SENAI CECOTEG
Japao Cultura e Gastronomia
Jamerson Costa Orientação Gabriel Lopes
Jamerson Costa Orientação Gabriel Lopes
Japao Cultura e Gastronomia 1ª Edição Belo Horizonte SENAI CECOTEG 2013
Š 2013 Jamerson de Sousa Costa Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte. Informaçþes: (31) 3436-7597 | (31) 8891-7130 | jamersoncosta@outlook.com
&21&(3dÂ2 3/$1(-$0(172 ( '(6(192/9,0(172 '( 352-(72 Jamerson Costa 62% 25,(17$dÂ2 ( &225'(1$dÂ2 '( Gabriel Lopes/Senai Cecoteg. Desenvolvimento de Projeto: projeto grĂĄfico; capa; diagramação; tratamento de imagem; e ilustraçþes. &217(Ă“'2 Jamerson Costa 3HVTXLVD 5HGDomR H 1RUPDOL]DomR
Fotos: SXC
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação &,3 ă FRQIRUPH 6LQGLFDWR 1DFLRQDO GRV (GLWRUHV GH Livros - RJ. Costa, Jamerson JapĂŁo: Cultura e Gastronomia / Jamerson Costa. - 1. ed. - Belo Horizonte: Senai Cecoteg, 2103. 1. CulinĂĄria. 2. Comida Japonesa. 3. Cultura Japonesa.
Menu Prefåcio Apresentação 0LWRV H YHUGDGHV
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PARTE I - Cultura 19 $SUHVHQWDGR DR PXQGR Comportamento, polĂtica e religiĂŁo 32 PARTE II - Gastronomia CulinĂĄria japonesa UtensĂlios Ingredientes
39 40 46 52
PARTE III - Receitas 5HFHLWD $UUR] SDUD 6XVKL 5HFHLWD 6XVKL GH 6DOPmR 5HFHLWD 6XVKL (QURODGR 5HFHLWD &RQH GH 6XVKL Receita 5 - Yakisoba
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Anexo - JapĂŁo e Brasil $ SUHVHQoD QR %UDVLO
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Bibliografia
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PrefĂĄcio
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2 -DSmR WHP XPD ULFD KLVWyULD cultura inspiradora e culinĂĄria que merece ser apreciada. Para brasileiros, latino -americanos e americanos de uma forma JHUDO RX VHMD SDUD QyV TXH WHPRV RV MD poneses do outro lado do mundo), ĂŠ tudo mais interessante ainda. $WXDOPHQWH DV WHFQRORJLDV SUR dutos de consumo e obras culturais, como peças literĂĄrias e audiovisuais, que vĂŞm do arquipĂŠlago ou falam sobre ele, sĂŁo GLIXQGLGRV PXQGLDOPHQWH 1HVWH FDVR Ki exemplos de filmes para o cinema e seULDGRV GH WHOHYLVmR GHVHQKRV DQLPDGRV DQLPHV KLVWyULDV HP TXDGULQKRV PDQ gĂĄs), games e livros. 0HVPR DVVLP FRP WRGR R FRQWD to possibilitado pelo avanço das comunicaçþes, intercâmbio mundial de pessoas e mercadorias e pela mĂdia, a cultura jaSRQHVD H RV WUDoRV TXH OKH VmR FDUDFWH
PrefĂĄcio
rĂsticos ainda causam admiração. Como YHUHPRV FRQKHFHU D KLVWyULD GR -DSmR H sua cultura contribui para o entendimento GR TXH QRV HVWUDQKD H DR PHVPR WHPSR nos encanta. Inclusive pelo paladar.
Jamerson Costa
Apresentação - Qual é a rota? - Qualquer lugar para onde o vento nos leve. - Onde está a terra que você nos prometeu? Onde está o Japão? - Em frente. - Sempre em frente! Não fazia parte das nossas ordens navegar para o desconhecido. Devíamos estar de volta a casa nesta altura e de barriga cheia [...] Talvez o Japão não exista – resmungou Hendrik. – É uma lenda.
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James Clawell - Xógum (1986)
Mitos e verdades
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0XLWR VH GL] TXH D WUDGLomR H D modernidade vivem paralelamente e paraGR[DOPHQWH QR -DSmR e YHUGDGH ( FRPR tudo, tem um por quĂŞ. O paĂs evoluiu em um tempo diIHUHQFLDGR GD HYROXomR GD +LVWyULD QR 2FLGHQWH 1D (XURSD D ,JUHMD &DWyOLFD dominou a polĂtica e a cultura, no perĂodo FRQKHFLGR FRPR ,GDGH 0pGLD $V H[SHGL çþes jesuĂtas tornaram-se fundamentais para expandir uma determinada forma de DJLU H GH SHQVDU ă SUySULD GRV HXURSHXV ă SDUD SDtVHV GD $PpULFD H ĂˆIULFD 1D ĂˆVLD LGHQWLILFDGD FRPR 2ULHQ te pelo pensamento europeu, cada regiĂŁo criou suas relaçþes de poder (polĂtica), determinou suas formas de se relacionar FRP D H[LVWrQFLD KXPDQD H FXOWXDU GHXVHV (religiĂŁo), gerir relacionamentos sociais e pessoais (sociedade) e definir formas de comĂŠrcio (economia).
Apresentação | Mitos e verdades
$R ORQJR GRV VpFXORV KRXYH LQWHQVR LQWHUFkPELR HQWUH RV WHUULWyULRV TXH dividiam proximidades e especificamente o JapĂŁo foi bastante influenciado por imSpULRV GH iUHDV TXH KRMH SHUWHQFHP j &KLQD H jV &RUHLDV 0$,6 '( ,/+$6 (P WHUULWyULR MDSRQrV TXH VH HVWHQGH HP XP FRQMXQWR GH LOKDV EDQKDGDV pelo oceano PacĂfico e contam em mais de 6.000*, uma cultura foi solidificando DR ORQJR GD +LVWyULD D SDUWLU GH GLVSXWDV entre dinastias, que subjugavam grande parte da população. Camponeses, artesĂŁos e comerciantes viviam para servir famĂlias imperiais, que eram vistas como $R WRGR R DUTXLSpODJR WHP LOKDV GHODV KDELWDGDV 3RU VHU URGHDGR GH iJXD RV MDSRQHVHV GHVHQYROYHUDP KiELWR GH DOLPHQWDU VH GH SHL[HV IUXWRV GR PDU H XVDUHP DOJDV PDULQKDV HP VXDV UHIHLo}HV FRPR VXVKL VRSDV H VDODGDV FRPR YHUHPRV DGLDQWH
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destinadas pelo poder divino para ocupar posiçþes privilegiadas. (VVHQFLDO SUHVHQoD WLYHUDP WDP bĂŠm os grupos militares, formados por JXHUUHLURV ă PXLWRV HQFRQWUDGRV HQWUH RV FDPSRQHVHV ă H VDPXUDLV JXHUUHLURV GH elite que lutavam montados a cavalo, difeUHQWHPHQWH GRV GHPDLV (OHV HUDP WRGRV coordenados por um general do impĂŠrio, o VDPXUDL [yJXP Falar nesses guerreiros nada tĂŞm a ver como uma proposta de romantizar a KLVWyULD GR -DSmR PDV VLP FRP D LGHLD GH HQWHQGHU FRPR R FyGLJR GH FRQGXWD GRV VDPXUDLV R EXVKLGR VHUYLX GH EDVH SDUD criar uma identidade nacional, baseada em altos valores morais, que deveriam ser buscados pela população. (VVH FyGLJR GH FRQGXWD IRL XVDGR pelo menos em trĂŞs momentos marcantes para guiar a forma de agir do povo japo-
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nĂŞs: na unificação nacional durante o peUtRGR 7RNXJDZD QD UHDEHUWXUD SDUD R FR PpUFLR LQWHUQDFLRQDO QD HUD 0HLML ă TXDQGR eram necessĂĄrios valores morais comparWLOKDGRV SDUD H[SOLFDU DRV HVWUDQJHLURV FRPR VH JXLDYDP PRUDOPHQWH RV KDEL WDQWHV GD LOKD H DR PHVPR WHPSR SDUD GDU DRV SUySULRV MDSRQHVHV EDVH KLVWyULFD diante da influĂŞncia da cultura estrangeira causada pelo intercâmbio de ideias com pessoas de outros paĂses; e, finalmente, FRP D GHUURWD QD 6HJXQGD *XHUUD 0XQ dial e a busca pela reconstrução fĂsica, econĂ´mica e emocional do povo japonĂŞs.
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&Ă?',*2 025$/ ( 5(/,*,ÂŽ(6 2 WDO FyGLJR GH FRQGXWD p ED VHDGR QDV LQIOXrQFLDV ILORVyILFDV SULQFL palmente o confucionismo) e religiosas (xintoĂsmo e budismo) que guiavam os FRVWXPHV MDSRQHVHV 1R FDVR HVSHFtILFR
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R EXVKLGR IRL HODERUDGR FRPR IRUPD GH manter os guerreiros, que formavam as forças militares da ĂŠpoca, sob controle. (OHV HUDP UHXQLGRV H WUHLQDGRV para defender o impĂŠrio nacional, governos regionais e empreendimentos particulares de famĂlias nobres e donas de terras. 3RU LVVR IRL HODERUDGR XP UtJLGR FyGLJR GH conduta que se aperfeiçoou com o tempo, que determinava valores como lealdade e disciplina, que tornavam esses lutadores HP SUDWLFDQWHV GH FRPSRUWDPHQWR KXPD QR LGHDO ă DR PHVPR WHPSR HP TXH RV dissuadiam de revoltas contra o poder vigente, quando este era o caso. 2V PLOLWDUHV WLQKDP JUDQGH SRGHU H GXUDQWH VpFXORV R JRYHUQR QDFLRQDO ă VH SRGHPRV FKDPDU DVVLP ă HVWHYH QDV PmRV GR FRPDQGDQWH JHUDO [yJXP VHQ do as famĂlias imperiais apenas represenWDWLYDV GR SRGHU $ FXOWXUD GH XPD QDomR
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(em formação) baseada no militarismo, no entanto, pode ser entendia como pilar de uma Êpoca de pressão, exercida por uma classe dominante sobre a maioria camponesa, pelo uso da força, como lembra o ILOyVRIR 0RNLWL 2NDGD IXQGDGRU GD LJUHMD Sekai Kyusei Kyo, umas das novas religiþes japonesas surgidas com o tÊrmino da Segunda Guerra.
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9DPRV UHIOHWLU VREUH D KLVWyULD GR -DSmR Desde a remota ĂŠpoca do imperador Jinmu, este paĂs nĂŁo vive um perĂodo sequer de paz, sendo contĂnuas as guerras LQWHUQDV $ SROtWLFD VHPSUH HVWHYH WRWDO mente dominada pelo regime da força. 'LVIDUoDGRV VRE R EHOR QRPH Âľ&yGLJR GH Ética Samurai’, bĂĄrbaros assassinos reFHELDP FRQGHFRUDo}HV KHURLFDV 2 YHQ FHGRU GDV JXHUUDV DVVXPLD D KHJHPRQLD GHVVH WHPSR $Wp R ILP GD 6HJXQGD *XHU UD 0XQGLDO R -DSmR YHLR VHQGR DUUDVWDGR VRE HVVH UHJLPH GH EUXWDOLGDGH Vy LQWHU URPSLGR DSyV R JUDQGH FKRTXH GD GHUURWD ă 0RNLWL 2NDGD
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De fato, a política que durou por séculos criou uma forma de vida que privilegia a ordem, a capacidade de atenção DRV GHWDOKHV H OHYH]D FDUDFWHUtVWLFDV GRV MDSRQHVHV ă H TXH LQIOXHQFLRX GHFLVLYD PHQWH QD IRUPD GH FR]LQKDU É isso o que veremos adiante.
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PARTE I Cultura