MEIOS E PROCESSOS 2020
ORIENTAÇÃO
K AT I A S A LVA N Y
CURADORIA
ANDRÉS HERNÁNDEZ
MEIOS E PROCESSOS 2020
MEIOS E PROCESSOS 2020
ORIENTAÇÃO
K AT I A S A LVA N Y
CURADORIA
ANDRÉS HERNÁNDEZ
e d ito ri a l
©2021 FÁBRICA DE ARTE MARCOS AMARO
MEIOS E PROCESSOS 2020
PROJETO GRÁFICO
presidência
orientação
coordenação e direção de arte
vice-presidência
curadoria
auxiliar de criação
educativo
artistas selecionados
curadoria de conteúdo
Marcos Amaro
Ksenia Kogan Amaro
Carla Borba; Rafael Michelato
comunicação
Claudia Scavacini Borges
foto
Camilla Jan; Andreia Naomi; Gabrelú
FAMA Museu
Quarta-feira a sábado, das 11h às 17h Domingos e feriados, das 10h às 16h Rua Padre Bartolomeu Tadei, 09 Vila São Francisco, Itu – SP +55 11 4022.4828 www.famamuseu.org.br contato@famamuseu.org.br
Katia Salvany
Andrés I. M. Hernández
Alan Oju Ana Takenaka Antonio A. Deco Antônio Pulquério Carlos Carvalho Cristian Psedks Dani Shirozono Eduardo Amado Erica Sanches Evandro Angerami Fábia Karklin Gabriel Torggler Gabriela Yumi Guilherme Borsatto Gustavo Salvatore Isabella e Felipe Jeff Barbato Julie Dias Kauê Garcia Lícida Vidal Lucas Souza Márcio Amâncio Mariana Vilela Marisa Martins Carvalho Soraia Dias Sylvia Sanchez Thiago Goya Vera Parente Wesler Machado Alma Yohana Oizumi
Jeff Barbato
Yohana Oizumi; Vera Parente;
Andrés I. M. Hernandéz
conteúdo/comunicação
Ana Takenaka; Felipe Luz; Isabella Saldanha; Soraia Dias; Yohana Oizumi
revisão de texto/conteúdo Ana Takenaka; Sylvia Sanchez
cronograma
Marisa Carvalho
capa
Reprodução/instagram
Essa publicação é uma iniciativa dxs artistas participantes do edital “Meios e Processos 2020“ da FAMA Museu com respaldo do educativo do Museu na pessoa da Carla Borba e serve para o fim de registro dos processos realizados durante os 12 encontros virtuais ocorridos entre os meses de abril e dezembro de 2020.
foto: andreia naomi - fama museu dezembro/2020
A Fábrica de Arte Marcos Amaro – FAMA Museu e Campo ocupa uma área central em Itu, interior do estado de São Paulo, onde por muitos anos funcionou uma indústria têxtil com relevância histórica e cultural para a região. O espaço é hoje a sede da Associação para a Futura Fundação Marcos Amaro e abriga o acervo do colecionador e artista que dá nome à instituição. Pensada para a produção, contemplação, fomento da arte e, também, para a apresentação da produção do artista Marcos Amaro, a FAMA é uma ferramenta de disseminação da arte contemporânea. Em 2020 o edital Meios e Processos selecionou artistas brasileiros para participarem de diversos
encontros que abordaram práticas artísticas e processos de criação. Com foco no artista e sua produção, o grupo se reunia quinzenalmente aos sábados, entre os meses de abril e outubro de 2020, e recebeu a orientação da artista Kátia Salvany e o acompanhamento curatorial de Andrés I. M. Hernández. Esta segunda edição do edital Meios e Processos aconteceu no início da pandemia, trazendo a necessidade de adaptar os encontros para o formato online. As pesquisas e discussões de cada artista potencializaram uma rede de trocas que fortaleceu diversas manifestações artísticas em suportes variados.
sumário
APRESENTAÇÃO katia salvany
016
alan oju
020
ana takenaka
024
angerami
028
antonio a. deco
032
antonio pulquério
036
carlos carvalho
040
cristian psedks
044
dani shirozono
048
eduardo amado
052
erica sanches
056
gabriel torggler
060
gabriela yumi
064
guilherme borsatto
068
gustavo salvatore
072
isabella e felipe
076
FICHAS TÉCNICAS
080
TEXTOS ARTISTAS
086
CURADORIA andrés i. m. hernández ] comunicado [ - e do teu ventre nascerão novos mundos, e deles, novos ventres
098
jeff barbato
106
julie dias
110
kauê garcia
114
lícida vidal
118
lucas souza
122
márcio amâncio
126
mariana vilela
130
marisa martins carvalho
134
soraia dias
138
sylvia sanchez
142
thiago goya
146
vera parente
150
wesler machado (alma)
154
yohana oizumi
158
FICHAS TÉCNICAS
162
TEXTOS ARTISTAS
168
MEIOS E PROCESSOS 2020
MEIOS E PROCESSOS 2020
foto: andreia naomi
MEIOS E PROCESSOS 2020
KATIA
Participei como orientadora artística do edital Meios e Processos 2019 e 2020, anos de implementação do projeto fomentado pelo Educativo da Fábrica de Arte Marcos Amaro, situada em Itú, interior de São Paulo, durante a gestão da diretora Raquel Fayad, com o apoio da coordenadora do Educativo Carla Borba, ambas artistas. Em 2019, todos encontros aconteceram na forma presencial, permitindo entre tantas coisas importantes o convívio entre os 18 artistas selecionados, uma vivência estética junto ao acêrvo e as atividades promovidas pelo museu – aberturas e visitas às exposições, encontros com artistas, workshops junto ao público, visitas aos atêlies dos artistas selecionados e finalmente a possibilidade de uma exposição pública das melhores obras realizadas durante o projeto, curadas pela Ana Carolina Ralston. Em 2020, ampliou-se o número de canditados inscritos, culminado na seleção de 30 artistas, reflexo da propagação e dos resultados da edição de 2019, também impulsionada pela publicação constante de chamadas nas redes sociais pela comunicação da FAMA e dos participantes de 2019, sob a #meioseprocessos2020. Nessa segunda edição do edital Meios e Processos, realizei as orientacões em conjunto
com o curador Andrés Hernandez e percebi que a troca, experiência e o expertise de um olhar para a produção artística feita por mim, enquanto artista, orientadora, professora e pesquisadora de processos criativos, somou-se a um olhar curatorial assertivo, implementado pelo crítico e curador Hernandez. Creio que esse formato inovador de mentoria para formação de artistas, trouxe um ganho qualitativo na construção de clareza, preparação, apresentação, elaboração de textos para publicação de portifólio, conforme apresentado ao final dos encontros, alcançando duas importantes metas do edital: desenvolvimento de projetos artísticos com potência e preparação de material para inserção no circuíto de arte em futuros projetos, editais, exposições. Infelizmente em 2020, o mundo todo foi “assombrado” pelo Covid-19, e mesmo diante de um cenário de incertezas, seguimos com as atividades utilizando a plataforma ZOOM, em encontros ao vivo, e se em 2019 experimentou-se a troca e vivência física, em 2020, com a dinâmica proporcionada pela sala online em tempo real, todos os participantes puderam acompanhar, de uma forma mais detalhada, o processo de cada um, com os constantes compartilhamentos na tela do computador e ou celular, das imagens, textos, testagens de obras – assim o feedback das orientacões artísticas e curatoriais foram direcionados para cada um e a todos ao mesmo
tempo, situação extraordinária de qualidade de “presença e atenção” onde os atos de fala, escrita e gestos foram interfaceadas por meio das tecnologias de informação e comunicação. No dia 14/12/2020, por ocasião das aberturas das exposições Estudos e Anotações: Tarsila do Amaral, Marcelo Mosqueta: rejeito e Marcos Amaro: Ontologias, com segurança, criou-se a oportunidade de um único encontro presencial com todos os artistas, e foi indescrítivel a emoção diante da presença, reconhecimento e ou estranhamento dos corpos, enfim, da tela para a vida real, as dimensões e percepções são outras, unânime a alegria do ver, trocar e conhecer cada um e em especial o próprio Museu e suas obras, para a maioria vivida como a experiência impactante da primeira visitação. Para o fechamento das atividades de 2020,
convidamos e incluímos os artistas participantes do edital Meios e Processos 2019, para o último encontro no zoom, com o intuito de ampliar a rede de contatos, compartilhar percepções, resultados, estreitar diálogos entre os temas e pesquisas de interesses, ententendo que mais do que olhar para o processo de cada um, o grupo e o edital ganham força nas parcerias que se estabelecem durante o caminho. Agradeço a todos os envolvidos na concretização desse edital e faço votos que nossos esforços, empenho e dedicação tenham pavimentado o caminho para a continuidade do Meios e Processos, salietando a importância dessa inciativa do Museu em fomentar a experiência artística e criar condições para a produção e desenvolvimento de cultura.
Katia Salvany (1964) é natural do Rio Grande do Sul, vive e trabalha em São Paulo. Artista, Profa. Dra. em Artes, Orientadora de projetos artísticos e Mentora de processos criativos sistêmicos. Nos últimos 20 anos, Salvany orientou mais de 3000 projetos artísticos nas modalidades de ensino formal e não-formal, em Instituições privadas, Museus, Centro Culturais, somados aos acompanhamentos individuais de artistas. @katiasalvany
www.katiasalvany.com.br
+55 11 998 948 285
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a p re s e n t a ç ã o
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ALAN
fotos: acervo alan oju
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detalhe
ALAN
detalhe
fotos: acervo alan oju
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ANA
fotos: acervo ana takenaka
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ANA
fotos: acervo ana takenaka
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fotos: acervo angerami
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fotos: acervo angerami
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antonio a.
detalhe
fotos: acervo antonio A. deco
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antonio a.
detalhe
fotos: acervo antonio A. deco
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detalhe
antonio
foto: acervo antonio pulquério
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antonio
fotos: acervo antônio pulquério
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CARLOS
fotos: acervo carlos carvalho
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detalhe
CARLOS
fotos: acervo carlos carvalho
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cristian
fotos: acervo cristian psdeks
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cristian
PROCESSOS
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dani
detalhe
fotos: acervo dani shirozono
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dani
fotos: acervo dani shirozono
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eduardo
fotos: acervo eduardo amado
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eduardo
fotos: acervoeduardo amado
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ERICA
fotos: acervo de erica sanches
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ERICA
processo
fotos: acervo de erica sanches
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gabriel
fotos: acervo de gabriel torggler
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gabriel
fotos: acervo de gabriel torggler
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GABRIELA
fotos: acervo de gabriela yumi
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GABRIELA
fotos: acervo de gabriela yumi
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GUILHERME
fotos: acervo de guilherme borsatto
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GUILHERME
fotos: acervo de guilherme borsatto
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GUSTAVO L.
fotos: acervo de gustavo salvatore
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GUSTAVO L.
fotos: acervo de gustavo salvatore
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ISABELLA E
frames de vídeos isabella e felipe
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FELIPE E
frames de vídeos isabella e felipe
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f i c h a s té c n i c a s
Alan Oju ambivalente, 2020 fotografia digital Dimensões variáveis
Alan Oju INTIMIDADE CROMÁTICA, 2020 Pintura: Tinta hodrocryl sobre algodão e madeira 210 x 120 x 01 cm
Alan Oju COLETIVO SUSPENSO, 2020 Instalação: Tinta automotiva sobre aço galvanizado. 200 x 300 x 02 cm
Alan Oju Sem título (série Insólito), 2020 Linha de algodão costurada sobre nylon 16 x 20 x 0,2 cm aprox. detalhe
Ana Takenaka PROJETO - Obra viva: O vento soprou e eu rabisquei, 150 x 300 cm
Ana Takenaka PROJETO - Obra viva: O vento soprou e eu rabisquei, registro de ação
Ana Takenaka Zeitgeist, 2020 Desenho: Pó de grafite, bastão oleoso e carvão sobre tela. 60 x 80 cm
Ana Takenaka TUDO FLUTUA NO TEMPO, 2020 Desenho: Frottage, fita adesiva e carvão sobre tela. 196 x 168 cm
Angerami AUTO-RETRATO, 2020 impressão digital (tiragem 1/5) 55 x 41 cm
Angerami Corpo, comunidade, casa e cosmos, 2020 instalação: tinta óleo, grafite, ouro 23k, tela de linho, concreto e nanquim. 187 x 230 x 7 cm
Antonio A. Deco A Cura/Corpos originários 2020 Pintura: óleo sobre tela 155 X 120 cm
Antonio A. Deco Obra Instalação nas ruinas de uma igreja Por que não haveriamos de resistir?, 2020 óleo sobre telas 450 x 300 cm foto: @feebaldi
Antônio Pulquério Série: Aos teus olhos, 2020 colagem sobre impressão digital 54 x 45 x7 cm
Antônio Pulquério Série: Aos teus olhos, 2020 colagem sobre impressão digital 54 x 45 x7 cm
Antônio Pulquério O que me atravessa., 2020-21 Ferro, cerâmica esmaltada e madeira 165 x 100 x 100 cm
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Angerami Série Paisagem-Viva. Auto-retrato, 2020 Instalação: madeira carbonizada e tinta óleo. 260 x 300 x 10 cm
f i c h a s té c n i c a s
Antônio Pulquério Encontro, 2020 Cerâmica de alta temperatura, impressão digital, ferro e madeira, Instalação, 250 x 300 x 180cm.
Carlos Carvalho Tentativa concreta 5. Meti feltro no metaesquema, 2020 Papelão, feltro acrílico, espuma de poliuretano, cola de silicone, tinta acrílica, folha metálica dourada, verniz acrílico. 37 x 47 x 22 cm
Carlos Carvalho Tentativa concreta 3. Meti feltro no metaesquema, 2020 Papelão, feltro acrílico, espuma de poliuretano, cola de silicone, tinta acrílica, folha metálica dourada, verniz acrílico. 42 x 49 x 21 cm
Carlos Carvalho Tentativa concreta 4. Meti feltro no metaesquema, 2020 Papelão, feltro acrílico, espuma de poliuretano, cola de silicone, tinta acrílica, folha metálica dourada, verniz acrílico. 35 x 39 x 20 cm
Cristian Psedks Rosto Automático, 2020 120 desenhos: acrílica sobre papel off set 150g 76 x 152 cm
Cristian Psedks Despatrimoniados, 2020 Instalação / díptico 92 x 83 x 15 cm 9,5 kg cada
Dani Shirozono encontro, 2020 Acrílica e folha de ouro sobre compensado 100 x 100 cm cada posicionadas perpendicularmente
Dani Shirozono percurso, 2020 nanquim e parafina sobre papel, folha de ouro e madeira 42 x 52 cm cada
Erica Sanches Ser híbrido I, 2020 série: seres híbridos: cerâmica e fio de cobre 43 x 32 x 32 cm
Erica Sanches Ser híbrido II, 2020 série: seres híbridos: cerâmica e tela de metal 30 x 42 x 26 cm
Erica Sanches Ser híbrido III, 2020 série: seres híbridos: cerâmica e chapa de aço 36 x 30 x 30 cm
Erica Sanches Vestígios de uma era, 2020 Obra em processo: cerâmica e fios de cobre área de solo de 380 X 300 x 20 cm
Gabriel Torggler TIME FILES, 2020 granilite , latão e ferro 35 x 35 x 03 cm
Gabriel Torggler Jogo da amarelinha, 2020 Granilite, latão, ferro e esmalte sintético. 100 X 335 X 03 cm
Gabriel Torggler Prata da casa: nem tudo que reluz é ouro , 2020 Ferro, latão, inox, imã magnético e pintura eletroestática 54 x 196 x 2,8 cm
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Eduardo Amado sem título, 2020 instalação: acrílico, reaproveitamento de madeira tropical, aço inoxidável e foco de led. 200 x 100 cm (no chão) 250 x 150 cm (projeção)
f i c h a s té c n i c a s
Gabriela Yumi Crisálida de espaços vazios, 2020 bordado livre: voal, linha, bastidor de madeira 80 x 26 x 0,9 cm
Gabriela Yumi Permanências, 2020 bordado livre: voal, linha, bastidor de madeira, 26 x 0,9 x 0,1 cm
Gabriela Yumi Você me enxerga através dos meus olhos ou sou somente uma projeção das suas expectativas?, 2020 bordado livre: voal, linha, bastidor de madeira 26 x 0,9 x 0,1cm
Guilherme Borsatto 232, 2020 aquarela sobre fragmentos de caixas de papelão cobertos de massa acrílica e mesclados à parede com massa acrílica, 200 x 170 x 15 cm
Guilherme Borsatto 232, 2021 Aquarela e colagem feita com etiquetas postais sobre fragmentos de caixas de papelão cobertas de massa corrida 35 x 27 x 5 cm
Guilherme Borsatto Durma bem, 2020 acrílica sobre tela 22 x 27 cm
Guilherme Borsatto Made in SP, 2020 acrílica sobre tela 22 x 27 cm
Gustavo L. Salvatore queimada 1, 2 e 3, 2020 xilogravura de fio 40 x 61 cm cada
Gustavo L. Salvatore tatuagem 2, 2020 Xilogravura de fio 37 x 17 cm
Isabella e Felipe Ensaios para o depois (série), 2020-21 vídeo digital
Isabella e Felipe OIABIN, 2020 vídeo digital 7’53’’
Isabella e Felipe Lobo em pele de cordeiro, 2020 vídeo digital 2’47’’
MEIOS E PROCESSOS 2020
Gustavo L. Salvatore queimada 4, 2020 Colagem 142 x 61 cm
ALAN @alanoju www.alanoju.com - imagens p. 20-23 -
Alan Oju (Santo André - SP, 1985), graduou-se em História na Fundação Santo André e possui formação livre em fotografia. Em 2018, concluiu o mestrado em Poéticas Visuais pela ECA-USP. Atualmente trabalha como artista-orientador no Programa Vocacional da Prefeitura de São Paulo. Seus trabalhos têm como tema transversal as fricções que o “corpo da cidade” exerce sobre os corpos de seus habitantes e os processos de subjetivação subsequentes. Para isso, utiliza métodos cartográficos para produzir a partir da experiência urbana: intervenções, fotografias, vídeos, performances, objetos, pinturas e instalações. Para Alan estar na FAMA em 2020 foi um ponto de apoio em meio a tantas incertezas, desafios e angustias nesse ano tão singular. Segundo o artista “foram vários os acontecimentos: exposições adiadas, não dei a cara na rua por meses, transferi meu ateliê para dentro de casa, vi minha vida de pai se misturar com a de artista, uma disrupção total.” O artista teve que se adequar em vários aspectos: trocou materialidades “sujas” como cimento e areia, por linhas de algodão e panos, a colher de pedreiro por uma máquina de costura, alguns trabalhos ficaram pra depois e outros mudaram de escala para caber na mesa. Essa conjunção o liberou para experimentar.
Neste período Alan destaca algumas atividades online: “Lives”, como a do clube de colecionadores da OMA Galeria e a entrevista para o MUnA –
Museu Universitário de Artes, onde depois fez sua primeira exposição individual on line: Percursos, Desejos e Dilação. Participou do Festival Arte Como Respiro pelo site do Itaú Cultural, onde foi um dos ganhadores do prêmio do Audiovisual. Já nas oportunidades físicas, destaca os convites para as exposições Casa Carioca, no Museu de Arte do Rio (MAR), Não há ninguém aqui, no Centro de Arte Contemporânea W (CACW) e o projeto Ao Ar, Livre. Dos trabalhos aqui apresentados: Coletivo suspenso trata-se de um conjunto de 23 peças produzidas em aço galvanizado e tinta automotiva. Cada forma é inspirada em plantas baixas de casas ou apartamentos de condomínios residenciais retirados de anúncios impressos. Fruto do confinamento, este trabalho surge do aproveitamento das sobras de materiais de outros trabalhos que estava desenvolvendo no ateliê no início de 2020. Os contornos das peças são pintados com tinta automotiva, enfatizando seus limites, fazendo referência às balizas das moradias, às molduras dos nossos universos de intimidade. Ao instalar as peças no espaço da parede pretende construir uma paisagem suspensa, uma unidade composta de formas singulares, que juntas formam um só corpo, um povoamento.
ANA @anatakenaka - imagens p. 24-27 -
Ana Takenaka (São Bernardo do Campo – SP, 1987) é artista e educadora. Formada em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, tem como inspiração os universos do desenho, gravura e papel, e desenvolve projetos
A intenção de participar do edital Meios e Processos 2020 surgiu da necessidade de trilhar novos caminhos no fazer artístico.
modular das matrizes de gravura em metal. O projeto consiste na realização de uma parede de azulejos desenhada pela artista, com traços que remetem a rabiscos. A parede deverá ser alocada numa altura adequada para crianças e junto será disponibilizado tintas guache, aventais e ferramentas de pintura (pincéis, rolinhos, extensores, etc.) para interação das crianças com a obra. Desta forma a parte pictórica do trabalho será ativada pela interação com as crianças e público em geral.
Como ARTISTA e EDUCADORA, Ana gostaria de estreitar a ponte que separa estas facetas, mergulhar e entender melhor os limiares entre arte e educação e as fronteiras de trabalhar a educação dentro do espaço expositivo como artista disparadora de processos.
Dar estes novos passos, caminhar rumo a uma nova direção, faz sentir na pele os desafios propostos pela vida profissional de uma artista, fundamentais para o crescimento.
@angerami_ www.angerami.art - imagens p. 28-31 -
Angerami (São Paulo - SP, 1979) propõe a reflexão sobre a natureza primordial numa relação estética e existencial com o humano e sua ancestralidade. Questiona a dissociação do homem de seu entendimento sobre si mesmo a partir de sua conexão com a paisagem natural e suas dimensões simbólicas.
Nesta travessia, contar com a escuta e generosidade do Andrés Hernández, Katia Salvany e demais colegas artistas, para Ana foi de extrema importância, combustível necessário para seguir. Poder partilhar angústias e vontades, ser escutada, escutar, olhar para o outro, encontrar novos pares, mesmo que virtualmente, fez compreender a importância de espaços como este proposto pela FAMA.
Durante o período em que participou do grupo de estudos da FAMA, realizou a exposição individual Contrapontos desde a paisagem, com curadoria de Andrés Hernández, além de ser selecionado para o 12º Salão dos Artistas Sem Galeria, promovido pelo Mapa das Artes e realizado simultaneamente nas galerias Zipper e Lona, na cidade de São Paulo.
O projeto Obra viva: o vento soprou e rabisquei é um desdobramento interativo da série de gravuras Cores, nas quais a artista investiga a relação entre linhas e cores, através da impressão
A exposição Contrapontos desde a Paisagem que ocorreu durante os encontros virtuais do Meios e Processos 2020, foi um importante desdobramento ao ser curada por Andrés I. M. Hernández, que escreve no texto curatorial:
MEIOS E PROCESSOS 2020
criativos para a primeira infância. Dentre suas principais exposições estão a individual Onde a distância do horizonte se perde, curadoria Laerte Ramos, Atelier Piratininga (2019) e coletivas Annual International Competition, The Print Center, Philadelphia, EUA (2018); 11e Biennale de Gravure, Musée de la Boverie, Liège, Bélgica (2017). Participou da Summer Edition 2021 da Kaysaá Art Residency, com curadoria de Marcio Harum.
“Algumas das operações ligadas à arte contemporânea, particularmente aquelas de ações constitutivas que ativam desde a abordagem do corpo e a paisagem contemporânea, a natureza e os deslocamentos espaciais literais e os transmutados em redes sensoriais, a partir das metáforas construídas com procedimentos técnicos, definem o projeto de exposição do artista visual Evandro Angerami. A paisagem aqui é abordada como múltiplos corpos - e vice-versa - que como receptáculos sensoriais se constroem nos contrapontos das imagens, nesse imperativo contemporâneo de vê-las e preservá-las da densidade irredutível da matéria e do enigma dos questionamentos do artista contemporâneo, e que entre outros discursos suscita alerta e preocupação pelo entorno e no contexto em que habitamos e, também, nos aspectos entre artenatureza e arte-vida.
Angerami ao implantar operações de circularidade projetiva que transitam desde a despaisagem e ao invadir com corpos como receptáculos múltiplos, que se carregam e dialogam na mutabilidade das diferenças para a construção de manifestos visuais que vetam a tradição conceitual e espacial, propicia a construção de sólidos compêndios expandidos e assintomáticos da transitoriedade volúvel nos espectros sensoriais da arte contemporânea, não mais com afetos e sim desde diferentes contextos. Assim sendo, aqui a paisagem se apresenta como um nervo vivo que se retorce em latentes vibrações; movimentos sensoriais que se implantam e se isolam num afastamento mutável das leituras plurais que agudiza. [...]” Andrés I. M. Hernández, Primavera, 2020.
ANTONIO @antonio.a.deco.arte cabecahiena.teatro@gmail.com - imagens p. 32-35 -
Antonio A. Deco (Salto – SP, 1985) é artista plástico graduado em psicanálise pelo Instituto Paulista, e autodidata nas áreas de filosofia e estudos da linguagem poética. O artista também dedica sua pesquisa na área de teatro-dança/ teatro-gestual, poesia, dramaturgia e cenografia. Trabalha na produção de saraus e espaços de pluralismo cultural. Participou de exposições no interior paulista e foi premiado no edital Funarte Respirarte pelo vídeo “Respirar e Resistir “ onde apresenta sua pintura - Obra/ Construção instalada nas ruinas de uma igreja. Também foi premiado com a lei Aldir Blanc, com a pintura Cura/ Corpos Originários. Para o artista: “Não existe um projeto, existe um movimento. Um movimento de resistência perante a realidade, um movimento que envolve um silêncio, um silêncio de todas as coisas. A pintura está para poesia...”
“A imagem evoca uma língua própria, uma linguagem poética na qual pode repercutir, e essa poética gera imagens poéticas, por isso essas duas áreas estão intrinsecamente diluídas e é impossível separá-las, elas geram um novo corpo diante da vida. É sempre um ato de encontrar um cerne, algo que em última instância não pode ser tocado, e através do traço, encontrar o próprio gesto em si, o momento presente do ato, o acontecimento, a própria palavra no silêncio. Existe sempre o vazio de todo cenário, posto que não existe cenário para além do próprio corpo. Esse vazio, caos, ou ruína é o que possibilita
Para Deco, “participar do projeto Meios e Processos da FAMA trouxe um grande desafio de escuta e reflexões sobre os ínfimos e infinitos caminhos do fazer artístico. Dentro da multiplicidade e da liquidez transformadora de tantos conceitos e processos, pude absorver principalmente no que tange e evoca através do ato, do fazer, do processo artístico em si, e que tanto toca nossa singularidade quanto transcende. Em meio ao processo trabalhei num corpo que retorna para um centro básico originário. Retorna de uma atualidade líquida, fragmentária e estéril. Retorna como ruína, como a própria paleta indica nas tonalidades terrosas e ocres - o barro - o silêncio de todo princípio. E atravessa, como um corpo de potência, um corpo sem subterfúgio, sem adereço, um corpo de possibilidade do além corpo. Como diz Deleuze, a arte é um ato de resistência, e tomando o conceito do terceiro gênero do conhecimento de Espinosa, pretendese um corpo que, em última instância, cria.”
ANTÔNIO @antoniopulquerio.arte - imagens p. 36-39 -
Antônio Pulquério (Campos Sales - CE, 1967) vive e trabalha em São Paulo. É formado Bacharel em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. O artista transita pelas mais
diversas linguagens artísticas: esculturas em cerâmica, assemblagem, colagem, fotografia, instalação e performance. Seu processo artístico parte de um pensamento flutuante, vai de um lugar ao outro, embaralha a razão e a emoção; confunde realidade e ficção, memória, ambiente, tempo e ancestralidade. Segundo o artista: “As vezes penso nas esquinas, as que cruzam, as que se encruzam e bifurcam. Penso nas encruzilhadas, nas macumbas, nas oferendas, daí me volto para os altares, barroco e barrocas de mãos negras, Gerais.”
Eu te ofereço, título da série iniciada durante o Meios e Processos é composta por esculturas, instalações e intervenções onde foi possível trazer a fotografia para compor o processo de criação do artista, no entanto o trabalho não é sobre fotografia, ela é um meio e um processo para falar de aspectos ritual e/ou rituais em sua pesquisa, mas sem querer tratar de questões sobre religião, religiosidade ou fé. “Atualmente o que Pulquério vem destacando em sua pesquisa é a abordagem Ritual, ou talvez pudéssemos dizer Rituais, que parecem pretextos do fazer artístico, que aborda questões/tradições culturais e sociais, provocando tensionamentos nas abordagens de questões distintivas à religião, sem querer tratar de conceitos sobre religiosidade, crença ou fé, o que vemos são possibilidades de experienciar novos espaços de manifestação, política, social e/ou pessoal. Isso porquê há uma relação aguçada e pretendida entre a definição das obras e os espaços onde serão inseridas, extrapolando os limites das cartografias métricas e das técnicas tradicionais para se projetarem como estruturas de avaliação e assimilação visuais. [...]” Andrés I. M. Hernández, verão 2021.
MEIOS E PROCESSOS 2020
um devir constante. Mais do que produzir algo acabado, a arte incide sobre o ponto de fruição e encantamento/assombro. É como uma cabeça devorando seu próprio corpo, infinitamente. Crueldade e divindade.
CARLOS @carlosmellocarvalho www.carvalhocarlos.com - imagens p. 40-43 -
Carlos Carvalho (Jundiaí - SP, 1981) vive em Paulínia - SP, é artista visual e educador, graduado em Educação Artística pela Universidade de Campinas. Entre 2008 e 2018 viveu fora do Brasil, passando por Manágua (Nicarágua), Bruxelas (Bélgica), Nova Delhi (Índia) e Jakarta (Indonésia). Tendo vivido em contextos culturais diversos, se dedicou a aprender saberes relacionados às práticas manuais, artesanais e têxteis. “Alinhamento. Linha, fio. A fibra que compõe o feltro não é tramada, ela é feltrada. O feltro não é feito com fios, ele não tem
encontros começaram estava construindo obras que partiam de sua curiosidade pelo filtro dos sonhos, objeto talismã absorvido pelo colonizador e transmutado à condição de objeto decorativo. A aparência das coisas na cultura material o interessa, é fascinado pelo jogo entre a coisa em si e como ela é percebida e absorvida pelo contexto cultural em que está inserida, como o gosto é construído e usado como ferramenta de distinção e hierarquização. Com a vontade de começar uma produção que representasse um diálogo com o grupo, depois de alguns encontros, chegou ao segundo momento, que foi produzir as obras apresentadas aqui. Nelas, considera o peso que a produção artística neoconcreta tem no cânone da arte brasileira, assombrando e ao mesmo tempo validando grande parte da produção contemporânea.
direção, não tem frente nem verso. Pra se fazer um fio, a fibra, seja ela qual for, sofre uma ação mecânica. Ela é moldada, domada, padronizada. Na fabricação das fibras artificiais e sintéticas, uma solução viscosa passa pelos orifícios da fieira formando filamentos que serão torcidos em fio. Passar por um molde para ser. Extrapolar o molde, e ser sem sê-lo.”
Em sua produção, utiliza processos extensivos de manipulação de materiais como estratégia para investigar o papel das aparências no binômio ser - pertencer. Em 2018 fez parte da Trienal Textile Art of Today e em 2019 foi residente no Pivô Arte e Pesquisa. Durante sua passagem pelo Meios e Processos teve dois momentos de produção. Quando os
CRISTIAN @psedks - imagens p. 44-47 -
Cristian Psedks (Indaiatuba - SP, 1983) é graduado em Marketing e trabalha desde 2008 na Secretaria de Cultura de Indaiatuba. É coordenador do Centro Cultural Wanderley Peres, responsável pelas montagens de exposições da Secretaria e integra as Comissões de Festival de Música e de Artes Visuais da cidade. Desde 2010 vem explorando em sua pesquisa artística trabalhos relacionados ao corpo humano e também aos corpos de objetos que são descartados através de pinturas em telas e se arriscando com algumas instalações. Suas obras já integraram exposições coletivas, leilão de Street Art, salão de arte, murais e projetos culturais.
pesquisa e construção de seus trabalhos. A série Corpos Sofridos uniu experiências adquiridas
uma perturbadora semelhança entre ambos no nosso universo utilitarista.
Corpos Sofridos foi motivada por uma pesquisa mais aprofundada sobre o corpo humano, principalmente a figura feminina, em que são feitas fragmentadas. Com essas obras questiona a diversidade de gêneros, a estética ligada ao corpo e como o belo é algo relativo. Em seus trabalhos procura despertar questionamentos do espectador e sentimentos como empatia, estranhamento e até mesmo repúdio. A obra Cavalete de Fogo inicia a série com um corpo humano fragmentado desenhado a fogo sobre o corpo de um objeto descartado, um antigo cavalete de pintura. Representa a essência da série e a presença dos dois elementos em uma única obra. A obra Despatrimoniados traz Corpos Sofridos dos materiais descartados. Surgiu do lixo de uma reforma de um prédio histórico de Indaiatuba. O artista ressignifica os objetos trazendo vida a algo morto, que seria descartado, mudando completamente sua forma e função. A obra Rosto Automático surgiu de um estudo da face, suas expressões e sua contribuição para a obra que as contém. Nos pequenos rostos desenhados sobre papel são retratadas a dor de indivíduos invisíveis à sociedade. Nas palavras do artista: “agradeço aos mentores Katia Salvany e Andrés I. M. Hernández, e aos colegas artistas com quem compartilhei ideias.” Todo o processo foi fundamental para sua
DANI @danishirozono www.danishirozono.com.br - imagens p. 48-51 -
Dani Shirozono (Viçosa - MG, 1989) hoje vive e trabalha em Jundiaí - SP. É bacharel e licenciada em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Campinas e desde 2011 participa de exposições e projetos artísticos. Sua pesquisa propõe um olhar sobre a paisagem e o percurso e suas implicações em se entender como parte deles. Compreende esses elementos como território e espaço de pertencimento que surgem a partir de seu constante trânsito entre São Paulo e Minas Gerais. Para a artista: “a paisagem nasce quando formatamos a terra, moldamos seu relevo ou lhe atribuímos sentidos coletivos e individuais necessários. A paisagem é resultado da relação entre a terra, o território, o lugar e quem a ocupa. Percorrer a paisagem – viajar – sempre foi como fazer um momento de pausa. Um hiato na rotina até reencontrar-se com outra. São longas horas de silêncio observando o desenho que muda conforme o caminho.
Dessa ação, suas minhas paisagens foram colhidas enquanto o olhar descansava no horizonte buscando as formas que nasciam de dentro das fumaças esbranquiçadas da neblina. Pausa; contemplação; é o que se pretende evocar através dos recortes das minhas paisagens imaginárias. Lugares longínquos, dos quais só
MEIOS E PROCESSOS 2020
com trabalhos relacionados ao corpo humano e corpos de objetos que são descartados, invocando
se enxergam as silhuetas recortadas, por vezes nítidas, em outros momentos desaparecendo através de um véu turvo. Observar; contemplar; ressignificar; para então produzir o trabalho de arte. O pincel percorre os relevos. Os contrastes fazem surgir paisagens imaginárias, mas que não permanecem apenas no plano bidimensional, pois camadas quentes de parafina derretida são depositadas sobre a pintura.” A parafina seca de maneira irregular, espalha, respinga, trinca, promovendo uma quantidade interessante de relevos sensíveis ao toque do expectador. As primeiras camadas conferem brilho à pintura inicialmente opaca, mas, aos poucos, sua nitidez vai sumindo, fazendo surgir paisagens mergulhadas em neblina. Foi durante a participação no Edital Meios e Processos 2020 promovido pela FAMA, sob orientações e olhares cuidadosos da artista e professora Katia Salvany e do curador Andrés I. M. Hernández, que a artista pôde encontrar novos trajetos para sua pesquisa. Dani, reconheceu novas perspectivas ao olhar para as paisagens que aparecem em sua produção como “entre-espaços”, lugares de potência que antes eram vistos apenas como passagem, reforçadas através dos estudos sobre a ideia “MA”, apresentada por Michiko Okano em seu livro: Ma - Entre-espaço da arte e comunicação no Japão. Além disso, nesse período de distanciamentos físicos mas proximidades de trocas e reflexões coletivas, despertadas através dos encontros virtuais do Meios e Processos 2020, Dani aproveitou para debruçar-se sobre esse tipo de formação e estudo. Participou do Acompanhamento online de processos com os artistas Carla Chaim, Nino
Cais e Marcelo Amorim, e juntou-se ao Núcleo de Discussão e Construção em artes visuais com orientação de Bruno Novaes e Júlia Lima.
EDUARDO @omobilebr - imagens p. 52-55 -
Eduardo Amado (Aracaju - SE, 1955) tem formação acadêmica na área da botânica. As formas da natureza sempre inspiraram sua arte. Foi o primeiro artista/paisagista brasileiro selecionado para o Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima 2010, Portugal. Em 2019 foi pré-selecionado para o Festival de Jardins de Metis, Canadá. No Brasil realizou exposições coletivas no Castelinho Santa Teresa, Rio de Janeiro e na Galeria Espaço Casarão, Curitiba, Paraná. Teve sua obra selecionada em 2020 para o Salão de Artes de Indaiatuba, São Paulo. “É possível ver o Invisível? Sim, é possível! Basta fazer uma imersão poética e apropriar o olhar estético sobre a obra Florestas Invisíveis: ACTA BOTANICA BRASILICA de Eduardo Amado. Sua prática artística atrelada ao seu conhecimento e pesquisa em botânica nos permite adentrar através de um convite poético a um passeio imaginário por florestas imaginárias.
Entremeio a materiais e técnicas artísticas que nos remete a sensação de leveza, o artista consegue narrar e fazer fruir com propriedade a sensação outrora por nós imaginadas em florestas somente como espaços literalmente densos. Imergir com leveza à sublime sensação: Isso nos
Sendo assim, a obra do artista através de sua narrativa nos permite imaginariamente nos relacionar e refletir com a sensação de estarmos “in loco” frente a florestas invisíveis, aqui significadas através de intenção poética e sensibilidade artística que nos permite sim, ver o invisível.” Texto crítico de Renê Mainardi (acervo do artista).
ERICA @ericasanches.arte - imagens p. 56-59 -
Erica Sanches (São Paulo - SP, 1971) vive e trabalha em Ubatuba – SP há 17 anos. É formada em Artes Plásticas pela Universidade São Judas. Fez especialização em História da Arte e tem na cerâmica sua principal forma de expressão, mas também utiliza em seus processos a fotografia, o desenho, a colagem e mais recentemente o vídeo como forma de pesquisa e apreensão do mundo. Investiga temas relacionados a origem, finitude, transformação, tempo. A Biologia e a Psicologia são áreas que a interessam. Recebeu alguns prêmios em Salões de Arte da região com as obras: Casulos de Pedra, Em busca de Equilíbrio, Des-equilíbrio, Clausura, e Renovando a Espécie. Segundo Erica, as inquietações que à movem enquanto artista vão desde questões mais íntimas: angústias e dualidades pessoais, até questões mais amplas e coletivas, como os problemas humanos em suas
esferas social, política, biológica, filosófica e ética. “O meu fazer artístico parte de acontecimentos concretos que de alguma forma, agitam minha condição de ser humana, mulher e educadora.”
A experiência na área da educação trouxe uma preocupação adicional: a arte como instrumento de transformação e produção de conhecimento. E de maneira implícita, isso está presente em suas obras. A artista, também utiliza a fotografia como instrumento de estudo e apreensão do mundo: um inventário de imagens, texturas, formas, linhas e manchas que nutrem sua pesquisa visual e seus devaneios em busca da essência das coisas. Quantos verbos seriam necessários para descrever o que foi participar do Meios e processos 2020? Os encontros e ensinamentos de Katia Salvany e Andrés Hernández, a fizeram renascer enquanto artista em vários sentidos: aprender, reaprender, experimentar, errar, acertar, inovar, sair da zona de conforto e principalmente retomar o desejo da criação, aquele perdido da infância, sem preocupação com o resultado, vivenciando o processo. Os desdobramentos disso? Muitas obras desenvolvidas em 2020 usando como matéria a cerâmica, que já fazia parte de sua pesquisa, mas também experimentando o vídeo, a performance, revisitando o desenho, a pintura, a colagem, a fotografia e a monotipia. Projetos de obras que estão em andamento, projetos para obras futuras e uma maior clareza sobre seu processo artístico e as inquietações que instigam à criação. Por fim, toda essa vivência, ainda que virtual, se completou com a exposição coletiva Nosso CORPO Ritual, junto com outros dois artistas do
MEIOS E PROCESSOS 2020
é permitido com a obra Florestas Invisíveis que nos possibilita estar em lugares hoje inexistentes já que a obra também carrega em seu discurso poético a crítica ao desmatamento e a não preservação de bens naturais como deveria ser.
grupo, sob a curadoria de Andrés Hernández, e a seleção para o edital Transgressões Cerâmicas.
GABRIEL @gabrieltorggler - imagens p. 60-63 -
Gabriel Torggler (São Paulo - SP, 1990) formouse bacharel em artes plásticas pela FAAP em 2012. Utiliza o desenho como ponto de partida, tomando como referência universos distintos como o da televisão, meio urbano e seus ruídos, skate ou ainda de elementos banais oriundos do cotidiano. Sua pesquisa e processo muitas vezes surgem de maneira intuitiva, a qual é elaborada na linguagem do desenho sobre papel e outros suportes que se apresentam ao longo dos anos. Gabriel trabalha com saturação de imagens e criações de narrativas não lineares que partem de múltiplas referências que se agrupam no suporte que elege para desenhar.
Atualmente pensa o desenho em suas múltiplas potências, com soluções alternativas para instalação e interação. Pesquisa suportes e materiais utilizando técnicas convencionais como o bico de pena, de maneiras que fujam à tradição. Durante os meses de acompanhamento do Meios e Processos, estava num momento de experimentação de novos materiais, para além do papel. Iniciou trabalhos que envolviam o latão e o cimento branco ou granilite. Dois materiais amplamente utilizados juntos (piso de granilite com junta de latão), os quais estava tentando entender seus desdobramentos em sua produção
Nas palavras do artista: “Eu partia de figuras de desenhos recortados em metal e incrustrava em placas de cimento. Buscando explorar a pesquisa da ralação entre o bi-dimensional e o tridimensional. Ao fim esta pesquisa resultou, dentre outras obras, a instalação Jogo da Amarelinha, apresentada aqui, em que produzi uma amarelinha em tamanho real com placas de granilite e latão substituindo os números por figuras de desenhos variados.
GABRIELA @gaby_yumi - imagens p. 64-67 -
Gabriela Yumi (Nagoya, 1998) nasceu no Japão, mas passou boa parte da suainfância no Brasil. É graduada em Artes Visuais pela UNESP Bauru. Essa união, entre o seu ser com a arte, a fez enxergar não somente seu eu artístico, mas também sua posição como mulher artista. A maioria de sua obras refletem um pouco disso, do bordado à fotografia, nos quais a questão de identidade e ancestralidade são trazidos à tona. Foi por meio das fotos e das linhas bordadas que inicia uma fase em busca de compreender suas origens procurando entender o entrelaço dos diversos fios que nos envolvem no desenrolar da vida. Em uma espécie de metamorfose diária tece novas teceduras de identidade, as linhas de sua origem a auxiliam no resgate de narrativas de migrações do passado resultando na formação de tramas ressignificadas nesse espaço onde o tempo não é linear, pois percorre camadas de tecidos e fios que se emaranham em histórias de
A prática de bordar fio por fio por um tecido tão fino e transparente traz à tona um avesso muitas vezes imperfeito, com acabamentos à mostra e fios perdidos na trama, porém é justamente essa prática que escancara toda uma fragilidade em constante mudança e compreensão de sua origem. “As linhas que percorrem o voal fazem parte de uma necessidade em expressar uma reflexão sobre a ancestralidade vista sob um ângulo pessoal e como esse conceito esbarra diretamente no meu processo de criação.”
Entre o visível e o invisível, reside novos espaços identitários, que dão continuidade a essas narrativas em contextos onde as transformações se concretizam em linhas amorfas, mas que fazem parte de um têxtil atemporal o qual auxilia no reconhecimento desses espaços vazios.
GUILHERME @gui.borsatto - imagens p. 68-71 -
Guilherme Borsatto (São Paulo - SP, 1991) graduado em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo em 2019, hoje trabalhando em seu ateliê em São Paulo. Tendo percorrido desde muito jovem questões identitárias de gênero dentro de uma família fragmentada, o artista explora a vulnerabilidade presente na relação entre a memória e o apagamento, pois acredita
que nossas fragilidades sejam catalisadoras de experiências coletivas. Participou da exposição coletiva Últimos Dias (2020) no FONTE, e atualmente integra os grupos da Hermes Artes Visuais e da Casa TATO 3. Os trabalhos a seguir foram inflamados pela fala do crítico de arte Hal Foster em seu livro Bad New Days (2015), acerca da precarização enquanto tema e materialidade, e orientados por Andrés Hernández e Katia Salvany. A pesquisa se desenvolveu ao longo dos encontros do Edital Meios e Processos 2020, em meio a um cenário pandêmico de isolamento social. A série se apropria de caixas recebidas durante o isolamento, a fim de questionar a precária realidade em que estamos inseridos. Afinal, foi às custas do trabalhador precarizado que, durante esse período, uma pequena parcela da população pôde ficar segura e abastecida em casa. A desigualdade revela a frágil estrutura social que mantém os mais abastados presos dentro de suas próprias caixas, escravos de seus próprios privilégios. “Não busco me atribuir um papel que não me pertence, portanto, a crítica que realizo é subvertida pelo meu olhar privilegiado. a massa branca que cobre a parede de papelão, os elementos postais e a própria tentativa de estetizar esse conteúdo demonstram onde me situo nessa equação, e apontam a quem direciono meu juízo.”
A dinâmica entre classes descrita acima não está condicionada ao contexto pandêmico. Por isso, essa pesquisa não está presa ao seu ponto de partida, e deve continuar indefinidamente.
MEIOS E PROCESSOS 2020
deslocamentos e reafirmações de suas raízes, em lugares de um espaço entre, na qual concentra histórias de pertencimentos e possibilidades.
“deixei para trás um olhar mais fechado, restrito ao
GUSTAVO @slgus - imagens p. 74-77 -
Gustavo L. Salvatore (São Paulo - SP, 1952) graduou-se em Arquitetura e Urbanismo em 1978 pela PUC - Campinas. Em 2005 começou a frequentar o ateliê do Museu Lasar Segall estudando xilogravura e gravura em metal. Em 2008 identificou-se com a técnica da xilogravura. De 2008 a 2015 foi monitor no Museu Lasar Segall. De 2014 a 2015 participou da reestruturação do ateliê de gravura e ministrou o curso de introdução à xilogravura no Centro Cultural Oswald de Andrade, São Paulo. Atualmente pesquisa a introdução da luz em seus trabalhos em xilogravura. A Fundação Marcos Amaro possibilitou ao artista através do projeto Meios e Processos ter o privilégio de participar das exposições e análises com a Katia Salvany, Andrés Hernández e os vinte e nove artistas de várias regiões e diferentes áreas de criação. Essa experiência contribuiu para o desenvolvimento técnico e conceitual de suas obras. Como diz Salvatore “depois do término dos treze encontros comecei a refletir, e percebi a importância das conversas, análises dos trabalhos, indicações bibliográficas e, principalmente, a experimentação de novas linguagens no processo de criação. Resultando numa mudança da minha maneira de fazer e ver a xilogravura.” Para o artista as séries apresentadas no final dos encontros, Queimada e Tatuagens, mostram sua transformação.
ateliê, para dar abertura ao olhar mais aguçado e sensível ao seu redor”
O artista também percebeu uma nova concepção da matriz, deixando de vê-la apenas como meio, considerando-a obra.
ISABELLA-E@isasldnh e @felip_ www.isabellaefelipe.com.br - imagens p. 78-81 -
Isabella Saldanha (Rio de Janeiro – RJ, 1992) e Felipe Luz (Natal - RN, 1992) atualmente vivem e trabalham em São Paulo. Atuam como dupla desde 2013 tendo o vídeo como principal meio, pensando não só ele como meio, mas também as relações que por ele são mediadas principalmente no ambiente digital. Sua pesquisa dialoga com questões como a constituição da memória e a experiência da passagem do tempo na contemporaneidade e busca transmitir sensações e experiências através da imagem em movimento. Sua trajetória enquanto artistas começa do lugar de não artista, começaram a fazer vídeos para internet, pensando em compartilhar experiências e ocupar esse espaço. “Esse não lugar é um espaço de desconforto necessário porque o vídeo enquanto meio ocupa múltiplos lugares, muitas vezes contraditórios entre si e é sempre ambíguo em relação ao seu fazer.”
Portanto, a dupla acredita que é preciso se colocarem nesse lugar de contradição para tentar entender as nuances desse fazer e compreendêlo de forma ampla. A partir desse não lugar,
Tentam entender também como as relações interpessoais se dão mediadas por telas, nesses espaços que são de livre utilização, mas que respeitam lógicas e interesses de grandes corporações do capitalismo tardio. Sua pesquisa passa também por entender como a constituição de memórias e o funcionamento da consciência respondem a essas questões. Na série Ensaios para depois tentam colocar em imagens o que não pode ser dito. Em uma vida mediada por telas e pela luz azul, como é estar vivo agora? A partir das subjetividades desse presente contínuo, de coisas que falam sobre o não lugar, sobre o espaço entre, é que deixamos memórias para o devir. O que pode esconder um vídeo de “unboxing”? Em Lobo em pele de Cordeiro, a subversão do formato é utilizada para abordar questões contraditórias relativas ao consumo, à “lovemarks” e à necessidade de alta definição de imagem imposta por demandas de mercado. A partir de uma realidade em que as relações se estabelecem através de circuitos fechados e dependem de conexão estável, em OIABIN construíram um real que se confunde com ficção. É a partir desse mecanismo que surge a possibilidade de tornar o próprio indivíduo vigilante do outro e de si mesmo. Os encontros estão privatizados, as relações, voyeurísticas, o presente, distópico.
MEIOS E PROCESSOS 2020
buscam entender como o vídeo enquanto “time based mídia”, inserido no ambiente digital, com sua temporalidade própria, tensiona as experiências particulares de passagem do tempo.
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MEIOS E PROCESSOS 2020
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ANDRÉS I. M.
O processo de construção das ações curatoriais para o MEIOS e PROCESSO II estrutura-se na convicção das forças da pluralidade nas pesquisas e projeções de modalidades artísticas de seus agentes participantes. Começa na avaliação e seleção a partir do material visual enviado pelos artistas do interior do estado de São Paulo e de outros estados do Brasil atendendo o Edital Meios e Processos 2020.
Na apresentação e discussão das obras de arte em imagens, assim como os processos registrados na publicação em questão, se manifestam discursos estéticos recorrentes de processos contemporâneos de criação e construção artísticas, que evidenciam recursos visuais que reforçam, também, o que Belting chamou de “uma nova relação entre os legados teórico, crítico e histórico da arte” ¹
Os critérios de seleção priorizaram a qualidade visual do material enviado pelos inscritos, a diversidade de modalidades artísticas contemporâneas e os possíveis diálogos a serem estabelecidos entre artistas de diferentes regiões.
Surgem, assim, diagramas visuais que se expandem pelas peles plurais de territórios indefinidos cartograficamente. São diagramas projetados e conjugados plasticamente de técnicas e processos inovadores de criação, articulados pelos artistas com talento e experiência. Da mesma forma, os fluxos e o contágio mútuo (como pondera Tunga) se dão em relação às obras de arte estruturadas aqui (a partir de imagens) como arquipélagos cartograficamente renovados e hibridizados a partir de rizomas que se expandem e conjugam. E aqui, os rizomas são as múltiplas modalidades artísticas contemporâneas, espacialmente exploradas e projetadas sensorialmente. Assim, diagramas irrompem como gritos particulares estruturados de e para um avançar coletivo multidisciplinar.
Com isso e sua continuidade, ativa-se, um debate múltiplo e variado sobre as artes visuais com a propagação, discussão e consolidação destas pesquisas diluindo as fronteiras regionais de identidade. E aqui se inclui também a atualização e renovação das investigações em modalidades como a fotografia, a instalação, a performance e a cerâmica, por exemplo. No primeiro caso, ampliando o leque de possibilidades colaborativas com outras modalidades contemporâneas para além da fotografia documental - mas mantendo essa variante também - como instalações e livros de artista; e na cerâmica rompendo tabus relativos a esta modalidade comumente associada a fins utilitários.
Desde o ponto de vista curatorial se deu considerando a proposta aprovada pela
1. Id., apud Hernández, Andrés Inocente Martín. “Arquitetura e curadoria: o espaço expositivo nas Bienais de Havana e São Paulo”. Projeto de doutorado para o IA Unicamp.
instituição já como Laboratório curatorial, a seguir: proposta para laboratório curatorial na fábrica de arte marcos amaro (fama) descrição Executar as atividades do Laboratório Curatorial em parceria com a professora Katia Salvany fornecendo, a partir dos encontros e discussões, ferramentas conceituais e praticas aos participantes para consolidar seus processos de criação artística. Visa-se o reconhecimento, a projeção e inserção das pesquisas de artistas visuais, e outros agentes artísticos contemporâneos, do interior paulista que não ainda não têm uma participação ativa no circuito da arte (instituições culturais, galerias de arte etc.) e em projetos artísticos nacionais e internacionais. objetivos Incentivar a discussão dos materiais artísticos apresentados pelos participantes; visando, a partir do diálogo, o acompanhamento e execução de variantes contemporâneas de personificação e concretização de projetos visuais particulares; em andamento ou já executados; Atualizar, a partir do projeto, questões relativas aos processos de criação artística; à
nomenclatura nesses processos; a agentes e modalidades artísticas contemporâneas, como por exemplo as relações entre obras de arte, público e espaços arquitetônicos; Fornecer ferramentas, incluindo referencias bibliográficas e a discussão delas, para a interpretação, leitura e escrita de textos. Isto considerando que os resultados dependem de semânticas, nomenclaturas e interesses particulares; elaboração de portfólios Discutir, a partir do perfil de produção visual particular e tendo como referencias outros materiais, conteúdos, imagens e similares; possibilidades para a elaboração do(s) portfólio(s) e organização da produção visual particular; Fornecer exemplos, discutir e acompanhar a edição do material visual para a reprodução com qualidade do mesmo: registro fotográfico, escâner ou similares. Isso como o intuito de divulgação e apresentação do material para eventos, editais, salões e outros; Abordar questões relativas ao circuito da arte como mercado, curadoria, instituições artísticas e/ou culturais, colecionismo, produção; entre outras;
MEIOS E PROCESSOS 2020
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MEIOS E PROCESSOS 2020
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Discussões sobre os processos de criação artística dos participantes estabelecendo possíveis conexões com as obras de arte da coleção da Fundação Marcos Amaro (FMA); Definir em conjunto ações que possam ser direcionadas a um público plural com ferramentas que articulem a consolidação da função social da arte e o papel, incluindo as possíveis relações das obras da exposição com as da coleção da Fundação Marcos Amaro (FMA), desta em potencializar a instrução e a educação a partir da interdisciplinaridade e da relação da Arte e as outras áreas do conhecimento humano; Assessorar na elaboração de modelos de documentos e materiais para a circulação e preservação das obras. Assim como documentos para possíveis negociações com outros agentes do circuito das artes e para o controle interno do artista; incluindo projetos para patrocínios; Discussão sobre a importância dos suportes nas obras de arte e indicação de fornecedores para montagem das obras, registro, designer e outros, se necessário; Definir como as pesquisas e os processos de criação artísticas potencializam o fomento de um posicionamento crítico e ajudam na instrução e educação do ser humana, particularmente a partir da interdisciplinaridade com as outras áreas do conhecimento humano;
Ressaltar como as obras de arte são ferramentas que os artistas visuais e demais agentes artísticos disponibilizam para se posicionar cultural, política e socialmente como membros ativos da sociedade contemporânea; Direcionar e definir, concomitantemente com as discussões em cada encontro, as ações que levaram a organização da exposição, prevista para 2021, decorrente desses encontros. Onde os participantes podem atuar como agentes ativos; seja com suas obras de arte; seja em funções executiva.
na sequência o Projeto de exposição: Beleza Paisagem Estética Desvios sensoriais à tridimensionalidade 1. Propor um obra de arte, inclui-se projeto em andamento, visando a inserção no projeto de curadoria da exposição; 2. Apresentação critica (oral e escrita) do processo de construção da obra de arte que aborde a sugestão dos assuntos propostos; 3. Na apresentação devem estar incluídos: imagem (ns), ficha técnica e texto. 1. Abordar a CURADORIA de projetos artísticos - com a inclusão de todas as modalidades artísticas contemporâneas como pintura, gravura, cerâmica, fotografia, escultura, audiovisual, livro
de artista... e/ou todas elas - como categoria essencial na construção de narrativas a partir da combinação de argumentos estéticos a serem organizados para compartilhar com o público. 2. Fornecer ferramentas conceituais e práticas
para definir como organizar una curadoria: desde o título do projeto passando por cada detalhe constitutivo do projeto até configurar cada ação dentro da totalidade.
lidade do discurso cultural contemporâneo, não pressupõe uma fórmula ou esquema único. Quais são estes esquemas possíveis para “ilustrar” os argumentos que levam a construir cada tipo de exposição?
3. Verificar
Publico alvo: Agentes artísticos contemporâneos: artistas, pesquisadores, interessados em discutir esses temas, visando discussões entre as diferentes áreas do conhecimento. Sugere-se trazer projetos em andamento que poderão ser discutidos nas aulas do módulo II.
4. Reforçar que a curadoria, como uma moda-
Por fim, a publicação em questão parece-me já, ao ser organizada pelos próprios artistas participantes, um documento que valida a qualidade, necessidade e proatividade de projetos como MEIOS E PROCESSOS.
quais outros agentes são imprescindíveis para garantir o sucesso de um projeto curatorial: conceito, obras de arte, pesquisa, suportes, expografia e/ou museografia, orçamento, material gráfico, divulgação, ...
Andrés I. M. Hernández, nasceu em Cuba e desde 1998 mora e trabalha em São Paulo, Brasil. É curador, pesquisador, professor e crítico de arte, tendo atuado também como artista visual em projetos individuais e parcerias com Tania Bruguera e Laura Lima, por exemplo. Doutor e Mestre em Teoria, Crítica e Produção em Artes Visuais é autor da trilogia de OBRAS COMENTADAS – MAMSP, MUnAUFU e Avanti Campinas. Trabalhou na área de curadoria e exposições na Bienal de Havana (Centro de Arte Contemporáneo Wifredo Lam), Museu de Arte Moderna de São Paulo e Luciana Brito Galeria. Curador independente desde 2013 e curador chefe do SUBSOLO Laboratório de Arte. Os desafios na inserção da pesquisa artística ampliada dos agentes artísticos contemporâneas e os tensionamentos conceituais e espaciais recorrentes constituem o epicentro de seus projetos. Pós doutorando no IA UNESP. Doutor e Mestre em Artes Visuais. Licenciatura em Educação Curador, Crítico, Professor e Produtor @inocente1212 +55 11 982 590 966
MEIOS E PROCESSOS 2020
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Jeff
fotos: jeff barbato
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JULIE
fotos: acervo julie dias
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KAUÊ
frames do vídeo e fotos: acervo kauê garcia
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LÍCIDA
fotos: acervo lícida vidal
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LUCAS
fotos: acervo lucas souza
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MÁRCIO
fotos: acervo márcio amâncio
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MARIANA
fotos: acervo mariana vilela
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MARIANA
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MARISA M.
fotos: acervo marisa martins carvalho
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MARISA M.
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SORAIA
fotos: acervo soraia dias
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SYLVIA
fotos: acervo sylvia sanchez
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SYLVIA
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THIAGO
fotos: acervo thiago goya
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THIAGO
fotos: acervo thiago goya
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VERA
fotos: acervo vera parente
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VERA
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WESLER M.
fotos: acervo wesler m. alma
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fotos: acervo wesler m. alma
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YOHANA
fotos: acervo yohana oizumi
MEIOS E PROCESSOS 2020
YOHANA
10kg de arg ar 22 min.
10kg de argila 27 min.
45kg de argila 40 min.
MEIOS E PROCESSOS 2020
10kg de argila 26 min.
fotos: acervo yohana oizumi
rgila gila
f i c h a s té c n i c a s
Jeff Barbato por onde a luz entra, 2020 série de desenhos grafite sobre papel cartão A5 e A4
Jeff Barbato PERCURSO #07, 2020 pintura expandida: cimento, espelhos e madeira de demolição 48 x 125 x 08 cm
Jeff Barbato FRAGMENTO #77, 2020 pintura expandida: cimento, mdf, cera de abelha, laca, folhas de ouro, parafusos e madeira de demolição. 43 x 43,5 x 8cm
Julie Dias josé’s n° 1, 2, 3 e 4, 2020 Escultura: isopor, papelão, tela de serigrafia, tubo de linha, mão francesa, casaco, almofada, corda, lona, madeira, arame, plástico, carrinho de feira, lata, caixote, bacia, balde, lençol, cerâmica, jaqueta e tijolo.
Julie Dias josé n° 4, 2020 fotografia digital
Julie Dias jose n° 2, 2020 fotografia digital
Julie Dias sem título, 2020 Impressão jato de tinta com desenho em grafite sobre papel vegetal 29 x 21 cm
Kauê Garcia estado de negação, 2020 vídeo 00’ 57’’
Kauê Garcia arrivistas, 2020 cartazes 84 x 59 cm
Kauê Garcia TEDx - Segredos da Traição, 2020 vídeo 10’10’’
Lícida Vidal cápsulas para um futuro, 2020 5 casulos suspensos por cabos de aço. gravetos, cipós, terra, argila, sementes de alimentos consumidos de abril até junho de 2020 e rede de pesca. 100 x 60 cm aproxi. cada
Lícida Vidal cápsulas para um futuro, 2020 5 casulos suspensos por cabos de aço. gravetos, cipós, terra, argila, sementes de alimentos consumidos de abril até junho de 2020 e rede de pesca. 100 x 60 cm aproxi. cada
Disponível em:
Lícida Vidal interior, 2020 vídeo (HD, estéreo, cor) 16:9 - 5’ 42’’
Lícida Vidal retornável, 2020 instalação: argila, mandioca moída, eucalipto, plástico, água 170 x 20 cm
Lucas Souza ARCABOUÇO 1, 2, 3 e 4, 2020 Escultura em argila sem queima e folha de ouro medidas variadas
Lucas Souza Mensuração de Operações Intuitivas 1, 2020 Impressão em papel aquarela e anotação sobre papel milimetrado. 25x25cm
MEIOS E PROCESSOS 2020
Disponível em:
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Lucas Souza Exercícios de prazer ato 01: alimentar-se, 2020-21 still de vídeo (estério, cor) 16:9 - 1’00’’
Márcio Amâncio Livro dos Dias: “Sobre o Céu e as Paredes no Eterno Soprar do Tempo”, 2020 livro de artísta: acrílica sobre lona crua e resíduos de parede (6 páginas) fechado: 0,46 x 0,36 aberto: 0,86 x 0,36
Márcio Amâncio Mergulhando em outras piscinas num céu de muitas matas, 2020 acrílica sobre lona/madeira/fios de aço e parafina 160 x 120 cm
Mariana Vilela Exercícios para respirar n° 1 à 5, 2020 Fotoperformance: fotografia digital da série Exercícios para reflorestar
Mariana Vilela Enredada, 2020 Fotoperformance. Fotografia digital da série reflorestar
Mariana Vilela Reflorestar n° 1 e 2, 2020 Fotoperformance. Fotografia digital da série reflorestar
Marisa Martins Carvalho ocorrência do tempo, 2020 aquarela 40 x 30 cm
Marisa Martins Carvalho ocorrência do tempo, 2020 escultura: ceramica Raku, madeira de demolição e ferro oxidado 44 x 24 x 15 cm - 2 kg foto: Isabela Senatore
Disponível em:
Marisa Martins Carvalho Aí vai meu coração, 2020 colcha de papel: costura manual 200 x 200 cm
Soraia Dias EXISTEM INFINITAS POSSIBILIDADES, 2020 pintura: acrílica sobre tela 15 x 10 x 1 cm
Soraia Dias PROCURANDO ESTABELECER CONEXÕES , 2020 pintura: acrílica sobre tela 12 x 9 x 1 cm
Soraia Dias SEM TÍTULO, 2020 monotipia: tinta acrílica sobre papel 29,7 x 21 cm
Soraia Dias suíte master, 2020 pintura: óleo sobre tela 80 x 50 x 3 cm (Díptico)
Sylvia Sanchez EQUILÍBRIO INSTÁVEL, 2020 fotografia digital e instruções: nove imagens e seis instruções. impressão jato de tinta sobre Papel Hahnemuhle Photo Rag 308, adesivado sobre PS. 60 x 40 cm cada (políptico)
Sylvia Sanchez tiques e manias, 2020 vídeo instalação: três projeções simultâneas (cor, em loop) 300 x 450 cm cada projeção - 9’00’’
Simulação:
MEIOS E PROCESSOS 2020
Marisa Martins Carvalho VELADOS, 2020 instalação: slides e fios de cobre 120 x 90 x 13 cm
f i c h a s té c n i c a s
Thiago Goya INSIGNIFICÂNCIAS 1, 2 E 3, 2020 borado, estampas, fitas de gorgurão, alfinetes, tachinhas, argolas de latão, fragmento de página de livro medidas variadas
Thiago Goya UM GRITO AGONIZANTE (DA MASCULINIDADE), 2020 aquarela e acrílica sobre papel algodão 20 x 40 cm cada (triptico)
Vera Parente MAPA 6, 7 e 8, 2020 tinta acrílica, bastão litográfico e oleoso, nanquim e colagem sobre impressão em papel Debret 250 g. 100 x 100 cm
Vera Parente Matriz 1 à 10, 2020 colagem, tinta acrílica, papel e fitas plásticas, sobre antiga matriz de alumínio trabalhadas com ponta seca e aplicação de carborundo. 40 x 40 cm
Wesler Machado Alma n° 601, 2020 tinta esmalte à base d’água, látex, aço, ferro e solda 100 x 70 x 03 cm
Wesler Machado Alma n° 1114, 2020 tinta esmalte à base d’água, látex, madeira, aço e ferro 58 x 68 x 3 cm
Wesler Machado Alma n° 412, 2020 tinta esmalte à base d’água, látex, aço, ferro e solda 34 x 24 cm
Wesler Machado Alma n° 610, 2020 tinta esmalte à base d’água, aço, ferro e solda d’água, látex 34,5 x 89 ,5 x 2 cm
Yohana Oizumi Série Getsemani VII, 2020 Impressão jato de tinta em papel algodão Hahnemuhle 60 x 90 cm
Yohana Oizumi reverências II, 2020 lápis dermatográfico sobre papel algodão. ação: 70’00” de joelhos desenhando sobre colchão 150 x 180 cm
MEIOS E PROCESSOS 2020
Yohana Oizumi sem título II, 2020 série: Getsemani impressão a jato de tinta sobre papel algodão. 150 x 100 cm
JEFF @jeffbarbato www.jeffbarbato.com.br - imagens p. 106-109 -
Jeff Barbato (São Bernardo do Campo-SP, 1990) vive e trabalha entre Sorocaba e Bauru, Brasil. É Bacharel em Artes Visuais pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Sua relação com arte é quase instintiva e começou na própria infância. Jeff propõe diálogos entre os lugares em que a fissura aparece e os fragmentos, acontecimentos e desdobramentos dessa insurgência, passando por searas como corpo, sexualidade e territórios urbanos. Comprometido com a experimentação e a liberdade no processo de criação tem o olhar sensível para o chão e para tudo aquilo que é esquecido e deixado à mercê de si mesmo.. “O raro olhar de Jeff Barbato, na caminhada, mira não o horizonte, mas o chão, percebendo as rachaduras entre as camadas de cimento, asfalto, ladrilho e pedra, buscando nesses estreitos e rasos abismos encontrar a representação metafórica para as fissuras da vivência, para as fraturas do corpo, para as falhas da memória. Combinando materiais encontrados no percurso dessas deambulações, massas de cimento e frágeis folhas de ouro, opera reconstruções e reintegrações que permitem às peças ganhar uma nova inteireza, sem deixar de expor suas cicatrizes.” Julia Lima (outono de 2021). Transitando por multilinguagens que partem do desenho e da fotografia, os meios e processos de Jeff discutidos durante os encontros virtuais do edital da FAMA resgataram não só sua pesquisa, mas também suas pausas na produção durante o complexo ano de 2020. Os trabalhos apresentados partiram de desenhos da série por onde a luz entra e se desdobraram para
as pinturas expandidas das séries elevações e escudos. Na série por onde a luz entra, o artista resgata memórias de momentos de ruptura, através de desenhos de objetos fissurados. Para Jeff, “a ruptura indica um novo caminho, propõe movimento, um convite à mudança – como se o erro, o truncamento, a cisão tivessem papel fundamental na proposição de um novo caminho a seguir.”
Na série elevações, o artista cria geografias e estudos topográficos do chão. Entre desníveis e camadas, interessado na criação de fragmentos de paisagens imaginárias vistas de uma perspectiva aérea. Neste momento, passa a utilizar em suas obras cera de abelhas, interessado na aproximação de seu processo de criação ao processo de errância e construção das abelhas. Sobre os encontros da FAMA, Jeff relembra das “falas acolhedoras de Raquel Fayad; a percepção dos desvios, fricções e aderências de Kátia Salvany; as preocupações de Andrés Hernández com o discurso e o uso das palavras na verbalização das poéticas de cada artista. Das sugestões de referências visuais, está a pesquisa de: Cléo Barreto, Adriana Fortunato, Georgia Kyriakakis, Aníbal López, Antonio Manoel, Iran do Espírito Santo, Josué Pavel Herrera e, por fim, Dóris Salcedo, artista colombiana presente nas minhas pesquisas desde 2017, por sua obra Shibboleth (2007), the Unilever Series - Instalação no Turbine Hall do Tate Museum. Tudo isso foi incentivo para explorar novos territórios, entre ações urbanas, performances e projetos de grandes dimensões, além de valorizar ainda mais as relações de afeto no contato com os demais artistas participantes, foi um alento.”
@j_u_l_i_e_d_i_a_s www.juliedias.com.br - imagens p. 110-113 -
Julie Dias (São Paulo-SP, 1997) mora e trabalha em São Paulo. Ganhou o Prêmio Respirarte, oferecido pela Fundação Nacional de Artes (FUNARTE) em 2020. Desde 2018, integrou mostras, feiras e ocupações nacionais e internacionais, com destaque para as exposições Proximidades Relativas, com curadoria do Coletivo Magenta, na Galeria Transitória no Red Bull Station, A menina mais feia da turma, no ateliê397, a Expo 32, em Saint-Gilles, Bruxelas, a CompartiArte 6° Edição, no Centro Brasileiro Britânico de SP, e a exposição da terceira edição do programa de Ocupações Artísticas do Red Bull Station. José, o projeto desenvolvido por Julie durante o edital Meios e Processos 2020, é composto por fotografias, esculturas, mapas, desenhos e um vídeo. As esculturas são feitas através do empilhamento de objetos e “tralhas” de sua casa; são montadas de acordo com os elementos de cada cômodo e são dispostas para serem fotografadas em uma cena. Depois que a imagem é feita, as coisas retornam ao seu lugar, voltando a cumprir seus funcionamentos costumeiros.
“São corpos que evidenciam a precariedade como forma de existir e pensar os lugares e a própria humanidade.”
Esse conjunto de “cacarecos” e coisas sem muito valor se acumula no trabalho não apenas com o intuito de provocar um olhar sensível para objetos que muitos veriam como descartáveis, mas também para revelar uma condição precária. A precariedade existente na gambiarra se manifesta no lugar onde as esculturas foram construídas: elas espelham esse lugar, apresentam uma relação de pertencimento etnográfico a ele. São contrárias a uma relação de pureza ou limpeza, ou a uma noção de beleza tradicional ou sensualidade.
KAUÊ @lugardepala - imagens p. 114-117 -
“A existência de objetos criados para necessidades humanas vitais e outros para suprir necessidades inventadas por nós gira em torno de um sistema capitalista de produção, com um ciclo de consumo e descarte. Pensar a memória ou a história desses objetos se faz uma ação não apenas poética mas política.”
Kauê Garcia (Campinas-SP, 1984) vive e trabalha em Campinas-SP. É graduado em Artes Visuais pela PUC e mestrando em Poéticas Visuais e Processos de Criação pela Unicamp. Sua pesquisa é caracterizada por um olhar crítico à sociedade contemporânea, investigando estruturas de poder, estratégias capitalistas, símbolos nacionais, momentos políticos, história
MEIOS E PROCESSOS 2020
JULIE
A construção dos “Josés” através do empilhamento reflete a construção das casas que o cercam: a estrutura dos puxadinhos e das lajes, ou a variedade de materiais presentes nas edificações, tais como o plástico, a madeira, o ferro ou o tijolo. Além dos objetos que ajudam a carregar materiais durante as construções - como baldes, bacias, carrinhos ou latas.
da arte, mercado financeiro, ideologia, classes sociais, crime e ilegalidade. A partir de um olhar atento a essas questões, experimenta diversas saídas para os trabalhos, como: instalações, vídeos, sons, objetos, cartazes, pinturas, desenhos, ações e intervenções. Sua obra Estado de Negação reúne 46 recortes de vídeos que, por sua edição, verbalizam a negação de Bartleby, o Escrivão, de Melville. Nesse trabalho, construído pela lógica da colagem, do acúmulo e da apropriação, é promovida a repetição da renúncia simbolizada pela frase “Prefiro não”, ocultando-se o verbo original dito pelas pessoas, apenas revelado no trecho final. A dinâmica do vídeo incorpora o ritmo veloz e diverso das fontes do mundo virtual, que, na obra, são alinhadas a repetirem uma mesma mensagem de potente relutância total. “A personagem, em sua recusa constante, propõe uma revolução através da desobediência. O estado atual é potencial para mudanças políticas, econômicas e sociais profundas, ao mesmo tempo em que produz um estado de angústia, resistência e
extrapolando o campo do afeto e do romance, e englobando as traições políticas, pátrias, institucionais, artísticas e de linguagens. O vídeo propõe tensionar estruturas de poder e suas “verdades”, através de um slogan: “Confie desconfiando”.
LÍCIDA @licida - imagens p. 118-121 -
Lícida Vidal (São Paulo-SP, 1984) é artista visual, mora e trabalha em Ubatuba-SP. Cursou Ciências Sociais e Licenciatura em Sociologia pela Universidade de São Paulo. Através de ações performáticas, fotografia, vídeo e instalações, sua pesquisa atravessa questões sobre o gênero feminino e a natureza. A argila e a água são as suas principais matérias dentro do debate sobre interdependência, escala, territórios, diversidade e coexistência no processo de colapso do antropoceno. Integra o Coletivo Vozes Agudas, grupo de estudos e intervenções com ênfase feminista.
negação, refletidos no vídeo.”
A obra TEDx - Segredos da Traição é um vídeo estruturado a partir da apropriação de uma palestra TED TALKS realizada na Rússia. Essa escolha aconteceu especificamente pelo fato de apenas 2% dos brasileiros compreenderem o idioma. A palestra é ressignificada através da pós-produção, com a inserção de falsas legendas e algumas imagens. Essa dinâmica cria uma nova palestra fictícia para abordar a traição em seu sentido ampliado,
“Por anos a argila, úmida e domesticada, atendeu a minha vontade criadora. Recentemente, em um mergulho mais profundo no barro, na água como memória e na apreciação de um tempo em que só se pode cuidar e não acelerar, cheguei a potências originais, ao embate com a efemeridade e a um entendimento de corpo-território.”
Lícida passou a integrar seu corpo à matéria: na obra Interior, a artista se entrega às águas
Em Capsulas para um futuro, coleções de sementes e o aparecimento de fungos transformam as estruturas instalativas em organismos que, em última instância, remetem ao resgate da autonomia alimentar, dos saberes chamados subalternizados. “Desejo que essas instalações nos lembrem que ainda estamos desterrados na nossa própria terra e que muitas vezes vemos nossos corpos em tentativas de se mimetizar a instituições e espaços em que sequer somos previstos.”
Entender, participar e imprimir essas tecnologias de resistências vegetais nada frontais, que criam redes de subtração de poder e não guerrilhas de concorrência por ele, são a base da proposta de Lícida para uma infiltração das paisagens e das instituições. Para a artista, participar do Meios e Processos em 2020, um ano tão crítico, colocou-a em um lugar de escuta reverberante e orientação norteadora. Em suas palavras: “Num esforço conjunto de realizar essa vivência virtualmente, foi possível arriscar novas linguagens e ainda trabalhar a formalização dessas ideias. Juntos nessas novas trilhas, formamos uma rede de rizomas que, certamente, se apoiarão de muitas
formas nos nossos futuros”.
LUCAS @osouzalucas - imagens p. 122-125 -
Lucas Souza (Guarulhos-SP, 1991) é formado em Artes Visuais pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e, como artista visual, trabalha com múltiplas linguagens, entre elas a tridimensional e a fotográfica, perpassando também pela gravura. Investiga questões relacionadas ao corpo, ao espaço e à ação. Em Jundiaí, onde vive e trabalha, realizou sua primeira exposição, Instrumentos de Uso Livre, através de um edital de projetos em 2018. Já participou também de alguns salões de artes, entre eles o 51º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba e o 16º Salão de Artes Visuais de Ubatuba. A construção das obras que Lucas desenvolveu ao longo de 2020 ocorreu diante de um cenário pandêmico durante o qual esteve imerso em processos criativos. E uma série de procedimentos não lineares, somados às orientações do Meios e Processos 2020, moldaram conceitualmente suas investigações. “A pesquisa em arte me levou para diversas modificações no processo criativo. São as “curvas acidentais” que transformam a obra e a ressignificam com novas narrativas.”
A investigação de Lucas sobre a tridimensionalidade se estendeu para outros suportes. Passou a pesquisar mais sobre a argila, tomando a matéria como caminho para esboçar uma ideia e marcar o início de um processo. A partir daí, foi tensionando noções de forma,
MEIOS E PROCESSOS 2020
proibidas da represa onde cresceu; na obra Retornável, como em um rito de passagem, ela incorpora à argila matérias orgânicas, bem como plástico e madeira de reflorestamento, em uma tentativa de indenizar a terra domesticada e devolver a ela a potência de matriz - não enquanto forma a ser repetida, mas como capacidade fértil e geradora. Os registros em vídeo desses processos são assimilados ao que ela chama de “instalações vivas”.
peso e corporeidade, como resultado 1. de ações intuitivas no ato de moldar, 2. da representação e 3. do mapeamento de novos elementos visuais. Pelo contato entre o tato e a matéria, Lucas desenvolveu pequenas esculturas em argila. Arcabouço 1, 2, 3 e 4 são objetos que cabem no formato do gesto e possuem fissuras que se encaixam umas nas outras, possibilitando a criação de uma narrativa entre elas. Desenvolveu também painéis de madeira pintados, apresentando as diferentes vistas desses objetos tridimensionais, como forma de mapeamento e de representação das faces não vistas dos mesmos.
MÁRCIO @amancio_marcio - imagens p. 126-129 -
Márcio Amâncio (Itu-SP, 1973) é desenhista projetista de formação. Atua como designer de objetos, tendo publicações em revistas conceituadas de decoração: Casa Vogue, Casa Cláudia, Viver Bem, Kaza. Expõe desde 1998, com várias premiações em salões e editais, entre eles o Mapa Cultural de São Paulo, o Prêmio Aldir Blanc 2020 da Secretaria de Cultura de Itu-SP e o Edital Meios e Processos 2020. Em 2021 está trabalhando em dois projetos: Céu de Muitas Águas (desdobramentos) e Céu Caiado (em processo de pesquisa e execução). “Fui mergulhando em outras piscinas num céu de muitas matas“
Para Márcio, participar do Meios e Processos foi um percurso de atravessamentos e
contaminações, graças à proximidade com a pesquisa de outros artistas, discutindo temas, usos de materiais, propostas expositivas, suportes, referências, paletas de cores, texturas, usos do corpo como sustentação de imagens, poéticas inseridas na natureza complexa, seja nas matas, seja no asfalto, seja na arquitetura das cidades. Em suas palavras: “Um mergulho profundo numa piscina que não é a sua, onde não se tem a exata noção da profundidade e das camadas a serem rompidas. Identificar a materialidade, a poética, a estética, onde estas se misturam, o que elas me dizem, o que afasta, o que atrai, o que distrai, o que faz brilhar meus olhos.” Tudo isso trouxe a ele referências, essências, elementos vivos e pulsantes que ganharam força e poder para alimentar sua pesquisa de novos trabalhos. Em suas palavras: “Saí do estado confortável, pra ser conduzido por novos ventos. Singelas pinceladas em movimento contínuo sugerem verdes matas ao fundo com uma água de cachoeira caindo numa velocidade que ilude as formas, deixando fluir apenas reflexos e pequenas nuances, onde cipós retorcidos descem do tronco das árvores, acumulando casulos e suas resinas poéticas escorrem sem pressa... “Céu de muitas Matas...Perfume do Manacá....vai te curar“ Sobre Livro dos Dias, o artista comenta: “poesia visual onde toda sorte de céus se apresenta de forma lírica, para contemplação tátil, sem pressa, pra que toda leveza do toque, logo ali, te toque, te desfoque, te iluda, pois na vida todos os dias o céu te saúda com azuis, com verdes sugeridos, com cobre que traz o calor do dia. O verso de cada página vem carregado de pigmentos de paredes, desgastadas, descascadas e tingidas pelas nuvens, pelo calor do sol, pelas marcas do vento e a força dos dias de chuva... transcorre,
Trabalho feito durante a clausura, onde os dias seguem com uma conotativa diferente. Acolhi a proposta de observar o mundo numa frequência leve e singela, tempo proposto, tempo imposto. Independentemente do seu gosto, inerente àquilo que mais gosta, o tempo agora é diminuir as ansiedades, rever as insanidades adquiridas na velocidade dos dias, desacelerar se faz necessário, observar seu entorno, rotação contrária, enxergar o que realmente importa, o que realmente tem valor, onde habita o amor”.
MARIANA @marianavilela.art www.marianavilela.com - imagens p. 130-133 -
Mariana Vilela (Belo Horizonte-MG, 1975) é artista multimídia e ativista. É mestranda em Divulgação Científica e Cultural pelo Labjor/Unicamp. Atua como performer desde 2010, transitando pelas artes visuais, teatro e literatura. Interessase pelo que há entre-corpos: relações e seu campo multidirecional. Tem a linha como objeto conceitual e perspectiva de pensar e atuar no mundo. “Meu interesse não é o corpo em si, mas o que há entre-corpos: relações. Relações entre corpo e paisagem, corpo e objeto, corpo e vestimenta, corpo e outros corpos.”
Mariana tece tempo, linhas, seres, materiais visíveis e invisíveis, numa trama disforme e experimental,
onde a urdidura se faz performance em rasura e rastro. Investiga possibilidades para uma arte ampliada e busca, com sua produção artística, instaurar campos de transformação, num ativismo poético e delicado. Sobre suas obras produzidas durante o Meios e Processos 2020, a artista diz: “Tenho as linhas e a floresta como companheiras de pensamento, no qual as folhas, caule e raízes se fazem linhas interconectivas, que nos convocam a perceber nossa existência em conexão a outro ser. Trama cósmica. Os cabelos como nossas raízes que promovem eletricidade espiritual, criando uma rede de conexões “pensamentais” e “sensimentais”, se alastrando em ações afirmativas para REsonhar outros mundos possíveis, mais diverso, plural e alegre! Para um constante RE-florestar os corações e mentes!”
MARISA @marisacarvalhoartista marisamartinscarvalho.com - imagens p. 134-137 -
Marisa Martins Carvalho (Itapetininga-SP, 1957), artista visual, mora e trabalha em Campinas, São Paulo. É especialista em Artes Visuais e Intermeios pela Unicamp, 2012. Transita em modalidades bi e tridimensionais como a pintura, colagem, livros de artista e pequenas esculturas, criando relações entre materiais diversos como aço, cobre, cerâmica e outros. Suas obras têm se concentrado sobre relações entre a memória pessoal e a de outros, através da ressignificação de objetos. A artista transforma e organiza arquivos, num processo que impulsiona a criação de peças, projetos e pensamentos. Seu trabalho Entre paredes, aí vai meu coração
MEIOS E PROCESSOS 2020
escorre, modifica. Podes tocar, adentre as fendas e falhas, ali tens todo tempo do mundo, ali podes sonhar, se libertar, ser você mesmo, conjugar em todo lugar, verbo amar!
busca, nas conexões entre passado, presente e futuro, impulsionar essa pesquisa a partir de investigações sobre a identidade e relações interpessoais. Marisa costurou, em papéis sulfite e vegetal com 21 x 21cm cada, documentos seus e de seu pai, entrelaçando a história dos dois. Com isso, o passado é aberto e o futuro se mostra em branco, colocado em cima de uma cama de casal, a intimidade ali exposta. Para a artista: “A linha e a agulha delineiam uma narrativa da minha vida. Hoje é outro tempo, já faz parte do futuro... Ponto de partida para a construção de novas memórias. “Utilizar, alargar o uso das coisas, são valores que me interessam. Guardo objetos e materiais, acondiciono-os de forma segura, esperando o dia em que serão utilizados.”
A obra Velados segundo a artista “slides oriundos de meu passado profissional como dentista. Todos eles têm sua história, mas, fora de seu uso original e vistos de perto, trazem imagens incômodas, como os fantasmas interiores de cada pessoa. Montados em fios flexíveis, ganham movimento, podem ser colocados lado a lado, ou embaralhados, conforme se deseje. Corporificando, assim, uma metamorfose”. O projeto 4 elementos se define pela expansão de aquarelas para esculturas cerâmicas tridimensionais, que carregam o peso dos 4 elementos essenciais para a sobrevivência humana. “Amassar o barro e propor forma a ele, sem ter o controle sobre o resultado final, é um desafio de desapego a que me propus na experimentação desse novo suporte. Os tipos de terra, a queima e os esmaltes empregados interferem na cor final da obra, que é única e inimitável, assim como os sentimentos humanos.”
SORAIA @estudiosoraia - imagens p. 138-141 -
Soraia Dias (Taubaté-SP, 1967) é artista visual com formação em Arquitetura. Sua produção artística se concentra no desenho e na pintura. Participa de grupos de acompanhamento em Arte Contemporânea, tais como Meios e Processos FAMA 2020, Casa do Olhar Santo André, Casa Contemporânea São Paulo, e com Paulo Pasta no Instituto Tomie Ohtake-SP. Principais Mostras: Galeria Vértice – SP, FUNARTE SP; New Gallery e Galeria Tato - SP; Galeria Poente - SJC-SP; Subsolo Laboratório de Arte - Campinas; 25º Salão de Praia Grande; Galeria Virgílio – São Paulo, Cuiabá 153 – Santo André; Salão de Exposições de Santo André; SAC de Guarulhos; EIXO ARTES. O trabalho de Soraia explora a pintura e o que pode ser seu campo – as infinitas possibilidades de variação cromática, as conexões e interações entre cor, forma e conteúdo; e a ilusão de que se pode controlar o fazer da pintura. Mas sua prática também carrega elementos do desenho e da fotografia, uma vez que a imagem em si é importante para seu processo. E é por meio dela que a artista lança um “olhar” sobre o mundo e o que acontece nele – suas infinitas possibilidades de acontecimentos, conexões e trocas e toda arrebatadora imprevisibilidade. Observando como as cores se transformam nos ambientes, no tempo e no espaço, Soraia se detém nas alterações dos tons de uma superfície/cena quando se projeta uma luz sobre ela.
representar o efeito da luz com a própria cor, valorizando e diversificando o uso de contrastes e de escala cromática. A forma também se torna crucial para o sucesso do trabalho: é quando cor e forma se combinam que acontece a ‘mágica’”
Neste sentido, preciso da imagem para compor uma cena onde possa explorar estes elementos, buscando criar minha própria linguagem pictórica.”
cobri que sou uma colecionadora de imagens e cores. A imagem me serve como guia, mas o que me motiva é a cor. Nesta investigação percebi que não há nada mais abstrato do que o real. Será que o mundo é isto mesmo, ou uma projeção individual de cada um?”
SYLVIA @estudiosoraia - imagens p. 142-145 -
Na obra Suíte Master, que faz parte da série Showroom da Vida Real, a artista faz uma paródia dos “showrooms” de empreendimentos imobiliários, com seus ambientes planejados e decorações padrão, assépticos e sem personalidade. Em outras obras, ela explora cenas, imagens e elementos do apartamento onde mora, bem como o modo como viveu durante o período inicial de isolamento devido ao Covid-19. “Nestas cenas estão minha presença, meu “corpo” e paisagem na rotina diária, pequenos acontecimentos e alguma poesia.”Sobre sua experiência durante o Meios e Processos 2020, Soraia reflete:
Sylvia Sanchez (São Paulo-SP, 1979) vive e trabalha em São Paulo. É artista visual, educadora e diretora de fotografia. Em 2019 realizou sua primeira individual, com a série Crônica de Banalidades Ordinárias, no MIS-SP. Sua pesquisa está entre a fotografia encenada, a performance de instrução e o audiovisual.
“No convívio com o outro vemos que não somos o que pensamos ser. A Arte é o outro – nos mostra quem somos de verdade, surpreende. Meus processos foram no sentido de entender minha individualidade na coletividade. Conhecer o processo criativo e a obra de cada artista me ajudou a me perguntar, indagar sobre a natureza do meu trabalho. E penso que quanto mais nos aproximamos de quem somos, melhor será o trabalho, porque será verdadeiro.
para confrontar padrões homogeneizantes, a lógica
Como artista visual, preciso achar os meios para representar o que vejo, criar expressão. Nas interações e contaminações que aconteceram, des-
“Investigo pequenas subversões da dita normalidade e o que elas podem carregar de político, lúdico ou trágico. Minha poética parte do “nonsense”, do deslocamento dos usos de espaços e objetos e do diálogo com o realismo mágico, da produtividade, o individualismo.”
Em 2020, a partir das trocas e orientações nos encontros do Meios e Processos, Sylvia alargou suas práticas artísticas: além da fotografia encenada e do audiovisual, começou a investigar a performance de instrução. Um primeiro experimento foi o trabalho Equilíbrio Instável, criado a partir da onipresença da tecnologia no dia-adia em função da pandemia do Covid-19. Sylvia trabalhou com o empilhamento de objetos cotidianos, o registro fotográfico e a criação de instruções para evidenciar, com um humor des-
MEIOS E PROCESSOS 2020
“Comecei a desenvolver uma paleta procurando
concertado, a instabilidade do país e de cada indivíduo. Em outra experiência com a performance de instrução – mas, desta vez, em diálogo com a produção audiovisual – criou, com sua parceira Marta Pinheiro, o projeto Im-pactos de Con-vivência, cujo pano de fundo são as revisões de hábitos e de valores necessárias para reverter o colapso do planeta no antropoceno.
2021). Foi também convidada a falar de seu trabalho no edital Por Dentro de um Tempo Suspenso, uma parceria entre o Foto em Pauta (MG), Foto Solar (CE), Foto Rio (RJ) e a Doc Galeria (SP).
A dupla criou instruções para serem ativadas por outros 12 artistas, que produzirão vídeos e áudios a partir de suas experiências. Esse material será posteriormente roteirizado e montado por Sylvia e Marta, num longa-metragem experimental de criação vivencial e coletiva.
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A artista também amadureceu seu trabalho sobre tiques e manias, no qual coloca uma lupa sobre esses pequenos gestos “estranhos” e disfuncionais que vazam do corpo enquanto ele cumpre as “normalidades” do dia a dia. Vazamentos esses que são como ruídos no conjunto de linhas aparentemente ordenadas do cotidiano, uma espécie de subversão involuntária e incontrolável tanto aos moldes e adestramentos impostos ao corpo no processo civilizatório quanto à relação produtiva com as atividades diárias e com os objetos banais. Através de uma videoinstalação com projeções em grande escala e de lambe-lambes nas ruas, Sylvia propõe uma inundação dessas pequenas subversões. Em paralelo ao Meios e Processos, em 2020 Sylvia foi selecionada para a leitura de portfólios do FIFV (Valaparaíso, Chile) e para as exposições coletivas do FestFoto Poa (RS), Foto Sururu (AL), Festival QXAS (CE), Festival Internacional de Fotografia de Avintes (Portugal) e para a exposição da Associação de Fotógrafas Latinoamericanas, na galeria 59 Rivoli, em Paris (a realizar-se em
THIAGO @th.goya www.thgoya.com
Thiago Goya vive e trabalha em Sorocaba-SP. Artista visual com formação em Artes Visuais e especialização em Arte/Educação. Experimenta com o desenho, aquarela, colagem e bordado livre, entre outras mídias, explorando possibilidades de projetar, construir e reconfigurar. “Investiga contornos possíveis das identidades masculinas contemporâneas e suas pluralidades, dialogando com questões de gênero, sexualidade e afeto. Ao lançar um olhar para essas questões, estabelece uma dinâmica de (auto) investigação sobre o corpo”
Sua obra Um grito agonizante (da masculinidade) parte da ideia de desconstrução de imagens de figuras masculinas em posição de liderança e dominação. A cadeira é posta como símbolo de um pedestal que ora se transforma em prisão, ora em esconderijo. As imagens fazem referência direta a um vídeo intitulado Grito da Masculinidade, viralizado na internet, no qual um grupo de homens se reúne para buscar uma masculinidade genuína, gritando sobre cadeiras e sendo aplaudidos. Ao reconstituir essas imagens, o artista busca identificar as ambiguidades de certas
Os trabalhos da série Insigniaficâncias mesclam imagens e adereços que fazem alusão ao militarismo e às relações entre subserviência e dominação, liderança e fetichização. Insígnias são distintivos de concessão de poder, condecoração e autoridade. Ao reconstruir os distintivos, Thiago questiona os símbolos de autoridade, ligados à identidade masculina enquanto ideal de força, bravura e coragem, tensionando o desejo pela manutenção da virilidade. Sobre o Meios e Processos 2020, Thiago enfatiza a importância de compartilhar os processos com especialistas e outros artistas, o que possibilita que o trabalho seja exposto a diferentes visões. “Esses olhares a partir dos encontros do Meios e Processos da FAMA têm tornado minha produção muito mais potente e lapidada, onde meus olhos até então não haviam alcançado. Um conjunto de alicerces têm contribuído para esses processos: os textos, as trocas, as perguntas, as falas – seja em delicadezas ou em cortes bruscos, precisos e necessários para ampliar-se e fazer crescer. É uma dinâmica que promove ajustes e edições que contribuem para que o trabalho consiga alcançar, com ainda mais força, possíveis diálogos.”
VERA @vp.art - imagens p. 150-153 -
Com formação em Arquitetura, Vera Parente (1956) é artista visual nascida em Salvador, BA, que vive
e trabalha em SP. Frequentou cursos de Renata Pedrosa, Pedro França e Paulo Miyada, Helena Freddi e o Workshop Procedência e Propriedade 2011, de Charles Watson. Expôs gravuras grande formato na Galeria CAL, UnB; na Galeria Gaia, Unicamp; nos Museus de Ribeirão Preto e Tatuí e cerâmicas na Kulturremisen Galeria SPOR1 Brande, Dinamarca e no Atelier d’Arts, Montpellier, França - quando de residências artísticas. Desde 2020 faz parte do grupo de estudos Fábrica de Ratoeiras, de Cadu e Artur Chaves-RJ.
MEIOS E PROCESSOS 2020
representações de gênero na contemporaneidade. O trabalho surge a partir de um posicionamento de não compactuar com determinados códigos acerca de uma existência única do masculino.
“Como uma enxurrada, o confinamento levoume a uma série de trabalhos onde o amontoado de formas entrelaçadas e superpostas, evocam momentos de ameaça e dor.”
São pinturas onde a inquietude, como um frequente pesadelo, está presente quer no imbricamento de linhas e massas gráficas ou na velada sensação de um imenso distanciamento entre o observador e sua superfície - como se estivéssemos testemunhando uma terra arrasada, através das lentes de um objeto no espaço. Intensa também é a ressignificação de elementos pictóricos acumulados como matéria gráfica na impressão ou no reaproveitamento dos suportes, que pontifica a precariedade do momento vivido e que nos remete ao palimpsesto. Segundo Renata Pedrosa, no texto A Antiarquitetura de Vera Parente (2011) “[...] Vera Parente apresenta trabalhos que mais parecem ruínas. Mas essa escuridão não deve ser entendida como uma negação da visão, muito pelo contrário. Segundo Agamben: “[...] contemporâneo é aquele que mantém o olhar fixo em seu tempo, para perceber não as suas luzes, mas sim as suas sombras. Todos os tempos são, para quem experimenta sua contemporaneidade,
1. AGAMBEN. , G. ¿Qué es ser contemporáneo? Clarín, Buenos Aires, 21 mar. 2009. Revista de Cultura.
escuros. Contemporâneo é quem sabe ver essa sombra, quem está em condições de escrever umedecendo a pena nas trevas do presente.” Assim, Vera cria trabalhos visuais que refletem as sombras de nossos tempos, que mostram uma “antiarquitetura” contemporânea, o desenho caótico da paisagem das grandes metrópoles, as consequências de uma produção desenfreada do espaço urbano. [...]”
WESLER
elementos, em situações de improviso/gambiarra. Sobre sua participação no edital Meios e Processos 2020, Wesler diz: “Participar da FAMA Meios e Processos 2020 para mim foi de grande importância. Conheci novos colegas de trabalho e pude ver minha pesquisa e produção de outros pontos e vistas. A cada encontro aprendi algo novo e hoje vejo minha produção e pesquisa com mais potência.”
YOHANA
@wmalma
@yoh._.art www.yohanaoizumi.com
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Wesler Alma (Limeira-SP, 1985) vive e trabalha na cidade de Limeira/SP, como artista visual e arte educador. Atualmente cursa o 7º semestre de Licenciatura em Artes Visuais na FAAL.
Yohana Oizumi (Rubiataba-GO, 1989) vive e trabalha em São Paulo. É graduada em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2019). Foi finalista do PRÊMIO DASARTES 2021. Foi eleita “Artist of The Month” pela ArtConnect Magazine February 2021 (Berlim). Participa de exposições nacionais e internacionais como, no Brasil: Subsolo Laboratório de Artes, MUBA São Paulo, Instituto Tomie Ohtake Núcleo de Cultura, Casa Contemporânea, Goethe Institut. E no exterior: (Portugal) Galeria Ocupa, Centro para os Assuntos de Artes e Arquitectura; (Alemanha) Next Museum.IO; (Itália) Millepiani; (Coréia do Sul) CICA MUSEUM; (Cuba): FIVAC.
Sua pesquisa e produção transitam entre o ato de caminhar, o ato de intervir nos espaços - sendo a intervenção urbana a base do seu trajeto na arte – e o ato de coletar elementos do cotidiano para confecção de novos suportes e experiências com outras linguagens da arte. Foi premiado no 48° Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba e na 24º Mostra da Juventude, do Sesc Ribeirão Preto; participou de outras exposições coletivas e residências. “Minha poética transita entre subjetividade, memória e imaginário, e leva em conta a função dos objetos coletados em meus percursos.”
Wesler ressignifica e recompõe as possibilidades e referências que partem da paisagem, a partir de operações sobre o lugar onde encontra estes
“A performance atravessa toda minha reflexão e experiência de trabalho, o que influencia diretamente meus desenhos, fotografias e esculturas.”
Em seus estudos, Yohana prioriza a vivência e a observação da transformação de materialidades e de si mesma. Propõe provocações de possíveis
A série Getsêmani trata sobre a luta interna que travamos diariamente. A artista performa este embate físico rasgando-se de forma poética ao se projetar na matéria. O título é uma referência ao Jardim situado no Monte das Oliveiras, em Jerusalém, onde Cristo fez sua última súplica antes da morte. A série Reverências é, como o próprio título diz, uma performance em que a artista se coloca em uma postura de reverência e oração. Ao realizar movimentos de honra e submissão, ela deixa seus rastros no papel. A cada título da série, é mencionado o tempo, a posição do corpo e a superfície. Sobre sua vivência no Meios e Processos 2020, Yohana pontua: “Tive a oportunidade de conhecer outros artistas e compartilhar as mesmas angústias em relação à pandemia e, em meio ao caos, crescemos juntos. Foi um grande aprendizado em conjunto. A partir dos trios selecionados pela Katia Salvany e Andres Hernandez, descobri que tenho muito em comum com os artistas Érica Sanches e Antonio Pulquério. Criamos uma bonita amizade e realizamos a exposição coletiva Nosso CORPO Ritual, realizada no Subsolo Laboratório de Artes, curada por Hernandez. Expus as séries Getsêmani e Reverências, que foram desenvolvidas durante o programa.”
MEIOS E PROCESSOS 2020
leituras críticas a respeito de projeções sensoriais do desconstruir, reconstruir e ressignificar, que são as principais diretrizes que movem sua prática artística. A artista se coloca em embate com a argila, papel, grafite, madeira, tecido e outros materiais. Evoca o que julga essencial, visceral e subversivo para elucidar a liberdade de movimentos de seu corpo até a exaustão e transformação do que pretende honrar, arriscar e ritualizar.
MAPA DO ESTADO DE SÃO PAULO
03
12
02
03 UBATUBA
LIMEIRA
INDAIATUBA
CAMPINAS
01
01
JUNDIAÍ
02
01
SÃO PAULO
SALTO
01 ITU
01
SOROCABA
BAURU
PAULÍNIA
a r t i s ta s s e l e c i o n a d e s p o r m u n i c í p i o selecionadas selecionados
02
salto antonio a. deco
campinas kauê garcia
são paulo alan oju
mariana vilela
ana takenaka
marisa martins carvalho
angerami
indaiatuba cristian psedks eduardo amado itú gustavo l. salvatore márcio amâncio
antônio pulquério gabriel torggler guilherme borsatto isabella e felipe julie dias soraia dias
jundiaí dani shirozono
sylvia sanchez
gabriela yumi
yohana oizumi
lucas souza limeira wesler m. alma paulínia carlos carvalho
vera parente sorocaba thiago goya ubatuba erica sanches lícida vidal
MEIOS E PROCESSOS 2020
bauru jeff barbato
foto: camilla jan - audiovisual fama museu dezembro/2020
MEIOS E PROCESSOS 2020
e n c o n t ro p re s e n c i a l
Na foto da esquerda para a direita: Felipe Luz, Katia Salvany, Ana Takenaka, Isabella Saldanha, Yohana Oizumi, Andrés Hernández, lícida Vidal, Erica Sanches, Antonio Pulquério, Evandro Angerami, Sylvia Sanchez, Gustavo Salvatore, Soraia Dias, Lucas Souza, Carlos Carvalho, Guilherme Borsatto, Carla Borba, Mariana Vilela, Wesler Machado Alma, Gabriel Torggler, Eduardo Amado, Cristian Psedks, Jeff Barbato, Dani Shirozono, Thiago Goya, Márcio Amâncio, Antonio Deco
Essa Publicação foi composta em Hurme Geometric Sans 1 em abril de 2021. ©2021 Fábrica de Arte Marcos Amaro (FAMA)
MEIOS E PROCESSOS 2020
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