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O que ode Pum Gozo? ALGO SOBRE ‘‘LA PETITE MORT’’ | POESIAS ERÓTICAS E EX



apresentação

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m quem você pensa quando goza? Para que lado você contorce os pés quando o gozo invade? Quem você chama? Quem você magoa quando o gozo termina? Falo aqui somente de uma liberdade que presumo e expresso, gozar é um voo livre, repleto de tantas onomatopeias e unhas cravadas no espaço. A masturbação é uma descoberta solitária, não ensinada pelos nossos parentes, até posso encontrar soluções viáveis para gozar debaixo d'água, mas a

minha falta de ar herdada da infância antecipa o meu sufoco. Não sei a razão exata do valor quântico com o qual me assusto, mas presumo que há em todos nós uma vontade imensurável de estar sempre em pleno gozo. Não, não adianta fingir que é estranho e alheio, gozar é para todos, seja na alma, nos olhos, no corpo ou na imaginação. Não sei em que você pensa quando goza, mas acredito que o amor também seja isso, abafar em sussurro o nome de quem você ama. Reitero: não importa em quem você pensa quando goza,

nem pra que lado seus pés se contorcem quando o gozo clama, ou nem mesmo quem você chama; não importa se são três da manhã ou quatro e quinze da tarde, o desespero de quem ama em exagero é sempre igual. Masturbar-se é a mais bela solidão. Seja livre, aqui e além. Prive-se das vergonhas, a liberdade não usa jamais sobrenome. Vem gozar comigo?

Ítalo Lima


Ela ama... Uma conversa suja. Ser comida em pé. Que a empurre contra a parede. Sexo grosseiro no chão do quarto. Repetir o sexo no colchão. Sexo molhado do banheiro. Pular para o banco de trás do carro. Que implorem por mais excitação. O pau na buceta. Os seios nas mãos. Que a porra entre nas pernas. Que as pernas se apóiem no chão. Que as mãos ajudem a sentar na porra. Que a tapa estrale na cara. Que o cabelo entrelace na mão. Ser chamada de puta. Soltar os gemidos. Ser encarada agachada no chão. A boca apoiada na porra. Gala escorrendo nos seios. O suor escorrendo no corpo. . Ser comida encurvada no colchão. (Mayara Aline)

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eu amo quando meu homem lambe minha xoxota. eu amo. amo quando a saliva escorre nas minhas coxas. amo quando ele embrenha empenhado com a língua toda na minha xoxota. eu me curvo e deleito sentindo cada viga do meu tato apertar em fome cada fio de cabelo do meu homem. eu amo quando ele introduz os dezoito dedos no meu reto enquanto ele chupa a minha xoxota. eu amo quando ele me deixa ereta. amo o jeito como ele dobra jeitoso os joelhos ao chão. amo cada dentada leve no clitóris que eu não sei o nome. amo do meu homem o ápice empenho de cada lambida. amo quando ele me deixa duro, confundida. quando ele bebe do gozo da xoxota que eu não tenho. (Ítalo Lima)

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insônia: meu órgão flácido já não reconhece teu corpo despido nos sonhos agora, não mais acordo excitado chamando teu nome.

Saudade ereta

(Ítalo Lima)

Teu olhar é um soco na minha garganta. Eu me alimento desse teu jeito torto fazendo morada na distância. Tua língua armada não me espanta.

O amor é sorrateiro Fala no ouvido Te beija na boca Entrelaça os dedos. Que se danem as palavras! O amor se faz em silêncio. É pele. É suor. Saliva. É cio. Sem receio

Eu vou colecionando tuas balas nos dentes. Tua pontaria tem jeito de quem tem fome. Eu sigo mais flácida e quase no cio vou implorando por tua voz rouca me chamando de eloquente.

(Nara Porto) Eu amo até o sebo acumulado da tua rola. Sigo ardente me apegando valente a tudo que é divino, clamando em voz alta pelo teu pau fino!

(Ítalo Lima) 11


Fotos: Igor Drey

Que Pode um Gozo?

Que Pode um Gozo? Algumas coisas ficam tão perto que não é possível ver, menos ainda tocar, menos ainda sentir. Outras escapam por todos os lados, como palavras endoidecidas em texto agonizante. O gozo, sempre foge, dessas coisas que não ficam, turbilhão faz corpo intensidade faz mundo dobrar, deitar, derramar. Crueldade de um corpo que já perdeu todos os órgãos, todos os arranjos. Faça-se outro corpo, outras composições feito música inaudível. E, que pode esse gozo? Tão cruel, endoidecido e intenso? Pode tudo. Pode nada. Pura potência de um abismo que tritura palavras, esmaga ordens, maquinaria de (de)composição. Faz-se abismo na lisa superfície da pele, o que há de mais profundo do que a pele, Valéry?

Igor Drey (Doutorando em Antropologia)

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Aranhas tenho sede de mulher. tenho sede das curvas delicadas de tocar na boceta da alma tenho sede de lamber. tenho sede de chupar sede de amar, tenho sede de foder. É tanta sede... que me falta saliva pra expulsar, as malditas aranhas deste lugar. Sou um cadåver de mulher que se perdeu 14


ao desacreditar de si, mulher solitária que vaga por ai. mulher com sede no calor, mulher que não transa sem amor, mulher presa numa dor. As aranhas sensibilizadas até me deram calcinha fio dental de renda feita com teias calcinha sensual. (Amanda Vieira)

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Zona erógena é vocabulário de gente sabida, esses entendem o que é subir na

vida (Khyara Gabrielly)


La Petite Mort quando eu pequeno morro, fecho os olhos. quando eu pequeno morro, mordo os lábios. deixo-me ir. deixo-me esvaziar. quando eu pequeno morro assim como os franceses, deixo-me diluir. quando eu pequeno morro, me estrepo de um jeito bom, saio do corpo. quando eu pequeno morro, de mãos dadas com o escuro, eu não hesito em gemer. quando eu pequeno morro, deixo-me expelir. deixo-me suspirar. deixo-me contorcer. quando pequeno morro, meus pés desobedientes se deixam franzir. quando eu pequeno morro com algum outro pau duro dentro de mim, me faço ranger. quando eu pequeno morro, nada me faz crer no chão. quando eu pequeno morro, deixo-me abandonar. quando eu pequeno morro, quase sempre chamo teu nome. um gozo é um beijo de língua na morte. (Ítalo Lima)


PRECOCE

eu carregaria no dente o resto da tua porra por toda eternidade (Ítalo Lima)

COITO INTER ROMPIDO LEITE DERR AMADO VOGAIS ENTRE ABER TAS SONS GENI AIS AIS AIS. (Ítalo Lima)

pau pequeno não faz festa eu sabia disso porque você chegou dançando frevo teus vinte e oito centímetros mal cabiam na cama: festejei o ano inteiro! (Ítalo Lima)

O teste O teu cacete metestes e não percebestes que eu não era Mercedes E sim, Prestes. (Vanessa Paz)

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ausências únicas causam uma pontada aguda no peito ditoso: a solidão úmida incentiva a surgir líquidos viscosos. (Ítalo Lima)


italolimapoesias@gmail.com


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