica requer um ambiente adequado, as SALAS PARA AULAS EXPOSITIVAS, equipadas perante a realidade digital, não são descartadas e procuram dar suporte, também, para os alunos da Pós-Graduação. A PRÁTICA ALIADA À TEORIA, para além das diretrizes curriculares apresentadas pelo MEC (Ministério da Educação, RESOLUÇÃO Nº 6, DE 2 DE FEVEREIRO DE 2006), é uma grande justificativa dos espaços dispensados para o ensino.

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No que tange a proposta da OFICINA DE MODELOS, acredita-se que grande parte das experiências práticas realizadas dentro do Instituto de Design e Arquitetura sejam provenientes desse ambiente onde se confirma - ou não - a teoria. Instrumento da prática didática, esse laboratório foi pensado tendo como referência o ambiente de produções de modelos físicos na escala 1:1 realizadas nos Les Grands Ateliers, na cidade de Grenoble, França. Visto isso, sinalizam-se dois momentos distintos, mas complementares. Para alocar uma série de maquinários de marcenaria e mecânica, disponibilizou-se um pé direito simples (3,1m livres). Já para a realização daqueles trabalhos, duplica-se o pé direito numa determinada localidade para receber guindastes, pontes-rolantes e mesmo para comportar a altura dos modelos. Essa quebra na cobertura gerada pelos dois pés direitos distintos possibilitou outra relação: a descoberta e visualização das produções de outro nível que não o de implantação.

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REFERÊNCIA DE PRÁTICAS DIDÁTICAS trabalhos realizados nos Les Grands Ateliers (França) FONTE [fotografias da ex-aluna do estúdio Natália Alexandre Costa]

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As atividades relacionadas à CULTURA E EXTENSÃO são compreendidas como um canal privilegiado de comunicação com a sociedade, permeando o conhecimento produzido internamente e estabelecendo mecanismos de diálogo e intercâmbio com setores externos ao âmbito da universidade. Dessa maneira, a proposição de um ESPAÇO DE EXIBIÇÃO bem como a de um AUDITÓRIO vem reforçar tal intenção. O PÁTIO também é enxergado como palco para a realização de exposições externas, ampliando as atividades e colocando à mostra os eventos promovidos pelo Instituto. Nas duas páginas a seguir estão alguns dos modelos físicos e virtuais que fizeram parte do processo de projeto, fomentando discussões mediante a visualização do produto especulado. Por meio deles, pode ser percebido o desenvolvimento do partido de projeto que veio a originar o produto final aqui exposto. Finalmente a utilização das maquetes de estudos foi percebida como processo e não apenas como desfecho.

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lab. prototipagem/maquetaria (subsolo)

ESTUDOS DEMONSTRANDO O PROCESSO DE PROJETO

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MAQUETE DIGITAL QUE REPRESENTA O ESTÁGIO ANTERIOR AO DO PRODUTO FINAL

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Assim, após expor o partido de projeto, as referências arquitetônicas e algumas condicionantes que propiciaram seu desenvolvimento, a partir desse momento, passo a apresentar o produto final gerado para este Trabalho de Graduação Integrado -TGI - realizado ao longo do ano de 2010. Partindo da SITUAÇÃO, serão apresentadas as PLANTAS BAIXAS, CORTES e algumas ELEVAÇÕES, constituindo, dessa forma, o conjunto dos Desenhos Técnicos executados. Entremeado a estes, serão notados detalhes que almejam deixar explicito algumas intenções levantadas por meio do texto exposto, estudos de insolação e propostas da materialidade empregada à edificação.

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CAMPUS 2 - SÃO CARLOS UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO/USP Córrego do Mineirinho

LOTEAMENTOS VIZINHOS baixa renda

PLANTA . SITUAÇÃO A terreno = 14.000 m²

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A 5

B 12

6

11

13 10

4 9

8 7

B

2

3

30

PLANTA . nível 837m

A

1

O

10

50m escala gráfica


Planta do nível 837m [pavimento 1] OFICINA DE MODELOS (A=3280m²) 1. acesso 2. oficina [maquinário] (A=2850m²) 3. sala para técnicos 4. almoxarifado 5. baias de materiais

CEDOC 11. triagem 12. restauro 13. encadernação

6. canteiro experimental 7. papelaria 8. acesso [pátio] 9. auditório [354 lugares, sendo 12 para cadeirantes] 10. saída de emergência e recebimento de materiais [CEDOC]

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A B

6 5 4

1

3 7

PLANTA . nível 841m

A

8

32

10

2

B

9

O

10

50m escala gráfica


Planta do nível 841m [pavimento 2]

BIBLIOTECA (Atotal=1490m²) 4. administração 5. arquivo [consulta especializada, documentos] 6. periódicos, espaços para leitura, computadores

LABORATÓRIOS 7. plástica 8. fotografia [estúdio e revelação] 9. práticas digitais 10. experimentações [para intervenção dos alunos]

sem escala

1. pátio 2. café 3. salão para exibições

o channel glass [superfície constituída de placas de vidro com perfil “U” solidarizadas com fina camada de silicone] foi o material escolhido para expressar as qualidades da luz na Arquitetura. Translúcido, ele permite a entrada de claridade sem, contudo, deixar evidente o ambiente interno. Durante a noite, revela a atividade da edificação de maneira elegante.

DETALHE DA BIBLIOTECA

[os degrais gerados provém da utilização de vigas invertidas - ver pg. 44]

laboratório de plástica (A=380m²) [gravura, argila, gesso, plástico] café

sem escala

cozinha laboratório de fotografia (A=105m²)

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A 4

B

5

6

7

8

9

2

34

PLANTA . nível 845m

B

3

A

1

O

10

50m escala gráfica


Planta do nível 845m [pavimento 3] ENSINO (Design) 1. estação de trabalho 2. atelier [quinto ano de cada curso] (A=195m²) 3. laboratório de ergonomia propõem-se que estas portas divisórias sejam revestidas com material apropriado para receber giz ou caneta

BIBLIOTECA (Atotal=1490m²) 4. livros e teses SETOR ADMINISTRATIVO 5. hall 6. secretaria [graduação] 7. secretaria [pós e extensão] 8. administração e finanças 9. diretoria

atelier (A=165m²) (15m x 11m)

atelier (A=165m²) impressoras scaners plotters

quando unificado, o espaço da estação atinge uma área de A=347m², atendendo a mais alunos simultaneamente

área molhada

DETALHE DA ESTAÇÃO DE TRABALHO

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A B 4

2

PLANTA . nível 849m

A

36

B

3

1

O

10

50m escala gráfica


Planta do nível 849m [pavimento 4] ENSINO (Arquitetura e Urbanismo) 1. estação de trabalho 2. atelier [quinto ano de cada curso] (A=195m²) 3. laboratório de conforto ambiental 4. grupos de pesquisa (A=1267m²) [não há subdivisões no ambiente. Pensa-se uma planta livre articulada por meio de estantes/armários e mesas em cruz]

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A B 4

2

38

PLANTA . nível 853m

A

1

3

3

O

10

B

50m escala gráfica


Planta do nível 853m [pavimento 5] ENSINO 1. salas para aulas expositivas (Acada=75,5m²) 2. salas para estudos [Pós-graduação] 3. salas multiuso 4. professores (A=1267m²) [não há subdivisões no ambiente. Pensa-se uma planta livre articulada por meio de estantes/armários e mesas em cruz]

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A B

40

PLANTA . COBERTURA . nível 857m

A

B

O

10

50m escala gráfica


nível 853m

nível 849m

nível 845m

DIAGRAMA DE CIRCULAÇÃO

nível 841m

circulação pública

circulação externa entre edifícios

circulação interna [vertical] nível 837m circulação interna

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A A

857m [cobertura] 853m 849m 845m 841m [nível pátio] 837m [nível da rua]

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a circulação externa é marcada pela utilização do aço

uso de argila expandida para o sombreamento da laje plana de concreto

salas de aula

professores

ateliers

grupos de pesquisa

ateliers

administração

laboratórios

pátio oficina de modelos

CORTE AA O

5

10

35m escala gráfica

43


B

B

as vigas construídas invertidas permitem a liberção da altura (pé direito menor de 2,5m), uma vez que neste ponto o nível do terreno está 1,5m acima do nível da oficina

857m 853m 849m 845m

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841m 838,5m [canteiro experimental]

arquivo [CEDOC] recuperação [CEDOC]

adm. [biblioteca] triagem [CEDOC]

almoxarifado [oficina]


concreto

estrutura de aço

concreto

DETALHE DO FECHAMENTO DA FACHADA MOSTRANDO A ARTICULAÇÃO ENTRE VIDRO E ESTRUTURA EM AÇO DA ABERTURA [solução também adotada para a fachada posterior e para aquela a frente, pertencente ao bloco de salas de aula]

propõem-se uma cobertura em aço sobre parte do pátio oferecendo mais um elemento para tornar este lugar um espaço de convívio. A cobertura estabelece comunicação com a área do café.

oficina de modelos

CORTE BB O

5

10

35m escala gráfica

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DETALHES DAS ABERTURAS MOSTRANDO AS TIPOLOGIAS DE ESQUADRIA

2m

3,65m

0,1m

1,55m

laje de concreto alveolar [vence vãos de até 15m]

0,3m 0,9m 0,65m

viga de concreto (0,9m x 0,2m)

3,65m 1,3m

CORTE NO AMBIENTE DOS ATELIERS [a disposição das aberturas busca evidenciar a relação entre usuários e espaço externo, em vários estágios]

algumas aberturas são apenas para iluminação e estas não são projetadas

textura [channel glass]

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ELEVAÇÃO NORDESTE O

5

10

35m escala gráfica


o acesso externo para cadeirantes se dá por meio de rampa que corta o edifício

ELEVAÇÃO SUDESTE O

5

10

35m escala gráfica

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Três elementos construtivos caracterizam a plasticidade/materialidade trabalhada na edificação: CONCRETO APARENTE, CHANNEL GLASS e ESQUADRIAS. No edifício onde estão localizados o auditório e a biblioteca, empregou-se a parede estrutural de concreto, pré-fabricada com todas as aberturas previstas em projeto, devido ao fato de as forças geradas poderem ser descarregadas direto no solo. Nos dois demais, marcando a necessidade de pilares para que fosse possível a planta aberta da oficina de modelos, adotou-se a estrutura osso em concreto e seu fechamento com painél wall, placas com miolo de madeira e revestimento cimentício, proporcionando as mesmas qualidades visuais do concreto, uniformizando a edificação, e ainda agregando o conforto térmico e acústico, visto as propriedade da madeira.

exemplo de superfície composta por channel glass

O channel glass, material pouco utilizado no Brasil, no entanto, possui fabricantes conhecidos nacionalmente, como a Pilkington. caixilharia de alumínio cortes da estrutura auto-portante

Painél wall

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a seção utilizada no projeto foi a de 25cm de comprimento

Parede dupla pré-fabricada de concreto


carta solar correspondente à latitude da cidade de São Carlos

A ANÁLISE DE INSOLAÇÃO realizada para os dois blocos de maior permanência (presença dos ateliers e ambientes de pesquisa) foi feita em função do expediente do Instituto, ou seja, no período da manhã, e com relação à posição solar nos Solstícios de Verão e Inverno e para o Equinócio. Para o Solstício de Inverno, também foi analisada a entrada de raios solares nas faces Nordeste, Norte e Noroeste, visto a amplitude térmica da cidade neste período do ano, garantindo conforto térmico ainda no período noturno. Relativo à incidência dos VENTOS, como já mencionado, a cidade de São Carlos apresenta vento predominante NORDESTE, fato considerado durante o processo de implantação da edificação e que auxiliou na escolha das aberturas de forma a ocorrer a ventilação cruzada. Nos ateliers e laboratórios é feita mediante bandeira e no bloco com os grupos de pesquisa e professores as duas faces envidraçadas com aberturas garantem troca de ar e o conforto térmico.

22/12 às 9hr (altura solar: 70.2 graus) 21/03 às 10hr (altura solar: 69 graus) 22/06 às 10hr (altura solar: 58 graus) 22/06 às 14hr (altura solar: 60 graus)

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MODELO FÍSICO DESENVOLVIDO

50


51


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[CONSIDERAÇÕES] O Trabalho de Graduação Integrado – TGI – sinaliza o encerramento de uma fase correspondente ao percurso acadêmico e caracteriza uma vitória pessoal. Ter optado por desenvolver o programa arquitetônico para uma escola de ensino superior em Design e Arquitetura representou, também, um artifício utilizado para que se tornasse possível imprimir uma sequência de anseios a respeito do espaço ideal para a promoção das atividades acadêmicas. A vivência dos “corredores” neste Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo como espaços de descoberta e alerta, bem como o encantamento gerado pelos produtos criados no âmbito do Design – o que me leva a querer saber mais a respeito da área – podem ser compreendidos como o tempero especial que proporcionou o enfrentamento de uma série de questões geradas durante o processo de projeto.

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Acredito ter atingido um nível satisfatório perante o desenvolvimento do Trabalho ao conseguir perceber o potencial de uma edificação ser, também, um forte instrumento de ensino e de transmitir pensamentos e propostas, que se configuraram com o aporte de FORMAS. Nesse sentido, o arranjo do PÁTIO – centralidade convergente de pessoas e ações – se tornou, a meu ver, a grande descoberta “tipológica” geradora do desenho arquitetônico. Parece-me palpável a executabilidade da edificação, sobretudo pelo papel que desempenha frente ao campus universitário, se dissolvendo e incorporando a infraestrutura já presente ou proposta pelo Plano Diretor, articulando as atividades próprias do Instituto, mas também angariando outros usuários, acadêmicos ou não.

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