Art.sy #8 | Outubro 2013

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daniel figueiredo david pinto fernando ribeiro jorge mestre sim찾o laura figueiras leandro valente miguel mestre miguel peres santos rachel korman t창nia guita tiago rocha


Art.sy #08

Outubro 2013


andy warhol


“Um artista é alguém que produz coisas de que as pessoas não têm

necessidade, mas que ele - por qualquer razão - pensa que seria uma boa ideia dá-las a elas.”



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fernando ribeiro | untitled (new york)


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Eram já altas horas da noite e ele continuava às voltas na cama. Desde

que a vira naquela tarde a correr pela marginal ao pôr-do-sol, quando estava sentado na esplanada a beber o seu café, que a imagem do seu corpo de pequena estatura mas formoso e dos seus olhos castanhos e amendoados , não lhe saía da cabeça. Decidiu então levantar-se, segurou numa maça, fruto proibido, assim como seria aquela mulher da qual nem sabia o nome. Sentou-se no sofá da sala, ligou televisão e pegou num dos seus imensos livros e começou a ler, para ver se chamava o sono, talvez a escolha do “Monte dos Vendavais”, de Emily Bronte, não tenha sido feliz. Passou uma hora, e apesar do cansaço, aquela imagem continuava a tirar-lhe o sono, dirigiu-se então à sua coleção de discos de jazz, escolheu Miles Davis, e encostou-se à janela. A panorâmica para Lisboa, com todas as suas luzes, o Tejo a correr para o mar em noite de lua cheia,

miguel peres santos | insónia


era algo que lhe enchia a alma, dá-lhe novas energias. Da janela viu homens sem abrigo, dormitando pelo jardim enrolados em caixas de cartão e jornais antigos roubados de um caixote do lixo próximo, ao longe numa zona discreta via mulheres da vida, vendendo o seu corpo, a homens da alta sociedade que encostavam os seus carros topo de gama na berma da estrada. Pensou para ele, como poderiam estas pessoas dormir tão descansadas, levando esta vida. Quando deu por ele, o sol nascera, e as silhuetas negras dos edifícios da cidade davam lugar aos belos monumentos que se espalham pela capital e o movimento dos carros já era significativo. Foi aí que decidiu que era melhor voltar à cama, na esperança de que a insónia se transformasse num sonho, sorte a dele que não iria trabalhar nessa manhã, aquelas olheiras seriam horrendas e a sua produtividade não seria muito grande. Quando se dirigia para a cama, o relógio da sala marcava sete horas, e foi nesse preciso momento que alguém tocara a campainha de sua casa. Pensou para ele “mas quem será a uma hora destas, espero que não seja ninguém do escritório a pedir que vá lá agora”. Chegando à porta pensou duas vezes que não deveria abrir, não estava com paciência para nada, o cansaço já se tinha apoderado do corpo, depois de uma noite em branco. Apesar da hesitação lá abriu a porta, mas para espanto dele, era aquela mulher, o mesmo corpo esbelto os mesmo olhos amendoados. Ficou paralisado a olhar, pensou “devo estar a sonhar, o que faz ela aqui...como é que veio aqui parar”. Depois de alguns segundos de trocas de olhares, lá ela decidiu falar: “Desculpe as horas, estava agora a caminho do trabalho, sou a Marta, e encontrei a sua carteira perdida na marginal, como tem aqui dentro os seus cartões de visita, consegui encontra-lo pela morada”. Obra da sorte ou não, aquela ida à marginal na tarde anterior, aquela troca de sorrisos e olhares à porta de casa e aquele acaso, iria acabar com o seu vicio da insónia... acabara de descobrir o amor... acabara de descobrir a mulher da sua vida.

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david pinto | refrain/eraser [2013]


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leandro valente | reflexologias de luz


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laura figueiras | sem tĂ­tulo


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miguel mestre | homem (vida e poesia)


Sou poeta sem rima Nem vida de poesia Escrevo sem quadra Ou regras poéticas Sou poeta sem vida Sou homem sem poesia Rimo com solidão e escuridão Sofro com elas no peito (Eternas) Como poeta invento vidas Como homem escrevo poesias A alegria é momentanea Felicidade é platónica (Efémeras) Sou homem, poeta Sou profeta da minha vida Escrevo minha vida em poesia Em forma de profecia (Permanentemente) 30/31


t창nia guita| jade


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tiago rocha | desenho10: quatro tiros, um ao lado


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daniel figueiredo | sem tĂ­tulo


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rachel korman | alguĂŠm me fodeu


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jorge mestre simĂŁo | sĂŠrie cicatriz


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Daniel Figueiredo

Tiago Rocha

Págs. 36 à 39

Págs. 34

David Pinto Págs. 14 à 15

Fernando Ribeiro Págs. 6 à 11

Jorge Mestre Simão Págs. 42 à 45

Laura Figueiras Págs. 24 à 29

Leandro Valente Págs. 16 à 23

Miguel Mestre Págs. 31

Miguel Peres Santos Págs. 12

Rachel Korman Págs. 40

Tânia Guita Págs. 33


Art.sy_Online Art Fanzine Edição #08 Editor Jorge Mestre Simão Paginação Jorge Mestre Simão

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