Artsy #11 | Agosto 2014

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ana franco diogo simĂŁo joana simĂŁo manoel jack ramiro mendes ricardo passaporte rĂşben botelho


Art.sy #11

agosto 2014


a s c t d a cesard a. cruzt c


art should comfort the disturbed and rdisturb zthe comfortable



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joana simĂŁo | sem tĂ­tulo


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ramiro mendes | farmer’s life


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rĂşben botelho | sem tĂ­tulo


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manoel jack | sem tĂ­tulo


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ricardo passaporte | sem tĂ­tulo


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diogo sim達o | licor


Pling… Pele de galinha nunca lhe causara boas vibrações, muito menos quando estava a dormir amarrada a uma cama. -Hein? – pensou. A Matilde tinha 17 anos de preocupações em cima, 6 meses do namoro mais longo da história da Escola Secundária Manuel Coveiro e 3 noites de ressaca para curar. Pling… Quando a segunda gota lhe caiu na mona ela lembrou-se da noite passada: as garrafas daquela vodka verde que a mãe tinha deixado semiabertas à entrada, o pacote de vinho do Pingo Doce que encontrou ao lado do caixote do lixo no parque do Sr. Eduardo e das salsichas que se andaram a roçar nela até às 4 da matina. E depois disso escuridão intransigente. Era como se alguém tivesse posto o refrão da Teddy Picker a tocar ininterruptamente durante horas e horas: ao fim de um bocado sentias-te mais britânico que português, mais pronto para uma batalha do que para dormir e até mesmo dopado. Ah não, isso foram dos ácidos… Devia estar na casa de banho. Por esta altura já a Matilde conseguiu cortar as amarras e está a massajar os pulsos. Os olhos dela vagueiam por tudo quanto é aresta destas paredes, tentando perceber onde está. A única luz aparece de um tijolo meio partido à sua esquerda: o resto é pó, uma cama e uma porta de gatos. - Das duas uma… Ou fui raptada por anões ou ainda estou bêbeda! – gritou, meio a rir-se, como que a tentar chamar a atenção de alguém. 44/45


Neste tipo de situações temos sempre que tentar traçar paralelos com alguma história que conheçamos: por exemplo, nos casamentos de família o meu tio Rupertino acaba sempre com as garraf… - Eu sei que está aí alguém! – voltou a gritar – Respondam-me! O resto é pó, uma cama, uma porta de gatos e um computador. Nele está instalado o Windows Vista (obviamente quem o comprou tem muito mau gosto e uma péssima ligação à internet) e o único programa a correr neste momento é o Microsoft Messenger. Mas em que ano estamos?! 2009? A Matilde repara no computador, fecha os olhos, abana a cabeçola três vezes, volta a abrir os olhos e dirige-se para o computador. Com uma sobrancelha levantada. No Messenger está uma conversação aberta com theconejobranco. A sua imagem de apresentação é carrancuda, isenta de brilho ou felicidade, destruindo qualquer pretensão de bondade que aquele reluzente quadradinho verde no canto superior esquerdo possa ter. theconejobranco já tinha enviado uma mensagem. Diz assim: - Olá! Perante tal afirmação Matilde sentiu-se intimidada. Estava pronta a correr, a esconder-se num quarto escuro e frio, a enrolar-se à volta da sua barriga de 2 meses e a comer chocolate pela madrugada adentro. À excepção da parte do chocolate e da barriga de 2 meses estava tudo ao seu alcance: a não ser que nalgum dos cantos da sala estivesse um frigorífico cheio de Mars e uma equipa de médicos especializados em fertilização in vitro. Ou prostitutos negros. - Quem és tu? – Escreveu no teclado. Um segundo. Dois segun (theconejobranco está a escrever…) dos. Três segundos. - Segue-me!


E a porta de gatos abre-se. Com o oxigénio entra também uma luz castanho-esverdeada. Claramente o autor desta história escolheu mal o nome da protagonista: se é para fazer um remake da Alice no País das Maravilhas passado na era do MSN, mais valia ter-lhe dado o nome da protagonista da obra de Lewis Carrol. Ou fazia dela um rapaz e chamava-lhe Neo. Mais fácil para o público perceber que tipo de narrativa é, não acham? De joelhos, a Matilde espreita por aquela portinhola e franze o sobrolho. Sorri. Levanta-se e sorri ainda mais. Os seus ombros começam a subir e a descer ao ritmo de uma gargalhada que parece estar a elevarse das profundezas do seu ser. Já nem a tenta conter: as lágrimas começam a aparecer no canto dos seus olhos. theconejobranco está a escrever… - Acalma-te. Mas a gargalhada continua e continua (theconejobranco está a escrever…) e continua… - ACALMA-TE! A Matilde ia-se encostar à parede da esquerda quando esta quebra sob o peso de algo muito maior. E não, aparentemente não é o Optimus Prime, nem o Godzilla, nem sequer a selecção de futebol Alemã. O brilho castanho-esverdeado surgia de um veado enorme que rebentou a parede para cima da Matilde. (…) Ela tinha um vergão na cara, o nariz ensanguentado, uma mancha de sangue na perna e a saia rasgada em vários sítios diferentes. A Matilde nunca mais vai beber como bebeu naquela noite. A Matilde nunca mais vai poder olhar para as coisas como se fossem desenhos animados e rir. E sabe-se lá mais o quê… - Not quick enough, can I have it quicker? theconejobranco está a escrever… - Acalma-te.

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ana franco | johnny mnemonic


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ana franco | post-human cyborg hibernation


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ana franco | isaac asimov robot


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ana franco | DG Scan 23


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ana franco

Págs. 48 à 55

diogo simão Págs. 45 à 47

joana simão Págs. 6 à 13

manoel jack Págs. 34 à 37

ramiro mendes Págs. 14 à 25

ricardo passaporte Págs. 38 à 43

rúben botelho Págs. 26 à 33


Art.sy_Online Art Fanzine Edição #11 Editor Jorge Mestre Simão Paginação Jorge Mestre Simão

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