Cosmologia Novíssimas interpretações sobre a natureza do espaço e do tempo Teoria da Visão Inversa (Reverse Sight Theory)
TOSKA
Viaje no espaço profundo ao lado de Ben-Hur e Padilha, e entenda os detalhes da proposta de uma nova teoria que tem, como foco, os mecanismos utilizados pelo observador para interagir com o Universo à sua volta.
Por: J.R. Silva Bittencourt E-mail: jose.roberto.bittencourt@gmail.com
TEORIA DA VISÃO INVERSA* BUSCANDO OUTRA EXPLICAÇÃO PARA O UNIVERSO
Episódio 1: Uma viagem muito estranha Por: J.R. SILVA BITTENCOURT
* REVERSE SIGHT THEORY
PARADOXOS RELACIONADOS À VELOCIDADE DA LUZ
O tempo é no futuro não muito distante. A Lua e o planeta Marte estão nos estágios iniciais de colonização, com a construção de usinas e o cultivo de plantas em estufas gigantes, visando a geração de uma atmosfera respirável.
As viagens interplanetárias, além de terem maior autonomia, tornaram-se mais rápidas com o advento da utilização do plasma
A vista aqui de cima ĂŠ fantĂĄstica...
Ben-hur: Padilha, o teu entusiasmo se justifica. Mas, não sei se durará muito tempo. Logo entraremos no espaço totalmente frio e escuro, onde a poesia das cores somente existe nas nossas mentes...
Ben-hur: Padilha, o teu entusiasmo se justifica. Padilha: -Bem, eu soube que o Bittencourt vai coMas, não sei se durará muito tempo. Logo entralocar um e cravejado de estrelas remos noespaço espaçocolorido totalmente frio e escuro, onde ae poesia cores nossas galáxiasdas como panosomente de fundoexiste para nas a nossa viamentes...
gem. Mesmo considerando que os nossos olhos não estejam preparados para ver a maior parte do espectro de luz...
Ben-hur: -Na verdade, tudo não passa de uma lorota. A intenção do cartunista é falar sobre o seu ensaio, a proposta de uma nova teoria chamada «da Visão Inversa»(reverse sight theory). Andei lendo alguma coisa sobre o assunto no livro ‘Imagens do Universo-Coletando indícios da bidimensionalidade’, da Editora Habilis, escrito pelo Bittencourt. Por ser um assunto de difícil abordagem para leigos, acho que ele está apelando para a diagramação, para tornar o conteúdo o mais visual possível... Padilha: -E eu tenho que aguentar (?)...
Padilha: Qual é o foco do livro? Ben-hur: - Aborda o papel de cada observador isolado na forma como interage com a realidade à sua volta. Não questiona a própria realidade física, pois ela parece não depender dos pontos de vista do observador...
Padilha: -Cheira a Mecânica Quântica, princípio da Incerteza e coisas do tipo... Ben-hur: -Sim, mas com um enfoque muito particular. Acho que o cara é doido...
Ben-Hur: -Vou tentar traduzir alguns conceitos do livro. Por exemplo, Einstein criou uma tremenda dor de cabeça para os físicos modernos, ao postular que nada pode ser mais rápido do que a luz. Até o momento, ninguém conseguiu provar o contrário...
Se não fosse pela luz emitida pelas estrelas e galáxias, nós não poderíamos saber que elas existem. Ou seja, dependemos da presença da luz, para acessarmos as informações. Isto cria o seguinte paradoxo: uma estrela estará lá, «se» a informação já estiver aqui...
TOSKA
Padilha: -Isso parece sugerir que o nosso cérebro cria uma realidade alternativa, ou que depende do aporte das informações, já que o atraso na tradução é inevitável, considerando os 300.000 km/s utilizados pela luz... Ben-hur: É lógico que as estrelas continuam lá, independentemente do que pensamos a seu respeito. Talvez fosse mais correto pensarse que o nosso cérebro foi preparado, de alguma forma misteriosa, para «transportar» a realidade físipara dentro dos domínios da nossa consciência, na forma de informações decodificadas com atraso (pela nossa memória).
Ben-Hur: -Pode-se pensar, também, que, estando antes dobrada em duas dimensões (luz não traduzida), a realidade se «desdobraria» em três dimensões apenas para o nosso ponto de vista. Isso poderia parecer um evento instantâneo, como acontece quando você levanta a cabeça para o céu, à noite, e vê imediatamente o brilho das estrelas. No entanto, a realidade física já teria passado anteriormente pelo crivo da nossa memória...
Padilha: -Um instantâneo que não é tão instantâneo assim... Ben-Hur: Sim. veja-se o caso da luz emitida pelas galáxias distantes. Se o universo físico fosse bidimensional, com o espaço tendo apenas largura e comprimento, antes de a luz ser traduzida por nós na Terra qual o candidato que surgiria, de forma natural, para compor a terceira dimensão do espaço, dito «decodificado»?
Padilha: -O tempo (?)... Ben-Hur: Sim. Provavelmente, o mesmo que estaria envolvido com a retenção da luz e das informações e que, por conta do atraso, parece se colocar no nosso futuro. A sensação da profundidade do espaço é posterior à nossa capacidade para medir o tempo (no passado). Por isso, o futuro não pode ser lembrado...
O tempo que a luz necessitaria para percorrer o espaço que nos separa de uma galáxia distante não poderia ser medido diretamente, pois precisamos da presença física da informação que ela transporta. Mesmo assim, a galáxia pode ser avistada instantaneamente, tão logo se aponte um telescópio na sua direção...
Ben-Hur: -Antes paradoxo do surgimento da -Este aparente só encontra uma explicação na vida inteligente, a Terra elógica as galánossa total dependência em relaxias ocupavam o mesmo momento a todas as formas de irradiação do tempo (presente)... eletromagnética, e que nos permitem saber, por exemplo, que há outras galáxias além da nossa. Padilha: -Não havia pensado nisso...
Ben-Hur: -Antes do surgimento da vida inteligente, a Terra e as galรกxias ocupavam o mesmo momento do tempo (presente)...
Esta relação do tempo com o conjunto Terra-Galáxia continua a mesma nos dias de hoje, mas foi alterada pela presença do observador consciente. Isto é, a galáxia deixou de existir, mesmo estando lá, até que a informação (luz) pudesse alcançar a Terra... Galáxia invisível (ainda)
Luz
Se considerarmos que o observador depende da luz para ver a galáxia distante, então ele desconhece o tempo necessário para o deslocamento dessa luz, caso ele realmente exista. Concorda? Padilha: Se você estiver falando em termos de medida direta do tempo, sim. Esse tempo anterior à chegada da luz pode ser avaliado indiretamente, com o auxílio da própria luz...
Padilha: -Como a luz se desloca com velocidade limitada, o observador vê a galáxia com a aparência que ela tinha no passado. Ben-Hur: -Prefiro pensar que ele vê o presente da galáxia de forma defasada no tempo...
Ben-hur: -O tempo de retenção da luz que parte das galáxias, por não permitir uma aferição direta, está relacionado com a incerteza da posição ou da velocidade das partículas... Padilha: Eu sabia que o Princípio da Incerteza de Heisenberg somente seria aplicável em intervalos de tempo e de distância muito pequenos, como é o caso do nível subatômico... Ben-hur: Para J.R.Bittencourt, no entanto, é relativamente fácil demonstrar que as infinitudes são as mesmas, em todos os níveis da matéria. Ele usa como argumento a experiência de Bohr, realizada em 1928, visando demonstrar que é impossível se determinar a localização instantânea de uma partícula...
Na página 141 do livro Fundamentos da Física Moderna, de Eisberg, pode-se ler «considere uma medida feita para se determinar a localização exata de uma partícula, usando-se um microscópio. Em tal medida, a partícula precisa ser iluminada, pois, afinal são os quanta de luz espalhados pela partícula que o observador vê»...
Padilha: -Começo a perceber. Nós jamais vemos o universo diretamente, seja na macro ou na microestrutura, pois precisamos do espalhamento da luz... Ben-Hur: -Como diz Eisberg, «o microscopista, para efetuar a medida, necessita ver um único quantum de luz espalhado»... Observador Microscópio
Quanta de luz incidente
Partícula
Obs:Gráfico extraído da página 140 do Livro de Eisberg ‘Fundamentos da Física Moderna
Padilha: -Isto é o mesmo que acontece com um observador por trás de um telescópio, pois é preciso que haja o espalhamento local dos fótons, emitidos pela galáxia... Ben-Hur: -Sem levar em conta as distâncias percorridas pela luz, anteriormente...
Padilha: Isso poderia justificar o porquê de olharmos para o céu e vermos as galáxias de forma instantânea, embora isso não seja necessariamente verdadeiro... Ben-Hur: -O problema está na nossa dependência em relação à presença da informação, e da sua necessária decodificação...
Padilha: -Fale um pouco mais sobre essa tal ‘quantização’ da luz... Ben-Hur: -Para que a partícula seja observada, a quantização da radiação eletromagnética requer que pelo menos uma unidade de luz (um quantum) seja espalhada pela partícula ou, então, que nenhuma luz seja espalhada...
Ben-Hur: -Segundo -Segundo Eisberg, Eisberg, ‘o ‘o quanquantum de luz espalhado espalhado fornece fornece aa ininteração que deve deve existir existir entre entre oo insinstrumento de medida medida ee aa partícula’. partícula’. Acrescente-se oo observador observador como como sendo parte integrante integrante do do processo, processo, pois, através do quantum quantum espalhado, espalhado, ele verá a imagem imagem da da partícula partícula ee não não ela mesma. Isto é, é, uma uma partícula partícula seserá sempre avistada avistada fora fora da da sua sua ververdadeira posição... posição...
A incerteza na posição ou na velocidade é gerada porque a interação com o quantum perturba a partícula, de uma forma incontrolável e imprevisível. Assim, suas coordenadas e momentos não podem ser conhecidos precisamente, depois da medida.
Ben-Hur: -Vamos substituir a palavra ‘quantum’ , por ‘pacote de energia’. Segundo Einstein uma fonte como o nosso Sol, irradiando ondas eletromagnéticas, mudaria para um estado menos energético, emitindo uma porção de energia (ou múltiplos dela) chamada h.v.(nosso pacote)...
Einstein, na sua teoria do efeito fotoelétrico (1905), considerou que o pacote de energia, emitido pela fonte, estivesse inicialmente localizado num pequeno volume do espaço. Ele supôs que tal porção permanecesse localizada à medida que se afastasse da fonte, ao invés de se espalhar, na forma de ondas em movimento. Padilha: -Estranho. O Sol não emitiria energia na forma de ondas? Ben-Hur: É que não se poderia ter acesso direto ao vácuo enquanto o pacote estivesse se afastando da fonte, o que gera incerteza. Isso levou Einstein a fazer uma das suas afirmações mais polêmicas, a de que a luz utilizaria o seu aspecto de corpúsculo (partícula) para se deslocar no vácuo, e não o de onda...
Padilha: Vamos fazer uma pausa para curtir a viagem, já que nos aproximamos da Lua. Mas, a discussão envolvendo o papel do observador está ficando interessante. Ben-Hur: -Você nem sonha com o que está por vir...
Padilha: -Cadê o céu cravejado de estrelas? Ben-Hur: A única estrela visível é o Sol que, por sinal, não aparece na foto...
Ben-Hur: Acho que você percebeu que, ao observador, não interessa o que aconteceu com a luz da fonte (galáxia, p.ex.) antes dela chegar até ele. Na verdade, ele não pode se lembrar de nada do que acontece com a luz no ‘futuro’, ou seja, antes do espalhamento dos fótons na sua posição...
Ben-Hur: -Neste caso, o ponto de vista do observador levanta uma questão insolúvel, relacionada ao tempo em que a luz, na forma de um pacote, teria percorrido a distância que nos separa da galáxia, tomada como exemplo de fonte emissora... Padilha: -O problema nada teria a ver com a realidade do universo...
Ben-Hur: -O problema está no observador. Como ele depende da presença do pacote de energia (quantum) para ver a galáxia, cria-se um princípio de exclusão: a galáxia deixaria de existir, mesmo estando lá, se a luz que ela emitisse ainda não tivesse chegado até ele...
Ben-Hur: -Do ponto de vista do observador, e apenas dele, existe um ‘antes’ e um ‘depois’ da manifestação da luz. No antes, a galáxia não existe...
A galáxia está lá, mas não pode ser avistada até que a luz emitida por ela alcance o observador.
Ben-Hur: -No ‘depois’, a galáxia é avistada instantaneamente, sem levar em conta o tempo de deslocamento da luz. Além disso, sempre que se apontar um telescópio na sua direção, ela estará lá...
Ben-Hur: -O ‘antes’ não existe para nós, e o ‘depois’ é uma visão contínua do passado. O que você pode concluir disso? Padilha: Que o observador é um refém da sua própria memória? Isto é, como ele não lembra do que está no seu futuro, tudo o que existe é o que vê projetado na tela do tempo passado... Ben-Hur:-Você me surpreende. Alguns físicos acreditam que somente existe o que pode ser medido. No entanto, tudo o que podemos medir é medido fora do seu próprio tempo...
Ben-Hur: -Todas as formas de energia são quantizadas (ou ‘empacotadas’), como acontece com a luz. A teoria clássica do efeito fotoelétrico presumia que a formação desse pacote demandava tempo. No entanto, Bothe e Geiger (1925) mostraram que, no espalhamento de um único quantum por um elétron, o quantum espalhado e o elétron de recuo apareciam simultaneamente...
Ben-Hur: -Isto significa que o ‘pacote’ de informações, que o observador necessita para saber que a galáxia existe, é-lhe entregue pronto pela natureza. Isto é, não existiria um tempo, que fosse destinado à formação desse ‘pacote’. NÃO HÁ TEMPO (QUE SE POSSA MEDIR DIRETAMENTE)
LUZ
ANTES (FUTURO)
DURANTE (PRESENTE)
Padilha: -Deixa-me ver se entendi bem. Se o pacote luminoso não chegasse pronto ao observador, a galáxia não seria avistada, mesmo estando lá (?)... Ben-Hur: -Sim. Isso obrigaria o observador a ver a galáxia ‘depois’ do espalhamento do pacote, desde que, para ele, não existe um ‘antes’ disso. Assim, a seta de um tempo, que não podia ser medido anteriormente de forma direta, sofreria uma aparente inversão no seu sentido, passando a apontar continuamente na direção do passado. espalhamento do pacote de luz
durante (presente do observador)
Memória
depois (passado do observador)
Padilha: -A única forma de a RST sustentar esta hipótese seria unificar as infinitudes, em todos os níveis da matéria. Quer dizer, o que vale para o nível subatômico terá que valer para a macroestrutura do universo. Ben-Hur: -Aí reside a maior dificuldade, pois os dois níveis parecem não se entender, no que se refere à atuação das forças...
Ben-Hur: -Bittencourt acredita que a solução poderia estar no ‘ponto de vista’ do observador, e na sua completa dependência aos mecanismos da sua memória. O exemplo clássico é a observação da realidade, sendo feita com o uso de instrumentos rastreadores da luz...
Ben-Hur: -A inexistência de tempo mensurável no futuro ou ‘antes’ do espalhamento do pacote luminoso levanta questões curiosas. Por exemplo, o pacote do quantum de energia se formou junto à galáxia, no meio do caminho entre ela e o observador ou na posição do próprio observador?
Padilha: -A ausência de tempo mensurável nos remete à questão da existência ou não de movimento, no intervalo espacial que nos separa das estrelas... Ben-Hur: Há uma lacuna de informações nesse intervalo. As leis de Newton, ali, não se aplicam, pois elas dependem do tempo. Esse é o caso da velocidade, da aceleração e do cálculo das próprias forças...
Ben-Hur: -Mesmo que não nos demos conta disso costumamos trabalhar ‘projetando’ conceitos sobre o universo, como um todo, a partir do que podemos medir no passado. Lembre-se que, para medir qualquer coisa, precisamos da presenda informação. Isso é o que define a nossa própria memória...
Padilha: -A informação pode estar presente antes de o pacote se espalhar, mas se torna inacessível. Sem ela, não há como se medir o tempo. Ben-Hur: Sem o tempo, não há movimento mensurável...
Problema criado pela ‘ausência’ ou pela presença da informação: a galáxia está lá mas é invisível antes
depois (do espalhamento do pacote)
a galáxia é avistada com a aparência que tinha no passado
-Padilha: -Para Bittencourt, o universo seria virtualmente estático fora do tempo? Ben-Hur: E não é somente isso. A incerteza da posição (ou da velocidade) da galáxia sugere que o espaço não tem nenhum poder para comunicar diretamente, ao observador, os eventos que abriga... A- Somente o espaço...
B- O espaço somado ao tempo...
-O espaço utiliza a luz como mensageira da galáxia...
Ben-Hur: -É como se o espaço atuasse como ‘pano de fundo’ para os eventos. Ele «criaria» as condições favoráveis para a condensação e a posterior ‘manifestação’ da luz (e da informação que ela transporta), junto ao observador... Padilha: -Novamente, o problema da nossa interação com o universo. Fica-se com a impressão de que a nossa memória e a do universo se confundem numa só...
Padilha: -Parece que houve um problema. Um passageiro clandestino foi encontrado na área de carga da nave... Ben-Hur: -Soube que a tripulação adota medidas radicais, nestes casos...
Padilha: -O problema jĂĄ foi contornado pela descompressĂŁo do setor de carga...
Vai procurar a tua turma!
Ei! Vê se não esquece da tua bagagem!
Ben-Hur: -Vimos que o observador (não o universo) depende do espalhamento da luz, para ver a estrela que a teria emitido. A ausência de tempo mensurável, antes disso, deixou de fazer parte da nossa realidade, pois passamos a depender da nossa memória: o futuro não pode ser lembrado...
Ben-Hur: -Para atuar de forma contínua, a nossa consciência depende da presença da informação. Portanto, do nosso ponto de vista apenas, o espalhamento da luz de uma estrela se tornará contínuo, por exclusão de acesso ao que ocorre antes desse espalhamento. Isto gerou uma enorme confusão na nossa forma de ‘olhar’ para a realidade...
Ben-Hur: -O diagrama abaixo mostra como ‘imaginamos’ que a galáxia emitiria ondas na direção da Terra, na forma de campos elétricos e magnéticos perpendiculares entre si. Viajando na velocidade da luz, elas gastariam muito tempo para chegar ao destino. Por quê esta prática se torna aceitável?
Padilha:-Boa pergunta... Ben-Hur: -A resposta é que somente tomamos consciência da existência das ondas, ‘depois’ que o pacote da luz (quantum) se espalha. Isso foi incorporado à Física Clássica, através do conceito de que as ondas seriam contínuas. Apesar da imensa distância em que se coloca, a galáxia é avistada instantaneamente, e com a aparência que tinha no passado. Note-se que houve uma aparente inversão no sentido da propagação das ondas...
Ben-Hur: -Sabemos que tudo no universo está no mesmo momento do tempo (presente). No entanto, a nossa dependência em relação à presença da informação influencia o nosso conceito de tempo. Para nós, o futuro é resultado de uma abstração ou de uma extrapolação de conceitos, elaborados sempre ‘fora’ do tempo real dos eventos...
Ben-Hur: -Bittencourt traça um paralelo entre o comportamento da radiação emitida pelas estrelas (se ela fosse contínua), e o novelo de lã utilizado por Teseu, na lenda grega, para não se perder no labirinto. Quer você estivesse entrando ou saindo daquele lugar, o caminho até o minotauro já estaria demarcado por Teseu...
Ben-Hur: -Ao fazer uso do Doppler para avaliar a posição da galáxia, contando com o fluxo contínuo do tempo e com ondas teoricamente contínuas, assumimos o risco de quem encontrou o fio da meada na entrada do labirinto, e se aventura através dele, na esperança de encontrar a realidade na outra ponta. Rastrear a luz não conduz ao tempo real dos eventos...
Padilha: -Se a luz emitida pela galáxia fosse contínua, ao chegar na Terra poderia ser seguida no sentido contrário, tal como quem usasse o novelo de lã para chegar até o centro do labirinto e, posteriormente, para sair dele... Ben-Hur: -As ideias de Planck e de Einstein, no entanto, descredenciam essa prática...
espelho Futuro
Passado
antes
depois
extrapolação
espaço real
espaço imaginário
Ben-Hur: -Uma estrela distante apresenta um comportamento semelhante ao de um oscilador eletromagnético. Isto porque, de acordo com Planck, cada um dos seus átomos tem uma frequência característica de oscilação. Os osciladores não irradiam sua energia continuamente, mas apenas por meio de pulsos ou ‘quanta’ que, para melhor compreensão, chamamos de ‘pacotes’ de energia...
Ben-Hur: -Um oscilador não irradia (não emite nem absorve energia) enquanto permanece em um dos seus estados quantizados, por isso chamados ‘estacionários’. Padilha: -Quer dizer que, no caminho até a Terra, não haveria irradiação direta, nem mesmo movimento mensurável para a luz?
galáxia atuando como oscilador eletromagnético ‘emitindo’‘ luz de forma descontínua estado estacionário
fótons (quanta ou pacotes de luz)
Ben-Hur: -Quando afirmamos que a luz percorre o vácuo que nos separa da galáxia, de lá para cá, na velocidade de 300.000 km/s, estamos fazendo uma suposição com base em evidências circunstanciais fortes, mas nunca apoiadas em medições diretas... -Padilha: -Como assim?
Ben-Hur: -Porque somente podemos medir a velocidade da luz, emitida pela galáxia, quando ela já tiver passado por nós. A partir daí, extrapolamos essa velocidade na direção oposta (do futuro). Para nós, é como se o futuro fosse uma imagem do passado, refletida num espelho... o nada
o nada luz
o futuro
o passado luz
luz
o passado
o passado
extrapolação
Padilha:-Eis que surge Marte, o planeta vermelho. Esta viagem está ficando muito estranha... Ben-Hur: -O cartunista está enrolado, como sempre. Bem, apesar de ter ‘quantizado’ as energias dos osciladores, Planck ainda continuou tratando a radiação, dentro da cavidade, ‘como se fosse uma onda eletromagnética’...
Ben-Hur: -Na sua teoria do efeito fotoelétrico (1905), Einstein nos diz que a energia do feixe luminoso percorre o espaço concentrada em ‘pacotes’, chamados fótons. Diferentemente de Plank, Einstein acreditava que a luz, ao atravessar o espaço, comportar-se-ia não como uma onda e sim como uma partícula...
Ben-Hur: -Outra questão notável é a relacionada com o tempo, que seria esperado para a formação do pacote. A teoria clássica previa que se a luz incidente sobre uma placa de metal fosse pouco intensa, deveria haver um lapso de tempo mensurável, entre o instante em que a luz incide sobre a superfície e a ejeção do elétron livre. No entanto, até hoje nenhum lapso de tempo foi jamais medido...
Ben-Hur:-O raciocínio é simples: Se não fosse pela presença do quantum espalhado (pacote de luz), o observador não poderia saber da existência da galáxia. Como a quantização lhe seria entregue pronta pela natureza (não envolveria o tempo), permanece apenas a sensação do observador de que observa tudo instantaneamente. Nasce o conceito de ondas contínuas. Porém, ele intui que, devido à sua velocidade limitada, a luz teria precisado de tempo para alcançá-lo. -QUADRO ANTERIOR AO ESPALHAMENTO DOS FÓTONS fonte Terra pacote quantização
invisível (ainda)
-Espaço iluminado no futuro: não há tempo (mensurável diretamente)
Padilha: -Você fala como se o tempo fosse uma espécie de experiência sensorial do observador... Ben-Hur: Não poderíamos chegar à conclusão de que a luz da galáxia precisou de tempo para nos alcançar, antes que o pacote de informações se espalhasse, pois necessitamos dele para rastrearmos a fonte. O tempo, portanto, seria apenas ‘uma coisa do passado’...
Ben-Hur: -Como somente dispomos do conceito de tempo após ele se tornar mensurável no passado, restanos a suposição de que o comportamento da luz seria exatamente o mesmo, antes e depois de o pacote (quantum) ser espalhado na Terra... não há tempo, não há movimento mensurável...
fonte
luz
(A)
nebulosa do caranguejo
Projeção negativa da luz (B)
luz
fonte no passado (imagem)
nebulosa do caranguejo
obs.-A situação (B) envolve o observador.
Padilha: -Sem se conhecer o tempo de deslocamento da luz da fonte, por medição direta, o referencial do início da contagem do tempo não migraria para a Terra? Ben-Hur: -É isso. Conceitos como gravidade, Doppler e velocidade da luz surgem depois disso, como se fizessem parte do pacote de informações, que teria sido embalado anteriormente... Antes que o observador recebesse o pacote de informações, a luz poderia ter estado em todos os outros lugares do espaço...
fontes de luz ainda invisíveis
luz (quanta de energia)
Padilha:-Novamente nos deparamos com a necessária participação do observador isolado na tradução das informações, formulando conceitos e estabelecendo seus ‘pontos de vista’, para os quais o universo não parece dar muita importância. Qual o resultado prático, dessa forma de se olhar para a realidade do universo fora do seu próprio tempo?
Ben-Hur: -Veja bem. A gravidade é a única força conhecida, capaz de atuar em escala astronômica. Por esta forma de interpretação, observador-dependente, as forças mensuráveis seriam sempre de natureza secundária. Ou seja, a gravidade não existiria fora do tempo, pois, conforme previsto por Einstein, gravidade e aceleração se equivalem no espaço-tempo...
efeitos da força da gravidade
Padilha: -E não existe aceleração, sem que se possa medir as posições da mesma partícula em mais de um tempo... Ben-Hur: -É o mesmo raciocínio que justifica o porquê de a antigravidade ser considerada uma força fictícia... Universo em expansão
Ben-Hur: -Para a Cosmologia atual, o Universo está em franca expansão, havendo um predomínio da antigravidade sobre a gravidade. Mesmo assim, não há como se medir a antigravidade. Padilha: -Talvez ela exista do ‘outro lado’ desta pseudodualidade, criada junto ao observador pela falta de acesso direto ao futuro. Isto é, a antigravidade não existe, no espaço-tempo, porque não nos lembramos dela...
Ben-Hur: Estas ideias serão aprofundadas no próximo episódio. Agora, vamos dormir um pouco na Estação Marte 2, depois de um bom banho e um jantar regado com vinho... Padilha: -Parece justo...
Fim Do primeiro episódio Obs: -Você pode encontrar um estudo mais aprofundado do assunto em ‘Imagens do Universo Coletando Indícios da Bidimensionalidade’, de J.R. Silva Bittencourt, publicação da Ed. Habilis: www.habiliseditora.com.br