FICHA TÉCNICA projeto gráfico
lacasita ateliê; jeff barbato
concepção expográfica
allan yzumizawa, jeff barbato
conteúdo/comunicação/produção
ana takenaka; dani shirozono; erica sanches; jeff barbato
revisão de texto
sylvia sanchez
educativo
ana takenaka
montagem
gabriel torggler
audiodescrição gráfica parceira fotos miolo
cris kenne; jeff barbato studio 90; stenico gustavo salvatore; jeff barbato; sylvia sanchez
CENTRO CULTURAL DOS CORREIOS DE SÃO PAULO R. Álvares Penteado, 112 - Centro Histórico de São Paulo. Metrô - Estação São Bento, saída para o Vale do Anhangabaú. segunda à sexta-feira, 10h às 17h +55 11 2102-3691 centroculturalsp@correios.com.br
curador convidado
ALLAN YZUMIZAWA
acesso:
apoio:
São Paulo 2022
6
apresentação
O Centro Cultural dos Correios de São Paulo recebeu do dia 03 de maio de 2022 até 10 de junho de 2022 a exposição coletiva “o encontro é um lugar impossível” com curadoria de Allan Yzumizawa. Evento inédito e presencial, aberto gratuitamente para visitação. A mostra reuniu 56 obras de 24 artistas de 10 cidades diferentes, sendo elas: Campinas, Indaiatuba, Itu, Jundiaí, Limeira, Paulínia, São Bernardo do Campo, São Paulo, Sorocaba e Ubatuba. Todos os artistas participaram da segunda edição do edital Meios e Processos 2020 ocorrido de forma online na antiga FAMA Museu hoje Museu São Pedro, sob orientação de Andrés I. M. Hernández e Kátia Salvany e com a direção de Raquel Fayad. Por ocasião da pandemia, todos os estudos e encontros foram realizados de forma online, em doze sábados com duração de quatro horas cada. O grupo manteve contato e compartilhamentos contínuos de forma independente após o desfecho das orientações, e suas trocas deram origem à mostra “o encontro é um lugar impossível”, a partir das constelações curatoriais de Allan Yzumizawa curador convidado, pautando sua seleção na diversidade de temas, linguagens, experiências pessoais, entre oposições e semelhanças. Além disso, convidamos a artista Raquel Fayad para participar da exposição como forma de reconhecimento aos seus esforços e toda sua dedicação ao projeto Meios e Processos 2020.
Segundo o curador, a exposição parte da heterogeneidade das pesquisas individuais de cada um, evidenciando os dissensos que acontecem quando reunidos coletivamente. Desta forma, tem a divergência e o conflito como potência, indo em direção oposta ao que vivenciamos na atual sociedade dos algoritmos, que nos induzem a conviver apenas com o que gostamos e repudiar o que é diferente ou pensa diferente. Em um tempo em que muitos encontros tornaram-se impossíveis, esse encontro só foi possível pelo esforço coletivo dos artistas dois anos após os eventos do edital Meios e Processos 2020. Inicialmente sem apoio institucional e sem patrocínio, nos envolvemos e juntamos esforços para que o desejo de mostrar nossos trabalhos em conjunto fosse possível. Depois de pesquisar por lugares e parcerias, o Centro Cultural dos Correios abriu suas portas para nós. A partir disso, num período muito próximo dos trabalhos começarem efetivamente tivemos a desistência do primeiro curador convidado para abraçar o projeto, que por motivos pessoais não pôde estar conosco. Mas por fim, a exposição ganhou forma com a presença do novo curador convidado Allan Yzumizawa, da artista convidada Raquel Fayad e das ações de toda a equipe de produção formada pelos próprios artistas, que juntos fizeram acontecer. Boas leituras visuais!
SUMÁRIO 015
apresentação agradecimentos
018
alan oju
020
ana takenaka
024
angerami
026
antônio pulquério
034
carlos carvalho
038
cristian psedks
042
dani shirozono
046
eduardo amado
050
erica sanches
056
gabriel torggler
060
guilherme borsatto
064
gustavo salvatore
070 084
sobre as obras constelações curatoriais sobre as obras
096
jeff barbato
102
julie dias
104
lucas souza
108
márcio amâncio
112
marisa martins carvalho
118
raquel fayad
122
soraia dias
126
sylvia sanchez
128
thiago goya
130
vera parente
134
wesler machado alma
138
yohana oizumi
146
mapa legendas
009
080
148
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos à Andrés I. M. Hernandéz e Kátia Salvany por selecionar e unir esse grupo de artistas. Para Antônio A. Deco, Gabriela Yumi, Kauê Garcia, Lícida Vidal, Mariana Vilela, Isabella e Felipe pelas contribuições nos acompanhamentos. A equipe dos Correios, especialmente Bernardo Arribada, Antonio Pereira, Giovana Lino, Bete e a todos que acreditaram e apoiaram esse projeto. Que mais encontros sejam impossíveis.
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alan oju
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ana takenaka
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angerami
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antônio pulquério
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carlos carvalho
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cristian psedks
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dani shirozono
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eduardo amado
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erica sanches
50
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gabriel torggler
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guilherme borsatto
60
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gustavo salvatore
64
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sobre as obras alan oju Santo André - SP, 1985 Formado em História (FAFIL-FSA) e Mestre em Poéticas Visuais (ECA-USP). Utiliza métodos cartográficos para produzir a partir da experiência urbana: intervenções, fotografias, vídeos, performances, objetos, pinturas e instalações. Participou da Residência em Fotografia LABMIS no Museu da Imagem e do Som em 2013-14. Em 2014 foi contemplado com a Bolsa de Investigação Artística pelo Programa Mergulho Artístico da Oficina Cultural Oswald de Andrade, com a qual, em 2015, realizou sua primeira individual intitulada “Fragmentos”, com curadoria do Coletivo Ágata. Participou de diversas exposições coletivas em instituições culturais, como: Museu de Arte do Rio (MAR), Museu de Arte de Ribeirão Preto (MARP), Museu da Imagem e do Som (MIS-SP), Centro Universitário Maria Antonia, DAP Londrina, Espacio de Arte Contemporáneo (EAC – Uruguay), entre outras. Em 2016 ganhou o prêmio Visualidade Nascente – Artes Visuais, da Pró-reitoria de Universidade de São Paulo, em 2019 o prêmio “Foto Única” do Festival de Fotografia de Paranapiacaba, e em 2020 os prêmios Arte Como Respiro – Audiovisual, Itaú Cultural e Aquisições Aldir Blanc, Prefeitura Municipal de São André. Em Glossário II, atento aos processos de subjetivação que o espaço urbano efetua em seus habitantes, Alan Oju aborda os mecanismos de
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persuasão da publicidade de empreendimentos imobiliários a partir de folhetos colecionados pelo artista. Ao deslocar palavras de seu contexto original e reuni-las em uma instalação composta por 15 faixas pintadas a mão, o artista neutraliza os “componenteschave” dos anúncios e cria novos sentidos a partir do agrupamento que coincide com conceitos utilizados pela história da arte, evidenciando mais uma camada semiótica utilizada pela publicidade para influenciar atitudes e comportamentos, ou seja, os mecanismos discursivos de ordem psicossocial que incidem sobre a afetividade.
ana takenaka São Bernardo do Campo - SP, 1987 Artista e educadora. Formada em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, tem como inspiração os universos do desenho, gravura e papel, e desenvolve projetos criativos para a primeira infância. Dentre suas principais exposições estão a individual “Onde a distância do horizonte se perde”, com curadoria de Laerte Ramos, no Atelier Piratininga (2019) e as coletivas “International Paper Art Biennial”, na Kunststichting Perspektief vzw, Bélgica (2022); Annual International Competition, The Print Center, Philadelphia, EUA (2018); 11e Biennale de Gravure, Musée de la Boverie, Liège, Bélgica (2017). Participou da Summer Edition 2021 do Kaysaá Art Residency, com curadoria de Marcio Harum. Egípcias flutuantes e Ponto Estrelado fazem parte de uma série de painéis de azulejos
criados durante a residência artística Kaaysá Art Residency - Summer Edition 2021, localizada em Boiçucanga, litoral de São Paulo. Nessa imersão na natureza local (mata atlântica e mar), houve uma sessão de cinema com o filme Nomadland, a partir do qual a artista iniciou uma reflexão sobre as estrelas e sua presença na história da humanidade, guiando muitos povos em suas andanças e também nas navegações, universo que permeia a construção poética de Takenaka. Desta forma, os painéis apresentados são inspirados nos desenhos formados pelas constelações e imaginário da artista, induzindo a um contexto lúdico, como os próprios desenhos das crianças.
angerami São Paulo - SP, 1979 Vive e trabalha em São Paulo. Mestre em Fine Arts pela New York University, artista visual e arte educador, entende arte e educação como agentes de transformação em um mesmo processo contínuo dentro da sociedade. O artista tem como eixo poético conceitos como espiritualidade, ancestralidade, natureza e ecologia. Seu trabalho é dividido entre o ateliê e as atividades ao ar livre, muitas vezes com as comunidades tradicionais brasileiras. Algumas das operações ligadas à arte contemporânea, particularmente aquelas de ações constitutivas que ativam desde a abordagem do corpo e a paisagem contemporânea, a natureza e os deslocamentos espaciais literais e os transmutados em redes sensoriais, a partir das metáforas construídas com procedimentos técnicos, definem o projeto de
exposição do artista visual Evandro Angerami, e que entre outros discursos suscita alerta e preocupação pelo entorno e no contexto em que habitamos e, também, nos aspectos entre arte-natureza e artevida. Angerami, ao implantar operações de circularidade projetiva que transitam desde a des-paisagem, e ao invadir com corpos como receptáculos múltiplos, que se carregam e dialogam na mutabilidade das diferenças, para a construção de manifestos visuais que vetam a tradição conceitual e espacial, propicia a construção de sólidos compêndios expandidos e assintomáticos da transitoriedade volúvel nos espectros sensoriais da arte contemporânea, não mais com afetos e sim desde diferentes contextos. [...] Texto de Andrés Hernández.
antônio pulquério Campos Sales - CE, 1985 Antonio Pulquério Filho é da cidade de Campos Sales, Ceará. Atualmente vive e trabalha em São Paulo. Formado em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, Pulquério transita por variadas linguagens artísticas: cerâmica, colagem, fotografia, instalação e performance, destacando-se em sua pesquisa a abordagem Ritual, ou talvez pudéssemos dizer Rituais, como afirmou o Curador Andréz Hernandez durante a exposição “O que me atravessa”, realizada no ateliê Cruzo. A obra Há Sagrado Coração no Chão do Rosário foi desenvolvida para exposição “O encontro é lugar impossível”. Na ação, Pulquério
utiliza uma vestimenta construída durante uma residência artística e que se modifica a cada apresentação, incorporando novos elementos simbólicos. Ela é uma espécie de “Matulão”, onde carrega terra. No cruzamento da rua 15 de Novembro com a Praça Antonio Prado, o artista realizou uma espécie de ritual de passagem, relacionando Terra (Aye) e Céu (Orun), e utilizando também sal grosso, para propor uma limpeza do lugar. O sal é utilizado como transmutador de energia nas tradições de matrizes africanas e hoje já muito incorporado na sociedade brasileira como uma prática de banho de descarrego. A acão seguiu como um cortejo acom- panhado pelos demais espectadores até o interior do Centro Cultural dos Correios, onde está a Instalação “Não estamos sós”, composta por colagens sobre impressão digital, objetos, fotografias, um estandarte e uma escultura de cerâmica construída pelo artista para esta exposição, ao redor da qual ele também realizou um tipo de ritual utilizando o sal grosso - que ficou no local como vestígio da ação.
carlos carvalho Jundiaí - SP, 1981 Carlos Carvalho é bacharel em artes plásticas pela Universidade de Campinas, São Paulo. Ele participou de algumas residências artísticas entre elas Rimbun Dahan Open Residency for International Artist em Kuala Lumpur na Malásia em 2017, Shangyuan Art Museum International Residency Program em Pequim na China em 2018 e Pivô Pesquisa em São Paulo em 2019. 72
Fez parte de exposições coletivas nacionais e internacionais, sendo a de maior destaque a Trienal Textile Art of Today que de 2018 a 2019 passou pela Eslováquia, República Tcheca, Hungria e Polônia. No final de 2019 participou da exposição Diversa 2019 no Museu da Diversidade Sexual em São Paulo. Em 2020 fez parte do segundo Meios e Processos no FAMA Museu em Itu. Em 2021 foi contemplado com o segundo prêmio no Festival de Artes de Santa Bárbara D’Oeste. Em 2022 realizou a exposição Filtro no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM) em Recife, Pernambuco. A fibra que compõe o feltro não é tramada, ela é feltrada. O feltro não é feito com fios, ele não tem direção, não tem frente nem verso. Pra se fazer um fio, a fibra, seja ela qual for, sofre uma ação mecânica. Ela é moldada, domada, padronizada. Na fabricação das fibras artificiais e sintéticas, uma solução viscosa passa pelos orifícios da fieira formando filamentos que serão torcidos em fio. Passar por um molde para ser. Extrapolar o molde, e ser sem sê-lo. As três obras têm processos de construção parecidos. Para cada uma delas, Carlos confeccionou uma caixa de papelão, na qual cortou, em uma das faces, um desenho que reproduzia as formas de um metaesquema do artista visual Hélio Oiticica. Após pintar a caixa, derramou espuma de poliuretano expansiva em seu interior. A espuma que transbordou pelo desenho, ele cobriu com pedacinhos de feltros colados um a um pela espessura. Toda essa artesania surge com o objetivo de fazer um comentário à influência da linguagem e da estética Neoconcreta na formação de um ideal de boniteza e bom gosto contemporâneo. A Bye oinkcica, hello Alebrije? é um desdobramento da
Tentativa Concreta: nela o artista experimentou acumular e somar vários Metaesquemas. Na hora de colar o feltro, experimentou uma escala de cores mais variada, o que o levou a pensar nos Alebrijes, que são esculturas de animais fantásticos criadas pelo cartonero mexicano Pedro Linares na década de 30 do século XX.
cristian psedks Indaiatuba - SP, 1983 Graduado em Marketing e trabalha desde 2008 na Secretaria de Cultura de Indaiatuba. É coordenador do Centro Cultural Wanderley Peres, responsável pelas montagens de exposições da Secretaria e integra as Comissões de Festival de Música e de Artes Visuais. Participa da cultura Hip Hop desde o final dos anos 90. Teve contato com o Graffiti em 2000, adepto do estilo de letras “wild-style” e já participou dos principais eventos de graffiti do Brasil. Desde 2010 vem explorando em sua pesquisa artística trabalhos relacionados ao corpo humano e também aos corpos de objetos que são descartados através de pinturas em telas e se arriscando com algumas instalações. Suas obras já integraram exposições coletivas, leilão de street art, salão de arte, murais e projetos culturais. As três obras expostas fazem parte da série Corpos Sofridos, um desdobramento de trabalhos relacionados ao corpo humano e também aos corpos de objetos que são descartados. O artista iniciou essa série através de uma pesquisa mais aprofundada sobre o corpo, em sua maioria feminino, representando-o de forma fragmentada. Com essas obras questiona a relatividade da beleza, a diversidade de gêneros e
a estética ligada ao corpo. Em todos seus trabalhos, ele procura despertar reações e sentimentos, como a empatia à obra, estranhamento e até mesmo repúdio. A obra Cavalete de Fogo inicia a série com um corpo humano fragmentado desenhado a fogo sobre o corpo de um objeto descartado: um antigo cavalete de pintura. Representa a essência da série e a presença dos dois elementos em uma única obra. A obra “Trigêmeos” utiliza três pedaços de um tronco de árvore de uma antiga fazenda de Indaiatuba. Os pequenos rostos desenhados em tinta acrílica e fogo sobre madeira surgiram de um estudo da face, suas expressões e sua contribuição para a obra que as contém. Retratam a dor de indivíduos invisíveis à sociedade. A obra Sem títulos é composta por ripas descartadas em uma reforma de um prédio histórico de Indaiatuba. Sobre as ripas há um rosto desenhado em tinta acrílica e fogo sobre madeira. É retratado um indivíduo invisível à sociedade, sem reputação, sem riqueza, sem formação, portanto “sem títulos”, o que motiva o nome da obra.
dani shirozono Viçosa - MG, 1989 Vive e trabalha em Jundiaí- SP Formada em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Campinas (2014), possui uma pesquisa que propõe um olhar sobre a paisagem e o percurso e suas implicações em se entender como parte deles, compreendendo esses elementos como território e espaço de pertencimento. Em 2022 realizou o Dicionário entre-tempos, uma instalação de arte, nos vidros da biblioteca da unidade do SESC Jundiaí com coautoria de Marcela
Monteiro. Em 2021 foi contemplada com o projeto Terra Rasgada através do PROAC 13/2021 com coautoria de Jeff Barbato. Participou da residência LAB 1 promovida pelo Kaaysá (2021), do Edital Meios e Processos da Fábrica de Arte Marcos Amaro (2020), recebeu a premiação especial do júri do Salão de Artes de Vinhedo (2018) e realizou sua primeira exposição individual através do Edital de ocupação da Galeria de Arte Fernanda Perracini Milani em Jundiaí (2015). Dentre as recentes participações em exposições coletivas, destacam-se o 27º Salão de Artes Plásticas de Praia Grande (2021) e o 17º Salão Ubatuba de Artes Visuais (2021). Percorrer a paisagem, acompanhando as saliências e reentrâncias que a formam, seus súbitos mergulhos na escuridão da noite, e seu aparecimento tímido por trás da névoa branca nas primeiras horas da manhã, durante muito tempo, era marcar o tempo entre o instante da partida e o da chegada. Ansiava para que as horas caminhassem a passos largos e considerava esse momento de trânsito como um hiato no tempo, uma espécie de vazio. Quando tomei consciência que as formas que permaneciam eram justamente as que meu olhar colhia durante o percurso, entendi a potência da paisagem como lugar de entreespaço, ligação e conexão. Julguei que a morada - local de permanência - localizava-se sempre nas extremidades (partida ou chegada) até compreender que era possível também habitar no percurso. As obras aqui apresentadas propõem uma reflexão sobre o trajeto enquanto local de pertencimento. Para tal, são apresentadas duas obras que exploram, através da forma, a paisagem colhida e imaginada durante deslocamentos e a permanência nesse entre-espaço em três momentos distintos: enquanto proteção e abrigo. Para cada circunstância, me 74
aproprio de uma parte da estrutura de uma colmeia artificial para refletir sobre a casa que criamos e onde escolhemos estar.
eduardo amado Aracaju - CE, 1966 Artista residente no estado de São Paulo desde 2018 com formação acadêmica em Ciências Biológicas (Universidade Santa Úrsula, RJ) e especialista em Ecologia. Amado é autodidata nas artes visuais. As formas da natureza e intervenções de arte ambiental sempre inspiraram Eduardo Amado, que entre os anos de 1990 e 1994 foi bolsista do CNPq, sendo responsável pelo acervo do arboreto e esculturas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Foi o primeiro artista/paisagista brasileiro selecionado para o Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima 2010, Portugal onde realizou a residência artística. Entre os anos de 2010 a 2019 realizou exposições na Galeria Castelinho Santa Teresa, Rio de Janeiro e na Galeria Espaço Casarão, Curitiba, Paraná. Em 2019/20 foi pré-selecionado para o Festival de Jardins de Metis, Canadá. Em 2020 foi selecionado pelo Edital Meios e Processo da FAMA Museu (Fábrica de Arte Marcos Amaro) em Itu, SP. Em 2021 e 2022 teve obras selecionadas para o Salão de Artes de Indaiatuba, e em Edital de aquisição permanente de obras. Acta Botanica Brasilica: Ipê Amarelo (Handroanthus albus) trata-se de uma instalação em que o autor se apropria de uma imagem que até hoje não sabe se foi real ou uma fantasia. Era uma floresta de Ipê Amarelo observada
em uma expedição botânica, onde a mente do autor filtrou um ambiente minimalista na diversidade da paisagem tropical. A escolha do material se faz pelo contraponto entre o orgânico e o inorgânico. Matéria orgânica real se contrapõe ao material manipulado pelo homem: flores de acrílico amarelo translúcido e caules de alumínio ocupam espaços de arquitetura e concreto X intensa floração amarela em cachos com caules tortuosos ocupam paisagem natural. O artista reflete sobre a importância de desfocar o plano da paisagem. Amado coloca o nome científico em todas as suas obras que possuem correlação com espécies naturais.
erica sanches São Paulo - SP, 1971 A artista nascida em São Paulo, trabalha e vive em Ubatuba há 18 anos. Formada em Artes Plásticas pela Universidade São Judas, com especialização em História da Arte, dedicou-se à Arte-educação desde 1994 até 2021. A carreira artística veio tardiamente, já vivendo em Ubatuba, onde conheceu a arte da cerâmica, através das oficinas culturais da FundArt. Frequentou o atelier da ceramista Susana Bottini por cinco anos, e ampliou seus conhecimentos em cerâmica participando de workshops, cursos livres e Congressos em São Paulo e Paraty, desde 2008. Tem na cerâmica sua principal forma de expressão, mas também utiliza em seus processos o desenho, a pintura, a colagem, a fotografia como formas de pesquisa e apreensão do mundo. Investiga temas relacionados a origem, finitude, transformação, tempo, coexistência. Ao longo dos últimos anos foi premiada em Salões de Arte da região, selecionada
para o edital Fama 2020 e participou de exposições coletivas em Ubatuba, Caraguatatuba, Paraty e Campinas. Seres Caminhantes começou a ser pensada num período de auto isolamento no sul da Bahia , durante a pandemia, no qual eu passei a observar cocos e coqueiros tombados na praia e perceber como eles, apesar de parecidos, continham diferenças entre si em função do tempo de vida em que tombaram e do tempo em que estavam ali caídos, uns mais secos , outros mais preservados, uns maiores, outros menores, texturizados, lisos, claros, escuros, enfim uma grande diversidade. Depois de muitos dias observando, tocando, coletando, fotografando, nasceu ali uma grande intimidade entre a artista e os cocos e coqueiros. Ela passou a ver esses frutos como seres vivos, quase entidades com identidade própria. Foi um período difícil da pandemia, o medo da doença, a distância das pessoas que amamos, um momento em que as mortes aumentavam e o desejo era de fuga. Mas, fugir pra onde? Érica passou a pesquisar um pouco mais sobre os coqueiros e seus frutos, descobriu que o coco pode navegar por muitos quilômetros através do mar e brotar numa ilha ou terra bem distante, pode viajar sem perder sua resistência e manter em seu interior o líquido necessário para iniciar um novo ciclo de vida, renascer... Os coqueiros, árvores muito resistente a ventos e que se desenvolvem em solo árido, podem não resistir a força das marés ( a mesma que carrega seus frutos) e tombam, são arrancadas da terra com raiz e tudo, mas antes de secarem totalmente, permanecem caídas nas praias, fortes e majestosas por um longo período, e os frutos tombados junto com a matriz continuarão o seu ciclo de vida.
Nada mais pertinente para aquele momento e aquele sentimento, aquele desejo de renascimento, de vida, diante de tantas perdas. Assim, a artista criou os seres caminhantes, seres em fuga, seres meio primitivos meio futuristas, com um tanto de passado, mas com desejo de futuro, porque há um momento em que é preciso se deslocar, caminhar para renascer , mesmo que suas raízes sejam firmes e fortes. A obra começou a ser idealizada no segundo semestre de 2020, mas só foi finalizada no início de 2022. Feita com cerâmicas modeladas em placas com argila branca, ferro e fios de cobre, queimadas em forno elétrico a 1000 graus e depois uma segunda queima em fogueira usando óxidos minerais, sulfatos ,e como combustível, folhas secas de coqueiro e fibras de coco secas, além da lenha.
gabriel torggler São Paulo - SP, 1990 Nascido em 1990, vive e trabalha em São Paulo. Formado no curso de bacharelado em artes plásticas pela FAAP em 2012, utiliza o desenho como principal técnica em sua produção. Participou de exposições como Video Brasil (2013/2014) no Sesc Pompéia , Prêmio EDP no instituto Tomie Ohtake(2015). Em 2017 fez sua primeira individual, ‘‘Máquina Falha’,‘ na Galeria TATO. Participou da Temporada de Projetos do Paço das Artes 2021. Céu roxo é parte de uma constante pesquisa e prática do desenho presente na produção de Gabriel. Nas palavras do artista: “Não entendo este trabalho como algo à parte ou pensado como único
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em relação a outros trabalhos. Ele é, sobr tudo, mais um desdobramento do desenho e seus elementos figurativos e abstratos que exploro. Tenho pesquisado a relação do gráfico mesclado com o pictórico, onde estas duas estéticas conseguem dialogar e onde elas se atritam.” A dualidade do dia e da noite e seus personagens respectivamente são figuras centrais. Céu Roxo apresenta arquétipos noturnos como luas e estrelas como personagens principais e os demais elementos quase como coadjuvantes. Gabriel gosta de pensar em possíveis narrativas para as imagens. Narrativas que não sejam lineares ou que não tenham leituras fechadas. Ele tenta criar um diálogo entre o ritmo de uma cidade como São Paulo e o movimento celeste. Ambos em constante mutação, ambos com uma diversidade de eventos, pessoas e cenários. Uma lua ao lado de um escorpião, que por sua vez está em cima de uma estrela com olhos raivosos mirando um ser quimérico. Esta gama de elementos construídos no trabalho dá corpo para possíveis narrativas que o artista propõe ao espectador. Neste trabalho ele cria grafismos secos, feitos a lápis decantados e absortos em massas de pastel oleoso branco sobre guache roxo. Assim como a chuva rasga o céu como riscos que saem em nuvens, Gabriel tenta uma atmosfera que flutue e ao mesmo tempo traga o peso e a dureza dos materiais e dos gestos. É no campo da dualidade que habitam relações como a do peso e a leveza, o pictórico e o gráfico, o grande e o pequeno, o dia e a noite. Novamente nas palavras do artista: “Atualmente, este é o lugar que o desenho tem me levado e me motivado à prática. Céu Roxo, assim como outros trabalhos na minha produção, não é um fim em si mesmo, mas um meio para pesquisa e prática na linguagem do desenho.”
guilherme borsatto
o esquecimento, que habitam as recordações sem nitidez, que parecem simultaneamente alheias e comuns a todos.
São Paulo - SP, 1991 Reside e trabalha em São Paulo. Graduou-se em Artes Visuais em 2019 na Belas Artes de São Paulo. Seu interesse está no limite entre a memória e o esquecimento, pois acredita haver nessa indefinição espaço para criar. Tendo crescido em uma família fragmentada, procura por enxertos em dispositivos de memória alheios, a fim de preencher as lacunas que se formaram entre suas memórias, afetos e expectativas. Seus trabalhos misturam autobiografia e ficção, e se desenvolvem entre diversas linguagens como a fotografia, a pintura, a instalação e o livro de artista. Neste trabalho, Guilherme atribui aos rabiscos de canto de página a função de dispositivos de memória. Nas palavras do artista: “Algo me chamou a atenção enquanto investigava os documentos da minha mãe; seus desenhos nos cantos das folhas. Parece que, sem saber, compartilhávamos do anseio em preencher espaços vazios. Mais interessante ainda é pensar que eu nunca os tinha visto. Passaram despercebidos, despretensiosos. Mas vê-los, mesmo que pela primeira vez, despertou em mim memórias completamente adormecidas (ou, talvez, totalmente hipotéticas). De repente, fui tomado por uma série de devaneios - o suave sussurro da caneta no papel: Você se lembra? Da qualidade da luz? Do cheiro na sua pele? Da temperatura no ar? Do som enquanto você dormia? Você se lembra do gosto do mar?” “Assim como nossas lembranças, os rabiscos se repetem e se acumulam. Mudam de forma, tamanho e definição.” E é neste espaço, entre a memória e
gustavo salvatore São Paulo - SP, 1952 Graduado em Arquitetura e Urbanismo em 1978 pela PUC - Campinas. Em 2005 começou a frequentar o ateliê do Museu Lasar Segall estudando xilogravura e gravura em metal. Em 2008 se identificou com as técnicas de xilogravura. De 2008 a 2015 foi monitor no Museu Lasar Segall. De 2014 a 2015 participou da reestruturação do ateliê e ministrou curso de introdução à xilogravura no Centro Cultural Oswald de Andrade. A linha define forma, cria estrutura e variação tonal, conduz o olhar do espectador, e principalmente desperta sentimentos. Na xilogravura a linha é gravada. Portanto quanto mais material for removido, mais luz será introduzida na matriz. Com o tempo, a luminosidade ganhou mais importância no meu projeto artístico. A luz não está somente na forma da linha, mas vemos diferentes tipos de luminosidade tanto no conjunto de linhas como no rebaixamento de plano da matriz. Nessa série de gravuras, a importância da linha está no seu valor estético e não num possível significado. Com isso, há maior empatia com as formas que as linhas evocam, do que com a realidade que elas possam representar.
constelações curatoriais
Allan Kaprow, em seu texto O legado de Jackson Pollock (1958), prevê uma mudança no modo de operar a criação de trabalhos de arte, trazendo como objeto de investigação, a própria banalidade do cotidiano. De certa forma, essa afirmação, já seria um presságio amparado pelos ready-mades de Duchamp, que levado ao extremo, transbordaria as preocupações dos objetos artísticos para a sua desmaterialização, além da exploração do corpo (performance), espacialidade (instalação), virtualidade (arte conceitual, arte digital), etc. Para as artes visuais, as Neo-vanguardas – termo utilizado pelo crítico norteamericano, Hal Foster – amplia o gesto artístico (que anteriormente preso à bidimensionalidade da pintura e a tridimensionalidade do monumento), oferecendo
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uma maior variedade de pesquisa e experimentação. É a partir dessas perspectivas, que se situa a exposição coletiva O encontro é um lugar impossível, partindo da heterogeneidade de pesquisas artísticas possibilitadas pelo tempo histórico que vivemos. Composta por 24 artistas localizados no estado de São Paulo, o conjunto de obras apresenta uma heterogeneidade em suas produções, evidenciando segundo o termo do filósofo Jacques Rancière, dissensos. Estes desencontros (na ordem do sensível) são como metáforas do nosso tempo, que cada vez mais, se distancia de encontros divergentes da espacialidade pública e física. Com a virtualização dos nossos afetos, e das nossas
atividades – das quais foram potencializadas pelo período da quarentena devido à pandemia do COVID-19 – houve um processo de nichificação, pela qual os algoritmos sustentam uma espacialidade a partir dos seus iguais. Como exemplo, as notícias, as ideias, e as imagens que circulam nas telas individuais, sempre serão congruentes com a crença de cada indivíduo. Já sentimos os efeitos colaterais dessa forma de configuração social na polarização política presenciada nas últimas eleições. De certo modo, o ser humano desaprendeu a conviver com o desacordo, com o dissenso – de modo que buscamos somente com os nossos iguais.
A física diz que a matéria nunca pode se encontrar. Isso porque os átomos – as menores partes de um elemento– nunca se encostam, ao mesmo tempo em que ambos trocam sua energia (elétrons) um com o outro. A exposição coletiva O encontro é um lugar impossível, apresenta a divergência e o conflito como potência, de modo que se posiciona em direção oposta ao que os algoritmos tendem a reunir; apresenta um leque de possibilidades de técnicas, temáticas que a contemporaneidade na arte possibilitou explorar.
allan yzumizawa curador convidado
sobre as obras jeff barbato São Bernardo do Campo - SP, 1990 Jeff Barbato vive e trabalha em Sorocaba, Brasil. Bacharel em Artes Visuais pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Sua pesquisa em artes transita por multi-linguagens, tendo o desenho e da fotografia como base para a criação de objetos, esculturas e pinturas expandidas. Jeff propõe diálogos entre os lugares em que encontra fissuras, buracos, brechas, fendas e os fragmentos, acontecimentos e desdobramentos dessa insurgência, passando por searas como corpo, sexualidade e territórios urbanos. Com olhar sensível para o imperfeito, o incompleto, o impermanente e para tudo aquilo que é esquecido e deixado à mercê de si mesmo. Recebeu o prêmio FUNARTE Respirarte e participou de exposições coletivas em cidades da Capital e Interior Paulista, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Em 2019 foi selecionado para a Leitura Crítica de Processos na Arte Contemporânea com Anna Bella Geiger no SESC Avenida Paulista/MASP Elevação é um termo utilizado em estudos topográficos como sendo a distância vertical de uma localização geográfica até um nível de referência fixo (ex. nível do mar). Entendo os trabalhos dessa série ELEVAÇÕES como paisagens imaginárias vistas de uma perspectiva aérea, como mapas e cartografias, e também como uma pele que racha e se desprende
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da carne. Utilizo fotografias de chão como referência para traçar cada módulo dos percursos, mas também em alguns casos os desenhos das fissuras e das elevações partem de estudos feitos em meu caderno de notas. O suporte/carne (nível de referência fixo) são telas de pinturas antigas, madeira de demolição, espelhos e fundos de gavetas. Aqui, como em todo meu processo de criação, há notável importância para o que é incompleto, imperfeito e impermanente. Percurso #07 é uma pintura expandida fragmentada em nove módulos. Deste percurso, nos espelhos surge o próprio reflexo de quem vê, partindo da premissa de que “existe uma fissura em tudo e por ela entra a luz”, quem vê seria sua própria luz. Percurso #13 pintura expandida fragmentada em oito módulos. Neste percurso, cada módulo foi produzido usando como referência fotos de fissuras do chão de Sorocaba, de percursos feitos durante a pandemia.
julie dias São Paulo - SP, 1997 Mora e trabalha em São Paulo. Ganhou o Prêmio Respirarte oferecido pela Fundação Nacional de Artes (FUNARTE) e foi selecionada para o Edital Meios e Processos da Fundação Marcos Amaro (FAMA) em 2020. Também integrou mostras, feiras e ocupações, como “Proximidades Relativas”, com curadoria do Coletivo Magenta, no Red Bull Station também fazendo parte da terceira edição do programa de Ocupações Artísticas de 2018, da exposição “A menina mais feia da turma”, com curadoria de
Juliana Bernardino, no ateliê397. Participou da primeira edição da ocupação “Ocupa OCA” em 2019, na OCA de São Paulo. Apresentou trabalhos em mostras internacionais, entre elas a “Expo 32” na Bélgica e a primeira edição do Festival “Gifformance” no Paraguai. Fez parte da “Residência da Terra” na Montanha Karuna, em Paraty e participou de festivais como a SP-ARTE e a CompartiArte nas edições de 2018 e 2019. José: Antropomorfia do cacareco etnográfico consiste em quatro fotografias impressas sobre um tecido. Em cada uma delas, um empilhamento de objetos descartáveis e materiais de construção, cobertos por tecidos, lonas ou roupas - criando uma imagem antropomórfica em escala humana. Esse amontoado de coisas cria um aspecto escultórico e se compõe como imagem total ao ocupar seu ambiente. Essas esculturas são feitas com objetos e tralhas da casa da artista. São montadas de acordo com os objetos de cada cômodo e são dispostas para serem fotografadas em uma cena. Depois que a imagem é feita, os objetos retornam ao seu lugar, voltando a cumprir funcionamentos de usos costumeiros. A noção de que existem objetos criados para necessidades humanas vitais e outros para suprir necessidades inventadas gira em torno de um sistema capitalista de produção, como um ciclo de consumo e descarte. Pensar na memória ou na história desses objetos se torna uma situação não apenas poética, mas política. No geral os objetos que existem no mundo são usados para finalidades que ficam entre o cuidado e a brutalidade, onde a natureza das coisas que inventamos e criamos para as mais infinitas utilidades dizem mais sobre a humanidade do que
a humanidade em si. Pensar os Josés no modo de construção através do empilhamento no contexto do lugar acaba refletindo a própria construção das casas que o cercam, como a estrutura dos puxadinhos ou das lajes; ou ainda a variedade de matérias presentes na edificação, como o plástico, a madeira, o ferro ou o tijolo. Além dos objetos que ajudam a carregar materiais, como o balde, a bacia, o carrinho ou a lata. Esse conjunto de cacarecos e coisas sem muito valor se aglomera não apenas com o intuito de provocar um olhar sensível para objetos que muitos veriam como descartáveis, mas também para revelar uma condição precária. A precariedade existente na ideia da gambiarra, de se fazer com o que se tem, se manifesta por meio do lugar onde as esculturas foram construídas e se espelham como parte desse lugar quando se fazem formadas, havendo uma relação de pertencimento etnográfico inerentes a elas. É contrária a uma relação de pureza ou limpeza, não são ligadas a uma noção de beleza tradicional ou sensualidade. É um corpo que evidencia a precariedade como forma de existir e pensar os lugares e a própria humanidade.
lucas souza Guarulhos - SP, 1991 Artista Visual e Designer, vive e trabalha em Jundiaí-SP. Possui Bacharelado em Artes Visuais pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Formou-se em 2018 com o Trabalho Final de Graduação intitulado OBJETO E USUÁRIO: narrativas sensoriais. Como artista visual, concentra sua produção em linguagens multimeios, tendo como
ponto de partida a escultura, transpassando também outras linguagens como a fotografia, o audiovisual e a gravura. Investiga as relações do corpo, espaço e ação através de meios interdisciplinares. Já participou de salões de arte como o 51º SAC de Piracicaba, 16º Salão de Ubatuba e 46º SAV de Vinhedo. Entre seus principais projetos individuais estão: (1) Instrumentos de Uso Livre pelo Edital de fomento à Cultura na cidade de Jundiaí-SP; (2) Fração de um Corpo: as suas múltiplas interpretações pelo edital da PUCCampinas. Arcabouço é uma série de esculturas em que o artista explora a materialidade da argila, criando o que vem chamando de “anatomia inventada”. Esses corpos escultóricos são desdobramentos de pesquisas iniciadas no ano de 2018 e vêm gerando sentido até hoje em sua pesquisa artística. Fissuras, rasgos e formas fálicas são modeladas e criam uma narrativa entre si quando juntas. Desde que Lucas se reconectou com a produção de esculturas em argila, viu novas possibilidades surgindo. A argila lhe proporcionou trabalhar de maneira mais flexível no ateliê porque possuía uma escala pequena e se limitava no controle da sua mão. Na parede, 6 chapas de madeira compõem o trabalho Mapeamento Cognitivo, obra que fala sobre as infinitas possibilidades de explorar as faces não vistas dos objetos tridimensionais. Além disso, existe uma questão da materialidade das esculturas em argila, pois elas não sofreram o processo de queima a altas temperaturas para garantir sua resistência. Portanto, sua estrutura é frágil como uma ossatura e ao abraçar isso para a pesquisa, os objetos tridimensionais ganham potência para dialogar com a temática do corpo, algo que interessa ao artista.
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márcio amâncio Itu - SP, 1973 Desenhista projetista de formação. Atua como designer de objetos, tendo publicações em revistas conceituadas de decoração: Casa Vogue, Casa Cláudia, Viver Bem, Kaza. Expõe desde 1998, com várias premiações em salões e editais, entre eles o Mapa Cultural de São Paulo, o Prêmio Aldir Blanc 2020 da Secretaria de Cultura de Itu-SP e o Edital Meios e Processos 2020. Em 2021 está trabalhando em dois projetos: Céu de Muitas Águas (desdobramentos) e Céu Caiado (em processo de pesquisa e execução). Relicários pro tempo surgiu por conta de uma coleção de velhos girassóis que perderam a sua beleza rotulada, amarelada.... passando a ser pra quase toda pessoa, quase nada, morto, destinado ao lixo. sem saber o porquê, márcio continuou regando os girassóis nos vasos, observando seu envelhecer, seu murchar, seu novo estar. Num sonho com sua avó, lembrou-se de que, na casa dela havia um relicário na parede com um santo de sua devoção. foi o gatilho para encontrar as caixas, eternizando assim essa flor mágica e cheia de sentidos.
marisa m. carvalho Itapetininga - SP, 1957 Mora e trabalha em Campinas, SP. Especialização em Artes Visuais e Intermeios, UNICAMP, 2012-11. Concentra sua produção em linguagens híbridas, como pintura, colagem, livros de artistas e pequenas esculturas, criando relações entre materiais diversos.
Algumas de suas obras têm o peso da materialidade, outras o peso da memória. São narrativas que se materializam em função do passado, presente e futuro. Participação em exposições individuais e coletivas em São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Curitiba e Havana (Cuba). Repouso, faz parte do projeto Tensionamentos e Rupturas. Marisa apresenta um recorte deste projeto. São obras objetos-escultóricas realizadas com tecidos de almofadas, cortinas, colchas e roupas antigas de uma casa da família onde a artista morou por 20 anos. O que ficou como memória dessa época foram apenas os tecidos, com suas dobras e redobras. Marisa mistura várias texturas de tecidos, diferentes ao toque; torço, amarra e costura. Experimenta misturas de cores com superposições de camadas, formas retorcidas, como colagens que se entrelaçam. Os fragmentos são costurados manualmente e à máquina. Ela cria formas preenchidas com manta acrílica; macias, leves e maleáveis. Estas obras agora representam o passado. Nas palavras da artista: “Organizo agora o meu pensamento em relação ao que será o futuro, com suas inquietações e interrogações.”
raquel fayad Atibaia - SP, 1968 Raquel é artista, musicista, bailarina e gestora. Em sua prática artística, reflete as questões afetivas que configuram as relações humanas, partindo da memória coletiva e das experiências particulares, visando diálogos ou processos colaborativos na produção artística. A expressividade, o visceral, o
gestual, o contexto e a estética são fatores iniciais nos processos. Atualmente amplia os meios e suportes dos trabalhos, se utilizando de processos híbridos com as artes plásticas, a música, o corpo em movimento e o vídeo, para discutir as questões das transformações do corpo feminino no processo de transição de uma nova forma de repensar este corpo e mente em transformação. Sua investigação artística é uma insaciável busca de conexões e conjunções de conceitos/ espaços a partir do corpo, afeto e memória, visando consolidação e expansão de forma singular, transitando do desenho para a música, da dança para a pintura, do espaço arquitetônico à instalação, explorando a metamorfose dos temas investigados com as expressões artísticas que utiliza para criar e fazer discursos pictóricos, metafóricos, interdisciplinares e sensoriais. Em seu material de pesquisa, tem como foco o trabalho de artistas mulheres, visando observar e analisar as relações entre a produção das mesmas e a sua valorização e colocação nos sistemas da arte, social e político. No processo, os campos da literatura, artes visuais e sociologia são sempre bases conceituais, além da simbologia do fantástico, num tensionamento entre o surrealismo e a contemporaneidade. Na série Fabulações a artista utiliza guardanapos usados, de texturas leves e diáfanas, tecendo teias e sobrepondo camadas, a partir de procedimentos contemporâneos e da sua versão romanceada de fatos. Interessa a Raquel ressignificar o descartável que guarda uma memória registrada aleatoriamente em cor e forma de atos e momentos. Cada objeto traz uma carga profunda de sentidos latentes que impelem a artista a reorganizá-los, na busca de leveza, resistência e beleza em contraponto
às diversas destruições objetivas e subjetivas que vivenciamos. Fabulação - Ação de fabular, de substituir a verdadeira realidade por uma aventura imaginária que serve para um conto ou novela. Na série Repetição, apresento registros sobrepostos e pesquiso/contemplo onde o fazer artesanal encontra com o contemporâneo. As manchas desiguais de atos repetidos de mesma maneira e as palavra REPETIÇÃO escrita completa ou incompleta, remetem aos atos falhos, criando ou supondo palavras e situações incompletas, inconstantes da situação social, política ou emocional
soraia dias Taubaté - SP, 1967 Artista Visual com formação em Arquitetura, sua produção artística se concentra no desenho e pintura. Faz parte de grupos e acompanhamentos em Arte Contemporânea: Casa Contemporânea São Paulo, Meios e Processos FAMA 2020, Casa do Olhar de Santo André, e com Paulo Pasta no Instituto Tomie Ohtake - SP. Principais Mostras: Individual: Galeria Vértice - SP; Coletivas: FUNARTE SP; Centro Cultural dos Correios SP; Casa Contemporânea – SP; Ateliê 284 - SP; Galeria Vértice – SP; New Gallery e Galeria Tato - SP; Galeria Poente – São José dos Campos -SP; Subsolo Laboratório de Arte - Campinas; Galeria Virgílio – São Paulo, Cuiabá 153 – Santo André; Salão de Exposições de Santo André; 27º Salão de Artes de Praia Grande; 25º Salão de Artes de Praia Grande; 15º Salão de Arte Contemporânea de Guarulhos; EIXO ARTES. O trabalho de Soraia explora a pintura e o que pode ser seu campo – as infinitas possibilidades de
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variação cromática, as conexões e interações entre cor, forma e conteúdo; e a ilusão de que se pode controlar o fazer da pintura. Mas sua prática também carrega elementos do desenho e da fotografia, uma vez que a imagem em si é importante para seu processo. As cenas que aparecem nas obras muitas vezes apresentam um lastro de presença humana e, ao mesmo tempo, de abandono. O que está presente nesta ausência? Quais as possibilidades narrativas da ausência? A questão justamente é trabalhar este objeto para tentar resolver esta inquietação. Em sua pesquisa, observando como as cores se transformam nos ambientes, no tempo e no espaço, Soraia se detém nas alterações dos tons de uma superfície/ cena quando se projeta uma luz sobre ela. “Comecei a desenvolver uma paleta procurando representar o efeito da luz com a própria cor, valorizando e diversificando o uso de contrastes e de escala cromática. A forma também se torna crucial para o sucesso do trabalho: é quando cor e forma se combinam que acontece a “mágica”. Neste sentido, preciso da imagem para compor uma cena onde possa explorar estes elementos, buscando criar minha própria linguagem pictórica.”
sylvia sanchez São Paulo - SP, 1979 Sylvia vive e trabalha em São Paulo. É artista visual, educadora e diretora de fotografia pela Cardamomo Filmes, da qual é sócia-fundadora. Trabalha entre a fotografia encenada, a performance de instrução e o audiovisual. Investiga pequenas subversões da dita normalidade cotidiana: o incontrolável, o ilusório, o
improvável, o estranho, o inútil. E o que eles podem carregar de político, lúdico e/ou trágico. Em 2019, realizou sua primeira exposição individual com a série Crônica de Banalidades Ordinárias, no MISSP. Em 2021 e 2022, essa mesma exposição tem circulado por algumas cidades do interior de SP tais como Presidente Prudente, Birigui e Ilha Solteira. Em 2020 Sylvia participou do edital Meios e Processos da Fábrica de Arte Marcos Amaro (Itu/ SP). Em 2021, criou e realizou, junto de Marta Pinheiro, o projeto Impactos de Convivência, no Sesc Santana, que consistiu na condução de uma residência artística para 12 artistas e a posterior criação de uma instalação audiovisual que ficou em exposição no Sesc em 2022. Sylvia vem participando também de diversas exposições coletivas, tais como nos festivais FestFoto Poa, Foto Sururu, QXAS, FIFV (Chile), além das exposições “Latinas”, na galeria 59 Rivoli, em Paris e “O encontro é um lugar impossível”, no Centro Cultural dos Correios. Instável: aquilo que não é seguro, que é incerto, emocionalmente descontrolado. Equilíbrio Instável é uma instalação composta por fotografias e por instruções (programas performativos) que, num primeiro contato, parecem orbitar em torno de uma tarefa bastante prosaica: criar empilhamentos de objetos cotidianos, que possam sustentar o aparelho celular em diversas situações e espaços domésticos, acompanhando sua onipresença cada vez maior no decorrer dos meses da pandemia do Covid 19. As fotografias trazem empilhamentos que se apresentam como estruturas possíveis, mas que possuem algo de improvável – e que, apesar de cumprirem sua função, o fazem de forma
insatisfatória: carregam, em sua essência estrutural, um equilíbrio frágil, prestes a desmoronar, assim como toda a vida política, econômica, social e de saúde pública brasileiras especialmente a partir de 2019. São “esculturas-gambiarras”, ao mesmo tempo totens de incerteza e pequenos altares para a tecnologia – dentro dos quais surgem, diminutas, as únicas presenças humanas possíveis. Afinal, mais do que extensão do ser humano (como propunha McLuhan), vimos a tecnologia tornar-se sua substituta. As instruções, por sua vez, propõem empilhamentos cujo equilíbrio é evidentemente impossível. E encerram-se com ações para além da tarefa de empilhar – ações que ampliam a dimensão humana e política das proposições textuais e que convocam a presença humana, na figura do espectador, a engajar-se ativamente na obra, convidando-o para fora da passividade-quase-emqueda do aparelho celular. Tanto as imagens quanto as instruções trazem um certo humor cercado de desconforto. Juntas, possibilitam uma dinâmica em que concreto e imaginário se complementam enquanto possibilidades. E, nesse jogo, provocam: que lugar ocupamos na vida fora das telas?
thiago goya Graduado em Artes Visuais e pós-graduado em Arte-educação pela ECA/USP.Artista visual e arte/ educador, vivendo e trabalhando na cidade de Sorocaba, São Paulo.Experimento em meus trabalhos o desenho, a pintura, a aquarela e o bordado livre, entre outras mídias.Me interessa a comunicação com o outro por meio da linguagem visual, a imagem que se compromete a falar.Por meio dos meus trabalhos tenho investigado quais os contornos possíveis das
identidades masculinas contemporâneas e suas pluralidades. Dentro desse recorte me encontro dialogando com as questões de gênero, sexualidade, afeto e violência. Ao lançar um olhar para essas questões, estabeleço uma dinâmica de (auto) investigação sobre o corpo localizado em meio a esses atravessamentos. Insigniaficâncias: Insígnias são distintivos de concessão de poder, condecoração e autoridade. Os trabalhos da série “Insigniaficâncias” mesclam imagens e adereços que fazem alusão ao militarismo e as relações entre subserviência e dominação, liderança e fetichização. Ao reconstruir os distintivos a partir desses limiares, o artista busca o questionamento dos símbolos de autoridade, ligados à identidade masculina enquanto ideal de força, bravura e coragem, tensionando o desejo pela manutenção da virilidade. O tecido, o bordado a mão, os enfeites, os desenhos das estampas, têm a intenção de criar uma narrativa visual junto às pequenas frases que sugerem, mas não revelam, o seu contexto e sua origem. Os dizeres e palavras em papel empregados nos trabalhos foram retirados de um livro sobre liderança para homens, publicado no Brasil na década de 1970 - e bastante revelador sobre as construções da identidade masculina. Ao mesmo tempo em que a construção desses objetos se faz utilitária (tamanho das insígnias como broches, os alfinetes e o acabamento), a função é deslocada de sentido, já que seus significados desviam das ideias tipicamente atribuídas aos adornos militares. A ambiguidade, a ironia e o uso de representações aparentemente opostas, têm a intenção de gerar dúvidas sobre a relação do objeto enquanto obra e objeto enquanto utensílio.
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vera parente Salvador - BA, 1956 Nascida em Salvador, Vera Parente tem formação em Arquitetura pela UFBA, vive e trabalha em São Paulo. Participa, até 5 de junho de 2022, da exposição o encontro é um lugar impossível no Centro Cultural dos Correios, SP com 3 pinturas técnica mista tendo como suporte gravuras em metal, tamanho de 1,00 x 1,00 m, impressas sobre papel Debret 250 g. De janeiro a maio 22 participou de exposição individual AGUAÇA sobre suporte de alumínio, no Centro Cultural do Alumínio. Em 2020 fez parte do Meios e Processos do FAMA Museu, Itu; de 2014 a19; fez pesquisa gráfica na técnica de gravura em metal no H. Freddi Atelier de Gravura; de 2011/12 do Grupo de Estudos do Instituto Tomie Ohtake; em 2011 do workshop Procedência e Propriedade; Expôs gravuras grande formato na Galeria CAL da UNB; na Galeria Gaia, Unicamp; participou de exposições nos Museus de Arte de Ribeirão Preto, de Joinville, Blumenau e Goiania. Faz parte do grupo de estudos Fabrica de Ratoeiras Concorde desde 2020. AGUAÇA são pinturas onde a inquietude, como um frequente pesadelo, está muito presente, quer no imbricamento de linhas e massas gráficas ou na velada sensação de um imenso distanciamento entre o observador e a superfície - como se estivéssemos testemunhando uma terra arrasada, através das lentes de um objeto no espaço. Intensa também é a ressignificação de elementos pictóricos acumulados como matéria no reaproveitamento de antigo suporte – gravura impressa - pontificando a precariedade do momento vivido e que nos remete aos antigos palimpsestos.
wesler m. alma
utilizando técnicas de serralheria não funcional, juntando-os de forma experimental, potencializando suas formas, texturas e outras possibilidades.
Limeira - SP, 1985 Wesler Machado Alma (1985), vive e trabalha na cidade de Limeira/SP, como artista visual e arte educador formado em licenciatura em artes visuais na FAAL - Faculdade de Admiração e Artes de Limeira(2021). O seu trabalho é construído de forma híbrida transitando entre modalidades artísticas como: intervenção urbana, desenho, pintura, objeto e etc. Participou de exposições coletivas e individuais em diversas cidades e estados do Brasil e outros países entre elas 48° SAC - Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba; Piracicaba/SP, 25º SAV - Salão de Artes Plásticas de Praia Grande - Praia Grande/SP, 44º SARP - Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional - Contemporâneo; Ribeirão Preto/SP, 24º “Mostra da Juventude” Sesc Ribeirão Preto; Ribeirão Preto e residências na Argentina e Uruguai tendo obras em acervos institucionais como Pinacoteca Miguel Dutra - Piracicaba/SP e acervos particulares. ENTRE TRAJETOS: Iniciada em 2019, a série é um desdobramento da produção do artista, onde o ponto de partida é o encontro com os espaços urbanos sendo elde o campo de trabalho e de coleta de materiais para construção das obras. A arquitetura e o seu lado externo - as ferragens, improvisos, gambiarras e afins - são gatilhos que levam Alma ao pensar e ao fazer artístico, numa produção híbrida transitando entre: intervenção urbana, desenho, pintura, fotografia, gravura, objeto e etc. As obras são construídas com materiais coletados, elementos estes usados na construção civil. Os materiais são explorados por meio de intervenções, reposicionamento e ressignificações,
yohana oizumi Rubiataba - GO, 1989 Vive e trabalha em São Paulo. Graduada em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2019). Prioriza em seus estudos a vivência e a observação da transformação de materialidades e de si mesma. Através da performance, desenho, fotografia e escultura propõe provocações de possíveis leituras críticas a respeito de projeções sensoriais do desconstruir, reconstruir, lutar e ritualizar. Finalista do PRÊMIO DASARTES 2021. Eleita Artist of The Month pela ArtConnect Magazine February 2021 (Berlim). Contemplada pelo EDITAL FAMA Meios e Processos 2020. Participa de exposições como (Brasil) Subsolo Laboratório de Artes, Museu de Belas Artes de São Paulo, Instituto Tomie Ohtake Núcleo de Cultura, Casa Contemporânea, Goethe Institut. (Portugal) Bienal de Cerveira, Galeria Ocupa, Centro para os Assuntos de Artes e Arquitectura. (Coréia do Sul) CICA MUSEUM. (Cuba) FIVAC. (Lituania) Šiluva Art biennial’21. (Holanda) Vincent Van Gogh Photo Award. Primeira Epístola é uma performance ritualística que intenta dilacerar de forma obsessiva um tempo caótico. Tempo este que oprime a figura feminina, mata, abusa e queima. A caça às bruxas ainda não terminou. Yohana faz incisões sobre
painéis de madeira, que por sua vez contém pinturas que evocam o sagrado. Os cortes golpeados talham as horas em tempo real. A artista também fala em voz alta os números. Um áudio de sino de igreja toca a cada minuto. Este badalar sinaliza a mudança dos números das incisões e da fala. Ela começa em pé, depois se ajoelha e enfim se prostra.
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jeff barbato
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julie dias
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vera parente
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mapa
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Antonio Pulquério
Gabriel Torggler
Marcio Amâncio
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Guilherme Borsatto
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Raquel Fayad
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Cristian Psedks
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Dani Shirozono
Salvatore
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Jeff Barbato
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Sylvia Sanchez
Yohana Oizumi
legendas ALAN OJU Glossário II. Tinta sobre decido e madeira. 90 x 33 cm cada (15 FAIXAS), 2022. pg. 18
CRISTIAN PSEDKS Cavalete de fogo. Fogo e tinta acrílica sobre madeira. 125 x 20 x 5 cm. 2020. pg. 39
ANA TAKENAKA Egípcias flutuantes. Pintura sobre azulejos, 45 x 90 cm. 2021. pg. 20
DANI SHIROZONO Aqui me protejo. madeira, resina, acrílica e folha de ouro. 4 x 48,5 x 2 cm (cada), 2021. pg. 43
ANA TAKENAKA Ponto estrelado. Pintura sobre azulejos, 75 x 75 cm. 2021. pg. 21
DANI SHIROZONO Tenho para onde voltar. madeira, resina, acrílica e folha de ouro. 18 x 41 x 17 cm. 2021. pg. 43
ANGERAMI Corpo, comunidade, casa e cosmos. Tinta óleo, grafite, ouro 23k, tela de linho, concreto e nanquim. 187 x 230 x 7 cm. 2020. pg. 24
EDUARDO AMADO Acta Botanica Brasilica: Ipê Amarelo (Handroanthus albus). madeira, Instalação com Hastes de alumínio, acrílico translúcido amarelo e cubos de madeira. 120 x 120 x 190 cm. 2022. pg. 46
ANTÔNIO PULQUÉRIO Há “Sagrado Coração” no chão do Rosário. Cerâmica, sal grosso, colagem sobre impressão digital, madeira, resina e ferro.250 x 180 x 60 cm. 2022. pg. 26
ERICA SANCHES Seres Caminhantes - a fuga. Instalação cerâmica e ferro. 500 x 150 x 70 cm, 2021. pg. 50
CARLOS CARVALHO Bye Oinkcica, Hello Alebrije? 2. Papelão, feltro acrílico, espuma de poliuretano, cola de silicone, tinta acrílica, folha metálica dourada, arame. 2021. 41 x 80 x 20 cm. pg. 34
GABRIEL TORGGLER Céu roxo. nanquim, primer, pastel seco, grafita, lápis de cor, lápis dermográfico, guache e acrílica sobre MDF. 84 x 160 cm. (poliptico), 2022. pg. 56
CARLOS CARVALHO Tentativa Concreta 3. Meti feltro no Metaesquema. Papelão, feltro acrílico, espuma de poliuretano, arame. 49 x 42 x 21cm. 2020 pg. 34
GUILHERME BORSATTO Floresta Negra. Bastão oleoso sobre papel algodão. 240 x 600 cm. (poliptico), 2022. pg. 60
CARLOS CARVALHO Tentativa Concreta 7. Meti feltro no Metaesquema. Papelão, feltro acrílico, espuma de poliuretano. 50 x 40 x 15 cm. 2021. pg. 34
GUSTAVO SALVATORE Abstração 7. Xilogravura de fio sobre papel Conqueror Conton White 300g. 55 x 47 cm. 2021. pg. 64
CRISTIAN PSEDKS Trigémeos. Fogo e tinta acrílica sobre madeira. 53 x 18 cm. 2020-21. pg. 38
GUSTAVO SALVATORE Abstração 8. Xilogravura de fio sobre papel Conqueror Conton White 300g. 55 x 47 cm. 2021. pg. 65
CRISTIAN PSEDKS Sem título. Fogo e tinta acrílica sobre madeira. 33 x 22 cm. 2020-21 pg. 38
JEFF BARBATO Percurso #07. concreto, malha de alumínio, espelhos e madeira de demolição. 48 x 125 x 8 cm. (poliptico), 2021. pg. 96
JEFF BARBATO Percurso #13. concreto, malha de alumínio, espelhos e madeira de demolição. 35 x 108 x 8 cm. (poliptico), 2021. pg. 97
SORAIA DIAS Outono. Óleo sobre tela. 40 x 30 x 3 cm. 202. pg. 122
JULIE DIAS José: Antropomorfia do cacareco etnográfico. Impressão fotográfica sobre tecido. 150 x 400 cm. 2021. pg. 102
SORAIA DIAS Sem título. Óleo sobre tela. 15 x 10 x 1 cm. 2021. pg. 123
LUCAS SOUZA Mapeamento Cognitivo. 6 chapas de madeiras pintadas com tinta acrílica. 20 x 30 x 2 cm. cada, 2021. pg. 104
SYLVIA SANCHEZ Equilíbrio Instável. Impressão sobre papel Hahnemüle 210 g, adesivado sobre Foamboard, chassi de madeira branco laqueado. Medidas variadas, 2021. pg. 126
LUCAS SOUZA Série Arcabouço. 4 peças de cerâmica. medidas variadas, 2021. pg. 105
THIAGO GOYA Série Insigniaficâncias. bordado, estampa, fita de gordurão, alfinete, tachinhas e argola de latão, fragmento de página de livro sobre tecido. medida total aproximada: 14 x 56 cm, 2020. pg. 128
MÁRCIO AMÂNCIO Céu Caiado - Relicários pro Tempo. Caxias de madeira revestidas com trapos cal gesso e velhos girassois. 35 x 20 x 7cm (5 peças), 2021. pg. 108
VERA PARENTE Aguaçá. tinta acrílica, colagem de papel de seda sobre gravura em mental, P.A. impressa sobre papel Debret 250g. 100 x 100 cm. cada, 2020. pg. 130
MARISA M. CARVALHO VII. tecido, manta acrílica, barbante. 30 x 25 x 6 cm. 2021. pg. 112
WESLER M. ALMA N° 610. Tinta esmalte base d’água, látex, aço, ferro e solda. Medidas variadas. 34,5 x 89,5 x 2 cm. 2020. pg. 134
MARISA M. CARVALHO Série Repouso. tecido, manta acrílica, barbante. 30 x 25 x 6 cm. 2021. pg. 116
WESLER M. ALMA N° 133. Tinta esmalte base d’água, látex, aço, ferro e solda. Medidas variadas. 58 x 95 x 2 cm. 2021. pg. 134
RAQUEL FAYAD Série Fabulações. Guardanapos de papel e borra de café. Aproximadamente 80 x 30 cm. cada, 2019. pg. 118
WESLER M. ALMA N° 601. Tinta esmalte base d’água, látex, aço, ferro e solda. Medidas variadas. 100 x 70 x 3 cm. 2020. pg. 135
RAQUEL FAYAD Repetição. Caixa de acrílico com 323 guardanapos de papel, borra de café e nanquim. 28 x 28 x 13cm, 2018. pg. 120
YOHANA OIZUMI Primeira Epístola. Incisões de metal sobre madeira que contém massa acrílica, betume, pigmento em pó, tinha acrílica e papel. 275 x 184 cm. 50’. 2022. pg. 138
SORAIA DIAS Fomos. Óleo sobre tela. 40 x 30 x 1,5 cm. 2020. pg. 122
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