Passo a Passo Sebrae-MG Ed. 147

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passoapasso Agosto Agosto||Setembro Setembro2013 2013||Ano AnoXIX XIX||Nº Nº147 147

Jogada de

mestre

Empresários se capacitam para receber os turistas durante a Copa de 2014

ISSN 2238-2178

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Apicultores de Catas Altas testam tecnologia para evitar o roubo de colmeias

Extração de quartzo em Corinto conquista a confiança do mercado


CARTA AO LEITOR

Crise e oportunidade

O “É comum que os empreen­dedores optem pela informalidade, para não assumir os gastos de registro de uma empresa. Eles deveriam avaliar melhor o custo-benefício da formalização”

s empresários mineiros estão otimistas em relação ao terceiro trimestre de 2013. Conforme pesquisa de Expectativas das MPE Mineiras, realizada pelo Sebrae Minas, 60% dos entrevistados pretendem abrir novas vagas de emprego nos próximos 12 meses. O estudo envolveu 549 micro e pequenas empresas dos setores de comércio, serviços, construção civil e indústria do Estado. Apesar das previsões pessimistas para a economia brasileira, o segmento das MPE confirma sua capacidade de resistência. No entanto, por mais que essas empresas mineiras demonstrem otimismo para os próximos meses, o momento é de cautela. Planejar, realizar pesquisas de mercado, buscar informações, analisar o investimento e a taxa de retorno e identificar a necessidade de capital de giro são ações fundamentais para a tomada de decisão. É comum, sobretudo em tempos de crise, que os empreendedores optem pela informalidade, para não assumir os gastos de registro de uma empresa. Eles deveriam avaliar melhor o custo-benefício da formalização, diante das várias oportunidades que ela oferece. Com a nota fiscal, por exemplo, o empresário amplia suas possibilidades de venda e consegue melhores preços na compra de matérias-primas. Se momentos difíceis também representam boas oportunidades, os empreendedores mineiros estão na direção certa. Muitos deles já participam do programa Sebrae 2014, voltado para os próximos grandes eventos esportivos e tema da matéria de capa desta edição da Passo a Passo. Em outra reportagem, vamos conhecer um grupo de garimpeiros de Corinto, que se uniram em cooperativa, legalizaram sua atividade e conseguiram conquistar a confiança do mercado. Esse é apenas um dos projetos desenvolvidos no Territórios da Cidadania, um programa do Sebrae de inclusão produtiva por meio do empreendedorismo. Boa leitura! LÁZARO LUIZ GONZAGA Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas

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PASSO A PASSO

Passo a Passo é uma publicação do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas). Registro no Cartório Jero Oliva nº 931. Conselho Deliberativo do Sebrae Minas: BB, BDMG, CDL-BH, CEF, Cetec Ciemg, Faemg, Fapemig, Fecomércio-MG, Federaminas, Fiemg, Indi, Ocemg, Sebrae e Sede. Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas: Lázaro Luiz Gonzaga Superintendente: Afonso Maria Rocha Diretor Técnico: Luiz Márcio Haddad Pereira Santos Diretor de Operações: Fábio Veras Conselho editorial: Albertino Corrêa, Aline de Freitas, Andrea Avelar, Luciana Patrícia Rezende, Rodrigo Patrocínio Mazzei, Daniela Toccafondo, Danielle Fantini, Edelweiss Petrucelli, Gustavo Moratori, Jefferson Ney Amaral, José Márcio Martins, Karinne Mendes, Carlos Vieira Pinto, Denise Sapper, Március Marques Mendes, Paulo César Barroso Veríssimo, Regina Vieira, Alex Pena e Daniele Brito. Gerente de Comunicação: Teresa Goulart Jornalista responsável: Andrea Avelar – MTb 06017/MG Produção editorial: Rede Comunicação de Resultado Edição: Jeane Mesquita e Licia Linhares Reportagem: Bárbara Fonseca, Beatriz Debien, Brígida Alvim, Fernanda Carvalho, Hellem Malta, Jamerson Costa, João Luís Chagas, Laura Conrado, Lucas Ávila, Raíssa Maciel e Tarsis Murad Revisão: Liza Ayub Designer e diagramação: Clayton Pedrosa Fotografia: Agência i7 e Gláucia Rodrigues Foto capa: Pedro Vilela/Agência i7 Ilustrações: Cláudio Duarte, Clermont Cintra e Quinho Projeto gráfico: Brava Design Impressão: EGL Editores Gráficos Periodicidade: bimestral Tiragem: 15 mil exemplares Redação: passoapasso@sebraemg.com.br Av. Barão Homem de Melo, 329 Nova Granada – Belo Horizonte Minas Gerais – CEP: 30.431-285 08005700800

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ARTESANATO Artesãos de Santo Antônio do Leite produzem joias com design e conquistam o mercado

PÁG. 30 ARTIGO Cultura: alicerce do desenvolvimento local, por Tião Rocha PÁG. 32 CONSTRUÇÃO CIVIL Empresários do Norte de Minas buscam no associativismo o sucesso para as empresas

PÁG. 12 APICULTURA Sistema de monitoramento dos apiários é testado em Catas Altas para inibir o roubo de colmeias PÁG. 17 EMPREENDEDORISMO Jovem de Juiz de Fora planeja abrir franquias de produção de brownies em todo o país

PÁG. 56 CONFECÇÕES Empresas de Juiz de Fora desenvolvem habilidades gerenciais para fortalecer a imagem do polo têxtil mineiro PÁG. 62 NOTAS PÁG. 66 NEGÓCIO A NEGÓCIO Empresários recebem orientações para aprimorar o planejamento e o crescimento dos negócios

sumário PÁG. 37 CAPA De olho na Copa 2014, empresários mineiros se capacitam para atender os turistas com qualidade

PÁG. 71 ENTREVISTA Robério Silva, diretor executivo da OIC, aposta no crescimento do consumo de café

PÁG. 20 SUSTENTABILIDADE Fazenda em Cabo Verde transforma resíduos orgânicos em adubo organomineral

PÁG. 44 EDUCAÇÃO Programa Empresa Simulada prepara alunos para o mercado de trabalho

PÁG. 76 CONSULTORIA Aprenda a importância do plano de negócios e saiba como elaborar um plano de cargos e salários

PÁG. 26 COMÉRCIO Projetos de gestão ajudam empresas de Juatuba a aprimorar os negócios

PÁG. 49 TERRITÓRIOS DA CIDADANIA Garimpeiros de Corinto legalizam a extração de quartzo e conquistam a confiança dos clientes

PÁG. 80 É BOM SABER Os melhores cafés do Cerrado Mineiro serão premiados, assim como as práticas de cultura empreendedora nas escolas www.sebraemg.com.br 5


Fotos: Bernardo Salce/Agência i7

Junto a 14 integrantes da Associação dos Artesãos de Santo Antônio do Leite, Claudia Silva atrai turistas e compradores de todo o país com artigos feitos em prata e gemas

ARTESANATO

Mãos preciosas Artesãos do distrito de Santo Antônio do Leite, em Ouro Preto, conquistam mercado de joalheria com design e qualificação

6 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

N

o pequeno ateliê de 15 m2, a artesã Cláudia Rosária Silva molda, atentamente, anéis, brincos, pulseiras e outros tipos de joalheria, com a experiência de quem tem o ofício há mais de três décadas. Para criar os diferentes artigos, ela utiliza uma matéria-prima de grande valor e beleza natural: prata e gemas, que são pedras que se destacam por sua durabilidade e raridade. A preferida dela é a turmalina. “É uma pedra que combina com meus trabalhos. Existe em muitas cores, como a turmalina melancia, que começa verde e, no centro, fica vermelha”, ensina. A artesã diz sentir satisfação com o trabalho e chega a dedicar a ele até 15 horas por dia. “Assim, criei duas filhas, construí duas casas e viajei para vários países da Europa e da América Latina. Comecei aos 14 anos, e uma das minhas meninas, a Rafaela, também seguiu a mesma profissão. Hoje, ela tem sua própria oficina, trabalha por conta própria. O artesanato tem toda importância na minha vida.”

Cláudia Silva faz parte da Associação dos Artesãos de Santo Antônio do Leite (Arte Leite), no distrito da cidade histórica de Ouro Preto, criada em 2003 e formalizada três anos depois. Ela e mais 14 integrantes – sendo oito Microempreendedores Individuais (MI) e os demais em processo de formalização – são responsáveis por fomentar a fabricação de artigos feitos em prata e gemas, atraindo turistas e compradores de todo o país.

“Assim (com o artesanato), criei duas filhas, construí duas casas e viajei para vários países da Europa e da América Latina” Cláudia Silva, artesã e integrante da Arte Leite www.sebraemg.com.br 7


Atualmente, o grupo não possui ferramentas que contabilizem o número exato de peças produzidas. Mas acredita-se que sejam confeccionados, em média, 225 produtos ao mês em cada ateliê. Isso depende muito da demanda, que cresceu nos últimos anos, quando os artesãos passaram a divulgar e comercializar as peças em conjunto. A maior parte dos clientes é composta de turistas, especialmente de outras cidades mineiras e dos estados de São Paulo e Bahia. Desde 2009, a Arte Leite recebe orientação do Sebrae Minas (mais informações na página 11). A iniciativa estabeleceu uma série de ações voltadas, principalmente, à capacitação dos artesãos, ao apoio logístico e financeiro e à viabilização de negócios e acordos. “Após a realização de um diagnóstico sobre as potencialidades do grupo, percebemos a necessidade de apoio para a formação de processos de gestão das oficinas e o aperfeiçoamento do comportamento empreendedor”, explica Sabrina Albuquerque, analista do Sebrae Minas. Além disso, era preciso apurar a produção e a criação de peças com design, de acordo com a exigência do mercado de joalheria mais sofisticado, mas sem perder o foco no regional. Devido à técnica e ao traço de cada artesão, houve o cuidado de desenvolver métodos que ressaltassem o trabalho em grupo da 8 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

Associação. Dessa forma, as peças passaram a ser moldadas pelas mãos de um artesão e concluídas por outro, no intuito de minimizar as características individuais e ressaltar o alinhamento da produção. Os profissionais ainda estabeleceram temas para a linha de joias, inspirados na história de Ouro Preto, como a arquitetura dos casarões e das igrejas seculares, tornando o design das peças único. “O resultado desse investimento pode ser visto na melhoria da qualidade das peças, no uso de novas formas de produção e na busca de negócios vantajosos nos mercados nacional e internacional”, contabiliza Sabrina Albuquerque. Com a venda de produtos com design mais sofisticado, a Arte Leite faturou, até o mês de julho deste ano, R$ 45,4 mil, sem somar o faturamento individual de cada associado. GESTÃO EMPREENDEDORA I A cidade de Ouro Preto, além de ser conhecida como a primeira capital do país, é marcada pela tradição do artesanato de gemas. Os artesãos expunham o seu trabalho em uma feira ao ar livre, nos finais de semana, em uma atividade comercial que sustentou a vida de muitas pessoas. Especificamente no distrito de Santo Antônio do Leite, o ofício se intensificou com a inauguração da Feira de Artesanato de Belo Horizonte (Feira Hippie), a princípio na Praça da Liberdade, depois transferida para a Avenida Afonso Pena, onde funciona até hoje, aos domingos. Quando isso aconteceu, há aproximadamente 45 anos, o distrito chegou a ter mais de 150 profissionais, nas contas dos artífices atuais. Boa parte deles era formada por estrangeiros – principalmente latino-americanos, portugueses e espanhóis – que haviam se mudado para o Estado. A visão empreendedora de hoje não existia na época e, durante décadas, os artistas locais eram considerados apenas mão de obra operacional. Eles recebiam uma encomenda e todo o material necessário para a confecção das peças e, a partir daí, apenas criavam e entregavam as joias já finalizadas.

“A capacitação nos oferece a possibilidade de usar materiais e processos inovadores e que muito contribuem para a nossa atividade” João Batista, artesão

“Esse era o perfil do artesanato em Santo Antônio do Leite. Mas, agora, a realidade é outra”, afirma o artesão João Batista Ferreira Anjos, conhecido como Bezinho. Grande parte do fortalecimento da atividade no distrito se deve ao aperfeiçoamento profissional dos artesãos. “Quem se qualificou nos últimos anos se destacou no mercado. Quem não buscou esse aprimoramento, infelizmente, perdeu espaço. O público está exigente e pede peças mais elaboradas, diferenciadas, feitas por quem sabe inovar”, acredita o artesão. Ele foi um dos participantes do curso de qualificação em técnicas de fundição de metais e cravação de gemas, ministrado pelo Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG),

no campus Ouro Preto. “Fazer parte de iniciativas como essa nos dá confiança frente ao mercado. Existem muitas técnicas utilizadas atualmente que eram desconhecidas pelos artesãos locais. Essa capacitação nos oferece a possibilidade de usar materiais e processos inovadores e que muito contribuem para a nossa atividade”, pontua João Batista. Artesão desde os 16 anos, ele diz que foi um dos primeiros a se envolver em todo o processo de produção das joias, desde a formação de estoque até a venda para o varejo e o atacado. Essa capacidade era rara entre os profissionais, que, até pouco tempo, não tinham qualquer contato com as demais etapas da cadeia produtiva ou mesmo com os processos de gestão. Tudo isso, somado ao alto valor das gemas e à falta de uma gestão eficiente e de organização, impedia a busca por custos competitivos e formação de estoque. “Com as consultorias sobre comercialização, formação de preço e associativismo, este cenário mudou. Antes, muitos artesãos deixavam para colocar o preço na hora da venda, direto com o cliente, o que não dá certo. Além disso, tínhamos dificuldade para emissão de nota fiscal, o que também foi sanado depois das ações do Sebrae Minas. Para as vendas, inclusive, passamos a usar cartão de crédito e débito e a movimentar uma conta própria da Associação”, relata o presidente da Arte Leite, Dilson Ribeiro da Silva. TRABALHO EM GRUPO I Na visão de Dilson da Silva, que também é artesão há quase 25 anos, a competitividade do mercado vem exigindo que o profissional do ramo trabalhe de www.sebraemg.com.br 9


Artesanato como negócio

maneira empreendedora. A pesquisa realizada pelo Sebrae Minas, após o primeiro ano do programa, mostrou que 53% dos artesãos contrataram ajudantes para ampliar o negócio – método semelhante ao de uma empresa que contrata funcionários para acelerar a produção –, e 80% deles passaram a ter mais conhecimento sobre o seu lucro. Para aumentar as vendas, também firmaram parcerias com hotéis e pousadas de Ouro Preto para expor as peças. Daí nasceu a ideia de receber os turistas em um espaço próprio. Dilson da Silva doou um terreno seu, que, além de ser utilizado como sede da Associação, passou a abrigar uma feira de artesanato aos sábados, domingos e feriados, tornando-se uma vitrine para as peças de gemas e prata.

Segundo Dilson da Silva, as consultorias do Sebrae Minas contribuem para o crescimento do artesanato local

Para Fábio Braga, o mercado atual de joalheria exige, cada vez mais, artigos inovadores

Diante deste mercado promissor, muitos artesãos também têm investido em suas oficinas. Depois de iniciar como ajudante aos 13 anos, Fábio Ferreira Braga construiu, com seu irmão, um ateliê próprio. Hoje, aos 31 anos, mantém uma clientela fiel. “Antes, as pedras e os materiais usados na confecção das peças eram mais baratos. Agora, custam mais caro e precisam ser melhor escolhidos. O mercado consumidor está mais exigente e busca produtos na linha de joalheria, que tem acabamento refinado. Por isso, é preciso inovar sempre”, comenta. Em parceria com a associação de moradores do distrito, o grupo de artesãos conseguiu a doação de um terreno pela Prefeitura de Ouro Preto. Em um ano, ele espera usar o espaço para construir uma oficina coletiva, que possibilitará, entre outras vantagens, a criação de peças em larga escala.

O Artesanato de Prata e Gemas em Santo Antônio do Leite oferece aos artesãos cursos, apoio para participação em feiras nacionais e orientação para a viabilização de acordos estratégicos com instituições públicas e privadas. Inicialmente, a consultoria seria de três anos, mas foi prorrogada até 2016. Os participantes são associados da Arte Leite e demais profissionais convidados pela própria entidade. Ao ser traçado um diagnóstico sobre as potencialidades do grupo e da evolução do negócio, foi levado em conta o interesse dos próprios artesãos em se aperfeiçoarem. “Antes, a gente não vendia as peças no comércio. Elas eram feitas apenas sob encomenda”, lembra Cláudia Silva. De cinco anos para cá, a situação vem mudando. “Os cursos do Sebrae Minas nos ensinaram a vender e a tratar o nosso trabalho como um negócio. Além disso, recebemos incentivo para expor a mercadoria em eventos especializados, o que atrai futuros compradores.” Em julho deste ano, ela e os artesãos João Batista e Dilson da Silva estiveram presentes

PARA APRECIAR Confira as pedras mais conhecidas e o seu valor médio de mercado*:

Topázio-imperial R$ 10 a R$ 3.000

CONHECIMENTOS Diferentemente de outros tipos de artesanato, o trabalho em prata e gemas é feito por um número maior de homens do que o habitual. A explicação é dada pelo próprio processo de produção, que envolve fundir prata em cobre a 1.100° em fogo de maçarico e depois transformá-lo em finas barras de liga metálica, por meio de uma prensa girada com uma manivela.

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Segundo o levantamento do Instituto Brasileiro de Gemas & Metais Preciosos (IBGM), estima-se que uma em cada três gemas no mundo seja extraída do solo brasileiro. No entanto, em termos de fabricação de joias de prata, o Brasil ocupa a 16ª posição de uma lista liderada por China, Índia e Tailândia.

na XIV Fenearte - Feira Nacional de Negócios do Artesanato, em Recife (PE). Em 11 dias de evento, os três conseguiram fechar R$ 28 mil em vendas. “A participação em feiras como esta é muito importante para o crescimento do artesanato em Santo Antônio do Leite e também para a própria divulgação da Associação. Todos saem ganhando, inclusive os compradores, que têm peças exclusivas e com muita beleza e qualidade”, destaca Dilson da Silva. O grupo ainda participou de feiras em Belo Horizonte e Brasília. O programa do Sebrae Minas também viabilizou a abertura de uma linha de crédito pelo Banco do Brasil, que concede até R$ 5 mil para cada artesão, com pagamento em até 60 vezes e taxas de 0,65% ao mês. Outro resultado é o acordo para a elaboração de uma marca própria com o apoio da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). “A criação de uma identidade nossa facilitará o reconhecimento dos artesãos que atuam no distrito e dos produtos locais”, acredita o presidente da Arte Leite. A projeção é que esse trabalho seja concluído até 2016.

Citrino

R$ 3 a R$ 6

Água-marinha R$ 10 a R$ 500

Granada

R$ 2 a R$ 7

Mosaico de Opala

R$ 10 a R$ 100 (a pedra)

Ametista

R$ 3 a R$ 6

Topázio azul

Cristal

R$ 8 a R$ 15

R$ 0,5 a R$ 5

Quartzo rosa

Olho de Tigre

0,5 a R$ 5

R$ 0,5 a R$ 2

*Por quilate (0,2 gramas ou 1/5 grama)

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Fotos: Pedro Vilela/Agência i7

APICULTURA

Doce segurança Apicultores de Catas Altas e região testam sistema de monitoramento para evitar o roubo de colmeias e a perda da produção de mel

P

ode parecer inusitado, mas o roubo de colmeias é uma prática comum na apicultura e um verdadeiro pesadelo para quem possui apiários em áreas abertas. O apicultor Francisco Fidelis de Melo vivenciou de perto esse problema quando teve 18 colmeias furtadas, em maio de 2012, de um dos seus apiários localizados em Alvinópolis, na região Central do Estado. “A safra tinha terminado e era época de chuva. Quando eu cheguei ao local, não consegui identificar sinais de carro na estrada de terra. Levaram as caixas com tudo. Só deixaram o suporte de ferro onde as colmeias são instaladas”, lembra. O produtor, que há 25 anos se envolve com a atividade apícola, tinha 18 enxames em produção, com aproximadamente 60 mil abe-

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lhas em cada colmeia. O prejuízo dele foi de R$ 4.500, fora o mel que as abelhas poderiam produzir no futuro. Para recuperar essa perda, Francisco de Melo recebeu da Cooperativa dos Produtores de Mel e Derivados de Santa Bárbara (Coopermel) 20 caixas para colmeias. O material faz parte do estoque da entidade e funciona como uma espécie de seguro quando algum associado é furtado. “Peguei 10 caixas e dei para outro apicultor que foi roubado antes de termos esse benefício”, conta. Diante dos constantes furtos de colmeias em Catas Altas, também na região Central, e nos municípios vizinhos, os apicultores da Coopermel, que participam do projeto Caraça (saiba mais na página 15), resolveram se unir em busca de uma solução tecnológica que

proporcionasse mais segurança aos apiários. Para isso, em 2011, eles receberam o apoio do Sebrae Minas, que, por meio do Sebraetec, firmou uma parceria com a Fumsoft para desenvolver o Sistema de Segurança de Apiário. A tecnologia permite o monitoramento remoto das colmeias, por meio da rede de telefonia celular, e envia um SMS para o telefone do associado quando a caixa é movimentada ou a tampa da colmeia é retirada. O dispositivo de segurança acoplado às colmeias possui uma bateria com duração de 30 dias e emite um alerta quando o seu nível de carga está baixo. As informações são enviadas para uma central de controle dos apiários online, que gerencia as funções dos equipamentos e envia os SMS. “Foi feito um estudo de viabilidade técnica, econômica e financeira desta solução. Após várias pesquisas sobre a tecnologia e os recursos existentes no mercado, compatíveis com a realidade do grupo, chegou-se a essa proposta, que realiza o monitoramento remoto das colmeias e visa inibir os furtos”, explica Danielle Fantini, analista do Sebrae Minas. A Fumsoft finalizou o estudo em março de 2012. Após a aprovação do Sebrae Minas, a empresa começou a desenvolver a tecnologia, que está sendo testada, desde dezembro do ano passado, por seis apicultores em 10 apiários localizados em Catas Altas, Alvinópolis e Brumal, distrito de Santa Bárbara. As propriedades vão receber, em breve, uma placa de identificação avisando que o local é monitorado. “O principal desafio deste projeto foi criar uma solução tecnológica de baixo custo e de fácil mobilidade. Devido ao fato de alguns produtores trabalharem com a apicultura migratória, de acordo com a florada, era preciso desenvolver uma tecnologia que pudesse ser transportada”, diz Danielle Fantini. O Sistema de Segurança do Apiário não foi patenteado porque é feito com materiais disponíveis no mercado. Segundo a analista do Sebrae Minas, ainda é cedo para mensurar os resultados proporcionados pela inovação, mas a expectativa é que ele evite os furtos de colmeias e seja disseminado, em um futuro próximo, para outros apicultores.

“Agora, espero ficar mais tranquilo, pois acre­dito que terei mais segurança, e o sistema vai inibir os furtos” Francisco de Melo, apicultor

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Após o prejuízo de 2012, Francisco de Melo resolveu testar o sistema de segurança em dois apiários de Alvinópolis, localizados em uma reserva ambiental aberta, de propriedade da Celulose Nipo Brasileira S/A (Cenibra). “Fiz as instalações em maio e junho. Antes, eu ficava preocupado por ter um apiário em área aberta, vulnerável e, às vezes, não dormia direito. Agora, espero ficar mais tranquilo, pois acredito que terei mais segurança, e o sistema vai inibir os furtos”, acredita. Ao todo, o produtor possui 16 apiários com 20 colmeias, em média, cada um. Juntos, eles produzem 12 toneladas de mel por ano, que rendem um faturamento anual médio de R$ 30 a R$ 35 mil. O produto é vendido a R$ 4,50 o quilo para o entreposto Mel Santa Bárbara, por meio da Coopermel. Além disso, ele tem clientes no comércio de Alvinópolis, como supermercados, açougues e padarias, além da Prefeitura Municipal, que, por meio do projeto Agricultura Familiar, compra o mel para utilizá-lo na merenda escolar. POR UM TRIZ I Foi por pouco que o apicultor e proprietário do entreposto Mel Naturalis, Jeferson Pereira Freitas de Souza, morador de

Com o novo sistema de monitoramento, Jeferson de Souza garantirá a segurança de seus 20 apiários

João Monlevade, na região Central, não teve sua safra de mel roubada, este ano, no apiário de Catas Altas. “Eram 16 horas quando cheguei ao apiário e deparei com as caixas lacradas com fitas adesivas e com telas para as abelhas respirarem. Acredito que eles as deixaram preparadas e voltariam à noite para buscá-las. Desmanchei o serviço dos infratores, que não apareceram. No entanto, foram roubadas 20 colmeias em um apiário próximo, no mesmo dia”, lembra o produtor, que, há cinco anos, teve 40 colmeias furtadas na cidade onde mora. Segundo ele, os roubos acontecem à noite e são realizados na época da safra do mel, que vai de janeiro a maio. Os ladrões agem por encomenda dos receptadores, que, às vezes, são apicultores que compram as colmeias por um preço mais baixo. “Em 2013, três apicultores foram furtados. É uma situação complicada porque o produtor perde o enxame, a caixa e a produção de mel do ano, pois, até ele recuperar o prejuízo, a safra já acabou”, pontua. Com 20 apiários espalhados pelos municípios de João Monlevade, Catas Altas, Santa Bárbara, São Gonçalo do Rio Abaixo, Bela Vista de Minas e Itabira, Jeferson de Souza implantou,

recentemente, o sistema de segurança em 20 colmeias de Catas Altas. “Fiz um investimento em torno de R$ 1.000 e espero que essa tecnologia, ainda em fase de teste, reduza o número de furtos entre os associados da Coopermel”, diz. O apicultor contabiliza uma produção anual de 16 toneladas de mel, que é fracionada no seu entreposto e vendida para supermercados, distribuidores e farmácias nas cidades mineiras de Ipatinga, João Monlevade, Belo Horizonte, Ouro Preto, Mariana, Guanhães, Itabira, Nova Era e Alvinópolis. O faturamento com o negócio ele não revela, mas uma tonelada de sua produção é repassada para a Coopermel. EXPANSÃO I Após o período de teste do sistema de segurança, a Coopermel vai avaliar a viabilidade da expansão entre os outros associados. A cooperativa possui 71 apiários, e todos estão em áreas vulneráveis. “A instalação do sistema nos 10 apiários foi finalizada em julho. Vamos testar o equipamento até a próxima safra para sanar as possíveis falhas e expandi-lo para os demais apiários que tiverem sinal de celular. Além disso, será feita uma parceria com a Polícia Militar para ela acompanhar o produtor em caso de novos furtos”, informa o ex-presidente e atual secretário da Coopermel, Eliseu de Oliveira Araújo. Ele possui 13 apiários e utiliza a tecnologia em 60 colmeias, em Catas Altas. No caso das propriedades que não são cobertas pela rede de telefonia celular, o secretário diz que será estudada a possibilidade de instalar uma antena específica para captar o sinal após os apicultores interessados avaliarem os custos do equipamento. “Como a atividade apícola é feita em locais isolados, esse sistema é uma forma de dar mais tranquilidade aos produtores, que, geralmente, não visitam os apiários diariamente”, finaliza.

Projeto Caraça Vinte e três apicultores da microrregião da Serra do Caraça participam, desde 2010, do projeto Caraça. Realizado pelo Sebrae Minas, 14 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

De acordo com Eliseu Araújo, o objetivo é implantar a tecnologia em outros apiários do Estado

a iniciativa visa profissionalizar a atividade apícola na região, trabalhando as boas práticas de produção e tecnologias de manejo por meio de consultorias, treinamentos, missões, visitas técnicas e participação em eventos do setor. Segundo Danielle Fantini, o objetivo é aumentar o volume das vendas de mel por meio do estímulo ao desenvolvimento da atividade apícola na microrregião do Caraça. “Essa iniciativa já proporcionou ganhos como acesso a novas tecnologias e troca de informações, além do aumento das vendas.” Duas missões para a Argentina já foram realizadas com apicultores do projeto, que tiveram a oportunidade de visitar alguns apiários e também participaram, em 2011, do 42º Congresso Internacional de Apicultura (Apimondia), em Buenos Aires. No Brasil, os produtores fizeram visitas técnicas em Belo Horizonte e em Gramado, no Rio Grande do Sul, durante o 19º Congresso Brasileiro de Apicultura, em 2012. www.sebraemg.com.br 15


Pedro Vilela/Agência i7

EMPREENDEDORISMO

PRODUÇÃO SEGURA Confira o antes e o depois do Sistema de Segurança de Apiário na Coopermel:

Antes:

Depois:

Todo ano, cerca de três produtores do grupo conviviam com o roubo de colmeias.

A Coopermel procurou o Sebrae Minas na busca por uma solução tecnológica que inibisse os furtos.

Os ladrões lacravam os enxames de abelhas à noite e levavam as caixas em carros ou caminhões. Em algumas ocasiões, somente o mel era roubado. Após vários dias, o apicultor visitava a produção e deparava com o prejuízo e as marcas de pneu dos veículos no chão. A cada 20 colmeias roubadas, o prejuízo por safra é de R$ 8 mil, em média.

Após a parceria com a Fumsoft, o Sistema de Segurança de Apiário foi desenvolvido. Hoje, as colmeias possuem um sensor com dispositivo de segurança que emite, por meio de uma central de controle online, um alerta em forma de SMS para o celular do apicultor quando o lacre é violado ou as caixas são movimentadas.

A COOPERMEL EM NÚMEROS:

23 71

apiários na região do Médio Piracicaba;

mais de

40

4.000

200 R$ 4,60* 1 R$ 4.600, toneladas de mel por ano é a capacidade instalada de produção;

produtores;

colmeias;

kg de mel é a média de produção de uma colmeia/ ano;

é o preço de mercado pago por 1 kg de mel;

tonelada de mel é vendida por

*Vendas no atacado

Os clientes: As vendas são feitas por atacado para clientes de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que compram o mel para exportação, além do Mel Santa Bárbara, de Minas Gerais.

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Raphael Mendes, criador do brownie que ganhou o mercado de Juiz de Fora e do Brasil

O sabor do

sucesso

Empreendedor desenvolve habilidades no Empretec e potencializa as vendas de sua fábrica de brownies dentro e fora do Brasil Receita tradicional da cozinha norteamericana, o brownie ganhou popularidade mundial, inclusive no Brasil. Mas, aparentemente, uma cidade mineira tem se destacado na preferência pelo bolo de chocolate: Juiz de Fora. Lá, a receita foi remodelada pelo empreendedor e estudante de Educação Física, Raphael Mendes, que acrescentou outros saborosos ingredientes à receita – feita com ovo, farinha de trigo, manteiga e chocolate – e se tornou a sensação na Zona da Mata. Rapha, como é conhecido no comércio, começou a produzir o brownie para complementar sua renda. “Um dia, estava assistindo ao programa Mais Você, da TV Globo, apresentado pela Ana Maria Braga, e vi uma matéria sobre um estudante que vendia brownies na faculdade. Ele ensinou como fazer o bolo e, a partir daí, tive a ideia de comercializá-lo também”, conta.

O empresário reproduziu a receita mais de 20 vezes para conseguir chegar ao ponto ideal. “O último tabuleiro da fornada não ficou muito bom, mas também não ficou ruim”, brinca. Enrolados em papel celofane, os primeiros bolinhos foram vendidos, de um dia para o outro, na loja de informática onde ele trabalhava. “Fiquei surpreso com a velocidade com que foram vendidos, não esperava.” Com o sucesso das vendas, Raphael Mendes passou a dividir o seu tempo entre o trabalho, a faculdade e os brownies. Fez cursos de culinária e panificação e desenvolveu sua própria receita, que tem menor quantidade de açúcar. “Por ter um gosto menos doce, as pessoas comem mais do bolo, sem enjoar dele.” A produção, até então pequena, começou a exigir que fossem feitos investimentos em equipamentos próprios para panificação, o que levou o empreendedor a destinar uma www.sebraemg.com.br 17


parcela de seus rendimentos para a montagem de uma cozinha industrial. “O forno foi o primeiro equipamento que comprei. Como usava um fogão normal, não conseguia assar os brownies por igual.” Nesse período, o empresário também criou uma identidade e batizou a empresa como Brownie do Rapha. Nove meses após as primeiras unidades vendidas, os produtos começaram a ser comercializados em 25 pontos da cidade, e oito amigos do estudante foram empregados na empresa. Para aumentar seus ganhos e fazer o capital girar mais rápido, Raphael Mendes também passou a vender os brownies diretamente aos clientes finais. Ele montou em sua casa uma estrutura de delivery, em que os pedidos eram feitos por telefone e pelas redes sociais. O próprio empreendedor realizava as entregas nos finais de semana. “Foi a forma que encontrei para aumentar o fluxo de caixa da empresa. A venda para os revendedores era consignada, eu só recebia depois que todos os brownies esgotavam.” Com o empreendimento crescendo, o empresário percebeu que era necessário formalizar o negócio e adquirir conhecimentos sobre gestão. Ele procurou os consultores do Sebrae Minas, que o orientaram sobre como ser um Microempreendedor Individual (MEI), categoria na qual sua empresa se encaixava. “Além de receber informações sobre a formalização do Brownie do Rapha, o Sebrae Minas me forneceu informações básicas de gestão, essenciais para o desenvolvimento da empresa, por meio de cursos e oficinas.” Entre os conhecimentos adquiridos, Raphael Mendes cita as ferramentas de gestão como um dos mais importantes, por possibilitar saber exatamente os custos e os lucros envolvidos na venda de cada brownie. EXPLOSÃO DE VENDAS I As entregas nas residências dos consumidores somadas à qualidade dos produtos fizeram com que o Brownie do Rapha ficasse muito famoso na cidade. “Tinha dias que os clientes formavam fila na porta do meu prédio. Tive até que pegar uma autorização com o síndico para continuar com as vendas fora do delivery”, relata o empreendedor. 18 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

Para impulsionar ainda mais as vendas, Raphael Mendes montou um planejamento, que consistia em participar do programa da Ana Maria Braga – onde surgiu a ideia do empreendimento – e montar uma pequena fábrica. A ideia era que a divulgação do negócio na TV aumentasse a demanda, que seria sustentada pela produção na nova sede. O plano deu certo: ele foi entrevistado e, dois meses depois, a fábrica abriu as suas portas. O que o empreendedor não esperava era a alta procura dos consumidores. “O que eu queria, e havia planejado, era aumentar o número de pontos de vendas. Mas aconteceu o oposto, as pessoas iam até a fábrica comprar o bolo.” Assim, o plano de negócios do Brownie do Rapha teve que ser modificado. Para oferecer mais conforto aos clientes, o empresário remodelou o ambiente da fábrica, que passou a ter um espaço com mesas, cadeiras e um balcão de atendimento. Hoje, 40 funcionários atendem um grande número de pessoas, que podem desfrutar de 14 sabores diferentes. Além disso, são feitas duas mil entregas do produto por mês em Juiz de Fora. POR TODO O PAÍS I Com o crescimento das vendas e o negócio consolidado, Raphael Mendes deu um segundo passo importante para manter o seu negócio na rota do crescimento. Ele participou do Empretec (veja mais na página ao lado), que provocou grandes mudanças em seu comportamento empreendedor. “A metodologia me fez rever várias posturas que tinha como empresário. Uma das mais essenciais foi adquirir o hábito de colocar as ideias no papel, ou seja, tirar o planejamento da minha cabeça. Também aprendi a calcular melhor os riscos, a delegar as tarefas aos funcionários e a identificar os pontos positivos e negativos como empreendedor”, enumera. As habilidades desenvolvidas durante o Empretec serão importantes para a criação de uma rede de franqueados, próxima etapa do seu plano de negócios a ser cumprida. “Atualmente, já tenho pedidos de quatro países, como Argentina e Alemanha, mas a minha principal meta é

ter lojas físicas do Brownie do Rapha em outras cidades e estados do Brasil”, revela. Apesar de o projeto estar ainda em estudo, mais de sete mil empreendedores demonstraram interesse em abrir uma franquia. A primeira delas deve começar a funcionar no primeiro semestre de 2014. Para manter a qualidade e o diferencial do produto, os brownies distribuídos aos franqueados serão produzidos na nova fábrica, a ser instalada em Juiz de Fora e que está em fase de planejamento. O objetivo é triplicar a capacidade de produção atual, de três toneladas por mês, e aumentar o faturamento, que hoje gira em torno de R$150 mil.

A PREFERÊNCIA Com sorvete, cobertura de chocolate em calda ou em pedaços. Os clientes do Brownie do Rapha têm um cardápio variado à disposição. São 24 coberturas diferentes e mais de 14 produtos. Os mais pedidos 1. Pote 300g (com duas coberturas) 2. Brownie recheado 3. Brownie decorado 4. Pote 600g (com três coberturas) 5. Lata com casquinhas de brownie Produção em larga escala Para fabricar três toneladas de brownie, são utilizados:

1 1 500 1.000 500 1

tonelada de ovo; tonelada de chocolate em pó; kg de farinha; litros de leite;

kg de açúcar;

COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR Criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e replicado exclusivamente pelo Sebrae no Brasil, o Empretec é um seminário baseado no comportamento de empresários reconhecidos de vários países e voltado para os que pretendem desenvolver suas habilidades de gestão, conhecendo e vivenciando Características de Comportamentos Empreendedores. Durante seis dias, os participantes têm contato com ferramentas de gestão e são incentivados a adotar uma postura diferente em seu negócio. “Não adianta o empreendedor responsabilizar o governo, o concorrente ou o cliente sempre que algo não funciona na sua empresa, é preciso focar a solução dos problemas, e não o problema”, observa o analista do Sebrae Minas, João Paulo Palmieri. “Durante o Empretec, os participantes idealizam, planejam, abrem e gerenciam um negócio. Vivenciam lucro e prejuízo, como verdadeiros empreendedores.” Esta rica experiência faz com que os empreendedores revejam os negócios, como mostrou uma pesquisa realizada pelo Sebrae Nacional, em 2011. Cerca de 88% dos participantes do Empretec implementaram mudanças nos negócios para aumentar a satisfação de seus clientes; 87% elaboraram ou revisaram suas metas, planos e projetos; 87% aprimoraram a qualidade dos produtos ou serviços; e 84% identificaram novas oportunidades. Para participar do Empretec, ligue 0800 570 0800 ou procure o ponto de atendimento do Sebrae Minas mais próximo de sua cidade.

tonelada de manteiga.

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Fotos: Pedro Vilela/Agência i7

SUSTENTABILIDADE

Cuidando do futuro

Fazenda Ponto Alegre, em Cabo Verde, desenvolve práticas sustentáveis, como a compostagem, a reutilização da água e a valorização de funcionários

Há quase 20 anos, antes mesmo de o conceito de sustentabilidade entrar para a agenda global, a Fazenda Ponto Alegre, localizada na pequena Cabo Verde, ao Sul do Estado, já desenvolvia atitudes socioambientais envolvendo a produção cafeeira e a qualidade de vida dos empregados e moradores do entorno. A propriedade, administrada pelos irmãos Renato, Eduardo e Mabel Lima de Sousa, per20 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

tence à família há quatro gerações. A marca dessa tradição é um casarão do começo do século passado que desponta junto à abundante paisagem local. São 419,7 hectares de área, sendo 260 destinados à plantação de café e o restante dividido em espaços de estrutura e preservação ambiental. A prática da compostagem foi a primeira ação sustentável a ser efetivamente inserida

na rotina da fazenda. Eduardo Sousa, que é engenheiro agrônomo, justifica a utilização do processo pelo fato de a pós-colheita do café gerar muitos resíduos, como folhas, cascas e pedúnculos, uma vez que somente a semente é comercializada. “Fazemos a compostagem dos nossos resíduos e também dos vizinhos. É um sistema estratificado, que usa um pátio licenciado pelos órgãos ambientais. As leiras (montes) são revolvidas semanalmente e sempre analisamos a temperatura, a umidade e a aeração. Dentro de três ou quatro meses, o material já está umidificado, transformando-se em adubo orgânico, que retorna à lavoura de café”, explica. Parte desse adubo também é doado para hortas da creche no bairro Coelhos e escolas municipais e estaduais de Cabo Verde. A produção da fazenda gera 600 toneladas de matéria orgânica por ano. O adubo proveniente deste processo é adicionado ao adubo mineral, ou seja, ao fertilizante industrializado, gerando uma mis-

tura organomineral. Tal combinação é capaz de contribuir, segundo os proprietários, para um custo 40% menor em relação à utilização de 100% de adubo mineral. Mas o benefício dessa prática vai muito além dos dados econômicos. “Os fertilizantes, sobretudo os nitrogenados, liberam óxido nitroso (N²O), que é 302 vezes mais poluente que o dióxido de carbono (CO2). Assim, quanto menor for a adubação, menor será a liberação de gases poluentes”, detalha Eduardo Sousa. O irmão Renato Sousa completa as informações. “Qualquer outro resíduo de origem animal ou vegetal pode ser tratado: pó de serragem, esterco, gramíneas, restos de cultura de plantas, sobras de alimentos, uma infinidade de elementos. Costumo dizer que, se um dia teve vida, aquilo é passível de compostagem.” Renato Sousa também conta que um de seus principais desejos é firmar parcerias com as prefeituras municipais das cidades vizinhas, região conhecida como Lago de Furnas, a fim de receber os resíduos orgânicos desses locais. “A parte molhada do lixo, composta pelas sobras de alimentos, é o grande problema dos aterros sanitários. A parte seca é facilmente destinada para a reciclagem, como o papel, o vidro, o plástico e o metal, mas as instituições governamentais não costumam dar destinação correta ao material www.sebraemg.com.br 21


orgânico. Estamos aqui para auxiliar nesse processo, recebendo os resíduos e encaminhando-os para a compostagem”, afirma. PROTEÇÃO AMBIENTAL I Além das ações envolvendo a compostagem, a Fazenda Ponto Alegre fornece mudas nativas para o viveiro do Instituto Estadual de Florestas (IEF) de Muzambinho, que trabalha com projetos ligados ao reflorestamento. A região está plenamente em acordo com o Código Florestal (Lei 4.771/1965), que prevê que as áreas de nascentes e cursos d’água, consideradas Áreas de Preservação Permanente (APP), devem ser recompostas em caso de degradação. “Nesse processo, procuramos envolver as escolas da região. As crianças passam um dia participando de atividades de plantio e assistem a palestras de educação ambiental”, conta Renato Sousa. Outra atividade ambientalmente adequada envolve a destinação da água residual da lavagem e do despolpamento do café para uma área de braquiárias utilizadas para o pastejo de gado, em um sistema de irrigação via aspersão. “Essa água tem uma carga muito grande de resíduos e não deve ser descartada em cursos naturais de água, sob pena de contaminá-los. Se houver contaminação, haverá ‘roubo’ de oxigênio, contribuindo para o desequilíbrio de todo o ecossistema aquático”, alerta Eduardo Sousa. ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE I São significativas as ações ambientais desenvolvidas na Fazenda Ponto Alegre, mas o trato das questões sociais também merece destaque. Normalmente, a propriedade conta com 70 funcionários, que sobem para 200 em época de colheita. Dos 70 colaboradores fixos, 40 lá residem, e outros 30, no bairro de Coelhos. Nota-se, aí, o quão importante é a fazenda para a sustentabilidade econômica de seu entorno. Celino da Silva, um dos empregados, é nascido e criado no local. Em suas palavras, “fazer parte dessa ‘família’ é motivo de muita felicidade”. “É maravilhoso trabalhar e viver aqui. Os patrões tratam a gente muito bem, sabem cuidar da natureza, dão cursos, nos ajudam a melhorar de vida. Eu me sinto importante”, completa. 22 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

Mais uma ação em benefício da comunidade refere-se à doação de parte do terreno da propriedade para a construção da creche do bairro de Coelhos, mantida pela Prefeitura Municipal de Cabo Verde. Os irmãos doam presentes às crianças em datas comemorativas e sempre auxiliam quando há necessidade de manutenções estruturais. Além disso, por iniciativa de Mabel, irmã de Renato e Eduardo, foi adquirido um maquinário completo para que as mulheres da comunidade trabalhem com costura de roupas femininas. As esposas dos colaboradores e as moradoras do bairro utilizam o local para ter uma fonte extra de sustento, fora o café. Segundo Eduardo Sousa, as iniciativas feitas na Fazenda Ponto Alegre e no seu entorno não são praticadas visando à obtenção de prêmios ou mesmo à notoriedade. Para ele, ser sustentável é natural e motivador. “Acreditamos que a parte ambiental e a social refletem na área econômica. Se eu não cuidar da nascente, eu não

vou ter recursos hídricos para exercer a minha atividade da cafeicultura. Se eu não motivar as pessoas, eu não vou ter quem colabore com o meu negócio”, ensina. Renato Sousa corrobora a opinião do irmão e afirma que a busca pelo lucro existe, mas caminha lado a lado com as questões socioambientais. “Estou ciente de que tudo o que fazemos não é nada mais do que nossa obrigação. O mundo seria bem melhor se todas as empresas tivessem essa consciência.”

“Acreditamos que a parte ambiental e a social refletem na área econômica” Eduardo Sousa, proprietário da Fazenda Ponto Alegre

“Estou ciente de que tudo o que fazemos não é nada mais do que nossa obrigação. O mundo seria bem melhor se todas as empresas tivessem essa consciência” Renato de Souza, proprietário da Fazenda Ponto Alegre Os cursos mencionados por Celino da Silva, como aplicação de agrotóxicos e manejo de poda, são ministrados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), em um centro de treinamento construído na fazenda para a capacitação de funcionários. A entidade beneficia, ainda, a Associação de Mulheres da Comunidade, cujas integrantes participam de treinamentos, também via Senar, de dicas de saúde, bordado, pintura e aproveitamento de sobras de alimentos. www.sebraemg.com.br 23


A Fazenda Ponto Alegre é participante do Educampo/Café desde 2011, metodologia desenvolvida pelo Sebrae Minas para acompanhamento técnico e de gestão de propriedades rurais e capacitação de empresários do ramo na tomada de decisões com base na produção e análise de indicadores técnicos e econômicos. O consultor técnico da iniciativa, Rodrigo José Muniz, destaca o trabalho realizado pelos proprietá­rios da fazenda de Cabo Verde. “Eles conseguem aliar a saúde financeira de seu negócio ao cuidado com o meio ambiente e à garantia da satisfação de seus funcionários“, atesta. Rodrigo Sousa ainda cita algumas certificações obtidas pela sua propriedade, bem como a

participação em associações internacionais de renome na área do café, comprovando como o empreendimento cafeeiro pode ser econômico, social e ambientalmente bem-sucedido. Entre elas, estão: UTZ Certified (10ª vez), selo internacional que garante que o café comercializado foi produzido seguindo altos padrões de qualidade, respeito ao meio ambiente e segurança do trabalhador; 4C - Código Comum da Comunidade Cafeeira, associação que busca promover a sustentabilidade do setor de café em todo o mundo; e Brazil Specialty Coffee Association (BSCA), que confere a excelência em qualidade dos cafés certificados. Vale ressaltar que o café da Fazenda Ponto Alegre possui também selo de origem (State Coffee).

O empresário Anderson Garcia hoje é presidente da Rede Construir nacional

PRÁTICAS RECONHECIDAS A fazenda de café Ponto Alegre, de Cabo Verde, foi destaque do Prêmio Sebrae Minas de Práticas Sustentáveis 2012. O empreendimento rural se destacou entre os 93 projetos inscritos, concorrendo com um trabalho de destinação de resíduos para o processo de compostagem, reutilização da água do café, reflorestamento e apoio a projetos sociais do seu entorno. A premiação é um estímulo à inovação tecnológica e à busca de posturas e procedimentos que possam tornar as pequenas empresas mais eficientes, rentáveis e sustentáveis. Os participantes devem estar em

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dia com as obrigações de licenciamento ambiental e ter práticas diferenciadas na gestão de resíduos, recursos hídricos, eficiência energética, controle de qualidade do ar e da poluição sonora. No lado social, é preciso haver investimentos em programas de treinamento e capacitação dos empregados, de segurança no trabalho, além de respeito à legislação trabalhista, previdenciária e fiscal. Os finalistas da edição 2013 do Prêmio, a terceira consecutiva, serão conhecidos no dia 7 de outubro. A cerimônia de premiação está agendada para o dia 23 do referido mês.

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Fotos: Dione Afonso/Agência i7

Atuação comprovada


Fotos: Pedro Vilela/Agência i7

COMÉRCIO

Competitivos e lucrativos Empresas de Juatuba implantam projeto de gestão e aprimoram os negócios com apoio do Sebrae Minas

C

A empresária Miriam Alves foi buscar formação profissional no Sebrae e se viu diante de um mercado promissor

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omo vender mais é um questionamento que povoa a mente de todo bom comerciante. Por isso, a empresária Miriam Alves, no mercado de salão de beleza há nove anos, buscou formação profissional e acabou se vendo diante de um panorama promissor. Junto a 17 empresas de Juatuba, cidade a 45 km da capital mineira, ela participou, de 2012 ao início de 2013, do projeto Desenvolvimento do Comércio de Juatuba, promovido pelo Sebrae Minas, com o objetivo de aumentar a competitividade e lucratividade dos empreendimentos locais, aprimorando a gestão dos negócios. Segundo dados da Secretaria da Fazenda de Juatuba, o município conta com 500 estabelecimentos de comércio e 700 de prestação de serviços. Miriam Alves participou de cursos na área de vendas, merchandising visual e gerenciamento financeiro. “Com o projeto do Sebrae Minas, consegui enxergar um mercado promissor no qual eu já me destacava, mas não sabia”, afirma a empresária, dona do Miriam Alves Studio Hair. Resultado: o salão hoje ocupa um espaço três vezes maior e está mais bem-localizado, na região central da cidade. Com isso, foi possível aumentar a quantidade de clientes, de 25 para 85 pessoas atendidas por semana, e oferecer mais serviços

e produtos, como os de estética. “Antes, eu atendia sozinha. Hoje, a equipe conta com oito pessoas.” Além de ter gerado mais postos de trabalho, a empresária afirma que, agora, o faturamento mensal é sete vezes maior. Desse, 20% provêm da venda de produtos estéticos, localizados de forma que quem passa na rua pode avistá-los e, ao mesmo tempo, ao alcance dos clientes em atendimento. A venda desses produtos cresceu, segundo Miriam Alves, após as orientações de um consultor do Sebrae em merchandising visual. “Meu espaço está mais profissional, o cliente percebe que foi tudo pensado”, conta a empresária sobre a disposição do mobiliário, que ajuda a identificar os serviços. Miriam Alves, que, no início do empreendimento, se dividia entre o salão e um serviço público, diz não ter se arrependido de ter optado pela vida de empresária. Hoje, o Studio Hair é considerado um dos melhores salões de beleza da cidade. “Nunca tive medo de arriscar. E a formação obtida no Sebrae me permitiu ir além”, diz. Também em busca de competitividade, Thais Machado Kemp, proprietária da academia Qually Center, em Juatuba, vem se especializando em gestão de empresas desde 2010. No Sebrae Minas, fez cursos sobre www.sebraemg.com.br 27


Com a gestão da empresa organizada, Thais Kemp espera ampliar a renda

gestão financeira e em vendas, entre outros, o que rendeu ao empreendimento, apenas no primeiro semestre deste ano, um faturamento de quase 80% do total de 2012. “Conseguimos esse crescimento com o apoio do Sebrae”, diz Thais Kemp. A empresária ressalta que as estratégias para definir o foco do negócio, a estruturação da equipe e o potencial competitivo também contribuíram para que ela entendesse melhor o perfil dos clientes. “Isso permitiu atrair novos alunos para a academia, bem como fidelizar os que já tínhamos”, afirma. A academia, no mercado desde 2009, conta com 350 alunos nas sete modalidades de atividades oferecidas e disponibiliza também atendimento psicológico e de um nutricionista esportivo. Com a gestão da empresa organizada, Thais Kemp espera ampliar a renda. “Em curto prazo, houve um crescimento de 12%. Estamos implementando novas atividades para crescer ainda mais em médio prazo”, ressalta. GESTÃO EFICIENTE I Proprietário do Supermercado Torquato, Otaviano Torquato também colhe os frutos de seu investimento em capacitação. “Nos cursos, aprendi a teoria e, depois, recebi a visita de consultores do Se28 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

brae no meu estabelecimento, o que me permitiu colocar os ensinamentos em prática.” Para o empresário, o grande ganho veio com a realização dos cursos em finanças. Ele diz ter colocado no papel todos os custos do supermercado, mapeando as despesas e identificando quais gastos poderia evitar, além de melhor analisar seus processos de compras e as formas de evitar pagamentos de juros. “Agora, administro melhor minha empresa. Consegui me organizar e conhecer mais os meus gastos. Ciente da realidade em que atuo, sei como e quando posso negociar e investir sem colocar meu negócio em risco”, diz Otaviano Torquato. O supermercado possui 11 funcionários e fatura cerca de R$ 300 mil por mês. Como as mudanças trazidas pela consultoria do Sebrae Minas são recentes, ainda não houve mensuração do aumento do lucro. “Mas a expectativa é boa”, diz. Otaviano Torquato também contabiliza aumento de vendas no “cantinho do churrasco”, área criada ao lado do espaço do açougue. “Enquanto a pessoa está na fila, acaba colocando no carrinho temperos e embutidos”, diz. A localização estratégica foi definida após o trabalho de merchandising visual oferecido pelo Sebrae Minas. Outras ações foram a implantação de sinalização para orientar os clientes e uma nova disposição dos itens. Para chegar ao açougue, por exemplo, o cliente precisa passar pelos corredores do supermercado, aumentando as chances de compra de outros produtos. Com uma gestão mais eficiente e o apoio do Sebrae Minas, o empresário está abrindo uma distribuidora de bebidas ao lado do supermercado. As atividades devem começar no fim do ano. “Estamos crescendo e gerando mais postos de trabalho”, enfatiza Otaviano Torquato, também presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Juatuba (CDL). O projeto Desenvolvimento do Comércio de Juatuba atinge, ainda, as políticas públicas da cidade. A partir dele, está sendo discutida, entre a CDL, a prefeitura e o Sebrae Minas, a implantação de um programa de desenvolvimento local. A CDL, neste momento, planeja

um projeto de segurança para os estabelecimentos comerciais e um festival de comida de boteco. Para tal, o Sebrae Minas irá trabalhar os estabelecimentos participantes, oferecendo uma capacitação em boas práticas de manipulação de alimentos.

“Ciente da realidade em que atuo, sei como e quando posso negociar e investir sem colocar meu negócio em risco” Otaviano Torquato, proprietário do Supermercado Torquato

PROJETO DESENVOLVIMENTO DO COMÉRCIO DE JUATUBA O projeto em Juatuba, cidade com 22 mil habitantes, surgiu a partir da necessidade de fortalecer o comércio local, tornando-o mais competitivo e lucrativo, diante da criação de dois shoppings em Betim, cidade vizinha. “Há uma preocupação por parte do Sebrae Minas sobre o impacto disso no comércio de rua”, explica a analista do Sebrae Minas, Denise Fernandes. Estima-se que as micro e pequenas empresas de Juatuba representem quase a totalidade dos empreendimentos presentes na cidade. O projeto teve início em 2012, com 17 empresas que, atualmente, estão passando para a segunda fase do trabalho, quando serão oferecidos cursos e consultoria em Gestão de Pessoas e em Desenvolvimento de Habilidades Gerenciais. De acordo com Denise Fernandes, o resultado tem sido a geração de emprego, melhoria da rentabilidade e lucratividade dos negócios. Uma das soluções oferecidas pelo Sebrae Minas é sobre Merchandising Visual e Design, uma vez que a apresentação dos pontos de vendas das empresas funciona como um atrativo

para as vendas. Denise explica que o objetivo do merchanding visual é oferecer ao empresário, dentro da sua realidade financeira, soluções simples e eficientes, que lhe assegurem um ponto de venda mais atrativo, trazendo boas experiências de compras de seu cliente e, consequentemente, aumentando suas vendas. “O projeto em Juatuba contempla diretamente comerciantes de lojas de rua, por isso, a avaliação das fachadas, no que diz respeito à poluição visual, sinalização, vitrine e interação com a arquitetura da cidade, se faz importante. É a porta de entrada do cliente”, afirma a analista do Sebrae Minas. Uma nova turma com 30 empresas começou a primeira etapa do Projeto Desenvolvimento do Comércio de Juatuba em agosto. Para mais informações, entre em contato com a CDL: (31) 3535-9944. As empresas de Juatuba interessadas em conhecer o trabalho do Sebrae Minas podem fazer contato pelo telefone 0800 570 0800 ou pelo site www.sebraemg.com.br.

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ARTIGO | TIÃO ROCHA*

Todo e qualquer ser humano tem cultura. Essa é uma das poucas verdades absolutas da Antropologia. Apesar de a afirmação parecer óbvia, não é, pois muita gente ainda pensa que alguns seres humanos não têm cultura. Outros acreditam que só eles a possuem. Por isso, se julgam melhores e superiores. Um dos maiores pecados cometidos pela Antropologia foi fazer as pessoas acreditarem, por muito tempo, que havia homens superiores a outros, pelo simples fato de nascerem em lugares diferentes ou viverem de maneiras diferentes. O conceito de cultura passou a ser a justificativa científica da imposição do modelo branco, capitalista, cristão e europeu como superior a todos os demais. Ser “diferente” tornou-se “desigual”, e os mais “desiguais” tornaram-se “inimigos”. E os inimigos devem ser vencidos e adotar o “modelo” imposto pelo vencedor. É muito comum as questões culturais, dentro de uma escola, comunidade ou cidade, tanto servirem para indicar um “problema” ou “justificar” a não aprendizagem dos alunos, a falta de participação das pessoas na associação de bairro ou a não presença do setor cultural no planejamento das políticas públicas municipais, estaduais e nacionais. Foi essa fluidez conceitual que nos obrigou, profissionais que trabalhamos com cultura e desenvolvimento sustentado, a limpar a palavra de suas impurezas ideológicas (tal como “superioridade cultural”) e, em contrapartida, construir um novo conceito que fosse, ao mesmo tempo, operacional, mensurável, observável e cientificamente correto. Para isso, fomos buscar outra contribuição na Antropologia: em toda e qualquer comunidade humana, existem e interagem diversos in30 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

dicadores sociais que constroem os padrões culturais dos grupos humanos que nela vivem. São sete indicadores e podemos encontrá-los em qualquer comunidade, civilizada ou não, rica ou pobre, urbana ou rural: 1) As formas organizativas 2) As formas do fazer 3) Os sistemas de decisão 4) As relações de produção 5) O meio ambiente 6) A memória 7) A visão de mundo. Um indicador social, no entanto, só se torna um indicador cultural quando estabelece contato com outros indicadores, produzindo uma teia de relações e padrões de convivência, gerando valores ou sendo influenciado pelos valores universais presentes em uma comunidade. Assim, tornam-se interdependentes – debatem-se, contrapõem-se, complementam-se –, formando uma rede de relações que é condicionante e condicionada pelo corpo de valores universais presentes em todas as sociedades humanas. A partir desses indicadores e suas interfaces, construímos o “nosso” modelo de Cultura: esta rede e trama de relações, processos e suas interações, que formam um padrão ou desenho, definidor da identidade da comunidade ou grupo social. Podemos, então, definir que um projeto de desenvolvimento é uma ação-intervenção planejada no desenho cultural (e suas relações) de uma determinada comunidade local, regional ou nacional. Se pensarmos no planejamento de um desenho cultural brasileiro, que constitui o cerne das propostas e políticas de desenvolvimento sustentado, ele deveria ter como característica e ênfase a heterogeneidade, a sociodiversidade, a biodiversidade e todas as diversidades culturais, que constituem a marca de nossa nacionalidade.

para nossa formação humana e cidadã. Ela é a matéria-prima de toda nossa educação, o alicerce do desenvolvimento local e de uma cidade sustentável, por exemplo. Por fim, nosso desejo maior é que a Cultura Brasileira nos possibilite duas conquistas essenciais: 1 - nos fazer pensar e agir na direção de um “Brasil, Pátria Educadora” (Dilma Rousseff); 2 - construir “lugares humanizados, para todos, para sempre” (Percival Caropeso). *Antropólogo, educador, folclorista, idealizador e diretor-presidente do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD)

Cláudio Duarte

Cultura: alicerce do desenvolvimento local

Não podemos cair na armadilha de admitir como democratização da cultura brasileira um maior acesso dos diferentes grupos sociais espalhados por este país aos bens de uma dada cultura, porque isso a homogeneizaria e a uniformizaria, desfigurando-a. Por outro lado, perderíamos o caráter de nação brasileira, porque estimularíamos o desenvolvimento (educacional, social e econômico) de um único desenho, o que não corresponde ao nosso processo histórico. Podemos aceitar também que toda e qualquer forma de conhecimento será sempre uma leitura, uma interpretação e um aprendizado, parcial e relativo, da cultura. Nenhum conhecimento é melhor ou pior do que o outro. Antagônicos muitas vezes, complementares outras, não opostos necessariamente, autossuficientes nunca. Ambos importantes porque permitem e possibilitam uma compreensão mais profunda e mais rica do ser e da cultura humana. E esta é, cremos nós, a finalidade da cultura: ser instrumento eficaz do conhecimento, possibilitando leituras mais densas, ricas, abrangentes e humanas da nossa travessia, tangendo, com perícia, a canoa da vida em direção à terceira margem, nesta busca permanente para ser feliz. A cultura é algo humano, social, público, mas microscópico. Nela, estão presentes os saberes, os fazeres e os quereres necessários

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Fotos: Dione Afonso/Agência i7

O empresário Anderson Garcia hoje é presidente da Rede Construir nacional

CONSTRUÇÃO CIVIL

Juntos para

crescer Grupo de empresários do Norte de Minas é exemplo de como o associativismo pode andar de mãos dadas com o empreendedorismo

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Ter fôlego para competir com grandes concorrentes, conseguir melhores condições de negociação com fornecedores e, assim, aumentar o faturamento do negócio. Essas já seriam enormes vantagens para que pequenos e médios empresários do ramo da construção civil do Norte de Minas se unissem em uma associação. Contudo, os 13 integrantes da Rede Construir, que reúne 16 lojas da região, afirmam que os benefícios da iniciativa vão muito além. A troca de experiências e o acesso a informações estratégicas são apontados como os principais ganhos para quem participa do grupo, que vem sendo acompanhado pelo Sebrae Minas desde sua criação, há sete anos. Essa história bem-sucedida começou em Januária, pequena cidade à beira do Rio São Francisco, a 603 quilômetros de Belo Horizonte. Foi lá que, em 2001, o empresário Anderson Garcia montou o Comercial Aliança, pequeno varejo de materiais para construção, direcionado às classes C e D. Nos primeiros anos de funcionamento, ele enfrentou diversos desafios para se manter no mercado. Isso porque, devido ao capital reduzido para investimento em ações promocionais, às dificuldades de acesso a linhas de crédito e às limitações para negociar com seus fornecedores, o empresário não conseguia oferecer preços atrativos e variedade aos clientes. Por esses motivos, sua loja acabava perdendo movimento para empreendimentos maiores, localizados não só na cidade, mas em grandes centros, como Montes Claros. “A gente não conseguia negociar, por exemplo, o prazo com fornecedores. Muitos pediam até 60 dias para entregar a mercadoria, pois o volume da compra era baixo”, recorda. Anderson Garcia percebeu que não era o único a vivenciar essa situação. Conversando com outros empresários da região, viu que os problemas se repetiam e, diante disso, teve a ideia de montar uma rede para fortalecer os pequenos empreendedores. Logo no início, quando o grupo contava apenas com quatro pessoas, ele pesquisou os produtos oferecidos pelo Sebrae Minas que poderiam orientá-los. A partir desse contato, os empresários conheceram

a Central de Negócios, metodologia que visa incentivar a criação de entidades de base associativa por empresas de um mesmo segmento. Entre as vantagens dessa forma de organização estão soluções compartilhadas pelos membros do grupo, como compra conjunta, planejamento de marketing, acesso diferenciado à mídia, treinamento de equipes, criação de centro de distribuição, dentre outras. A cultura da cooperação também foi trabalhada para manter o grupo consolidado.

A REDE CONSTRUIR EM MINAS 58

lojas em 48 cidades de Minas Gerais;

580 colaboradores diretos; 70

média de mil clientes atendidos por mês;

$

faturamento médio de R$ milhões por mês;

17

área total de venda de m2;

18.900

11 mil itens cadastrados.

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Em 2006, empreendedores de cidades localizadas a um raio de até 170 quilômetros de Januária foram convidados a participar de um encontro para apresentação da Central de Negócios. Todos os 12 presentes aderiram à proposta, que resultou na criação da Rede Mak. Em pouco tempo, os resultados positivos começaram a aparecer, como os descontos nas compras conjuntas, que chegaram a 4% nessa época. Nesse mesmo ano, o volume de compras do grupo saltou de R$ 30 mil para R$ 600 mil, sendo que a variedade de produtos também foi ampliada. No entanto, os membros da rede perceberam que os preços não eram os únicos e, tão pouco, os principais benefícios da iniciativa. “Conseguir descontos era nosso objetivo no início, mas, à medida que recebemos a capacitação do Sebrae Minas, aprendemos mais sobre a cultura cooperativista e o associativismo e percebemos que tínhamos ali uma oportunidade para aprendermos uns com os outros”, comenta Anderson Garcia. Presente na Rede Mak desde o início, Rosalvo Martins Magalhães Júnior, dono de duas

lojas em Montalvânia, a 782 quilômetros da capital, reforça as palavras do colega. “Em nossas reuniões, surgem questões vivenciadas por outros empresários, cujas soluções podem ajudar a todos. É uma forma de se precaver contra problemas em áreas como a trabalhista e a fiscal, por exemplo.”

viços para a unidade de São Paulo. Também foi traçado um plano de comunicação e marketing, com a produção, em conjunto, de folhetos publicitários e anúncios para TV. Outra importante iniciativa foi a implantação de um cartão de crédito com a marca Rede Construir de Minas Gerais, cujas despesas operacionais são compartilhadas pelas lojas. O cartão, além contribuir para a fidelização de clientes, reduziu a inadimplência nos estabelecimentos em até 40%. Com o passar do tempo e os resultados cada vez mais satisfatórios, outros empresários passaram a se interessar em fazer parte da rede. Atualmente, as 16 empresas associadas à Rede Construir somam 3.344 metros quadrados de área de vendas, uma equipe de 143 funcionários e, em média, 20 mil clientes atendidos mensalmente. Após a formação da Central de Negócios, foi observado um crescimento de até 70% no faturamento individual das empresas.

APOIO MÚTUO I No final de 2006, quando a metodologia da Central de Negócios foi totalmente trabalhada com os empresários, Anderson Garcia conheceu a Rede Construir, grupo criado em São Paulo, em 1997, por lojas independentes de materiais para construção, presente em oito estados brasileiros com um total de 260 empresas. A ideia do empresário, que hoje é vice-presidente da Rede Construir Nacional, foi ir até eles para trocar experiências e fazer parcerias. De acordo com a analista do Sebrae Minas, Hebbe Cruz Carvalho Mendes, que acompanha o grupo do Norte de Minas desde os seus primeiros passos, os representantes da Rede Construir de São Paulo ficaram impressionados ao conhecer a trajetória dos empresários mineiros.

O empresário Miley Dias viu, na Rede Construir, a oportunidade de expandir os negócios

Dono de duas lojas em Montalvânia, Rosalvo Júnior integra a Rede Mak

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“Eles disseram que, em um ano, os empreendedores de Minas haviam conseguido um grau de organização que o grupo de São Paulo levou quase 10 para conquistar.” Por esse motivo, eles convidaram a Rede Mak para se tornar uma regional da Rede Construir. “Foi um passo muito importante para nós. Há 10 anos, eu tinha uma lojinha e hoje integro a maior rede varejista do país”, diz Anderson Garcia. A entrada para a Rede Construir acarretou diversas mudanças nas lojas, desde os aspectos físicos aos organizacionais. A padronização do layout (todos os empreendimentos passaram a se chamar Rede Construir), das fachadas, dos uniformes e das embalagens foi uma das ações. Para orientar os empresários na área de gestão a estruturar um escritório central, o grupo contou com a mesma consultoria que prestava ser-

NEGÓCIO DA CHINA I Miley Janser Carvalho Dias soube da existência do grupo e logo se interessou. Há sete anos com uma loja em Janaúba, a 545 quilômetros de Belo Horizonte, o empresário, assim como a maioria, inicialmente procurou a Rede Construir pela possibilidade de comprar produtos por um preço mais baixo. Contudo, ao conhecer melhor as bases da Central de Negócios, percebeu que aquela era uma oportunidade de expandir seu negócio, até então dedicado exclusivamente à venda de tintas. Hoje, a loja comercializa uma linha completa para material de construções e, de acordo com o empresário, tem força para se destacar entre a concorrência. “O cliente já conhece a Rede Construir e sabe que, em nossas lojas, vai encontrar variedade, bom preço e atendimento”, observa. Periodicamente, o grupo se reúne na sede da Rede Construir, transferida de Januária para Montes Claros. De acordo com Anderson Garcia, os encontros podem ser classificados como consultorias gratuitas, já que, com o diálogo, uns aprendem com os outros a superar dificuldades em comum na região. A unidade possui, ainda, três polos para treinamento, onde são www.sebraemg.com.br 35


feitas capacitações em conjunto dos colaboradores das lojas. “Muitos de nossos fornecedores, ao lançarem produtos, fazem o treinamento das equipes para falar sobre as estratégias de venda.” Em 2010, com o Sebrae Minas, os empresários do Norte de Minas participaram de uma missão para a China, onde visitaram a Canton Fair, considerada a maior do mundo no ramo da construção civil. Foi uma oportunidade para conhecer os fabricantes dos produtos e as novidades do setor e fazer contatos com possíveis fornecedores. Em abril deste ano, o grupo marcou presença no evento mais uma vez, contudo, diferentemente da primeira participação, retornaram ao Brasil com negócios fechados. “Em 2010, não fomos preparados para comprar. Dessa vez, como já conhecíamos o processo, fizemos uma compra conjunta, no valor de R$ 680 mil, em portas, janelas e metais sanitários”, revela Anderson Garcia. A criação da Rede Construir no Norte de Minas chamou a atenção de lojistas de outras regiões do Estado. Hoje, existem regionais no Sul e na Zona da Mata, que trabalham de forma independente, constituindo a Rede Construir Minas Gerais.

FAÇA PARTE Para regulamentar a entrada de novos membros na Central de Negócios, os membros da Rede Construir do Norte de Minas criaram um estatuto. Não existem regras quanto ao tamanho da loja, mas ela deve estar em funcionamento há, no mínimo, dois anos, e estar em dia com questões legais e financeiras. Também é importante que o empresário compartilhe com as ideias de associativismo do grupo, uma vez que, mais que buscar o menor custo com fornecedores, o objetivo é contribuir para o fortalecimento na região, por meio de ações de cooperação. Mais informações no site www.redeconstruir.com.br.

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vencer Estratégia para

Pulmão da empresa Um divisor de águas na trajetória da Rede Construir no Norte de Minas foi a inauguração, em 2007, de um Centro de Distribuição (CD) do grupo. Localizado em Montes Claros, o espaço de 1.600 metros quadrados funciona como um estoque para as lojas, possibilitando o armazenamento de um mix maior de produtos e a garantia da entrega imediata aos clientes. “O Centro de Distribuição é como se fosse um pulmão. A gente não precisa ter estoque nas lojas, o que gera economia de espaço, além de possibilitar que tenhamos maior variedade de produtos a oferecer aos clientes. A loja vira uma espécie de mostruário”, explica Anderson Garcia.

Fotos: Pedro Vilela/Agência i7

CAPA

Para exemplificar, ele cita o caso das banheiras que são vendidas em seu estabelecimento. “Antes do CD, eu não podia vender esse tipo de produto, pois não tinha como armazenar, sem falar na questão da logística do fornecedor, que tem resistência a vender pouca quantidade. Com o espaço, fazemos uma compra grande de banheiras. Depois, é só mandar buscar em Montes Claros e, em até dois dias, entrego.” Atualmente, os empresários estão recebendo consultorias na área de logística, para tornar o Centro de Distribuição ainda mais funcional e ágil. O próximo passo será estudar a viabilidade de comercializar produtos para outras lojas.

Com a proximidade dos grandes eventos esportivos, empresários mineiros são capacitados para atender o torcedor com mais qualidade, eficiência e inovação

Robert Souza oferece diferenciais, como pontualidade, segurança e educação, para fidelizar os clientes

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O

portunidade. Essa é a palavrachave para as micro e pequenas empresas quando o assunto são os grandes eventos esportivos programados para o Brasil nos próximos anos, especialmente a Copa do Mundo FIFA Brasil 2014™. Para tornar os empreendimentos e negócios mais competitivos, preparando-os para o mercado, foi criado o Programa Sebrae 2014, com foco nos dez segmentos identificados com mais possibilidades de geração de negócios: turismo, economia criativa, comércio varejista, serviços, artesanato, construção civil, madeira e móveis, agronegócios, moda e tecnologia da informação e comunicação. Os setores foram identificados por meio de pesquisa feita pelo Sebrae, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que mapeou 930 oportunidades nas 12 cidades-sede da competição. O projeto, além de capacitar os empreendedores de micro e pequenas empresas, promove Sessões de Negócios, que aproximam compradores de vendedores. “Desde 2010, estamos recebendo a adesão de empresas, fazendo diagnósticos, propondo melhorias e criando oportunidades de negócios entre compradores e fornecedores. Agora, o foco está na realização de negócios, aproximando os empresários do mercado comprador, por meio de encontros, feiras e sessões de negócios”, explica a analista e responsável pelo Programa Sebrae 2014 em Minas Gerais, Mônica Alencar. E as expectativas têm sido superadas. A meta era atender uma média de 500 empresas por ano, mas, só nos primeiros seis meses de 2013, quase 1.000 participaram das iniciativas. Cerca de 20 encontros ainda devem acontecer no segundo semestre deste ano. “O importante é que os empreendedores fiquem motivados e sensibilizados a buscar a excelência no atendimento. O Programa Sebrae 2014 é uma das possibilidades, mas, para além dos grandes eventos esportivos, o Brasil está vivenciando um período excelente, com inúmeras oportunidades de negócios”, ressalta Mônica Alencar. 38 PASSO A PASSO AGOSTO/SETEMBRO 2013

Francisco Nunes, diretor da VipTaxi, aprendeu a contabilizar os custos do serviço

“O objetivo principal é garantir maior acesso a mercados, aumentando o faturamento por meio da comercialização de produtos de qualidade” Sabrina Albuquerque, analista do Sebrae Minas

VOU DE TÁXI I Quando alguém entra no táxi do Robert Warley da Costa Souza, motorista há oito anos, torna-se dono do espaço, por que não dizer do carro. A filosofia dele é: entra passageiro, sai cliente. “Meu preço é o mesmo de todos os taxistas de Belo Horizonte. Então, o que faz o custo-benefício para o meu cliente ser melhor? Os diferenciais que eu ofereço: pontualidade, segurança, educação, conversa, qualidade no trabalho, higiene e estado de conservação do veículo, motorista bem-vestido, ar-condicionado, som baixo, sintonizado numa rádio de preferência do passageiro ou desligado, entre outros detalhes fundamentais”, analisa o taxista. Está em Belo Horizonte a passeio? Robert Souza mostra os pontos turísticos, indica bons restaurantes e leva o visitante às cidades históricas. Veio a negócios? Corrida agendada, carro impecável. É estrangeiro? Sem problemas, ele fala inglês com a naturalidade de quem viveu nos Estados Unidos por 10 anos. E o serviço de qualidade é de família. A esposa do motorista, Ana Cláudia, também é taxista e trabalha com a mesma filosofia. “A gente troca muitas ideias, discute estratégias. O principal é ver o táxi como a sua empresa e saber que o que deve ser explorado é o turismo, e não o turista”, orienta o taxista. A ideia que Robert Souza tem sobre o seu negócio é o que ensina o Taxista Empreendedor, iniciativa que integra o Programa Sebrae 2014 e que, em apenas dois meses, já capacitou mais de 360 taxistas de Belo Ho-

rizonte e da Região Metropolitana. Até o fim do próximo ano, a expectativa é de que os mais de 6.000 profissionais da região, além de centenas no restante do Estado, sejam beneficiados. “O taxista é o primeiro contato dos visitantes com a cidade. Nosso objetivo é que ele possa enxergar seu táxi como uma empresa, onde ele fará a gestão do negócio, dos controles financeiros, marketing pessoal, implementará estratégias de inovação, logística, atendimento e fidelização de clientes”, enumera a analista do Sebrae Minas, Grazielle Cotta. Gratuito, o curso, desenvolvido pelo Sebrae em parceria com a TV Brasil, é ofertado em duas modalidades: a distância – pela internet – e por meio de um kit composto por um livro sobre a metodologia e o conteúdo, DVDs com uma telenovela de 13 episódios de 26 minutos cada e CDs com programas de rádio com duração de 15 minutos, que apresentam situações cotidianas e dilemas da profissão. A iniciativa aborda outras questões, tais como: fazer do táxi um negócio rentável, dicas para atender com qualidade, estratégias para encantar o cliente e marketing pessoal. “Este curso é uma oportunidade para que o taxista aproveite o seu tempo ocioso, enquanto aguarda um cliente, para se capacitar”, analisa Grazielle Cotta. Para promover a capacitação dos motoristas, algumas cooperativas de táxi estão incentivando seus associados a participarem do curso. É o caso da VipTaxi e da Coopertramo, ambas de Belo Horizonte e que atendem a Região Metropolitana. “Somos embaixadores da nossa cidade. Precisamos estar preparados para receber bem o turista e também atender bem o morador daqui. O material apresentado pelo Sebrae tem uma linguagem fácil, prática, com situações do nosso cotidiano e é fundamental para todos os profissionais do ramo”, analisa o taxista da Coopertramo e diretor da Federação das Cooperativas de Transportes do Estado de Minas Gerais, Geraldo Osmany de Almeida. Para Francisco Antônio Nunes, taxista e diretor da VipTaxi, a iniciativa atende, espe-

QUER SER UM TAXISTA EMPREENDEDOR? É simples. Vá até qualquer ponto de atendimento do Sebrae, faça a sua inscrição e receba o kit físico composto por livro, CDs, DVDs e guia. Outra opção é entrar no site www.taxistaempreendedor.com. br e praticar o curso online. O prazo para conclusão das aulas e apresentação da ficha de avaliação é de 60 dias. A ficha é parte integrante do kit e também pode ser impressa pela internet para os participantes que optarem pelo curso online. Após essa etapa, o participante recebe um certificado de conclusão e um adesivo para colocar no táxi, informando que é um Taxista Empreendedor.

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William Silveira, da Lalubema, está negociando o aplicativo Meu Garçom com 20 possíveis clientes

cialmente, à organização do negócio. “Com o curso, aprendemos, por exemplo, a contabilizar os custos do nosso serviço, sem exceções”, ressalta. A cooperativa se diferencia no mercado por oferecer apenas táxis especiais, aqueles de cor preta, que circulam pela capital mineira e têm diferenciais como conforto e ar-condicionado. Os taxistas cooperados também possuem um tablet, que é por onde recebem as informações das corridas. Até junho de 2013, os 80 motoristas terão concluído, segundo o diretor, ao menos o curso básico de inglês. 40 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

COMÉRCIO BRASIL I Atuar na retaguarda, com diagnósticos e orientações, na linha de frente, como catalisador de negócios, facilitando o contato com possíveis compradores. É assim o Comércio Brasil, parte integrante do Programa Sebrae 2014, uma iniciativa que, desde 2012, tem ajudado empresas mineiras a alavancar as vendas. As empresas participantes passam por várias etapas: matriz de competitividade, para avaliar o nível de gestão dos negócios; diagnóstico do Comércio Brasil, para identificar os produtos e serviços adequados para o

mercado, atendendo às demandas de canais de compra; orientações para acesso a novos mercados e a participação na Central de Oportunidades, ambiente virtual onde todas as empresas participantes tem visibilidade e podem ser consultadas a qualquer momento para atender a novas demandas; e, por fim, as Sessões de Negócios, que são os encontros presenciais, quando compradores e fornecedores ficam frente a frente para a realização de negócios. Para diagnosticar as empresas, o Sebrae Minas conta com o trabalho realizado pela analista da Unidade de Comércio e Serviço, Débora de Andrade Souza, que visita os micro e pequenos negócios, que devem ter faturamento anual de até R$ 3,6 milhões. Desde o início do Comércio Brasil até meados de julho, 51 empreendimentos foram visitados e diagnosticados. “Analisamos questões como capacidade de produção, se a empresa é atendida em algum projeto do Sebrae Minas, quanto tempo está no mercado e quais são seus produtos. Com o diagnóstico feito e os empreendedores preparados, vem a parte mais aguardada – os negócios”, revela Débora Souza. A partir dessa etapa, as empresas ofertantes são apresentas às outras, identificadas, pelo consultor Tiago Caetano, como possíveis compradoras, tendo sido visitadas 91 desde o início do projeto. A participação em feiras do mercado de interesse também é indicada para algumas delas e tem ajudado na realização de negócios. “É importante que o empresário se dedique. Não adianta o Sebrae Minas identificar compradores se ele não tiver uma boa estrutura comercial, capacidade produtiva e de entrega, por exemplo”, analisa Débora Souza. A dedicação de William Tadeu Silveira e seus três sócios tem feito a Lalubema, desenvolvedora de aplicativos móveis, ganhar mercado. A partir da ideia de um dos proprietários, que se via de mãos atadas diante da ineficiência do atendimento de alguns restaurantes, a empresa desenvolveu o Meu Garçom, um aplicativo para tablets que permite que o estabelecimento insira o cardápio detalhado e imagens dos produtos. Essa estratégia facilita o trabalho do garçom,

que vai à mesa depois que o cliente já conhece detalhes do cardápio, a fim de complementar as informações sobre o prato e efetuar o pedido. Com o conteúdo pronto, o problema era difundir o aplicativo, tornando-o conhecido no mercado no menor espaço de tempo. “Foi então que procuramos o Sebrae Minas, que se tornou um catalisador de nossas vendas. Após a realização de um diagnóstico, participamos da Sessão de Negócios e, atualmente, estamos negociando com 20 possíveis clientes, inclusive em outros estados e países”, destaca William Silveira. O volume de vendas alcançado pela atuação do Comércio Brasil, em apenas quatro empresas, chegou a R$ 30 mil em julho. Outros quatro encontros segmentados estão previstos para o segundo semestre. Serão contemplados bares e restaurantes, hotelaria, cafeterias e organizadores de eventos. Para realizar a inscrição no Comércio Brasil, é necessário enviar um e-mail para sebrae2014@ sebraemg.com.br com o nome completo da empresa, telefone e pessoa para contato. DE MINAS PARA O MUNDO I A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, que serão realizadas no Rio de Janeiro, trarão oportunidades para vários segmentos da economia brasileira. Um setor em especial tem uma forte identidade cultural com Minas Gerais e vem sendo desenvolvido por meio do projeto ExpoArt do Sebrae Minas. O artesanato mineiro tem, nesses eventos, a oportunidade de se mostrar ao mundo e conquistar mercado em outros estados, como já é o caso de São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Bahia, Goiás, Mato Grosso e Alagoas, além de países, como Alemanha, Suécia, Espanha, Estados Unidos, França, Itália e Argentina, todos eles já representados por empresas compradoras nas ações organizadas pelo Sebrae Minas. “O objetivo principal é garantir maior acesso a mercados, aumentando o faturamento dos artesãos mineiros por meio da comercialização de produtos originais e de qualidade”, explica a analista do Sebrae Minas, Sabrina Campos Albuquerque. Uma das principais ações do projeto é a loja Brasil Original, que expôs peças produzidas por www.sebraemg.com.br 41


Clermont Cintra

Gláucia Rodrigues

TERRITÓRIOS DA CIDADANIA

Loja Brasil Original, montada no Boulevard Shopping para expor peças de mais de 400 artesãos mineiros

mais de 400 artesãos do Estado, todos apoiados pelas iniciativas do Sebrae Minas. O primeiro espaço, montado em uma área de cerca de 200 metros quadrados no Boulevard shopping, na região Leste de Belo Horizonte, ficou aberto entre 8 de junho e 7 de julho de 2013 para atender, principalmente, turistas que estavam na cidade em função da Copa das Confederações e que precisavam ir ao centro de compras para trocar os ingressos dos jogos. No mês de exposição, quase 6.000 peças foram vendidas e mais de R$ 165 mil foram comercializados. A loja recebeu, em média, 1.000 visitantes por dia, e os produtos que fizeram mais sucesso foram as flores de tecido produzidas por um grupo de artesãos de Piedade dos Gerais, a cerca de 95 quilômetros de Belo Horizonte. “A loja Brasil Original será novamente montada na Copa do Mundo. Talvez tenhamos mais de um espaço na cidade e quem sabe até depois do evento. Acredito que possamos viabilizar negócios pelo menos até o fim de 2014”, conta Sabrina Alburqueque. Além da loja, outras ações de mercado estão previstas para serem realizadas até 2015. O Catálogo de Artesanato Minas Gerais, após sua quinta edição, chega com uma novidade: será específico para segmentos de mercado. A pró42 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

xima edição apresentará apenas peças decorativas e utilitárias. “A intenção principal do catálogo é colocar o artesão em contato direto com o comprador. Ao lado da foto de cada produto, há a ficha técnica e o contato do profissional, nas versões em português, espanhol e inglês”, explica a analista. Em pesquisa realizada pelo Sebrae Minas, constatou-se que um grupo formado por 20% dos artesãos participantes registrou, em um ano, volume de vendas de R$ 1,38 milhão a partir de contatos possibilitados pelo catálogo. Esse relacionamento direto entre os profissionais e os compradores também é possibilitado pelas Rodadas de Negócio, realizadas desde 2004. Em média, um evento gera R$ 4 milhões em negociações.

FAÇA PARTE Para saber mais sobre as demais ações do Sebrae 2014, acesse www.sebrae2014.com.br. Lá você encontra notícias e informações necessárias para fazer parte dos projetos desenvolvidos. Faça contato: sebrae2014@sebraemg.com.br.

ENCONTROS DE NEGÓCIOS DEVEM SER REALIZADOS DE JULHO A DEZEMBRO DE 2013

Turismo Economia criativa Comércio varejista Serviços Artesanato Construção civil Madeira e móveis Agronegócios Tecnologia da informação e comunicação Moda (têxtil e confecções, couro e calçados, gemas e joias)

Taxista Empreendedor 360 taxistas capacitados em gestão

Comércio Brasil 51 empresas ofertantes visitadas 95 empresas compradoras visitadas R$ 30.304 em volume de vendas**

EMPRESAS ATENDIDAS EM 2013

REAL (ATÉ JULHO):

META

QUASE

Local: Boulevard Shopping – Belo Horizonte Artesãos atendidos: 400 Tempo de funcionamento: 30 dias (de 8 de junho a 7 de julho de 2013) Variedade: quase 500 itens diferentes Ampla faixa de preço: de R$ 0,75 a R$ 1.080 Visitas: 30.224 pessoas Peças vendidas: 5.809 Valor arrecadado: R$ 165.300 Artesanatos mais vendidos: decorativos (bandejas, flores, almofadas, etc.), utilitários, moda (colares, bolsas, acessórios) e religiosos.

Pesquisa com compradores revelou que os principais fatores que influenciaram a decisão de compra: 1º: qualidade do produto 2º: originalidade 3º: preço 4º: beleza e estética

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Fotos: Pedro Vilela/Agência i7

EDUCAÇÃO Ex-alunos da Escola Técnica de Formação Gerencial, hoje sócios de uma franquia: Raphael Fiuza, Luis Pires, Arthur Machado e Eduardo Procópio (da esq. para a dir.)

Treinamento empreendedor Programa simula compras e vendas e prepara alunos para o mercado de trabalho, sem sair da sala de aula

A

inda muito jovens, Luis Pires, Arthur Machado, Eduardo Procópio, 23 anos, e Raphael Fiuza, 25 anos, já colhem frutos de uma boa gestão empresarial. Franqueados de uma multinacional do ramo de nutrição e controle de peso, tornaram-se promissores na distribuição dos produtos em Belo Horizonte. O negócio começou com Luis Pires, em 2010, e, com o aumento das atividades, ganhou mais três sócios. O faturamento, segundo eles, vai bem, e as perspectivas são animadoras. “Em pouco mais de um ano de funcionamento, já estamos ampliando a loja para atender à demanda de mais clientes e acreditamos que outras pessoas virão trabalhar conosco”, garante. O conhecimento para abrir e gerenciar um empreendimento não veio da faculdade que os três frequentaram. “Aprendemos a gerenciar e entender o funcionamento de compras e vendas de empresas quando ainda estávamos no Ensino Médio, por meio da disciplina Empresa Simulada”, relembra. Em 2006, quando estudaram juntos na Escola Técnica de Formação Gerencial (ETFG-BH), os ex-alunos trabalharam na Made in Brazil, empresa fictícia criada por eles e pelos demais colegas da época. “Muito da parte do gerenciamento financeiro e do controle de estoque da nossa distribuidora tem a ver diretamente com o que aprendemos na ETFG”, afirma Arthur Machado. O mesmo aconteceu com Maria Raquel Cabral Ribeiro, que se formou na ETFG,

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em 2011. Hoje, aos 19 anos, ela assumiu os negócios da família e gerencia a franquia de quatro lojas de uma famosa rede de fast food em Belo Horizonte e no interior do Estado. “Quando comecei a trabalhar nas lojas, não tinha experiência nenhuma no mercado de trabalho. Fui com a bagagem e a noção do funcionamento de empresas que aprendi na ETFG”, conta. Segundo ela, a familiaridade com as questões burocráticas e internas de uma empresa não seria possível se não fosse a sua formação no Ensino Médio, que aliou disciplinas teóricas de administração e a prática na empresa simulada. “Muitas pessoas esperam a faculdade para ter a primeira experiência profissional. Eu avalio que a simulação de empresas é um excelente começo.” Após sua entrada na rede de franquias, os negócios da família prosperaram. “Depois que comecei a participar do negócio, abrimos mais duas lojas. Atualmente curso faculdade de Administração, mas até agora não vi nada diferente do que aprendi no Ensino Médio”, ressalta a empresária. Assim, estes jovens, muitos deles ainda em idade escolar, conhecem, na prática, o trabalho em empresas antes de enfrentar o mercado de trabalho, e sem sair da sala de aula. O programa Empresa Simulada, oferecido pelo Sebrae Minas em diversas escolas técnicas e faculdades do Estado, funciona como uma companhia virtual que opera a www.sebraemg.com.br 45


exemplo de uma empresa real, negociando produtos e serviços, de acordo com os métodos e procedimentos seguidos por essas organizações. Em um ambiente que funciona como um escritório, o professor assume a função de gestor da organização e constrói com os alunos um plano de negócios que envolve desde logomarca até funções e salários. “Trata-se de um laboratório presencial em que o estudante tem contato direto com a realidade de empresas verdadeiras”, informa Wendell Ferreira, um dos responsáveis pela metodologia de Empresa Simulada no Sebrae Minas. As companhias criadas nas escolas e faculdades de diferentes cidades negociam entre si, por meio da internet e do telefone, e no exterior, por meio da Rede Mundial de Empresas Simuladas. “Como é uma simulação, não existe o produto em si, mas notas fiscais simuladas que comprovam que a empresa comprou ou pagou por mercadorias. O objetivo é fazer com que o participante conheça o mundo corporativo e transite por suas várias áreas”, pontua Wendell Ferreira. Em um sistema de rodízio de funções dentro da própria empresa, os estudantes observam, na prática, aspectos operacionais e gerenciais desde a área de Recursos Humanos, passando por compra, vendas, marketing, entre outras. Na montagem e manutenção dos empreendimentos, os alunos têm que se esforçar para manter o equilíbrio fiscal, resolver problemas e proporcionar lucro. Ao longo da disciplina, o professor também é orientado a criar problemas reais para a turma, como empréstimos bancários, saldo econômico e falhas de gestão. No entanto, segundo o gestor do programa, a sobrevivência da empresa no mercado virtual não é o principal ponto a ser avaliado. “Temos vários negócios que chegam a falir, mas o aluno não é avaliado quanto ao sucesso dela. O importante é que ele aprenda o funcionamento, saiba detectar problemas, criar ações preventivas e verificar as falhas.” Em Minas Gerais, a Empresa Simulada está presente no curso Técnico em Admi46 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

nistração das 16 escolas do Sistema de Formação Gerencial do Sebrae Minas, no curso de Aprendizagem Comercial do Senac Minas, no Instituto Embraer e nas instituições de ensino Newton Paiva (Belo Horizonte), Faculdade Senac Minas (Belo Horizonte), Faculdade de Administração de Mantena, Faculdade de Administração de Passos, Universidade de Araxá, Universidade de Formiga e Instituto Federal de Minas Gerais (Bambuí). “Muitas faculdades fizeram parceria com o Sebrae Minas para oferecer a disciplina nos cursos de Administração, Gestão de empresas, Contabilidade, Logística ou qualquer outro em que seja importante o aluno vivenciar o funcionamento pragmático de uma empresa”, afirma Guido Neto, um dos gestores do programa. ALÉM DAS FRONTEIRAS I A experiência de quem passa pela Empresa Simulada não se limita às fronteiras brasileiras. Em 1999, o Cesbrasil foi aceito no Europen (World Wide Practice Enterprise Network) e se tornou o único representante brasileiro da modalidade. A partir da rede, os estudantes podem negociar compra e venda de mercadorias fictícias entre as 7.500 empresas localizadas em mais de 40 países. “Atentos às legislações

“Aprendemos a geren­ciar e entender o funcionamento de compras e vendas de empresas quando ainda estáva­mos no Ensino Médio, por meio da discipli­na Empresa Simulada” Luis Pires, empreendedor

de comércio internacional, os participantes aprendem a negociar com estudantes de outra realidade”, afirma Gustavo Salum, um dos gestores do programa. O desafio em âmbitos internacionais é a pesquisa de quais produtos brasileiros são mais bem-aceitos no exterior e quais mercadorias estrangeiras são importantes para o mercado local. “No Brasil, por exemplo, sabemos que o imposto de importação do café é alto, assim como existem inúmeras exigências para exportação de enlatados para os Estados Unidos. O aluno tem que ficar atento a isso, e o Cesbrasil faz o papel do governo, de fiscalização do que pode entrar e sair”, explica Gustavo Salum. Além do contato e das negociações com os estudantes do exterior pela internet, alunos da Empresa Simulada também são selecionados para participar das feiras internacionais. É o caso de Luísa Coppe, estudante do 30 ano do Ensino Médio da ETFG-BH. No ano passado, ela e mais 30 alunos representaram o Brasil na Feira Internacional de Empresas Simuladas, em Barcelona (Espanha). Lá, com um estande destinado a cada país, o grupo pôde simular compras e vendas com diversas partes do globo. “Nossa empresa simulava a venda de artesanato mineiro, como as famosas namoradeiras, e de pacotes de viagem turística para o Brasil”, relembra. Para chamar a atenção das pessoas que transitavam pelo evento, o grupo criou estratégias de marketing com foco no aumento de suas vendas. “Chamamos os clientes ao nosso estande, sorteamos camisas da seleção brasileira e negociamos em inglês e espanhol, línguas oficiais da Feira.” O contato com diferentes culturas fez com que Luísa Coppe classificasse a viagem como inesquecível. Ela, que pretende entrar na faculdade de Engenharia de Produção no fim deste ano, acredita que a metodologia do Sebrae Minas conta pontos a mais no futuro profissional. “Quando for o momento de procurar um estágio na universidade, estarei mais preparada que os demais concorrentes, pois já conheço um pouco da realidade do mercado e das negociações.”

Aos 19 anos, Maria Raquel Cabral se vale dos conhecimentos adquiridos no Sebrae para gerenciar a franquia de quatro lojas em Minas

www.sebraemg.com.br 47


Fotos: Uarlen Valério/Agência i7

TERRITÓRIOS DA CIDADANIA

A rede no país No Brasil, a rede foi fundada em 1996, pelo Sebrae Minas, como Centro Brasileiro das Empresas Simuladas (Cesbrasil) e representa, com exclusividade, o país na Rede Mundial de Empresas Simuladas. “É como se fizéssemos o papel dos órgãos públicos que regulam as empresas brasileiras”, explica Wendell Ferreira. A metodologia tem a chancela da Pen International, um órgão sem fins lucrativos a quem o Sebrae Minas paga royalties e obtém

direitos. O Cesbrasil repassa o conteúdo às instituições de ensino preocupadas em oferecer diferenciais competitivos no mercado da educação por meio de um programa de capacitação básica de professores com duração de 16 horas. Além disso, presta consultorias, assistência técnica, realiza monitoramento e avaliação. Os interessados podem encontrar mais informações sobre este serviço no site www.cesbrasil.com.br.

EVOLUÇÃO

2013

A prova do interesse das instituições de ensino na Empresa Simulada é o crescente número de Previsão de empresas e alunos empresas criadas e de participantes que aderiram Primeiro semestre: empresas e ao programa. Nos últimos 7 anos, a quantidade alunos de empreendimentos cadastrados no sistema do Centro Brasileiro das Empresas Simuladas cresceu empresas 56%. Já o número de alunos que passaram pela alunos experiência teve um aumento de 156%. Em 2013, a previsão é que o percentual de empresas empresas e participantes cresça 6% alunos em relação ao ano passado. Para 2014, as previsões são ainda empresas mais otimistas. alunos

2010 160 2009 2.880 135 empresas 2.430 alunos

2011 170 3.060

2012 205 2.430

218

2.124

118

3.924

2008 110 empresas 1.980 alunos

2007 90 empresas 1.620 alunos

2006 80 empresas 1.440 alunos

48 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

Sonhos extraídos da terra Unidos em uma cooperativa, garimpeiros de quartzo em Corinto legalizam a atividade e conquistam a confiança do mercado

2014

250 empresas e 4.500 alunos

previsão de

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Quartzo. O mineral das mil e uma utilidades e oportunidades. Ele está presente nos mais variados objetos do dia a dia: do relógio ao computador. Versátil, é usado da indústria à ornamentação. O Brasil é o país que detém as maiores reservas mundiais de cristais de quartzo, um total de 95% da oferta mundial, sendo Minas Gerais um dos estados de maior destaque, ao lado do Pará. Em Corinto, na região Central de Minas, um dos maiores polos produtores no mundo, a extração do mineral é responsável por cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) da cidade. E a atividade é uma oportunidade de crescimento para 130 profissionais integrantes da Cooperativa Regional Garimpeira de Corinto (Coopergac/Uniquartz).

Ênio Trindade, diretor da Coopergac, ressalta a importância de extrair o quartzo de forma sustentável

50 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

Se os garimpeiros são vistos como sonhadores, neste caso, eles mostraram que o desejo se tornou realidade com a criação da Coopergac, em 2007. “Antigamente, o pessoal trabalhava com medo. Se chegava alguém estranho na cidade, a gente já pensava que era para fiscalizar. Hoje, com a cooperativa, ficou mais fácil se adequar à legislação. Também ressalto que sabemos a importância de fazer a atividade de forma sustentável”, conta o diretor da entidade, Ênio Gilmar Trindade, que nasceu em uma família de garimpeiros. A exploração do quartzo em Corinto teve início nas primeiras décadas do século 20. Mas muita coisa mudou, principalmente no que diz respeito às leis ambientais. A maior parte dos garimpeiros desejava se adequar às normas,

contudo esbarrava na burocracia dos órgãos públicos e nas altas taxas pagas para legalizar uma área de extração. Unidos na cooperativa, a situação mudou. “Quando começamos a nos apresentar como um grupo registrado, passamos a ter voz e o respeito que tanto queríamos”, ressalta o presidente da Coopergac, Enilson de Souza. No início, a entidade contou com a adesão de apenas 23 pessoas. A cooperativa conta com a parceria do Sebrae Minas, desde o início de sua trajetória, por meio do Programa Nacional Sebrae nos Territórios da Cidadania (veja mais na página 54). A iniciativa, pioneira e única no setor, tem gerado benefícios para o município e feito desse grupo de sonhadores uma referência no país. Hoje, a Coopergac é detentora de uma área de 996 hectares de subsolo registrado para a exploração do quartzo. No terreno, é encontrado, além do quartzo leitoso (sílica), aplicado em diversos segmentos da indústria, o cristal puro, usado na fabricação de joias, ornamentação e até de fibra óptica. No momento, mais oito áreas na região, correspondentes a 8.000 hectares, estão passando por processo de legalização para serem exploradas. Coordenador da área, o garimpeiro José Lúcio Carneiro de Araújo sabe bem a diferença de trabalhar em um terreno regularizado. “É a primeira vez que atuo em uma área legal, e a sensação é outra. Hoje, me sinto respeitado, não tenho mais medo da fiscalização ou de ter que pagar multa.” PROGRESSOS I O trabalho de extração em larga escala, anteriormente feito com ferramentas rudimentares, como pá e picareta, hoje conta com moderno maquinário. Recentemente, com as linhas de financiamento obtidas no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e na Caixa Econômica Federal, o grupo pôde adquirir uma escavadeira hidráulica, orçada em R$ 478 mil. O equipamento gerou o aumento da produção de quartzo leitoso de 2.000 para 10.000 toneladas ao mês. “Antes, tínhamos que alugar uma máquina. Agora,

O lapidador Wellington Alves acredita que o fato de comprar cristais de uma área legalizada ajuda a aumentar a clientela

graças aos empréstimos que conseguimos em nome da cooperativa e à sensibilização dos próprios associados, adquirimos a nossa”, comenta Enilson de Souza. Após ser extraído, o mineral segue para a etapa de lavagem, outra conquista que está agregando mais valor ao produto. “A gente vendia o quartzo sujo de terra, mas um de nossos compradores se mostrou interessado no mineral lavado”, explica Ênio Trindade. A parceria com esse cliente resultou em um terreno e em maquinário para que o quartzo passe por tal beneficiamento antes de chegar ao mercado. O processo gerou aumento de até 70% no valor do produto final, além do maior aproveitamento do quartzo. “Nós fazemos uma triagem das pedras. As maiores vão para a indústria. As pequenas, estamos vendendo para a área de construção civil, para serem usadas como cascalho em estradas e ornamentação de jardins”, conta o vice-presidente da cooperativa, Antônio Carlos Cruz de Queiroz. Já os cristais, que, na região, são encontrados com pureza de 50% a 100%, são vendidos a representantes de empresas da área de tecnologia e lapidadores que atuam no ramo de joias e peças decorativas, como Wellington Cesário Alves e José Alves de Moura, ambos membros da cooperativa. Segundo Wellingwww.sebraemg.com.br 51


ton Alves, mesmo não atuando direto no garimpo, o fato de comprar o cristal retirado de uma área legalizada possibilita a expansão da clientela, a melhor prática de preços e mais segurança no trabalho. NOVAS PERSPECTIVAS I Para ampliar o mercado de lapidação na região e garantir a continuidade dessa tradição, um dos projetos da Uniquartz, já em fase de estudos, é a criação de uma escola de formação de lapidadores em Corinto. A iniciativa será viabilizada por meio de uma parceria da entidade com a Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec). Também pelo instituto de ensino e pesquisa, que está ligado à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), foram desenvolvidos projetos de estudo da genética do quartzo extraído na região e um diagnóstico para catalogação das lavras.

Outra iniciativa da cooperativa, em parceria com o governo de Minas, é a construção de uma miniplanta industrial para transformação do quartzo em pó, o que vai atender a uma demanda da indústria de construção civil por matéria-prima. O produto poderá abrir as portas da entidade para o mercado externo em grande escala. “Hoje, vendemos cristais para estrangeiros que nos procuram, mas ainda não há um projeto grande de exportação. Com o aumento das áreas de extração e essas parcerias com o governo, será possível mais uma conquista”, afirma o diretor da Uniquartz. Para conhecer melhor o mercado externo, o grupo marcou presença, no ano passado, em uma feira anual realizada em Munique, na Alemanha, considerada a maior do mundo no setor de mineração. “Foi uma oportunidade para conhecermos novas tecnologias”, conclui Enilson de Souza.

Ao lado do lapidador José Alves de Moura (à esq.), o presidente da Coopergac, Enilson de Souza (à dir.), afirma que os garimpeiros passaram a ter voz e respeito após se apresentarem como um grupo registrado

52 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

Formação cidadã Integrado ao processo de implantação do Programa Territórios da Cidadania, criado pelo governo federal, em 2008, com a proposta de gerar inclusão produtiva por meio do empreendedorismo, o Programa Nacional Sebrae nos Territórios da Cidadania visa levar capacitação e formalizaçãoa novos empreendedores, identificados em localidades mais afastadas dos grandes centros e com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Atualmente, o Territórios da Cidadania abrange 120 localidades. O programa prevê a mobilização de órgãos privados e públicos, com ações relacionadas ao desenvolvimento social, à organização sustentável da produção, à saúde, saneamento e acesso à água, educação, cultura e infraestrutura. Em Minas Gerais, o projeto abrange oito territórios. Segundo Francis Bossaert, gerente da Unidade de Desenvolvimento Territorial do Sebrae Minas, as ações estaduais e nacionais estão integradas. Com o objetivo de combater a pobreza no país, o programa promove assistência técnica e gerencial às atividades produtivas existentes nos territórios geograficamente definidos pelo governo federal. “Queremos criar um ambiente de negócios favorável ao desenvolvimento do território para dinamizar a economia local, com foco nos negócios existentes nas áreas urbanas e rurais dos segmentos de agronegócios, comércio, indústria e serviços”, afirma Francis. As ações também buscam incentivar a implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, que pretende fortalecer os empreendimentos locais, com estímulo à aquisição, pelas prefeituras, de produtos e serviços oferecidos por fornecedores locais. O programa do Sebrae Nacional está presente em 105 territórios do país, contabilizando 1.601 cidades em 26 estados. Estão em andamento projetos desenvolvidos pelas unidades do Sistema Sebrae, com investimentos previstos de cerca de R$ 128 milhões até 2014. Minas Gerais, onde há oito territórios, terá, no período, quase R$ 9 milhões para in-

vestimentos. Corinto é um dos 17 municípios que fazem parte do território da Cidadania Sertão de Minas, que corresponde a uma área total de mais de 24 mil quilômetros quadrados. Atualmente, estão registrados, nesse território, 6.252 microempreendedores. O Sebrae Minas atua junto à Uniquartz desde 2008. Durante um ano, foi trabalhada com o grupo a cultura da cooperação, cujo objetivo é fortalecer associações e cooperativas. Em 2010, o Sebrae apoiou a organização do 1º Seminário sobre Cooperativismo Mineral em Corinto, que contou com a participação de cooperativas e representantes do governo da Paraíba, estado que também se destaca na produção mineral. O seminário está em sua terceira edição e tem reunido um número cada vez maior de pessoas ligadas à cadeia do quartzo no Brasil. O Sebrae Minas também tem atuado na viabilização de missões técnicas, como a ida ao Seminário Nacional de APLs de base Mineral, em Salvador (BA), e à Brazil Gem Show (Feninjer), principal feira de pedras da América Latina, que acontece em São Paulo. Atualmente, o grupo está sendo orientado na elaboração de um planejamento estratégico para os próximos cinco anos, uma iniciativa inédita para os cooperados. Segundo Frank James de Oliveira, técnico do Sebrae Minas em Curvelo, as ações desenvolvidas junto à cooperativa estão transformando os sonhos dos cooperados em realidade e ajudando a construir, de forma sólida, uma estrutura de sustentabilidade e competitividade.

“Quere­mos criar um ambiente de negócios favorável ao desenvolvimento do território para dinamizar a economia local, com foco nos negócios existen­tes nas áreas urbanas e rurais” Francis Bossaert, gerente da Unidade de Desenvolvimento Territorial do Sebrae Minas www.sebraemg.com.br 53


Ciente de sua importância para a economia de Corinto, a Uniquartz tem buscado ampliar sua atuação na cidade, estando à frente de iniciativas sociais, como o Telecentro Mineral, programa do governo federal, por meio do Ministério de Minas e Energia, para promover a inclusão digital e facilitar o acesso a informações referentes ao mercado de mineração. Por dia, mais de 50 pessoas da comunidade passam pelo telecentro, que é equipado com 11 computadores e está localizado na sede da cooperativa. No local, são oferecidos cursos gratuitos de informática e serviços como impressão e acesso à internet. Segundo o diretor da cooperativa, Ênio Trindade, os cooperados também têm sido instruídos para se regularizarem como Microempreendedores Individuais (MEI), o que pode ser feito no próprio telecentro. Em 2010, o trabalho desenvolvido no espaço foi reconhecido na terceira edição da premiação Telecentros Brasil, oferecida, desde 2008, pelo Ministério da Indústria e Comércio Exterior, Ministério da Ciência e Tecnologia e pela Associação Telecentro de Informação e Negócio (ATN). Um dos objetivos da iniciativa é aproximar os empresários, as instituições públicas e privadas, as organizações não governamentais e a sociedade em geral. O Telecentro Mineral da Coopergac foi premiado na categoria Orientação e Capacitação. A entrega contou com a participação de representantes da entidade, que puderam apresentar o trabalho desenvolvido e estreitar laços com o governo federal. Outra forma de atuação da cooperativa é durante o Dia de Cooperar (Dia C), evento promovido pelo Sistema Ocemg (Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais) que conta com o apoio e participação das cooperativas mineiras. No dia, são desenvolvidas diversas ações voluntárias pelos membros das cooperativas e familiares de acordo com as demandas de cada comunidade atendida. 54 PASSO A PASSO JUNHO/ JULHO 2013 54 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

O QUARTZO E SUAS APLICAÇÕES Em Corinto, é encontrada, em maior quantidade, a pedra sílica, que é a liga de ferro sílico, também conhecida como pedra branca ou quartzo leitoso. Entre suas aplicações, devido a sua resistência a altas temperaturas, está a fabricação de semicondutores para a indústria de alta tecnologia, além dos usos na indústria aeronáutica e petrolífera, entre outras. Há também, na região, as drusas, que são pedras para coleção ou uso no artesanato. Destacam-se ainda os cristais, cujos usos podem ser tanto na fabricação de tecnologia de ponta, como as fibras ópticas, quanto na produção de peças de artesanatos e joias. Os cristais de melhor qualidade são destinados à indústria óptica, eletrônica e de instrumentação, enquanto os de qualidade inferior destinam-se à indústria em geral (abrasivos, cerâmica, metalúrgica). A produção brasileira de quartzo, tanto a produção de lascas (fragmentos de quartzo selecionados manualmente e pesando menos de 200 gramas) quanto a extração de cristais, é feita pelo pequeno minerador e pelo minerador informal (não legalizado). Os cristais de grau eletrônico (usados na indústria de cristal cultivado) são mais raros e de produção esporádica.

EM MINAS, O SEU NEGÓCIO VAI MAIS LONGE.

Taxas de Sobrevivência de Micro e Pequenas Empresas:

81,5% Minas Gerais

76%

Média Nacional

O Sebrae Minas tem uma ótima notícia para os empreendedores mineiros. Minas Gerais tem a maior taxa de sobrevivência de micro e pequenas empresas do Brasil. Isso significa que mais empresas estão superando a marca dos dois anos. Com o Sebrae Minas seu negócio pode mais.

0800 570 0800 / www.sebraemg.com.br

Fonte: Sebrae Nacional – 2007 a 2009

Inclusão social


Fotos: Pedro Vilela/Agência i7

CONFECÇÕES

Gestão e eficiência na moda

E

Confecções de Juiz de Fora desenvolvem habilidades gerenciais para vencer desafios do mercado e fortalecer a imagem do polo têxtil mineiro

m Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, a indústria têxtil faz parte da tradição e é representativa na economia local. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, em 2010, atuavam 435 empresas, gerando mais de 5.000 empregos diretos (confira na página 60). A localização privilegiada da cidade favorece o fornecimento a grandes centros consumidores, como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. No entanto, com a concorrência elevada pela entrada dos produtores asiáticos no mercado brasileiro na última década, fatores como eficiência na produção, excelência em logística, controle de qualidade e de processos passaram a ser exigidos cada vez mais das confecções. Para apoiar os empresários da região frente às constantes mudanças de cenário econômico e atualizá-los quanto às tendências do mercado, o Sebrae Minas desenvolve o projeto Confecções Juiz de Fora, iniciado em 2004 e que contempla atualmente 14 participantes. “Trabalhamos a realidade de cada empresa com foco na eficiência, tendo como metodologia a gestão estratégica voltada para o resultado. A manutenção consiste em avaliar e reavaliar o plano e os resultados, percebendo as mudanças, corrigindo e complementando as ações”, resume Gustavo

56 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

Magalhães, analista do Sebrae Minas. Ele avalia que o sucesso da iniciativa está no posicionamento que as empresas passaram a ter diante do mercado. “Notamos que elas hoje possuem modelos de gestão bem avançado, entendimento apurado sobre o setor e o cliente e elevado grau de competitividade.” O empresário Ronaldo Campos é um dos participantes. Nascido em Juiz de Fora, ele cresceu no ambiente das máquinas de costura e, em 1989, aos 25 anos de idade, decidiu investir no universo das malhas para ajudar os pais a conduzir os negócios da Malharia Campos. Com o reforço na direção, a família adquiriu a sede própria neste mesmo ano, em um prédio de dois andares no bairro Vitorino Braga, onde a empresa permanece instalada. Hoje, com 38 anos de mercado, a Malharia Campos, fornecedora de peças íntimas nos segmentos masculino, feminino e infantil, passa por um importante momento de evolução e enfrenta os desafios de consolidar um novo modelo de processo produtivo e de aprimorar a gestão para tornar o negócio mais competitivo. Com os aprendizados e a consultoria técnica recebida por meio do projeto, a Malharia Campos vem, nos últimos anos, desenvolvendo planos e ações que estão tornando possível a ampliação do alcance de sua marca no mer-

O empresário Ronaldo Campos, da Malharia Campos, aumentou em 70% a produção mensal de peças

www.sebraemg.com.br 57


cado brasileiro de malhas, além da otimização dos processos e do aumento da produtividade e do faturamento. Para chegar a esses resultados, a principal mudança ocorreu na cadeia fabril. “Substituímos o método de produção em linha pela organização em células, uma dinâmica que divide a equipe em grupos, e cada um deles é capaz de completar as etapas de fabricação de um produto em poucos instantes. Esse investimento gera impactos positivos, por aprimorar nossa capacidade produtiva”, descreve Ronaldo Campos. Os resultados dos principais indicadores confirmam a melhoria no desempenho da Malharia Campos. Além de ampliar a atuação no mercado para os estados da região Sudeste, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás, a empresa alcançou, de 2005 a 2013, o aumento de 70% na produção de peças ao mês, de 50% no volume de vendas e no número de funcionários e de 75% no faturamento. SUPERAÇÃO E RESULTADOS I Adriana Freitas Oliveira, sócia da Torp Paulatex Indústria e Comércio de Malha, que produz meias e peças de underware (peças de moda íntima) masculinas e femininas, também implantou diversas mudanças em sua empresa e assiste, nos últimos anos, à multiplicação de seus números, após a adesão ao projeto do Sebrae Minas. “Em 2004, ocupávamos uma área de 1.200 metros quadrados, hoje estamos em um espaço de 5 mil metros quadrados. O número de funcionários passou de 90 para 240. Estimo que tenhamos crescido cerca de 100% neste período”, revela a empresária. Assim como a Malharia Campos, a Torp, com 27 anos de existência, é uma empresa familiar. Juntamente com o irmão, Alessandro Freitas, Adriana Oliveira assumiu o negócio em 1996, quando seu pai decidiu fechar a fábrica em função do cenário de recessão causado pelo Plano Collor. “Passamos por muitas dificuldades, pois a empresa não tinha capital de giro, nem crédito financeiro. A solução foi fabricar peças para uma empresa que detinha os royalties para comercializar a marca Disney. A estratégia deu certo, mas só 58 PASSO A PASSO AGOSTO/SETEMBRO 2013

“Com os cursos e consultorias oferecidos pelo projeto do Sebrae Minas, passei a ter visão mercadológica, conhe­cer mais sobre o ramo de atuação e desenvolver condições técnicas para a tomada de decisões gerenciais” Adriana Oliveira, sócia da Torp Paulatex Indústria e Comércio de Malha

até o ano 2000, quando os produtos chineses chegaram ao mercado e os royalties perderam a força. Desse ponto em diante, decidimos investir na marca própria”, conta Adriana Oliveira. A partir de 2005, o mercado se abriu para o financiamento, e a Torp encontrou facilidade para obter crédito. Participando do Confecções Juiz de Fora, Adriana Oliveira descobriu as ferramentas que possibilitaram o crescimento e a consolidação do negócio. “Mesmo sendo administradora formada, eu não sabia como aplicar as ferramentas de gestão que possibilitariam as grandes transformações. Com os cursos e consultorias oferecidos pelo projeto do Sebrae Minas, passei a ter visão mercadológica, conhecer mais sobre o ramo de atuação e desenvolver condições técnicas para a tomada de decisões gerenciais. O saldo disso tudo é que os últimos nove anos da empresa valeram pelos 27.” Seguindo a tendência da moda rápida (confira na página 60), que torna o processo fabril mais veloz e agrega valor ao produto, o projeto propõe a implantação de células dentro da cadeia produtiva das confecções, além da sistematização das áreas, do controle de qualidade e do desenvolvimento de lideranças internas das empresas participantes. O principal desafio em prover as mudanças foi trabalhar a cultura interna, segundo a empreendedora. “No início, houve muita resistência dos colaboradores, mas contamos com o apoio de profissionais do projeto, que vinham sempre monitorar e garantir a manutenção dos novos processos. Agora, todos estão engajados, por perceberem os ganhos.” INSPIRAÇÃO ITALIANA I O empresário Wagner Laroca Frias se inspirou na origem familiar para criar a Fiore d’Itália, especializada em pijamas masculinos e conjuntos de moletons, há 22 anos. A empresa vende por atacado para lojas de vestuário de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, interior de São Paulo e Santa Catarina. Segundo ele, trata-se de um setor de concorrência acirrada e mercado exigente, que dispende investimentos contínuos em capacitações e inovação tecnológica. “Eu acabei de adquirir um novo software, que permite gerenciar, de forma sistêmica, as diferentes áreas

O empresário Wagner Frias, da Fiore d’Itália, adquiriu um novo software para gerenciar as diferentes áreas da empresa

da empresa. Acredito que essa ferramenta vai potencializar ainda mais o controle e os resultados do processo produtivo. O Sebrae Minas me dá essa visão de investir em tecnologia e estar sempre atento à necessidade de mudanças e adaptações”, declara o empresário. Ele é participante do projeto Confecções Juiz de Fora desde a implantação, em 2004, e, com o grupo de empreendedores, tem aproveitado diversas oportunidades, como a exposição em feiras nacionais, cursos de capacitação, realização de visitas a fábricas de outros estados e consultoria técnica para desenvolvimento gerencial e operacional. “Outro ponto muito positivo são as trocas de experiências entre os colegas do setor. Estamos formando uma relação de união com várias possibilidades de parcerias dentro do grupo”, destaca Wagner Frias. www.sebraemg.com.br 59


Número total de empresas e empregados 5.252 4.593

4.801 452

435

425

Empresa Empregado

2008

2009

2010

Empregados por empresas e salário médio 612 567

521

7,9% 10,6

8,8%

12,4

10,6

Empregado/ Empresa Salário médio

2008

2009

2010

Fonte: elaboração própria a partir de dados da RAIS/MTE 2010

O setor apresenta uma tendência de consolidação: aumento do número de empregos com redução no número de empresas. Esta tendência se confirma pelo aumento do número médio de empregos por empresa. O salário médio tem aumentado um pouco mais do que a inflação.

60 PASSO A PASSO AGOSTO/SETEMBRO 2013

Ritmo acelerado A moda rápida é a atual tendência de vestuário. Além de aumentar a velocidade da produção, a estratégia reconhece a importância dos processos de consumo ao agregar valor ao produto. Para tanto, requer competências para compreender o mercado e inserir informações sobre a demanda. No intuito de entender melhor como essa dinâmica ocorre na prática, 10 empresas de confecções participaram da Oficina de Criação em Moda Rápida, aplicada pelo Sebrae Minas, em Divinópolis, entre os meses de maio e junho. A iniciativa busca capacitar empresários sobre a prática da gestão sistêmica do varejo na estratégia do setor. “Trabalhamos a integração da demanda do cliente com a cadeia produtiva, etapa por etapa: suprimento, logística, criação e fabricação de produto e vendas. Nesse modelo, o sistema criativo fica muito próximo do mercado e é preciso repensar o design como elo entre o sistema de produção, o desenvolvimento do produto e o mercado”, explica Leonardo Mol, analista do Sebrae Minas. No segundo semestre, outra turma será formada para capacitar empreendedores de Divinópolis. Informações e inscrições pelo telefone (37) 3213-2080. POTENCIAL I Para potencializar o segmento de moda casual em São João Nepomuceno, na Zona da Mata, o Sebrae Minas ministra a Oficina de Criativação. No primeiro ciclo, que vai até o final de setembro, participarão 10 empresas, e serão abordados conceitos de moda rápida, modelagem e design. Segundo Gustavo Guimarães, analista do Sebrae Minas, a proposta é auxiliar os participantes a associar a vontade do mercado com a linha de produção. “Os ensinamentos são direcionados para que as empresas se adaptem à demanda, que hoje cobra constantemente a apresentação de novos produtos em períodos muito curtos. O cenário exige planejamento, ordenação de ações e leitura crítica sobre as tendências e orientações do mercado”, assinala.

Peças da grife mineira Jardin expostas na feira Who’s Next Prêt-à-porter, em Paris, na França

Divulgação

SETOR DE VESTUÁRIO EM JUIZ DE FORA

Destaque em Paris A estilista Bharbara Renault, proprietária da grife Jardin, levou a coleção verão de sua marca a uma das maiores feiras de moda do mundo, a Who’s Next Prêt-à-porter, realizada na primeira semana de julho deste ano, em Paris, na França. O convite foi feito pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e, entre os estilistas que representaram o design brasileiro, Bharbara Renault foi a única representante de Minas Gerais. “Participei pela primeira vez do evento e me senti muito privilegiada, pois é uma feira enorme e mundialmente reconhecida, que reúne quase 2.000 expositores e marcas de 30 países, que produzem desde biquíni até calçados e bolsas e diversos artigos em moda”, ressalta a empresária.

A atual coleção da Jardin teve inspiração nas obras do arquiteto Oscar Niemeyer, que se revela na escolha das cores, cortes e formas do vestuário. A homenagem ganhou destaque, sendo uma das 50 marcas selecionadas pelo bureau de pesquisa de tendências, Nelly Rodi, para compor uma exposição de tendências para a estação, posicionada no saguão de entrada da feira. Bharbara Renault lançou a marca própria em 2010 e, desde o segundo semestre de 2012, participa do projeto de consultoria em Gestão e Branding, aplicado pelo Sebrae Minas para empreendedores da moda. “Minha expectativa é de que os aprendizados dessa iniciativa possam me ajudar a preparar a Jardin para novos desafios, como o de conquistar o mercado de exportação”, planeja a estilista.

ESTÍMULO A PARCERIAS Para estimular o estabelecimento de parcerias entre as cidades mineiras que são polo em moda casual, será realizado, no dia 26 de novembro, em São João Nepomuceno, o 1º Encontro Mineiro de Negócios da Moda. O evento vai reunir

empresários de São João Nepomuceno, Divinópolis e Belo Horizonte, entre outros municípios, com o propósito de aproximar os empresários e favorecer um intercâmbio de negócios entre eles. Programe-se: (32) 3257-4712. www.sebraemg.com.br 61


Arquivo Sebrae

Ingresso no mercado de trabalho

NOTAS

Rodada de Uberaba A 2ª edição da Rodada de Negócios de Uberaba e região terá 26 grandes empresas compradoras interessadas em negociar com

micro e pequenas empresas, que podem se inscrever para ofertar seus produtos e serviços até o dia 19 de setembro.

2ª Rodada de Negócios de Uberaba e Região 25 de setembro, a partir das 19h – Cerimônia de abertura e palestra magna (inscrição gratuita) 26 de setembro, das 8h30 às 18h30 – Rodada de Negócios. Taxa inscrição: R$ 50 Local: SESI – Centro de Cultura José Maria Barra - Praça Frei Eugênio, 231 São Benedito Informações e inscrição: (34) 3313-0887 ou rodadaura2013@gmail.com

O curso técnico de Administração do Núcleo de Empreendedorismo Juvenil (NEJ) do Sebrae Minas, que funciona dentro do Plug Minas – Centro de Formação e Experimentação Digital do Governo de Minas Gerais, está abrindo as portas do mercado de trabalho para os ex-alunos. Uma pesquisa realizada em julho com 242 estudantes egressos– nos anos de 2010, 2011 e 2012 – mostra que, para 64% dos jovens, a formação técnica contribuiu no momento de conseguir um emprego. Antes do curso, 79% dos entrevistados não estavam trabalhando e, hoje, 55% estão empregados, e 11% fazem estágio. Para 33% dos egressos, o tempo médio para obter uma colocação no mercado de trabalho foi de um a três meses e, para 24% deles, de seis meses a um ano. Outro destaque da pesquisa é que 89% dos entrevistados aumentaram a renda após a participação no curso e, atualmente, 29% desse grupo têm subordinados na função que exerce, sendo que 17% ocupam cargos de analista, dirigente, gerente ou supervisor. Além de identificar a situação atual dos ex-alunos do NEJ no mercado de trabalho, durante este levantamento, a satisfação geral dos

Atendimento com qualidade Para aprimorar o atendimento e oferecer mais comodidade aos empreendedores, o Sebrae Minas realizou uma parceria com o Banco do Brasil em Ipatinga, no Vale do Aço, e passou a disponibilizar, uma vez por semana, serviços exclusivos de um gerente financeiro.“O Sebrae Minas de Ipatinga tem investido significativamente em ações destinadas a oferecer atendimento personalizado 62 PASSO A PASSO AGOSTO/SETEMBRO 2013

e de alta qualidade a todos os seus clientes”, explica a analista, Larissa Mafra. Após a negociação com o Banco do Brasil, o cliente recebe consultorias e orientações técnicas do Sebrae Minas para que possa analisar a melhor forma de aplicar e investir o recurso financeiro adquirido. Desde abril, ocorreram mais de 60 atendimentos na Unidade.

participantes com o curso também foi avaliada. Os resultados são positivos e mostram que 84% o consideram muito bom e 14% bom. Confira os principais números da pesquisa nos gráficos abaixo: Antes do curso Faz estágio

1% 17%

Está trabalhando

79%

Não está trabalhando Abriu a própria empresa (formal ou informal)

3% Situação atual depois do curso

11%

Faz estágio

55%

Está trabalhando

31%

Não está trabalhando Abriu a própria empresa (formal ou informal)

3%

Para 64%, o curso contribui para obter emprego

Empresa em que trabalha (setor, porte e categoria)

56% 4%

7%

56% 25%

9%

MPE - 37% MeGr - 54% Legenda: Construção cívil Serviços

19%

20 %

Empresa pública

Empresa familiar

Indústria Comércio

Administração pública

Empresa privada

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Forneceu, recebeu Fortalecer a economia local e estimular a participação do empresário de Uberaba no desenvolvimento econômico da cidade. Esse é o objetivo do programa Forneceu Recebeu, criado pela Prefeitura Municipal em parceria com o Sebrae Minas. Para sensibilizar os empreendedores a vender seus produtos e serviços ao poder público, foram ministradas palestras e distribuídas cartilhas com instruções de como participar de uma licitação. “Se a prefeitura compra das micro e pequenas empresas de Uberaba, o dinheiro circula dentro do próprio município,

Incentivo à inovação gico da interação Universidade/Empresa para inovação e desenvolvimento. Os presentes pesquisadores e alunos da pós-graduação da UFV também puderam prestigiar a apresentação das três empresas que mais se destacaram na segunda edição do programa, que busca orientar projetos de tecnologia aplicada e com potencial mercadológico a dar origem a inovações, seja por meio de empreendimentos criados para comercialização, seja pela transferência de projetos a empresas já existentes.

Aprendizado na Europa

No intuito de fortalecer o varejo farmacêutico, o Sincofarma-MG – Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Minas Gerais, em parceria com a Unidade de Atendimento Coletivo Comércio, Serviços e Artesanato do Sebrae Minas, responsável pelo setor no Estado, promoveu a Missão Internacional a Orlando, nos Estados Unidos, de 22 a 30 de junho. Na ocasião, os farmacêuticos tiveram acesso a novos conhecimentos, assistiram às palestras sobre as novidades e inovações do segmento e fizeram visitas técnicas às farmácias e drogarias-modelos das cidades de Orlando e Gainesville. A missão também contribuiu para orientar os varejistas a respeito da atual concentração do mercado, que tem diminuído as chances de sobrevivência dos laboratórios e acirrado a competitividade no Brasil. 64 PASSO A PASSO AGOSTO/SETEMBRO 2013

Mariela Guimarães/Agência i7

Missão norte-americana

Os 11 vencedores da 3ª edição do Prêmio Sebrae Minas Design participaram da Missão Internacional Sebrae Minas Design para a Finlândia e a Dinamarca. De 25 de maio a 1º de junho, eles tiveram a oportunidade de conhecer universidades, museus, indústrias e centros de design. “A visita foi muito positiva, pois pude conhecer na prática o que havia visto apenas na teoria, além de prestigiar profissionais, produ-

tos e empresas de destaque no mercado”, conta Hugo Hisamatsu, vencedor da categoria Estudante com o projeto P.Monha. Os participantes da missão ampliaram sua rede de contatos profissionais, tendo acesso a potenciais parcerias profissionais, colaborações acadêmicas e comerciais com profissionais, instituições e empresas de excelência em suas áreas de atuação.

Divulgação

O livro PII – Programa de Incentivo à Inovação foi lançado no dia 6 de junho, no Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional de Viçosa (Centev). A publicação apresenta as principais pesquisas realizadas na Universidade Federal de Viçosa (UFV), que podem ser transformadas em processos ou em produtos inovadores. Durante o evento, o professor e secretário adjunto da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas, Evaldo Vilela, ministrou a palestra O papel estraté-

gerando um ciclo virtuoso de desenvolvimento e acarretando aumento da renda e maior oferta de emprego”, explica Marcius Marques, analista do Sebrae Minas. A iniciativa visa, ainda, ao crescimento do número de fornecedores cadastrados, o que irá ampliar a concorrência e reduzir os custos. A adesão ao programa tem sido satisfatória, e a intenção do Sebrae Minas é levar a iniciativa para as demais microrregiões do Triângulo Mineiro. Os empresários interessados devem acessar o site da Prefeitura de Uberaba (www.uberaba.mg.gov.br), no ícone “Cotações prévias”.

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NEGÓCIO A NEGÓCIO

Boas oportunidades em vista Fotos: Pedro Vilela/Agência i7

Empresários recebem orientações sobre ferramentas de gestão e conseguem melhorar os resultados de seus negócios

O empresário Ricardo de Souza, da RC Distribuidora, implantou o Controle de Estoque para melhorar a comercialização dos 2.800 kits mensais de produtos da Nestlé

66 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

Em tempos de e-commerce, da multiplicação de shoppings e do crescimento do comércio de bairros, o conceito porta a porta pode soar estranho ou obsoleto. Mas, para a RC Distribuidora, que vende alimentos da marca Nestlé, esse modelo de comercialização, alinhado a estratégia, planejamento e organização, é perfeitamente aplicável nos dias atuais. O negócio funciona como um microdistribuidor (MD) ou um delivery de produtos da marca, vendidos no formato de kits, divididos nas linhas refrigerada (lácteos, como iogurtes) e seca (biscoitos, achocolatado, macarrão, chocolates, entre outros). São mais de 20 kits com diferentes propostas, montados a partir da combinação de um mix de produtos com mais de 70 itens. “A Nestlé nos convidou para participar desse projeto, que segue a linha de marcas famosas como a Natura e a Avon. Descobrimos que há campo para esse modelo, cujo principal apelo é a comodidade”, destaca Ricardo de Souza, que, em 2010, abriu a RC Distribuidora com o seu sócio César Augusto Barros Muni, na capital mineira. “No entanto, antes de bater o martelo em relação à abertura do negócio, procurei o Sebrae Minas. Era a primeira vez que assumiria a responsabilidade de empreender e queria buscar conhecimentos e novas práticas de gestão, além de ter uma ideia do meu preparo para o desafio.” O empresário se cadastrou no site do Sebrae Minas e, após abrir as portas da nova empresa, recebeu a visita dos representantes do Negócio a Negócio. “Embora tenha um sócio com longa vivência na área empresarial, as soluções do programa funcionaram como uma reciclagem de conhecimentos. Dos quatro modelos apresentados, dois se adequavam ao perfil de nossa empresa e à filosofia da marca que representamos”, conta Ricardo de Souza. Criado, em 2010, pelo Sebrae Nacional, o Negócio a Negócio visa dar orientação gerencial gratuita às Micro e Pequenas Empresas (MPE) a partir do levantamento de perfil, por meio de um questionário com dados cadastrais e gerenciais e da elaboração de um diagnóstico. Junto com esse relatório, o empresário recebe o Caderno de Ferramentas de Gestão para im-

“Ofereceram-nos a re­gião Centro-Sul, mas optamos por esse público, que é mais ousado e ávido por novidades, bons produtos e marcas” Ricardo de Souza, proprietário da RC Distribuidora

plementação das melhorias indicadas. A iniciativa oferece soluções nas áreas de planejamento, clientes, pessoas, fornecedores, qualidade e produtividade, ponto de venda, estoque, venda, crediário e caixa. Uma terceira visita é realizada para avaliar os resultados e as dificuldades nas aplicações das ferramentas. Mesmo com um modelo de negócio pronto, já testado e com o respaldo de uma grande marca, o planejamento e a organização da gestão são responsabilidades dos dois sócios da RC Distribuidora. É nesse âmbito que o programa do Sebrae Minas contribuiu para melhor ajustar a operação da empresa. “Uma das ferramentas que implantamos foi o Controle de Estoque, começando pela capacitação dos funcionários e pela aplicação de uma gestão mais eficiente”, relembra Ricardo de Souza. A reposição dos produtos também passou a ser mais assertiva em relação à demanda, ao volume de vendas e à data de validade. “Não fazemos estoque de grande escala para que os produtos girem com mais rapidez.” PÚBLICO-ALVO I A área de atuação da RC Distribuidora é a região Oeste de Belo Horizonte, com um total de 14 bairros e um público de cerca de 400 mil pessoas. Os consumidores são famílias das classes C, D e E. “Ofereceram-nos a região Centro-Sul, mas optamos por esse público, que é mais ousado e ávido por novidades, bons produtos e marcas”, observa Ricardo de Souza. A formação da equipe de vendas foi outra estratégia fundamental. Atualmente, a empresa www.sebraemg.com.br 67


possui 20 revendedores autônomos comissionados, cujo perfil predominante é de mulheres, com meio expediente livre, moradoras desta região. “Elas são conhecidas nos bairros pelas famílias e gostam deste modelo de trabalho. Além disso, nos ajudam a mapear os locais de venda, traçar o perfil dos consumidores e adequar nossos produtos à demanda e expectativas desse público”, enfatiza o empreendedor. A empresa disponibiliza ao grupo apoio logístico, de marketing e capacitação para vendas e conhecimento do produto, bem como o acompanhamento de um supervisor para estreitar a comunicação com as revendedoras e identificar melhorias. Com isso, a RC Distribuidora obteve uma boa penetração nessas camadas, e o volume mensal de kits comercializados, que, no início, era de 280, hoje é de 2.800. Outra solução adotada foi o Gerenciamento de Equipe de Vendas. “O meu supervisor fez um curso de gestão de vendas, e aprimoramos nossa

Revendedor da RC Distribuidora entrega produtos da Nestlé para os clientes em casa

68 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

visão com relação à captação e treinamento da equipe. O conhecimento do mercado foi outro aprendizado importante. Por meio de uma roteirização, nosso gerente acompanhou as revendedoras para conhecer melhor nosso público, entender como o produto é aceito, qual tipo é mais solicitado em cada bairro e quais customizações eram possíveis implementar na linha de montagem dos kits.” Para o empreendedor, essa orientação gerencial já teve seu reflexo. “Estamos melhor capacitados para otimizar processos e operações, dividir bem as atividades, entender o mercado, treinar a equipe e planejar um crescimento contínuo.” ENCANTADORA DE CLIENTES I Muitas vezes, soluções simples e fáceis de implantar podem gerar mais eficiência nas operações e melhores resultados. O Negócio a Negócio se aproxima dos pequenos empreendedores com esse intuito: o de indicar alternativas possíveis e adequadas à realidade de cada um. Foi por esse motivo que Rosemary Curvelo de Almeida se interessou pela iniciativa, e também para aprimorar e potencializar a gestão da Floricultura Alterosa, em especial, o relacionamento com os clientes. “Com a sugestão do Sebrae Minas, passei a fazer fichas de cadastro. Achei que tinha 300 clientes, descobri que eram 3.000”, conta. A iniciativa ajudou a fidelizar esse público com ações pontuais, mas eficazes, como a produção de um cartão de aniversário personalizado. “A humanização da relação com o público é o maior tesouro de uma empresa. Ainda mais em meu segmento, que trabalha com a emoção das pessoas. Elas vêm até aqui para expressar, por meio de flores, um sentimento por alguém querido ou para marcar um momento especial”, avalia a empresária. A Floricultura Alterosa existe desde 1976 e é tradicional no bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte. De acordo com a proprietária, o estabelecimento passou por vários donos, até seu marido, hoje aposentado, comprar o negócio, em 1983. Hoje, Rosemary de Almeida dirige a empresa sozinha e com muito domínio da atividade, mas relembra que, no início, não tinha

Ao implantar as fichas de cadastro, Rosemary de Almeida, da Floricultura Alterosa, descobriu que tinha 3.000 clientes

nenhuma experiência, e os primeiros conhecimentos foram repassados por um funcionário. Entre os principais desafios, ela destaca a conquista da confiança de fornecedores. “Adotamos o pagamento à vista e provamos que merecíamos credibilidade. Muitos continuam conosco.” O Controle de Fornecedores está entre as ferramentas do Negócio a Negócio adotadas na floricultura – a florista enxugou a relação e se manteve com os que melhor a atendem. Flores, jarros, embalagens, itens de jardinagem, peixes e aquários são alguns dos produtos vendidos. Por isso, o Controle de Estoque foi outra solução implantada. Segundo a empresária, por meio dessa ferramenta, ela pode estabelecer um estoque mínimo, facilitando a reposição e melhorando o controle de pedidos e entregas. “Só compro o que não tem no estoque e o que possui saída garantida. O que não tenho, indico onde encontrar para não perder o cliente”, revela. No caso das embalagens, a florista procura deixar montadas com laços prontos para agilizar o atendimento. “Percebemos um crescimento anual nas vendas de 80%. Procuramos divulgar a floricultura por meio de ações de marketing, com anúncios em rádios e jornais de bairro. Também busco a opinião dos clientes e pergunto como me descobriram. A comunicação é fundamental para aumentar o número de consumidores.” Atualmente, o estabelecimento conta com dois

funcionários fixos, e o quadro sempre ganha reforço com a contratação de temporários em datas comemorativas, como o dia das Mães e dos Namorados. “O importante é ter visão de futuro e os pés no chão. Meu planejamento é feito dentro do que posso pagar, no dia a dia. E sempre é possível melhorar”, finaliza a empresária.

Bons resultados Em 2013, a novidade do programa Negócio a Negócio está nas visitas, que passam a ser realizadas por funcionários do Sebrae Minas. Até então, o trabalho de campo era feito por empresas terceirizadas, e o relatório era entregue pelos Correios. “Isso significa um ganho para o empreendedor, pois ele já recebe o atendimento de um funcionário do Sebrae, e a mesma pessoa acompanha todo o processo do programa”, destaca Any Myuki, analista do Sebrae Minas. O programa tem avançado significativamente em Minas Gerais e, hoje, está presente nas oito regionais do Sebrae Minas. “Já atendemos mais de 80 mil micro e pequenos empreendimentos, em mais de 100 cidades mineiras, desde 2010. A meta para 2013 é orientar mais 90 mil empresas em todo o Estado”, destaca Any Myuki. www.sebraemg.com.br 69


Clermont Cintra

ENTREVISTA Fotos: Organização Internacional do Café/Divulgação

NEGÓCIO A NEGÓCIO EM NÚMEROS (base:2011 e 2012)

SERVIÇO Confira mais detalhes do Negócio a Negócio no site do Sebrae Minas (www.sebraemg.com.br), no ícone Tenho uma Empresa. Os empreendedores podem fazer o cadastro para solicitar uma 70 PASSO A PASSO AGOSTO/SETEMBRO 2013

visita de representantes do Sebrae Minas e para fazer o download de algumas ferramentas indicadas pelo programa, na Biblioteca Digital. Mais informações também pelo 0800 570 0800.

O café além das fronteiras

Para o economista Robério Silva, diretor executivo da OIC, o crescimento do consumo da bebida virá de países produtores e emergentes www.sebraemg.com.br 71


M

ineiro de Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha, Robério Oliveira Silva ocupa, atualmente, o principal posto da Organização Internacional do Café (OIC), cuja sede é em Londres, na Inglaterra. Ao conquistar o cargo de diretor executivo da entidade, em novembro de 2011, o Brasil fez valer sua força como o maior produtor mundial de café. A OIC é uma organização intergovernamental formada por 77 países produtores da commodity (45 exportadores e 32 importadores), responsável por defender os interesses da cafeicultura mundial. Além disso, os seus países-membros representam 97% da produção de café e 80% do consumo do grão no mundo. Economista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), antes de chegar à OIC, Robério Silva foi diretor do Departamento do Café, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), onde atuou pela melhoria dos preços no mercado internacional e a retomada do prestígio do café brasileiro junto aos torrefadores internacionais. Com 25 anos de experiência na área de produtos de base, tanto no setor público quanto no privado, ele também foi secretário-geral da Associação dos Países Produtores de Café e da Federação Brasileira dos Exportadores de Café. Nesta entrevista concedida à Passo a Passo, o diretor executivo da OIC fala sobre as tendências mundiais do setor e o potencial do café brasileiro no exterior e afirma que, no futuro, o grande aumento do consumo da bebida virá de países produtores e emergentes, principalmente de lugares sem tradição, como a China.

Quais são as principais tendências mundiais de produção e de consumo do café para os próximos anos? Em vista das atuais tendências dos preços, há cada vez menos incentivo para investir na cafeicultura, e é provável que o uso de insumos como fertilizantes e o emprego de mão de obra se reduzam. Isso poderá ter 72 PASSO A PASSO AGOSTO/SETEMBRO 2013

“Os cafés especiais brasileiros, aos poucos, começam a conquistar seu merecido lugar nas prateleiras dos supermercados, nas cafe­terias e na mesa dos consumidores, em vá­rias partes do mundo. O Brasil sempre foi visto e tido como ‘a terra do café’”

um impacto negativo sobre os volumes e a qualidade da produção nos próximos anos, resultando em maior volatilidade de preços e em uma cadeia de valor agrícola menos sustentável. Embora seja verdade que nenhum mecanismo foi encontrado para eliminar a intensa variação dos preços do café sem criar desequilíbrios perniciosos da oferta no longo prazo, os governos dos países importadores e exportadores precisam tomar medidas para ajudar os milhões de pequenos cafeicultores, que são afetados quando os preços caem para níveis inferiores aos custos de produção. Uma preocupação imediata é com a segurança alimentar, pois os cafeicultores pobres se veem sem dinheiro disponível para garantir nutrição adequada para suas famílias nos meses que antecedem suas próximas colheitas. De igual importância, para que a sustentabilidade tenha um caráter verdadeiramente prioritário, é necessário treinar esses mesmos cafeicultores para transformá-los em pequenos empresários. O consumo continua a indicar um crescimento robusto, principalmente nos países produtores e nos mercados emergentes, onde o hábito de beber café tem crescido muito. Minas Gerais é o maior estado brasileiro produtor de café, e 20% de sua produção são de cafés especiais. Como o cultivo do produto de origem certificada, gourmet, orgânico e fair trade, no Brasil, é visto pelo mercado internacional?

Os cafés especiais brasileiros, aos poucos, começam a conquistar seu merecido lugar nas prateleiras dos supermercados, nas cafeterias e na mesa dos consumidores, em várias partes do mundo. Vale a pena salientar que isso tudo, em grande parte, é preparado e embalado no próprio país antes de ser exportado. O Brasil sempre foi visto e tido como “a terra do café” e é primordial que o setor brasileiro invista cada vez mais para que isso se traduza nos produtos e nos lares do mundo todo. Na sua avaliação, qual é o futuro do mercado internacional do café? Nossa missão é desenvolver, por meio da cooperação entre produtores e consumido-

res, condições e fundamentos para a consolidação da sustentabilidade do setor cafeeiro. Penso que só será possível cumprir esse propósito se for atribuída especial prioridade ao fator da solvência econômica do produtor de café, pois, com remuneração apropriada, ele poderá garantir o fornecimento de um produto de qualidade, cumprindo suas responsabilidades sociais e ambientais. A OIC tem hoje uma nova dimensão, mas continua sempre inspirada por sua razão de ser original e de servir como instrumento para o desenvolvimento e a cooperação entre países produtores e consumidores. Já não se trata de regular o mercado por meio de mecanismos de intervenção, mas de formular políticas e promover ações capazes de www.sebraemg.com.br 73


tifica Minas. Entretanto, há o “outro lado da moeda”. É preciso valorizar o café que o produtor leva ao mercado. O setor industrial no mundo sinaliza que isso vai acontecer com os grãos certificados. Se isso não ocorrer, haverá apenas um aumento dos custos, promovendo a sustentabilidade social e ambiental, enquanto que a econômica ficará de fora e tornará impossível manter a produção com tal qualidade.

influenciar as variáveis que o determinam. O respaldo político dos países que a integram é decisivo para o cumprimento desse propósito e dos objetivos que inspiram a OIC. A maioria dos produtores brasileiros exporta o café em grãos. O que dificulta a exportação do produto torrado e moído e na forma solúvel, no lugar do produto bruto (em grãos)? Um dos fatores que preocupam o setor cafeeiro brasileiro é a prática da escalada tarifária e a manutenção de barreiras não tarifárias ao café industrializado proveniente do Brasil. As exportações nacionais de café solúvel têm sido prejudicadas pela escalada tarifária praticada por vários países, principalmente da União Europeia. Com a entrada em vigor do novo Sistema Geral de Preferências (SGP) europeu, em 2006, foram abolidas as quotas tarifárias anuais que haviam sido concedidas ao café solúvel brasileiro desde 2001. Hoje, o nosso produto é tarifado em 9% na União Europeia, enquanto países beneficiários do SGP Geral europeu pagam tarifas de 5,5%, e países do SGP Plus europeu são isentos. Essa discriminação contra o café brasileiro impede o desenvolvimento do setor, inibe o comércio e distorce os preços no mercado. 74 PASSO A PASSO AGOSTO/SETEMBRO 2013

O que o Brasil precisa fazer para reverter essa situação? Isso é uma demonstração clara de que os países desenvolvidos estão tratando de resolver os seus problemas e cabe a nós, do ponto de vista das negociações internacionais, fazer avançar os nossos interesses. O grande aumento do consumo no futuro deverá vir de países produtores e emergentes, principalmente de lugares sem tradição de beber café. Para introduzir o Robusta, sobretudo nos mercados emergentes, o caminho natural seria por meio do café solúvel, que, por suas características, utiliza mais o produto. Acresce que ele é mais barato, e o poder aquisitivo em países produtores e emergentes geralmente é baixo. A questão financeira é importantíssima nas decisões de compra do consumidor. O senhor acredita que as certificações do café são o caminho para uma maior penetração do produto no mercado internacional? A força motriz do crescimento da demanda tem sido o aumento vigoroso do consumo nos países exportadores e mercados emergentes. Isso ajuda no processo de melhorar o gerenciamento do produtor, como ocorre com programas como o Cer-

Para 2013, a OIC estima um crescimento de 2,5% no consumo de café no mundo. O que pode impulsionar esse crescimento? A taxa anual de crescimento de 2,5% tem se mantido constante durante a última década. Convém também notar que o comércio mundial de café solúvel cresce muito rapidamente desde 2000, sugerindo um forte aumento do consumo dessa forma de café, particularmente nos mercados emergentes. Mesmo diante da recente queda nos preços do café no mercado internacional, a OIC mantém as previsões de expansão do consumo no Brasil e no mundo. Por quê? O consumo, tanto nos mercados tradicionais quanto nos países produtores, prossegue vigoroso. O Brasil não é o único em que o crescimento é forte. No Reino Unido, esse desenvolvimento é animador, e o mesmo se dá nos países produtores. Na Indonésia e na Etiópia, o crescimento é ainda maior que no Brasil e, em diversos outros mercados emergentes, os sinais também são muito animadores. Como o senhor avalia o potencial do mercado brasileiro de café? É importante notar que o mercado interno dos países produtores tem crescido muito nos últimos 20 anos e, dentro desse segmento, o Brasil é destaque absoluto. A grande maioria da produção brasileira de café Robusta tem sido absorvida no mercado interno. Ele caminha a largos passos para ultrapassar os Estados Unidos nos próximos cinco anos e se tornar o maior consumidor de café do mundo.

“É preciso valorizar o café que o produtor leva ao mercado. O setor indus­trial no mundo sinaliza que isso vai acon­tecer com os grãos certificados. Se isso não ocorrer, haverá apenas um aumento dos custos, promovendo a sustentabilidade so­cial e ambiental, enquanto que a econômi­ca ficará de fora”

O preço indicativo composto da OIC voltou aos níveis de abril de 2010, mas a estrutura do mercado mudou consideravelmente. Primeiro, a nova realidade de uma produção muito maior, em um ano de baixa do ciclo produtivo brasileiro, com a possibilidade de maior volume de estoques de passagem, está resultando em uma disponibilidade mais constante de Arábicas de um ano para o outro. Paralelamente, observa-se o contínuo apetite que existe pelos Robustas, visível no aumento insignificante dos estoques certificados desse café na bolsa de futuros de Londres, apesar dos volumes expressivos das exportações do Vietnã. Esta mudança para os Robustas é testemunho, entre outras coisas, do crescimento da demanda nos mercados emergentes, onde o consumo de solúvel costuma predominar. Em vista dessas novidades, prevê-se uma manutenção da atual amplitude da arbitragem entre Arábicas e Robustas no curto prazo. Além disso, é possível a ocorrência da redução da disponibilidade de Suaves centro-americanos de altitude devido à ferrugem, o que resultará na ampliação dos diferenciais com essas origens. www.sebraemg.com.br 75


CONSULTORIA

Qual a importância do Plano de Negócio? A elaboração de um Plano de Negócio é fundamental para que se faça uma análise de viabilidade de um empreendimento que se pretende estabelecer no mercado. O impulso, a euforia ou mesmo a necessidade, muitas vezes, fazem com que o empreendedor tome decisões precipitadas, sem o devido planejamento e a pesquisa necessária para o estabelecimento de um negócio. O resultado geralmente é negativo, e o sonho da abertura de sua própria empresa pode se tornar um pesadelo. Para que isso não ocorra, o empresário deve contar com a elaboração de um Plano de Negócio.

76 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

O Sebrae Minas disponibiliza o software Plano de Negócio 2.0 no site www.sebraemg. com.br, com módulos de fácil compreensão e preenchimento. O download é gratuito. Os dados relativos ao empreendimento deverão ser lançados nos campos adequados e, em seguida, serão processados pelo software, que irá apresentar importantes informações ao empresário. Essas serão a base para a tomada de decisão quanto à abertura ou não do negócio que se tem como objetivo. É importante lembrar que aqueles que já possuem um empreendimento também po-

dem utilizar o software para avaliar a saúde financeira dele. Entre os dados oferecidos, encontra-se a Demonstração de Resultado em Exercício (DRE), que apresenta o lucro ou o prejuízo que se pode obter frente a uma previsão de receita real ou estimada. Outros indicadores de viabilidade, tais como rentabilidade, ponto de equilíbrio e prazo de retorno do investimento, também são disponibilizados. Todas essas informações formam um importante referencial para que o investidor se conscientize do potencial da empresa que pretende abrir ou que já está estabelecida. Embora possa parecer trabalhoso inicialmente, o preenchimento do Plano de Negócio deve ser realizado com cautela, e os dados lançados precisam estar devidamente fundamentados. Caso contrário, o resultado da análise ficará comprometido. O Plano de Negócio não elimina seus riscos, mas pode diminuí-los significativamente. Elabore o seu e inicie seu empreendimento de forma profissionalizada. “O dinheiro não aceita ser maltratado”, como diz o velho ditado popular. Por isso mesmo, não subestime a elaboração do Plano de Negócio. Siga em frente! Fonte: Antônio Augusto Gonçalves de Abreu, consultor e instrutor do Sebrae Minas / Regional Centro

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Cláudio Duarte

Como elaborar o Plano de Cargos e Salários? O Plano de Cargos e Salários (PCS) é um dos principais instrumentos de gestão. Ele garante o equilíbrio interno (relação entre cargos e salários) e externo (realidade de mercado) com o objetivo de estabelecer políticas e critérios claros de remuneração, essenciais à captação e retenção de talentos, além do delineamento de carreira, da gestão de custos, do desenvolvimento de pessoal e da melhoria do clima organizacional. Um PCS celebra a igualdade interna, na qual não valem a lei do amigo ou do quem indica. Trata-se do conceito de justiça, ou seja, quanto mais importante o profissional for, mais ele vale para a empresa. Além de pagar muito para um determinado cargo e oferecer remuneração incapaz de atrair os melhores talentos, empresas que não dispõem de um PCS convivem diariamente com a dificuldade de explicar internamente o motivo da diferença do valor salarial entre a equipe, 78 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

ainda mais na ausência de um método comprobatório. É visível nesse caso que os salários são tratados caso a caso, sem critérios seguros ou uma base clara de valores. Sem um PCS, reina a desordem na fixação e no controle dos salários, levando a um caos que certamente vai gerar descontentamentos, problemas trabalhistas e perda de talentos. O Plano de Cargos e Salários se inicia com a estruturação e descrição dos cargos. Depois é realizada a pesquisa sobre os salários no mercado e, com base em seus resultados, é elaborada uma matriz salarial. O mais importante nesse processo é a comunicação estabelecida entre a empresa e seus funcionários para não se criarem expectativas em relação à elaboração do PCS. Mesmo estabelecendo um bom diálogo, é muito comum que as pessoas criem a expectativa de ganhar aumento salarial, ou de que serão demitidas, com a implantação do benefício.

Ao analisar o PCS, conclui-se que este processo é uma ferramenta para empresas com muitos funcionários, não podendo ser aplicado em pequenas e médias. Grande engano! É preciso desmitificar que o Plano de Cargos e Salários é voltado apenas para as organizações de grande porte. Por menor que seja o negócio, é importante que os profissionais saibam que estão sendo remunerados de maneira justa e coerente. O principal problema é justamente o crescimento sem plano algum; depois, o conserto fica mais caro. Por isso, todas as empresas devem

possuir um PCS, que pode ser muito simples, contendo uma estrutura de cargos, salários e regras de sua funcionalidade. Portanto, que tal começar a estudar a implantação ou o aprimoramento do PCS em sua organização? Não se trata de aumento de salário, e sim de definir e organizar oficialmente os cargos necessários, os requisitos que precisam ter os profissionais que vão ocupá-los, as funções que deverão desempenhar e quanto a empresa deve pagar por isso. Fonte: Márcio Lopes, consultor do Sebrae Minas / Regional Sul

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Café mineiro: reconhecido e premiado

Os melhores cafés produzidos no Cerrado Mineiro serão conhecidos em outubro

Há 40 anos, a Região do Cerrado Mineiro produz cafés especiais, de alta qualidade, o que vem chamando a atenção do Brasil e do mundo. Para celebrar o sucesso dessa produção cafeeira e premiar os melhores grãos colhidos, o Sebrae Minas, em parceria com a Federação dos Cafeicultores do Cerrado, promove o primeiro prêmio voltado para a cafeicultura do local: o Prêmio da Região do Cerrado Mineiro. Os produtores poderão concorrer em duas categorias: café natural e café-cereja descascado. A classificação será feita em duas fases distintas, sob a supervisão da Universidade Federal de Lavras (Ufla). Na primeira, os lotes de 20 sacas serão avaliados de acordo com os critérios da Specialty Coffee Association of America (SCAA) – organização que estabelece os critérios de qualidade-padrão dos cafés especiais. Em um segundo momento, será analisado se o café é de alta qualidade e se foi produzido de forma ética – com práticas sustentáveis, que geram desenvolvimento, reconhecimento e valor para os produtores da região – e rastreável, comprovadamente advindo da Indicação Geográfica Protegida da Região do Cerrado Mineiro. “Essa é a primeira grande intervenção realizada com foco no mercado, no sentido de divulgar e promover o reconhecimento da qualidade dos cafés do Cerrado Mineiro. A premiação é uma etapa fundamental do planejamento estratégico estruturado através do processo de branding feito na região”, afirma o analista do Sebrae Minas, Marcos Geraldo Silva. 80 PASSO A PASSO AGOSTO/SETEMBRO 2013

Os lotes vencedores poderão ser vendidos por valores diferenciados e comercializados com o Selo de Origem e Qualidade da Região. Os primeiros três colocados das duas categorias receberão R$ 20 mil, R$ 16 mil e R$ 12 mil, pelo lote de 20 sacas, respectivamente. Também será produzido um vídeo de promoção do prêmio e dos vencedores com a participação dos cafeicultores premiados. A cerimônia de premiação acontece no dia 17 de outubro, no Center Convention, em Uberlândia, com a participação de todos os integrantes da cadeia produtiva cafeeira. Os produtores interessados em participar devem enviar as amostras para análise até o dia 6 de setembro. Mais informações no site www.cerradomineiro. org/premio ou nas cooperativas e associações filiadas à Região do Cerrado Mineiro.

Pedro Vilela/Agência i7

É BOM SABER

por colher 5 milhões de sacas, ou 300.000 toneladas, de um café único no mundo. O Sebrae Minas atuou diretamente na obtenção do status dessa indicação geográfica, que, hoje, é referência no país. “Como fomos pioneiros, outras localidades interessadas estudam o processo da Região do Cerrado, bem como o de elaboração da marca – branding – feito por aqui”, diz Marcos Geraldo Silva. Ele explica: “Para que os grãos produzidos possam receber o selo Região do Cerrado Mineiro, os produtores precisam se adequar a uma série de especificações, que incluem desde as características do grão até as condições de armazenagem”. O selo é uma garantia para os compradores do café produzido na região e atesta que os grãos têm qualidade e não podem ser encontrados em nenhum outro lugar do mundo.

REGIÃO DO CERRADO MINEIRO

4.500 5 170.000 70% 19% 13,4%

associados

milhões de sacas produzidas anualmente hectares de área cultivada

da produção exportada para mais de

27 países

de todo o café de Minas Gerais de todos os trabalhadores da indústria

cafeeira nacional

Branding pioneiro Os produtos de algumas localidades do mundo têm características tão distintas que não podem ser feitos em outras regiões. O legítimo champanhe, por exemplo, só pode ser produzido na região francesa de mesmo nome, caso contrário deve adotar outra designação, como espumante. Isso é o que caracteriza as chamadas indicações geográficas. Obtida em 2005, a Indicação Geográfica da Região do Cerrado Mineiro abrange 55 munícipios do noroeste de Minas Gerais. Ao todo, mais de 4.500 produtores são responsáveis www.sebraemg.com.br 81


Mestre empreendedor Sebrae Minas vai premiar práticas de cultura empreendedora no ensino

82 PASSO A PASSO AGOSTO/ SETEMBRO 2013

contato com práticas empreendedoras é benéfico para os estudantes, já que os prepara para tomar decisões e favorece o desenvolvimento da autonomia e o mundo do trabalho. PARTICIPE I As inscrições para o Prêmio Cultura Empreendedora Sebrae Minas podem ser feitas até o dia 25 de setembro. A ficha de inscrição está disponível no site www.sebraemg.com.br e deve ser entregue na unidade do Sebrae Minas mais próxima ou enviada para o endereço Av. Barão Homem de Melo, 329, 4º andar, Bairro Nova Granada, Belo Horizonte/MG, CEP 30431-285, junto com uma descrição do projeto e uma autorização da instituição de ensino. shutterstock

Em Minas Gerais, 38% dos mineiros entre 18 e 64 anos sonham em ter o próprio negócio, segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada, em 2012, pelo Sebrae Minas. Para incentivar e difundir ainda mais essa cultura empreendedora entre crianças, jovens e adultos de todas as idades, está sendo realizada a primeira edição do Prêmio Cultura Empreendedora Sebrae Minas. A premiação acontece durante a Semana Global de Empreendedorismo, em novembro. O prêmio, voltado para professores de instituições públicas e privadas, vai identificar a presença de práticas empreendedoras que visam ao desenvolvimento de competências importantes para a gestão de negócios, como planejamento e monitoramento sistemático, estabelecimento de metas e cálculo de riscos. Também será quesito de avaliação o apoio da instituição de ensino ao projeto, a possibilidade de replicar as iniciativas, sendo essas compatíveis com o perfil dos estudantes e da instituição, e a capacidade do projeto de influenciar outras instituições de ensino e educadores a utilizar as práticas. “Com o prêmio, poderemos identificar e reconhecer professores que ensinam ações empreendedoras aos seus alunos e também instituições de ensino que cooperam para a criação de um ambiente favorável ao empreendedorismo”, explica a analista do Sebrae Minas, Cacilda Almeida. Ela acredita que o


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