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Extraordinária Madureira: Território que existe com o corpo | Trabalho Final de

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Currículo

Currículo

Extraordinária Madureira: Território que existe com o corpo Trabalho Final de Graduação, FAU UFRJ Autora: Izabela Crescembine Orientadora: Eliana Barbosa

Selecionado pelos congressos PNUM 2022 e ENANPARQ 2022

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O trabalho teórico experimental convida a refletir sobre os modos de apreender e representar o território, e incentiva o ensaio de processos cartográficos a partir das narrativas e experiências erráticas. O recorte escolhido como campo de desdobramento da ideia encontra-se no subúrbio carioca, bairro de Madureira, que em constante movimento, é apropriado e terreirizado diariamente.

Cartografia Derivas

O objetivo é apresentar camadas desse território - ocultadas pelos limites de representação dos mapas tradicionais - por meio de cartografias subjetivas, colocando o corpo em deriva e experimentando o processo de montagem, desmontagem e remontagem como metodologia que permite atravessar as transformações do lugar, o tempo e os corpos. Registrei processos de transformação de uma “rota inicial” como um método contínuo, me distanciando cada vez mais das referências geográficas, a fim de criar uma corpografia. Nesse processo pude ouvir e atravessar histórias, memórias e relatos, e compreender as transformações dos lugares de acordo com os corpos que os ocupam, e com isso, ensaiar costuras na história da cidade, cartografias subjetivas e atualização de novos mapas ocultados pelos mapas oficiais. Montagem - derivas e narrativas (youtube)

R . CARVALHO DE SOUZA

DUTÃO

ESTAÇÃO DE MADUREIRA CVIADUTO SILAS DE OLIVEIRA UFA VIADUTO PREFEITO NEGRÃO DE LIMA ZÊ ÊNE RJ

R . CARVALHO DE SOUZA

50 m N

Mapa da região dos viadutos Prefeito Negrão de Lima e Silas de Oliveira, desenvolvimento autoral.

O que era tratado como “o baixio do viaduto” se transformou em “os baixios dos viadutos”, que se desdobram e são expressados de diversas formas, às vezes conectados e às vezes não. As errâncias sob os viadutos criam e recriam dinâmicas espaciais e novos mapas que não existem nos mapas. Primeiro porque não se dão por delimitações espaciais convencionais do urbanismo, segundo porque não são estáticas e por último porque nos mapas nem é possível visualizar os espaços urbanos existentes debaixo dos viadutos.

Portanto, a partir de análise via satélite, observação do espaço e me baseando em cadastrais geradas pelo QGis, redesenhei os viadutos e desenhei os espaços urbanos que estavam cobertos por eles, tentando ser o mais fiel possível as proporções e elementos presentes nessa região, criando então o desenho de toda a região dos baixios.

Parti de uma amplitude de noções conceituais sobre o corpo e território, escolhi dentro da história e da minha experiência na cidade um campo de estudo, desdobrei a história da sua construção seguindo uma linha temporal e então inseri o meu corpo como instrumento de experimentação e registro por meio das derivas, praticando a cidade com a consciência errática.

Processo de fragmentação e leitura das três camadas a partir das imagens que se repetiram nas montagens.

Após repetir o processo de montagem, desmontagem e remontagem - que pode ser também entendida como um processo de fragmentação-, fiz um painel utilizando as imagens que se repetiam entre as montagens anteriores, e então recortei, fragmentado em pedaços que tinham pessoas, objetos ou construção urbana.

Essa nova escala faz refletir de que forma os espaços se criam e como os elementos se relacionam. Foi então que passei a classificar em três camadas gerais as camadas que atravessei: O corpo, que encanta; o urbanismo rígido, desenho e elementos da cidade formal; e os objetos encantadores, transformados pelos corpos e transformadores dos espaços, que estruturam os lugares que acontecem. Essas três camadas coexistem e constroem os lugares. A relação e a proporção entre elas variam, assim como dentro de cada camada existem outras infinitas formas de interpretação.

Todo o processo desse trabalho não segue exatamente uma linearidade, ordem ou hierarquia. Por ser um trabalho expansivo, efêmero, inconclusivo, concluí com considerações são parciais. Optei por experimentar as derivas e montagens, mas há outras provocações não respondidas que poderiam expandir essa pesquisa para outras direções.

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