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o vazio abarcado the embraced emptiness 52
JURANDY VALENÇA
“Pensar requer um espaço entre no qual possam circular forças de corpos animados.”
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HEINRICH VON KLEIST
Aline Moreno e Jeff Barbato ocupam o Museu da Cidade, na Casa de Vidro - no Lago do Café, em Campinas - com obras que compartilham uma poética visual similar. Ambos apresentam trabalhos que se situam entre o bi e o tridimensional, entre o objeto, a escultura, a fotografia e relevos que se projetam da parede, do chão e do espaço. A própria espacialidade do local, que insere o exterior no interior, e vice-versa, serve de abrigo para um diálogo no qual as obras exibidas não fecham-se em si mesmas, mas ao contrário, estabelecem uma conversa com o espaço e com a percepção que temos dele.
Ambos discutem a representação da natureza, da paisagem por meio de operações poético-visuais que remetem à cartografia. Mas não aquela que entendemos como a representação geométrica plana, simplificada e convencional da superfície terrestre ou de parte dela. Eles, de certa maneira, exibem - cada um ao seu modo - um trompe l’oeil, expressão francesa e um recurso técnico-artístico empregado com a finalidade de criar uma ilusão de ótica para “enganar o olho”. Lembro de uma frase do Italo Calvino: “Quem comanda a narração não é a voz, é o ouvido”; parafraseando o autor italiano, quem comanda a observação não é o olhar, mas o olho. Aline e Jeff nos fazem ver fragmentos, fraturas, formas esvaziadas e cheias, esburacadas, e outras que sustentam, como se essas composições abrissem uma passagem que também é uma paisagem. Uma cartografia em cuja superfície repousa o tempo e suas fissuras. Mas não é só o que está sob e sobre que está em jogo, mas também o entre. As proporções, as distâncias, o equilíbrio, as espessuras, a gravidade, profundidade, a frontalidade e a lateralidade são as ferramentas que os artistas usam de reflexão e representação das coisas e do espaço.
“Thinking requires a space in which forces of animated bodies can circulate.”
HEINRICH VON KLEIST
Aline Moreno and Jeff Barbato occupy the Museu da Cidade, at Casa de Vidro - at Lago do Café, in Campinas - with works that share a similar visual poetics. Both present works that are situated between the bi and the three-dimensional, between the object, the sculpture, the photography and reliefs that project from the wall, the floor and the space. The very spatiality of the place, which inserts the exterior into the interior, and vice versa, serves as a shelter for a dialogue in which the exhibited works do not close in on themselves, but, on the contrary, establish a conversation with the space and with the perception we have of it.
Both discuss the representation of nature and landscape through poetic-visual operations that refer to cartography. But not what we understand as the flat, simplified and conventional geometric representation of the earth's surface or part of it. They, in a way, exhibit - each in their own way - a trompe l'oeil, a French expression and a technical-artistic resource used with the aim of creating an optical illusion to “deceive the eye”. A phrase of Italo Calvino comes to mind: “It is not the voice that commands the narration, it is the ear”; paraphrasing the Italian author, who commands observation is not the look, but the eye. Aline and Jeff make us see fragments, fractures, empty and full forms and holes, as if these compositions open a passage that is also a landscape. A cartography on whose surface time and its cracks rest. But it is not only what is under and over that is at stake, but also what is in between. Proportions, distances, balance, thickness, gravity, depth, frontality and laterality are the tools that artists use to reflect and represent things and space.