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Trocar a praia pelo trabalho: custa, mas compensa
Estágios
$ Multinacionais A quantidade de informação e as oportunidades que as empresas multinacionais oferecem é considerada uma mais-valia para Ana Sofia Portela, da empresa de recrutamento PALMON.
Os estágios deVerão podem marcar a diferença e até garantir futuros empregos Voluntariado
MARTA CERQUEIRA
marta.cerqueira@ionline.pt No final do primeiro ano do curso de Turismo, Ana Soromenho, 30 anos, nem hesitou. Trocou as primeiras férias enquanto estudante universitária por um estágio no departamento comercial num hotel de cinco estrelas na Madeira. “Ganhei tudo menos dinheiro”, garante. “Acumulei experiência, conheci pessoas, fiz contactos na área, acabei sempre por ganhar alguma coisa”, acrescenta. Da experiência, que acabou por repetir no terceiro ano de curso, Ana garante ter acumulado mais competências que em três anos de um curso “demasiado teórico”. “Os estágios de Verão têm a vantagem de permitir um primeiro contacto com o mercado de trabalho num setting especial: uma pressão moderada e um risco controlado”, explica Sónia Lara Nunes, manager da empresa de consultoria estratégica Jason Associates. No entanto, reforça, “na hora de escolher a área, é importante perceber a direcção de uma futura carreira”. O director-geral do centro de orientação de carreiras Work-Shop, Filipe Fidanza, concorda. “Não faz muito sentido coleccionar estágios se depois nada têm que ver com o objectivo profissional”, defende, acrescentando que a falta de coerência “pode passar a mensagem de que poderá vir a ser um pro-
A série “The Office”: uma escola da vida no escritório fissional hesitante e com poucas convicções”. A pensar nisso, João Tavares, 22 anos, tem vindo a dedicar os últimos Verões a colónias e campos de férias. Actualmente a trabalhar num hospital pediátrico, João explicou ao i que “apesar de mal pago”, é um trabalho que “desenvolve o sentido de responsabilidade e a capacidade de liderança”. Com as competências adquiridas no acompanhamento de crianças, João Tavares acredita que abdicar das férias de Verão durante anos lhe permite agora “ter uma dinâmica com as crianças que marcam a diferença em relação a alguns colegas”.
Não faz sentido “coleccionar” estágios. A falta de coerência pode passar uma mensagem de pouca convicção
D. R.
MATURIDADE PROCURA-SE Ana Sofia Por-
tela, managing partner da empresa de recrutamento das áreas comerciais e de marketing PALMON, considera que, “quando bem aproveitado, um estágio de Verão é uma óptima experiência de autodesenvolvimento”. Em contexto de recrutamento, considera que as empresas olham cada vez mais para a “maturidade das pessoas e para a forma como elas assumem a responsabilidade da construção do seu futuro”. Filipe Fidanza completa: “Desde o primeiro currículo, o candidato deve transmitir certezas sobre onde está e para onde pretende ir em termos profissionais.” Os três especialistas contactados pelo i apontam a diferenciação como a característica que todos os candidatos devem apresentar numa candidatura. Entre currículo, carta de apresentação e entrevista de emprego, um estágio de Verão pode marcar essa diferença. Por isso, estágios no estrangeiro, trabalhos de voluntariado e cargos que exigem contacto directo com o cliente são indicados como as melhores opções.
Actividades de cariz social e trabalhos de voluntariado são considerados particularmente interessantes por permitir desenvolver trabalhos em equipa, aumentar a capacidade de comunicação e coordenação.
Estágios no estrangeiro Experiências desenvolvidas fora do país podem ser uma marca diferenciadora para um agente empregador por mostrarem sentido de responsabilidade e dinamismo, considera Sónia Lara Nunes, da Jason Associates.
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—3 Junho 2010