VIAGEM AO SRI LANKA
de 14 a 29 de Fevereiro de 2012
DIÁRIO DE BORDO
PRร LOGO
Deixar Lisboa, os filhos, a casa faces, sons, lugares hรกbitos, rotinas, aconchego subtil da memรณria, o alimento diรกrio dos sentidos, para fingir viver em outros ares para sentir, para ver para descansar em outros mares palcos vivos de uma outra Histรณria.
14.02.2012
EM VOO Voando entretido adormecido de aeroporto em aeroporto com pressa de chegar eu, uma vez mais, fora de mim feliz por viajar e descobrir descobrindo-me tambĂŠm a mim turista em terra estranha.
15.02.2012
EM TRÂNSITO Chegar, percorrer estradas desconhecidas, transportado de terra em terra, lugares outros casas, lojas, campos, templos, vidas de sombra onde se passa sem passar, rios cheios de gente a conquistar os dias sonhos, lutas, sorrisos, negócios, Fé. Um dia em trânsito em aniversário meu.
16.02.2012
ANURADHAPURA
Em manto verde cidade que foi grande repousa em ruínas entre árvores soberbas, ruínas que relatam a História stupas, dagobas, mosteiros que foram espelhos da Fé Fé que continua na Fé de muitas Fés inundando os Homens com o vento de insondáveis Futuros.
17.02.2012
RITIGALA Mosteiros moradas, templos ruínas gloriosas que a floresta reconquistou postas a descoberto para que renasçam as lendas feitas História. Crianças das escolas, turistas, cidadãos despertos reencontram as razões de um passado que molda de sentido o presente e ajuda a construir o gesto simbólico de uma Nação.
18.02.2012
POLONNARUWA
Há sete séculos saqueada, destruída e abandonada apagado o esplendor de outrora, coberta de floresta, a cidade adormeceu. Os palácios, as elaboradas arquitecturas, as estátuas dos Budas esqueceram-se até que, levantadas do chão, as raízes de tijolo e pedra lavrada voltaram à luz serena de um magnífico parque, para que o nome de Parakramabahu, o Grande, não fosse apenas uma palavra impronunciável de muitas e estranhas sílabas.
19.02.2012
DAMBULLA
Assim como os nossos Reis mandaram construir catedrais para agradar aos Céus e perpetuar os seus nomes soberanos, assim, os reis de Kandy encheram as cavernas de Dambulla de magníficos Budas de frescos sumptuosos de nebulosas lendas mitológicas para ajudar a devoção suprema dos seus súbditos e sua Glória eterna!
20.02.2012
O PARQUE DOS ELEFANTES ABANDONADOS
Os elefantes vivem em grupo e em grupo v達o tomar banho. Os elefantes do parque de Pinnawala s達o conduzidos em grupo a tomar banho. Desta forma os turistas podem ver e fotografar os elefantes a tomar banho. E os turistas, felizes, julgam-se em plena selva a ver elefantes cumprindo a sua livre necessidade de tomar um banho.
21.02.2012
O CHÁ DE CEILÃO Encostas verdes de chá serpenteiam-se ao longo das curvas da estrada em tufos ou em belíssimas formações cerradas. Chá de Ceilão invenção inglesa para o Mundo. Os pobres dos pobres, os Tamil importados da Índia, garantem, ainda hoje, o baixo custo da produção. Miseráveis, hoje ainda, para não arruinar os preços do mercado, os donos das plantações e a nossa chávena de chá!
22.02.2012
O PARQUE NACIONAL DE “HORTON PLAINS”
Deixar a Natureza à solta, cuidar para que ninguém lhe toque só o Sol, a Chuva, o Vento e o Tempo poderão determinar o destino, a vida e a morte, das árvores, dos regatos, das flores e de todos os animais.
23.02.2012
ELLA ROCK Pousada na montanha protectora uma árvore qual Deus venerado olha por sobre o vale generoso onde, pelo esforço de muitas mãos, nasce o chá, de outras camélias, e produtos da terra branda em hortas de muitas cores de socalco em socalco pacientemente arquitectados por milhares arquitectos, de gerações em gerações, .
24.02.2012
GALLE Velho forte de muitos bastiões onde os Homens de hoje se encontram com a História. Portugueses, holandeses, britânicos que dominaram e partiram deixando para trás sombras dispersas do que foram no caos liberto do presente. Residentes, turistas, forasteiros, Budismo, Islão, Cristianismo, Hinduísmo, Turismo juntos, na construção de um novo Tempo.
25.02.2012
O PALMS HOTEL EM BERUWALA
Um “resort” uma piscina, uma praia o Sol e o Mar no Sri Lanka ou em qualquer outro lugar que importa se há Sol, cerveja e banhos de mar. História, língua, cultura ao redor para quê conhecer basta a cor dos criados para lembrar. Aqui, esquece-se de recordar.
26.02.2012
NO RIO MADU A chuva que rega o caos deslumbrante da vegetação tropical apanhou-nos no meio da beleza serena do rio Madu quando uma névoa subtil cobriu as margens, inundadas de verdes, onde as raízes aquáticas bebem o seu sustento. Ironia do destino: turistas em busca de paisagens de Sol surpreendidos pela chuva em leito molhado!
27.02.2012
NA FLORESTA DE SINHARAJA Floresta tropical a “rain forest” lugar sagrado da chuva onde no silêncio dos pássaros se luta para atingir a luz no emaranhado de árvores, lianas, arbustos que esqueceram as raízes na terra húmida e se abraçam, se enroscam, se empurram para subir, subir sempre para ganhar um tímido lugar onde o Sol, um raio de Sol lhes possa ainda tocar.
28.09.2010
COLOMBO Kalambo dizem e não o escrevem a Capital que o não é porque outra inventaram mas que se ergue soberana dos despojos do Império Britânico descobrindo confortos urbanos para quem os possa alcançar ou apenas para passear pelos belos parques de majestoso arvoredo. Sombras várias não impedem de se começar a gostar de Colombo.
29.09.2012
EPÍLOGO
Sri Lanka onde estive, turista, tocando a História, Paisagens, Costumes, Deuses, Gentes, Florestas tudo o que acaso me mostrou e que na memória me irei guardando. Restarão sempre belas e ténues imagens de uma lágrima sorridente agora em Paz ao Sul da Índia.
jcastilho@netcabo.pt