James Kudo | Epítome da Paisagem | 2015

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CAPA CATALOGO James Kudo 28 PAGINAS 4/0

Rua Bar達o de Jaguaripe, 387 Ipanema Rio de Janeiro RJ 22 421-000 Tel.: +55 (21) 2523-4696 +55 (21) 2274-8287 contato@lucianacaravello.com.br www.lucianacaravello.com.br



James Kudo

EPÍTOME DA PAISAGEM


Capa:

Sem título (Detalhe) 2015 Acrílica sobre tela 120 x 100 cm


James Kudo

EPĂ?TOME DA PAISAGEM Texto

Jorge Emanuel Espinho

26 de outubro a 28 de novembro 2015


EPÍTOME DA PAISAGEM

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Dois importantes eventos históricos, catalizadores e disruptivos, estão na origem formal desta exposição, que se assume também como uma homenagem pessoal de Kudo ao multifacetado artista uruguaio Joaquim Torres Garcia. Em ambos esses eventos a distância do tempo passado - já inacessível, mas ainda, de alguma forma, bem presente - e sua memória - seu mais difuso registro -, funcionam afinal como fortes veículos propagadores de sua potência, de sua força, de sua intensidade. São eles que se configuram neste epítome de paisagem em que vive - e de onde escorre -, o seu mais vigoroso e denso eco, transversalmente atuante no fazer e na obra de James Kudo. Numa madrugada de julho de 1978 um incêndio devorava inteiro o acervo do MAM do Rio de Janeiro, destruindo 80 telas do artista uruguaio Torres Garcia. Desde sempre uma forte influência no trabalho de Kudo, é nesta sua terceira exposição individual numa galeria carioca que o artista simultaneamente homenageia o tão profícuo criador, e referencia esse trágico evento, para sempre associado à sua vida e obra. E aqui é forte a rima com o outro acontecimento, também transversalmente atuante e influente, habitante das memórias mais pessoais do artista paulistano: em 1990, a antiga cidade Novo Oriente, construída por imigrantes japoneses no início do século 20, foi inundada pelas águas da usina hidroelétrica de Três Irmãos. A casa que o avô do artista tinha construído, e onde este viveu até aos 9 anos de idade, tão fecunda origem de vivências e memórias, foi demolida e o lugar submergido. E talvez aqui a forma não seja de menor importância, pois se num dos casos o fogo consumiu totalmente as obras do artista uruguaio, no outro toda essa realidade passada sobrevive e permanece, de certa forma até mais viva, reforçada e sublinhada, na suspensão poética e difusa das águas fundas que a cobrem inteira, literalmente. Esta dicotomia aparência/essência, lembrança/realidade, artificio/natureza, será um dos eixos fundamentais da obra de James Kudo: uma pintura que brinca a ser colagem, que mimetiza a natureza até reproduzindo a própria fórmica - uma imitação da madeira -, se servindo ora de fundos leves e elementos suspensos, ora de cores naturais e padrões decorativos parados em ambientes mais carregados. O irônico e o simbólico, o decorativo e o onírico, o plástico e o figurativo dançam aqui inteiros: simultaneamente estagnados e atuantes, congelados e pulsantes, fechados no seu tempo e em sutil relação com o outro, o diverso, o diferente. A capacidade de integração e de convivência destas paisagens - em que os elementos se configuram como fortemente simbólicos, mas também claramente vivos e orgânicos, suspensos e animados -, a própria dessemelhança de origens e naturezas, nos soam como um hino delicado a uma horizontalidade acolhedora e múltipla. Aqui, o presente e o relembrado, o espaço e o tempo, o artificial e o natural, todos se enriquecem e se complementam, formando uma igualitária e complexa metáfora equânime, lugar simbólico de todas as interioridades, de todas as manifestações, de toda a exterioridade. E é também à luz forte de toda esta subjetiva interpretação e leitura, que podemos reler com outro tom as palavras breves do artista: “Ainda pinto paisagens...”

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AN EPITOME OF LANDSCAPE

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Two important catalytic and disruptive historical events lie at the heart of this exhibition, which is also Kudo’s personal homage to the multifaceted Uruguayan artist Joaquim Torres Garcia. In both these events, the distance between time past—which is already inaccessible, but still, in some way, very present—and the memory of it—its more diffuse register—functions in the end as a powerful vehicle of their potential, their strength, their intensity. It is they that are shaped into this epitome of landscape, in which their strongest and most resonant echo, at work both in the actions and the work of James Kudo, resides and from which it flows. One early morning in July 1978, a fire engulfed the entire collection of the Rio de Janeiro MAM, destroying 80 paintings by the Uruguayan artist Torres Garcia. Always a strong influence on Kudo’s work, in this, his third solo show at a Rio gallery he both pays homage to this prolific artist and makes reference to this tragic event, with which his life and work are always associated. Here, there is also a strong echo of another event that actively haunts and influences the most personal memories of the São Paulo artist. In 1990, the old city of Novo Oriente, built by Japanese immigrants in the early 20th century, was flooded by the waters of the Três Irmãos hydroelectric dam. The house the artist’s grandfather built and where he lived until nine years of age, a fertile source of remembered experiences, was demolished and the surrounding area submerged. And the form here may be no less important: since, in the one case fire totally consumed the works of the Uruguayan artist, while in the other the whole past reality survives and remains, in some way more alive, strengthened and highlighted, in the poetic and diffuse suspension of the deep waters that literally cover it all. This dichotomy of appearance/essence, memory/reality, artifice/nature is one of the fundamental axes of the work of James Kudo: a kind of painting pretending to be collage, which imitates nature to the point of producing its own formica—an imitation of wood—making use sometimes of light background and suspended elements, at others of natural colors and decorative patterns fixed in more highly charged environments. The pieces dance, full of irony and symbolism, decorative and dream-like, plastic and figurative: at once stagnant and active, frozen and pulsing, closed in their own time an in subtle relation to the other, the diverse, the different. The capacity for integration and shared experience of these landscapes—in which the elements are combined in a powerful symbolism but are also clearly organic and alive, suspended and animated—the very dissimilarity of origins and nature, strike us as a delicate hymn to a multiple welcoming horizontality. Here the present and the remembered, space and time, the natural and the artificial all enrich and complement one another, creating an egalitarian and complex metaphor of equanimity, the symbolic place of all interiority, all manifestations, all exteriority. And the powerful light of all this subjective interpretation gives a new sense to the brief words of the artist: “I still paint landscapes...”

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Sem título 2015 Acrílica sobre tela 60 x 50 cm

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Sem título 2015 Acrílica sobre tela 60 x 50 cm

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Sem título 2015 Acrílica sobre tela 150 x 150 cm

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Sem título 2015 Acrílica sobre tela 60 x 50 cm

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Sem título 2015 Acrílica sobre tela 60 x 50 cm

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Sem título 2015 Acrílica sobre tela 120 x 100 cm

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Sem título 2015 Acrílica sobre tela 120 x 100 cm

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Quartz 2015 Acrílica sobre tela 49 x 34 cm

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Pérolas 2015 Acrílica sobre tela 49 x 34 cm

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James Kudo Pereira Barreto, Brasil, 1967.

Formação / Education 1990 Faculdade de Belas Artes de São Paulo - FEBASP - São Paulo, Brasil 1992 - 1994 Art Student League - Nova York, USA

Exposições Individuais / Solo Exhibitions 2015 2011 2009 2008 2004 2002 1998 1996 1995 1994

Oximoros - Zipper Galeria - São Paulo, Brasil Art15 - Londres, UK Topofilia - Zipper Galeria - São Paulo, Brasil Telúrico - Galeria Laura Marsiaj - Rio de Janeiro, Brasil Promo Arte Latin American Gallery – Tóquio, Japão Promo Arte - Latin American Gallery - Tóquio, Japão Brazilian American Cultural Institute - Washington, USA Galeria Candido Mendes - Rio de Janeiro - Rio de Janeiro, Brasil MARP – Museu de Arte de Ribeirão Preto – São Paulo, Brasil Bipi’s Galerie - Colonia, Alemanha Promo Arte Latin American Gallery – Tóquio, Japão Galeria SESC Paulista – São Paulo, Brasil Museu de Arte Contemporânea – MAC Campinas – São Paulo, Brasil

Exposições Coletivas / Group Exhibitions 2015 Inter Aktion – Brasilien in Sacrow - Potsdam, Alemanha Vértice – Museu Nacional dos Correios - Brasilia, Brasil 2014 100 Painters of Tomorrow - Beers Contemporary - Londres, UK Entre Copas - Museu Nacional do Conjunto Cultural da República - Brasilia, Brasil Shouts of Korea - Kotra Open Gallery - Seoul, South Korea E.U. with No Politics - Galeria Caminul Artei - Bucharest, Romania Duplo Olhar - Paço das Artes - São Paulo, Brasil Eclipse - Pinacoteca de São Caetano do Sul - São Paulo, Brasil Entre dois Mundos - Museu Afro - São Paulo, Brasil 2013 Expeditionen in ästhetik und nachhaltigkeit - Memorial America Latina - São Paulo, Brasil 24 | JAMES KUDO


2012 Espelho Refletido - Centro de Artes Helio Oiticica - Rio de Janeiro, Brasil Aí vai muito da pessoa - Galeria Luciana Caravello - Rio de Janeiro, Brasil Liebe Leidenschaft - AEG - Nuremberg, Alemanha 2011 Realidades - SESC Pinheiros - São Paulo, Brasil 2009 Alcova - Galeria Laura Marsiaj - Rio de Janeiro, Brasil Co-Labor - Galeria Amarelonegro - Rio de Janeiro, Brasil 2008 Nipo Brasileiros no acervo da Pinacoteca - Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil 100 Anos de Arte Nikkey do Brasil – CCBB – Rio de Janeiro e Brasília, Brasil 100 Anos de Arte Nikkey do Brasil – MUBE – São Paulo, Brasil 2004 Entre Hemisferios - AION Gallery - Vancouver, Canada 2003 Diretrizes - Casa da Cultura de Ribeirão Preto - São Paulo, Brasil 2000 Today - Latin American & Caribbean Contemp Art - Museu Miura Matsuyama, Japão 1998 Tannan Art Festival’ 98 – Fukui, Japão Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP - São Paulo, Brasil

Agradecimentos / Acknowledgements Luciana Caravello Júlia Vaz Silvio Tobias Alex Bertin

Opala - 2015. Acrílica sobre tela. 49 x 34 cm JAMES KUDO | 25


EPÍTOME DA PAISAGEM FICHA TÉCNICA [CREDITS] Texto [Text]: Jorge Emanuel Espinho Fotos [Photos]: James Kudo Telas e molduras [Canvas and frames]: Marcos Gonçalves Assessoria de imprensa [Press]: Ester Lima - Básica Comunicação Design do catálogo [Catalogue designer]: Bitty Nascimento Silva Pottier Design do convite [Invitation designer]: Julia Vaz Tradução [English version]: Paul Webb Impressão e acabamento [Printing office]: Barbero - Graphus

LUCIANA CARAVELLO ARTE CONTEMPORÂNEA: Direção artística [Artistic director]: Waldick Jatobá Vendas [Sales]: Claudia Meireles e Ronaldo Simões Produção [Logistics/Exhibitions]: Julia Vaz Assistente de Produção [Assistant]: Caio Paiva Financeiro [Finance]: Valeria de Araujo Teixeira Montador [Assembler]: Fabio Francisco de Paula Apoio [Support]: Francinato Araujo Pereira

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O principal objetivo da Luciana Caravello Arte Contemporânea é reunir artistas com trajetórias, conceitos e poéticas variadas, refletindo assim o poder da diversidade na Arte Contemporânea. Evidenciando tanto artistas emergentes quanto estabelecidos desde seu período como marchande, Luciana Caravello procura agregar experimentações e técnicas em suportes diversos, sempre em busca do talento, sem discriminações de idade, nacionalidade ou gênero. Luciana Caravello Gallery’s main goal is to gather artists from different backgrounds with various concepts and poetics, reflecting the power of diversity in Contemporary Art. Spotting both emerging and established artists since her period as a marchande, Luciana Caravello aims to bring together experimentations in various supports and techniques, always searching for talent regardless of age, nationality or gender.

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www.lucianacaravello.com.br



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