R$ 14,90
946006 9
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ISSN 1982-9469
00120
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SETEMBRO 2018 N.120
FILÉMIGNON
O paranaense JUNIOR DURSKI e o milagre da multiplicação das lojas de hambúrguer Madero
DÁ PEDAL?
Com bikes de compartilhamento soltas por São Paulo, a Yellow aposta na civilidade do brasileiro – e num novo modelo de mobilidade urbana
AO VIVO
SILVIO SANTOS inova na gestão
de sua sucessão: ele testa as filhas no ar
PODE ISSO, ARNALDO? As divertidas histórias de
ARNALDO CEZAR COELHO, o mais
famoso comentarista de arbitragem, às vésperas da aposentadoria
E MAIS
Israel para além da fé; motores a jato e um dia na campanha de PAULO SKAF
BRILHANTE
O ator FABRÍCIO BOLIVEIRA: luz própria no horário nobre
36 66 69
É DE PODER VERDADE NA COZINHA
Roberta Sudbrack volta à simplicidade em seu novo restaurante Sud 70 72
HIGH TECH CULTURA INC.
Terror brasileiro nos cinemas, Moraes Moreira cordelista e as dicas do mês 76 77 78 79 80
42 12 14 18
EDITORIAL COLUNA DA JOYCE CHEF MASTER
Junior Durski, o ex-madeireiro e ex-vereador que fundou e fez frutificar a rede Madero 24
30
QUEM QUER COMANDO?
O reality show da sucessão de Silvio Santos
EXÉRCITO AMARELO
As bikes de compartilhamento soltas da Yellow mudam a cara de São Paulo 48 52
MOTOR CAMPANHA
A disputa pelo Palácio dos Bandeirantes mais aguerrida do que nunca
ALMOÇO DE PODER
Arnaldo Cezar Coelho e a regra nem sempre clara
NEGRO GATO
Fabrício Boliveira, o grande trunfo de Segundo Sol
56 58 60
RESPIRO PODER VIAJA PORTAL DA EMOÇÃO
Ninguém fica indiferente numa viagem para Israel
JUNIOR DURSKI POR JOÃO LEOCI
NA REDE: /Poder.JoycePascowitch @revistapoder @revista_poder
FOTO MAURÍCIO NAHAS
SUMÁRIO
36
ESTANTE UNIVERSO PARTICULAR TREINAMENTO CORPORATIVO CARTAS ÚLTIMA PÁGINA
BREVE LANÇAMENTO
A quadra
mais renomada do brooklin,
Perspectiva ilustrada das fachadas do Grand Habitarte. Imagem preliminar sujeito a alteração.
agora completa.
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PAISAGISMO: ORSINI
ARTE: IRMÃOS CAMPANA
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Yuny Stan Projeto Imobiliário I S.A., CNPJ/MF n.º 11.939.724/0001-11. Projeto Modificativo de Alvará de Aprovação e Execução de Edificação Nova n.º 2016/05875-03, Processo n.º 2017-0123306-8, emitido em 17/08/2018 pela Prefeitura do Município de São Paulo. O empreendimento somente poderá ser vendido após o registro da incorporação perante o cartório competente. O paisagismo será entregue conforme projeto e Memorial Descritivo. O detalhamento dos equipamentos e acabamentos que farão parte deste empreendimento constará no memorial descritivo. Projeto executivo em desenvolvimento, podendo sofrer alterações durante as compatibilizações técnicas. Todas as imagens desse material são meramente ilustrativas. Material sujeito a alteração sem aviso prévio.
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PODER EDITORIAL
F
ossem cometer sincericídio, muitos candidatos talvez fizessem como Justo Veríssimo, aquele personagem do Chico Anysio, e dissessem algo como “odeio pobre, odeio meus eleitores”. Outros talvez falassem que o “Brasil não tem jeito”, mal disfarçando a parte que lhes cabe de culpa no cartório pela zona no Sanatório Geral. Mas há gente que efetivamente acredita no Brasil. O empresário paranaense Junior Durski está dobrando sua aposta no país. Fechou uma de suas steak houses Madero, em Miami, para concentrar toda sua expansão aqui. Ele viu, como no surrado clichê, oportunidade na crise, e cresce apostando em controle estrito de qualidade. Quer dobrar o faturamento para R$ 1 bilhão ainda em 2018. Durski, avesso à política, paradoxalmente vem de uma família com os quatro pés no métier – ele mesmo iniciou sua carreira como vereador, abandonando o mandato no meio por achar que “não fazia qualquer diferença”. Quem também aposta no Brasil é a trinca de empresários Eduardo Musa, Ariel Lambrecht e Renato Freitas, os dois últimos ex-99Taxis. O trio lançou a Yellow, o serviço de compartilhamento de bikes – e em breve patinetes – que mudou a cara de São Paulo. É que elas ficam soltas, podem ser deixadas em qualquer lugar, pois só são destravadas com o uso de um app. Eles contaram a PODER que, ao conversarem com possíveis investidores, o que mais ouviram foi: “No Brasil isso não vai dar certo”. A descrença com a civilidade do brasileiro, que iria necessariamente vandalizar e roubar as bicicletas, era o que estava na mesa. Bom que temas candentes, a roupa suja do país, estejam sendo lavados à quente e no horário nobre. O ator Fabrício Boliveira encarna um personagem na novela Segundo Sol que a um só tempo coloca em discussão a servidão, a subserviência, o racismo e o peso da herança da escravidão. Outro que também gosta de televisionar suas questões mais profundas é Silvio Santos, que decidiu testar cinco de suas seis filhas – candidatas à sua sucessão – no ar, na própria tela do SBT. Mas nem tudo é papo sério por aqui. Esta PODER também conta as divertidíssimas histórias do juiz (de futebol) Arnaldo Cezar Coelho, das peladas que ele apitava em Copacabana – e tinha de sair em fuga pelo mar para não apanhar – aos planos da aposentadoria que bate à porta. Em Motor há as maravilhas dos jatos executivos. Ops, acabou o espaço. Ainda havia muito a contar – mas é bom mesmo não adiantar tudo para não estragar a surpresa. Bem-vindo, mês de setembro!
G L AMUR A MA . C O M
Os estrategistas das campanhas de Marina Silva, Geraldo Alckmin e Ciro Gomes têm trabalhado forte com a hipótese de enfrentar no segundo turno FERNANDO HADDAD – substituto na chapa do PT diante da impugnação da candidatura do ex-presidente Lula. Marqueteiros avaliam que o plano petista de esticar a corda e manter Lula no jogo atrapalha as possibilidades adversárias de exporem Haddad, ou “Andrade”, como o pouco conhecido ex-prefeito de São Paulo tem sido chamado nos rincões do Brasil. A opinião entre analistas é a de que JAIR BOLSONARO, do PSL, levará chumbo de todos os lados e dará espaço a um novo inimigo comum.
Amilcare Dallevo na RedeTV!, anda do jeito que o diabo gosta. Ele tem aproveitado o verão do Hemisfério Norte – e sua recém-adquirida solteirice – viajando entre a Sardenha, Capri e as ilhas gregas, sempre acompanhado da nova namorada, SIMONE ABDELNOUR. Os deslocamentos do casal são feitos em condução própria: o mais novo brinquedinho dele é um jatinho privado.
Jogo de xadrez
DANIEL LEON BIALSKI, presidente do clube A Hebraica de São Pau-
lo, está na berlinda. O motivo é que o advogado tem entre seus clientes Marcos Willians Herbas Camacho, mais conhecido como MARCOLA, apontado pelo Ministério Público como líder máximo da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e preso no presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau. Sócios influentes do clube deram um ultimato: ou Bialski segue na gestão do clube ou permanece na defesa do cliente mais que polêmico.
14 PODER JOYCE PASCOWITCH
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LUTA LIVRE
BRONZEADO
MARCELO DE CARVALHO, sócio de
QUASE
PALCO
O aniversário de JORGE PAULO LEMANN, em 26 de agosto, foi comemorado na maior discrição por ele e a mulher, Susanna. Mas os amigos mais próximos já estão cobrando uma grande celebração no ano que vem: ele vai completar 80 anos.
Não é segredo para ninguém que GERALDO ALCKMIN adora uma piada. Mas as preferidas do candidato do PSDB à Presidência da República são as do folclore judaico contadas pelo empresário e amigo Marcos Arbaitman. Dizem que suas interpretações são dignas de prêmio.
COR-DE-ROSA
Os tempos estão mais do que cor-de-rosa no namoro de CHICO BUARQUE e CAROL PRONER, advogada, professora titular da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e doutora em direitos humanos e direito internacional. Além do casal estar em perfeita sintonia, a família de ambos tem ido no mesmo mood. Nos últimos meses, Carol tem se destacado como uma das defensoras do ex-presidente Lula.
TRIPLE X
Os clientes de longa data do restaurante The Four Seasons, em Manhattan, estão em polvorosa. Após semanas em soft opening, acontece este mês a tão aguardada inauguração da nova unidade, que deixou o antigo endereço no Seagram Building e se mudou para três quarteirões à frente, em uma torre comercial na East 49th Street. O autor do projeto é o arquiteto brasileiro Isay Weinfeld, que cuidou de tudo, incluindo a escolha das louças, mobiliário, uniformes dos garçons e a comunicação visual. Construído do zero com um investimento de US$ 30 milhões, o novo hotspot ocupa um espaço de dois andares e tem capacidade para 110 pessoas – menor do que o espaço anterior, o que indica reservas ainda mais concorridas. PODER JOYCE PASCOWITCH 15
3 PERGUNTAS PARA... O filósofo inglês MARCUS WEEKS, autor de O que Nietzsche Faria?, lançado recentemente no Brasil pela editora Sextante, no qual apresenta respostas filosóficas – de Kant a Schopenhauer – para problemas banais do cotidiano
O LIVRO PARA, DE FATO, RESOLVEREM
ELABORAR AS QUESTÕES A SEREM
PROBLEMAS ORDINÁRIOS? UMA ESPÉ-
RESPONDIDAS?
CIE DE MANUAL?
Dividimos o livro em capítulos para abranger tipos de problemas que são costumeiros em obras de autoajuda ou em colunas de aconselhamento – relacionamentos, trabalho, lifestyle, lazer e política – e, então, elaboramos uma lista de perguntas para cada seção. Mas foram sobretudo as respostas, em vez da perguntas, que determinaram quais eram as mais viáveis. Queria situações que ilustrassem pontos filosóficos específicos, ou que destacassem algum filósofo ou escola de pensamento. Ao mesmo tempo, para tornar mais interessante, preferi dúvidas peculiares, bem-humoradas ou aparentemente banais, para que eu pudesse mostrar que sempre tem algo a mais. Mostrar Immanuel Kant, por exemplo, se envolvendo em uma discussão sobre sapatos reforça meu senso de humor.
Embora O que Nietzsche Faria? se pareça com um desses livros de autoajuda, não é bem assim. Acredito que algumas pessoas lerão pensando em encontrar soluções para seus problemas e, nesse caso, se darão conta de que filosofia não é bem o que elas imaginavam. Está na natureza da filosofia te dar mais perguntas do que respostas. Se você fizer uma pergunta para dois filósofos, você provavelmente terminará com três opiniões. Gosto de pensar que mesmo decepcionados por não encontrarem respostas, alguns leitores terminarão interessados pelo assunto e que isso será suficiente para instigá-los a pesquisar e ler mais sobre filosofia. A ideia é dizer algo ao leitor que ele desconheça, de uma maneira que lhe pareça atrativa (melhor ainda se lhe parecer engraçado), e fazer com que ele reflita sobre o assunto. Se eu puder provocar nas pessoas a alegria que é pensar, acredito que consegui
SUA IDEIA É QUE AS PESSOAS USEM
LARGADA
alcançar meu objetivo, e talvez tenha colaborado para fazer do mundo um lugar melhor e mais feliz. VOCÊ ESTUDOU MÚSICA E FILOSOFIA. DEDICOU-SE À SEGUNDA ESCOLA POR SE TRATAR DE UMA PAIXÃO?
Estudei filosofia e música na universidade, mas não tinha nenhum plano definido do que faria depois disso. Por alguns anos, trabalhei como músico complementando meu salário ridiculamente baixo com artigos para enciclopédias e outros livros de não ficção. E, então, depois de uma carreira bastante eclética – o que inclui o ensino de inglês e o conserto de pianos – assumi a carreira de escritor full time, cerca de 20 anos atrás. Ainda escrevo uma gama variada de temas, de arte a ciência popular, mas parece que encontrei recentemente o meu nicho popularizando a filosofia. Se é uma paixão? Pode apostar! Mas a música também é. Assim como a língua e a apicultura.
O ano de 2018 não guardará boas lembranças para o automobilismo brasileiro. Pela primeira vez desde 1970, quando Emerson Fittipaldi estreou na Fórmula 1, o país ficou sem representante no grid da principal categoria. Hoje a esperança está nas mãos do mineiro SÉRGIO SETTE CÂMARA, que disputa a Fórmula 2 e aparece como o nome mais forte para ser o próximo brasileiro na F1. “Estou preparado. Amadureci muito nos últimos anos, cometi poucos erros e mostrei regularidade”, disse Serginho, 20 anos, que garantiu não sentir pressão. “Pelo contrário, só tenho recebido apoio.” Para chegar à F1, Sette Câmara precisará terminar a F2 entre os três primeiros colocados e, assim, garantir a superlicença da FIA.
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COMO FOI O PROCESSO PARA
EM SETEMBRO, A MULHER E O HOMEM DE PODER VÃO... IR para a cozinha preparar um almoço de primavera – nestes tempos, ela mais que merece ser celebrada. LER o novo livro de
RESERVAR um dos novos lodges
do Six Senses Bhutan com vista panorâmica das paisagens de Thimphu, Punakha, Paro, Gangtey e Bumthang. O clima nos próximos meses é ideal para caminhadas e trekking na região.
EXPERIMENTAR sessões
de meditação tradicional – tipo a tibetana – para elevar o espírito e olhar para dentro. Vai fazer bem, com certeza.
USAR os patinetes de aluguel que finalmente chegaram a São Paulo. DEIXAR o automóvel em casa
no Dia Mundial Sem Carro e descobrir formas alternativas de mobilidade – sim, há vida além do para–brisa.
TESTAR as afinidades eleitorais
OUVIR repetidas vezes as duas
partes do White Album (Álbum Branco) dos Beatles, que completa 50 anos este ano.
José Miguel Wisnik, Maquinação do Mundo, no qual o ensaísta percorre a obra de Carlos Drummond de Andrade e a história da mineração naquilo que diz respeito ao poeta.
com os políticos um mês antes das eleições. Na internet, além de ampla informação, aplicativos ajudam a mostrar qual candidato mais se aproxima dos seus ideais.
APROVEITAR os últimos dias do
calor europeu em um passeio de barco pelo Parc National des Calanques, no sul da França. Ao atracar, a dica é a bouillabaisse do La Villa Madie, à beira do Mediterrâneo.
GARANTIR ingressos para os
shows dos Gipsy Kings, em outubro. Icônico!
VISITAR a exposição Mulheres
Radicais: Arte Latino-Americana, 1960-1985, na Pinacoteca. A mostra traz algumas das artistas mais influentes do século 20
Onde não há esperança, cabe a nós inventá-la ALBERT CAMUS com reportagem de aline vessoni e dado abreu PODER JOYCE PASCOWITCH 17
18 PODER JOYCE PASCOWITCH
X-TUDO
CHEF
MASTER
O paranaense Junior Durski já foi vereador, madeireiro e garimpeiro, mas foi na cozinha, como chef e depois como criador da rede Madero, aquela do “melhor hambúrguer do mundo”, hoje avaliada em R$ 3 bilhões, que ele se cacifou para o jogo alto por paulo vieira fotos joão leoci
A
os 20 anos, Luiz Renato Durski Junior elegeu-se vereador de Prudentópolis, a cidade paranaense cheia de cachoeiras com hoje 50 mil habitantes em que seu bisavô foi o primeiro prefeito. Aos 22, renunciou ao mandato, completamente “decepcionado” com a política e a prática legislativa. “Eu não fazia qualquer diferença”, disse ele a PODER. A decepção o acompanha até hoje, 35 anos depois. Para Durski, os poderes executivos e legislativos da União, dos estados e dos municípios – os principais estamentos da política oficial, em outras palavras – são compostos quase exclusivamente por “laranjas podres”. “Se uma só já contamina todas à volta, imagina quando tem na caixa uma única laranja boa”, diz. É possível que a política paranaense não tenha perdido nada com sua renúncia, mas caso Durski tivesse tomado gosto pela coisa, o Brasil dificilmente teria o melhor hambúrguer do mundo – a frase normalmente vem em inglês –, aquele que ele serve na sua rede de restaurantes Madero. O reconhecimento não lhe foi outorgado por um insuspeito concurso internacional – diferentemente dos vinhos e das cervejas, não existe tal certame. Trata-se de uma autoconsaPODER JOYCE PASCOWITCH 19
gração. Mas se a velocidade de expansão da rede e os bons resultados financeiros recentes servirem como atestado de qualidade de seu principal produto, o empresário tem um ponto. A rede, hoje com 127 unidades, fecha 2018 com 151 e em mais um ano quer ultrapassar as 220 lojas. Em 2017, o faturamento bruto chegou a R$ 510 milhões, 67% mais que em 2016, e o número de ouro para 2018 é o do R$ 1 bilhão. O ganho de receita das mesmas lojas, desconsiderada a expansão, foi em um ano de 11%, acima da média do setor, que, segundo Durski, é de 6%. Para
nitivamente, é crescer no Brasil, esteja o céu anuviado ou não. “Quando a crise começou, decidi que a gente não ia participar dela. Disse a meu pessoal: ‘Aqui não se fala de crise’. Percebi que os consumidores iriam sair menos e valorizar o dinheiro. Se só tivessem R$ 50 para gastar, teriam de gastá-los na Madero. Naquele tempo tinha mil funcionários, hoje são 5 mil.” O antídoto usado contra a crise não foi apenas o poder da retórica e do pensamento positivo. Durski aproveitou a mão de obra abundante, os aluguéis com preços deprimidos e, mais importante, passou a investir
expandir a Madero não recorre ao convencional sistema de franquias, prática comuníssima no segmento. Ele se alavanca com ajuda de uma empresa de growth capital, a gestora de investimentos HSI, de São Paulo, que, segundo o empresário, “funciona mais ou menos como um fundo de equity, sem ser equity”. A empresa subscreve debêntures da Madero e empresta a juros não exatamente de pai para filho. Para Durski, a HSI lhe trouxe uma enorme “ajuda na governança”. Os números da Madero seriam perfeitamente ordinários, perfeitamente assimiláveis não fosse o “locus” do crescimento da empresa: o Brasil de Dilma 2 e Temer zero. O paranaense até colocou um pé, um dedo, melhor dizendo, na expansão internacional, ao abrir, em 2015, uma Madero na Ocean Drive, em Miami Beach, mas a loja não sobreviveu a 2018. Sua meta, defi-
em “qualidade” – e no controle dela. Para isso, em vez de adotar uma estrutura horizontal, verticalizou. Estreou uma cozinha central em Ponta Grossa, de onde distribui para todas as lojas do Brasil da maionese ao sorvete, passando pela carne já porcionada; tem uma fazenda própria onde cultiva a alface e demais verduras de seus sanduíches e pratos – a produção de seu hortifrúti é 30% orgânica, mas ele quer atingir 100% em 2019; tem também uma transportadora, pois só os “próprios motoristas” saberão tomar a melhor decisão caso enfrentem algum problema que coloque em risco os alimentos que trafegam pelas estradas; há ainda uma construtora para pôr de pé as novas lojas, que são desenhadas, aliás, pela mulher do empresário, a arquiteta Kethlen Durski. Já o controle da qualidade, diz ele, é severo. Câmeras
20 PODER JOYCE PASCOWITCH
“Aqui não se fala de crise. Percebi que os consumidores iriam valorizar o dinheiro. Se só tivessem R$ 50 para gastar, teriam de gastá-los na Madero”
Linha de produção da Madero do Itaim Bibi, em São Paulo, que é vista pela central de monitoramento no Paraná
pelas cozinhas, salões e até na frente das lojas geram imagens vistas numa central no Paraná, “verdadeiro big brother”, diz Durski. Supervisores de qualidade, profissionais que exercem a função de topo de carreira da rede, percorrem o Brasil para ver se tudo está nos trinques. Por fim, os próprios comandantes de cada unidade, os chamados sócios-gerentes, são penalizados se houver reclamações e caso o índice de satisfação do consumidor fique abaixo dos 96%.
TEORIA E PRÁTICA Formado em direito em Itapetininga (SP) e sem qualquer título acadêmico de administração, Durski é empresário (e chef ) autodidata, que desconfia de quem ensina a teoria sem conhecer a prática. A decisão pela verticalização jamais seria tomada se ele ouvisse o que
seus interlocutores lhe aconselhavam. A PODER disse ser “a pessoa que mais erra no mundo”, mas que também acaba por acertar bastante, pois “atira muito”. Se a Madero empinou nos últimos anos com crise e tudo, ela já teve seus anos problemáticos, quando suas cinco primeiras lojas deram prejuízo por seis anos seguidos. A questão, ele descobriu, era o preço. A solução hoje parece bastante simplória, mas é daquelas que consultores independentes, caso consultados, exigiriam uma pequena fortuna para não achá-la. O empresário diminuiu pela metade o peso da carne do hambúrguer, que passou a ser de 130 gramas. Por tabela, o sanduíche, que custava R$ 29, passou a valer R$ 19. O couvert também sumiu, e apareceu o nome “express”. Fez-se a luz. De volta a 2018, outra estratégia que Durski vem empregando na Madero é o da diversificação de portfólio. PODER JOYCE PASCOWITCH 21
Com muitas pequenas unidades em shoppings, que pedem ambientes simplificados e poucos atendentes, ele passou a multiplicar suas marcas. A Vó Maria Durski, já inaugurada num shopping de Curitiba, serve parmeggiana de frango, estrogonofe e massas; A Sanduícheria do Junior Durski, no mesmo mall, tem choripán, falafel e também estrogonofe, tudo no pão; há ainda a Jeronimo, sem garçons, com hambúrgueres com carne prensada e fritas frisadas, como as da famosa rede nova-iorquina Shake Shack; por fim, há as Madero propriamente ditas, uma com serviço expresso, sem garçons, e o “casual dinner”, classudo, em que eles proliferam. Além disso, vem aí a Peixaria do Junior Durski, com pescados e camarão e outra casa rápida de hambúrguer, a Dundee Burger. O empresário compara a estratégia de diversificação com o manejo da madeira, atividade que exerceu por década e meia na Amazônia, tempo que revive com saudade, apesar das três malárias. Num bom plano de manejo e conservação, ele explica, cortam-se as árvores mais altas para que a luz incida também sobre as baixas, que assim podem medrar. Ele é adepto de primeira hora da chamada “floresta em pé”, a exploração de madeira que não depreda a mata, e diz ter ido a Brasília conversar com o Ministério do Meio Ambiente para defender o expediente. “A salvação da Amazônia
RISCO IMINENTE
Quando diz que gosta de correr riscos, Junior Durski não está a se apoiar numa frase de efeito – frase cara, aliás, ao pessoal da nova economia. Em seus tempos de garimpeiro em Rondônia, um curto interregno das décadas como madeireiro, ele precisava andar com dois seguranças armados para fazer negócios. Durski comprava ali cassiterita – minério de onde se retira o estanho – e a revendia em São Paulo e outros mercados consumidores. O negócio tinha de ser feito em cash, e o dinheiro ia acondicionado num saco volumoso, facilmente percebido pelos ladrões. Como as estradas no fim do século passado em Rondônia eram mais ou menos como são hoje, ele precisava caminhar uns 10 quilômetros até a mina. Não fossem os jagunços, estaria exposto ao deus-dará. Ele lembra de um colega que fazia promoção de sua virilidade, ao dizer seguidamente que dispensava os seguranças. Um dia deu ruim: o trader tomou um tiro, caiu e morreu na hora. O ladrão pegou o saco de dinheiro e mal se preocupou com os seguranças de Durski, logo ao lado. “Aquilo não era assunto nosso”, diz Durski.
22 PODER JOYCE PASCOWITCH
passa pelo extrativismo. Ao madeireiro só interessa a floresta em pé. Se ela acabar, game over.”
LOUCURA, LOUCURA Durski tem cerca de 91% de participação na Madero, cabendo 5% para o apresentador Luciano Huck, que fez um aporte por meio de seu fundo Joá e estrela alguns filmes publicitários da rede, desses com cara de institucional e que exibem uma “narrativa”. No caso, a própria história da Madero, da família Durski, e as ações de benemerência da rede. “Logo na primeira conversa, a sinergia ficou clara”, disse Huck a PODER, por e-mail. “Tenho muito orgulho de dizer que sou sócio, entusiasta e cliente. Estamos construindo a maior e melhor cadeia de restaurantes do Brasil”, completou. Huck associou-se à Madero no começo das especulações de sua candidatura a presidente, e Durski acredita que o sonho do global não morreu, apenas foi adiado. “Acho que em oito anos ele se candidata, e vira presidente”. Completa o quadro acionário o CFO da empresa, que controla com austeridade o fluxo de caixa e tem a missão de refrear os arroubos de Durski, que, como disse à reportagem, “gosta de correr riscos”. Não deixa de ser uma ironia que Durski, avesso à política, tenha encontrado um sócio que por pouco não se tornou um postulante ao palácio do Planalto. Para o cargo não demonstra qualquer simpatia pelo candidato de seu estado – “Alvaro Dias é velho, sem energia, está mais preocupado com sua próxima plástica” – e, na verdade, por qualquer outro, embora cite en passant João Amôedo, do Novo, alguém que “talvez pudesse fazer sentido”. Encampa com fervor, contudo, algumas ideias e posições professadas por Jair Bolsonaro, como o direito de a população se armar e o desdém pelo “pessoal dos direitos humanos”. Para ele, com efeito, “a pior profissão do Brasil é policial, que pode tomar tiro, mas não atirar”. Na mesma toada, lastima a existência do Bolsa Família, programa que tende a anular o “empreendedorismo nato do brasileiro”. Para terminar atirando, registre-se que Durski adora caçar esportivamente, atividade ilegal no Brasil, mais uma razão para chamar o país de “idiota”. Três dias depois da entrevista com a PODER ele estava no Uruguai atirando em patos, mas, com a chuva que caía no paisito, o balaio voltou vazio. “Matamos meia dúzia, e o normal é matarmos uns 70, 80. Mas valeu pelo churrasco.” n
“Sou a pessoa que mais erra no mundo, mas também acerto bastante, pois atiro muito”
PODER JOYCE PASCOWITCH 23
MEIO-CAMPO
ARNALDO CEZAR COELHO O mais famoso comentarista de arbitragem de futebol do Brasil, autor do bordão “a regra é clara” – tudo que a regra não é, na verdade –, fala de seu começo de carreira como juiz de futebol de areia, dos tempos de natação que o livrou de apanhar, dos seus negócios financeiros e anuncia – segura que lá vem spoiler – sua aposentadoria para viver al mare POR DADO ABREU
N
FOTOS PAULO FREITAS
ão há tira-teima, VAR, súplica do papa ou qualquer outro recurso que faça Arnaldo Cezar Coelho reconsiderar sua decisão. O principal comentarista de arbitragem da televisão brasileira apontou estoicamente para a marca da cal e, aos 75 anos, irá se aposentar. Até dezembro segue como ‘segunda voz’ e fiel escudeiro do narrador Galvão Bueno nas transmissões futebolísticas da TV Globo. Depois, bon-vivant que é, pretende aproveitar a vida al mare em cruzeiros sem destino e, nas horas livres, administrar os muitos negócios que amealhou ao longo
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da carreira – entre eles a TV Rio Sul, afiliada da Globo em Resende que Arnaldo gere com enorme prazer e com o know-how de quem também fez fama no mercado financeiro. “Quero sair por aí com a barba por fazer. Não é uma sensação maravilhosa?”, diz o juizão mais querido da torcida brasileira – ou seria o único bem estimado, Arnaldo? Carioca da gema e de Copacabana, Arnaldo David Cezar Coelho foge à regra clara de que todo perna de pau vira goleiro ou juiz de futebol. “Era esforçado, mediano”, defende-se. Pinta de atleta o jovem Coelho tinha. Poderia ter, inclusive, virado nadador olímpico no início de car-
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reira, nos anos 1960, época de ouro do futebol de areia, quando conhecer as rotas de fuga era mais importante do que dominar as regras do apito. “Cansei de escapar pelo mar. Costumava encerrar as partidas na beira d’água porque assim a torcida, que ficava lá no paredão [antigo calçadão], não tinha tempo de descer e conseguir me alcançar”, diverte-se. “E havia outra vantagem. Além de eu ser um bom nadador, por volta das seis da tarde começava a escurecer e lá fora, no fundo, ninguém me enxergava no lusco-fusco. Tive um relógio que virou à prova d’água de tanto cair no mar depois das peladas.” A destreza aquática ele havia desenvolvido ainda garoto, como auxiliar de salva-vidas em frente ao Hotel Lancaster, na altura da Praça do Lido. Os gringos que se afinavam na folia e sobreviviam à correnteza com a ajuda da molecada costumavam dar gorjetas generosas aos pequenos salvadores. Arnaldo relembra os tempos de praia e os clássicos envolvendo Radar, Copaleme, Dínamo, Maravilha, Juventus e Lá Vai Bola, muito mais pegados do que qualquer Fla-Flu, para explicar as mudanças dos tempos atuais. Na semana em que almoça light com PODER no Bio – sugestão do próprio entrevistado, no melhor estilo menu do chef consagrado por ele no programa Bem, Amigos! – a Uefa anunciara que não haverá árbitro de vídeo na próxima edição da Liga dos Campeões. O motivo? A necessidade de aperfeiçoar a polêmica ferramenta. “Está certo! Inventaram um brinquedinho novo e estão se divertindo com isso. E por que eu chamo de brinquedo? Porque estão mexendo com coisa séria, estão mudando a regra do fu-
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tebol”, critica o criador do bordão-meme “a regra é clara” antes de refutar quem cita as injustiça do erro humano para defender o recurso de vídeo. “Injustiça é um atacante puxar um contra-ataque sozinho e chutar pra fora estando cara a cara com o goleiro.” Se não anda nada satisfeito com o pomposo “video assistant referee”, o comentarista também faz troça – sempre com o respeito corporativo – dos auxiliares adicionais, aqueles árbitros que ficam ao lado da trave tão somente no Brasil e pouco, ou nada, têm ajudado para evitar a tragé-
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“Dei tiro indireto na praia e por pouco não levei uma surra do Piroteu. Rapaz, a coxa dele era desse tamanho” dia dos nossos times. É por isso que passou a chamá-los de “vigias”, uma homenagem ao seu Manoel, flamenguista doente e porteiro dos tempos em que Arnaldo morava na Lagoa. “Um dia ele me interfonou no meio da madrugada. ‘Seu Arnaldo, roubaram o seu Fusca’. ‘Como assim, seu Manoel?!’, respondi doido, atordoado. Vou na janela e vejo o espaço da vaga do meu Fusquinha azul, aquela sensação horrorosa que todo mundo já viveu. ‘Pô, seu Manoel! E você não fez nada?’ ‘Mas, seu Arnaldo, eu só vigio...” E assim nasceu o apelido espirituoso. A coleção enciclopédica de causos de Coelho – assim era chamado nos gramados pelo mundo – vem da tarimba de quem apitou profissionalmente por mais de 20 anos e esteve em 11 edições de Copa do Mundo – oito comentando pela Rede Globo (entre 1990 e 2018), duas apitando e bandeirando (1978 e 1982) e outra (1974) carregando as malas de Carlinhos Niemeyer, criador do cinejornal Canal 100. “Foi meu primeiro mundial, assisti in loco o Armando Marques apitando. Eu já era árbitro Fifa, mas meu objetivo mesmo era aparecer na televisão para os meus clientes me verem”, lembra o corretor autônomo de investimentos e ex-dono da Liquidez, companhia vendida para o grupo britânico BGC em 2009. “É que a visibilidade que o futebol me dava ajudava nos negócios. Eu tinha 30 caras no pregão, fazia 13% do
mercado da BM&F e era a segunda maior corretora do país.” Garoto esperto, 75 anos de praia, Arnaldo usa o surfe como metáfora para resumir tantas funções que exerceu ao longo das suas muitas carreiras. Costuma dizer que é um surfista atento na arrebentação. “Se eu ficar segurando a prancha na areia não vou pegar a melhor onda, se eu ficar lá fora, no alto-mar, também não. É preciso estar na hora certa e no lugar certo.” E, de fato, ele sempre esteve no lugar certo. A começar pela carteira escolar em que se sentou, estrategicamente posicionado, para fazer, em 1964, a prova teórica do curso de arbitragem da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj). “Colei as respostas todas de um cara, bombeiro, porque eu não sabia nada de regra, nunca tinha lido um livro. Só que o filho da mãe do bombeiro, em vez de colocar uma resposta embaixo da outra, escreveu uma do lado da outra, com letras bem miudinhas”, brinca. Quem dera este fosse o maior problema do aspirante a juiz de futebol. O pior estava por vir. Quando Arnaldo, já estudado e chancelado pela Ferj, decidiu aplicar a regra nas areias de Copacabana, foi que o bicho pegou. O nome da fera: Piroteu. “Dei tiro indireto, em dois toques, e por pouco não levei uma surra do Piroteu. Rapaz, a coxa dele era desse tamanho”, conta Arnaldo, separando os braços exageradamen-
te por toda a mesa do restaurante. “’O que você marcou’, ele me perguntou. Tiro indireto! Você bateu a falta e depois tocou de novo na bola, não pode. ‘Tu tá maluco?! A bola parou no buraco’. Não interessa, não pode.” Oras, a regra é clara, Piroteu. Lugar ainda mais adequado Arnaldo Cezar Coelho encontrou no gramado do Santiago Bernabéu, em Madri, no dia 11 de julho de 1982. Final da Copa do Mundo entre Itália e Alemanha. Como primeiro árbitro não europeu a apitar uma PODER JOYCE PASCOWITCH 27
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corria o risco do zagueirão dar um bico pra arquibancada. Deixei o jogo correr para o meio, esperei mais uns 30 segundos e quando o alemão foi passar eu me meti na frente.” O resto é história. A foto de Arnaldo Cezar Coelho, de uniforme preto, clássico, erguendo a bola com as duas mãos e o apito na boca é a mais icônica de toda a sua carreira. Ele se aposentou dos gramados em 1988. Meses depois estava na redação da TV Globo, a convite do saudoso Armando Nogueira, assinando contrato para ser consultor da emissora, posto que irá ocupar até 31 de dezembro e c’est fini. Sem comentários. Deixará de vez o apito, de forma infalível. Até porque erros, embora eles tenham existido, Arnaldo nega. “É como batom na cueca.” n
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decisão de Mundial, o brasileiro entrou em campo decidido a sair dele com um mimo debaixo do braço. Lembrou da Copa anterior, a de 1978, na Argentina, quando foi o quarto árbitro – “aquela que segura a plaqueta de substituição” – no Monumental de Núñez no primeiro título dos hermanos. Na ocasião, após o triunfo da Albiceleste sobre a Holanda, Arnaldo burlou os delegados da Fifa, esvaziou a pelota que consagrou Mario Kempes e a colocou na mala do juiz italiano Sergio Gonella, eternamente grato ao amigo brasileiro pelo suvenir. “Fiquei com isso na cabeça. Aí, na minha vez, em 1982, o jogo foi chegando perto do fim, a Itália vencia por 3 a 1 e eu só pensava em como ficar com a bola. Sabia que não podia encerrar a partida na lateral porque
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LIVRE, LEVE E SOLTO Em tempos de redes sociais, com a possibilidade de estar conectado 24 horas por dia, sete dias da semana, uma das coisas mais difíceis é encontrar tempo para o que realmente importa: encontros com amigos, jantares em casa, momentos de descanso e de reconexão consigo mesmo. Com o intuito de desacelerar um pouco e refletir sobre o ritmo frenético das sociedades contemporâneas, a Trousseau lança, junto com a nova coleção 2018/2019, a tag #True_selfie, uma campanha para descobrir a verdade por trás dos vídeos e fotos postados nas redes. A ideia é dar visibilidade para aqueles momentos de aconchego, conforto e tranquilidades que são sinônimos dos produtos Trousseau – uma marca que há quase três décadas aperfeiçoa sua criação graças às apostas em uma mão de obra cuidadosa aliada à tecnologia de ponta e investimento em matéria-prima de qualidade. Como referência no mercado premium, sobretudo no que tange à elegância e bem-estar, a nova linha surge nesse contexto justamente para ser uma quebra na rotina e o retrato de uma vida cotidiana repleta de amor, alegria, felicidade e leveza. Composta prioritariamente de tons pastel, a próxima coleção quer contrariar a cadência veloz, quer ter tempo e valorizar o que realmente importa, porque só é possível se reconectar ao desconectar-se. Fica então o convite da Trousseau para que as selfies encontrem a verdadeira essência humana, aquela que só acontece quando nos sentimos confortáveis e leves na alma, ou seja, quando essas características se transformam em um legítimo lifestyle. TROUSSEAU.COM.BR
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DE PAI PRA FILHAS
QUEM QUER COMANDO?
Silvio Santos contratou uma consultoria internacional para ajudá-lo a passar o controle do SBT e de suas outras empresas para as filhas, mas o plano, milionário, não saiu do papel. O que se sabe é que, pela cabeça do homem do Baú, sua sucessão será televisionada POR CHICO FELITTI
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O
camarim de Silvio Santos nos estúdios do SBT, na rodovia Anhanguera, tem poucos itens. Uma grelha elétrica na qual ele frita pequenos pedaços de bife antes de gravar seu programa. Uma tábua de passar roupa, para a camareira desamarrotar seus ternos, cujas calças ele só veste segundos antes de entrar no ar. E uma matéria de jornal enquadrada e pendurada. É uma capa da Ilustrada, o caderno de cultura da Folha de S.Paulo. O título da matéria é “O Canal das Sete Mulheres”. A reportgem, de 2015, conta que uma consultoria internacional havia sido contratada pelo Grupo Silvio Santos para preparar a passagem de poder no SBT e demais empresas da corporação. A ideia era que o comando, ao invés de ir para um executivo de mercado ou alguém independente, fosse de Silvio para as sete mulheres que o cercam (as seis filhas e Iris, sua esposa há 40 anos). No esquema proposto pela McKinsey & Company, seria criado um conselho, formado por todas as irmãs e outros três integrantes independentes, e os acionistas se envolveriam em todos os processos decisórios. Mas a reportagem enquadrada na parede do camarim já amarelou, e nada do plano ter saído do papel. O motivo? O conselho, na prática, nunca existiu, e o grupo Silvio Santos continua sendo gerido por… Silvio
Santos, um empresário de 87 anos de opiniões impermeáveis a orientações de consultores profissionais. Profissionais envolvidos no processo, que durou quase um ano e custou mais de R$ 1 milhão, afirmam que o relatório final sugeria o distanciamento da família da gestão do canal de TV e das demais empresas do grupo e uma profissionalização que permitisse ao SBT oferecer ao mercado publicitário sua programação com meses, quem sabe anos de antecedência. Mas as ideias não vingaram lá dentro.
TELEFONE FIXO
No organograma, o comando do Grupo Silvio Santos está na mão do presidente, Guilherme Stoliar, sobrinho de SS. A não ser que as mãos de Silvio peguem o telefone e liguem para a emissora. Nesse caso, tudo muda imediatamente. PODER entrevistou dezenas de funcionários com relato idêntico: Silvio gerencia as empresas a partir de um telefone fixo. Pelo aparelho, o rei do auditório manda espichar ou comprimir matérias jornalísticas enquanto elas estão no ar, dá sua opinião sobre o figurino, a maquiagem e até a aparência da dentição de apresentadores e atores. E enfia episódios de “Chaves” onde bem der na telha, deixando pouco espaço para planejamento comercial. Como as empresas do grupo SS têm capital fechado, PODER JOYCE PASCOWITCH 31
e muitos balanços não são publicados, é impossível afirmar exatamente o tamanho do império. A receita líquida do grupo é estimada em R$ 2,5 bilhões ao ano, com o SBT ainda respondendo por quase metade do valor. Mas a maior joia é a Jequiti, empresa de cosméticos do grupo que tem um plano de negócios traçado para atingir um faturamento bilionário até o ano de 2020. Completam a corporação a Liderança Capitalização, responsável pela venda da Tele Sena, o hotel Jequitimar, no Guarujá, e alguns outros negócios menores.
SUCESSÃO NA TV
O Grupo Silvio Santos declinou dos pedidos de entrevista à PODER. Mas, uma das táticas de Silvio para a sucessão permite ter uma ideia do que está acontecendo na empresa: nos últimos meses, ele colocou todas suas filhas (e a mulher) no palco do seu programa dominical. “Agora eu vou aproveitar vocês da família mesmo, já que vocês têm que vir aqui trabalhar”, disse Silvio, aos risos. Cinco das seis filhas dele trabalham nas empresas do grupo. Daniela Beyruti, 39, é diretora artística e de programação do SBT. Patricia Abravanel, depois de ter passado pela maioria das empresas da família, é agora apresentadora de programas como “Máquina da Fama”. Rebeca Abravanel, 37, é uma das diretoras da Jequiti. Silvia Abravanel, 48, passou de diretora a apresentadora de um programa infantil nos últimos anos, por sugestão do pai. Cintia Abravanel, 55, a primeira filha, é a única que não está fixa na folha de pagamento do grupo SS, por mais que já toque os espetáculos dramatúrgicos do grupo, como a montagem teatral da novela “Carrossel”. E ele não estava brincando quando disse que ia incorporar a família ao cast: do meio de 2017 para cá, todas as integrantes do clã Abravanel competiram no “Programa Silvio Santos”. Até as filhas que não têm vocação para o showbusiness entraram em cena. “Eu tô supernervosa”, disse Renata, 32, uma morena sorridente, assim que pisou no palco. Minutos depois, ela já estava desenvolta, fazendo piada e cobrando as ausências do pai no escritório da holding. “Você nunca vai lá nos visitar. É perto da sua sala”, cobrou a filha caçula, grávida do décimo segundo neto do homem do Baú. Silvia, a “filha número 2”, que trabalha no império desde os 16 anos, brincou recentemente dizendo que seu salário não aumentava havia dez anos. Era verdade. Ela, que tem 46 anos de idade, apresenta o infan-
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“A Rebeca tem mais o meu jeito. As outras são mais iguais à mãe, tudo bola murcha. A Rebeca é tão parecida comigo que nunca conseguiu segurar um homem” Silvio Santos
til “Bom Dia & Cia” todas as manhãs, mas ainda não chegou ao nível salarial de uma estrela. “Todas [as apresentadoras] ganham mais do que eu. A Patricia, a Eliana, a que apresenta lá o programa de moda [alguém canta para ela], Isabella Fiorentino…” Minutos depois, Silvia voltava a fazer graça com seu salário. Em um dado momento, Silvio perguntou se Tiago Abravanel (seu neto, filho de Cintia) ganhava na TV Globo como ator mais do que Silvia recebia no SBT. Foi a própria Silvia que respondeu: “Com certeza”. Quando foi a vez de Cintia Abravanel, o programa começou sem a convidada. Silvio afirmou que a filha havia se atrasado, mas minutos depois ela chegava ao palco. “A produção mandou eu estar aqui às 13 horas. São 13 e dois”, disse a primogênita ao pai, que perguntou com quem ela havia falado. Cintia se acanhou de expor alguém na TV, e seguiu o jogo. As gafes e lavação de pequenas peças de roupa suja em público são mais do que um bom programa, afirmam pessoas de confiança do empresário. Silvio quer acostumar o público às suas imagens, e fazer uma sucessão televisionada, em vez de realizar uma passagem de bastão nos bastidores, como planejado pela consultoria McKinsey.
Silvio, a mulher Íris e as seis filhas do casal, que devem assumir o comando dos negócios do grupo SS
FOTO REPRODUÇÃO
Mas algo novo veio à tona no último mês. Também em pleno ar, o jornalista Leo Dias, que apresenta o “Fofocalizando”, do SBT, e a jornalista Fabiola Reipert, que anda colocando a Record em primeiro lugar na audiência com o quadro “A Hora da Venenosa”, conseguiram colocar Silvio contra a parede com perguntas engraçadas. Ele não sabe, por exemplo, o que é Whatsapp. “É aquele negócio que coloca no celular e daí pode falar?”, ele perguntou para os entrevistados. Mas já sabe quem deve ficar no seu lugar quando chegar a hora de pendurar as chuteiras. Reipert perguntou quem deveria tocar as empresas quando o apresentador não puder mais. “A Rebeca tem mais o meu jeito. As outras são mais iguais à mãe, são tudo bola murcha. A Rebeca é tão parecida comigo que nunca conseguiu segurar um homem”, ele respondeu. E o programa da tarde de domingo, que leva seu nome e fez suas fortuna de bilhões, para quem fica? “Ah, a Patrícia. A Patrícia tem condições. Ela é a que mais tem condições de pegar o meu programa e tocar tranquilamente”, respondeu Silvio Santos. Enquanto a hora não chega, os funcionários esperam o telefone tocar. Do outro lado da linha, eles já sabem que uma voz muito familiar terá uma ordem a dar. n
Valor pago pela inserção R$ 12.500,00 - CNPJ 31.181.749/0001-6
DUAS HERDEIRAS
ENSAIO
NEGRO GATO
De Roberval a Simonal, Fabrício Boliveira está em todas. Com quatro filmes lançados no ano, o ator aproveita o espaço e o momento para questionar, mas sempre com a ressalva: “Se não é algo que está realmente conectado com você, melhor calar” por dado abreu fotos maurício nahas styling cuca ellias (odmgt)
“R
oberval, eu te odeio. Não consigo olhar para você.” Se a reação do público é o termômetro do sucesso de um ator, Fabrício Boliveira está em alta – ainda que desperte a antipatia jocosa em sua chegada para o ensaio de PODER. Na pele do personagem central de Segundo Sol, da TV Globo, Boliveira vem recebendo elogios por sua atuação na novela das 9, mas nas ruas a aceitação tem sido um pouco diferente. “Na boa, claro.” “Outro dia eu estava com meus pais no aeroporto e a moça do check-in olhou para mim e disse: ‘Te odeio e te amo’”, conta o ator aos risos. “Falou só isso, séria! Perguntei se estava se referindo a mim ou ao Roberval. ‘Você sabe bem de quem estou falando’, ela respondeu. E voltou para o computador, sem olhar na minha cara, compenetrada, p... da vida”, diverte-se Boliveira. Na avaliação do ator baiano de 36 anos, a chave para entender a dualidade do personagem, que vive os complexos de descobrir ser filho do patrão milionário, mesmo tendo crescido como o descendente sem pai da empregada doméstica, está no conflito de raça latente no Brasil. “O Roberval revela a história da servidão e escravidão deste país, de quem serve e quem é servido. As pessoas não estão acostumadas a ver o negro poderoso e por isso a discussão”, avalia. “Recebo milhares de mensagens de comunidades negras onde as pessoas amam o Roberval e entendem suas questões. Entendem porque estão no mesmo ponto de vista, saíram desse lugar e conseguem sacar as contradições dentro da cabeça desse cara.” Questões raciais têm sido a tônica de Segundo Sol desde a estreia. Em maio, o Ministério Público do Trabalho enviou à Rede Globo uma notificação recomendatória para que a emissora tenha maior diversidade de raça em suas tramas. A ação aconteceu porque o folhetim, mesmo ambientado na Bahia, estado com o maior percentual de negros do país, possui elenco majoritariamente branco. O jurisprudente puxão de orelha ganhou ressonância na opinião pública, nas redes sociais e teve apoio também de Boliveira, que vê na fal-
Costume Emporio Armani, blusa Calvin Klein, relรณgio Jaeger-LeCoultre
ta de representatividade uma questão mais ampla. “Faltam negros na história da teledramaturgia, como faltam em outras áreas. Você tem um médico negro? Provavelmente não. Advogado? Também não. Porque os negros estão sempre no lugar de servidão. É um problema estrutural e é ótimo que seja debatido. Mas temos que ir para além de não ser racista, temos que agir contra o racismo.” O ator encontra lugar de fala em Roberval, como também encontra em Wilson Simonal, um dos principais nomes da história da música popular brasileira e interpretado por ele no longa do diretor Leonardo Domingues. A cinebiografia, que estreia em 2019, relembra a ascensão e a queda da voz de “Sá Marina” e “Meu Limão, Meu Limoeiro”, do posto de maior estrela pop dos anos 1960 até a suspeita de ser colaborador do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), um dos órgãos mais brutais da ditadura militar. Embora a suposta ligação com o regime jamais tenha sido comprovada, a acusação levou a carreira de Wilson Simonal para o fundo do poço, em que permaneceu até a sua morte, em 2000, aos 62 anos. “A história dele é repleta de preconceitos”, aponta Boliveira. “Diziam que o Simonal era arrogante. Arrogante por quê? Um negro em alta, bonito, bem vestido, boa praça e fazendo sucesso é arrogante? Isso é racismo”, explica, antes de ressaltar que o caso é uma ferida da ditadura que não cicatrizou. “Quem prendeu o Simonal foi a direita, mas quem sempre o julgou foi a esquerda. O cara foi lenhado pelos dois lados. É inacreditável. Por isso, interpretá-lo, mergulhar na sua vida e contar sua verdadeira história será algo que eu jamais vou esquecer.” n
Costume Hugo Boss, camisa Ermenegildo Zegna, gravata acervo stylist, รณculos Prada, relรณgio Jaeger-LeCoultre. Na pรกg. anterior, costume Emporio Armani, blusa Calvin Klein, sapato Sapataria Cometa
Casaco Emporio Armani, camisa Hugo Boss
“Faltam negros na história da teledramaturgia, como faltam em outras áreas. Você tem um médico negro?”
Costume Hugo Boss, camisa Ermenegildo Zegna, gravata acervo stylist Beleza: Jayme Vasconcellos (Capa MGT) Arte: David Nefussi Produção executiva: Ana Elisa Meyer Produção de moda: Jaqueline Cimadon Assistentes de fotografia: Bruno Guimarães, Daniel Omaki e Debora Freitas
Ariel Lambrecht (esq.) e Eduardo Musa, este ex-Caloi, aquele ex-99, que lançaram a Yellow, primeira empresa de compartilhamento de bicicletas sem estação do Brasil
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CATRACA
EXÉRCITO
AMARELO
Bicicletas de compartilhamento da Yellow, que ficam soltas por São Paulo, colocam a cidade na rota da modernidade, e seus sócios, dois deles egressos do unicórnio 99, na galeria de heróis do empreendedorismo improvável por paulo vieira
fotos joão leoci
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les juntaram o pedal com a vontade de compartilhar. Eduardo Musa, ex-proprietário da Caloi, e Ariel Lambrecht e Renato Freitas, dois dos três fundadores da 99, criaram a Yellow, a empresa que está mudando a cara de São Paulo – ou ao menos de algumas ruas da metrópole. A Yellow é o primeiro serviço brasileiro de compartilhamento de bicicletas sem estação – ou “dockless”, como preferem –, o que faz com que vistosas bikes amarelo-ouro se espalhem por virtualmente qualquer lugar: calçadas, ruas, esplanadas de prédios comerciais, adros de igreja, canteiros centrais e até mesmo as áreas próximas das estações dos outros dois sistemas paulistanos de compartilhamento de bicicletas, ambos patrocinados por bancos. As Yellow não ficam presas a nada por possuírem um cadeado interno que é desbloqueado por meio de um app, que lê um QR code na bicicleta. Caso sejam manipuladas sem esse procedimento, emitem um sinal sonoro de alarme. A empresa é também pioneira ao estabelecer como “core” do negócio o compartilhamento propriamente dito, ou seja, a Yellow pretende se remunerar principalmente pelo valor de utilização – hoje R$ 1 a cada 15 minutos (bicicleta) e R$ 5 a cada 5 minutos (patinetes elétricos, ainda a serem implantados). Publicidade ou uso comercial de dados seriam, a princípio, fontes de receita secundárias. A Yellow colocou 500 bikes em São Paulo, e pretende acelerar gradativamente a oferta até chegar ao fim deste ano com 20 mil. “São Paulo é um grande laboratório, a gente quer aprender aqui, e aprender em escala, e então escalar”, disse Musa a PODER, usando esse jargão da nova economia que denota a vontade de ganhar na quantidade, cobrando bem pouco de muitos usuários, à semelhança do que é feito na China. O país asiático, não por acaso, é o “benchmarking” desse negócio. Foi onde João Doria, em seu ano de prefeito de São Paulo, conheceu o sistema e deu o start para sua implantação aqui. Deixar bicicletas soltas na rua – e elas permanecerem lá – é coisa do mundo mais que desenvolvido, algo que o Brasil parece estar longe de arranhar. Ou parecia, a julgar pelo que disseram Musa e Lambrecht, positivamente surpresos com os números aquém do esperado por eles de furto e depredação de bikes nas primeiras semanas de implantação do sistema. Para os executivos, a população vem adotando a Yellow e zelando por suas bicicletas. “Eu acho que quando as pessoas notaram as bicicletas soltas na rua viram uma chance de provar para elas mesmas que o Brasil pode dar certo, por isso cuidam delas, avisam quando percebem algo errado, as tiram do chão quando estão caídas”, diz Lambrecht. O advento das bicicletas que ficam em qualquer lugar,
“Ao notar as bikes soltas, as pessoas viram uma chance de provar para elas mesmas que o Brasil pode dar certo” Ariel Lambrecht, cofundador da Yellow
dormem ao relento e não são roubadas – algumas na verdade são, e houve mesmo um cidadão que chegou a colocar uma Yellow à venda por R$ 250 no site OLX; outras três bikes apareceram mocozadas num cortiço desbaratado pela polícia na cracolândia –, podem vir a significar para São Paulo um novo marco civilizatório, mais ou menos como o que representou para Londres, nos anos 1990, a passagem do futebolista Ruud Gullit pelo Chelsea – os hábitos refinados do holandês teriam ajudado a cidade a se modernizar, e o café expresso tomou o lugar do vetusto chá com leite. Mas se são pouquíssimos os capazes de antever as mudanças, ainda menos os que ganham dinheiro com isso, e, para viabilizar seu negócio, o trio da Yellow precisou lidar com o ceticismo de muitos investidores. Expressões como “cês são loucos” e “no Brasil isso não funciona” foi o que mais ouviram. Mas Lambrecht e Freitas carregavam no currículo o sucesso da 99, startup que transformaram em unicórnio ao vendê-la, no começo de 2018, para uma das maiores empresas digitais do mundo, a chinesa Didi, e Musa, caso a experiência na Caloi não contasse, tinha um sobrenome a faiscar como luz neon no business card – ele é filho de Edson Vaz Musa, ex-Rhodia, CEO hero numa época em que os CEOs ainda estavam por ser inventados. Assim, o capital-semente jorrou de fundos como o brasileiro Monashees e o russo Grishin.
UBER COM IMOBILIZADO Se a Uber é uma empresa de tecnologia que explora o maravilhoso mundo da mobilidade urbana em todo o planeta sem precisar alocar um mísero dime em frota, a Yellow teve de fazer enormes investimentos em imobilizado – as bikes propriamente ditas – para lançar seu serviço. Por considerar informação estratégica, Musa não revela o custo unitário nem o tempo médio de vida que projeta para cada bicicle-
ta. Com razoável índice de nacionalização e montadas na Zona Franca de Manaus, na fábrica da canadense Cannondale – hoje proprietária da Caloi –, as magrelas foram projetadas para ser resistentes, confortáveis, seguras e pouco atrativas aos amigos do alheio. Por isso suas peças são fora de padrão e, sem parafusos convencionais, difíceis de serem apartadas e roubadas. A cor, segundo Musa, também é inusual para o mercado de bikes. Sua experiência com o produto o deixa à vontade para afirmar ter feito as melhores escolhas – ele usa a expressão “trade-off” – na relação das catracas, na ausência de câmbio, na opção pelo banco baixo e no guidão “dolphin”. Roubar consumidores de outras formas de transporte – como o próprio Uber – é um dos cenários com que os sócios da Yellow trabalham. O outro é fazer da bike “modal” complementar, perfeito para o que chamam de “last mile” (última milha), o quilômetro, quilômetro e meio final que a massa ignara percorre para chegar ao trabalho ou eventualmente voltar dele após utilizar metrô, ônibus ou pular fora do táxi quando o trânsito engarrafa. Nas duas primeiras semanas de operação, Lambrecht percebeu uma movimentação não esperada, muito forte na hora do almoço. “Creio que as pessoas que faziam pequenos percursos a pé para comer passaram a ir um pouco mais longe.” O trio da Yellow pode ter a incômoda concorrência
em São Paulo da maior empresa de compartilhamento de bikes do mundo, a chinesa Mobike. Tanto ela, como a Serttel (que opera as bikes de estações fixas do banco Itaú em São Paulo e de outros patrocinadores pelo Brasil) e a Trunfo (da Bradesco Seguros) foram credenciadas para operar em São Paulo, segundo nota oficial da Secretaria de Mobilidade e Transportes do município. Com efeito, em abril, numa entrevista ao jornal Valor Econômico, o VP de expansão internacional da Mobike anunciou o início da operação para dali a dois meses e a presença de até 100 mil bicicletas pela cidade. Junho passou, chegamos a setembro e necas de pitibiribas. Musa, que não crê na vinda do concorrente chinês, acompanhou bem a evolução do negócio naquele país nas diversas viagens que fez para lá. Como havia lá, segundo explicou à reportagem, “capital abundante” e “nenhuma regulação”, além do fato de a China ser o maior produtor mundial de bicicletas – de que produto manufaturado não é, aliás? –, houve de início uma superoferta, e os muitos players do mercado entraram uma espiral de canibalização, chegando a oferecer o serviço de graça para a população. Como consequência, vários deles abandonaram o serviço e o país, e algumas cidades passaram a ostentar verdadeiros cemitérios de bicicletas – eis um cenário que os executivos da Yellow não vislumbram para o Brasil. “Aqui a regulação chegou antes mesmo do negócio”, diz Musa.
“São Paulo é um grande laboratório e a gente quer aprender em escala e escalar” Eduardo Musa, cofundador da Yellow
Comparado à bicicleta, o patinete é um modal “premium”. Movido a eletricidade, ele pode atingir 20 km/h sem necessitar de nenhum esforço do usuário, exceto manter-se de pé. E nas temperaturas altas de São Paulo de boa parte do ano, não precisar transpirar para chegar ao trabalho ou a uma reunião é uma vantagem competitiva. É possível transitar inclusive pelas calçadas, mantendo a velocidade máxima de 6 km/h. Mas o equipamento, mesmo trazido da China, é custoso, e é preciso ter sua bateria recarregada ao fim de jornadas de 20 ou 30 quilômetros. Com isso, o preço final de uma viagem para o usuário não será uma pechincha. No caso da Yellow, R$ 5 a cada 5 minutos. Marcelo Loureiro, da Ride, ainda prevê dificuldades adicionais, pois acredita que a taxa de roubo e depredação no Brasil será alta, de 15% a 20% – na América do Norte, segundo ele, fica em 2%. Para Loureiro, esse é o grande fator de “dúvida” do negócio.
Se a Yellow foi a primeira a soltar bikes pelas ruas, e com isso ter sido a empresa a capitalizar toda a surpresa e, digamos, a positividade do novo negócio, nos patinetes elétricos ela já sofre a concorrência da Scoo e da Ride, esta última criada pelo empresário Marcelo Loureiro, que, ao viver em Santa Monica, na Califórnia, viu ali o grande potencial desse modal. Como a Yellow, a Ride deverá espalhar os equipamentos pelas ciclovias que conectam os bairros de maior concentração de empresas, mas também pretende colocá-los em parques, à disposição de quem quer apenas “tirar um lazer”, para usar uma velha gíria da periferia paulistana. “O que chamam por aí de percurso, a gente chama de passeio. A Ride é mobilidade, mas agrega a isso o ‘smile’”, disse ele a PODER. Ninguém duvida que comprar uma bicicleta é melhor do que casar, mas agora talvez uma nova – e mais séria – pergunta se imponha: pedalar ou sair por aí de patinete? n
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SEM SUOR
PODER INDICA
SEJA GLOBAL
No Brasil, dados como a alta taxa de desemprego e o aumento da violência apontam para um cenário de incerteza nos negócios. Enquanto isso, em Miami, o paulistano Daniel Toledo, advogado especialista em direito internacional, investe na expansão de sua consultoria. Trata-se da Loyalty Miami, empresa que auxilia companhias a tornarem os negócios internacionais.
Na contramão do cenário brasileiro, a Loyalty Miami conquista clientes que buscam ampliar suas operações ou aplicar para vistos de investimento nos Estados Unidos. E, para melhorar o atendimento, a empresa está expandindo sua própria operação. Hoje, além dos três escritórios físicos nos EUA – Miami, Fort Lauderdale, Orlando – possui novas estruturas em Barcelona e Lisboa.
“A Loyalty cresceu rápido porque acredita no trabalho árduo e nas entregas realizadas por uma equipe eficiente. Sem isso o processo é insustentável. E com isso, Deus, claro, dá uma mãozinha”, conta Toledo, que alerta para a necessidade de as empresas organizarem seus resultados para sustentar o visto, e não o contrário, como muitas vezes acontece. “Se o empreendimento não der certo, as pessoas perdem o visto de imigração. Portanto, não adianta fazer um ótimo processo de visto se o negócio não for bem estruturado”, pontua. A Loyalty Miami é capaz de cuidar de todas as etapas do processo de planejamento e implantação de um negócio e, desse modo, atrai tanto quem não tem visão empresarial quanto grandes corporações. O escritório oferece uma assessoria completa que engloba abertura da empresa nos Estados Unidos, pesquisa de mercado, estruturação financeira, jurídica e contábil, implantação com contratação de pessoal, sistema de tecnologia da informação, além de um eficiente business plan. “Nossos parceiros terceirizados também prestam serviços de engenharia, arquitetura, decoração, projetista, entre outros.” Nos planos de crescimento e diversificação da Loyalty Miami, Toledo adianta que está o desenvolvimento de uma plataforma e-commerce com um modelo inusitado de negócios que será um grande facilitador para pequenos empresários venderem para o mundo. A novidade será divulgada em breve.
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GULFSTREAM G280
Líder da classe super-midsize (supermédios) é capaz de voar ininterruptamente com quatro passageiros e dois tripulantes, de Londres a Nova York, em tempo recorde. Com interior silencioso e confortável, a aeronave foi projetada para viajar com até dez passageiros, com capacidade máxima para cinco leitos. Sua distância máxima percorrida é de 6.667 km. Em menos de 23 minutos, o G280 consegue atingir altitude de 43 mil pés – ou 13 mil metros – garantindo, assim, uma eficiência de ponta, o equivalente a um consumo 12% menor de combustível do que a concorrência. A partir de US$ 25 milhões GULFSTREAM.COM
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MOTOR
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BOMBARDIER LEARJET 70
Um dos jatos comerciais da Bombardier, o Learjet 70 tem capacidade para voar com até sete passageiros. A promessa desse light jet é ir mais longe e com mais pessoas. Segundo especialistas, o design projetado para suas asas está entre os melhores da categoria, o que é garantia de voos suaves, sem solavancos surpresas. A velocidade máxima de cruzeiro é de 968 km/h, podendo desempenhar até 992 km/h, fazendo da aeronave uma das mais velozes do mercado. Some a todas essas qualidades um amplo e confortável espaço interno. A partir de US$ 12 milhões BOMBARDIER.COM
EMBRAER LEGACY 450
A empresa brasileira entra para o mercado de jatos médios com o revolucionário Legacy 450, o qual, com controles de voo totalmente digitais, apresenta desempenho de pista sem igual. A cabine com 1,83 m de altura, piso plano e assentos totalmente reclináveis garantem o conforto dos passageiros, que aliás, podem chegar a nove pessoas. Com quatro viajantes e dois tripulantes, o Legacy é capaz de percorrer uma distância de 5.378 km. A velocidade máxima de cruzeiro é de 855,6 km/h. A partir de US$ 17 milhões EMBRAER.COM
GULFSTREAM G650ER O G650ER tornou possível as longas viagens sem escalas: de Dubai a Atlanta, ou de Hong Kong a Nova York em voos diretos. A uma velocidade de 1.041 km/h, o modelo tem autonomia de 13.890 quilômetros. Mas, pode voar ainda mais rápido e alcançar impressionantes 1.103 km/h caso o destino seja um pouco mais perto – até 11.853 quilômetros. Por ter o interior altamente customizável, o jato poderá ter a cara que o dono quiser com a possibilidade de conjugar cabines privativas com áreas de trabalho. Transporta até 19 passageiros. A partir de US$ 69 milhões GULFSTREAM.COM
272 cidades atendidas TRABALHO EFICIÊNCIA TRANSPARÊNCIA
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VALOR PAGO: R$ 10.000,00
A partir de US$ 51 milhões dassault-aviation.com
R$ 280 milhões
PROPAGANDA ELEITORAL CNPJ CANDIDATO: 31.182.024/0001-32
“Vá a lugares em que as outras aeronaves não chegam.” É com esse slogan que o Falcon 7X é apresentado pela fabricante francesa. E isso por diversos motivos: em sua categoria, gasta entre 15% e 30% menos em combustível que os concorrentes; tem autonomia de cerca de 11.019 km com oito passageiros e três tripulantes a bordo, fazendo conexões importantes como Paris-Tóquio ou Xangai-Seattle sem escalas. Mas também pode cobrir distâncias menores a uma velocidade máxima de 1.102,8 km/h.
COLIGAÇÃO: PSDB-PSD-DEM-PP
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DASSAULT FALCON 7X
O candidato a governador Paulo Skaf em campanha pela zona leste de São Paulo
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CAMPANHA
O FIM DA MODORRA
Uma novidade na eleição para o governo de São Paulo: o PSDB, que há 16 anos liquida a fatura no primeiro turno, finalmente encontra um rival competitivo – no velhíssimo MDB por dado abreu e paulo vieira foto gabriel cabral
A
disputa pelo Palácio dos Bandeirantes nunca tem, como é natural, a emoção da eleição presidencial, mas o cenário de 2018 está longe de ser aquele modorrento de sempre. Pode-se mesmo dizer que há enfim uma novidade em São Paulo: o hegemônico PSDB encontrou um oponente que promete levar a contenda para o segundo turno, em 28 de outubro. Isso não acontece desde 2002, quando Geraldo Alckmin venceu um José Genoino (PT) pré-mensalão no segundo round. Nas últimas três eleições, a disputa acabou com José Serra (2006), Alckmin (2010) – e Alckmin de novo (2014) – liquidando a fatura precocemente. Mas agora a história é diferente, e o líder da corrida eleitoral segundo as pesquisas, o candidato a governador pelo PSDB, João Doria, carrega também o peso de ter deixado a prefeitura de São Paulo com apenas um quarto do PODER JOYCE PASCOWITCH 53
mandato concluído. É essa a principal razão de o ex-prefeito ser o primeiro também nos índices de rejeição: 35% segundo o Ibope e 32% para o Datafolha. Bom para Paulo Skaf, principal adversário de Doria, que almeja pela terceira vez consecutiva o cargo. Em 2010, pelo PSB do atual governador paulista Márcio França, teve 4,57% dos votos, ficando num discreto quarto lugar; em 2014, já no PMDB, multiplicou seu capital eleitoral, obtendo pouco menos de 4,6 milhões de votos, ainda distantes, porém, dos 12,2 milhões confiados a Alckmin. Nesta campanha de 2018, novamente pelo vetusto MDB (agora sem o “P”), aparece em empate técnico com o ex-prefeito no primeiro lugar (na medição do Datafolha). A obsessão pelo cargo de governador e as constantes aparições nos comerciais do Sesi e outras instituições do Sistema S que presidiu em São Paulo devem ter ajudado a tornar mais conhecido esse paulistano que gosta de dizer que foi escoteiro e que começou a trabalhar aos 14 anos. Skaf não é exatamente desses que se destacam na multidão, e tem em Doria um adversário que capitaliza como poucos a própria imagem. Mas cumpre reconhecer que vem se esforçando na campanha. Depois de passar uma semana inteira em viagens para dar entrevistas a emissoras de TV do interior, esteve no primeiro sábado de setembro numa unidade do Sesi da zona leste paulistana para acompanhar o ensaio da Bachiana Filarmônica regida pelo maestro João Carlos Martins. Ali, como PODER pôde constatar, procurou interagir com os circunstantes, tarefa nem sempre realizada com sucesso: beijou a cabeça do vira-lata Greg, puxou assunto com meninos que julgou jogarem futebol – eram do basquete – e perguntou a uma velha guarda, um grupo de senhores em torno de uma mesa de sinuca, “quem era o craque”. “Ele não veio hoje”, disse um deles. Aos poucos jornalistas presentes aproveitou o ensejo para afirmar que uma vez no governo levaria cultura – num escopo variado, de teatro à música erudita – a muito mais paulistas. Logo entrou no tema que parece lhe ser mais caro, a educação. “Não há mais alternativa, nós estamos vivendo uma transformação tecnológica tremenda. A educação é que vai dar oportunidade para as pessoas, então aceitar que a escola pública não tenha
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“Sou pessoa de palavra, que não larga meus compromissos no meio do caminho” qualidade, que as crianças não aprendam, que os professores sejam desrespeitados e haja crack na escola, em hipótese nenhuma.” Skaf gosta nessa hora de brandir seus feitos na área educacional à frente do Sesi, como detalharia melhor depois em entrevista a PODER. “Quando eu assumi a presidência do Sesi, eu tinha o sonho que dar educação em tempo integral de qualidade para os alunos. Não foi fácil, boa parte do corpo técnico achava que era inviável. Mas implantei, mantendo as finanças em ordem. Todos os alunos têm aulas de robótica. A merenda inclui café da manhã, almoço de verdade e lanche da tarde, tudo balanceado, com alimentos saudáveis controlados por nutricionistas em cada escola.” O candidato aproveita para enfatizar que o cenário de cofres vazios e pressões por redução de despesas no âmbito dos governos não é um entrave. “Os custos por aluno da rede Sesi e da rede estadual são muito próximos. O problema da educação não é falta de dinheiro, é má gestão.” TEMER Ser afilhado político do presidente Michel Temer, como seus adversários gostam de sublinhar, é um passivo considerável, e quando Skaf é lembrado disso em debates e coletivas, foge do tema como Drácula do alho. Nesse momento usa o bordão “é preciso criar uma nova história
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Os candidatos João Doria (PSDB), Paulo Skaf (MDB), Marcelo Cândido (PDT) e Rodrigo Teixeira (PRTB) em debate na Rede TV
para São Paulo” e procura jogar luz para suas próprias realizações no Sistema S. Se possível, embute no raciocínio uma indireta para Doria, aquele que disse que faria – ou seja: cumprir integralmente os quatro anos de mandato na prefeitura – e não fez. “Minha vida tem o que mostrar. Sou pessoa de palavra, que não larga meus compromissos no meio do caminho.” Sem coligações que o apoiem, Skaf tenta fazer desse handicap político um trunfo eleitoral. Sem medo de atacar de “textão”, disse o seguinte a PODER: “Segundo o estudo Visão Brasil 2030, desenvolvido pelo Centro de Liderança Pública em parceria com a McKinsey Global Institute, o loteamento de cargos públicos é a principal fonte de ineficiência da gestão pública. Por isso, decidi fazer política de uma forma diferente, sem coligações. Se o povo do Estado de São Paulo me der essa oportunidade, vou colocar pessoas qualificadas e competentes para gerirem cada área”. Num distante terceiro lugar nas pesquisas, com 5% das intenções de voto (Datafolha), o atual governador, Márcio França, está numa corrida insana contra o reló-
gio para crescer eleitoralmente. Alguns dos trunfos que costuma mostrar estão na mesma seara dos de Skaf. Na educação, sempre menciona a Univesp, a Universidade Virtual do Estado de São Paulo, instituição de ensino superior a distância de que se considera o pai e, acredita, funciona para enfrentar o gargalo das vagas insuficientes na USP, Unicamp e Unesp, as universidades públicas paulistas. “São 20 mil vagas nessas instituições para 450 mil alunos que se formam no ensino médio anualmente”, ele diz. E igualmente como o candidato do MDB, que escolheu para vice-governadora uma PM, a tenente-coronel Carla Basson, França vem fazendo gestos simpáticos à corporação. A “narrativa” começou no Dia das Mães, quando homenageou em sessão solene a PM Kátia Sastre, que, num dia de folga, matou um assaltante armado que ameaçava crianças numa escolinha de Suzano. As vitórias tranquilas do PSDB nas últimas eleições para governador e o triunfo acachapante de Doria em 2016 para a prefeitura de São Paulo parecem ser página mais do que virada neste ano. Para o Bandeirantes, a disputa, como diria aquela música do João Bosco, promete. n PODER JOYCE PASCOWITCH 55
RESPIRO
ERUDITO POPSTAR
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A figura caricata de um maestro cabeludo, com os cabelos antes comportados e moldados por boa dose de brilhantina a se soltarem sobre as têmporas em catarse no clímax da sinfonia está no imaginário coletivo. Essa cena descreve bem Heitor Villa-Lobos ou algum outro apaixonado pela música, mas ter se tornado sinônimo de regência deveu-se ao primeiro artista pop da música clássica, o americano Leonard Bernstein. Pioneiro em levar o erudito à televisão aberta nos anos 1960 com seu Young People’s Concerts, Bernstein celebrizou-se à frente da Filarmônica de Nova York, foi reconhecido em vida como compositor de peças aclamadas pela crítica, mas de algum apelo popular (entenda-se Hollywood e Broadway), e teve os palcos da elitista Europa abertos para si, tendo sido ovacionado em 1979 ao reger a Filarmônica de Berlim – então sob a batuta de Herbert von Karajan, um rival seu. O ápice? A Nona Sinfonia de Mahler, peça extremamente sofisticada que expressa bem as particularidades da obra do compositor predileto do maestro. Tal performance só foi registrada em áudio, mas outros diversos vídeos do grande regente em ação estão disponíveis na internet – destaque para os divertidíssimos bastidores da preparação dos músicos. Vale conferir. E só nos cabe aplaudir: Bravo! De pé.
PODER VIA JA POR ADRIANA NAZARIAN
ERA UMA VEZ O arquiteto suíço Romain Michel-Ménière gostava tanto de trabalhar no Marrocos – são dele projetos como o do restaurante Nomad – que acabou se mudando para o país. Não satisfeito, inaugurou recentemente seu próprio hotel, o charmoso Berber Lodge, na região das montanhas do Atlas. A meia hora de Marrakesh, o destino é parada obrigatória para dias de descanso total em meio ao visual bucólico: um refúgio entre oliveiras centenárias e montanhas alaranjadas. Com clima bem intimista, o destino tem nove quartos – a maioria dos móveis é do próprio Ménière –, um restaurante marroquino, salão com lareira, livraria, bar e o ponto alto: uma piscina de 15 metros escondida entre as árvores. Tudo feito com técnicas da cultura berbere. Em tempo: quem assina parte do décor é o mesmo pessoal do museu Yves Saint Laurent. FOTOS DIVULGAÇÃO
BERBERLODGE.NET
NO RADAR
Uma cidadezinha americana batizada de North Adams, em Massachusetts, tem chamado a atenção dos entusiastas da arte. Para começar, seu Museu de Arte Contemporânea, o Mass MoCA, foi ampliado e hoje é um dos maiores do gênero nos Estados Unidos. Localizado em uma fábrica industrial do século 19 invadida pela iluminação natural, tem mostras imperdíveis – a atual exibe trabalhos de James Turrell. Thomas Krens, ex-diretor do Guggenheim e homem por trás das mudanças, tem planos ainda mais ambiciosos para o destino.
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FRESQUÍSSIMO
O Prado, restaurante que está no topo da concorrida cena gastronômica de Lisboa, tem uma regra: se determinado ingrediente está fora de época, não vai à mesa. A premissa é do jovem chef António Galapito, que fez carreira ao lado de Nuno Mendes, no Taberna do Mercado, em Londres. Em seu projeto solo, o cozinheiro tem chamado atenção pelo cardápio enxuto e descomplicado, focado em produtos portugueses. Para acompanhar delícias feitas para compartilhar, vinhos orgânicos, biodinâmicos e naturais, claro. PRADORESTAURANTE.COM
ESQUENTA
Os viajantes que já descobriram os encantos de Cornwall comemoram: o destino na Inglaterra ganhou um beach club todo cool. A dona da ideia, a designer e hoteleira Olga Polizzi, comprou o jardim do Tresanton, um dos melhores hotéis do destino, para montar seu beach club. Com vista para o farol St. Anthony, o local tem burgers, ostras, vinhos e um bar de sucos feitos na hora. TRESANTON.COM
PAULO TAVARES, SÓCIO DA JUST ANOTHER BRAND
“Visito a China há 25 anos e acompanhei de perto o crescimento do país. Hong Kong é uma região vibrante, que mistura atrações históricas com a modernidade dos centros urbanos. Você pode se hospedar tanto no continente, em Kowloon – recomendo o hotel The Peninsula –, quanto na ilha – no Mandarin Oriental. Entre os passeios, a dica é o Soho, com bares – vá ao Quinary –, restaurantes descolados, lojas de designers – SpyHenryLau – e galerias de arte, como a Gagosian Gallery. Você também deve ir ao Victoria Peak, mas, se sobrar tempo, vale visitar o Buda Gigante construído no topo de uma montanha em Lantau, ao lado do monastério Po Lin, a meia hora de Hong Kong. Para compras, a Lane Crawford é a loja de departamentos mais icônica e luxuosa da Ásia desde 1850, com todos os estilistas do mundo. Na gastronomia, destaco o Forbidden Duck pelo melhor pato laqueado, o Din Tai Fung para se esbanjar nos famosos dim sum chineses e os estrelados Rech by Alain Ducasse ou L’Atelier de Joël Robuchon. E o Ozone, considerado o bar mais alto do mundo, no 118º andar do The Ritz-Carlton.”
Conheça mais sobre meu trabalho:
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Na sexta-feira do Sabá, judeus ortodoxos rezam junto à seção oeste do Muro das Lamentações
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VIAGEM
PORTAL DA EMOÇÃO Ninguém fica indiferente numa viagem a Israel, país em que o sagrado espera a cada esquina. Até mesmo quem não é de fé fica tocado pela beleza, cultura e história que brotam em cada instantâneo dali texto e fotos
FERNANDO TORRES
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Na pág. oposta, uma singela entrada na bela Tel Aviv, a segunda maior cidade de Israel. Na foto acima, religioso em Jerusalém e, abaixo, mulheres árabes no Monte Carmelo, em Haifa, cidade portuária e universitária do norte do país
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Deserto de Negev em Mitzpe Ramon (acima) e corvos na histรณrica Fortaleza de Herodes, em Massada (abaixo)
ESPELHO
ALÉM DO QUE SE VÊ
Em 2016 o Brasil vivia o auge da crise econômica. A produção do país, medida pelo PIB, recuara pelo segundo ano seguido em um drama desconhecido desde a década de 1930. Foi nessa condição desfavorável que a fabricante japonesa de vidros e espelhos AGC (Asahi Glass Company) anunciou a construção de sua segunda fábrica no interior de São Paulo, um investimento audacioso de R$ 750 milhões. A razão do otimismo tinha foco no futuro e baseava-se no conhecimento de ser líder global do mercado. “Na época foi uma atitude corajosa, que representou os planos da companhia na região. Com a nova planta, que está com obras a todo vapor em Guaratinguetá, vamos aumentar a capacidade de produção de 600 para 1.450 toneladas por dia”, conta Franco Faldini, diretor de vendas e marketing da AGC na América Latina, ressaltando a posição estratégica da filial brasileira na América do Sul. Segundo o executivo, o setor de vidros cresce historicamente três vezes mais do que o percentual do PIB – relação inversamente proporcional nos períodos de queda. A previsão é de que o novo forno seja aceso no segundo semestre de 2019 e possibilite, além de mais do que dobrar a capacidade instalada, concentrar a produção hoje divida entre construção civil e indústria automobilística. Itens
importados do portfólio da AGC também passarão a ser produzidos na nova fábrica, que estima gerar cerca de 500 empregos diretos e indiretos. “Nossa principal demanda é a construção civil, mas tecnologia e inovação também são pilares importantes, já que temos o propósito de acrescentar funcionalidades para o vidro”, revela Faldini. “Desenvolvemos uma peça com pasta de prata que inibe a proliferação de bactéria para a utilização em hospitais, por exemplo. Outra novidade é o vidro que retarda chamas, suportando elevadas temperaturas. É como uma porta corta fogo, mas com a possibilidade de permitir ver o que se passa do outro lado em caso de incêndio.” Ambos os produtos estão em fases de testes e regulamentação. A AGC chamou a atenção do mercado recentemente com uma criativa campanha de comunicação. Na ocasião, oito influenciadores – entre eles a jornalista e diretora de PODER, Joyce Pascowitch – foram desafiados a ficar dois dias sem se olhar no espelho. O objetivo, segundo Faldini, foi criar desejo no consumidor. “As pessoas não pensam no espelho, é um tipo de produto que não está na lista de compras, mas tira ele do seu dia a dia para ver o que acontece”, desafia o executivo. O leitor já tentou isso?
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É DE PODER POR ANA ELISA MEYER
ANNETTE BENING E WARREN BEATTY
Conhecido como um dos maiores mulherengos de Hollywood, Warren Beatty relacionou-se, segundo o jornalista e biógrafo Peter Biskind, com mais de 12 mil mulheres ao longo da sua solteirice. O astro desmente, claro. Na lista oficial de conquistas há nomes como Jane Fonda, Joan Collins, Diane Keaton, Faye Dunaway, Madonna e muitas outras. Mas, em 1992, o solteirão convicto rendeu-se ao casamento ao se apaixonar pela atriz Annette Bening, com quem contracenou em Bugsy. Quatro filhos e 26 anos depois, Beatty, hoje com 81 anos, e Annette, 60, continuam juntos e formam um dos casais mais emblemáticos e duradouros do mundo do cinema.
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BLAZER Ermenegildo Zegna preço sob consulta zegna.com
QUESTÃO DE ESTILO
O mês será de revolução na Chanel com a chegada da primeira linha de maquiagem para homens: Boy de Chanel, em homenagem a Boy Capel, que foi namorado de Coco, fundadora da maison. Inicialmente serão três produtos: base de cobertura leve com ácido hialurônico e fator 25, lip balm com oito horas de hidratação e lápis de sobrancelha à prova d’água, todos com fórmulas imperceptíveis e de longa duração. A inspiração veio do feminino e reforça o ideal da criadora, para quem estilo nada tem a ver com gênero. A Ásia será o primeiro mercado a experimentar a novidade, que chegará ao Brasil em 2019. CHANEL.COM
* PREÇOS PESQUISADOS EM AGOSTO. SUJEITOS A ALTERAÇÕES FOTOS GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO
RELÓGIO Rolex preço sob consulta rolex.com
BRINCO Vivara R$ 2.990 vivara.com.br
ESCARPIM Christian Louboutin R$ 2.990 christianlouboutin.com
CADEIRA Sergio Rodrigues para Dpot preço sob consulta dpot.com.br
BOLSA Salvatore Ferragamo preço sob consulta ferragamo.com
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A Montblanc acaba de apresentar a nova linha de trolleys, que pela primeira vez conta com uma peça de tamanho grande para ser despachada. A organização continua o grande trunfo, já que a nova família vem com divisórias funcionais para armazenamento correto. Chegam também as malas de mão, com espaço dedicado para os carregadores portáteis. São cinco modelos com tecnologia japonesa e estilo italiano, além de sistema de abertura com encaixe magnético. Nesse caso, é possível abri-los com uma mão. Há ainda opção de personalização com as iniciais do proprietário, entre outros mimos. Partiu? MONTBLANC.COM PODER JOYCE PASCOWITCH 67
FERVE
VERA ZUGAIB E ROBERTO SETUBAL
ofereceram um jantar para celebrar as sete décadas do Museu de Arte Moderna de São Paulo. O evento, em homenagem a Milú Villela e Cildo Meireles, reuniu mais de 400 convidados no próprio museu.
MAGUY E JEAN-MARC ETLIN
ANDREA E JOSÉ OLYMPIO PEREIRA
fotos paulo freitas
70 ANOS DO MAM Daniela Villela, Vera Diniz e Paula Azevedo
GEYZE E ABILIO DINIZ
CANDIDO BRACHER
DANIELA E ALFREDO EGYDIO ARRUDA VILLELA FILHO
NECA SETUBAL E PAULO DE ALMEIDA PRADO
ROSE SETUBAL
BOA MESA
VERDADE NA COZINHA
Com seu novo restaurante carioca, o Sud, Roberta Sudbrack volta a abraçar a simplicidade, depois de achar que na alta gastronomia “tudo estava rígido”
E o Sud traz isso? Senti que tudo estava muito rígido na alta gastronomia. Aquilo me incomodou demais, ficou distante do que penso ser a comida na verdade. O Sud é um lugar afetivo, cool sem ser forçado, é livre! É onde voltei a sentir prazer em cozinhar. O horário de funcionamento é super na contramão, das 12h às 21h. Porque acreditamos que é importante pensar no bem-estar da equipe. São jovens, que sonham em trabalhar na cozinha,
mas também querem sair com os amigos, namorar, ter vida fora da cozinha. Há outros projetos por vir? Tenho mil ideias. Eu sou muito inquieta, insuportavelmente inquieta. No momento, estamos colocando o Sud para voar. Em seguida encaro o desafio de assinar a direção de gastronomia do novo Hotel Arpoador, com projeto fantástico e supercarioca do Thiago Bernardes. Vai ser lindo, muito afetivo também. E a ideia mais uma vez é apostar na simplicidade, no despojamento e no afeto. Qual a sua comida preferida e quem a prepara? Sempre foi e sempre será o frango ensopado com polenta da minha avó Iracema. Este ano ela partiu para uma nova viagem, mas ensinou “bem direitinho”, como ela costumava dizer, a receita à Renata, que trabalha na minha casa há mais de 15 anos. Então posso matar essa saudade de vez em quando.
por fernanda grilo
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Com o Sud, um projeto menor, mais simples, você vai na contramão de outros chefs. Qual a razão disso? Foi algo muito pessoal, uma mudança de casca. O conteúdo continua o mesmo. Qualidade, procedência e artesanato do produto são coisas que fazem parte do meu DNA, não mudam. Mas quis me aproximar mais do público, procurar um caminho mais simples para me expressar. No fundo acho que é algo que o mundo está precisando, mais verdade, menos invencionice.
HIGH-TECH POR FERNANDA BOTTONI
PÉ NO PEDAL, PÉ NO FUTURO
Há muito mais do que luzinhas e campainhas para equipar sua bike. Separamos os gadgets mais legais que vão transformar definitivamente a experiência de pedalar
SUNNYCAM XTREME EDITION
LEVI’S SMART JACKET
Para quem gosta de vestir tecnologia – literalmente – a wearable Levi’s Commuter Trucker Jacket, feita em colaboração com o Google, é perfeita. Com ela você pode receber mensagens, fazer chamadas, controlar a playlist e obter rotas. Tudo isso enquanto pedala, fazendo alguns gestos simples. A conexão com o smartphone é via bluetooth.
LEVI.COM PREÇO: R$ 1.360
Quer gravar a trilha da sua perspectiva em vídeos 1080 p com estes óculos sensacionais? O produto é resistente à água, tem alertas de vibração, uma câmera poderosa entre as lentes e design ultraslim. A memória é de 16 GB, capaz de armazenar mais de três horas de gravação.
SAMSUNG GEAR FIT2 PRO
Com a Gear Fit2 Pro você pode pedalar totalmente conectado – inclusive ouvindo Spotify no modo off-line, sem precisar do smartphone. A pulseira esportiva ainda tem monitoramento avançado de natação, GPS integrado, acompanhamento contínuo da frequência cardíaca, detecção automática de atividades e certificação 5ATM1 para resistência à água. Tem tela curva de 1,5 polegada super Amoled e touch, com cores em alta resolução, que tornam as atualizações e notificações mais fáceis de ler. Disponível em preto e vermelho. SAMSUNG.COM.BR PREÇO: R$ 1.199
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* PREÇOS PESQUISADOS EM AGOSTO. SUJEITOS A ALTERAÇÕES FOTOS DIVULGAÇÃO; PAULO FREITAS
SUNNYCAM.CO PREÇO: R$ 620
LUMOS KICKSTART HELMET WITH MIPS
Um capacete inteligente que, além de proteger o ciclista em caso de quedas, tem 48 LEDs na frente e atrás para iluminar o caminho e fazer com que o usuário seja visto onde estiver. Tem reconhecimento de gestos, sinais de direção e vem equipado com Mips (Multi-directional Impact Protection System), uma camada adicional de segurança que protege o ciclista contra quedas em determinados ângulos. Possui tecnologia bluetooth e bateria com mais de seis horas de duração. Compatível com Apple Watch, Health e Strava. Lançamento previsto para o fim do ano. LUMOSHELMET.CO PREÇO: AINDA NÃO DIVULGADO
WAHOO FITNESS’ ELEMNT
Se para você pedalar é coisa séria, este pode ser um companheiro e tanto para sua bike. É um pequeno computador de bordo que pode ser acoplado ao guidão. Como é equipado com GPS, não depende do smartphone para informar onde você está ou que caminho deve seguir. Tem bluetooth smart e ANT + dual band para emparelhar com diversos sensores de ciclismo e monitores de frequência cardíaca. Um app gratuito reúne todos os dados de perfil, desempenho e viagens que você pode compartilhar com quem quiser. Além disso, indicadores de LED QuickLook informam suas métricas de desempenho, como velocidade, cadência e potência. WAHOOFITNESS.COM PREÇO: R$ 1.300
REVOLIGHTS ECLIPSE
Considerado melhor sistema de iluminação para bicicletas do mundo, o Revolights Eclipse é equipado com luzes dianteiras brancas, luzes traseiras vermelhas, sinais de conversão integrados e luz de freio inteligente piscante. Alimentado por baterias recarregáveis via USB, o produto promete visibilidade de 360 graus e design futurista resistente a qualquer clima. REVOLIGHTS.COM PREÇO: R$ 580
ROMEU TRUSSARDI,
presidente da Trousseau “Uso iPhone e iPad, WhatsApp, Netflix e Spotify, mas sempre com moderação. Ouço música o tempo todo, leio mensagens até as oito da noite e não tenho e-mail no meu celular. Nem tenho Instagram. Acompanho as redes sociais da empresa, sei tudo o que acontece, mas não tenho seguidores e não sigo ninguém. Uso o smartphone para me aproximar das pessoas, para ligar para as mais próximas – não para me afastar delas. Acho que a tecnologia deve me servir e não me escravizar. Lamento que a maioria não pense dessa forma.”
CULTURA INC. POR LUÍS COSTA
ATERRADORA
Nas pegadas do thriller e do slasher, Gabriela Amaral Almeida lança primeiro longa-metragem com uma trama de clausura e brutalidade
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m chef grosseiro, uma atendente insatisfeita, um cozinheiro trans, um casal de clientes esnobe, um aposentado deprimido, dois assaltantes e a invasão de um restaurante decadente. Está montado o argumento de O Animal Cordial, filme de Gabriela Amaral Almeida. Roteirista de TV e cinema, diretora de curtas premiados, a baiana de 37 anos embarca na primeira direção de um longa-metragem. “A diferença do roteiro cinematográfico em relação ao romance é que você tem ali uma partitura para ser executada e calhou de essa partitura pedir para ser realizada por mim mesma”, explica a cineasta. Na trama, um jogo de máscaras e uma tensão mortífera conduzem as horas de clausura no único ambiente do filme. “É um thriller porque a gente não sabe o que vai acontecer e tem vidas em perigo. É um slasher [subgênero de filmes de
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FOTOS DIVULGAÇÃO
terror envolvendo assassinos psicopatas] porque a violência gráfica é utilizada em algum ponto central das cenas”, diz Gabriela. A etiqueta de gênero não esgota nem limita a veia autoral. Gabriela lembra que a antiga oposição entre filme de autor e filme de gênero é matéria hoje superada no cinema. “São personagens complexos, com questões que vão além dessa mecânica primeira do gênero”, revela. “Eles poderiam estar em qualquer trama.” Além da densidade psicológica, os personagens – entre arrogância, discriminação e brutalidade – representam marcas de desigualdades no país. “A gente não vive em um tubo de ensaio”, ressalta Gabriela. “São relações de poder que você pode absorver e observar, não apenas do ponto de vista sociológico, mas do ponto de vista humano”, afirma. “Quis que o espectador sentisse que são as diferenças que levam aos embates humanos, diferenças que se encaixam na nossa estrutura social, política e econômica.” Elogiado pela crítica, O Animal Cordial entra em cartaz ao mesmo tempo em que Gabriela Amaral Almeida se prepara para estrear o segundo longa, A Sombra do Pai, este mês no Festival de Brasília. O filme teve assessoria do diretor americano Quentin Tarantino, que Gabriela conheceu depois de selecionada para um laboratório de roteiro no Sundance Institute, criado pelo diretor Robert Redford, em Utah, nos EUA. No drama fantástico, uma menina de 8 anos tenta trazer a mãe dos mortos ao ver o pai deprimido depois da perda de um amigo. n
LITERATURA
COMO SE ESCREVE?
A nova casa da literatura de São Paulo, na bela e cool Vila Beatriz, tem o nome de um pássaro que habita certas regiões de Portugal cujo piado lembra o som de uma máquina de escrever. A ideia da Escrevedeira é oferecer oficinas de iniciação à escrita e de escrita criativa, como uma conduzida pela crítica literária Noemi Jaffe (na foto). Mas há uma verdaeira plêiade de professores, como Franklin Leopoldo e Silva (da USP) e Cadão Volpato.
ARTE NO PAPEL Conhecida pelas esculturas monumentais de madeira pensadas para espaços públicos, a artista plástica Elisa Bracher lança Encarnadas (BEI Editora, R$ 89), livro com 30 desenhos em papel-arroz. A obra inclui ainda um ensaio da historiadora da arte Elisa Byington e a transcrição de um bate-papo entre ela, Elisa Bracher e a também artista Iole de Freitas. A conversa é sobre o processo criativo que resultou em Encarnadas.
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CINEMA
MORAES MOREIRA, CANTADOR Em disco de músicas inéditas, artista se inspira na literatura de cordel para evocar o sertão dos tempos de menino
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té os 17 anos, Moraes Moreira, menino de Ituaçu, no sertão baiano, não conhecia o mar, mas já sonhava em fazer música na capital generosamente banhada pelo Atlântico. “Cheguei a Salvador por volta de 1967, dizendo que ia fazer vestibular para medicina, mas na verdade a música já tomava conta da minha cabeça”, lembra Moreira, que dois anos depois seria um dos fundadores do lendário grupo Novos Baianos. Agora, os sons e os ritmos daquela meninice voltam em Ser Tão, disco de inéditas inspirado na literatura de cordel. Ocupante da cadeira nº 38 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, Moreira mergulhou no universo dos cantadores nordestinos para compor as faixas do novo disco. “O cordel já se fazia presente em minhas canções, só que ainda não observava os seus rigores”, diz. Inspiradas pela poesia oral das ruas e das feiras, as canções evocam as métricas, rimas e orações que são a síntese do texto de cordel. Ele faz quadra, sextilha, septilha, décima, entra no passo da chula e do samba de roda, no ritmo da viola e da sanfona sertaneja. Fala da música popular, do cordel, da evolução do universo. Fala também de sonho e resistência, como em “I Am the Captain of My Soul”, inspirada pelo poema vitoriano “Invictus”, do britânico William Ernest Henley (1849-1903). “Não é à toa que Nelson Mandela em seus momentos de grande angústia, no cárcere, se ape-
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gava a esse poema. Em mim bateu forte e fiz a canção com grande entusiasmo”, conta Moreira. Composta em proparoxítonas, que Moreira chama de “rimas perigosas” no cordel, a faixa “Nordestino do Século” homenageia Luiz Gonzaga, o maior nome da música nordestina e peça fundamental na sua formação musical. “Ouvia Gonzaga nos alto-falantes do interior, sempre foi o meu preferido”, lembra. “Meu primeiro instrumento foi a sanfona e isso influencia até hoje a minha música.” Aos 71 anos, o Moreira cantor diz
que faz agora sua transição para cantador. “Sem renegar o meu passado, que considero vitorioso, agora me sinto mais comprometido com alguns valores culturais que acho essenciais para reafirmar perante ao mundo: o valor da nossa gente, que se acha na diversidade e na capacidade de harmonizar diferenças” diz. “Quanto mais regional, mais universal”, afirma. O cantador agora se desdobra entre a turnê da volta dos Novos Baianos, que preparam novo disco de inéditas para 2019, e a agenda de shows do disco solo. “Alvorada dos Setenta”, que fecha o disco, fala sobre essa fase de redescoberta de Moreira. “Abandonei a zona de conforto e fiz algo que me leva de volta pro sertão, que me lava a alma.” n
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FOTOS RICARDO BORGES/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO; PINACOTECA CIVICA, COMUNE DI ASCOLI PICENO (ITÁLIA); SERGIO FERREIRA/DIVULGAÇÃO ORTHESP
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VOLPI E IONE (1) Em homenagem aos 30 anos da morte de Alfredo Volpi (1896-1988), a Galeria de Arte Ipanema, no Rio, abre a exposição Alfredo Volpi e Ione Saldanha: o Frescor da Luminosidade no dia 24 de setembro. São 66 obras de Volpi e 20 da pintora e escultora gaúcha Ione Saldanha (1919-2001). A curadoria é de Paulo Venâncio Filho. MESTRES DA ÓPERA (2) A Academia de Ópera e a Orquestra Jovem do
Theatro São Pedro, de São Paulo, apresentam, nos dias 29 e 30 de setembro, um repertório formado a partir de três dos nomes mais emblemáticos do período clássico da ópera: Mozart (Così Fan Tutte e As Bodas de Fígaro), Beethoven (Fidelio) e Gluck (Orfeu e Eurídice). O RETRATISTA E SEUS RETRATOS (3) O fotógrafo paulistano Bob Wolfenson é o centro de uma exposição individual que segue até 9 de dezembro no Espaço
Cultural Porto Seguro, em São Paulo. Nos registros de 45 anos de carreira, um conjunto de retratos – e retratados – de peso: Chico Buarque, Fernanda Montenegro, Gisele Bündchen, Lula, Pelé, Caetano Veloso. Além deles, há muitas outras personalidades do Brasil e do exterior. SÃO FRANCISCO VIAJA (4) Tiziano, Perugino, Carracci e outros grandes mestres italianos do renascimento e do barroco
mostram sua visão de São Francisco de Assis. As 20 obras vêm de 15 museus italianos distintos. Em Belo Horizonte, a exposição, na Casa Fiat de Cultura, segue até 21 de outubro – depois a mostra ancora no Rio, no Museu Nacional de Belas Artes. Na capital mineira há ainda a possibilidade de vivenciar uma experiência de realidade virtual. O espectador é conduzido por imagens da Basílica de São Francisco de Assis, do século 13, com afrescos de Giotto e Cimabue.
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CABECEIRA A CIDADE E AS SERRAS – EÇA DE QUEIRÓS
ESTANTE
POR ALINE VESSONI
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SOBRE FOTOGRAFIA – SUSAN SONTAG; A CÂMARA CLARA – ROLAND BARTHES
Para todo mundo que faz fotografia que não seja apenas profissional, esses livros são fundamentais. Para entender que você não está lá só apertando botão.
O HOMEM QUE AMAVA OS CACHORROS – LEONARDO PADURA
A MARCA HUMANA – PHILIP ROTH
Esse título não faz jus ao livro. São três histórias que se cruzam no fim que ficcionalizam a trajetória de Leon Trotsky e de seu assassino. Ele desnuda as crenças ideológicas, esmiúça o totalitarismo e mostra a maldade dos sistemas totalitários. AVEDON: PHOTOGRAPHS, 1947 - 1977 – RICHARD AVEDON
Esse livro me marcou muito quando foi lançado nos anos 1970. Eu passei a conhecer esse fotógrafo que é o maior nome da moda de todos os tempos. Ele era sinônimo de elegância, determinava o que era o bom e o ruim, o belo e o feio desse métier, e fotografou as grandes modelos da época.
Roth é um dos escritores que mais amo. Ele é judeu, como eu, e tem muito sobre identidade judaica no livro. É sobre a história de um cara que começa branco e termina negro. Além das transformações que suscitariam alguém mudar de cor, é muito bem escrito. É uma obra sobre o absurdo e o absoluto.
FOTOS BRUNA GUERRA; DIVULGAÇÃO
O fotógrafo Bob Wolfenson não se considera um leitor inveterado. “Tem gente que lê muito mais do que eu”, reconhece. Mas, é claro que, para chegar a ser considerado um dos maiores nomes da fotografia de moda, retratos e nus, a coisa não aconteceu assim, por mágica. Ele teve de destrinchar páginas e mais páginas de densa teoria fotográfica de Susan Sontag e Roland Barthes. Ou se deleitar com a intensidade dos enquadramentos do fotógrafo americano Richard Avedon – que está para os Estados Unidos assim como Wolfenson está para o Brasil: ambos clicaram as personalidades mais expressivas de seus países. Diferentemente do habitual, Wolfenson não tem o costume de ler à noite. “Só leio antes de dormir se estiver muito ligado no assunto, porque eu costumo dormir muito rápido.” Os fins de semana, pela manhã, são seus momentos preferidos para ler sobre fotografia, teoria e criação artística. Leituras que ele intercala com história do Brasil, outro assunto que adora. “Tenho o hábito de ler vários livros ao mesmo tempo, pois descanso de um no outro”, explica. O fotógrafo tem se dedicado atualmente a leitura de Brasil: Uma Biografia, de Heloisa Maria Murgel Starling e Lilia Schwarcz – obra baseada em vasta documentação original com a proposta de uma nova história nacional. As autoras tentam ir além de fatos oficiais e se debruçam sobre o cotidiano, as minorias, arte e cultura. Paralelamente, lê a biografia de seu fotógrafo preferido, Richard Avedon, (Avedon: Something Personal) escrita por sua exsecretária Norma Stevens em parceria com o editor Steven Aronson. Além disso, seus gostos literários também têm uma parcela identitária. De ascendência judia, Bob Wolfenson é grande fã do escritor americano Philip Roth, cuja ficção é celebre pelos personagens de famílias judaicas. Filho de pai stalinista, devoto ao “Partidão”, ele cresceu em um ambiente influenciado por ideais comunistas das décadas de 1950 a 1970. Logo, outra questão que o interessa são os desdobramentos dos sistemas totalitários, que seu pai não teve oportunidade de ver.
É um livro muito bem escrito. É curioso, porque é um retrato do começo do século 20 que se tornou atemporal, já que ele poderia ser usado para descrever a sociedade contemporânea, sua sede por tecnologia e as dicotomias entre as cidades e o campo. É tão factual que transcende.
UNIVERSO PARTICUL AR POR ALINE VESSONI
FOTOS BRUNA GUERRA; ISTOCKPHOTO.COM; GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO
Como curadora-chefe da Pinacoteca do Estado de São Paulo, a arquiteta formada pela FAU Valeria Piccoli empreende longas jornadas que só terminam em casa. Mas nos dias que precedem exposições faz imersão total na instituição Em um dia ordinário, Valeria Piccoli supervisiona a equipe de curadoria, de restauração e de documentação dos acervos bibliográfico e documental da Pinacoteca. “No museu, raramente consigo sentar para escrever.” Com isso quer dizer que todo trabalho intelectual de escrita ela acaba levando para casa e extrapola a jornada que começa por volta das 9h30 e vai até as 19h ou 20h. “Já nos dias que precedem uma exposição importante fico imersa 24 horas. Estou sempre por aqui para dar suporte aos convidados”, conta ela, que está no cargo desde 2012. Ainda não existia a graduação em história da arte quando Valeria entrou para o curso de arquitetura e urbanismo, na Universidade de São Paulo. “Fui percebendo que a curadoria era um campo possível dentro da faculdade.” E, logo depois de se formar, teve aquilo que chamou de “oportunidade rara”, ao se envolver com um projeto de pesquisa que se transformou numa exposição e livro. “Dessa forma,
acabei entrando nesse meio de museus”, relembra. Para um mero espectador fica difícil mensurar a labuta que existe por trás de cada criação, mas envolve desde pesquisar as obras e a vida do artista, contatar donos de acervos e, então, analisar o que cabe no orçamento, viajar para fazer levantamento de material, identificar obras e, “quando as pesquisas estão bem avançadas, isso é trabalho para, no mínimo, um ano”. Quando conversou com a reportagem, Valeria se encontrava “imersa”, por conta de Mulheres Radicais: Arte Latino-Americana, 1960-1985, que estava em plena abertura. Segundo a curadora, a Pinacoteca vem se dedicando a expor arte feminina. “É uma oportunidade para entender melhor o que é a produção brasileira. Por muito tempo ficou se comparando muito a Europa e Estados Unidos, sem pensar nesse contexto mais próximo, a América Latina, com quem dividimos muito mais proximidade política e histórica”, avalia. n
UM LIVRO: Meu Nome É Vermelho, Orhan Pamuk TRABALHO: prazer ARTE: desafio CIDADE: Lisboa LAZER: amigos PAÍS: Canadá BEBIDA: vinho tinto
UM VÍCIO: não dizer não POLÍTICA: jogo sujo BRASIL:
desencanto PINACOTECA:
alegria UM ARTISTA: William
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TREINAMENTO CORPORATIVO por sergio chaia
O TEMPO É O SENHOR DA GESTÃO A
1. Dedicamos muito tempo no gasto de energia, mas não na geração dela. Exercícios físicos e alimentação balanceada são exemplos de atividades geradoras, assim como as coisas que dão prazer: encontros com amigos, viagens, meditação, ações de voluntariado em causas seletivas. 2. É importante fazer pequenas pausas entre reuniões para instituir um respiro necessário. Esses momentos de descompressão ajudam a entrar na próxima atividade mais afiado. Escutar música ou telefonar para os familiares são minibreaks produtivos. 3. Multitask atrapalha: aquela história – ou histeria – de fazer tudo ao
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mesmo tempo tira produtividade. Vários estudos comprovam que multitarefa rouba energia, é quase como passar uma noite sem dormir. Como você não resolve nada com profundidade, é bem provável que tenha que voltar ao tema outras vezes. 4. Encontrar o tempo certo das coisas é fundamental. O autor Daniel Pink fala sobre isso em seu novo livro, Quando - Os Segredos Científicos do Timing Perfeito. Descubra as melhores horas do seu dia para realizar as tarefas certas. A produtividade agradece. 5. Gastamos tempo demasiado no que não importa. Cal Newport, professor de ciência da computação da Georgetown University, traduz isso como ninguém com os conceitos de deep work e shallow work. Segundo ele, o primeiro engloba as atividades nas quais se performa sem distração, levando a capacidade cognitiva ao limite. O shallow work
está no âmbito das funções corriqueiras, que tomam tempo e exigem pouco raciocínio qualificado, como responder e-mails e atualizar o feed do Instagram. Para Newport, uma pessoa otimizaria sua performance se dedicasse pelo menos 50% de seu tempo ao deep work É comum reclamarmos da falta de tempo, mas ele existe. Com disciplina e técnica podemos dedicar nosso melhor no que realmente importa. E quando isso acontece, a chance de melhores resultados aumentam consideravelmente. E isso nas várias dimensões da vida. n Sergio Chaia é coach de CEOs e atletas de alto rendimento e faz mentoria na Endeavor. Ex-CEO da Nextel e da Sodexo, é autor do livro Será que É Possível? (ed. Integrare)
ILUSTRAÇÃO ISTOCKPHOTO.COM; FOTO ARQUIVO PESSOAL
cara era de espanto, preocupação e frustração. Aquele CEO, que se considerava sinônimo de produtividade, não podia entender os resultados que entregava. Como coach, pedi que registrasse por uma semana cada atividade de seus dias. Desde levar o filho à escola, as várias reuniões de trabalho, os telefonemas que atendia e as leituras de mensagem de Whatsapp, a angustia atual dos CEOs. Foi pensando em ajudá-lo que mergulhei sobre temas como gerenciamento de energia vital, produtividade exponencial e foco. A questão não é trabalhar demais, mas como alocar bem a energia. Ou seja, como encontrar a melhor maneira de combinar atividades e definir prioridades. Cheguei a algumas conclusões:
CARTAS cartas@glamurama.com
ALMOÇO DE PODER
O ator Pedro Cardoso não tem papas na língua, e isso fica evidente na entrevista (PODER 119). Ele ainda se mostra solidário com a falta de sorte dos demais, no mínimo uma atitude muita solidária. Janaína Torris, São Paulo (SP), via e-mail
DAMA EM XEQUE
@lucasniamey Podiam entrevistar o Lula. Já que entrevistam prisioneiros (Dama em Xeque, PODER 119), pelo menos ele está em primeiro nas intenções de voto!!!
POLE POSITION
De maneira bem prática e pontual, o autor da seção conseguiu apontar algumas estratégias para quem quer vencer e ser feliz, tudo isso ao mesmo tempo (PODER 119). Ser grato e positivo melhora bastante a nossa visão do mundo exterior. Roberto Assumpção, Rio de Janeiro (RJ), via e-mail
FOTO MAURÍCIO NAHAS
PODER FEMININO
Gostaria de saber por que na PODER a maioria das matérias é com homens. Não pensem que é “mimimi”, é que quero me espelhar em outras mulheres, e não só pela aparência, mas pela inteligência e pelo poder que elas conquistaram. Fabiana Tavares, via e-mail
/poder.joycepascowitch
A sugestão é pertinente, Fabiana, mas PODER coloca em evidência, indistintamente, homens e mulheres. Para ficar apenas em algumas reportagens de capa recentes, já passaram por aqui Paula Bellizia, da Microsoft, Nadir Moreno, da UPS, Leila Velez e Zica Assis, do Instituto Beleza Natural, entre outras.
@revistapoder
AGENDA PODER
CALVIN KLEIN +calvinklein.com EMPORIO ARMANI +armani.com ERMENEGILDO ZEGNA +zegna.com HUGO BOSS +hugoboss.com JAEGER-LECOULTRE +jaeger-lecoultre.com PRADA +prada.com SAPATARIA COMETA +sapatariacometa.com.br
@revistapoder
O conteúdo da PODER na versão digital está disponível no SITE +joycepascowitch.com
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LEGADO
FOTO LENISE PINHEIRO
Se não fosse Otavio Frias Filho, provavelmente eu não estaria aqui escrevendo este texto em homenagem a ele. Sim, porque foi sendo sua funcionária na Folha de S.Paulo, fazendo parte do que se chamava Projeto Folha, que eu virei colunista, jornalista, uma profissional séria e aplicada. E acima de tudo, orgulhosa de estar naquele grupo que de certa forma revolucionou o jornalismo brasileiro nos anos 1980 e 1990. Sair da Folha, na virada do ano 2000, foi um dos momentos mais difíceis da minha vida. Eu me encaixei de tal maneira naquilo tudo que não conseguia bater asas, levantar voo em outra direção. Foram 14 anos de aprendizado, de muita cobrança, muitas reclamações e muito poucos elogios. Tão raros que nem lembro. Mas foi aquele pulso firme no dia a dia que me fez chegar até aqui. Difícil falar da morte de OFF. Triste ver que esse tempo de ousadia, irreverência, passou. Se foi junto com ele. Otavio era um chefe muito na dele. Muito crítico. Na época eu não achava nada engraçado. Depois, o tempo passando, eu via graça e um certo charme. Encontrar Otavio em algumas ocasiões, tempos depois, me deixava desconcertada – e feliz. Feliz por ter meu trabalho e meu jeito de fazer as coisas reconhecido. Feliz porque sempre, acima de tudo, eu o admirava. Muito.
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