FaunaITEREImama

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LISTA DAS ESPÉCIES DE MAMÍFEROS REGISTRADOS EM ITEREI Ordenamento Taxonômico e Nome Comum ORDEM DIDELPHIMORPHIA Família Didelphidae Subfamília Didelphidae 1.

Chironectes minimus Cuíca-d'água

2.

Didelphis albiventris Gambá-de-orelha-branca

3.

Didelphis aurita Gambá-de-orelha-preta

4.

Gracilinanus microtarsus Cuíca

5.

Marmosops incanus Cuíca

6.

Micoureus demerarae Cuíca

7.

Monodelphis americana Guaxica

8.

Monodelphis iheringi Guaxica, Catita

9.

Monodelphis scalops Guaxica

10. Philander frenata Cuíca-de-quatro-olhos

ORDEM XENARTHRA Família Myrmecophagidae 11. Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim 12. Myrmecophaga tridactyla Tamanduá -bandeira Família Dasypodidae 13. Dasypus septemcinctus Tatu-mulita 14. Dasypus novemcinctus Tatu-galinha 15. Euphractus sexcinctus Tatu-peludo Família Bradypodidae 16. Bradypus torquatus Preguiça-de-coleira

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17. Bradypus variegatus Preguiça ORDEM CHIROPTERA Família Phyllostomidae Subfamília Phyllostomidae 18. Carollia perspicillata Morcego 19. Chrotopterus auritus Morcego 20. Mimon bennetti Morcego 21. Micronycteris megalotis Morcego Subfamília Glossophaginae 22. Anoura caudifera Morcego beija-flor 23. Anoura geoffroyi Morcego 24. Lonchophylla bokermanni Morcego-beija-flor 25. Glossophaga soricina Morcego beija-flor Subfamília Carolliinae 26. Carollia perspicillata Morcego Subfamília Stenoderminae 27. Artibeus fimbriatus Morcego 28. Artibeus jamaicensis Morcego 29. Artibeus lituratus Morcego 30. Artibeus obscurus Morcego 31. Platyrrhynus lineatus Morcego 32. Pygoderma bilabiatum Morcego 33. Sturnira lilium Morcego Subfamília Desmodontinae 34. Desmodus rotundus Morcego-vampiro 35. Diphylla ecaudata Morcego-vampiro Família Molossidae 36. Molossus ater Morcego 37. Molossus molossus Morcego 38. Tadarida brasiliensis Morcego Família Vespertilionidae 39. Epitesicus brasiliensis Morcego 40. Lasiurus ebenus Morcego-do- riacho 41. Myotis nigricans Morcego-borboleta 42. Myotis ruber Morcego-borboleta-vermelho 43. Eptesicus furinalis Morcego 44. Myotis albescens Morcego

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45. Myotis levis Morcego ORDEM PRIMATES Família Atelidae 46. Alouatta clamitans Bugio-ruivo Família Callitrichidae 47. Callithrix aurita Sagüi-da-serra-escuro Família Cebidae 48. Cebus nigritus Macaco-prego Família Pitheciidae 49. Callicebus nigrifrons Sauá ORDEM CARNIVORA Familia Canidae 50. Cerdocyon thous Cachorro-do-mato 51. Speothos venaticus Cachorro-do-mato-vinagre Família Procyonidae 52. Nasua nasua Quati 53. Procyon cancrivorous Mão-pelada ou Guaximim Família Mustelidae 54. Eira barbara Irara 55. Galictis cuja Furão 56. Lontra longicaudis Lontra 57. Pteronura brasiliensis Ariranha Família Felidae 58. Herpailurus yaguarondi Gato-mourisco 59. Leopardus pardalis Jaguatirica 60. Leopardus tigrinus Gato-do-mato pequeno 61. Leopardus wiedii Gato-maracajá 62. Panthera onca Onça-pintada 63. Puma concolor Onça-parda

ORDEM ARTIODACTYLA Família Tayassuidae 64. Pecari tajacu Cateto Família Cervidae 65. Mazama americana Veado-mateiro 66. Mazama bororo Veado-bororó

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67. Mazama gouazoubira Veado-catingueiro ORDEM RODENTIA Família Sciuridae 68. Sciurus ingrami Serelepe Família Muridae Subfamília Sigmodontinae 69. Akodon cursor Rato-do-mato 70. Akodon montensis Rato-do-mato 71. Bolomys lasiurus Rato-do-mato 72. Delomys dorsalis Rato-do-mato 73. Nectomys squamipes Rato-d´água 74. Oligoryzomys flavescens Rato-do-mato 75. Oligoryzomys nigripes Rato-do-mato 76. Oxymycterus judex Rato-focinhudo 77. Thaptomys nigrita Rato-do-mato Família Erethizontidae 78. Sphiggurus villosus Ouriço-cacheiro 79. Chaetomys subspinosus Ouriço-preto Família Caviida 80. Cavia aperea Preá Família Cricetidae. 81. Phaenomys ferrugineus Rato-do-mato-ferrugíneo 82. Rhagomys rufescens Rato-do-mato-laranja 83. Blarinomys breviceps, Rato-do-mato-do-rabo-curto Família Dasyproctidae 84. Dasyprocta azarae Cutia 85. Dasyprocta agouti Cutia Família Echimyidae 86. Phyllomys nigrispinus Rato de árvore Família Agoutidae 87. Cuniculus paca Paca Família Myocastoridae 88. Myocastor coypus Ratão-do-banhado

ORDEM LAGOMORPHA Família Leporidae 89. Sylvilagus brasiliensis Tapeti

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OBSERVAÇÕES SOBRE O LEVANTAMENTO DE FAUNA EM ITEREI

Os estudos sobre a fauna de Iterei contaram com a participação e incentivo de Dr. Aurélio Moraes Pinto, com critérios e recomendações oferecidos por Alma Romano – Hoge, tiveram grande amparo nos esclarecimentos e observações pessoais dos moradores tradicionais locais dentre eles Catharina Rodrigues, Dalva de Oliveira, Chrispim Soares, Nhana de Jesus , Joaquim Grande, João Barreto, Narciso da Companhia, Raul de Moraes, Belchior de Oliveira, Eng. Gabriel Asa, assim como registros de avistamentos ou vestígios realizados por amantes da natureza, visitantes leigos ou da academia; com o apoio bibliográfico tradicional, trabalhos publicados em revistas científicas, anais e resumos de congressos e teses sobre a mastofauna e levantamento museológico feito através da busca de exemplares de mamíferos e informações coletadas junto ao Museu de Zoologia da USP em colaboração com a Pedagoga Léa Corrêa Pinto. Estão registradas 89 espécies de mamíferos, algumas de grande porte e do topo da cadeia alimentar, dentre elas a Anta Tapirus terrestris, herbívoro que procria e pasta rotineiramente em Iterei . A anta está na categoria em perigo no Estado de São Paulo e é considerada Vulnerável pela UICN. Várias espécies que vivem em Iterei são endêmicas da Mata Atlântica, muitas encontram-se na Lista das espécies da fauna ameaçada de extinção no Estado de São Paulo, outras na Lista das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção ou na Lista vermelha das espécies ameaçadas . A Família Felidae é representada pelas onças pintada e parda Panthera onca e Puma concolor, pela jaguatirica Leopardus pardalis e por três pequenos felinos: gato-mourisco Herpailurus yagouaroundi, gato do mato Leopardus tigrinus e gatomaracajá Leopardus wiedii. Todas estas espécies estão incluídas na lista de espécies ameaçadas no Estado de São Paulo e todas, com exceção do gato-mourisco, são consideradas

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vulneráveis pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA, 2003). Os canídeos incluem o cachorro-do-mato ou lobinho Cerdocyon thous e o cachorro-vinagre Speothos venaticus, esta última criticamente ameaçada de extinção no Estado e considerada vulnerável. Quanto aos primatas todos as 4 espécies inclusive o macaco-prego Cebus nigritus são endêmicas da Mata Atlântica e as 3 demais espécies ameaçadas, segundo a IUCN (2007), sagüi-da-serra-escuro Callithrix aurita, sauá Callicebus nigrifrons e bugio-ruivo Alouatta guariba clamitans. Duas espécies da Família Procyonidae, Nasua nasua e Procyon cancrivorus, ocorrem em Iterei, sendo esta última provavelmente ameaçada de extinção no Estado de São Paulo. A Família Mustelidae é representada por quatra espécies: a irara Eira barbara, o furão-menor Galictis cuja, a ariranha Pteronura brasiliensis e a lontra Lontra longicaudis, dentre estes mustelídeos, apenas a lontra é considerada vulnerável à extinção no Estado de São Paulo e ocorre amplamente ao longo do Ribeirão Caçador/ Iterei e das corredeiras que a ele afluem. Cinco espécies da Ordem Artiodactyla ocorrem neste Refúgio: da Família Tayassuidade, cateto Pecari tajacu e queixada Tayassu pecari e da Família Cervidae, veado-mateiro Mazama americana, veadocatingueiro Mazama gouazoubira e veado-bororó Mazama bororo, sendo esta última endêmica da Mata Atlântica, restrita principalmente à BH do Ribeira de Iguape e do Alto Paranapanema. Cateto e queixada são considerados, respectivamente, vulnerável e em perigo no Estado de São Paulo e as três espécies de veado estão inclusas na categoria DD da UICN. Os roedores de grande e médio porte da região são a cutia Dasyprocta azarae, considerada vulnerável no Estado de São Paulo e pela UICN, a cutia D. agouti, endêmica da Mata Atlântica, a paca Cuniculus paca, vulnerável à extinção no Estado de São Paulo, o Ouriço-preto Chaetomys subspinosus é endêmico e está na Lista Brasileira de Espécies Ameaçadas de Extinção. A Ordem Xenarthra é representada em Iterei por sete espécies: os tatus da Família Dasypodidae, Dasypus novemcinctus, D. septencinctus, Cabassous tatouay e Euphractus sexcinctus; os tamanduás mirim , considerado provavelmente ameaçado de extinção no Estado de São Paulo e o bandeira Tamandua tetradactyla e Myrmecophaga tridactyla e a Preguiça Bradypus variegatus, havendo também registros em Iterei da preguiça-de-coleira Bradypus torquatus , endêmica da Mata Atlântica . Das 89 espécies de mamíferos registradas 28 são da Ordem Chiroptera, dentre elas algumas endêmicas à Mata Atlântica. Mesmo assim em Iterei carecem ainda estudos mais profundos de espécies da mastofauna nas ordens de pequenos mamíferos, marsupiais, morcegos e roedores, que intensificados certamente poderão elevar consideravelmente o número de registros neste Refúgio Particular de Animais Nativos e detalhar uma mais rica variedade de espécies endêmicas bem como há alta probabilidade de novas espécies serem descritas em Iterei , eventualmente até mesmo de grandes e médios mamíferos pois este quadro não é estático (e.g. Percequilo et al. 2008), principalmente considerando-se as características especialíssimas de Iterei quanto à qualidade e à distribuição da vegetação, à abundância e a qualidade das águas da rede hidrográfica que abriga, composta de aproximadamente 70 cursos d´água de 1 a, 2 a e o Ribeirão do Caçador de 3a ordem., às características do relevo peculiares da área e ao micro-clima local, único na região com a particularidade de inibir totalmente a incidência de geadas .. A presença em Iterei na Ordem Rodentia destas 3 espécies endêmicas, da Família Cricetidae Rato-do-mato-do-rabo-curto Blarinomys breviceps , Rato-do-mato-ferrugíneo Phaenomys ferrugineus e Rato-do-mato-laranja Rhagomys rufescens e de espécies como o rato-arborícola da Mata Atlântica Phyllomys nigrispinus confere a toda esta área uma importância muito grande em termos de conservação, pois, metade das espécies reconhecidas para o gênero Phyllomys encontram-se classificadas como ameaçadas, principalmente devido às suas distribuições restritas.

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BREVE CARACTERIZAÇÃO DE ITEREI Apesar da fragmentação e da perda de habitat terem sido alarmantes no entorno de Iterei, a partir da abertura da antiga Br-2, Rodovia Régis Bittencourt hoje, Br-116, Iterei, devido a responsabilidade social de seus proprietários, manteve ao longo de 193,6 Ha grande extensão de matas primárias desde as cotas mais baixas, entorno de 400 m de altitude até seus espigões divisores de água Juquiaguassu /São Lourencinho- Caçador e Cafezal/Caçador , entorno de 800 m de altitude, cumprindo exemplarmente sua função social e prestando serviços ambientais locais e globais, quanto à manutenção das encostas, à produção de água, à conservação da biota neste Hot Spot etc Na Fazenda Iterei, estabeleceu-se desde 1978 por solicitação ao governo federal, realizada pela proprietária da Fazenda Iterei, Léa Corrêa Pinto o Refúgio Particular de Animais Nativos através da Portaria 163/78 do Instituto Brasileiro de Defesa Florestal- IBDF. Iterei hoje encontra-se na zona núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica - RBMA e está dentro da Área de Proteção da Ambiental da Serra do Mar- APA é agora também considerada área do entorno do atual Parque Estadual do Jurupará, junto ao recente aprovado Plano de Manejo. Iterei é manejada com programas pioneiros, anteriores a ECO 92, de Ecoturismo, Educação Ambiental, Ciência e Arte, a partir de 1996 foi agregado, o de Alerta -SOS, em prol da integridade da área. Iterei é fundamental na preservação da biota da Mata Atlântica e está localizada estrategicamente a montante da Bacia Hidrográfica do Caçador, que por sua vez encontra-se no cimo divisor de águas entre o Planalto Atlântico e a Serra São Lourencinho, cabeceiras da Bacia Hidrográfica do Ribeira de Iguape- BHRB . Existe reconhecida conectividade, entre as matas preservadas de Iterei Refúgio Particular de Animais Nativos, com o Parque Estadual da Serra do Mar, hoje Núcleo Itariru , PE Jurupará e PE Carlos Botelho, inclusive por tradicionais caminhos de fauna entre a Bacias Hidrográficas do Cafezal , do Caçador e do Braço Grande para onde aflui o Ribeirão do Caçador . No ápice de uma pirâmide que tem como base uma linha ideal entre Peruíbe e Iguape situa-se Iterei, perfazendo daí uma relação sistêmica completa entre o Planalto Atlântico e o Oceano, que engloba também o atual mosaico Juréia –Itatins . Entretanto, Iterei está ameaçada pela duplicação da Br116 Régis Bittencourt, em pistas independentes, criando uma ilha no bioma Mata Atlântica fadada à extinção (1998, Ortiz). Grande parte deste impacto no que tange a fauna é gerada pela perda de habitat ou pela fragmentação do habitat um problema especificamente perigoso para populações endêmicas, cuja distribuição restrita aumenta sua vulnerabilidade. Prevenir e evitar é melhor do que mitigar ou recuperar (2010 , UN WWD).

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MANIFESTO DE LÉA CORRÊA PINTO AO PRESIDENTE DO IBAMA, 2001

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PETIÇÃO PÚBLICA

A Petição Pública em prol de Iterei e da Bacia Hidrográfica do Caçador subscrita por um expressivo coletivo de entidades da sociedade civil e membros da academia nacional e global deixa clara a importância e as peculiaridades desta área : “...2. CONSIDERANDO que a ampliação da Autopista Régis Bittencourt almejada por todos seja condicionada de forma a beneficiar os usuários e a conservar e a preservar os recursos naturais, biológicos, estéticos, históricos e antropológicos aí existentes patrimônio nacional, patrimônio da humanidade e patrimônio das futuras gerações. 2. CONSIDERANDO que o desvio (diretriz independente) - segmento 6- , proposto pelo DNIT / ANTT para a duplicação da BR-116/SP/PR, não contígua à pista atual, em pistas em separado nas escarpas mais altas da Serra do Mar - Serra São Lourencinho - entre os PE do Jurupará e o PE da Serra do MAR (Itariru) criará uma ilha de mata atlântica cercada por duas auto- estradas, sujeita à violenta agressão por invasores , poluição sonora, poluentes atmosféricos e tóxicos, lixo e incêndios, provocados pelo tráfego dos 9.000 veículos diários nos dois sentidos, índice com previsível multiplicação, após a duplicação da rodovia, área que por conseqüência , estará fadada à extinção em poucos anos (ORTIZ, H. 2003). Ao se deslocar a nova pista proposta para outro ponto, dentro de um maciço contínuo em região de encostas bastante inclinadas, há de se considerar que a área impactada não será apenas linear. Esse impacto se refletirá na vegetação ao redor, notadamente dentro das pequenas bacias que alimentam os cursos d'água. Córregos limpos, muitos encachoeirados, vão ser cortados, ambientes que proporcionam nichos ecológicos fundamentais para muitas espécies vegetais e animais serão destruídos. Degradação e devastação desnecessárias! (ELM CATHARINO,. 1998) Não é só por causa da floresta, é mais. Essa floresta tem um manancial que ainda está intacto. No momento de separar, ele vai estar esculhambado. (LUTZENBERGER, J. A, 1999) 3. CONSIDERANDO os valiosos serviços ambientais, capazes de sustentar e satisfazer as condições de vida humana (DE GROOT, 1992), prestados pela área que poderá ser danificada para sempre pela opção de rasgar os cumes da Serra do Mar na Mata Atlântica e seccionar no mínimo 17 cabeceiras de drenagem de água potável do rio Ribeira de Iguape/Caçador (ORTIZ, H. 2006)- - as cabeceiras florestadas dos pequenos riachos que descem para o ribeirão Caçador, através lindos canais rochosos e cachoerinhas tropicais (AB’SABER, AN 1997). Neste local a floresta forma um contínuo entre o Parque Estadual da Serra do Mar, que abrange formações de baixo-montana, e o Parque Estadual do Jurupará que protege além de florestas montanas, formações características de transição entre a floresta Atlântica (no sentido estrito de floresta da faixa costeira) e a floresta da região dos "morros de mares" e do planalto Paulista. Observa-se aí a importância da área como um elo de gradiente contínuos de habitats distintos que se estende do nível do mar a altitudes próximas de 1000m, caindo para 700-800m na área de influência do empreendimento, e apresentando grande heterogeneidade de condições de solo, topografia, pluviosidade e temperatura (OLMOS F., 1996) . Nesta vertente direita do ribeirão Caçador, existe o maior número de aguadas perenes, no meio de uma vegetação densa e biodiversa. (AB’SABER, AN 1997). Esta vertente apresenta grande quantidade de áreas originais remanescentes (primitivas) normalmente interligadas por ecótonos sucessionais (ELM CATHARINO, 1998)

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. Nesta área que poderá ser aviltada para sempre pelo secionamento da pista em separado, o talvergue da Bacia do Caçador e as escarpas das partes mais altas da Serra do Mar- São Lourencinho- mamíferos de grande porte ainda são vistos. Inúmeras espécies endêmicas e em extinção aí sobrevivem, procriam e se refugiam (AUTOS DA ACP - MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL). As florestas existentes são contínuas desde próximo ao ribeirão Caçador até o espigão dessa serra, divisor com o Juquiá-Guaçú. (ELM CATHARINO,. 1998) A área que poderá ser ilhada e arruinada para sempre mede aproximadamente 5.300.000.000 µm. de comprimento e largura de 300.000.000 µm a 180.000.000 µm – adotando-se a unidade de medida do Paracyclops bromeliacola - uma nova espécie de copépode , crustácea, coletada em bromélias (PINTO, LC), no setor Iterei (KARAITUG, BOXSHALL, ROCHA CEF, 1999) descrita e publicado pelo Museu Britânico de História Natural.(PIZELLI, MEIRE, 2006) . Tendo em conta as características da geomorfologia local, a extensão efetiva da superfície que poderá ser efetivamente ilhada e estragada é consideravelmente muito maior. (TOLEDO, YARA, 2001) Principalmente, no fundo dos grotões , como na Itereí a vegetação adquire fisionomia mais exuberante, com árvores de altura maior que em outras situações e abundante crescimento de epífitas . Estes 'refúgios ' representam microhabitats nos quais os efeitos dos invernos mais rigorosos (seca e geada) são obliterados e permitem melhor condição de desenvolvimento para a floresta. Estes mesmos microhabitats também formam refúgios úmidos para a fauna durante esses períodos críticos, principalmente para insetos, anfíbios e aves residentes do subosque ( veja Willis 1974 e 1979 sobre extinção local de aves causada pela falta de refúgios úmidos durante a secas) além de apresentarem espécies características. (OLMOS,F. 1996). Um conceito importante é que a destruição destes microhabitats ou seu isolamento de outros ambientes com os quais formam um continuo ou gradiente resulta na perda de espécies, que pode ser local ou, no caso de afetar algum endemismo localizado, global .(OLMOS F., 1996) . Estradas que cruzam áreas de ecossistemas naturais causam impactos relevantes sobre a biota, com reflexos que afetam negativamente, de maneira significativa, a diversidade biológica (ou biodiversidade) da área (OLMOS F., 1996). A Floresta existente na Itereí representa um considerável remanescente de floresta atlântica, tanto pela grande área que ocupa como pelo excelente estado de conservação e grande riqueza de espécies vegetais e animais ( PIRANI, J.R., 1995). Este é sem dúvida, um dos maciços mais expressivos ao longo deste trecho da Régis Bittencourt, inclusive com trechos de mata primitiva, pouco explorada seletivamente no passado. Esta vegetação, a “mata atlântica” típica de encosta, ou a Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica sensu strictu) aparece na sua maior pujança, possuindo muitos indivíduos remanescentes, primitivos, representados por árvores de grande porte, com grande densidade de herbáceas, trepadeiras, epífitas e outras formas de vida. Entre as epífitas destacam-se muitas bromeliáceas e orquidáceas, plantas de subosque (rubiáceas, acantáceas, mirtáceas, etc.) e uma série muito diversificada de outras espécies típicas de interior de matas, testemunhas de matas primitiva, em avançadíssimo estado de regeneração natural. (ELM CATHARINO,. 1998). Iterei vem sendo conduzida como uma reserva tríplice: florestal, de biodiversidade in situ e de aguadas limpas, em seus diversos braços (AB’SABER, AN 1995). O uso e a ocupação do solo é rarefeito também devido a topografia acidentada. O cenário de um dos maiores talvergues existentes na região- o Caçador/ Setor Itereí - favorece o espaço para atividades humanas de lazer, para a prática de esportes, ecoturismo (RUSCHMANN, D, 1994) e para a contemplação, observação e estudo da natureza (RUSCHMANN, D, 1994). A área conhecida como Itereí predominantemente recoberta por floresta ombrófila densa em ótimo estado de conservação, possui áreas de floresta primária, é reconhecida pela comunidade acadêmica como de relevante interesse científico e tem sido disponibilizada para educação e coletas científicas.

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(IPT RELATÓRIO TÉCNICO n. 36042/97). Sabe-se que o desconhecimento acerca da biodiversidade representada pelo Bioma da Mata Atlântica é amplo e irrestrito, o que faz com que envidemos todos os nossos esforços no sentido de manter intocadas áreas prioritárias para pesquisas científicas. A Itereí bem se enquadra nos moldes de área prioritária para conservação, não só pelo nível de importância e de conservação da biota nela existente, como também pela estrutura oferecida aos pesquisadores para desenvolverem suas pesquisas de absoluta importância para o desenvolvimento científico brasileiro, aliás garantido pela nossa Constituição Federal em seus artigos 218 e 219. (OAB-SP/CMA, PEDRO, AFP & LIMA, AR , 1996). Este lugar é extremamente importante porque é um ecossistema onde existe uma mata ainda primitiva e por ser de encosta, se houver interferência do homem, interferência externa, por qualquer razão, seguramente não se perpetuará por muito tempo (TOMITA, N. Y, 1998). Nesse trecho, o traçado atual da Rodovia Régis Bittencourt passa pela vertente direita do vale do ribeirão Caçador Posse Nova, através de uma longa curva convexa voltada para o Sul, enquanto a Itereí ocupa a margem direita até o divisor de águas (825 -790 m) com o setor planáltico do rio Juquiá Guaçú, onde foi implantada a Represa da Cachoeira da Fumaça (570-578 m., aproximadamente). (AB’SABER, AN 1995) . NA VERTENTE DA MARGEM ESQUERDA DO RIB. CAÇADOR, ONDE SE ENCONTRA A PISTA ATUAL E O SEGMENTO 13 DA ALTERNATIVA D, O MERGULHO DAS ESTRUTURAS GEOLÓGICAS É FAVORAVEL À ESTABILIDADE DOS TALUDES, OU SEJA, OS PLANOS MERGULHAM PARA" DENTRO" DO MACIÇO, NA VERTENTE OPOSTA, ONDE ESTÁ TRAÇADO O SEGMENTO 6 DA ALTERNATIVA F, ESTAS ESTRUTURAS PODEM DESENCADEAR PROCESSOS DE INSTABILIZAÇÃO DE GRANDE PORTE DEVIDO AO MERGULHO DESFAVORÁVEL PARA "FORA " DO TALUDE. PORTANTO PODE-SE AFIRMAR QUE OS FUTUROS CORTES, PARA A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA, NAS ENCOSTAS NA VERTENTE DO SEGMENTO 6 DEVEM TRAZER MAIORES PROBLEMAS E PREOCUPAÇÕES QUANTO À ESTABILIDADE DO MACIÇO EM COMPARAÇÃO ÀS ENCOSTAS DO SEGMENTO 13. CONSIDERANDO A POSIÇÃO DAS ESTRUTURAS GEOLÓGICAS EM RELAÇÃO AOS TRAÇADOS PROPOSTOS E AS OBSERVAÇOES EFETUADAS NO CAMPO (RELATÓRIO IPT 36.042), PODE-SE AFIRMAR QUE O RISCO DE PARALIZAÇÃO DO TRÁFEGO NA RODOVIA, DEVIDO A ESCORREGAMENTOS DE GRANDE PROPORÇÕES EM EVENTOS DE PRECIPITAÇAO ELEVADA E DE LONGA DURAÇAO, É MAIOR NA ALTERNATIVA F -SEGMENTO 6 DO QUE O DE INTERRUPÇAO DAS DUAS PISTAS ( ATUAL E DO SEGMENTO 13) LOCALIZADAS NA VERTENTE MAIS ESTÁVEL." (IPT PARECER TÉCNICO NO 7.904/2001 ). AS Escarpas Festonadas correspondentes à porção da Serra do Mar em contato com a linha de borda do Planalto Atlântico se caracterizam pelo padrão de drenagem com alta densidade (JORGE, MCO. MENDES, IA, 2004). As microbacias de cabeceira, de maiores contribuições hídricas para a bacia, nascem aí. Todos esses aspectos apontam a integridade desta área escarpada da Serra do Mar, localizada nas cabeceiras oceânicas do rio Caçador/RB, que promove o desencadeamento do processo de orografia, isto é, as nuvens carregadas de umidade provindas do oceano, ao encontrarem com este anteparo natural ascendem e se condensam, o que contribui decisivamente para os elevados índices pluviométricos em nível regional. Além da alta pluviosidade, a Serra Saõ Lourencinho/Juquiá-Guaçu condensa a água em forma de neblina. Isto ocorre até mesmo durante os meses de primavera e verão, nas horas quentes do dia. Aí a nebulosidade é quase constante . Além disso, essas massas de ar úmido são interceptadas pelas florestas (troncos e copas das árvores), o que também promove a condensação de umidade sob a floresta, em um fenômeno denominado “chuva oculta”. Encontra-se aí nas Montanhas São Lourencinho a Floresta da Crista da Serra do Mar

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(Floresta de Neblina), também denominada de mata nebular (Klein ,1978), mata de neblina (Hueck, 1956), “Cloud Forest” (TMCF,1993) em função da neblina presente em muitas horas por dia, em quase todos os dias do ano, mesmo na estação seca, favorecer ecossistemas florestais com altos níveis de endemismos, distintas formas florísticas e estruturais (UNEP, 2004), corroborar para que esse setor da paisagem tenha os mais expressivos ribeirões contribuintes em vazão da bacia ou seja,uma região de alta vocação hidrológica, de alta capacidade de desempenho de serviços ambientais hidrológicos. (Pinto, LC CNMASP, 2005). Em menos de duas décadas, haverá centenas de mortes pela deficiência hídrica, lembrando ser a água, um recurso natural finito e que a deficiência hídrica com certeza prejudicará a agricultura, o saneamento ambiental, o saneamento básico, a água potável para abastecimento, o efeito estufa, superando o número de mortes por acidente de trânsito (TOLEDO, YARA,, 2002). Sob o ponto de vista da conservação da biodiversidadeflora, fauna e paisagem - fonte de recursos genéticos, de agentes de controle biológico, recursos alimentares, recursos químicos / farmacêuticos, (TONHASCA, A. 2004)-, da regulação do clima, da regulação de gases que afetam o clima, do manejo de bacias hidrográficas (quantidade e qualidade da água), proteger essa área é estratégico, tanto para a própria manutenção dos ecossistemas, quanto para o aproveitamento dos serviços por ela prestados, a toda a sociedade à jusante da bacia., como para a população da região metropolitana de S. Paulo e a da baixada santista.(FOTO AGESTADO) 4. CONSIDERANDO que ainda não é fato consumado que a sociedade tenha de sofrer a perda desta área e dos relevantes serviços ambientais por ela prestados, para obter a duplicação, pois esta encontra-se em fase de projeto e há alternativas. 5. CONSIDERANDO que o interesse da coletividade nacional, em nossa opinião, não pode ser partido de forma maniqueísta. Faz-se necessário que o mesmo seja compreendido de forma abrangente e sistemática. Fazer isto é perceber que se existem alternativas técnicas razoáveis para que não sejam afrontados os direitos adquiridos e os direitos ambientais esta é a solução que deve ser adotada pelas autoridades públicas. (BESSA, P. A., 1997). Não se esgotaram as soluções e alternativas para a duplicação da estrada, entre o Km 348 a Km 354, trecho de grande sensibilidade na vertente à direita da pista SP/PR. No entanto, têm sido pouco exaustiva a análise e as tentativas para uma solução melhor. Porém, ao se colocar os tratores sobre a vertente direita, em pouco tempo e imprudentemente, se exaure o que demorou milhares de anos para ser formado. (ELM CATHARINO,.1998) . Ainda que haja um custo aparentemente maior na construção de pontes, túneis e viadutos, o custo à biota e à proteção das drenagens e encostas deve ser avaliado na decisão (MANTOVANI, W, 1997)....”1

ANEXOS E IMAGENS

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ILUSTRAÇÕES PRÓ- INTEGRIDADE ITEREI E BH CAÇADOR (225/CF )

MANIFESTO DE LÉA CORRÊA PINTO AO PRESIDENTE DO IBAMA, 2001

FOLDER TRILHAS ITEREI

FOLDER FACILITADOR DESCRIÇÃO FAUNA ITEREI

CERTIFICADO ITEREI DE COLABORADOR AMBIENTAL

http://new.petitiononline.com/Serra/petition.html

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FOLDER ITEREI TRILHAS - frente e verso

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FACILITADOR PARA DESCRIÇÃO DE AVISTAMENTO DE FAUNA

VERSO FOLDER

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