Questionando o Efeito Doppler
J.R. Silva Bittencourt
Questionando o efeito Doppler J.R. Silva Bittencourt
Seja você um astrônomo renomado ou um observador distraído, ao olhar para o céu, à noite, não pode deixar de se encantar com o brilho das estrelas. Como observador distraído, tudo para por aí. Você precisa retornar às suas atividades normais. O astrônomo, no entanto, quer ir mais além. Por trás do seu telescópio, qual o recurso que ele dispõe para tecer considerações sobre as estrelas e as galáxias que elas formam? A resposta é uma só: - a luz e todas as outras formas de irradiação eletromagnética. Ele acredita que a luz se desloca no vácuo com velocidade fixa e limitada, por isso, observa as estrelas com a aparência que tinham no passado. O desespero bate à porta do astrônomo. Ele precisa saber o que ocorre em distâncias impossíveis de serem superadas fisicamente e a única fonte de informações de que dispõe chega até ele com imenso atraso. Até que, em 1842, surge o trabalho do físico austríaco Christian Doppler (1803-1853). Doppler estudava as ondas sonoras, demonstrando que uma fonte em movimento afetaria
a frequência das ondas (timbre), se elas fossem recebidas por um observador fixo e fora do sistema. O físico francês Antoine Hipolite Fizeau (18191896) resolveu estender o efeito das ondas sonoras para a luz, considerando que para a física clássica a luz se propagaria na forma de ondas contínuas. Mesmo que isso tenha sido questionado posteriormente pelas ideias de Planck com os osciladores e de Einstein, com a sua teoria do efeito fotoelétrico, os astrônomos negaram-se a abrir mão da única fonte de dados de que dispunham sobre o universo distante. Eles continuam acreditando, ainda nos dias de hoje, que a luz de uma estrela distante atravessaria o vazio do espaço na forma de uma onda, e sem sofrer qualquer solução de continuidade. Se as ondas emitidas no Big Bang fossem contínuas, tanto faria se você as seguisse na direção da singularidade ou no sentido contrário. É bem verdade que 50 % do caminho percorrido pela radiação cósmica, ou o caminho de lá para cá, somente poderia ser avaliado indiretamente. Ou seja, quem nos dá a medida do tempo que nos separa da singularidade é a luz que já se encontraria no nosso passado, e isso seria feito por uma forma de rastreamento remoto. Por isso, a luz utilizada é considerada como sendo uma “radiação
cósmica de fundo”. Se as ondas de luz fossem contínuas, ainda, nós poderíamos deslocar artificialmente o início da contagem do tempo. Ou seja, embora o início do tempo esteja sempre na nossa posição, como observadores isolados que somos ele poderia ser movimentado para a posição de uma estrela qualquer. No caso de Próxima do Centauro, o marco zero seria deslocado para 4,3 anos-luz de distância. Planck defendia a teoria ondulatória clássica e o conceito de que a luz, apesar de ser quantizada, comportava-se como se fosse uma onda ao se deslocar no vácuo. Isso, mesmo tendo sido revolucionário ao demonstrar, nas suas experiências com os osciladores eletromagnéticos, que a luz seria descontínua. Ele demonstrou que os átomos se comportariam como pequenos osciladores eletromagnéticos, cada qual com uma frequência característica de oscilação. Isto é, a energia dos osciladores seria quantizada. Os osciladores não irradiam a energia continuamente, mas apenas por meio de pulsos ou “quanta” (múltiplos do quantum). Quando os quanta são emitidos, o oscilador muda para outro estado quantizado. O átomo de hidrogênio, por
exemplo, somente existe em certos estados ditos estacionários, durante os quais não irradia nada. Um oscilador não emite ou absorve energia enquanto permanece em um dos seus estados quantizados (estacionário). Ele só emite energia quando muda de estado. Apesar de ter quantizado a energia dos osciladores, Planck continuou tratando a radiação dentro da cavidade como se fosse uma onda eletromagnética. Einstein, em 1905, aplicou o conceito de quantização da energia a uma nova área da física, o efeito fotoelétrico. A teoria ondulatória clássica não conseguia mais explicar certos efeitos. Ela previa que “a energia cinética dos fotoelétrons aumenta quando o feixe luminoso se torna mais intenso”. O efeito fotoelétrico tornou evidente que a energia independe da intensidade da luz. É da teoria ondulatória clássica a afirmação de que “o efeito fotoelétrico deveria ocorrer para qualquer frequência da luz incidente, desde que essa fosse suficientemente intensa”. No entanto, há uma frequência de corte. Para frequências menores do que essa, o efeito fotoelétrico desaparece totalmente, qualquer que seja a intensidade da iluminação. O ponto fundamental da teoria ondulatória clássica, posto em cheque pelo efeito
fotoelétrico, está relacionado ao tempo. Diz ela: “Se a luz fosse pouco intensa deveria haver um lapso de tempo mensurável, entre o instante em que a luz incide sobre a superfície metálica e a ejeção do elétron livre. O elétron deveria, neste tempo, ficar sugando energia do feixe luminoso, até acumular o suficiente para escapar do metal”. No entanto, até hoje não se conseguiu medir qualquer intervalo de tempo entre a incidência da luz e a ejeção do elétron livre. Quando um quantum se choca com um elétron, ambos aparecem simultaneamente (Boethe-Geiger, 1928). Este detalhe é fundamental para o observador porque, na verdade, ele não vê a partícula diretamente, e sim a luz espalhada por ela. A inexistência de tempo mensurável entre a incidência da luz e a ejeção do fotoelétron afetaria o seu ponto de vista: o observador olha para o céu à noite e vê a fonte de luz, como é o caso de uma estrela, de forma instantânea, sem depender do tempo que a luz teria despendido para se deslocar no vácuo. O exemplo mais clássico é o de um observador utilizando um microscópio para analisar uma lâmina com células coradas, e outro observador utilizando um telescópio para observar a lua. Ambos dependem do espalhamento local dos quanta de luz, o que excluiria totalmente o tempo
que pudesse estar separando o observador do objeto observado. Não se sabe exatamente os motivos, mas Einstein concluiu, com base no efeito fotoelétrico, que “a energia do feixe luminoso percorre o espaço concentrada em pacotes, chamados fótons”. No caso de uma estrela, Planck acreditava que a luz, embora fosse emitida pela fonte de forma descontínua, propagava-se no vácuo “como uma onda eletromagnética”. Einstein sugeriu que a luz, ao atravessar o espaço, comporta-se não como uma onda e sim como uma partícula. Isso chocou a comunidade científica da época, pois atingia, em cheio, o efeito Doppler, jogando uma pá de cal sobre o mesmo. A dependência do observador em relação ao espalhamento local dos quanta de luz poderia explicar a observação instantânea do céu noturno, como sendo o produto de uma tradução de informações codificadas na luz. Apesar do imenso atraso sugerido pela velocidade com que a luz atravessaria o vácuo, não se tem nenhuma notícia da existência de um tempo anterior, destinado a essa tradução. É como se a luz sempre estivesse à nossa inteira disposição, para ser seguida apenas na
direção do passado. O futuro não existe para nós, pois estaríamos totalmente na dependência da nossa memória. Não se pode cogitar que a nossa consciência pudesse atuar de forma descontínua como sugerido pelo efeito fotoelétrico, simplesmente porque nada existe fora dessa consciência. Isso explicaria o conceito de ondas contínuas, mas ele ficaria restrito ao tempo no passado. É a nossa memória que estaria sustentando o conceito de ondas contínuas e isso passou a fazer parte da nossa realidade física. O Doppler e a velocidade da luz seriam partes desse pacote. Com isso, o tempo seria uma forma de exílio a que estaríamos sendo submetidos; o que sugere que o tempo estaria contido no próprio observador isolado, por exclusão de acesso direto ao futuro. Por exemplo, o tempo de 13,7 bilhões de anos, que a luz teria despendido depois do big bang para nos alcançar no presente, resultaria de uma forma indireta de avaliação e, quando esse tempo pudesse ser medido já seria considerada “uma coisa do passado”. O observador depende do espalhamento local da luz, emitida por uma estrela distante, para saber da sua existência. Antes de a luz chegar a Terra a referida estrela não existe, embora esteja lá. Essa luz precisa inicialmente ser quantizada, para tornar-
se apta a ser percebida pelos nossos sentidos. Todas as formas de energia que permitem a sua medição são quantizadas. Como Planck demonstrou, nas suas experiências com os osciladores eletromagnéticos, não há irradiação ou absorção de energia na fase de quantização. Ou seja, não existiriam ondas mensuráveis enquanto o oscilador permanecesse em um dos seus estados quantizados, por isso, chamados “estacionários”. Esta dependência do observador à natureza ondulatória, prevista no espalhamento da luz depois de prévia fase de empacotamento, seria uma alternativa curiosa para explicar a afirmação de Einstein de que, ao atravessar o vácuo, a luz somente poderia utilizar o seu aspecto de partícula. Além disso, se o aspecto de corpúsculo da luz existe apenas no estado estacionário das partículas, explica-se por que uma partícula não pode ser observada em tempo real. Em outras palavras, o que vemos é a luz espalhada pela partícula e não ela mesma. As ondas, de alguma forma, perturbam a partícula gerando incerteza na sua posição ou na sua velocidade. A diferença do modelo apresentado pela RST, em relação aos modelos tradicionais, seria a conclusão de que mesmo que a luz de uma estrela
tivesse se deslocado no vácuo, num momento anterior, para o ponto de vista do observador (e somente nesse caso) a luz da estrela sempre esteve junto a ele. Sem isso, a luz da estrela não poderia ser quantizada, o que sugere que essa fase seria basicamente um movimento intrínseco. Isto é, a quantização estaria contida no próprio observador por um princípio de exclusão de acesso, uma vez que não haveria irradiação nessa fase de quantização. É como se a quantização da energia fizesse parte do processo de formação da memória do observador. Assim, os próprios eventos se manteriam do lado “de fora” dessa fase, sem poderem ser acessados diretamente ou em tempo real. Não se pode afirmar se a quantização estaria realmente contida no observador, devido ao princípio de exclusão de acesso; por isso, é mais prudente pensar-se que ela estaria “virtualmente” contida. Outro aspecto notável da quantização refere-se ao tempo. Já ficou demonstrado, no início do século XX, que a quantização de todas as formas de energia não demanda tempo. Como costumamos avaliar o espaço através da radiação eletromagnética, como é o caso das distâncias que nos separam das galáxias, a ausência de tempo na
fase estacionária de quantização da luz cresce em importância. Se, para ver-se uma estrela basta levantar a cabeça para o céu em uma noite escura e sem nuvens, não se está levando em conta o tempo que a luz emitida por ela teria percorrido o espaço, num momento anterior. Isso sugere que a quantização da energia luminosa seria capaz de inverter o sentido da seta do tempo, especialmente quando se trata do nosso ponto de vista. Seria como se durante o seu empacotamento a luz estivesse retornando à fonte, processo em que não se disporia de nenhum intervalo mensurável de tempo, já que não haveria trocas de energia e, assim, não se disporia de ondas eletromagnéticas que pudessem fornecer informação. As teorias modernas sustentam que o Universo teria entrado em expansão no momento seguinte ao do big bang. O principal subsídio para a elaboração dessas teses é a radiação cósmica de fundo. Não existe outra fonte de informações disponíveis sobre uma singularidade que repousaria há 13,7 bilhões de anos no nosso passado. Como a radiação cósmica de fundo precisou inicialmente ser quantizada para tornar-se posteriormente rastreável, e isso não teria consumido nenhum intervalo de tempo mensurável, isso teve duas consequências imediatas:
1. O comportamento do espaço fundiu-se ao comportamento da luz, não permitindo mais o acesso direto a ele. Isso inclui a descrição da geometria do espaço, que passou a ser feita através da luz; 2. Teria havido uma aparente inversão no sentido da seta do tempo, pelo menos para o ponto de vista do observador, passando a apontar de forma ilusória na direção do passado; 3. Como o observador está na dependência do espalhamento da luz na fase posterior à de quantização, para ter noção do que acontece à sua volta, diz-se que ele passou a estar na dependência da sua memória. Isto é, para ele somente existe o que pode ser lembrado. Essa é uma boa razão para se justificar o achado de que, no espaço-tempo pósbig bang, as ondas eletromagnéticas seriam contínuas e não respeitariam o efeito fotoelétrico. Isso nos teria levado ao erro interpretativo natural, de que a luz e a radiação cósmica de fundo poderiam ser seguidas tanto num sentido como no outro, ligando-nos diretamente aos eventos passados. Para a RST (Reverse Sight theory), as teorias inflacionárias seriam consequência da necessária
fase de quantização da energia, a que a radiação cósmica teria sido submetida previamente. É uma conclusão unânime dos astrônomos que o universo teria entrado em expansão contínua depois do big bang, na presença de aceleração do movimento das galáxias. Se a expansão tivesse sido confundida com a retenção do tempo na fase de quantização da energia, isso colocaria o big bang no presente do universo, pois o observador continuaria na dependência do espalhamento dos fótons de luz. A seta do tempo teria se invertido na nossa posição como observadores isolados, como se durante a fase de quantização a luz estivesse se projetando no passado, ou retornando à fonte. Assim, se nos submetermos ao império da radiação eletromagnética (aparentemente contínua) para obtermos informações sobre o comportamento do espaço, teremos que lembrar que ela executa um movimento harmônico simples, que se compõe de duas fases. Esse movimento costuma ser bem representado por uma tira de borracha. A primeira fase equivale a você esticar essa tira, enquanto, na segunda, você deixa a tira livre para relaxar. Nas duas fases existe o envolvimento de forças restaurativas. Como já foi dito, a inexistência de tempo mensurável na fase de quantização fez com
que confundíssemos o comportamento do espaço com o da própria luz. Quem se comportaria como uma tira de borracha seria a luz e não o espaço. Esse espaço teria sido colocado virtualmente fora do processo. Mas, levando em consideração essa fusão, quando a tira fosse esticada a força apontaria no sentido contrário ao do esticamento. Como se trata de um trabalho negativo, se o movimento existisse nessa fase deveria ser retrógrado. As galáxias deveriam desacelerar. Essa situação seria a mesma prevista numa implosão. Por tratar-se da fase de quantização da energia luminosa, a ausência de tempo mensurável teria retirado do espaço a sua capacidade para comunicar diretamente as alterações da sua geometria. Mesmo que a quantização estivesse envolvida com a geração de uma curvatura no espaço, não teríamos como saber disso diretamente, pois ficamos obrigados a esperar a fase de espalhamento dos fótons, que virá acompanhada de ondas aparentemente contínuas. Ela equivaleria à segunda fase do movimento harmônico da luz, quando o elástico seria deixado livre para relaxar. É aqui, que se nota a presença de aceleração do movimento. Isso deveria ser acompanhado da contração do comprimento da tira de borracha, mas
o que se vê na prática do Doppler, é a presença da aceleração na fase expansionária ou de esticamento da tira de borracha. Sem a existência de tempo mensurável na primeira fase do movimento harmônico da radiação, o espalhamento da luz teria desbancado a contração do espaço, e revelado a expansão como se ela estivesse acontecendo em tempo real. Com isso, apesar da exclusão entre as fases do movimento harmônico, as duas teriam se tornado virtualmente contínuas devido ao processo de exclusão, gerado pela atemporalidade da fase de quantização da energia. A atitude de se considerar que o espaço se comportaria de forma semelhante a uma tira de borracha já foi levantada por boa parte da comunidade científica. O modelo sugere que durante a expansão do universo as galáxias não abandonariam as posições que ocupam no espaço. Elas se afastariam entre si, cada vez mais rápido, por conta do esticamento do espaço que as acolhe. A RST acredita na possibilidade de que haja um erro interpretativo neste modelo, porque ele desconsidera a fase de quantização a que a energia cósmica teria sido submetida, antes de se tornar rastreável ou se tornar uma radiação de fundo. É a nossa dependência em relação à presença constante
da luz que daria suporte à nossa desconfiança. Sem a luz não teríamos notícias da existência das galáxias. Como já foi dito, por não se contar com a existência de tempo mensurável durante a fase expansionária, o que se confundiria com a atemporalidade da fase de quantização da luz, o comportamento do espaço teria se misturado ou fundido ao comportamento da luz, que utilizamos para descrever a geometria do espaço. Como a fase de esticamento corresponderia, agora, à primeira fase do MHS da luz, teríamos que levar em conta que o trabalho realizado nessa fase seria negativo, com um incremento da energia potencial elástica em detrimento da cinética. Ou seja, o movimento tenderia a se colapsar, como aconteceria numa implosão. Se o universo estivesse nesse momento em expansão contínua, a descrição do evento através da luz deveria sugerir que as galáxias estariam entrando em movimento retrógrado, o que não acontece na prática do Doppler. Caso levemos em consideração que durante o esticamento do espaço haveria uma contração complementar do tempo, estaríamos, sem querer, incidindo no conceito de atemporalidade da fase de quantização da energia luminosa, o que não seria mera coincidência. Assim, poderíamos supor que a fase expansionária do
universo estaria atuando, no seu próprio tempo, como um imenso apagador de informações. Isso não significa que as informações não estivessem lá, apesar de tudo. Esse problema, como se nota, está afeto à existência do observador isolado que utiliza a radiação cósmica como fonte de informações. Como ele está na dependência da sua memória e, por consequência, na dependência da mensurabilidade direta do tempo, a expansão somente poderia ser avaliada fora do seu próprio tempo. Poderíamos perguntar se não é exatamente isso o que acontece na prática (?). Se o espaço esteve se esticando ao longo de 13,7 bilhões de anos, como sugerido pela radiação cósmica de fundo, o tempo estaria tão contraído no presente que não teríamos como nos lembrar da expansão. Seria preciso que houvesse uma inversão no sentido da seta do tempo. Embora o sentido real do tempo seja sempre na direção do futuro, é apenas do nosso passado que podemos nos lembrar. Extrapolando isso para a nossa tira de borracha do espaço, a primeira fase do movimento harmônico da luz, a de esticamento, ficaria na dependência direta da segunda fase para ter a sua existência revelada. A principal característica da segunda fase
é a de relaxamento da tira de borracha, na presença de aceleração do movimento. Devido à inexistência de tempo mensurável na fase anterior, as informações sobre o esticamento seriam disponibilizadas na fase seguinte, onde se prevê a contração do comprimento da borracha. Isso teria misturado os efeitos das duas fases distintas do movimento harmônico da luz: - Quando revelado com atraso o esticamento do espaço (1ª. Fase) viria acompanhado de aceleração do movimento, característica da 2ª. Fase. Esse é o quadro revelado pelo efeito Doppler. Então, a afirmação de que as galáxias se afastariam entre si quando o espaço se esticasse, mesmo sem abandonarem as suas posições reais, poderia ser reescrita. A RST postula que quando avaliadas pela luz que emitem para o espaço as galáxias, na verdade, pareceriam afastarse entre si, o que não pode ser confirmado. Isso se deve ao fato de esse tipo de afastamento seria consequência da retenção do tempo na fase de quantização da energia luminosa. A curvatura do espaço seria uma espécie de simulação da quantização, ligada a essa fase. Para resumir o efeito final, resultante da mistura das duas fases do movimento harmônico da luz, poderíamos dizer que as galáxias se afastam entre si, cada vez mais
rápido, porque o elástico do espaço estaria se contraindo no presente do universo. Ou seja, a segunda fase do MHS da luz daria conta da primeira fase, mas fora do seu próprio tempo. Esse modelo condiz com o de um universo estático que, para ser percebido pelo observador e pela sua memória, teria entrado em movimento contínuo, isolando o espaço no processo. Por outro lado, sugere que o observador teria sido virtualmente exilado no tempo passado, por não poder interagir com o verdadeiro universo em tempo real. Isso é o que prevê o Princípio da Incerteza de Heisenberg. Neste caso, o presente do universo se coloca relativamente no futuro, quando se trata do ponto de vista do observador. O fato de que a seta do tempo apontaria sempre na direção do futuro se confirma, ao mesmo tempo em que sugere que o observador encontrar-se-ia numa jornada que prevê o seu retorno para o momento presente do universo, de onde nunca deveria ter saído. Outra forma comum de se representar o movimento harmônico da luz é o conjunto massamola. Temos um bloco preso a uma mola e essa mola presa a uma extremidade fixa. Quando a mola é esticada, tem-se a primeira fase do MHS, onde há o predomínio da energia potencial elástica. A mola
é esticada, afastando o bloco da extremidade fixa. A força resultante aponta no sentido contrário ao do esticamento da mola, realizando um trabalho negativo. No caso da interação do observador com a radiação cósmica, iríamos sempre colocar o observador na extremidade fixa do conjunto, no caso a Terra, pois é dali que ele irá emitir o seu ponto de vista. Colocada na extremidade livre a fonte, como é o caso de uma estrela, não pode emitir nenhum ponto de vista. Apesar de o esticamento da mola ficar evidente no conjunto, no caso das galáxias distantes não se pode dispor de informações acessíveis, pelo menos até o momento em que a luz alcance a Terra. Por isso, esticar a mola do espaço seria a representação mais adequada da fase de quantização da energia luminosa, pois ela não demanda tempo mensurável. Devemos lembrar que não há movimento na ausência de tempo, como prevê o conceito de velocidade instantânea de uma partícula. Além disso, sem tempo não há memória. O futuro deixa de fazer parte da realidade do observador, pois, para ele, somente existe o que pode ser lembrado. A quantização seria seguida da contração do tempo e da retenção da luz. Da mesma forma que um oscilador a mola esticada, uma representação
grosseira da interação entre a luz e o espaço, permaneceria em um estado estacionário. Na primeira fase do MHS uma estrela não emitiria ou receberia energia de qualquer espécie. Enquanto isso acontece, o observador ainda não pode se lembrar da fonte, o que significa que, mesmo estando lá, a estrela ainda não poderia ser avistada. Seria necessário que a mola do espaço entrasse na sua segunda fase, a de relaxamento. Tudo isso considerando que a luz e o espaço formariam um todo ou uma coisa só. Essa segunda fase equivaleria a do espalhamento dos fótons, permitindo que o observador possa ver a estrela de forma instantânea, sem considerar se teria havido ou não um deslocamento anterior da luz no espaço. A seta do tempo parece sofrer uma inversão abrupta no seu sentido, passando a apontar, de forma contínua, na direção do passado do observador. O pacote da velocidade da luz e o Doppler, incubados na primeira fase do conjunto, desdobram-se instantaneamente, permitindo o rastreamento das informações na direção do passado. Quando se trata da mensurabilidade do tempo, e da sua retenção na fase de quantização, podemos sugerir que haveria um antes, um durante e um depois da fase de espalhamento dos fótons.
No caso das estrelas não se poderia medir movimento na ausência de tempo mensurável diretamente. Por isso, a contração do tempo na fase de quantização da luz iria sugerir que, ao mesmo tempo em que se esticasse, o espaço se curvaria. Tratando-se da primeira fase do MHS, a retenção da luz surgiria como sendo o resultado do trabalho negativo de esticamento da mola do espaço. Sem dispor das informações transportadas pela luz nessa fase, o observador não poderia lembrar-se da expansão do espaço. Isso estaria de acordo com a sugestão de muitos astrônomos de que o big bang poderia ter resultado do colapso de um corpo massivo, formando um buraco negro. Vamos citar John Gribbin, que nos diz que a explosão do universo a partir do big bang é equivalente, do ponto de vista da teoria da relatividade geral, a uma inversão temporal ou imagem especular do colapso gravitacional de um corpo de massa muito elevada, formando um buraco negro. O colapso gravitacional equivale a uma implosão ou ao resultado de um trabalho negativo da força. Portanto, ele estaria de acordo com a contração do tempo na primeira fase do movimento harmônico da radiação, a nossa fase de quantização. Sabe-se que isso acontece no nível subatômico da matéria, pois o tempo tende a se
contrair até alcançar limites que não mais permitirão a sua mensurabilidade direta. Assim, por não poderem ser lembradas as partículas, mesmo estando lá, desaparecem da nossa visão e escapam à apreensão pelos nossos métodos de observação mais sensíveis. Se não tivesse havido uma inversão temporal, com o espaço passando a se contrair desde então, não teríamos como saber pela radiação cósmica se, em algum momento anterior, o universo teria estado em expansão. Para o observador, infelizmente ou não, a seta do tempo já se apresentou invertida e apontando na direção do passado, desde a sua infância. Com isso, a sua consciência passou a atuar sem solução de continuidade aparente, já que nada existe fora dela, dando sustentação ao conceito de ondas eletromagnéticas contínuas. As informações disponibilizadas na segunda fase do movimento harmônico da luz emitida pelas estrelas transformaram essa luz numa radiação cósmica de fundo, ao serem projetadas no nosso passado. De modo inesperado, as informações desdobradas pela dilatação contínua do tempo sugerem ao observador que o espaço estaria em plena fase expansionária, e na presença de aceleração contínua do movimento. A sutileza da discordância com a realidade estaria
no achado de que a expansão não poderia vir acompanhada de aceleração do movimento das galáxias, tendo em vista que o esticamento do espaço seria o resultado de um trabalho negativo. Essa colocação somente faz sentido porque não seria o espaço quem comunicaria a inflação e sim a radiação cósmica, que rastreamos após a inversão especular, seguida do espalhamento dos fótons de luz. Somente nesse momento ela teria se tornado uma radiação de fundo. Se a contração do espaço nos permitisse saber da expansão de forma indireta, isso ocorreria fora do tempo real do evento, passando a fazer parte da nossa memória. Além disso, iria misturar os efeitos de duas fases totalmente distintas no movimento harmônico da luz. Santa Maria, RS, 13/03/2019.