PROTOCOLOS RECREATIVOS PARA ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO MOTOR DAS HABILIDADES MOTORAS FUNDAMENTAIS DE

Page 1

PROTOCOLOS RECREATIVOS PARA ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO MOTOR DAS HABILIDADES MOTORAS FUNDAMENTAIS DE CRIANÇAS DE 11 A 13 ANOS Pedro Henrique Magalhães do Nascimento1 Jeferson Campos Lopes2 Marcello Arias Dias Danucalov3 Ariel Gomes da Silva4

RESUMO Este estudo investigou o desenvolvimento motor das habilidades motoras fundamentais através da recreação de crianças de 11 a 13 anos (N= 14), praticantes das aulas de educação física escolar. Os participantes foram avaliados através da análise do padrão fundamental de movimento proposto por GALLAHUE e OZMUN (2001). Para o presente estudo foram avaliadas crianças da E.E. José Nigro, localizada no município de São Vicente-SP. A amostra contou com 14 alunos (6 do sexo feminino e 8 do sexo masculino). Para a análise foi utilizado o método estatísticos, para averiguação no modelo quantitativo. Com os resultados obtidos, não se pôde atribuir inferências de forma efetiva que este protocolo foi o ponto alvo para o desenvolvimento motor, pois o presente estudo não obteve um grupo controle para comparação, com isso, apesar da evolução das crianças, não torna-se fidedigno que esta intervenção foi o que ocasionou a melhora. Palavras-chaves: Desenvolvimento motor; Salto Horizontal; Educação Física escolar. ABSTRACT This study investigated the motor development of fundamental motor skills through the recreation of children of 11 to 13 years (N = 14), practitioners of school physical education classes. Participants were evaluated by examining the fundamental pattern of motion proposed by GALLAHUE and OZMUN (2001). For the present study evaluated children of E.E. Joseph Nigro, located in the municipality of São Vicente-SP. The sample included 14 students (6 female and 8 male). For the analysis, statistical method was used to investigate the quantitative model. With the results obtained, couldn't assign effectively inferences that this Protocol was the target point for the motor development, because this study did not obtain a control group for comparison, with that, despite the progress of the children becomes trusting that this intervention was what caused the improvement. Keywords: motor development; Horizontal Jump; School physical education.

1

Graduando em Educação Física - UNIBR Prof. Dr. FATEF 3 Prof. Dr. UNIBR 4 Graduando em Educação Física - UNIBR 2

34

REVISTA MAGSUL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA FRONTEIRA n. 3, v. 2 (2017) - ISSN: 2526-4788


INTRODUÇÃO O desenvolvimento humano é resultante das interações entre características do organismo e a variabilidade de contextos e tarefas ao qual o indivíduo se expõe. O contexto em que o sujeito está inserido e a diversidade de ambiente aos quais fazem parte possa de alguma forma, afetá-lo, sendo evidenciada a interdependência dos diferentes ambientes frequentados pela criança no seu processo de desenvolvimento (KREBS, 1997). O movimento é de suma importância para o ser humano, pois é proporcionada em conjunto ao meio ambiente, desde o seu nascimento com movimentos reflexos explorando o meio (SURDI e KREBS, 1999). Uma das formas onde o ser humano interage e se relaciona com o ambiente e o meio se dá perante o movimento. Entretanto nem sempre tem o seu grau de valorização devido a sua simples forma e pelo fato do ser humano estar em constante movimento, mostrando-se algo comum. Assim essa capacidade de movimentação ocorre de acordo com o desenvolvimento motor ao longo da vida (TANI Et al., 1988). As crianças utilizam-se do lúdico como uma forma gerir o mundo, de ter seu espaço no mundo. O fracasso ao desenvolver e aperfeiçoar habilidades motoras fundamentais e especializadas geralmente leva às crianças a frustração e ao fracasso durante a adolescência e a fase adulta. O insucesso ao desenvolver padrões maduros em lançar, pegar, rebater, por exemplo, faz com que seja difícil que as crianças tenham êxito em determinada atividade, elas não podem participar com sucesso de uma atividade se elas não aprenderem as habilidades motoras essenciais contidas naquela atividade. Se uma pessoa não adquiriu as habilidades cedo, estas raramente são aprendidas mais tarde. Inúmeros fatores contribuem para esta situação (GALLAHUE, 2008). Neste estudo visamos trazer melhoria nas habilidades motoras fundamentais através da recreação para explorar o lúdico. Esta interação proporciona um ciclo de ensino-aprendizagem nos diversos aspectos do desenvolvimento humano. O resultado pode ser positivo ou negativo, de acordo com a qualidade dos estímulos ou das práticas proporcionadas ao indivíduo (BEE, 2011). O desenvolvimento dos padrões fundamentais de movimento como andar, correr, saltar, arremessar, etc. segue uma sequência de estágios, representando o aumento do nível de proficiência de maneira gradual, isto é, de controle motor. Constituindo o início da ação voluntária no controle dos movimentos, sendo definidos como características básicas nas

REVISTA MAGSUL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA FRONTEIRA n. 3, v. 2 (2017) - ISSN: 2526-4788

35


relações espaço-temporal, em termos de organização e sequência (OLIVEIRA, 2002) apud (WICKSTROM, 1977; PELLEGRINI, 1983).

O MOVIMENTO Refere-se, geralmente, ao deslocamento do corpo como um todo ou dos membros produzido como uma consequência do padrão espacial e temporal da contração muscular (NEWELL, 1978). O movimento constitui-se na satisfação de uma necessidade suscitada pelo meio que o indivíduo vive, e é através dessa satisfação que se alcança a sobrevivência e o desenvolvimento (ROSA NETO, 2002). Para Le Boulch (1982) e Dantas; Oliveira; Taille (1992) o movimento é encontrado de forma mais pura da manifestação humana, conhecido como autônomo e independente, encontrando três tipos de movimento: reflexo, automático e voluntário. Movimento reflexo: motricidade que se dá desde o nascimento do indivíduo, ocorre de forma instintiva, pois não depende dos comandos cerebrais e de sua própria vontade. Movimento voluntário: Se dá através de um planejamento de ação em nível de córtex, onde há o plano da ação motora, avaliação de todo planejamento e leitura dos resultados formando as experiências. Movimento automático: é o avanço do movimento voluntário. Quando realiza-se por diversas vezes criando uma migração cerebral, ao sair do córtex, penetra-se na região subcortical, desocupando espaço no córtex, possibilitando ações motoras mais avançadas.

DESENVOLVIMENTO MOTOR O desenvolvimento motor ocorre através da alteração das funcionalidades no comportamento motor que se dá desde a infância até a velhice, bem como, influenciada através das mudanças no ambiente, tarefas e fatores biológicos (GALLAHUE; OZMUM; GOODWAY, 2012); onde o indivíduo retém uma gama de habilidades motoras, bem como as transformações se dão com mais ênfase nos anos iniciais de vida. Com isso, toda a atuação vivida pela criança no decorrer de sua infância em longo prazo fará jus a que adulto se tornará (TANI et al., 1988). A criança se desenvolve mediante a tentativa e o erro e a vontade de se aventurar em teste as suas habilidades, e assim consequentemente ela consegue outras habilidades, cada

REVISTA MAGSUL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA FRONTEIRA n. 3, v. 2 (2017) - ISSN: 2526-4788

36


uma delas individualmente e logo após em conjunto, lógico dependendo do estímulo e de suas próprias buscas pessoais, a chamada curiosidade infantil, essa é a fase dos movimentos fundamentais, assim dividindo em três partes: a Inicial que é uma tentativa de movimento caracterizado por uma quantidade exagerada de movimentos e de baixa coordenação. O segundo emergente elementar apesar da melhora geral e na coordenação os movimentos ainda são um pouco restritos e exagerados; já no estágio proficiente os movimentos se tornam mecanicamente eficientes, coordenados

e controlados (GALLAHUE; OZMUN

E

GOODWAY, 2012).

FASES DO DESENVOLVIMENTO MOTOR Gallahue (2003) enfatiza o desenvolvimento motor através das fases reflexivas, rudimentares, fundamentais e a que mais entra em questão neste momento é a fase motora especializada. Movimentos Reflexivos: são controlados subcorticalmente e como resultado, involuntários. Movimentos Rudimentares: constituem movimentos voluntários tipicamente utilizados durante a infância. Movimentos Fundamentais: constituem habilidades de coordenação motora grossa comum à vida diária e tipicamente dominadas durante a infância. Movimentos Especializados: movimentos complexos como às vezes são denominados, constituem movimentos fundamentais que foram refinados ou combinados com outros movimentos em formas mais complexas. Neste artigo procuramos dar foco apenas na fase predominante a qual se refere a idade, não colocando em questão as fases anteriores, por não ser o foco geral.

FASE DO MOVIMENTO ESPECIALIZADO Segundo Gallahue e Donnelly (2008) esta fase é subdividida por 3 estágios sendo o Estágio Transitório, Estágio de Aplicação e o Estágio de Utilização Permanente. Estágio Transitório nos 7 aos 11 anos: No período transitório, o indivíduo começa a combinar e a aplicar habilidades motoras fundamentais ao desempenho de habilidades especializadas no esporte e em ambientes recreacionais.

REVISTA MAGSUL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA FRONTEIRA n. 3, v. 2 (2017) - ISSN: 2526-4788

37


Estágio de Aplicação nos 11 aos 13 anos: No estágio de aplicação, a sofisticação cognitiva crescente e certa base ampliada de experiências tornam o indivíduo capaz de tomar numerosas decisões de aprendizado e de participação baseadas em muitos fatores da tarefa, individuais e ambientais. No estágio de aplicação, os indivíduos começam a buscar ou a evitar a participação em atividades específicas. Há ênfase crescente na forma, habilidade, precisão e nos aspectos quantitativos do desempenho motor. Essa é a época para refinar e usar habilidades mais complexas em jogos avançados, atividades de liderança e em esportes selecionados. Estágio de Utilização Permanente nos 14 anos em diante: O estágio de utilização permanente representa o pináculo do processo de desenvolvimento motor e é caracterizado pelo uso do repertório de movimentos adquiridos pelo indivíduo por toda a vida.

HABILIDADES MOTORAS Habilidade motora é uma ação a qual envolve movimento ocorrido de maneira voluntária e/ou quando ocorre aprendizagem, ou até mesmo quando há orientação, a fim de chegar a um objetivo, sendo disposto através de partes do corpo (GALLAHUE, OZMUM e GOODWAY, 2012).

Dentro deste contexto, há três habilidades motoras fundamentais

essenciais para a vida diária, sendo elas: Habilidade de Manipulação: É uma ação a qual envolve o uso do manuseio e controle de objetos; dentre os tipos de habilidades de manipulação, há o arremessar, rebater, pegar, entre outros. Habilidade de locomoção: Ocorre como uma ação a qual o indivíduo deve se deslocar de um ponto a outro, assim, quando bem refinado esta habilidade, ocorre o engajamento mais efetivo em atividades físicas e melhor atuação em esportes, jogos e danças; dentre esta habilidade de locomoção, há o correr, saltar, galopar, entre outros. Habilidade de estabilização: É a forma a qual o corpo se mantém em equilíbrio quando se desloca em diversas posições, assim definido como estático e dinâmico, onde o estático se refere ao ponto que o corpo se mantém em uma posição estacionária, e o dinâmico se refere com a capacidade de o corpo se manter em equilíbrio quando há o deslocamento.

A RECREAÇÃO

REVISTA MAGSUL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA FRONTEIRA n. 3, v. 2 (2017) - ISSN: 2526-4788

38


A Recreação provém do verbo latino recreare, que significa recrear, reproduzir, renovar. Recreação se dá como uma projeção de atividade mental ou física, onde o indivíduo é introduzido com o intuito de deter do prazer de acordo com suas exigências social, físico e psíquica, onde é a condição a qual o indivíduo de forma espontânea decide satisfazer suas pretensões de ações voltadas para o lazer, trazendo divertimento e entretendo-o, envolvendo sua participação, emanando energia de impulsão interna, condicionado a estímulos externos, compreendendo como forma para completar seu tempo livre, com isso atendendo faixas etárias distintas, gerando o prazer através da liberdade da escolha de atividades, assim a variação do momento faculta a participação enérgica e equilibrada entre crianças e adultos (GONÇALVES; SILVA, 2010 e MACHADO; NUNES, 2011 e ALVES; CANTO; SANTOS, 2011). A recreação teve sua origem no período pré-histórico, quando iniciava-se o período de caças ou quando havia a habitação em uma nova caverna, onde esta ocasião proporcionava momento de alegria, a qual se divertiam-se, descrito através de festas cerimoniais, solenidade e adoração a deuses, sendo um dos principais intuitos da recreação moderna. Assim, o que foi realizado para cunho religioso foi passado de forma hereditária, como forma de brincadeiras, tendo como ponto principal a alegria (ARRUDA e MOURA, 2007) apud (CANTO, 2004). A recreação tem por fim atuar no ser humano de maneira total. [...] eficiente para o processo educacional (ARRUDA e MOURA, 2007): Higiênica, pois o desenvolvimento físico se pactua com o jogo ao ar livre; Intelectual, atua na ação cognitiva, trazendo sua formação mental; Social, traz uma melhor relação interpessoal, trazendo o respeito, amor e união.

Quanto à divisão da recreação Machado e Nunes (2011, p. 28) definiu-se em: “Interesse – Vontade de participar, de estar presente. ”

Prazer – Sensação agradável de bem-estar (Pessoal). [...] o prazer tem como características, na situação real, o desejo de que persistam as causas que o determina. Não é, portanto, a atividade em si que o constitui a recreação num jogo aplicado em dois grupos diferentes, pois poderá ser recreação para um grupo e não para o outro.

“Ludicidade – Estado de espírito que permite ao homem brincar, divertir-se, enfim, estar em alto astral. (Lúdico: alegria, divertimento, cômico...)”

REVISTA MAGSUL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA FRONTEIRA n. 3, v. 2 (2017) - ISSN: 2526-4788

39


“Criatividade – Fator inerente a todos os seres humanos, que os possibilitam, resolver novas situações. ” “Coletividade – Agrupar-se numa relação mútua entre os pares, respeitando a individualidade.” Ao que se refere à participação, para Machado e Nunes (2011) recreação ativa é quando a pessoa atua na atividade, sendo integrante da atividade. [...] Nesta forma de interação, os participantes se lançam de forma corporal e mental às atividades e recreação passiva é quando a pessoa assiste a outras atuando. É um observador da atividade. Exemplo: [...] assistir uma peça de teatro. Quanto à orientação, para Machado e Nunes (2011) recreação livre é a vivência da liberdade, é apenas usufruir de um local ou de objetos sem direção, sem comandos, sem foco, tudo que acontece aqui é de total ideia, pensamento e criatividade da criança e recreação dirigida é quando há orientação. Todos os caminhos da atividade serão orientados pelo professor e todo desenvolvimento ou não da criança bem como reconhecer o que está em defasagem é de sua responsabilidade mantendo e contribuindo para um melhor desenvolvimento da criança. Como nos anos iniciais as crianças ainda não conhecem as regras de jogos e suas habilidades são restritivas e ainda é inviável sua assimilação com regras, a recreação torna-se essencial (ALVES, CANTO e SANTOS, 2011). Os jogos como amarelinha, pegador e cantigas de roda tem um importante papel para o desenvolvimento das crianças devido a sua facilidade e suas regras simples. Ao longo do tempo e de seu desenvolvimento sendo introduzindo atividades competitivas e recreativas para que aprendam suas diferenças para que com o tempo assimilem regras e estratégias para poderem adaptá-las (FREIRE 1994). É necessário que a criança entenda ela mesma e suas características das ações corporais e como o meio se constituiu, para que seja obtida sua motricidade através da expressão dos sentimentos e emoções trazendo significado. É importante a introdução da mesma na interação em diversas atividades, de cunho competitivo e também recreativo para que aprenda a diferença e conheça as regras e estratégias, adaptando-as (MELZ e VAROTO, 2015). Ao que se refere ao aspecto motor, à atividade lúdica propõe à criança o desenvolvimento corporal em sua totalidade, não fragmentado, mas todos os aspectos motores, pois a recreação trabalha a criança como um todo, sem cobrar a perfeição de gestos motores. Assim, a criança vai se desenvolvendo em seus aspectos motores conforme seu

REVISTA MAGSUL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA FRONTEIRA n. 3, v. 2 (2017) - ISSN: 2526-4788

40


amadurecimento. Ou seja, a criança torna-se independente para realizar ações diárias, sem necessidade de ajuda, reconhecem seu corpo e começam a entender ações de espaço-temporal (MELZ e VAROTO, 2015).

A BRNCADEIRA, O JOGO E O BRINQUEDO Para Winnicott (1975), a brincadeira é universal e própria da saúde: o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde. O brincar conduz aos relacionamentos grupais, podendo ser uma forma de comunicação na psicoterapia. Portanto, a brincadeira traz a oportunidade para o exercício da simbolização e é também uma característica humana. A Brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade anteriormente experienciada, sendo uma ação que a criança faz, participa e desenvolve, claro através da observação de suas próprias experiências e da troca das experiências com os outros, também da imitação do adulto e as coisas que ele presencia e o que pra ele aquela representação significa, onde não é algo já dado na vida do ser humano, ou seja, aprende-se a brincar, desde cedo, nas relações que os sujeitos estabelecem com os outros e com a cultura. (MARINHO, 2012; MACHADO & NUNES, 2011; BORBA, 2007, p.34).

Quando a criança é pequena, o jogo é o objeto que determina sua ação (VIGOTSKY, 1991); entretanto, potencializa o desenvolvimento das valências físicas, como a velocidade, agilidade, coordenação motora e etc. Correr, pular, saltar, escorregar, são maneiras de discernir e experimentar os limites do corpo. Enquanto que experimentações como irem mais rápido ou mais devagar, saltar mais alto ou mais baixo fortalece noções de espaço, força e velocidade (MACHADO e NUNES, 2011). O jogo é proposto e dividido em duas situações: Pequenos jogos e grandes jogos. Nos pequenos jogos, as regras são cobradas de forma mais flexível, são mais simples e em menor quantidade... [...] sendo regras simples, de fácil desenvolvimento, com curta duração e pequeno número de participantes. Já nos grandes jogos, todas as regras são cobradas de forma totalmente rígida, são mais complexas e em maior quantidade, obtendo uma complexidade maior, com dificuldade no desenvolvimento, longa duração, grande número de participantes. Assim, Analisa-se a diferença entre jogo e brincadeira, onde todo jogo deverá estar fundado num sistema de regras, para que definam a perda ou ganho... [...] uma simples brincadeira, a criança continua nela até que haja interesse, sem cobranças de regras (MACHADO e NUNES, 2011).

REVISTA MAGSUL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA FRONTEIRA n. 3, v. 2 (2017) - ISSN: 2526-4788

41


O brinquedo tem um relacionamento íntimo junto à criança e uma indeterminação em relação ao uso, devido à ausência de regras organizadas para sua utilização,... estimulando assim a representatividade, imagens expressivas a transpassam a realidade (KISHIMOTO, 2011); sendo a atividade principal da criança, aquela em conexão com a qual ocorrem as mais significativas mudanças no desenvolvimento psíquico do sujeito e na qual se desenvolvem os processos psicológicos que preparam o caminho da transição da criança em direção a um novo e mais elevado nível de desenvolvimento (LEONTIEV, 1998). Segundo o CONFEF (Conselho Federal de Educação Física), “para que a educação física seja de qualidade nas escolas é indispensável que tenha práticas esportivas e jogos em seu conteúdo, possibilite ao aluno uma variedade considerável de experiências, vivências e convivências no uso de atividades físicas e no conhecimento de sua corporeidade e constituase num meio efetivo para conquista, de um estilo de vida, ativo dos seres humanos.”.

METODOLOGIA O presente estudo se dá de forma quantitativa, segundo Chizzotti (2006, p.52) as pesquisas quantitativas preveem a mensuração de variáveis preestabelecidas, verificando e explicando sua influência sobre outras variáveis, através de análise da frequência de incidências e de correlações estatística, assim o pesquisador descreve, explica e prediz os resultados da pesquisa. Esta pesquisa teve a participação de 30 alunos, porém, devido a situações externas e desistências, o presente estudo contou com 14 alunos que apresentaram idades de 11 a 13 anos. As atividades foram realizadas em uma quadra escolar, mediante a isso foi utilizado para a análise os padrões fundamentais de movimento proposto por Gallahue e Ozmun (2001). Após isso, foi entrega ao aluno o TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, para se certificarem de sua participação na coleta de dados; após isso, os alunos responderam um questionário adaptado com 06 questões para conhecer a natureza do fenômeno em estudo, consequentemente foi introduzido um circuito recreativo realizado através de um protocolo de treinamento adaptado de atividades que constam no Teste TGMDII (ULRICH, 2000), e também Escala de Equilíbrio de Berg (BERG, 1992) sendo realizado 2 (duas) vezes por semana, com período de 50 (cinquenta) minutos, durante 4 (quatro) semanas. Este método foi realizado em dias que não interferiram na logística da escola.

REVISTA MAGSUL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA FRONTEIRA n. 3, v. 2 (2017) - ISSN: 2526-4788

42


AMOSTRAS

De acordo com as análises no salto horizontal, 7% dos escolares do sexo feminino apresentaram no estágio elementar e 36% apresentaram-se no estágio maduro. Entretanto, 7% dos escolares do sexo masculino apresentaram-se em estágio elementar e 50% no estágio maduro.

No que diz respeito as análises do arremesso, 43% dos escolares do sexo feminino, ou seja, todas as alunas participantes, apresentaram-se no estágio maduro. Entretanto, 7% dos escolares do sexo masculino apresentaram-se no estágio elementar e 50% se mostrou no estágio maduro. Este resultado exibe que as escolares do sexo feminino mostrou-se mais aproveitamento na análise.

Em relação a análise do equilíbrio, 43% dos escolares do sexo feminino apresentaramse em estágio maduro, sendo que, nenhuma apresentou-se abaixo deste estágio. Em relação aos escolares do sexo masculino, 14% apresentaram-se em estágio elementar e 43% apresentaram-se em estágio maduro, representando que o número máximo de alunas participantes da análise igualizou o número de alunos do sexo masculino que atingiram o estágio maduro.

REVISTA MAGSUL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA FRONTEIRA n. 3, v. 2 (2017) - ISSN: 2526-4788

43


ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS De acordo com os resultados apresentados neste estudo, verificou-se que a maioria dos alunos se apresentou em estágio maduro em quase todos os padrões de movimentos analisados. Sendo assim, foi possível ver na criança evolução e melhora em suas capacidades de movimentos, entretanto, através das análises dos questionários, pôde perceber que, aqueles que se encontram no estágio elementar, apresentaram pouca interação com o padrão do movimento, pelo ínfimo contato e por estarem em muitas ocasiões restritos de ações que propiciem melhora, se dando por parte da família e/ou professor, todavia mesmo com restrições, possuíram uma evolução significativa. Entretanto, apesar de se apresentarem no estágio elementar em algumas habilidades e no estágio maduro em outras, estas crianças ainda não estão direcionadas a uma modalidade ou prática específica, o que impede das mesmas estarem no estágio de aplicação, já na fase especializada. Com isso, não se pôde atribuir inferências de forma efetiva que este protocolo foi o ponto alvo para o desenvolvimento motor, pois o presente estudo não obteve um grupo controle para comparação. Realizando uma análise suscita com um resultado similar em idades diferentes, (ALBUQUERQUE et al., 2007) analisou o padrão fundamental de movimento de um grupo de alunos de sete aos nove anos, e avaliou que os resultados não corroboraram efetivamente com o que foi proposto, pois as crianças se encontravam fora do estágio a qual era previsto estar, com isso pressupõe que suas etapas de desenvolvimento motor possa tornar-se sempre tardia, fazendo junção com esta pesquisa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados do presente estudo possibilitaram perceber houve evolução nas habilidades para o desenvolvimento motor de crianças com a faixa etária de 11 a 13, porém a não presença de um grupo-controle não afirma a eficiência do protocolo utilizado, mas ficou claro um bom funcionamento e melhora no desenvolvimento motor, quando comparado ao questionário, a ação do pré-teste e evolução no protocolo de treinamento, porém, ainda assim é também passivo de questionamento a ação dos professores nas aulas de educação física, a qual os mesmos devem proporcionar mais estímulos as crianças, propiciando mais interação para que haja com o máximo de eficiência o ganho de proficiência nesta faixa etária, onde a qual devem estar se direcionando para o estágio de aplicação a uma modalidade ou ação específica.

REVISTA MAGSUL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA FRONTEIRA n. 3, v. 2 (2017) - ISSN: 2526-4788

44


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, M. R. [et al] Análise dos padrões fundamentais de movimento em escolares de sete a nove anos de idade. Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.21, n.3, p.195204, jul./set. 2007. ALVES, C.P; CANTO, J.V; SANTOS, T.Z.; Recreação: uma alternativa para as aulas de Educação Física. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com ARRUDA, A. R.; MOURA, T. A.; Perfil da recreação escolar e sua importância como ação educativa para alunos de 3ª e 4ª séries do ensino fundamental, Monografia apresentada como requisito final para obtenção da graduação de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física. Universidade Federal de Rondônia, 2007. BEE, H. A Criança em Desenvolvimento, 12ª ed. São Paulo, 2007. BERG, K. MAKI, B. WILLIAMS, J. Clinical and laboratory measures of postural balance in an elderly population. Arch Phys Med Rehabil 1992; 73: 1073–80. BORBA, A. M. O brincar como um modo de ser e estar no mundo. In: Brasil MEC/ SEB. Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade/ organização Jeanete Beauchamp, Sandra Denise pagel, Aricélia Ribeiro do Nascimento. _ Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. CONFEF. Carta Brasileira de Educação Física. Belo Horizonte, Disponível/em:>http://www.confef.org.br/extra/conteudo/< Acesso em 10/06/2016.

2000.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 8 ed. São Paulo: Cortez, 2006. DANTAS, H. OLIVEIRA, MARTA K.; TAILLE, YVES. PIAGET, VYGOTSKY E WALLON. São Paulo: Cortez, 1992. FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: Teoria e prática da Educação Física. São Paulo: Scipione, 1994. GALLAHUE, D. L. OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte, 2001. GALLAHUE, D. L. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte Editora, 2003. GALLAHUE, D, L, Educação Física Desenvolvimentista para Todas as Crianças, 2008. GALLAHUE, D.; DONNELLY, F. C. Educação física desenvolvimentista para todas as crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte, 2008. GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C.; GOODWAY, J. D. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: Bebês, Crianças, Adolescentes e adultos7ed. Estados Unidos:McGraw-Hill, 2012.544.

REVISTA MAGSUL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA FRONTEIRA n. 3, v. 2 (2017) - ISSN: 2526-4788

45


GONÇALVES, K. G. F.; SILVA, T. A. C. Manual de lazer e Recreação. São Paulo, Phorte, 2010. KREBS, R. J (Org.). A teoria dos sistemas ecológicos: um paradigma para a educação infantil. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 1997. KISHIMOTO, T. M. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação, 14° ed. São Paulo: Cortez, 2011. LE BOULCH, J. O desenvolvimento psicomotor desde o nascimento até os seis anos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982. MACHADO, J. R. M.; NUNES, M. V. S. Jogos Recreativos, resgatando o prazer de jogar. Rio de Janeiro, Sprint, 2011. MARINHO, H. R. B. Pedagogia do movimento: universo lúdico e psicomotricidade. Curitiba. Ed. Intersaberes, 2012. MELZ, J. I.; VAROTO, F. A. Atividades recreativas na educação física escolar: importância do desenvolvimento integral das crianças do 1° ciclo do ensino fundamental. Revista Educação Física UNIFAFIBE, Ano IV – n. 3 – dezembro/2015. NEWELL, K. M. Some issues on action plans. IN: STELMACH, G. E. (Ed), Information processing in motor control and learning. New York, Academic Press, 1978. OLIVEIRA, J. A. Padrões Motores Fundamentais: Implicações e Aplicações na Educação Física Infantil. Centro Universitário do Sul de Minas - UNIS-MG. Ano II / v.6 / nº 6 / Dezembro / 2002 ROSA NETO, F. Manual de avaliação motora. Porto Alegre: Artmed, 2002. SURDI, A. C.; Krebs, R. J. Estudo dos Padrões do Movimento de Pré-escolares que participaram do Programa de Desenvolvimento Infantil do SESI da cidade Videira SC. Revista Kineses, Santa Maria, nº 21, PP 57/69, 1999. TANI G. [et al.]. Educação Física Escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1988. ULRICH, D. A. Test of gross motor development-2. Austin: TX: PRO-ED, 2000. VYGOTSKY, L. S.A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991. VYGOTSKY, L.S. Linguagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: VYGOTSKY, L.S.; LURIA, A.R.; LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 6. ed. São Paulo: EDUSP, 1998. WINNICOTT, D.W. A Criança e seu Mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1979. O Brincar e a Realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

REVISTA MAGSUL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA FRONTEIRA n. 3, v. 2 (2017) - ISSN: 2526-4788

46


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.