Mongólia diário de bordo

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VIAGEM À MONGÓLIA

13 a 23 de Setembro de 2016



DIÁRIO DE BORDO



Prólogo No princípio eram só palavras, vistas, lidas, imaginadas atravessando a memória no tumulto dos aeroportos. Ninguém me aguarda senão a descoberta. Encontros que espero e não espero entre Homens que caminharam carregando a História e o Tempo em duras batalhas de vitórias e derrotas que continuam. Povos que se confrontam e se unem na construção dispersa de um Povo de uma Nação.



14.9.2016

NA CIDADE O telemóvel, os “phones” a tee-shirt americana, o boné de baseball Comportamentos assumidos globalizados atitudes, vestuário, consumos, da Patagónia ao Alasca da Austrália à Mongólia em simultâneo a cidade global a urbanização única lentamente instituída.



15.9.2016

KHARACORUM Cidade primeira Capital do sonho de um Império destruída antes do tempo. Resta um espaço vazio memória do que foi e um lugar na História. Escavam o solo procurando destroços tentando adivinhar a glória efémera de um passado. Restam tartarugas de pedra testemunhas mudas de uma efémera longevidade.



16.09.2016

O MOSTEIRO DE ERDENEZUU Mosteiro, templos de deuses e memórias de orações e esperanças de uma Fé que se construiu de geração em geração. Arrasados por outras Fés renascem os templos tímidos num Tempo outro. Numa arquitectura de esplendor imagens e ritos estranhos. Entre a curiosidade turística sente-se, toca-se mesmo, uma Fé que estranhamente persiste.



17.09.2016

PAISAGENS Montanhas docemente desenhadas no horizonte acompanham a imensa estepe de silêncio Animais estendem-se serenos saciando a fome com a erva ainda fresca milhares de animais riqueza de um povo sobrevivência milenar dos Mongóis alicerces esquecidos de um Império.



18.09.2016

NADAAM Tradição milenar encontro festivo dos nómadas mongóis em competições amigáveis pequena pausa no trabalho duríssimo de todo um ano. Para nós encenação turística para vermos como seria como foi o grande Nadaam de Ulan Bator versão oficial grandiosa, espectacular como se fosse ainda a tradição.



19.09.2016

CHINGGIS KHAAN Apeados os heróis de há poucos anos do fragor dos tempos regressa Temüjin eleito já Gengis Khan esquecidos os massacres eis o herói das novas estátuas da estátua colossal símbolo grande de um povo. Praças, avenidas, bandeiras cervejas, aeroportos, cartazes a obsessão de uma presença na reconstrução contínua de uma Nação!



20.09.2016

ULAAN BATAAR Esquece-se o silêncio aberto dos grandes espaços no trânsito infernal da cidade o caos moderno organizado cópia inevitável de outras cópias blocos de habitação torres de prestígio marcas internacionais a invasão global do pensamento único o apagar lento das estepes.



21.o9.2016

AS ARRIBAS FLAMEJANTES Gobi deserto aberto onde o horizonte não cabe planície onde o céu é rei. Vida rasteira onde quase não há vida e o espaço sente-se no silêncio que nos alcança. Há milénios deuses já esquecidos rasgaram arribas de formas estranhas inexplicáveis esculturas ocres sem fim para passear.



22.09.2016

AS DUNAS DE KHONGOR

Massa colossal de areia que o Tempo foi varrendo de encontro às montanhas. Lugar de luz e sombra de curvas caprichosas desenhadas no dorso amarelo das dunas. Estranhas formas imóveis em perpétuo e invisível movimento ao sabor aleatório do vento



23.09.2016

AINDA NO GOBI Percorrer os espaços longos sem fim sob o olhar perpétuo das montanhas ao longe. O chão raso imenso coberto já de Outono Homens , mulheres , crianças isolados no seu mundo a tenda , o “ger” vultos brancos na distância vivem de manadas, de rebanhos até quando?



24.09.2016

DE NOVO EM ULAN BATOR Regresso à cidade grande Ulan Bator cada vez maior polvo que aspira os homens da estepe. O futuro urbano com promessas de vida mais fácil onde os Homens vão construindo distâncias bem maiores que no deserto!



25.09.2016

ADEUS MONGÓLIA Para trás ficou um país uma nação construída através dos séculos por chefes, santos, heróis e por milhões de homens sem nome vítimas de vitórias e derrotas que da estepe dura foram tirando a força e o sustento de todo um povo. Ficam em nós paisagens, tradições, rostos espaços imensos onde a sobrevivência continua. Abrimo-nos a mais um povo a mais uma História diferente e igual a tantas outras como a nossa.


FOTOS E TEXTO JOAQUIM CASTILHO


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