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Agosto de 2003 | nº 47 | Capa: Extra Comunicação

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ERA UMA VEZ A REVISTA Ivelise Gomes Poucos são os trabalhos que tomam a mídia revista como objeto de estudo, entretanto, precisa ser desvendada pois apresenta uma complexidade muito maior do que os comumente pesquisados pelos teóricos de comunicação. Diferentemente dos jornais, o periódico não trabalha com a atualidade, mas desenvolve um processo sutil de massificação do comportamento de um público fiel e acostumado a consumir. Por isso, está na hora de desmistificar sua imagem negativa e pensar neles como produtos de informação de qualidade, independente do seu caráter comercial ou comportamental. Para tanto, é preciso conhecer e compreender sua história. Denominadas originalmente de magazines (que corres-ponde à publicações de conteúdo variado), as revistas surgiram no século XVII, sob a forma de notas de livros, publicadas nos primeiros cadernos de notícias ("jornais"). Em 1646, tais notas acompanhadas por pequenos comentários críticos foram aparecendo com maior freqüência até serem agrupadas (em 1650) e tomarem a feição do que conhecemos hoje como suplemento, em 1663, com a Edificantes Discussões Mensais. A partir daí, apareceram, em todo o mundo, inúmeros periódicos que seguiam a proposta de divulgar trabalhos em áreas específicas. Até que, em 1672, nasce na França a primeira revista "não séria", o Mercúrio Galante, com notícias da Corte, anedotas e poesia, cuja fórmula foi seguida por várias publicações em toda Europa. A mídia revista foi ganhando mais corpo com o incremento de novas seções como as informações de serviço surgidas no Athenian Gazette (em 1690) como notas ou matérias e de desenhos que reproduziam os costumes da sociedade - nascidos em 1698, na London Spy -, que, apesar de engraçados, vulgares e (algumas vezes) obscenos, foram adotados por outras publicações. No final do século XIX, as revistas femininas se multiplicaram enormemente, apresentando uma fór-mula editorial dedicada aos afazeres do lar e às novidades da moda como Good Housekeeping (1885) e Vogue (1892), que continuam sendo publicadas até hoje. Este período também marcou o desenvolvimento de publicações dirigidas aos jovens ingleses, assim como a multiplicação de veículos femininos. Os melhores títulos da época misturavam ficção, ciências e sugestões práticas para vários hobbies e expressões artísticas, como Chatterbox (que durou 68 anos). Mas o nascimento do cinematografo, em 1895, surge como o início de uma nova era de transformações - completada pelo rádio e pela televisão -, que marcou o século XX como a era das "ciências da informação" ou das "comunicações audiovisuais". A partir daí, o mercado editorial passou a se modificar para despertar a atenção do público, criando novas propostas como a da The Reader's Digest, primeira revista de bolso (de 1922), com artigos condensados e já publicados em outros periódicos. Posteriormente, integra-se o suplemento fotográfico no Time Magazine (de 1934), que acelerou a revolução das revistas ilustradas, despertando a atenção de leitores e de Henry Luce, que elaborou a Life (1936), uma revista com muitas fotografias e poucos textos.

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