Cosmologia: O Átomo e o Ponto de Vista do Observador

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O รกtomo e o ponto de vista do observador

J.R. Silva Bittencourt


O átomo e o ponto de vista do observador J.R. Silva Bittencourt

Do Espaço O espaço que rodeia as partículas subatômicas é o mesmo no qual as estrelas e as galáxias distantes se inserem. O espaço é uma incógnita. Muitos afirmam que ele é uma entidade real, mas outros discordam. O projeto Teoria da Visão Inversa aborda a forma como o observador interage com o universo à sua volta, estando na dependência da existência de tempo mensurável para fazê-lo. Isto é, o que existe para o ponto de vista do observador é aquilo que ele se lembra. Nada no universo é observado de forma direta, o que é assegurado pelo princípio da incerteza. Nem o espaço. Embora ele esteja à margem, não está preocupado com a nossa opinião a seu respeito. Quero dizer que a situação criada pela dependência em relação à nossa memória é um problema nosso, e nada teria a ver com o que está ao nosso redor. Mas, ela cria algumas amarras, que poderiam ser desfeitas se compreendêssemos melhor a natureza real das forças que atuam à nossa volta. Muito já se escreveu sobre a ação direta das massas sobre o espaço. Mas, muito pouco foi dito em relação à capacidade do espaço para gerar inércia de forma independente das massas. Sabe-se, por exemplo, que a inércia é uma espécie de “força” fictícia, que contrabalança a gravidade e mantém os planetas fixos nas suas


órbitas cíclicas ao redor da nossa estrela, sem cair dentro dela. Uma das citações a respeito dessa capacidade independente do espaço para gerar inércia pode ser encontrada no livro de Albert Einstein “Como Vejo o Mundo”, publicado no Brasil pela editora Nova Fronteira. Einstein postulava na sua Teoria da Relatividade que o espaço e o tempo eram elásticos, formando o continuum do espaço-tempo, o que colocaria por terra a ideia do espaço absoluto de Newton. Curiosamente, no livro citado, Einstein tentou justificar o pensamento de Newton. Vamos ler o que ele diz: “Nas equações do movimento de Newton a noção de aceleração tem papel fundamental, que não define só pelas distâncias entre os pontos, variáveis com o tempo. A aceleração de Newton somente é pensável e inteligível como aceleração em relação à totalidade do espaço. A esta realidade geométrica do conceito de espaço associa-se, portanto, uma nova função do espaço que determina a inércia. Quando Newton declarou que o espaço é absoluto teve certamente presente no espírito a significação real do espaço e deve, por consequência e necessariamente, ter atribuído ao seu espaço um estado de movimento bem definido que, confessemo-lo, não está completamente determinado pelos fenômenos da mecânica. Este espaço foi ainda inventado como absoluto, de outro ponto de vista. Sua eficácia para determinar a inércia continua independente, portanto não provocada por circunstâncias físicas de qualquer espécie. Ele age sobre as massas, nada age sobre ele”.

Essa justificativa de que nada poderia agir diretamente sobre o espaço sugere que isso estaria relacionado ao nosso ponto de vista. Acontece que


para nos comunicar qualquer coisa, o espaço precisa de um mensageiro. O candidato que se ofereceu para o serviço teria sido a luz e a radiação eletromagnética como um todo. Posto que esse mensageiro precise de tempo para entregar a sua mensagem em um ponto distante, o espaço parece ficar à margem do processo. Vamos dar um exemplo simples. Sabe-se que existem tantas estrelas que ainda não podem ser avistadas no céu noturno, quanto aquelas que podemos ver diretamente. A explicação é que a sua luz ainda não teria nos alcançado no presente. Quando a luz chegar, a estrela poderá ser avistada instantaneamente, mas com a aparência que tinha no passado. Isto é, o que vemos brilhando no céu noturno é um instantâneo do nosso passado, uma lembrança de tempos remotos. Ao defender a visão de Newton, mesmo para discordar dela, Einstein parece ter tocado num ponto sensível. E se o espaço fosse realmente capaz de gerar inércia de forma independente das massas? Trabalhando essa ideia, percebi que um caminho para explicar de forma satisfatória a geração de inércia pelo espaço, sem depender diretamente das massas, seria considerar a possível influência direta desse espaço sobre a massa total do universo, alterando transitoriamente a sua densidade. Ou seja, a massa citada, em princípio, é inerte ou estacionária, como qualquer partícula em seu


estado natural. O espaço atuaria como pano de fundo, criando as condições favoráveis para o surgimento do movimento relativo das partículas, através da variação da sua densidade. Para o projeto RST (Reverse Sight Theory ou Teoria da Visão Inversa) todo e qualquer movimento no espaço-tempo seria regido pela variação da densidade das massas, fora dessa dimensão observável em que nos encontramos e num determinado intervalo de tempo que, diga-se de passagem, não existiria na prática, porque não poderia ser medido diretamente. Talvez fosse essa a referência feita por Einstein sobre a capacidade do espaço para gerar inércia sem depender das massas. Assim como a quantização da energia luminosa, todo o movimento observado à nossa volta é relativo e nos seria entregue pronto, passando a estar na dependência da mensurabilidade do tempo. Como a densidade resulta apenas de uma relação entre a massa e o volume, a massa total seria conservada. Postulado (ensaio): “O movimento relativo das partículas e dos corpos celestes de grandes massas, assim como as alterações da geometria do espaço ao seu redor, estão na dependência das variações transitórias da densidade dos corpos, e não diretamente das suas massas”.

Para localizar o nosso estudo no infinito microscópico iremos repassar alguns conceitos da Física, sobre o modelo de átomo mais aceito


atualmente. Não custa lembrar que a intenção deste trabalho não é a de confrontar as leis vigentes. O objetivo é tentar entender o papel do observador, na sua interação com o sistema em estudo. Do princípio da Incerteza Abaixo vemos o modelo de átomo mais aceito atualmente:

Segundo Eisberg (Fundamentos da Física, p.96), a questão da estabilidade desse átomo apresentava um sério problema: “Se admitirmos que os elétrons do átomo sejam estacionários será fácil ver que não existe nenhuma configuração estável para os elétrons que circundam o núcleo, a qual poderia impedi-los de cair dentro do núcleo por ação da força coulombiana atrativa. Não podemos permitir o colapso do átomo, pois então seu raio seria da ordem do raio nuclear, que é quatro ordens de grandeza menor do que o valor que sabemos ter o raio do átomo”.

Ao comentar sobre a atitude de se comparar o comportamento do átomo com o sistema solar, com os elétrons girando ao redor do núcleo em órbitas


semelhantes às órbitas dos planetas ao redor do Sol, Eisberg lembra que “Tal sistema (planetário) pode ser estável mecanicamente, pois a força centrífuga contrabalança a atração gravitacional”. No caso do átomo, entretanto, ele segue dizendo “O problema é que os elétrons carregados seriam constantemente acelerados. De acordo com a teoria clássica do eletromagnetismo, todos os corpos carregados acelerados irradiam energia na forma de radiação eletromagnética. A energia seria emitida à custa da energia mecânica do elétron, seguindo este uma trajetória espiral em direção ao núcleo”. Como já se viu isso não acontece na prática. Acredita-se que o elétron gire em torno do núcleo em uma órbita circular. Devido à imensa diferença entre as massas, considera-se que o núcleo permaneça fixo no espaço. No caso da órbita circular o momento angular orbital do elétron deve ser uma constante. Traduzindo-se, isso significa que o elétron mantém-se sempre à mesma distância do núcleo. É que a força que age sobre o elétron está inteiramente na direção radial (centrípeta). Postulados de Bohr: O segundo postulado de Bohr introduz o conceito de quantização: “Ao invés da infinidade de órbitas que seriam possíveis em mecânica clássica, é possível para um elétron mover-se somente numa órbita para a qual o seu momento angular seja um múltiplo inteiro da constante de Planck (h ”.


No seu terceiro postulado Bohr elimina o problema da estabilidade do elétron movendo-se em órbita circular, dizendo que um elétron movendo-se em tal órbita não irradia energia eletromagnética. Portanto, a sua energia total permanece constante. Como suporte, Bohr se baseia no fato de que os átomos observados são estáveis experimentalmente, mesmo que isto não seja previsto pela teoria clássica. A energia total de um elétron atômico será quantizada. O estado normal do átomo será o estado em que o elétron tem o mínimo de energia, isto é, o estado n=1. Este é chamado estado fundamental. Em uma descarga elétrica o átomo absorve energia. Assim, ele sofre uma transição para um estado de maior energia ou “estado excitado”, no qual n>1. O átomo emitirá seu excesso de energia e retornará ao estado fundamental. Segundo a teoria um elétron, num átomo, está ligado ao seu núcleo atômico. Percorre repetidamente a mesma órbita; consequentemente, espera-se que as ondas-piloto, a ele associadas, sejam ondas estacionárias (nodos fixos). Essa órbita quantizada é a condição necessária para que as ondas se combinem e formem ondas estacionárias. Se isso for violado as ondas interferirão entre si de tal maneira que a sua intensidade média se anule. Ora, como a intensidade das ondas deve constituir uma espécie de medida da localização da partícula


(*aqui se insere o observador), isso significa que o elétron não poderia ser encontrado em tal órbita. A posição de um elétron e a orientação do vetor que indica o seu momento linear não podem ser especificados exatamente num dado instante de tempo, uma vez que o elétron poderia estar localizado em qualquer lugar sobre a órbita. Segundo Eisberg esse problema, relacionado ao movimento do elétron ao redor do núcleo, é exatamente o mesmo da descrição de Newton do movimento de um planeta. Aqui se nota um elo que aproximaria os dois níveis extremos da matéria, gerando incerteza na posição e no momento de uma partícula assim como no caso de um planeta, em qualquer instante considerado.

Incerteza na posição do elétron


A densidade das massas e a sua influência sobre o movimento das partículas Quando Eisberg nos diz que um elétron ligado ao núcleo atômico percorre repetidamente a mesma órbita circular, condição essencial para que as ondas-piloto sejam estacionárias e a órbita do elétron seja quantizada, está destacando que o operador do sistema, que analisa a estrutura atômica, está na dependência do espalhamento da luz para tecer comentários sobre a posição do elétron num dado momento. O que interessa é o ponto de vista do operador. Na mesma direção está a afirmação de que “A intensidade das ondas deve constituir uma espécie de medida da localização da partícula”. Normalmente, o papel do operador do sistema é relegado a um segundo plano, assim como a dependência que ele demonstra ter em relação à sua memória. Isto é, os fenômenos físicos são reais, mas serão sempre avaliados fora do seu próprio tempo. Niels Bohr acreditava que os eventos naquele nível microscópico somente ganhariam sentido quando fossem observados. Einstein achava isso uma aberração. Para ele, uma partícula existe mesmo que não estejamos ali para vê-la. Vamos considerar como exemplo o átomo de Hidrogênio, onde o elétron ligado ao núcleo executa uma órbita circular. O estado fundamental do elétron ou o nível menos energético é o mais interno, em relação ao seu estado excitado e de


maior energia. Conforme foi dito, devido à imensa diferença entre as massas, considera-se que o núcleo permaneça fixo no espaço. De acordo com a proposta feita em relação à possível variação da densidade da massa nuclear, vamos analisar os efeitos que essa mesma massa conservada teria sobre o espaço à sua volta, na medida em que a sua densidade variasse de forma transitória e ao longo do tempo. Vale lembrar que essa tentativa não encontra respaldo na literatura sobre o assunto, por isso, deve ser encarada com reservas e ser apenas um objeto de curiosidade. O primeiro detalhe que chama a nossa atenção é a dependência do espaço em relação à radiação absorvida ou emitida pelas partículas, para comunicar ao observador as alterações da sua geometria. Sem esse mensageiro não teríamos como saber da existência das partículas. Então, a primeira premissa para as avaliações que se seguem é a de que o espaço não comunicaria nada ao operador de forma direta, estando na dependência de um mensageiro, ou seja, a luz. Tudo o que influenciasse o comportamento da luz, iria se refletir também sobre o espaço. No caso da luz, sabe-se que ela executa um movimento cíclico chamado “harmônico simples”. Existe uma ligação deste movimento com o circular e uniforme. O movimento harmônico resultaria da projeção da sombra de uma partícula em movimento circular e uniforme sobre


um eixo que passasse pelo centro do círculo. O movimento harmônico simples é o mesmo encontrado nos pêndulos dos relógios antigos, e é bem representado no conjunto massa-mola. Um bloco é preso à extremidade livre de uma mola que, por sua vez, tem a sua outra extremidade colocada em um ponto fixo. Quando a mola é esticada o bloco se afasta da extremidade fixa, constituindo-se na primeira fase do MHS. Se deixarmos a mola relaxar e a comprimirmos, teremos a segunda fase. As forças que atuam no sistema são conservativas. A nossa dependência em relação ao mensageiro do espaço, salvo melhor juízo, teria criado algumas dificuldades no que diz respeito à interpretação dos eventos à nossa volta. Esse é o caso do sentido de algumas forças que atuam no espaço-tempo. Por exemplo, sabe-se que a visão moderna nos diz que a gravidade resultaria da atuação direta das massas sobre o espaço, curvando-o. Isso tem relação com o movimento harmônico da luz, pois ele nos diz que no conjunto massa-mola a força sempre aponta no sentido contrário ao do esticamento da mola. Como os físicos sustentam que o espaço teria o mesmo comportamento de uma tira elástica, um corpo celeste de grande massa, como o nosso Sol, iria atrair os seus planetas na sua direção, gerando gravidade diretamente. Vê-se nesta avaliação que, aparentemente, estaríamos confundindo o comportamento do espaço com o da própria luz. É a luz que se comporta como uma tira elástica, e não o


espaço. Quando o espaço fosse esticado o trabalho promovido pelas massas até poderia ser positivo, se a comunicação do evento fosse feita instantaneamente na Terra. Neste caso, o espaço estaria comunicando o evento diretamente, assumindo o seu marco zero do tempo. Vamos tentar explicar melhor. Como não dispõe de um ponto de vista, o Sol não poderia nos dizer nada a respeito do evento de curvatura do espaço à sua volta. Para isso, existe um mensageiro. No entanto, a resposta dada pela radiação solar ao observador, na Terra, seria um trabalho negativo, a exemplo de uma implosão, que iria permitir a condensação e o empacotamento da luz (quantização). Aliás, sem a luz espalhada depois de prévio empacotamento provavelmente não teríamos como saber da existência das partículas, assim como do Sol e das outras estrelas. O que nos esquecemos de levar em conta é o fato de que o espaço precisa de tempo para nos comunicar quaisquer eventos em que o Sol e a sua massa estejam envolvidos. No caso, as ondas de gravidade, que se deslocariam na velocidade da luz, precisam de 8 minutos para nos alcançar na Terra. Quando isso acontece, já nos descobrimos olhando no sentido contrário, ou de volta para o nosso próprio passado. A seta do tempo se inverte na nossa posição e a luz espalhada, cedendo energia, já teria entrado na segunda fase do seu movimento harmônico, em que se prevê o relaxamento e a contração da mola do espaço.


Curiosamente, devido à retenção do tempo anterior à chegada da luz do Sol (8 minutos), a segunda fase do movimento harmônico disponibilizaria abruptamente as informações que dão conta da fase anterior, projetando-as na abóbada celeste e no nosso passado. Isso parece deslocar virtualmente o marco zero do tempo, da posição do Sol para a nossa posição na Terra, justificando o conceito de ondas contínuas e a dualidade onda-partícula. Daí, a importância de levarmos em conta os nossos pontos de vista, ao interpretarmos os eventos externos. Para tal, sempre estaremos na dependência da nossa memória, que nos diz que somente existe o que pode ser lembrado. Da mesma forma, pode-se sugerir que a luz do Sol sempre esteve à nossa disposição na Terra, para ser seguida somente na direção do nosso passado. O pior ainda está por vir. Se você colocasse o Sol na extremidade fixa do conjunto massa-mola e esticasse essa mola, o movimento da luz solar iria se confundir com o do espaço, pois ele precisa do trabalho conservativo do seu mensageiro. Então, o movimento da luz, de lá para cá, ainda não existe na Terra porque não pode ser lembrado. Isto é, não se pode medir diretamente o tempo despendido no deslocamento da luz, caso ele exista. Podem-se fazer estimativas sobre esse tempo, com base na velocidade que medimos para a luz depois do seu espalhamento. Para isso,


precisaríamos da presença constante dessa luz, ou a estrela não poderia ser avistada. Se houvesse um observador ocupando a posição do Sol, ele poderia constatar que a Terra estaria sendo avistada no passado, ou com a aparência de 8 minutos atrás. Como o Sol não pode manifestar o seu ponto de vista, diz-se que o marco zero do tempo teria migrado virtualmente para a Terra, onde existe um observador consciente. Neste caso, o MHS da luz precisaria ser interpretado a partir do ponto de vista do observador. Inverte-se o sentido das forças envolvidas e a extremidade fixa do conjunto, que antes era ocupada pelo Sol, passaria a ser ocupada constantemente pelo observador. A mola do espaço, então, esticar-se-ia a partir dali. Na visão atual da Cosmologia a fase de esticamento estaria ligada, em tese, à ação direta da massa do Sol sobre o espaço. Na visão proposta neste trabalho, a primeira fase do movimento harmônico da luz deveria cursar na presença de um aumento da energia potencial elástica. O movimento tenderia a se retardar, no caso, devido ao trabalho negativo ligado ao esticamento da “mola” do espaço, que estaríamos confundindo com o da própria luz. No entanto, a gravidade se manifesta na presença de aceleração constante do movimento, tanto no caso do Sol como no do nosso elétron. Como explicar esta incongruência?


Parece que, pelo menos quando se trata do nosso ponto de vista, os efeitos das duas fases do MHS estariam se misturando logo após o espalhamento da luz, ou no estado excitado das partículas. O retorno das mesmas ao seu estado fundamental permaneceria suspenso ao infinito, devido à inexistência de tempo mensurável na primeira fase. Ou seja, como as informações não poderiam ser acessadas fora do estado quantizado das partículas, cria-se um princípio de exclusão de acesso. O que permanece como sendo real é o espalhamento contínuo da luz. Retornemos ao problema da densidade. Se o nosso Sol mantivesse sempre a mesma massa e o mesmo volume, como acontece na prática, seria esperado que o espaço mantivesse sempre a mesma curvatura ao longo do tempo. Essa curvatura teria que gerenciar simultaneamente as órbitas de todos os planetas do sistema solar, o que parece um pouco difícil de entender. Além disso, seríamos conduzidos para o movimento circular e uniforme, em que os planetas se movimentariam sempre à mesma distância do Sol, com velocidade e aceleração constantes. Isso não acontece no plano real do universo, mas é uma ilusão perturbadoramente real. Conclui-se que o problema não está relacionado apenas à massa do Sol. Provavelmente, o mensageiro do espaço, a luz, estaria ocultando, ao observador, possíveis


variações na curvatura do espaço. A única alternativa que nos resta, é pensar que a dinâmica do movimento no espaço teria que estar relacionada às variações sofridas pela massa solar na sua densidade, pois, neste caso, ela influenciaria a geometria do espaço de forma variável, curvando-o ora mais, ora menos. Assim, tornar-se-ia relevante e justificável comparar o movimento dos planetas com o dos elétrons, desde que os dois sistemas podem ser unificados ao nível da observação: ambos dependem da mesma forma de rastreamento remoto da luz, sem depender das distâncias que ela possa ter percorrido antes do espalhamento. Sempre costumo citar o exemplo elucidativo de um observador por trás de um microscópio, e outro por trás de um telescópio. Sem importar o tempo envolvido com o movimento anterior da luz, ambos dependem do seu espalhamento local para poder ver os seus objetos de estudo. A principal vantagem da análise da estrutura atômica através da luz é notar que o estado fundamental do elétron, o menos energético, é mais interno em relação ao seu estado excitado, ou quando teria absorvido energia. Por que esse raciocínio? Porque ele nos diz que no estado fundamental o núcleo do átomo apresentaria um valor médio de densidade na sua massa, e essa densidade permaneceria a mesma ao longo do


tempo. Como a massa do núcleo se conserva isso se estenderia também para a órbita do elétron, que se manteria circular e uniforme. Considerando que houvesse alterações veladas na densidade do núcleo, não traduzidas pela radiação emitida após o excitamento, poderíamos avaliar as consequências teóricas que as mudanças teriam no espaço ao redor do núcleo do átomo. Vamos supor que, mesmo conservando a sua massa, a estrutura nuclear aumentasse transitoriamente a sua densidade. Isso iria alterar a curvatura média do espaço à sua volta, esticando-o. O elétron, no caso, iria “sentir” o empurrão sofrido e, mesmo sem abandonar a sua posição anterior, assumiria um movimento no sentido de se afastar do centro da estrutura atômica. Agora fora do seu estado fundamental ou ainda se quantizando, o elétron assumiria uma posição incerta na sua órbita. De acordo com o modelo atômico de Bohr, isso se deve à interferência entre as ondas-piloto fora do estado fundamental do elétron, que se anulam. Sem as ondas, não se pode determinar a posição da partícula. No modelo que estamos propondo neste estudo o motivo é semelhante: o esticamento do espaço somente poderia ser descrito pela radiação, e ela não estaria podendo cumprir o seu papel diretamente. Isso iria atribuir ao espaço as características que, na verdade, descrevem o comportamento da luz. Neste caso, a virtual fusão entre a luz e o espaço nos diz que o último iria ter o


mesmo comportamento de uma tira de borracha. Quando ela se esticasse, a força apontaria na direção contrária, no caso, na direção do núcleo. O detalhe, porém, é que haveria um incremento da energia potencial elástica na fase de esticamento, em detrimento da energia cinética. Ou seja, ao se afastar do núcleo o elétron tenderia a desacelerar. Isso entra em choque com a definição de gravidade, pois ela e a aceleração são conceitos equivalentes (Einstein). Como a luz não estaria disponível fora do estado fundamental, isso geraria uma incerteza na posição ou na velocidade do elétron. Surge a outra questão, relacionada ao ponto de vista do observador. O veículo das informações sobre a geometria do espaço ao redor do núcleo está na luz espalhada pelo elétron. Assim, a extremidade fixa do conjunto massa-mola, que descreve o marco zero do movimento harmônico executado pela luz, precisa ser ocupada pelo elétron. O núcleo ocupará a extremidade livre. Isso será fundamental para se determinar o sentido exato das forças que atuam no sistema núcleo-elétron. 1)


2)

3)

O alerta que nos é dado pela estrutura atômica é que o estado fundamental do elétron é o menos energético e, portanto, o nível mais interno em relação ao núcleo. Vamos colocar o elétron na extremidade fixa do conjunto núcleo-elétron, em que o espaço representaria a mola que os estaria interligando, visando descrever o movimento harmônico realizado pela luz. Quando a mola se esticasse o aumento da energia potencial elástica, além de gerar incerteza na sua posição, iria sugerir que o elétron, mesmo sem sair do seu lugar, teria abandonado a sua órbita circular e assumido um movimento no sentido contrário ao do esticamento do espaço. Como na primeira fase do MHS o trabalho de esticamento do espaço seria negativo, a


retenção da luz (por sugestão nossa) ou a interferência destrutiva das ondas-piloto (por sugestão da física clássica), nos diz que a força repulsiva apontaria na direção do elétron, atribuindo-lhe características transitórias de uma misteriosa antipartícula, indetectável e de sinal positivo (e+), pois ela e o núcleo se repelem (veja no gráfico 2, logo atrás). Essa pseudodualidade de posições assumida pelo elétron se torna real, com as partículas apresentando spins contrários. Não se esqueça de que tudo isso estaria ocorrendo em um momento em que a posição ou a velocidade do elétron se constituem apenas em um padrão de probabilidades, de acordo com o princípio da incerteza. Depois do espalhamento da luz, o que acontecesse com o elétron em seu estágio de spin negativo, iria se refletir instantaneamente na sua antipartícula, sem depender das distâncias envolvidas. O tempo e as distâncias deixam de ser uma barreira para as partículas subatômicas, pois, para nós que dependemos da presença constante da luz espalhada, antes desse espalhamento ela teria estado em todos os outros lugares do espaço. O limite extremo da energia potencial assumida pelo elétron poderia ser vinculada ao aumento da densidade da massa nuclear e ao máximo esticamento do espaço, constituindo-se na barreira intransponível que impediria que o elétron se chocasse com o núcleo! Poderíamos dizer a mesma coisa, mas de uma forma diferente. Fora do estado


fundamental do átomo, o núcleo estaria gerando uma força de orientação antigravitacional, empurrando o elétron para fora do centro. Essa força se tornaria fictícia, devido à retenção da luz. O estado excitado do elétron A inversão de expectativas descrita acima, que torna o estado fundamental do elétron o menos energético e o mais próximo do núcleo, é mais um indício a favor da ideia de que estaríamos confundindo o comportamento do espaço com o da própria luz. Se o espaço pudesse comunicar diretamente o seu esticamento, gerando gravidade, o elétron saltaria imediatamente para o seu nível mais energético ou para o seu estado excitado. Isso, no entanto, somente se torna viável e real quando ele emite o excesso de energia e retorna ao seu estado fundamental. Ou seja, depois do espalhamento da luz. Bothe e Geiger, em 1925, demonstraram que quando um quantum se choca com um elétron, ambos aparecem simultaneamente, sem nenhum intervalo de tempo mensurável que os pudesse estar separando. Como essa “comunicação” do evento de esticamento depende da luz espalhada, isso sempre ocorrerá com virtual atraso, por mínimo que seja. Essa limitação seria restrita ao ponto de vista do observador, nada tendo a ver com a realidade subatômica. A fase do MHS da luz que disponibiliza a informação é a segunda, em que ocorreria o


relaxamento da mola do espaço, na presença de aceleração do movimento da partícula. Quando isso acontece o elétron já surge no ponto distal da sua órbita e na sua máxima aceleração, liberando o excesso de energia e retornando ao estado fundamental e à sua órbita circular. Isso pode significar que o espaço deveria ter se esticado na fase anterior, mesmo sem registro direto, o que iria atribuir limites máximos para esse esticamento, expressos nos valores máximos da energia potencial elástica. Esses limites não poderiam ser superados depois do espalhamento da luz, constituindo-se numa barreira para o movimento de aproximação do elétron em relação ao núcleo. Apesar de estar acelerado, o elétron surge no ponto mais afastado do centro. Esta seria uma aparente incompatibilidade entre o movimento no nível subatômico e o que se observa na macroestrutura. Devido à inversão de expectativas que acompanha o espalhamento dos fótons, pode-se dizer que o ponto de máxima energia potencial e o de máxima energia cinética se confundem, pelo menos para o nosso ponto de vista. Isso se deveria à exclusão de acesso direto à fase de esticamento do espaço ao redor do núcleo que, no modelo atual, prevê a interferência destrutiva entre as ondas-piloto. O resultado seria o virtual nivelamento dos extremos energéticos do átomo, que nos impele para a órbita circular. O que está fora dela não existe, porque não pode ser lembrado. Ou seja, o tempo esteve se contraindo


durante toda a fase de quantização da energia luminosa. Sem tempo, não se pode medir movimento de qualquer espécie. Isso sugere que mesmo que o espaço se curvasse perante um aumento da densidade da massa nuclear, ele permaneceria virtualmente plano fora do estado fundamental do elétron. Note-se que, quando nos submetemos ao império da radiação eletromagnética para descrever os eventos no universo microscópico, convivemos simultaneamente com as duas fases do movimento harmônico da luz, que se excluem mutuamente. Quando uma estiver lá, a outra irá desaparecer. Isso pode ser facilmente visualizado no modelo da tira de borracha: ou ela está se esticando ou está relaxando, mas as duas fases nunca poderão ser confrontadas. Tudo indica que convivemos continuamente com a projeção das informações no nosso passado, que dão conta do esticamento do espaço como se ele estivesse ocorrendo em tempo real, como prevê o modelo de universo expansionário. No entanto, toda a projeção de imagem se encontra sempre no nosso passado. Isto é, ela não dá conta diretamente dos eventos que aconteceriam em tempo real. Pelo processo de exclusão entre as fases, a contração ou o relaxamento da tira elástica, que representa o espaço, deixa de fazer parte da nossa realidade física. Mesmo assim, como a aceleração é a sua característica principal, as galáxias parecem


acelerar durante a fase expansionária. A fase de esticamento parece incorporar um efeito que estaria ocorrendo na fase oposta. Note-se que, nessa maneira de se encarar os eventos, pode-se falar com a mesma naturalidade ao se tratar do universo microscópico ou dos eventos que ocorreriam nas distâncias astronômicas. A aparente incompatibilidade entre esses dois níveis da matéria tem uma justificativa comum: a retenção do tempo na fase de esticamento do espaço. Ela nos obriga a correr atrás das partículas ou somente poder rastreá-las na direção do nosso passado, revelando-as sempre fora do seu próprio tempo. De acordo com a teoria da relatividade, quando o espaço se estica, o tempo se contrai. Para o observador que depende da sua memória, a contração do tempo no nível subatômico apresenta limites que não poderiam ser ultrapassados. Ou seja, esses limites estariam suspensos ao infinito. O que estiver além deles deixa de existir, porque não pode ser lembrado. Isso significa que as partículas subatômicas continuam lá, muitas delas sem a possibilidade de serem detectadas devido às nossas limitações técnicas. Quando o intervalo de tempo que separa as duas posições subsequentes ocupadas pela mesma partícula, até agora inacessível, puder ser medido, certamente novas partículas deverão ser incluídas na nossa realidade física.


Outro aspecto, digno de nota, é que se o movimento harmônico da luz desse conta da sua primeira fase (de esticamento) em pleno curso da fase oposta (de contração), tanto os elétrons como os planetas estariam sempre em rota de afastamento, mesmo quando passassem no ponto proximal das suas órbitas. A nossa dependência em relação à segunda fase do movimento harmônico, em que a luz espalhada disponibilizaria os informes que alimentam a nossa memória, lamentavelmente nos conduz para o movimento circular e uniforme, onde não se prevê os movimentos de aproximação ou de afastamento das partículas ou dos planetas. Isso seria consequência do virtual nivelamento do espectro de luz, promovido pela contração do tempo na fase anterior (expansionária). Esse nivelamento estaria escondendo possíveis variações na densidade das massas nuclear e do Sol, por isso, os seus volumes não parecem variar ao longo do tempo. Embora essas variações da densidade sejam indetectáveis e a sua ausência resulte na incompatibilidade entre a macro e a microestrutura, elas podem ser previstas, devido aos efeitos indiretos. Por exemplo, Johannes Kepler deu a volta por cima e demonstrou que as órbitas reais dos planetas formam uma elipse ao longo do tempo e não um círculo, como se supunha à sua época. No entanto, as órbitas elípticas, mesmo sendo reais, não podem ser demonstradas diretamente na prática, pois elas se estruturariam ao longo de momentos


independentes. O detalhe de que os níveis menos energéticos do átomo são os mais internos, aponta para uma inversão no sentido da atuação das forças, devido à retenção do tempo no processo de esticamento do espaço. As partículas se afastariam mais ou menos em relação ao seu núcleo, assim como os planetas em relação ao Sol, e acelerariam mais ou menos no processo, porque a luz nos dá conta de um esticamento contínuo do espaço. Um espaço que não fosse descrito sempre encurvado, por mínima que fosse essa curvatura, resultaria no fim da incerteza na posição ou na velocidade das partículas e no colapso do universo visível, o que não poderia ser aceito. Respeitando a conservação das massas na nossa escala normal de tempo, a única alternativa viável é a variação transitória das suas densidades. Se o núcleo ou o Sol se tornassem transitoriamente mais densos, os elétrons e os planetas afastar-se-iam mais do centro, acelerando menos devido a um incremento da energia potencial elástica, prevista na primeira fase do movimento harmônico da luz utilizada. Como esse processo seria acompanhado da contração do tempo dentro do cone de luz do evento, nenhum movimento seria detectado. Ou seja, os elétrons e os planetas não sairiam do lugar, porque o espaço a sua volta é que se esticaria de forma velada. Se, por outro lado, o núcleo ou o Sol perdesse densidade, aumentando o seu volume, o espaço seria menos esticado, promovendo um decréscimo da energia potencial


elástica. Neste caso, como a partícula se afastaria menos do centro, a nossa memória nos diria que um elétron (ou um planeta qualquer) estaria agora em rota de aproximação e acelerando. Aqui poderíamos inserir o conceito de gravidade, atuando como uma força de natureza secundária e de orientação positiva. Isto é, a gravidade aumentaria sempre de forma indireta ou por um decréscimo da energia potencial elástica, gerada no esticamento “contínuo” do espaço. Se você visse as coisas por este ângulo, poderia retirar o véu que encobre os meandros da atuação da gravidade. Além disso, poderia compreender porque Newton estava certo, ao prever que a gravidade atuaria instantaneamente e à distância: a retenção do tempo na fase expansionária nos coloca na dependência do espalhamento local da luz. Quando isso acontece, já estaríamos olhando de forma continuada na direção do nosso passado. O universo, somente então, pode ser observado instantaneamente, embora seja visto sempre com a aparência que tinha no passado. Como costumo ressaltar, esse problema nada teria a ver com o universo. É tudo uma questão de pontos de vista. Santa Maria, RS, 26/04/2019.


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