EDIÇÃO MEDICINA
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Os melhores Cursos de Medicina
Mercado de Trabalho Não faltam empregos para médicos
Entrevista Dr. Lucas Darrigo, ex-aluno do Anglo, responsável pela UTI do Hospital São José
Uma publicação Anglo Cassiano Ricardo Ensino Médio e Pré-vestibular São José dos Campos/SP Ano 1 - Nº 1 - 2012
A conquista do Sonho Como se preparar para abraçar uma carreira de sucesso
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RegionalMarketing
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APROVAÇÕES em MEDICINA Por onde passam, nossas feras deixam marcas.
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Desde 2001, o Anglo Cassiano Ricardo possibilita aprovações nas melhores Universidades do país. Siga os passos de quem já entrou: faça Anglo. www.anglosaojose.com.br
Editorial Entre os principais propósitos do Anglo está o de sempre garantir a seus alunos o máximo em recursos, para que sejam bem-sucedidos, tanto na aprendizagem quanto em suas futuras carreiras profissionais. Com a revista Medicina, oferecemos aos estudantes a chance de conhecer detalhes sobre o curso, o exercício da profissão e o mercado de trabalho, entre outros aspectos. Nossa maior expectativa é proporcionar aos vestibulandos a tranquilidade necessária para uma escolha segura em um momento crucial de suas vidas. Anísio Spani e Saulo Daolio. Mantenedores
Índice Por que Medicina?
Expediente
pag. 4
Dr. Lucas Darrigo - Medicina é para quem gosta de estudar pag. 6 Doutores em família
pag. 9
Revista Anglo - edição Medicina. Uma publicação do Anglo Cassiano Ricardo Ensino Médio e Pré-Vestibular: R. Laurent Martins, 329 - Jardim Esplanada II São José dos Campos.
Realidade X Mito
pag. 10
Residência Médica, mais uma disputa acirrada
pag. 11
O que ajuda a conquistar o sonho?
pag. 13
Tiragem: 10.000 exemplares com distribuição gratuita. Ano de edição: 2012. Todos os direitos reservados - a reprodução do conteúdo das matérias depende de autorização dos detentores dos direitos autorais e citação da fonte. ©Anglo Cassiano Ricardo.
Prepare-se para uma vida de atenção aos estudos
pag. 14
A palavra de quem chegou lá
pag. 16
É fundamental pensar Medicina 24h por dia
pag. 18
Especialista ou generalista?
pag. 19
Estudantes buscam centros de excelência
pag. 20
Médicos preferem as grandes cidades
pag. 22
Opinião - Sérgio dos Passos Ramos
pag. 24
Paixão ao primeiro plantão
pag. 26
Coordenação geral e distribuição: Anglo Cassiano Ricardo - Ensino Médio e Prévestibular. Jornalista responsável: Vera Lúcia Nascimento Almeida Mtb 11.071 Revisão: Haroldo Barbosa Filho Projeto gráfico, diagramação e arte final: Regional Marketing Impressão: Mais Artes Gráficas
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Por que Medicina As vagas para o curso de Medicina continuam sendo as mais disputadas no ensino superior, tanto nas instituições públicas quanto nas privadas. Na Unicamp, o número de candidatos por vaga chegou a 114,4 no vestibular de 2012, enquanto na Faculdade de Medicina de Barretos, que abriu sua primeira turma este ano, o índice foi de 54.
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Na opinião do psicoterapeuta e especialista em psicologia educacional Leo Fraiman, a própria natureza humana explica o interesse por essa carreira: “Descobrir e preservar a vida é inerente ao homem. O desenvolvimento da Medicina faz parte dessa luta. Por isso, muitos continuam e continuarão se identificando com essa ciência”. A identificação reforça o fascínio em torno da profissão, justificando a atração que a Medicina exerce sobre os jovens. Especialistas alertam que isso pode levar a uma escolha errada, caso o encantamento venha a se sobrepor à visão baseada na realidade. Cresce, assim, a importância da orientação para uma escolha segura. “É necessário que o estudante conheça a realidade, tenha informações sobre o curso, o mercado de trabalho, a prática profissional”, diz Fraiman. Ele adverte que o jovem deve estar ciente das nuances que cercam o exercício da Medicina, como fatores de estresse, oportunidades e dificuldades, “para não idealizar e se decepcionar no futuro”. Nesse aspecto a escola tem um papel fundamental, através de atividades e dinâminas variadas. A psicóloga e orientadora profissional Alessandra Rosa Schönwald utiliza essas ferramentas com os alunos do Anglo, a partir do 2° ano do ensino médio. Em grupos e individualmente, eles são levados a refletir sobre suas histórias de vida, são informados sobre carreiras e esboçam um projeto de futuro. “Ajudamos o estudante a buscar o autoconhecimento, a pensar em coisas que nunca pensou antes”, afirma a psicóloga. Leo Fraiman faz outra advertência: “Entrar na faculdade é importante, mas isso
não basta.” Ele salienta que “no Brasil, 900 mil alunos desistem de cursos universitários anualmente, uma consequência da falta de preparo do vestibulando para a vida. Muitas escolas brasileiras ainda não se preocupam em preparar o estudante em seus aspectos emocionais e atitudinais”. Alessandra explica que todos os alunos do Anglo com escolha definida pela Medicina passam por questionamentos. “No caso dessa e de qualquer outra carreira, o estudante precisa entender o que o levou a fazer a opção e suas consequências para o futuro”, acentua. Conforme a psicóloga, muitos são movidos pelo desejo de ajudar o próximo. Apesar de um certo “endeusamento” em torno da profissão, Fraiman acredita que já na fase de preparação para o vestibular, aqueles que são menos identificados acabam desistindo. A nota de corte e a relação candidatos/vagas são dois pré-filtros que exigem muita dedicação do estudante. Os que chegam ao primeiro ano da faculdade passam por um novo filtro, devido à rotina e atividades acadêmicas. Em síntese, aos que pensam em ingressar em um curso de Medicina, o especialista em psicologia educacional sentencia: “Médico tem que gostar de gente . Deve lutar para ver essa gente sadia e feliz. Tem que gostar de trabalhar e estar disposto a dar conforto e segurança a quem precisa, em seus momentos mais frágeis. Porque, a despeito das várias especialidades médicas, ele é um profissional que cuida de seres humanos inteiros e não em pedaços.”
“É fundamental que o tripé aluno, família e escola esteja envolvido no processo de orientação profissional. Isso faz grande diferença“. Leo Fraiman
“A busca pelo autoconhecimento e a projeção para o futuro ajudam o jovem a refletir sobre o que realmente interessa. Como fazemos com todos os nossos alunos, aqueles que escolhem Medicina são bastante questionados sobre a opção”. Alessandra Schönwald
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Medicina é para quem gosta de estudar
ENTREVISTA
LUCAS DARRIGO
O geriatra acredita que, para ser médico, gostar de estudar é até mais importante do que ter uma vocação nata. Ele também entende que há desnível entre as diversas faculdades e que a profissão perdeu prestígio ao longo dos anos. Ex-aluno do Anglo, Lucas Eduardo Darrigo, 45 anos, atualmente é o responsável pela UTI e pela enfermaria de Clínica Médica do Hospital São José. Trabalha em média 10 horas por dia, dividindo o tempo entre o hospital e o consultório. Formado há 20 anos pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), se considera realizado na profissão, que só escolheu depois de cursar sete meses de Engenharia Mecânica, na Unicamp. A quem pretende estudar Medicina ele informa: “Ser médico vale a pena, mas a profissão não tem nada de
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glamourosa”. Observa ainda que o Brasil é um país elitista e, por conta disso, o acesso à excelência médica continua sendo para poucos. Casado e pai de dois filhos, diz que não pretende influenciar a escolha profissional deles. Afirma que se decidiu pela medicina, “porque é uma área muito intensa, com um leque enorme de opções. O vestibular é apenas o começo. Médico tem que se interessar por diversas áreas do conhecimento. Até mesmo pelos clássicos da literatura”.
O senhor tem algum parente que é médico? Como chegou ao curso de Medicina? Não tenho nenhum parente médico. Cheguei ao curso de Medicina de forma curiosa. Na escola eu sempre me destaquei em matérias como Física e Matemática. Fiz uma espécie de cursinho no Anglo. Naquela época se chamava “terceirão”. Acabei fazendo vestibular para Engenharia Mecânica, na Unicamp, e passei. Cursei durante sete meses, mas no início do segundo semestre senti um grande vazio. Comecei a achar que não era aquilo que eu queria. Na verdade, sempre gostei das matérias de Exatas, mas também me interessava muito pela área de Humanas. Senti falta disso no curso de Engenharia. Então decidi abandonar e prestei novo vestibular.
Já havia pensado em estudar Medicina antes? Isso nunca tinha passado pela minha cabeça. Havia toda uma aura sobre o vestibular e inicialmente acho que fui mais pelo desafio. Felizmente passei no primeiro que prestei e me identifiquei logo com a carreira. Se o tempo voltasse faria tudo novamente. O que aconteceu comigo é que eu tinha interesse por muitas coisas e percebi que o curso de Engenharia não supriria esse lado. Quem opta por Medicina tem que saber que, depois do vestibular, novas opções se abrem porque a carreira médica tem inúmeros campos de atuação. Ela é muito intensa e interessante.
Então ter vocação não é imprescindível? É fundamental gostar de estudar, porque médico estuda a vida toda . Precisa correr sempre atrás do conhecimento. Quem não gosta de estudar não deve escolher essa carreira. Um médico tem que se interessar por diversas áreas. Deve, por exemplo, ler clássicos da literatura, tão importantes para o conhecimento da alma humana. Então, da literatura à biologia molecular,
são incontáveis as áreas pelas quais o médico deve se interessar. Isso ajuda no relacionamento com o paciente. Já a vocação é um aspecto um pouco vago para quem tem 16 ou 17 anos. Nesse sentido eu admiro o sistema norteamericano, no qual o aluno ingressa na universidade ainda sem opção definida. Somente depois de dois anos ele escolhe, de fato, que carreira quer seguir.
O senhor considera que o curso de Medicina prepara bem o profissional? Sou muito grato e orgulhoso pela escola onde estudei. O curso da Unifesp me deu as ferramentas e as bases para a prática. Obviamente ninguém sai pronto do curso, assim como de nenhum outro. Sendo assim, acho importante escolher uma boa faculdade, em condições de formar bons profissionais. Embora haja no mercado excelentes profissionais vindos de faculdades menos favorecidas. Talvez aí entre a questão da vocação. Tem gente que se identifica a tal ponto com a carreira que acaba até superando as deficiências do curso. Eu percebi que estava no lugar certo já nos primeiros anos de faculdade, mas isso não quer dizer que o curso não seja difícil. O fato é que os 6 anos ainda não preparam totalmente. No período de residência o estudante vivencia mais intensamente a prática médica.
Como o senhor avalia o nível da medicina praticada no Brasil? Temos profissionais de nível de excelência, comparável ao dos melhores profissionais dos Estados Unidos e Europa. O problema é que o Brasil é um país elitista e apenas as elites acabam tendo acesso a essa excelência médica. Também há um grande desnível na qualidade de formação de alguns profissionais. Felizmente isso não impede que tenhamos grandes expoentes em todos os campos de atuação, inclusive na produção científica, onde o país já
ocupa um bom lugar.
E o nosso sistema de saúde? Ele ainda está em formação e possui muitas injustiças. A questão dos honorários médicos é um bom exemplo disso. Há profissionais muito bem remunerados, enquanto outros, mesmo bem preparados, enfrentam dificuldades nesse sentido. Quem quer cursar Medicina não deve ter uma visão distorcida sobre a realidade da prática médica no Brasil. Temos médicos famosos, que aparecem nos meios de comunicação, mas não se pode ter uma visão de sonho sobre a profissão.
Como anda a relação médico/ paciente? A correria da vida atual e a interposição de tantos exames entre o médico e o paciente acabam ocasionando um distanciamento indesejável. É um efeito colateral muito comum na medicina hoje. Mas quem souber usar bem a tecnologia não terá o problema de se distanciar do paciente. Aqui entra também a questão do sucateamento dos honorários. Há profissionais que não conseguem superar isso, fazendo uma medicina mais protocolar e menos humanizada. A relação com o paciente também mudou em função do maior acesso das pessoas à informação. Muita gente chega ao consultório com informações técnicas (extraídas da internet, por exemplo) que não sabe interpretar. Isso dificulta um pouco nosso trabalho. É uma coisa delicada com a qual temos que aprender a lidar. Muitas vezes o paciente também acredita 100% nos resultados e quando isso não acontece, pode achar que houve falhas no tratamento.
O senhor escolheu a Geriatria, então sempre busca mais proximidade com o paciente? Eu fiz residência em clínica médica, subespecialidade em doenças infecciosas e pós-graduação em infecção nos pacientes idosos. Como geriatra, penso
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“Quem quer cursar Medicina não deve ter uma visão distorcida sobre a realidade da prática médica no Brasil.” Lucas Eduardo Darrigo
que não é possível atuar sem conhecer melhor a família do paciente. Escolhi a Geriatria também por esse aspecto da especialidade. A formação exigida é, necessariamente, generalista. Corri atrás da medicina exatamente porque sempre desejei ter um conhecimento generalista. A prática da clínica médica se encaixa perfeitamente nesse modo de pensar o conhecimento e a profissão. Como o Brasil vive uma transição demográfica impressionante, com o envelhecimento da população, vem aumentando o espaço para a atuação do médico nessa área, que é relativamente nova por aqui.
Como é sua rotina de trabalho? Trabalho há 12 anos no Hospital São José, onde sou responsável pela enfermaria de Clínica Médica e a UTI. Não faço mais plantões noturnos, a não ser quando há problemas de escala na equipe. Já consigo não trabalhar aos finais de semana, mas pelo menos umas
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duas vezes por mês eu acabo indo ao hospital aos sábados e domingos. Costumo trabalhar no hospital pela manhã e no consultório à tarde, somando 10 horas por dia. Acho que mais do que isso fica difícil para o profissional, mas muita gente ultrapassa esse tempo. Eu mesmo já fiz isso. Não é raro eu voltar ao hospital à noite, para passar visita aos pacientes.
Houve muitas mudanças na prática da medicina ao longo do tempo? Existe hoje o aspecto multiprofissional. O médico já não é mais visto como uma figura dotada de superpoderes. Nossa tarefa nos hospitais agora é dividida com vários outros profissionais, como enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos. São carreiras fundamentais dentro do hospital, tão indispensáveis quanto o médico.
O que um futuro médico pode
esperar da profissão? Ser médico exige muita dedicação de tempo e energia. Em certos aspectos exige sacrifícios. No início da carreira, todo mundo trabalha à noite, dá plantão. Dependendo da especialidade, durante muito tempo é comum trabalhar aos finais de semana. Na minha casa até hoje é comum a queixa de que eu gosto mais de ficar no hospital. Mas é fundamental que o médico tenha seus momentos de lazer, seus hobbies. Entretanto, é inegável que nossa profissão demanda uma carga de atenção maior. Saímos da faculdade e da residência ainda com uma formação incompleta. Um médico só se sente maduro após alguns anos de experiência. Alguns profissionais se realizam logo no começo, mas acredito que a maioria passe por um processo lento, como o da própria vida. Vale a pena, porque a medicina é uma área maravilhosa de atuação. Mas quem se decidir por ela não deve esperar vida fácil.
Doutores em família Pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz informa que 48% dos médicos brasileiros têm parentes que também estudaram ou estão estudando Medicina.
Na verdade, apesar dos grandes desafios impostos pela profissão, nenhum médico consegue esconder a satisfação quando algum parente direto decide fazer a mesma opção. Foi assim com o casal Israel e Maria Luisa Leiderman (endocrinologista e alergista, respectivamente, ambos formados pela UFRJ há 25 anos), pais da jovem Dafne, que se forma este ano pela Faculdade de Medicina da USP. Com Luiz Claudio Coutinho (urologista) também não foi diferente. A filha Gabriela está cursando o primeiro ano na Faculdade de Medicina de Petrópolis e o pai, médico formado há 22 anos pela Unesp de Botucatu, não esconde seu orgulho. Os pais entendem que a escola foi fundamental para o sucesso de Dafne e Gabriela no vestibular. O Dr. Israel cita a importância do tripé composto também pelo aluno e a família. “A Dafne teve seu mérito, esforçou-se, e nós, junto com a equipe do Anglo, lhe demos todo o suporte”, diz.
O Dr. Luiz Claudio, por sua vez , lembra que Gabriela estudou a vida toda na mesma escola. “Os professores dedicados e o conteúdo didático foram decisivos na preparação dela”, frisa. Aos pais de estudantes que pretendem cursar Medicina, o médico aconselha paciência e total apoio aos filhos. Israel Leiderman conta que sempre incentiva a filha a ser uma das melhores de sua turma. A quase médica não gosta muito, mas até hoje ele e a esposa Maria Luísa gostam de acompanhar suas notas. Em compensação, o pai afirma convicto: “Ela será uma grande médica, eu garanto”. Luiz Claudio Coutinho segue a mesma linha e confia plenamente na dedicação da filha ao curso. “Para ser bem-sucedido na carreira, todo médico precisa estudar com afinco além de preparar-se para servir ao próximo com a alma e o coração. Tenho certeza que minha filha preencherá esses requisitos”.
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LITERATURA
Realidade X Mito Ao decidir escrever o livo “A Estratégia da Lagartixa - Uma viagem pelos bastidores da Medicina” (Editora Novo Século - 2010), o médico Dário Birolini teve a intenção de reduzir as expectativas dos pacientes em relação aos superpoderes dos médicos e da medicina. Acostumado à rotina exaustiva de cirurgião, ele enxerga a medicina como “uma área apaixonante, mas bastante trabalhosa”. Na opinião dele, muitas vezes pacientes e médicos se esquecem que, “apesar de toda a evolução, a medicina é uma mistura de ciência e arte. Vêm daí boa parte das insatisfações para com a atuação dos profissionais”. Considera compreensível que jovens se sintam empolgados com a possibilidade de vir a salvar vidas, trabalhar com tecnologias de última geração, alcançar status social. Mas dá o alerta: “Tudo isso pode ocorrer. Contudo, quem ingressa na profissão com esse foco, quase sempre se frustra”.
“É preciso passar uma ideia mais realista sobre essa profissão que cuida de gente, mas também é exercida por gente, com todas as suas limitações e defeitos” Dário Birolini
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O livro que revela os bastidores da medicina tem linguagem acessível, “exatamente porque quero desmistificar. É preciso passar uma ideia mais realista sobre essa profissão que cuida de gente, mas também é exercida por gente, com todas as suas limitações e defeitos”, frisa. Nas palestras que faz para jovens estudantes nunca há indiferença da plateia. Dário Birolini procura tratar o tema com seriedade, mas de forma divertida. Acaba surpreendendo os espectadores. “Há quem saia com mais convicção de que quer ser médico, mas também há quem conclua que não tem estômago para isso”, diz. À pergunta sobre características que alguém deve ter para exercer a medicina, ele é categórico: “Não creio que haja nenhuma específica”. O cirurgião acha que quem não tem QI acima da média terá que se esforçar mais para passar no vestibular e depois encarar de frente uma profissão que exige muita responsabilidade, estudo, dedicação e sacrifícios. “Mas que continua valendo a pena!”, garante.
Residência Médica, mais uma disputa acirrada Quem decide estudar Medicina precisa saber que, passados alguns anos de curso, terá que enfrentar outra etapa tão ou mais difícil que o vestibular: a residência médica . Trata-se de um curso que dá oportunidade de especialização. Só entra quem é aprovado em concursos cada vez mais disputados. A residência médica é uma modalidade de especialização reconhecida pelo MEC, encontrada em instituições de saúde, universitárias ou não. O médico não é obrigado a passar por essa etapa, mas ela é fundamental para o aprimoramento profissional em um dos ramos da ciência médica. Anualmente são disponibilizadas 7 mil vagas no Brasil. Os candidatos são submetidos a um processo de seleção estabelecido pela Comissão Nacional de Residência Médica. Uma prova teórica testa os conhecimentos adquiridos ao longo do curso, principalmente em relação à especialidade escolhida. A entrevista pessoal e a análise do currículo também costumam contar pontos. Os aprovados passam a ter contato com profissionais experientes e qualificados. Começam a participar ativamente das equipes dos hospitais, com dedicação exclusiva. A legislação estabelece o pagamento de uma bolsa mensal em torno de R$ 2,4 mil, correspondente a uma jornada de trabalho de 60 horas semanais. O período de residência pode durar de dois a cinco anos. No final o médico ainda tem que fazer uma prova para só então obter o título de especialista. Muitos recém-formados procuram aumentar a renda mensal trabalhando em plantões nos hospitais. O médico que opta por não fazer a residência acaba limitando sua formação.
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O que ajuda a conquistar o sonho? Dedicação, responsabilidade, regularidade são algumas das palavras comuns entre os aprovados em Medicina, quando questionados sobre dicas para quem ainda vai enfrentar o vestibular. Mas estudantes e professores concordam que nem sempre o sacrifício é sinônimo de resultado. A maioria admite que precisou se adaptar, com mais horas de estudos extra-aulas por dia, mas muitos asseguram que não precisaram exagerar. Estudante do 4° ano do curso da USP, Marcelo Traballi diz que sempre achou que não havia segredos para ser aprovado. Conta que, além de estudar bastante, teve apenas que fazer algumas mudanças em sua agenda social. “Eu passei a sair só uma vez no final de semana, mas não cheguei a abandonar os hábitos que tinha”. O estudante acrescenta que o ambiente escolar durante todo o ensino médio também contou pontos a seu favor: “Não senti a pressão do vestibular”. Encontrar tempo para descansar entre os períodos de estudos é fundamental. Se o jovem puder aproveitar esse intervalo para praticar esportes, realizar atividades sociais e de lazer, melhor ainda. O professor Gustavo Salatino (do Sistema Anglo - São Paulo) recomenda aos seus alunos do cursinho
À primeira vista , passar no vestibular de Medicina pode parecer um feito quase impossível para muitos estudantes. Quem já conseguiu incluir o nome na lista de aprovados não define uma receita de sucesso. Mas todos concordam que é necessária uma rotina intensa de estudos , doses de descanso e muito foco.
pré-vestibular que atentem para esse aspecto. Ele observa que “o estudante tem que chegar à prova bem não apenas tecnicamente, mas também física e emocionalmente. O fator limitante para atingir sua meta será aquele em que estiver pior preparado”, garante. Matheus Rodolfo Alckmin, aluno do 2° ano de Medicina, prestou atenção a esses detalhes. Comenta que disciplina, foco e determinação foram suas armas para passar na Unicamp. Mas não deixa de salientar: “Fazer o máximo não quer dizer ficar neurótico, porque isso abala o lado psicológico. O melhor é tentar conciliar os estudos com atividade física, namoro e amigos”. Está claro que ninguém consegue vaga nos principais processos seletivos do país sem estudar bastante. Mas cabe a cada um estabelecer seus métodos e limites. O vestibulando deve estudar com inteligência e não como um louco. Gabriela Coutinho, que está no 1° ano da Faculdade de Medicina de Petrópolis, às vezes estudava mais de 8 horas por dia. Ela preferia permanecer na escola após as aulas e ainda revia a matéria em casa, antes de dormir. Embora com bem menos frequência, conseguiu manter hábitos como ir ao cinema e sair com amigos.
Dafne Leiderman está no 6° ano do curso da USP e lembra que o ano do cursinho foi de bastante esforço e treino. “Esqueci a balada, colei fórmulas em portas e espelhos do quarto e fiz todas as provas que pude”. Lembra ainda que “quem treina bastante, no final acaba sabendo até a ordem das questões de cada prova”. Por isso, ela recomenda que o vestibulando faça as provas dos últimos 10 anos da faculdade que escolher. Marcelo, Matheus, Dafne e Gabriela, são ex-alunos do Anglo e destacam o apoio dos professores como preponderante para o sucesso no vestibular. Eles se lembram bem dos simulados e testes aplicados durante todo o ano do vestibular, além das aulas de aprofundamento”. É bom fazer o simulado como se fosse a prova do vestibular e focar no resultado”, mais uma dica da quase doutora Dafne. Além da satisfação por conquistar o sonho de estudar Medicina, quem já foi aprovado compartilha a certeza de que faria tudo novamente. Muitos enfrentaram momentos de insegurança e ansiedade. Mas se tivessem que dar um recado aos candidatos a seguir o mesmo caminho, certamente diriam: “Vale muito a pena!”
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Prepare-se para uma vida de atenção aos estudos Médicos não param de estudar quando terminam a faculdade Vencido o desafio do vestibular, chega a hora de o jovem mostrar se está mesmo disposto a se tornar médico. O currículo do curso de Medicina é considerado “puxado”. São seis anos de aulas em período integral. Inclui ainda atividades como seminários, pesquisas e os plantões em hospitais. Nos dois primeiros anos o aluno estuda disciplinas básicas como biologia, fisiologia, anatomia e bioquímica. Em várias instituições as turmas frequentam serviços e postos de saúde desde os primeiros períodos, assistindo o atendimento aos pacientes. Desde o início o curso dá mostras da responsabilidade assumida por quem se dispõe a seguir a carreira médica. Com o passar do tempo, o acadêmico começa a mergulhar na ciência que investiga a natureza e as causas das doenças humanas. O estudante da Unicamp, Matheus Alckmin, está entusiasmado. Mas acrescenta que no início do curso sentiu falta da didática do pré-vestibular. “Os professores são ótimos, os maiores pesquisadores da América Latina, mas a rotina de estudos é autônoma e algumas matérias são bem difíceis”. Na maioria das faculdades os alunos só iniciam o atendimento aos pacientes no terceiro ano, através das disciplinas profis-
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sionalizantes. O objetivo é treiná-los para examinar e tratar as pessoas. Após cumprir os seis anos de estudos, o futuro médico ainda terá dois anos de residência pela frente, período em que atuará em uma unidade hospitalar visando à especialização. Enganam-se os que acham que, após diplomados e com o certificado de residência, poderão deixar para trás a fase de estudos. Uma das principais exigências da profissão é a disposição para a pesquisa e a constante reciclagem. O bom médico precisa estar bem informado sobre novas drogas, formas de diagnósticos e tratamentos avançados para beneficiar os pacientes. As salas de aula dos cursos de Medicina continuam lotadas, o que comprova que a tradição está longe de ser quebrada. É difícil encontrar um médico que não fale dos desgastes impostos pelo cotidiano. Mas, em contrapartida, é fácil achar quem descreva os prazeres proporcionados pelo exercício profissional. Cursando o 2°ano, Matheus, ex-aluno do cursinho no Anglo, espera que ele e os colegas tenham garra e perseverem no caminho escolhido. Ele acredita que poderá retribuir com seu trabalho aquilo que a sociedade lhe proporciona na universidade pública. “Acho que posso contribuir na conquista do bem-estar das pessoas, através do exercício da medicina”, finaliza.
Em 2009 havia 185 cursos de Medicina no Brasil, oferecendo 16.876 vagas. 77 novos cursos foram abertos, a maioria particulares, entre 2000 e 2011. 20 novas escolas serão abertas até 2014. Fonte: Instituto de Pesquisa e Ensino Médico (IPEMED) e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP).
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A palavra de quem chegou lá Ex-alunos do Anglo que hoje são médicos bem-sucedidos na carreira
Bom aluno durante toda a vida escolar, o ortopedista Renzo Maiorino confessa que ficou desapontado por não conseguir vaga na Faculdade de Medicina da USP, assim que concluiu o ensino médio. Mas não demorou a perceber que essa conquista exigiria dele muito mais dedicação.
Dr. Renzo Maiorino Ortopedista
Assim que terminou o ensino médio no Anglo, Renzo foi aprovado no vestibular da Santa Casa de São Paulo. Mas ainda não era o que queria. Seu sonho sempre foi estudar na USP e ele optou por continuar a persegui-lo. Fez mais um ano de cursinho e não se arrependeu. Não só foi aprovado na USP, como em outros dois vestibulares concorridos (Unicamp e Unesp). “Naquela época a disputa já era acirrada, mas fui muito bem preparado no Anglo e sou grato por isso”. Na opinião do médico, todo vestibulando bem preparado não precisa ter receio de encarar o desafio. Ele ressalta que o clima em sala de aula, o apoio dos professores e o material didático foram
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fundamentais para o seu sucesso. Renzo Maiorino observa que o aluno deve considerar o vestibular apenas como mais uma fase de sua vida, mas consciente de que são necessárias disciplina e restrições em sua rotina, tudo em nome do resultado almejado. Formado há 14 anos, o ortopedista escolheu fazer especialização em ombro no Hospital das Clínicas de São Paulo. Na visão dele, a Medicina continua sendo uma carreira muito interessante. Embora entenda que atualmente o médico já não seja tão prestigiado quanto no passado. “Isso vem ocorrendo porque há um número grande de faculdades ruins, oferecendo formação deficitária”, explica. Outra razão que ele aponta é a concentração dos profissionais nos grandes centros. Satisfeito com sua profissão, o Dr. Renzo avisa a quem realmente estiver disposto a se dedicar, que há na medicina inúmeros caminhos a seguir, com muitas e variadas opções de trabalho.
Formado há 25 anos e apaixonado pelo que faz, o psiquiatra Wander Cyrio Nogueira Filho compara o esforço de quem pretende estudar Medicina ao de um maratonista. “É necessária muita dedicação, mas também um bom planejamento para chegar em boas condições na reta final”, avisa.
Dr. Wander Cyrio Nogueira Filho Psiquiatra
Em1980, ele enfrentou um dos vestibulares mais concorridos do país (o da USP), mas destaca que conseguir vaga em um bom curso é apenas o primeiro de muitos desafios para quem quer ser médico. E adverte: tratase de uma carreira em que não é possível abrir mão da vocação. Ex-aluno do Anglo, o doutor Wander lembra com saudades dos tempos de cursinho. “Foi um período determinante para o meu desempenho. Tive muito apoio dos professores”. Para quem quer se sair bem no vestibular, assim como na vida profissional, o médico sugere levar a sério todo o ensino médio. Na fase preparatória para a disputa, considera imprescindível dosar o estudo com atividades físicas, lazer e convívio social. Quando ele ingressou na USP, o vestibular de Medicina já tinha a fama de ser um dos
mais difíceis, principalmente nas universidades públicas. Por isso, adotou uma rotina de estudos rigorosa, mas conta que a postura da equipe da escola, “humana, calorosa e até divertida” fazia a diferença. “Isso aliviava o clima tenso daquela fase”, frisa. Psiquiatra com especialização na Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, Wander Nogueira é um profissional realizado e feliz com suas escolhas. Aos jovens que pensam em seguir a carreira recomenda atenção especial a características que, na visão dele, são ferramentas imprescindíveis a qualquer médico: gostar de gente, de manter contato, de conviver; exercitar permanentemente a compreensão, ser sensível, ter empatia. Quem possuir essa base, avalia, certamente conseguirá superar mais facilmente as questões financeiras e burocráticas que por vezes ameaçam a profissão. Mais do que isso, ressalta que “em tempos de tanta diversidade mas também de tanta intolerância e falta de discernimento, somente o profissional vocacionado é capaz de ajudar a aliviar a dor. A medicina continua sendo uma bela escolha!”, conclui.
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É fundamental pensar Medicina 24h por dia Com a autoridade de quem há mais de 30 anos ajuda a preparar centenas de estudantes para o vestibular, o professor de Biologia e médico, Heitor Santiago avisa a quem quer estudar Medicina: “Não se trata apenas de conseguir vaga em um curso extraordinariamente concorrido. A medicina não é só uma profissão. É a escolha por um modo de vida em que o estudo ocupa papel central”. Professor do Anglo em São Paulo, Osasco, São José e Taubaté, ele observa que a proporção entre número de candidatos e vagas, tanto em instituições públicas quanto nas particulares, não deixa dúvidas sobre o grau de dificuldade do vestibular de Medicina. Entretanto, assegura que isso ainda é pouco diante do que o estudante terá de enfrentar durante o curso e no exercício profissional. “Para a maioria dos bons estudantes e dos bons médicos, os estudos, plantões, cursos paralelos, estágios, trabalhos científicos e a renúncia a algumas atividades, não são encarados como sacrifícios. Isso faz parte da escolha que fizeram”, afirma. Santiago não indica uma fórmula de sucesso no vestibular. “As recomendações que o Anglo faz para os vestibulandos de todas as áreas são eficientes. Mas não dá pra negar que passar em Medicina exige muito mais tempo de estudo”, admite.
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Especialista ou generalista? Como conhecedor das funções de cada órgão do corpo humano, é responsabilidade do médico diagnosticar doenças, optando pelo melhor procedimento para combatê-las. Para isso o profissional pode escolher entre 65 especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina. Em 2011, um estudo conjunto do CFM e do CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) sobre a demografia médica no Brasil revelou que mais da metade dos 371.788 médicos em atividade estão concentrados em apenas sete especialidades. Em contrapartida, existe no país o reconhecimento da necessidade de mais médicos generalistas. As pessoas sentem falta daquele clínico capaz de fazer diagnósticos apenas observando o paciente, sem a necessidade de inúmeros exames. Segundo a Sociedade Brasileira de Clínica Médica, somente 30% dos exames feitos em São Paulo acusam algum tipo de anormalidade. Em função de iniciativas governamentais, como o PSF (Programa de Saúde da Família), na atual década, o generalista voltou a ganhar espaço no mercado. É como se o “médico de família” estivesse de volta. De qualquer forma, o interesse maior dos formandos de Medicina continua sendo pelas especialidades consideradas mais tradicionais. Ginecologia e Obstetrícia e Pediatria, por exemplo, concentram quase um quarto
(24,46%) dos especialistas em atividade no Brasil. Os números mostram que a proporção entre especialistas e generalistas é de 1,23 para 1. Algumas especialidades chamam atenção pelo número muito reduzido de profissionais no mercado. Este é o caso da Geriatria, que registra somente 716 profissionais em atividade no país, conforme o levantamento feito no ano passado. As previsões são de que, em menos de 40 anos, 20% da população brasileira sejam compostos de pessoas com mais de 65 anos. Isso abre boas perspectivas para o recém-formado que se decidir por essa área.
O maior número de pediatras, ginecologistas e obstetras e clínicos está concentrado nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
A mesma pesquisa feita pelo CFM e CREMESP indica outras 20 especialidades médicas com menos profissionais, entre elas: cirurgia cardiovascular, cirurgia pediátrica, cirurgia do aparelho digestivo, medicina preventiva e social, medicina física e reabilitação, medicina esportiva e medicina nuclear.
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AS MELHORES ESCOLAS
Decidir em qual universidade cursar Medicina é uma tarefa tão difícil para os jovens quanto a escolha da profissão. Os educadores evitam apontar diretamente quais as melhores escolas, mas os números dos vestibulares não deixam dúvidas. Algumas instituições conquistaram uma espécie de selo de qualidade, confirmado pela grande demanda de inscrições em seus vestibulares e pela alta nota de corte. O curso de Medicina da USP, por exemplo, aparece na 76ª. posição no ranking das 500 melhores universidades do mundo, feito pela Universidade de Xangai (China). É o único brasileiro com lugar no top 100. No vestibular deste ano a USP aprovou apenas quem obteve um mínimo de 73 pontos. Alberto Francisco do Nascimento, coordenador pedagógico do Sistema Anglo, que anualmente aprova dezenas de alunos nos vestibulares de Medicina, ressalta: “uma escola de Medicina não pode ser encarada como um simples prédio com professores dando aulas. Além de boas instalações, ela deve ter uma boa biblioteca, bons laboratórios e um hospital. Tam-
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bém é fundamental que a faculdade se dedique à pesquisa”. Nesse aspecto, na maioria dos casos as instituições públicas apresentam-se em vantagem. “Em geral elas são as melhores. Seguem um currículo padrão estabelecido pelo MEC, que cobra o cumprimento com rigor. Um grande diferencial em relação às privadas é o Hospital Escola, onde os alunos atendem os pacientes sob a supervisão de professores, preceptores e residentes”, explica o médico e professor do pré-vestibular do Anglo em São Paulo, Gustavo Salatino. Na lista das melhores escolas de Medicina do Brasil, professores, órgãos de pesquisa e publicações especializadas costumam citar a USP (São Paulo e Ribeirão Preto), Unicamp, Unifesp, Unesp (Botucatu), Santa Casa de São Paulo, UFSC, UFPR, UFRJ, UFRGS, UNB.
Nota de corte nos vestibulares de alguns dos melhores cursos de Medicina
73
USP (SP e Ribeirão Preto)
68,8 Unicamp
402,85
Diferença está na estrutura
UNB
Um dos pontos de consenso nas análises sobre as instituições públicas e privadas é a questão da estrutura. “As públicas são bem estruturadas, têm bons cursos e não visam lucros”, comenta Nascimento. Já as privadas, completa, “podem ser divididas entre as filantrópicas, como as Santas Casas e PUCs e os grupos educacionais que investem e esperam retorno financeiro. “A consequência é que muitas vezes a faculdade é cara, mas o ensino deixa a desejar”. Um bom indicador está no aprendizado prático. Ao contrário dos que contam com um Hospital Escola, os alunos das particulares dependem de um hospital conveniado. Ainda assim, muitas vezes eles apenas assistem ao atendimento feito por profissionais. A eventual participação nos procedimentos médicos acontece somente quando há autorização dos pacientes, o que acaba limitando a desenvoltura do acadêmico. O MEC vem fechando o cerco ao que o professor Gustavo classifica como pseudocursos médicos, “que são verdadeiros caça-níqueis, de onde os alunos saem mal formados”. Alguns deles são supervisionados quando não atingem resultados satisfatórios no Exame Nacional de Avaliação de Desempenho dos Estudantes (Enade) e no Indicador de Diferença entre os Resultados Esperados e Observados (IDD). Os próprios estudantes, segundo o coordenador do Sistema Anglo, se encarregam de selecionar as melhores escolas. “Os jovens estão preocupados com isso e hoje dispõem de meios de comunicação que lhes permitem descobrir onde está o melhor ensino”. Quanto ao nível do que é ensinado nas escolas de Medicina, somente instituições como USP, Unicamp, Unesp, Santa Casa e Unifesp são considerados centros de excelência, mas é possível afirmar que o país possui várias outras boas escolas. Do contrário, não teríamos o chamado “turismo de saúde”. Pessoas de outros países estão vindo se tratar no Brasil, atraídas pela qualidade da Medicina praticada aqui.
56 UFPR
79,18 UFSC
822,98 UFRJ
754,11 UFRGS
85,88 UNIFESP
73
Santa Casa (SP)
77
Unesp (Botucatu)
Fonte: Guia do Estudante 2012
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MERCADO DE TRABALHO
Médicos preferem as grandes cidades De 1970 para cá o número de médicos no Brasil cresceu 530%. O país tem, conforme pesquisa realizada pelo CFM (Conselho Federal de Medicina ) e CREMESP (Conselho Estadual de Medicina de São Paulo), 372 mil profissionais em atividade. Ao contrário do que acontece com a maioria das profissões, encontrar vaga no mercado de trabalho não é problema para o médico, segundo dados da Federação Nacional de Saúde (Fenam).
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Embora as universidades formem cada vez mais médicos, a distribuição dessa mão-de-obra continua sendo desigual. Para cada mil habitantes, o Brasil tem 1,95 médico (nos Estados Unidos, por exemplo, a média é de 411/1). As diferenças regionais são bastante acentuadas. O maior contingente de médicos atua no sudeste (1000/2,61) e no sul (1000/2,03). A preferência dos profissionais pelos grandes centros gera disparidades comparáveis às de países pobres da África. Enquanto São Paulo conta com um médico para cada 413 habitantes (média superior até a de países da Europa), em Roraima a proporção é de 1 para 10.306 pessoas. No Maranhão, o quadro é pior: 0,68/1000. O problema torna-se ainda mais grave porque em estados como o Amazonas a maioria dos profissionais (88%) está concentrada na capital (Manaus). Os brasileiros cobram melhorias na saúde, o que aquece o mercado de contratações, principalmente no serviço público. Entretanto, segundo a Fenam , os médicos se ressentem da falta de planos de carreira que lhes garantam segurança. Levantamentos feitos pela entidade mostram que esse fator, aliado a outros, como a falta de preparo para lidar com determinadas situações, são decisivos para a concentração dos profissionais em determinadas regiões. Os que se dispõem a superar essas barreiras e encaram as deficiências estruturais não encontram dificuldades para conseguir emprego. Esses profissionais têm sido contratados pelo poder público, especialmente através do Programa de Saúde da Família.
cos/1000 habitantes.
Os estados do norte, nordeste e centro-oeste contam com a metade dos médicos concentrados no Sul e no Sudeste. Fonte: CFM
Entidades representativas da categoria lutam pela criação de um cargo federal para o médico. Dessa forma, ele faria o concurso com a possibilidade de prestar serviços em vários locais, passando por todo o Brasil. Até que isso aconteça, contudo, o mais provável é que os profissionais continuem priorizando as capitais para trabalhar, onde a média atual é de 4,22 médicos/1000 habitantes.
O salário inicial do médico, por 20 horas semanais de trabalho, é de cerca de R$ 2.200,00 nas prefeituras do estado de São Paulo. Fonte: CREMESP
Mais de 150 mil médicos atendem 45 milhões de brasileiros que possuem planos de saúde. O maior problema na relação entre os profissionais e as operadoras é o baixo valor pago pelas consultas. Há planos que pagam apenas R$ 12 por consulta. Fonte:CREMESP
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Opinião Sérgio dos Passos Ramos
Presidente da Regional de São José dos Campos da Associação Paulista de Medicina.
Continua faltando estrutura Ainda falta uma política adequada de distribuição dos médicos no Brasil . O maior número continua concentrado no Sudeste. A consequência, destaca o presidente da regional de São José dos Campos da Associação Paulista de Medicina, Sérgio dos Passos Ramos, é que a abertura de novas vagas para o curso de Medicina (são 2.415 em 2012) não se reflete na qualidade dos serviços de saúde oferecidos à população. Segundo o médico, uma série de fatores contribuem para essa realidade. A começar pelo fato de a maioria dos estudantes das diversas faculdades ser originária de estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Depois de formados, quase todos fazem o caminho de volta para suas cidades. Por outro lado, o presidente da APM chama a atenção para a mudança no comportamento dos alunos de Medicina. “No meu tempo, o maior sonho era montar consultório, hoje o recém-formado se preocupa com vários aspectos da qualidade de vida”, diz. Isso explica a concentração de profissionais nos grandes centros e a falta deles no
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interior. O médico ressalta que em 2020 a previsão é de que o Brasil tenha 2,20 médicos para cada mil habitantes, o que avalia como um ótimo número, “suficiente e necessário”. Mas tudo dependerá de uma série de medidas. “É preciso entender que médicos sozinhos não levam saúde aos locais mais distantes. Isso envolve um conjunto de atitudes, como saneamento básico, por exemplo”. Ramos acrescenta que muitos médicos não vão trabalhar no interior, apesar de salários atraentes, porque não querem colocar seus registros profissionais (CRM) em risco. “Eles sabem que não encontrarão estrutura e terão de se sacrificar”. Um dos grandes problemas enfrentados pelos médicos são as dificuldades para dar continuidade ao tratamento do paciente. Faltam hospitais de retaguarda, o que frustra o profissional nas tentativas de transferência do doente. Por essas e outras razões, Sérgio dos Passos Ramos, ginecologista formado há 42 anos pela Unicamp, compreende que hoje o sonho de muitos estudantes de Medicina seja a especialização em áreas como a Dermatologia, Cirurgia Plástica ou Oftalmologia. “Elas não exigem aten-
dimento de emergência nem plantões aos finais de semana. A formação de um médico é cara e demorada e é natural que se espere um retorno depois da formatura”. Ele frisa que, além dos seis anos de curso, a maioria enfrenta mais dois ou três anos de residência médica. Explica que, ao contrário do que se pensa, a residência não é obrigatória, mas é cada vez mais necessária devido à complexidade da medicina e às mudanças nas relações médico/paciente. “As pessoas hoje estão atentas e exigem muito mais do profissional”, observa. O presidente da APM confirma que faltam vagas para residentes, o que torna os processos de seleção cada vez mais disputados, criando uma distorção em algumas faculdades. “Já tem curso se preocupando mais em aprovar para o concurso de residência do que com o bom ensino médico”, comenta.
Médico mal preparado é risco para a população Para o presidente da APM, boa parte das escolas não prepara o aluno para a carreira. Ressalta que a qualidade de
“Temos colegas que se destacam e são aprovados nos mais disputados certames no exterior.”
ensino é uma questão que tem motivado o CREMESP a discutir a possibilidade de tornar obrigatório o exame de habilitação profissional para o médico. Hoje essa prova é aplicada em recém-formados voluntários e os resultados têm sido ruins. “São testes básicos e ainda assim muita gente não sabe responder”, lamenta. Em contrapartida, várias instituições brasileiras oferecem um ensino considerado entre os melhores do mundo. “Temos colegas que se destacam e são aprovados nos mais disputados certames no exterior”, conta o médico. Sobre os estudantes que optam por cursar Medicina em países vizinhos, adverte: “o ensino é de má qualidade”. Segundo ele, nem mesmo a mensalidade justifica essa opção, “porque esses cursos costumam ser até mais caros que os do Brasil. “ Sérgio dos Passos Ramos sugere que o estudante atente para as exigências do curso na hora de escolher a faculdade. Uma das grandes preocupações é com a parte prática. “É necessário um hospital para a formação do médico. Aqui no Brasil também temos alguns cursos em que os alunos precisam se deslocar até hospitais de outras cidades, inclusive”.
O ensino ruim está, na opinião dele, nas “fábricas de diplomas de médico”, lembrando que isso traz prejuízos à população. De qualquer forma, defende o Revalida, criado pelo Ministério da Educação para submeter os médicos formados no exterior a uma avaliação. Somente quem é aprovado tem o diploma reconhecido e pode exercer a profissão no país. Atualmente é grande o número de estudantes brasileiros nessa situação. De cada 600 candidatos inscritos para o Revalida, apenas 2 são aprovados. “O governo acredita que pode ajudar a resolver os problemas de assistência com esses médicos, mas está enganado. Colocar profissional mal preparado no mercado é expor a população a riscos”, conclui o presidente da APM.
Medicina é opção de vida Quem pensa em um bom emprego não deve estudar Medicina, “porque mais que uma profissão, ser médico é uma opção de vida maravilhosa”, assegura Sérgio dos Passos Ramos. Mas o mercado paga bons salários? O presidente da APM responde
à pergunta com um “talvez”. Ele afirma que “não existe desemprego na nossa área, mas há o subemprego”. Comenta que, “para ganhar o que um engenheiro de fábrica recebe por mês, um médico precisa trabalhar dobrado”. No serviço público, por exemplo, o salário médio é de R$1,6 mil, considerado muito baixo, principalmente se comparado ao das carreiras jurídicas. Ramos observa que um médico concursado ganha 10 vezes menos que um juiz ou promotor em início de carreira. “Por isso defendemos a equiparação. Assim será possível uma dedicação integral à medicina pública”, argumenta. O presidente da APM também diz que não há mais entre os médicos espaço para o sonho de ser autônomo. “A maioria trabalha para os convênios e precisa atender um grande número de pacientes por mês para sobreviver”. Enfim, ele admite que os desafios da profissão são enormes. Exatamente por isso dá grande importância à vocação. Conta com orgulho que sempre se sentiu vocacionado para a Medicina, adora o que faz e quer trabalhar como médico até morrer.
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Paixão ao primeiro plantão Apesar da convivência com os pais médicos, a estudante de Medicina da USP, Dafne Leiderman revela que a escolha pela profissão “não teve nada de mágico”. Sua primeira opção não era essa, mas hoje, no 6° ano, é uma médica apaixonada até pela rotina cansativa dos plantões. Aluna do Anglo desde a pré-escola, ela sempre pensou em estudar Administração. Durante o 2° ano do ensino médio, contudo, essa convicção começou a enfraquecer. “Passei a acompanhar detalhes do trabalho de administradores e acabei desistindo”, diz. Nesse período, a jovem buscou o colo dos pais. O Dr. Israel deu o empurrãozinho que faltava. “Ele me disse que eu tinha características para ser uma boa médica. Ainda no 3° ano fui aprovada para a Medicina da UFF”. Dafne preferiu não fazer o curso no Rio e focou na disputa por uma vaga na USP, optando por fazer o cursinho. Aos vestibulandos dá a dica: “É imprescindível ter meta e foco”. Para alcançar o resultado almejado, ela procurou treinar o máximo que pôde. Tanto que no meio do ano fez até o vestibular da FGV. Passou, foi conhecer a faculdade e confessa que balançou. Mas a futura médica garante: “Acho que teria sido feliz lá, mas não tão apaixonada, como me sinto hoje”. Na mesma época ela também prestou biomedicina na Unesp e passou em primeiro lugar. Por isso, faz questão de dar uma outra dica a quem pretende estudar Medicina: “Vestibular é treino, tudo igual sempre”.
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Realizada e feliz, também avisa aos futuros calouros : “A vida começa quando a gente entra na faculdade”. Além dos novos amigos, viagens, baladas, inclui, é claro, os pacientes. Um perfil para ser médico? Ela não arrisca uma definição. Considera a Medicina tão ampla que “tem especialidades para todo tipo de pessoa. Até mesmo para o profissional que não gosta muito de lidar com pacientes”, informa. Vem daí uma última dica : “Na dúvida, é melhor prestar o vestibular”. Segundo ela, o curso não é de causar arrependimentos a ninguém. Inclusive os famosos plantões, que roubam o sono de quem está no 6° ano, “são bons demais”, diz. Afirma ainda que os alunos mais resistentes, que criticam o curso no início, acabam se apaixonando quando fazem o primeiro plantão. Dafne ainda não escolheu que especialidade quer seguir, mas seu entusiasmo pela Medicina é crescente. A cada plantão ela vibra quando realiza um parto, atende um infartado ou tem que ajudar no socorro a uma vítima de acidente. Não tem dúvidas de que fez a escolha certa. Para a felicidade de seus pais, “cujo apoio foi essencial”, ela faz questão de ressaltar.
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